Monografia em Publicidade e Propaganda

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ALINE BELLEI MARCHESE

O SEXO FORTE Um estudo com mulheres empreendedoras de agências de Publicidade e Propaganda do Vale do Itajaí

Itajaí (SC) 2010


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ALINE BELLEI MARCHESE

O SEXO FORTE Um estudo com mulheres empreendedoras de agências de Publicidade e Propaganda do Vale do Itajaí

Monografia

apresentada

ao

Curso

de

Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. Orientador: Prof. MSc. Robson Freire

Itajaí 2010


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ALINE BELLEI MARCHESE

O SEXO FORTE Um estudo com mulheres empreendedoras de agências de Publicidade e Propaganda do Vale do Itajaí

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social habilitação em Publicidade e Propaganda e aprovada pelo Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Itajaí.

Área de Concentração: Publicidade e Propaganda

Itajaí,

de

de 2010.

_________________________________ Prof. MSc. Robson Freire Orientador(a)

___________________________________ Prof.ª MSc. Cristiane do Carmo Badin Avaliador(a)

___________________________________ Prof.ª MSc. Ediene do Amaral Ferreira Avaliador(a)


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“A minha prioridade sempre foi a profissão” Margareth Thatcher, citada em Mulheres de Sucesso, 2000.


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Aos meus pais. Uma conquista nossa.


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RESUMO O empreendedorismo feminino é um assunto atual que vem crescendo em importância, sobretudo, para as economias regionais e para os governos, tendo em vista que a renda gerada pelas mulheres proprietárias de negócios contribui para o desenvolvimento econômico da nação. Entende-se empreender como sendo o processo de criar algo novo e com valor, e que ao empreendedor cabe assumir os riscos e as consequências e receber a satisfação da recompensa pelos seus feitos, segundo Hisrich e Peters (2004). Em face deste pressuposto, este estudo tem como objetivo analisar o perfil e potencial empreendedor das mulheres donas de agências de publicidade e propaganda, que atuam na região do Vale do Itajaí (SC). Para tanto foi realizado um estudo qualitativo e quantitativo, que utilizou como instrumento de coleta de dados primários um questionário com perguntas estruturadas e semi-estruturadas para traçar o perfil das empreendedoras, além da aplicação do modelo Carland Entrepreneurship Index (CEI), de Carland, Carland e Hoy (1992) para avaliar o potencial empreendedor das mesmas. As principais conclusões desta investigação indicam que as mulheres, gestoras de agências de publicidade e propaganda são caracterizadas como empreendedoras, abriram seus negócios por oportunidade e demonstram uma postura estratégica propensa ao risco.

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo feminino; Perfil empreendedor; Potencial empreendedor; Publicidade e propaganda.


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ABSTRACT

The female entrepreneurship is a hot topic that is growing in importance, especially for regional economies and governments in order that the income generated by women business owners contribute to the economic development of the nation. It is understood as the process undertaken to create something new and valuable, and that it is the entrepreneur to take the risks and consequences and receive the satisfaction of reward for their deeds, according to Hisrich and Peters (2004). Given this assumption, this study aims to analyze the profile and entrepreneurial potential of women who are heads of advertising agencies and advertising, operating in the region of Vale do Itajai (SC). For this purpose we performed a qualitative and quantitative study, which used as a tool for collecting primary data a structured questionnaire and semi-structured to define the profile of entrepreneurs, besides the application of the model Carland Entrepreneurship Index (CEI) of Carland, Carland and Hoy (1992) to evaluate the entrepreneurial potential of the same. The main findings of this investigation indicate that women managers of advertising agencies and advertising are characterized as entrepreneurs, opened for business opportunity and demonstrate a strategic posture prone to risk. KEYWORDS: Women's entrepreneurship; profile entrepreneur; entrepreneurial potential; publicity and advertisement.


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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Escolaridade das mulheres ..................................................................................... 54 Gráfico 2: Estado Civil das empreendedoras .......................................................................... 83 Gráfico 3: Grau de escolaridade .............................................................................................. 84 Gráfico 4: Formação superior das empreendedoras ................................................................ 85 Gráfico 5: Renda pessoal mensal ............................................................................................ 86 Gráfico 6: Renda familiar mensal ........................................................................................... 87 Gráfico 7: Número de filhos ................................................................................................... 88 Gráfico 8: Onde residem as empreendedoras ......................................................................... 88 Gráfico 9: Cidade sede da empresa ......................................................................................... 89 Gráfico 10: Tempo de atuação da empresa no mercado ......................................................... 90 Gráfico 11: Número de funcionários na agência .................................................................... 91 Gráfico 12: Número de filiais da agência ............................................................................... 91 Gráfico 13: Motivos para abrir um negócio próprio ............................................................... 93 Gráfico 14: Tempo dedicado diariamente ao trabalho ............................................................ 94 Gráfico 15: Frequência com que as empreendedoras levam trabalhos para realizar em casa..94 Gráfico 16: Expressam suas opiniões na tomada de decisões da empresa ............................. 95 Gráfico 17: Nível de satisfação com o trabalho ...................................................................... 96 Gráfico 18: Associação entre o sucesso pessoal e organizacional .......................................... 97 Gráfico 19: A organização é mais uma questão de necessidade do que de oportunidade ...... 98 Gráfico 20: Freqüência com os esforços aplicados no trabalho são reconhecidos ................. 99 Gráfico 21: Maiores dificuldades encontradas na gestão das empresas ............................... 101 Gráfico 22: Aspectos a serem melhorados na empresa ......................................................... 102 Gráfico 23: Classificação das empreendedoras .................................................................... 103 Gráfico 24: Pontuação das empreendedoras ......................................................................... 104 Gráfico 25: Contribuição dos fatores .................................................................................... 105 Gráfico 26: Relação entre potencial de empreendedorismo e idade ..................................... 108 Gráfico 27: Relação entre potencial de empreendedorismo e escolaridade .......................... 109 Gráfico 28: Relação entre potencial de empreendedorismo e renda pessoal ........................ 109 Gráfico 29: Relação entre potencial de empreendedorismo e tempo de atuação da empresa.110 Gráfico 30: Relação entre potencial de empreendedorismo e nível de satisfação ................ 111


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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Características mais freqüentemente atribuídas aos empreendedores pelos comportamentalistas ................................................................................................................ 25 Quadro 2: Temas principais da pesquisa sobre empreendedorismo ....................................... 28 Quadro

3:

Empreendedores

brasileiros

segundo

características

de

inovação

dos

empreendimentos .................................................................................................................... 37 Quadro 4: Características dos empreendedores ...................................................................... 49 Quadro 5: Agências cadastradas nos órgãos CENP e SINAPRO-SC …................................. 74 Quadro 6: Agências cadastradas no CENP ............................................................................. 75 Quadro 7: Agências cadastradas no SINAPRO-SC ................................................................ 75 Quadro 8: Agências gerenciadas por mulheres do Vale do Itajaí ........................................... 76 Quadro 9: Agências não cadastradas indicadas pelas empreendedoras .................................. 77 Quadro 10: Agências com quem não se conseguiu manter contato ........................................ 77


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Países com maiores taxas de empreendedorismo do mundo .................................. 31 Tabela 2: Países com menores taxas de empreendedorismo no mundo ................................. 32 Tabela 3: Países de G-20 participantes da pesquisa GEM ...................................................... 33 Tabela 4: Proporção da atividade empreendedora (%) ........................................................... 58 Tabela 5: Natureza das questões de pesquisa .......................................................................... 79 Tabela 6: Fatores do CEI ........................................................................................................ 80


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13 1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 15 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 15 1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 15 1.3 Hipóteses ........................................................................................................................... 16 1.4 Justificativa ....................................................................................................................... 17

2 EMPREENDEDORISMO ................................................................................................. 19 2.1 Conceito e histórico do termo ........................................................................................... 19 2.1.1 Da Antiguidade à Idade Média ...................................................................................... 19 2.1.2 A Abordagem Econômica .............................................................................................. 20 2.1.3 A Abordagem Comportamental ..................................................................................... 24 2.1.4 Abordagens Pós-comportamentalistas ........................................................................... 27 2.2 Empreendedorismo no Brasil na perspectiva do GEM .................................................... 29 2.2.1 Motivação para empreender: por oportunidade e por necessidade ................................ 33 2.2.2 Potencial de Inovação em empreendedorismo ............................................................... 35 2.2.3 Características do empreendedor ................................................................................... 38 2.3 Modelo de avaliação do potencial empreendedor ............................................................. 39

3 EMPREENDEDORISMO: O PAPEL DA MULHER NAS RELAÇÕES SOCIAIS .. 42 3.1 Mulher e sociedade: uma questão de gênero .................................................................... 42 3.2 Características das empreendedoras .................................................................................. 47 3.2.1 A Mulher no mercado de trabalho ................................................................................. 51

4 PUBLICIDADE E PROPAGANDA ................................................................................. 60 4.1 Uma breve história da propaganda .................................................................................... 60 4.2 Atuação do Publicitário ..................................................................................................... 62 4.3 O mercado de publicidade e propaganda em Santa Catarina ............................................ 67

5 METODOLOGIA .............................................................................................................. 71 5. 1 O Processo de seleção das agências ................................................................................. 73 5.2 O instrumento de pesquisa ................................................................................................ 78


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5.3 Pré-teste ............................................................................................................................. 80

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 82 6.1 Caracterização das empreendedoras e da empresa ............................................................ 82 6.2 Traços comparativos ....................................................................................................... 107

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 112

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 117

APÊNDICES ......................................................................................................................... 124 APÊNDICE 1 ........................................................................................................................ 124

ANEXOS .............................................................................................................................. 130 ANEXO 1 .............................................................................................................................. 130


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1. INTRODUÇÃO

O mundo e a sociedade passaram por muitas transformações em períodos curtos de tempo. O Século XX, por exemplo, foi caracterizado como uma época de evolução e ilustra claramente essas mudanças no cenário mundial. A Revolução Industrial foi um período em que a maioria das invenções que mudaram de maneira definitiva o estilo de vida das pessoas foram criadas (FILION, 1999).

Invenções estas que partiram da iniciativa de pessoas com visão diferenciada, capazes de olhar as coisas já existentes de maneira diferente a ponto de buscar reinventá-las e melhorálas. Assim são os empreendedores, indivíduos que fazem as coisas acontecerem com uma motivação singular, capazes de se anteciparem aos fatos por possuírem uma visão futura da situação, impulsionando diversos fatores ligados à qualidade de vida, tecnologia, relações sociais, economia, política e ideologias (DORNELAS, 1990).

Autores seminais como Richard Cantillon, Jean-Baptiste Say e Shumpeter, partindo de teorias econômicas, buscaram definir o termo empreendedorismo relacionando-o com o desenvolvimento econômico da sociedade e a considerar a pessoa empreendedora como sendo agente da inovação. Com o passar do tempo, com a maior valorização do ser humano advinda por meio após a Revolução Industrial, surgiram as teorias behavioristas que buscaram definir não apenas quem era considerado um empreendedor, mas sim o que faz um empreendedor, baseados em estudos do comportamento.

A partir destas teorias de base, foram surgindo outros estudos que relacionaram o empreendedorismo com áreas específicas de conhecimento e por este motivo, ainda hoje não se pode definir especificamente o significado do termo devido à abrangência das áreas e conceituações.

Para este trabalho, considera-se válido enfoque de Hisrich e Peters (2004), em que define empreender como sendo o processo de criar algo novo e com valor, e que ao empreendedor cabe assumir os riscos e as consequências e receber a satisfação da recompensa.


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O perfil das pessoas consideradas empreendedoras, os motivos que levam um indivíduo a iniciar um novo negócio, seja por oportunidade ou por necessidade, além de outros fatores relacionados ao tema, sejam eles econômicos, comportamentais ou pós-comportamentalistas; vêm estimulando ainda, um considerável número de pesquisadores, estudantes e grupos interessados no assunto nos últimos anos em nível mundial.

O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar força na década de 1990, segundo Dornelas (2001) e hoje o tema vem ganhando destaque e crescendo em interesse e importância para a economia. O próprio governo vem se preocupando em desenvolver políticas públicas para apoiar a atividade empreendedora no Brasil, bem como o governo de outros países considerados em desenvolvimento também o tem feito. Esta informação pode ser encontrada no Relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2008, um projeto criado justamente com a finalidade de conhecer os níveis de empreendedorismo no mundo, e que atualmente reúne 60 nações, que juntas representam 95% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Assim como o GEM, vários outros organismos internacionais incentivam e apóiam iniciativas empreendedoras, com destaque para o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que conta inclusive com pesquisas sobre empreendedorismo baseadas em gênero e um prêmio chamado Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios. Lançado em outubro de 2004 para valorizar e estimular o empreendedorismo feminino, este prêmio tem a parceria da Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW – Brasil) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) (SEBRAE, 2010).

A imagem de sexo frágil, entretanto, ainda estereotipa o sexo feminino. A grande maioria das pesquisas relacionadas a empreendedorismo trata do homem empreendedor ou não distingue a questão de gênero. As mudanças pelas quais a mulher passou durante a evolução de seu papel na sociedade e busca pela igualdade, seja pela reivindicação de liberdade de escolha trazida pelo movimento feminista, ou mesmo o simples fato de não depender mais do homem ou da figura do marido, incita a buscar conhecer melhor a mulher dos dias de hoje.

De acordo com Bahia (2002) é crescente o número de mulheres trabalhando fora de casa ou em tarefas que não mais necessitam ser relacionadas à maternidade, casamento, pois estas


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apresentam atualmente um maior nível de escolaridade do que antigamente, ultrapassando, inclusive, o nível de escolaridade masculino.

Hoje a mulher se faz cada vez mais presente nos setores de comércio, indústria, realizando empreendimentos e contribuindo para a economia do país, pois segundo indicam pesquisas já empreendem mais que os homens no Brasil.

Em relação ao mercado de publicidade e propaganda não foi possível encontrar estudos, trabalhos acadêmicos ou mesmo artigos envolvendo o papel da mulher como empreendedora em Santa Catarina. Mais especificamente nas cidades de Agronômica, Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Indaial, Itajaí, Itapema, Rio do Sul e Timbó, no Vale do Itajaí, onde se procurou analisar o potencial empreendedor destas mulheres. Nesse sentido, definiu-se como população alvo da pesquisa as proprietárias de agências de publicidade e propaganda localizadas nesta região.

Mediante ao que foi apresentado acima sugere-se a questão de pesquisa a ser resolvida: “como se apresenta a mulher empreendedora que atua em publicidade e propaganda?”

Para ajudar a responder a pergunta de pesquisa e atingir os resultados finais almejados com a realização deste trabalho, estabeleceram-se os objetivos descritos abaixo.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral 

Analisar o potencial empreendedor das mulheres proprietárias de agências de publicidade e propaganda do Vale do Itajaí (SC), de acordo com as bases teóricas do modelo CEI, de Carland, Carland e Hoy (1992).

1.2.2 Objetivos Específicos

Visando operacionalizar o objetivo geral acima descrito, definiram-se os seguintes objetivos específicos:


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Verificar as características das empreendedoras e de suas empresas;

Caracterizar a performance da mulher que tem seu próprio negócio da área da propaganda;

Entender o grau de satisfação das mulheres enquanto exercem o papel de empreendedora;

Identificar o potencial empreendedor das empresárias, segundo a abordagem do modelo teórico de Carland, Carland e Hoy (1992).

Em relação à pergunta e aos objetivos foram desenvolvidas algumas hipóteses pressupondo possíveis respostas, conforme descrição abaixo.

1.3 Hipóteses

A região do Vale do Itajaí oferece uma vasta quantidade de universidades, que são procuradas inclusive, por pessoas que vem de fora do Estado para estudar. A Universidade do Vale do Itajaí - Univali, por exemplo, com uma estrutura multicampi é a maior universidade de Santa Catarina e a oitava do país, segundo o MEC. Acredita-se, portanto, que as mulheres proprietárias de negócio da área da propaganda tenham formação superior em algum curso da área de comunicação ou mesmo administrativa, devido à oferta de cursos da região.

As empreendedoras da Região do Vale do Itajaí devem estar concentradas em maior quantidade nas maiores cidades do Vale e dentre estas, naquelas que oferecem opção de curso universitário de publicidade e propaganda. Seriam elas as cidades de Blumenau e Itajaí, a primeira por fornecer o curso mais antigo na área do Estado de Santa Catarina e a segunda por ser mais populosa que as demais.

Outra característica de perfil coerente para o público-alvo de pesquisa, é que a maioria destas mulheres tenha de 25 a 35 anos, as empreendedoras devem ser jovens adultas, por ser o mercado da propaganda do estado de Santa Catarina uma área que começou a crescer e se expandir principalmente nos últimos dez anos.

No que diz respeito ao potencial empreendedor, acredita-se que as mulheres da região do Vale do Itajaí sejam consideradas empreendedoras. Nem um extremo nem outro de


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empreendedorismo, mas em um nível razoável. Não apresentem elevada propensão ao risco, sejam mais conservadoras, pois os negócios da região não se mostram diferenciados, e possuam baixa inovação e criatividade. Por outro lado, devem se sobressair as características fortes de personalidade e postura estratégica.

1.4 Justificativa

A realização desta pesquisa justifica-se pelo fato dos estudos sobre empreendedorismo feminino se apresentarem recentes e do mote estar em alta, sendo bastante explorado em diversas áreas do conhecimento e pesquisado por grupos interessados no assunto, tanto no Brasil como no mundo todo (SOUZA; TRINDADE; FREIRE, 2009).

Dentro do contexto de um significativo crescimento do trabalho feminino no Brasil (BRUSCHINI, 1994), a atuação de mulheres vem aumentando em posições de liderança nas empresas e conquistando mais terreno no espaço público. Mediante a este crescimento feminino no mercado de novos negócios, é possível apontar em dados significantes a diferença entre alguns países.

Ao mesmo tempo em que cresce a atividade empreendedora das mulheres, cresce também a produtividade científica nesta área. Embora o crescimento das produções seja perceptível, ainda não se podem considerar numerosos os estudos sobre empreendedorismo feminino (MACHADO, 2002). Outra razão para estudá-lo é porque a ramificação do tema vem aumentando e desta forma constituindo divisões em áreas específicas de conhecimento.

Em se tratando de empreendedorismo feminino na área de publicidade e propaganda, existem, entretanto, poucos estudos científicos sobre o tema. Até o presente momento não foram encontrados trabalhos acadêmicos relacionados à questão nas bases de artigos nacionais levantados, o que resulta em um desconhecimento da capacidade empreendedora das empresárias desse setor.

No Brasil foram criados, pelo governo do país, projetos recentes de incentivo à igualdade entre homens e mulheres, como por exemplo, o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, criado em 2004 e renovado em conferência em 2007. Resultado da mobilização de mais de


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200 mil mulheres, inaugurou assim um novo momento da história do país no que se refere à formulação, coordenação e articulação de políticas em torno do debate.

As cidades que compõe a Região do Vale do Itajaí de Santa Catarina, quase todas elas possuem associações e câmaras das mulheres empresárias, núcleos das mulheres empreendedoras, sendo que estas promovem eventos, solenidades, palestras e minicursos com freqüência para a comunidade e empresas em geral (FACISC, 2010).

Conhecer as mulheres da área de propaganda e documentar o papel destas empreendedoras representa uma oportunidade para o desenvolvimento local, pois ao mesmo tempo em que investiga as potencialidades regionais, proporciona um embasamento e conhecimento para aqueles que busquem futuramente este estudo como referência para saber como empreender na região (SOUZA; TRINDADE; FREIRE, 2009).


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2 EMPREENDEDORISMO

Este capítulo tem como objetivo apresentar o conceito de empreendedorismo e a evolução histórica do seu estudo até os dias atuais, comparando a opinião de diversos autores. Atualiza ainda o leitor a respeito da atividade empreendedora no Brasil e das características dos empreendedores, a partir do estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que é hoje considerado o maior órgão pesquisador da temática no mundo e o mais utilizado como referência de credibilidade no assunto empreendedorismo.

2.1 Conceito e histórico do termo

O empreendedorismo é um tema de estudo multidisciplinar que recebeu contribuições de diversas áreas de conhecimento, e que por esta razão, envolve uma quantidade excepcional de conceituações. O desenvolvimento do conceito é paralelo, em grande parte, ao próprio desenvolvimento do significado adquirido para a sociedade no processo histórico. Dolabela (1999a) argumenta que o significado da palavra empreendedor muda de acordo com o país, com a época e com o ramo de atividade. Para conhecê-lo e entendê-lo melhor é necessário retomar brevemente a sua aplicação.

2.1.1 Da Antiguidade à Idade Média

A palavra empreendedor tem origem francesa (entrepreneur) e é literalmente traduzida como “aquele que está entre” ou “intermediário”. Por outro lado, o termo é comumente definido como “aquele que assume riscos e começa algo novo”, segundo Dornelas (2001). Ainda de acordo com o autor, essa associação com o “risco” e criar algo “novo” se deu a partir de Marco Pólo, um dos primeiros empreendedores de que se tem conhecimento segundo registros históricos. Marco Pólo foi caracterizado como empreendedor quando assumiu um contrato para comercializar mercadorias para um homem que lhe forneceu recursos financeiros. Estabeleceu desta forma, uma rota comercial para o Oriente, assumindo um papel ativo e responsável, correndo todos os riscos na negociação. Hisrich e Peters (2004) afirmam ainda que Marco Pólo fora o primeiro a definir o empreendedor como aquele que possui


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características de aventureiro, desbravador, por sua própria experiência de ter corrido riscos físicos e emocionais para intermediar a realização de um negócio.

Já na Idade Média, o termo empreendedor foi utilizado para definir tanto o participante quanto aquele que gerenciava projetos de produção em larga escala. Estes indivíduos, no entanto, apenas os conduziam com recursos provenientes do governo do país, sem arriscar seu capital. Um típico empreendedor da Idade Média era o representante do Clérigo – a pessoa encarregada de obras arquitetônicas, como construção de castelos e catedrais (HISRICH; PETERS, 2004). Com o passar dos anos e evolução do pensamento da sociedade, o conceito de empreendedorismo foi amadurecendo e começaram a surgir estudos na área em algumas abordagens específicas.

2.1.2 A Abordagem Econômica

Filion (1999), em 1988 selecionou cerca de mil publicações e centenas de definições de empreendedor e empreendedorismo, levado pelo interesse em realizar um estudo mais profundo em torno do assunto. Quando o autor analisou os conteúdos publicados por outros estudiosos, percebeu que os diferentes conceitos variavam de acordo com correntes de pensamento e traziam sua base de estudo em determinadas áreas de influência.

Segundo Filion (1999), a partir do Século XVII o termo empreendedorismo foi marcado principalmente por duas grandes correntes de pensamento, a econômica e a behaviorista, cada qual com suas abordagens e contribuições.

Ainda segundo o autor, foi por volta do final do Século XVII que o empreendedorismo passou a ser visto como um campo de estudo e o interesse em abranger os conhecimentos desse tema nasceu de certa forma por meio da economia, sendo sustentado pela escola do “pensamento econômico”. Esta corrente antecedeu aos fisiocratas1 e surgiu na época em que no Reino Unido nascia a Revolução Industrial (MINTZBERG et al, 2000). 1

A fisiocracia, considerada a primeira escola da economia científica, antes até mesmo da teoria clássica de Adam Smith, é uma teoria que surgiu para se opor ao mercantilismo, fruto de uma reação iluminista. Em síntese, a fisiocracia se baseia na afirmação de que toda a riqueza era proveniente da terra, da agricultura. Para eles, as outras formas de produção estavam meramente transformando produtos da terra, com menor margem de lucro. Os proprietários de terras eram reconhecidos como verdadeiros promotores da riqueza do país e respeitados como tal. Principais autores: Turgot, Morelle, Trudaine e Quesnay (BRASILESCOLA, 2010).


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De acordo com Filion (1999), o termo empreendedorismo foi criado pelo banqueiro francês, escritor e economista Richard Cantillon (1680-1734). Pertencente à classe alta, Cantillon fugiu da Irlanda para Paris em 1716, após a queda dos Stuarts na Grã-Bretanha, e se tornou um dos patronos da comunidade dos imigrantes Irlandeses. Apesar de viver de rendas, Cantillon buscava constantemente oportunidades de investimento. Seus escritos revelam que era um homem que vivia em busca de oportunidades de negócios, com uma preocupação especial com gerenciamento inteligente e obtenção de rendimentos otimizados para o capital investido.

Filion (1999) argumenta ainda que os primeiros indícios de real relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nesta época e uma das causas que motivou essa diferenciação foi o advento das invenções de Thomas Edison e Eli Whitney, que mesmo criando novas tecnologias necessárias eram incapazes de financiar suas próprias invenções. Edison e Whitney, empreendedores, eram usuários do capital e não fornecedores ou investidores de risco.

Segundo Hisrich e Peters (2004), o investidor de risco é uma espécie de administrador profissional de dinheiro que realiza investimentos incertos visando uma alta taxa de retorno financeiro (o que o próprio Cantillon fazia). Fora Cantillon, por sua vez, um dos primeiros a estabelecer essa diferenciação entre o empreendedor (aquele que assume os riscos do negócio) e o capitalista (aquele que fornece o capital). Empreendedores eram, portanto, pessoas que aproveitavam oportunidades buscando a chance de obter lucros, mas assumindo todos os riscos inerentes (FILION, 1999).

Jean-Baptiste Say foi o segundo autor a demonstrar interesse pelos empreendedores. Ampliou a definição de Cantillon um Século mais tarde, estabelecendo uma diferença entre os lucros do empreendedor e os do capitalista (HASHIMOTO, 2006).

Na visão de Say o desenvolvimento econômico resulta da criação de novos empreendimentos. Say é classificado como economista porque no seu tempo (e até a segunda metade do Século XX) as ciências gerenciais ainda não existiam. Consequentemente, qualquer um que se interessasse por organizações ou em distribuição de riquezas era classificado desta forma (FILION, 1999).


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A partir da definição de Say ficou convencionado que um empreendedor é aquele que abre seu próprio negócio, argumenta Filion (1999). O próprio Say era um empreendedor e foi o primeiro a criar os alicerces modernos desse campo de estudo, e por esse motivo é considerado o pai do empreendedorismo, complementa o autor.

A similaridade entre as perspectivas de Cantillon e Say é a de que ambos consideravam os empreendedores como pessoas que corriam riscos, basicamente porque eles próprios viviam de investimentos. Compravam matéria-prima - geralmente agrícola - com o objetivo de processá-la e revendê-la por um preço incerto.

Em que pese as contribuições de Cantillon e Say, a consolidação do termo empreendedorismo é creditada ao economista Joseph Schumpeter. Em meados dos anos 1950, Schumpeter definiu o empreendedor como sendo

Foi Schumpeter quem lançou o campo do empreendedorismo associando-o à inovação. São dois pilares que sustentam o pensamento de Schumpeter: inovação e empreendedores. A primeira é a força que gera o progresso econômico. A riqueza, a prosperidade e o desenvolvimento dependem unicamente da inovação, pois ela traz a substituição de antigas formas por novas, tanto de produção, como de consumo, além de novos produtos, métodos e modelos de negócio, constituindo assim um giro econômico que leva ao crescimento.

A este processo de substituição permanente do antigo, Schumpeter deu o nome de "destruição criativa". É por meio da "destruição criativa" que ocorre a geração de riqueza, segundo o economista. Os empreendedores, por sua vez, surgem como agentes da inovação e geradores de riquezas (FILION, 1999).

Por outro lado, Kizner, em meados dos anos 1970, ao contrário de Schumpeter, defende que o empreendedor não traz o “caos” à ordem econômica existente, mas que é ele quem cria um equilíbrio na sociedade, justamente por ser capaz de identificar oportunidades na ordem presente e aproveitar-se destas para produzir lucro.

Seja no caos ou na ordem, ambos associam muito claramente o empreendedorismo à inovação, ao fato de se criar coisas novas e diferentes. Concordam ao dizer que o


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empreendedor é um identificador de oportunidades, seja criando novos negócios ou mesmo inovando dentro dos já existentes.

Todavia, estes não foram os únicos economistas a associar empreendedorismo à inovação. Clark (1899) havia feito o mesmo de forma bem clara um pouco antes, e Higgins (1959), Baumol (1968), Schloss (1968), Leibenstein (1978) e a maioria dos economistas que tinham interesse em empreendedorismo, depois dele, também o fizeram (FILION, 1999).

Uma das principais correntes do pensamento econômico, apontada por Baumol (1993), estabeleceu uma diferença entre empreendedor organizador de empresa e empreendedor inovador, dividindo o estudo do empreendedorismo em duas tendências básicas. Na primeira tem-se o empreendedor organizador de empresas, derivado dos trabalhos de Turgot (fisiocrata) e de Say, sendo ele uma pessoa que cria e desenvolve vários tipos de novos negócios, não necessariamente inovadores.

Entre o final do Século XIX e início do XX é um período em que não se distingue empreendedor de gerente, pois suas funções são basicamente organizar e dirigir uma empresa. Um exemplo que ilustra esta definição é Andrew Carnegie. Escocês, de família humilde, não produziu nenhuma invenção, mas adaptou uma nova tecnologia na criação de produtos para alcançar força econômica. Segundo Hisrich e Peters (2004), com sua tecnologia tornou a indústria americana do aço uma das maravilhas do mundo industrial de sua época, devido a sua personalidade competitiva, em vez de sua criatividade ou inventividade.

Por sua vez, o empreendedor inovador, baseado na visão de Cantillon e de Schumpeter, é percebido como uma pessoa extraordinária, que muda a economia em alguns sentidos.

Nesta mesma linha de abordagem, os economistas, Knight, em 1967 e Drucker, em 1970, tentaram teorizar em torno do fenômeno, reintroduzindo o conceito de “risco” à inovação. No ponto de vista dos dois autores, uma pessoa para ser considerada empreendedora precisa arriscar-se em algum novo negócio. Segundo Drucker (2000), para uma empresa ser um negócio empreendedor precisa ter características especiais, como: ser algo novo, diferente, no sentido de mudar ou transformar valores. Foi no final do Século XX que o empreendedor passou de fato a ser visto como o inovador, bem como já defendia Schumpeter que consolidou o termo ainda em meados de 1950. Nesta


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época, estudos sobre o comportamento empreendedor, suas características e habilidades foram realizados por diversos autores e o conceito de inovação passou a ser parte integrante do empreendedorismo na sua definição (HISRICH; PETERS, 2004).

Em se tratando de empreender, a novidade pode estar no método de estruturação empresarial, em um novo produto ou mesmo numa nova forma de distribuição. Essa capacidade de inovar sempre esteve presente em todas as gerações, basta observar, no decorrer da história, por exemplo, as criações e invenções que levaram à evolução da sociedade. As ferramentas têm avançado com o desenvolvimento da tecnologia assim como a capacidade de inovar do ser humano (HISRICH; PETERS, 2004).

Os economistas, por sua vez, de fato não foram capazes de criar uma ciência do comportamento dos empreendedores. Cassom (1982), citado por Filion (1999), foi o mais longe possível em termos de identificar o que é mensurável e aceitável na ciência econômica. A recusa dos economistas em aceitar modelos não quantificáveis demonstra claramente os limites desta ciência para o empreendedorismo. Na verdade, isso foi o que acabou levando o universo do empreendedorismo a voltar-se para os comportamentalistas em busca de um conhecimento mais aprofundado do comportamento do empreendedor (FILION, 1999).

Para alguns economistas da época, esta visão estreita do empreendedor representava uma grande falha da economia, abrindo espaço assim, para o surgimento de uma nova teoria denominada Behaviorista.

2.1.3 A Abordagem Comportamental

Outra área de conhecimento que se dedicou a estudar o tema, principalmente nas décadas de 1970 até meados dos anos 1980, foi a corrente behaviorista. Este campo do saber engloba psicólogos, psicanalistas, sociólogos e demais especialistas em comportamento humano.

Um dos primeiros autores desse grupo a mostrar interesse pelos empreendedores foi Max Weber (1930), sociólogo que identificou o sistema de valores como elemento fundamental para a explicação do comportamento empreendedor. Weber via os empreendedores como inovadores, pessoas independentes e com papel de liderança que interferia nos negócios.


25

Contudo, o autor que deu início à contribuição das ciências do comportamento para o empreendedorismo foi David C. McClelland (FILION 1999).

McClelland (1976), citado por Filion (1999), analisou fatores que influenciaram as gerações que precederam esta época, entre eles os modelos de heróis, personagens populares na literatura, com os quais se identificavam. A partir destas pesquisas e destas novas gerações, o modelo, ídolo, ocupa o papel mais importante no que diz respeito ao estudo do empreendedorismo.

Depois de McClelland, afirma Filion (1999), os comportamentalistas dominaram o campo do empreendedorismo por 20 anos, até o início dos anos 1980. Houve uma proliferação de pesquisas buscando traçar um perfil de empreendedor, mas os resultados se mostraram contraditórios. Logo, seu maior objetivo passou a ser definir o que são empreendedores e suas características.

As ciências do comportamento estavam expandindo-se rapidamente, e entre elas havia um consenso maior sobre as metodologias mais válidas e confiáveis do que em qualquer outra disciplina. Milhares de publicações descreveram uma série de características atribuídas aos empreendedores (FILION, 1999). As mais comuns são mostradas no Quadro 1 abaixo.

Inovação

Otimismo

Tolerância à ambigüidade e incerteza

Liderança

Orientação para resultados

Iniciativa

Riscos moderados

Flexibilidade

Capacidade de aprendizagem

Independência

Habilidade para conduzir situações

Habilidade na utilização de recursos

Criatividade

Necessidade de realização

Sensibilidade a outros

Energia

Autoconsciência

Agressividade

Tenacidade

Autoconfiança

Tendência a confiar nas pessoas

Originalidade

Envolvimento a longo prazo

Dinheiro como medida de desempenho

Quadro 1: Características mais frequentemente atribuídas aos empreendedores pelos comportamentalistas Fonte: HOMADAY, 1982; MEREDITH, Nelson et al., 1982; e TIMMONS, 1978; citado por FILION, 1999.

Pinchot (1985) sugeriu ainda nesta época uma nova classificação para o empreendedor que trabalha em uma empresa e busca inovações internas em vez de abrir novos negócios inovadores, nomeando-o intraempreendedor, criando assim uma nova terminologia.


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Dornelas (2003) defende alguns aspectos que retratam o comportamento de um empreendedor, como por exemplo: iniciativa para criar novos negócio, paixão pelo que faz, assumir riscos e a possibilidade de fracasso que estes apresentam, além de utilizar os recursos de que dispõem para, de maneira criativa, transformar o ambiente social e econômico em que vive. Características que estão aliadas à personalidade.

Para Pinchot (1985), por sua vez, o intraempreendedor (empreendedor internamente inserido à realidade de uma empresa) toma suas decisões baseadas em intuição aliada ao conhecimento que possui em função de seus estudos e experiências.

Contrariando os dois autores acima, Drucker (2000), por outro lado, defende o empreendedorismo não como personalidade ou mesmo intuição. Segundo o autor, o termo é baseado em conceito e teoria. Tampouco o empreendedor é um capitalista, apesar de precisar do capital para qualquer atividade econômica que realize. Ele também não é um investidor, mesmo que assuma riscos, pois isso ocorre com qualquer um durante uma atividade econômica, em que sua essência envolve o comprometimento de recursos perante incertezas futuras. Empreendedor não é o empregador, empregado ou alguém que trabalha sozinho e exclusivamente para si mesmo. Ser empreendedor para Drucker é um comportamento. Para o autor, aquele que busca total certeza quando toma uma decisão não é munido de empreendedorismo, o que provavelmente fará com que não se destaque em inúmeras atividades. Todavia, tomar uma decisão pode ensinar a ser empreendedor e a comportar-se como tal.

Cabe mencionar a falta de consenso existente em torno do tema entre os behavioristas, bem como para os estudiosos de outras áreas, mas não existe ainda nenhuma teoria nem modelo que explique o desenvolvimento a partir da função empreendedora (HISRICH; PETER, 2004).

Lorrain e Dussault (1988a) mostraram que comportamentos podem predizer sucesso melhor do que traços de personalidade. Depois de um curto período no centro das atenções, a escola do estudo dos traços de personalidade entrou em declínio.

Concluindo essa seção sobre as pesquisas dos comportamentalistas no campo do empreendedorismo, ainda não há um perfil científico que permita identificar com alguma


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certeza empreendedores em potencial. Para Filion (1999) na verdade, o uso da palavra “comportamento”

foi

estendido,

deixando

de

pertencer

exclusivamente

aos

comportamentalistas. Pesquisas deslocaram-se para outras esferas, como habilidades de um bom empreendedor e métodos de aprendizado pessoal e organizacional necessários para uma pessoa ajustar-se às mudanças nas atividades relacionadas com o ofício empreendedor. Abordagens estas classificadas como pós-comportamentalistas.

2.1.4 Abordagens pós-comportamentalistas

A busca por um conceito de empreendedorismo amplamente aceito é uma constante. Apesar de ter sido mencionado desde a antiguidade, Séculos atrás, como campo de estudo acadêmico o empreendedorismo é ainda bastante jovem. De qualquer forma, segundo Dolabela (1999a), o final dos anos 1980 marcou uma virada, na qual o empreendedorismo passou a ser tema de estudos em quase todas as áreas do conhecimento, nas quais não é o principal campo de atividade.

Atualmente, ainda se busca uma definição, não apenas para o termo, mas também para o perfil do empreendedor em cada área específica de estudo. O Quadro 2 a seguir mostra as diversas áreas pelas quais o estudo do empreendedorismo se propagou:

Características comportamentais dos empreendedores Características econômicas e demográficas das Pequenas e Médias Empresas (PME) Empreendedorismo e PME nos países em desenvolvimento Características gerenciais dos empreendedores Processo empreendedor Criação de empresas Desenvolvimento de empresas Capitais de risco e financiamento das PME Administração de empresas, levantamento, aquisições Empresas de alta tecnologia Estratégias de crescimento da empresa empreendedora Parceria estratégica Empreendedorismo corporativo ou “intra-empreendedorismo” Empresas familiares Trabalho autônomo Incubadoras e sistemas de apoio ao empreendedorismo


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Redes Fatores que influenciam a criação e o desenvolvimento de empresas Políticas governamentais e criação de empresas Mulheres, grupos minoritários, grupos étnicos e o empreendedorismo Educação empreendedora Pesquisa e empreendedorismo Estudos culturais comparativos Empreendedorismo e sociedade Franquias Quadro 2: Temas principais da pesquisa sobre empreendedorismo Fonte: Adaptado de FILION, 1997.

O quadro demonstra o quão abrangente se encontra o estudo do empreendedorismo, sendo que além destes, ainda há um vasto campo a ser abordado sobre o tema. Conforme se lê os itens do quadro é possível pensar e propor novos temas de pesquisa com o empreendedorismo adaptado

a áreas

diferentes,

como

por

exemplo:

empreendedorismo

na

saúde,

empreendedorismo artesanal, empreendedorismo artístico, empreendedorismo na propaganda, empreendedorismo esportivo, índice de criação de empresas versus índice de mortalidade de empresas, empreendedorismo aliado a gênero vinculado ao empreendedorismo feminino, homem e empreendedorismo, empreendedorismo e a relação entre os gêneros, entre outros (GREATI, 2003).

O tema é um dos poucos assuntos que atraem especialistas de diversas áreas de conhecimento, gerando assim uma falta de consenso e, portanto, uma confusão na conceituação do termo ainda se faz presente, mesmo com Séculos de busca por uma definição. Por serem vários os estudiosos da área - economistas, administradores, sociólogos, psicólogos, entre outros – talvez seja este o motivo de haver tamanha discórdia com relação ao tema, de modo que cada autor busca relacionar a definição com a sua área de estudo. Assim, o que “vem a ser empreendedor” tende a se esclarecer e as semelhanças aparecerem na medida em que se analisa cada disciplina isoladamente (FILION, 2000).

Em meio a essa variedade e diferenciação há elementos que coincidem, pois ao empreendedorismo cabe a particularidade de reunir idéias das ciências humanas e administrativas, criando um terreno privilegiado para esses intercâmbios e para as práticas multidisciplinares (FILION, 1998a e b; 1999b).


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Para o desenvolvimento da economia, o empreendedorismo exerce um papel fundamental, pois é a partir dele que se iniciam e estabelecem as mudanças de estrutura na sociedade e na maneira de se conduzir os negócios, além de estar relacionado ao aumento de produção e de renda per capita de um país, conforme afirmam Hisrich e Peters (2004). Para tanto, buscar compreender as razões que determinam, incentivam ou limitam a ação empreendedora é de extrema importância para conhecer o andamento do processo empreendedor, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, como será apresentado no item a seguir (GUIMARÃES; SOUZA, 2006).

2.2 Empreendedorismo no Brasil na perspectiva do GEM

Esta parte do trabalho está fundamentada principalmente a partir do enfoque do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). O GEM é um órgão que foi fundado pela britânica London Business School e pelo americano Babson College em 1990, visando influenciar as políticas de incentivo ao empreendedorismo, avaliar e divulgar a atividade empreendedora em nível mundial.

Este órgão foi criado devido ao crescimento do número de novos empreendimentos que motivou a necessidade de se conhecer a realidade deste nicho de mercado. O GEM realiza anualmente uma pesquisa para medir o nível de atividade empreendedora no mundo e atualmente é o maior projeto existente com esta função, pois cobre mais de 60 países consorciados, que juntos possuem uma indiscutível representatividade em termos econômicos (de aproximadamente 95% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial) e demográficos (mais de dois terços da população mundial) (GEM, 2008).

A utilização do GEM como uma perspectiva de análise justifica-se por ser o único órgão do mundo especializado em pesquisar exclusivamente o empreendedorismo e apresentar dados recentes, ano a ano, sobre a atuação empreendedora em diversos países. O GEM é tido como referência para pesquisas e artigos do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além de pesquisadores e grupos de estudo na área.

Por se tratar de um tema discutido internacionalmente, o Brasil consorciou-se ao GEM no ano 2000 por intermédio do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e em 2001,


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passou a contar com a participação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) (AGENCIASEBRAE, 2010).

Até então o assunto empreendedorismo ainda era novo no Brasil, pois só começou a tomar forma como movimento por volta de 1990 durante a abertura da economia. A entrada de produtos importados ajudou a controlar os preços, condição esta importante para o crescimento, mas trouxe consigo problemas para alguns setores que não conseguiam competir com os produtos que vinham de fora. Com isso, as empresas tiveram que se modernizar para poder competir e voltar a crescer. O governo deu início a uma série de reformas, controlando a inflação e ajustando a economia, e em poucos anos o país voltou a crescer (DORNELAS, 2001). Nesta fase inclusive que surgiram entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mencionado anteriormente e a Sociedade Brasileira para Exportação de software (Softex). Até então, conforme estudos de Dornelas (2001), os ambientes político e econômico do país não propiciavam que o empreendedor encontrasse informações ou mesmo suporte para auxiliá-lo na criação de uma empresa e pouco se ouvia falar em empreendedorismo.

Passados dez anos do surgimento do movimento empreendedor no Brasil, segundo dados do relatório de GEM de 2000, neste ano o país assumiu a posição de melhor relação entre o número de habitantes adultos que começam um novo negócio e o total de sua população: 1 em cada 8 adultos. Ficando a frente de países como Estados Unidos, Austrália e Alemanha. Entretanto, mais recentemente, foram os países da América Latina e Caribe os que apresentaram maiores índices de empreendedorismo na edição da Pesquisa GEM de 2008, e ao Brasil coube a 13ª posição no ranking mundial.

A Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) brasileira em 2008 foi de 12%, o que significa que de cada 100 brasileiros 12 realizavam alguma atividade empreendedora até o momento da pesquisa. Esta TEA é a proporção de pessoas com idade entre 18 e 64 anos envolvidas em atividades empreendedoras na condição de empreendedores de negócios nascentes ou novos, com menos de 42 meses de existência.


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Pela primeira vez o Brasil, desde o início da sua participação na pesquisa, não ficou entre os dez primeiros com maiores taxas de empreendedorismo. Segundo o GEM de 2008, a mudança se deve principalmente à alteração no conjunto de nações participantes e não significa necessariamente uma piora relativa do país. As informações sobre os cinco países com a maior TEA encontram-se na tabela abaixo:

Tabela 1: Países com maiores taxas de empreendedorismo do mundo PAÍSES

TEA 2008 (%)

Bolívia Peru Colômbia Angola República Dominicana

29,82 25,57 24,52 22,71 20,35

POSIÇÃO (43 PAÍSES) 1 2 3 4 5

MÉDIA DO GRUPO

24,59

...

ESTIMATIVA DE EMPREENDEDORES 1.192.000 4.358.000 6.571.000 1.342.000 1.012.000 2.895.000

FONTE: Pesquisa GEM, 2008.

Um fato interessante é que, no outro extremo do ranking, pode-se observar que os últimos lugares foram ocupados por países desenvolvidos, como a Bélgica, em último lugar, precedida por Rússia e Alemanha:

Tabela 2: Países com menores taxas de empreendedorismo no mundo PAÍSES

TEA 2008 (%)

Dinamarca Romênia Alemanha Rússia Bélgica

4,04 3,98 3,77 3,49 2,85

MÉDIA DO GRUPO

3,63

POSIÇÃO (43 PAÍSES) 39 40 41 42 43

ESTIMATIVA DE EMPREENDEDORES 138.000 583.000 1.950.000 3.298.000 167.000 1.227.200

FONTE: Pesquisa GEM, 2008.

A diferença na TEA entre o primeiro e o último do ranking da pesquisa GEM 2008 foi de cerca de dez vezes, o que demonstra uma grande heterogeneidade nas condições empreendedoras no mundo.


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A Argentina é o país com a maior Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) com 16,54, seguida pelo México, com 13,09. O Brasil é o terceiro país mais empreendedor do G20 em TEA e a Rússia apresentou a menor taxa entre todos os membros.

O G-20 é formado pelos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais de 19 países industrializados e emergentes de todas as regiões do mundo. Juntos, estes representam por volta de 90% do produto interno bruto mundial, 80% do comércio internacional (incluindo o comércio interno da União Européia), assim como dois terços da população do mundial e 81,24% do total de pessoas empreendendo no mundo (GEM, 2008).

No que se refere à estimativa de empreendedores desse grupo, a tabela a seguir apresenta as informações sobre os membros do G-20 que participaram da Pesquisa GEM 2008:

Tabela 3: Países de G-20 participantes da pesquisa GEM PAÍSES Argentina México Brasil Índia Estados Unidos Coréia Grécia África do sul Turquia Reino Unido França Japão Itália Alemanha Rússia Países G-20 Países GEM Fonte: Pesquisa GEM, 2008.

TEA 2008 (%) 16,54 13,09 12,02 11,49 10,76 9,99 9,86 7,76 5,96 5,91 5,64 5,42 4,62 3,77 3,49

POSIÇÃO (43 países) 7 11 13 15 16 18 19 23 33 34 35 36 38 41 42

ESTIMATIVA DE EMPREENDEDORES 4.006.000 8.412.000 14.644.000 76.045.000 20.546.000 3.286.000 673.000 2.006.000 2.705.000 2.274.000 2.221.000 4.267.000 1.703.000 1.950.000 3.298.000

8,42 10,48

... ...

148.036.000 186.202.000

Dentre os integrantes do G-20, Austrália, Canadá, China, Indonésia, Arábia Saudita e União Européia (que tecnicamente não é um país, mas tem assento no G-20), não participaram da pesquisa GEM de 2008. A ausência da China na pesquisa é relevante, pois pela estimativa do ano anterior a sua participação representou mais da metade do total de empreendedores do mundo (GEM, 2008).


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Os países representados pelo G-20 apresentaram uma característica que também foi encontrada no conjunto total de países GEM. Os considerados mais desenvolvidos obtiveram taxas de empreendedorismo inferiores às dos países do grupo com desenvolvimento relativamente menor. Entretanto, os Estados Unidos foram a exceção, com taxas de empreendedorismo semelhantes às do Brasil. Isso se dá, segundo Dolabela (1999a), pois nos Estados Unidos da América, os cursos na área vem aumentando de maneira surpreendente: em 1975 havia cerca de 50 cursos na área ensinando empreendedorismo, enquanto que por volta dos anos 2000, eram mais de mil, tanto em universidades quanto em escolas de segundo grau. Para o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, mais importante do que verificar isoladamente a taxa de empreendedorismo, o GEM também tem papel fundamental por analisar questões como nível de inovação, motivação para empreender e recortes por gênero e faixa etária. “Observamos que em termos quantitativos o Brasil vai muito bem, mas ainda precisamos melhorar em termos qualitativos” assinala (AGENCIASEBRAE, 2010). Para ilustrar melhor as questões mencionadas por Okamotto, apresenta-se a seguir os dados dos relatórios GEM de 2008 e 2009 sobre a realidade do Brasil. 2.2.1 Motivação para Empreender: por Oportunidade e por Necessidade

Os empreendedores por oportunidade são capazes de identificar o que falta no mercado e reconhecer as novas tendências e maneiras de explorá-las, transformando-as em negócios. Enquanto que os empreendedores por necessidade têm por objetivo superar um momento difícil pelo qual estão passando (BRITO; WEVER, 2004).

Um empreendedor por oportunidade tem objetivos. Dornelas (2005) complementa afirmando que sabe aonde quer chegar, geralmente é um visionário, busca um planejamento prévio do negócio, visa crescimento, geração de lucros e criação de empresas, além disso, possui estreita relação com o desenvolvimento econômico local, regional e nacional. De acordo com o GEM de 2009 são estes os que têm vocação ou enxergam nichos de mercado.

Esta característica se reflete em certas atitudes do empreendedor, como, fazer as coisas antes do solicitado, buscar expandir o negócio e aproveitar oportunidades fora do comum para iniciar um negócio (SEBRAE, 1990). Além de identificar as oportunidades, o empreendedor


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deve ter iniciativa, que é a capacidade de se antecipar às situações, agindo de maneira oportuna e adequada sobre a realidade, apresentando soluções e influenciando os acontecimentos.

Por outro lado, o empreendedor por necessidade é aquele que inicia o seu negócio devido à falta de opção, por estar desempregado e/ou não ter alternativas de trabalho. Na maioria das vezes cria negócios informais, sem realizar um planejamento prévio. Por esse motivo, muitos empreendimentos por necessidade não geram desenvolvimento econômico, fracassam e agravam as estatísticas de mortalidade nos negócios. Esse tipo de empreendimento é comum em países subdesenvolvidos (GEM, 2008).

Nas últimas nove edições da Pesquisa GEM, o índice no Brasil vem demonstrando crescimento gradativo, passando de 8,5%, em 2001, para 9,4%, em 2009 em empreendedorismo por oportunidade, contra 5,9% da taxa de empreendedorismo por necessidade. Tanto o empreendedorismo por oportunidade quanto por necessidade registraram aumento em suas taxas em 2009, e a motivação para empreender acompanhou o aumento da TEA (GEM, 2009). A pesquisadora do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), Simara Greco 2, explica que a elevação em 2009 se deve ao alto crescimento ocorrido isoladamente nos empreendimentos nascentes, que passou de 2,93%, em 2008, para 5,78%, em 2009. Deste último dado, 4,3% são empreendimentos nascentes por oportunidade.

Segundo a pesquisadora, o ano de 2009, no que tange ao setor de atividade em que são criados os novos empreendimentos, reforça as conclusões já apresentadas em outros relatórios GEM. O empreendedorismo no Brasil é demasiadamente marcado por empreendimentos até certo ponto

rudimentares,

com

foco

em

serviços

orientados

ao

consumidor

final

(AGENCIASEBRAE, 2010).

A partir dos dados do GEM é possível concluir que a atividade empreendedora é uma das causas para a geração de renda e elevação do Produto Interno Bruto (PIB) dos países. No Brasil, durante a crise financeira internacional, a economia manteve-se dinâmica, devido, 2

Em artigo publicado na Agência Sebrae de Notícias, disponível em www.agenciasebrae.com.br, acesso em 23 de Abril de 2010 às 13h30.


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principalmente, ao mercado interno, de micro e pequenas empresas, nascentes ou não, em sua maioria, dos setores de Comércio e Serviços (AGENCIASEBRAE, 2010).

Destacaram-se os segmento de comércio de produtos alimentícios e confecções novamente em 2009, como a maior proporção desse tipo de empreendimento. Por outro lado, os empreendimentos baseados na prestação de serviços para empresas registraram o menor índice do período (GEM, 2009).

O GEM de 2009 chama a atenção para o fato de que esses empreendimentos pouco inovadores, baseados no atendimento direto ao consumidor final, possuem grande propensão à informalidade, obrigação inferior de recursos financeiros para a abertura do negócio e poucas exigências em termos de complexidade organizacional. A realidade do Brasil poderia ser outra, se instituições geradoras de conhecimento, tais como institutos de pesquisa, universidades, incubadoras de empresas, entre outros arranjos institucionais, abrissem o caminho para o desenvolvimento do empreendedorismo inovador baseado na oportunidade.

2.2.2 Potencial de Inovação em Empreendedorismo

Conforme apresentado anteriormente no item 2.1 deste estudo, muitos autores associam inovação a empreendedorismo, desde o desenvolvimento do conceito.

O relatório GEM de 2008, classificou os empreendimentos brasileiros em relação a lançamentos de novos produtos do mercado, quantidade de concorrentes, idade das tecnologias, processo e expectativa de exportação e criação de empregos, dividindo-os em três categorias: empreendedores não-inovadores, empreendedores que apresentam capacidade de inovação intermediária e empreendedores inovadores.

O empreendedor não inovador é aquele que tem o seu estabelecimento somente como uma fonte de sobrevivência. As pessoas já conhecem seu produto, ninguém o considera inovador e por esta razão já divide o mercado com uma ampla concorrência. As tecnologias e processos envolvidos em seu negócio já são difundidas e conhecidas. A firma não tem pretensão de gerar exportação e emprega em média até cinco pessoas. Normalmente, segundo o GEM de 2008, instalam-se em atividades de fácil acesso, sem barreiras de entrada, que exigem baixos investimentos em capital fixo e cujas atividades representam menores riscos.


36

Devido a fatores como ambiente econômico, escolaridade, culturais, sociais e de sua idade e renda, esses empreendedores só conseguem se estabelecer em um mercado de produtos já existentes e em atividades que o atendem de maneira complementar. Em geral, geram apenas o próprio emprego ou o emprego de familiares. As maiores barreiras para o empreendedorismo inovador são o comodismo, falta de ambição, falta de conhecimento, de criatividade, entre outros, segundo Sarkar3 (2010).

Os empreendedores não-inovadores desenvolvem atividades voltadas principalmente para o atendimento a pessoas físicas (80% da TEA) e atividades de serviços orientados aos consumidores (60% da TEA), segundo o GEM de 2008.

Os empreendedores com capacidade intermediária de inovação iniciam ou desenvolvem seus negócios pela imitação e têm como foco o acúmulo de capacidade tecnológica para melhorar a posição no mercado e inclusive superar os concorrentes. A imitação é somente um estágio da empresa iniciante até a incrementação da capacidade tecnológica. Cabe ao empreendedor ser criativo para gerar inovações que incrementem o seu negócio, para assim diferenciar-se dos concorrentes e, como resultado, conseguir manter-se no mercado (GEM, 2008).

De acordo com Freeman (1974) e Cooper e Bruno (1977) citados no GEM de 2008, o empreendedor inovador geralmente busca oportunidade em mercados nos quais já tenha alguma familiaridade com a tecnologia, graças as suas experiências anteriores. O empreendedor inovador está geralmente vinculado a um sistema com laboratórios avançados, grupos de pesquisadores de universidades e incubadoras tecnológicas dispondo de apoio institucional, tais como financiamento, assessoria e consultoria, além de apoio técnico e mãode-obra especializada. Os empreendedores inovadores são aqueles que lançam produtos novos para todos os mercados e usam tecnologias desconhecidas, com expectativa de exportação e criação de empregos. São esses empreendedores que geram inovações radicais e são transformadores da economia e da sociedade (GEM, 2008).

O Quadro 3 ilustra as características dos empreendedores brasileiros de forma resumida:

3

Escritor Português que lançou o livro “O empreendedor inovador”, em entrevista ao site www.gentequeinova.com.br acessado em 25 de Abril de 2010, às 19h20.


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Característica

Não-inovador

Capacidade de Inovação

Inovadores

Intermediária Conhecimento do produto

Ninguém considera novo

Novo para alguns

Novo para todos

Quantidade de concorrentes

Muitos concorrentes

Poucos concorrentes

Nenhum concorrente

Idade das tecnologias e processos

Mais de 5 anos

De 1 a 5 anos

Menos de um ano

Expectativa de exportação

Nenhum consumidor externo

Ter até 50% dos consumidores externos

Ter mais de 50% dos consumidores externos

Criação de emprego

Até 5 empregos

De 5 a 20 empregos

Mais de 20 empregos

Quadro 3: Empreendedores brasileiros segundo características de inovação dos empreendimentos Fonte: Pesquisa GEM, 2008

No Brasil, a participação dos empreendimentos inovadores é mínima em relação ao total. Apenas 3,4% dos brasileiros lançam produtos novos, 7,2% não possuem concorrentes no mercado, 0,4% tem expectativa de exportação e 7,9% têm perspectiva de gerar até cinco empregos nos próximos cinco anos, e por esse motivo o Brasil está classificado como um dos últimos países no ranking do empreendedorismo inovador (GEM, 2008).

Projetos como o Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), que visa identificar estas pessoas, projetos, ações e novos olhares à frente do tempo, representando entidades que promovem a inovação no Brasil, busca por meio desta ação reconhecer idéias que se transformaram e se transformarão em inovação (ANPROTEC, 2010). Retomando o conceito de “destruição criativa” atribuído ao empreendedorismo por Schumpeter, muitas vezes, as pequenas empresas inovadoras desfrutam de uma vantagem em relação às grandes empresas: a capacidade de inovar permite-lhes funcionar como “agentes de destruição criativa”, à medida que podem emergir como importantes motores do crescimento econômico e da criação de riqueza. Sarkar (2010) complementa que é importante lembrar que não basta inovar para ser bem sucedido é preciso um empreendedor saber levar a inovação para o mercado. Demais características dos empreendedores brasileiros, relacionadas a outros aspectos além da inovação, serão apresentadas a seguir.


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2.2.3 Características do Empreendedor

Com o objetivo de conhecer as características dos empreendedores brasileiros, a pesquisa GEM de 2008 buscou ainda analisar a posição de jovens (faixa etária de 18 a 24 anos) e de adultos de meia-idade (faixa etária de 55 a 64 anos), no período de 2001 a 2008, em relação às tendências demográficas da atividade empreendedora. Constatou-se que o Brasil, dentre os 42 países pesquisados, ocupa o terceiro lugar em termos de participação de jovens em atividades empreendedoras. Por outro lado, no que diz respeito ao público idoso, ocupa a trigésima posição.

Observou-se no Brasil, que o jovem empreendedor por necessidade, em 2008, representou 28% dos empreendedores, possui uma renda na faixa de um a três salários mínimos e nível de escolaridade de 5 a 11 anos, com atividades de serviços orientados ao consumidor (70%), seguidas pelo setor de transformação (33%).

O jovem empreendedor por oportunidade, por outro lado, diferenciou-se por possuir uma renda maior (36% até 3 salários mínimos; 34% de 3 a 6 salários) e uma escolaridade também maior, sendo que 25% estavam cursando na época ou já haviam terminado o nível superior. Ambos apresentaram uma alta concentração em atividades de serviços orientados aos consumidores e atividades de transformação, entretanto, os empreendedores por oportunidade iniciaram seus negócios com atividades mais especializadas, em função de seu maior nível de qualificação e de renda. O jovem universitário, por exemplo, abre seu negócio em serviços especializados, tais como contabilidade, apoio jurídico, informática, entre outros (GEM, 2008).

A participação do adulto de meia-idade no empreendedorismo por necessidade vem decaindo desde 2001, passando a representar apenas 6% dos empreendedores em 2008. Os indivíduos nessa faixa etária possuem de um a quatro anos de estudo e suas atividades são orientadas para os consumidores. O empreendedor adulto por oportunidade veio igualmente reduzindo, sua participação no período considerado, passando a representar 2% dos empreendedores, sendo que 40% deles possuem até 11 anos de educação e atuam nos setores de transformação (44%) e serviços especializados (49%).


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Segundo análise do GEM de 2008, esse empreendedor é aquele que ao longo da vida conseguiu acumular fundos e, em função da instabilidade do ambiente, não está disposto a riscos. O adulto que busca a atividade empreendedora é aquele que abre o negócio como forma de realização pessoal e profissional. Tem um maior nível de escolaridade, normalmente formação universitária, experiência, e está disposto a enfrentar novos desafios – suas atividades estão voltadas para serviços especializados a consumidores, indústria de transformação, empresas, como consultorias e serviços técnicos especializados.

No que diz respeito à questão de gênero, o Brasil é um país em que se comprova o equilíbrio entre os sexos, ao menos no que se refere ao empreendedorismo. Poucas diferenças se observam na proporção da participação de mulheres e homens na atividade empreendedora nacional, em 2009 (GEM, 2009).

O interesse em estudar as empreendedoras vem aumentando pelo mundo, da mesma maneira como tem crescido a participação destas mulheres na geração de empregos e renda em alguns países (CASSOL; SILVEIRA; HOELTGEBAUM, 2007).

Para se conhecer o potencial empreendedor de um indivíduo, mais especificamente das mulheres, existem métodos estruturados que fornecem, em uma perspectiva multidimensional, considerações relativas aos traços individuais, a fatores econômicos e ambientais, bem como características do futuro empreendimento. Assunto abordado na sessão a seguir.

2.3 Modelo de avaliação do potencial empreendedor

Segundo Gimenez (2007), na leitura sobre o tema empreendedorismo, autores como Carland, Carland e Hoy (1992) consideram que toda pessoa é empreendedora por natureza, e que, sendo assim, está apta a ser motivada e inspirada a criar novos valores. Baseando nestas premissas advogam que todos podem ser considerados empreendedores, variando apenas em intensidade. Para os autores, o empreendedorismo é uma integração de quatro fatores, sendo eles: traços de personalidade, propensão à inovação, propensão ao risco e postura estratégica.

Os traços da personalidade são as necessidades de realização (NR) e criatividade. Alta necessidade de realização define alguém que aspira completar tarefas difíceis, busca alcançar metas distantes, mantém altos padrões de desempenho e está disposto a esforçar-se para


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atingir níveis de excelência. A criatividade vem ligada à solução de problemas resultante de habilidades, motivações e estados que estão ligados à solução de problemas; e composta de três elementos: conhecimento, habilidades criativas e motivação (GIMENEZ, 2007).

Complementando o conceito, Trindade (2009) explica que a propensão à inovação resulta da capacidade de criar riquezas e, em última instância, dos recursos. A propensão ao risco é uma característica da personalidade que determina o desejo ou a tendência que um indivíduo tem de aceitar ou evitar situações de risco e, a postura estratégica é a visão empreendedora, ou seja, a necessidade do indivíduo em reconhecer oportunidades. (FERREIRA, 2005; VEIT, GONÇALVES FILHO, 2007). Ainda segundo Gimenez (2007) essa classificação é baseada nos objetivos esperados para os futuros empreendimentos e divide os empreendedores em microempreendedores, empreendedores e macroempreendedores.

A diferenciação entre estes potenciais se assemelha às classificações de potencial de inovação apresentadas no item anterior. De acordo com Carland, Carland e Hoy (1992), os microempreendedores são aqueles que têm na organização apenas uma opção para proporcionar o auto-emprego e renda suficiente para conquistar liberdade para estar com amigos e família. Os empreendedores já sonham com reconhecimento da sociedade, riqueza, e dão ainda mais importância à liberdade. Os macro-empreendedores, por outro lado, almejam tornar seu empreendimento líder no setor de atuação, concedem grande importância ao reconhecimento social e riqueza, o que valorizam muito mais que o tempo livre e aspectos que envolvam a família ou amigos (GIMENEZ, 2007).

Para tanto, desenvolveram um modelo de instrumento de pesquisa para medir o potencial empreendedor dos indivíduos denominado Carland Entrepreneurship Index (CEI), traduzindo para o português, Índice Carland de Empreendedorismo.

Este modelo é bastante utilizado para estudos com empreendedores de diversos tipos de negócios e mesmo com alunos de graduação para testar seu potencial. Segundo Gimenez (2007), Gimenez e Inácio Júnior (2004) utilizaram o método que apresentou validade e confiabilidade significativas, bem como Gimenez, Inácio Júnior e Sunsin (2001), Santos et al (2003) e Ferreira (2005) também o fizeram e, mais recentemente, Trindade (2009).


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O modelo Carland Entrepreneur Index (CEI) foi escolhido para o desenvolvimento desta pesquisa por ser um instrumento que, segundo Trindade (2009) reúne conceitos de muitos importantes pesquisadores e apresenta uma abordagem que retrata o empreendedorismo reconhecendo tanto abordagens econômicas, como psicológicas e sociais (TRINDADE, 2009).

Para compreender melhor os motivos que levam à diferenciação de gênero, e a justificativa dos dados que serão apresentados a seguir, em se tratando de empreendedorismo feminino, é interessante que primeiramente se realize um estudo sobre a mulher. Quem é a mulher de hoje e como ela está engajada na sociedade a ponto de se igualar aos homens? Qual o índice de abertura de novos negócios por essas empreendedoras? Questões como estas só se pode compreender quando se analisa que as mulheres passaram a pertencer à classe trabalhadora e empreendedora muito recentemente no decorrer do processo histórico devido a algumas mudanças de papel que sofreram na sociedade. Estas e outras reflexões serão apresentadas a seguir.


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3 EMPREENDEDORISMO: O PAPEL DA MULHER NAS RELAÇÕES SOCIAIS

Este capítulo aborda o tema empreendedorismo feminino. A fim de compreender melhor o assunto é necessário, primeiramente, conhecer as mudanças do papel da mulher na sociedade. Para tanto, realizou-se um levantamento histórico, que apresenta discussões referentes à questão de gênero e em seguida são descritos dados atuais sobre as características das mulheres empreendedoras e sua inserção no mercado de trabalho.

3.1 Mulher e sociedade: uma questão de gênero Machos e fêmeas são dois tipos de indivíduos, que no interior de uma espécie, se diferenciam em vista da reprodução: só os podemos definir correlativamente. (Simone de Beauvoir, 1949)

A expansão dos estudos que incorporam a mulher e a abordagem de gênero na história é resultante das transformações por que vêm passando a história nos últimos tempos (MATOS, 2009), principalmente no que diz respeito aos diferentes papeis da mulher na sociedade. Segundo a Constituição Federal, Artigo 113, inciso 1, “todos são iguais perante a lei”. Para Guacira Lopes Louro (1997), o conceito de gênero pretende se referir ao modo como as características sexuais são trazidas para a prática social, o que as torna parte do processo histórico. Desta mesma maneira, Simone de Beauvoir (1949) defende que a humanidade não é uma espécie animal, e sim, uma realidade histórica. Assim, homens e mulheres não podem ser considerados apenas organismos sexuados, pois refletem uma situação que depende da estrutura econômica da sociedade, estrutura essa que traduz o grau de evolução técnica a que chegou a humanidade. Segundo Beauvoir (1949) e Louro (1997) é neste campo que se constroem as relações entre os sujeitos e as questões de relacionamento entre homens e mulheres.

É preferível adotar a ideia de que quando nos referimos a gênero, entendem-se os aspectos psicológicos, sociais e culturais da feminilidade e da masculinidade e não os componentes biológicos, anatômicos e o ato sexual que caracterizam o sexo (MARODIN, 1997). O


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argumento de que homens e mulheres são biologicamente distintos, ou melhor, possuem uma distinção sexual, não justifica a desigualdade social. Estudos sobre as vidas das mulheres, formas de trabalho, corpo, prazeres, afetos, escolaridade, liberdade para expressar-se ou manifestar-se profissional e politicamente, sua inserção na economia ou campo jurídico; numa outra posição, as desigualdades sociais entre homens e mulheres; justificam-se, geralmente, em função das características biológicas, segundo Louro (1997). De acordo com a autora, a forma como essas características são representadas é que constituem o feminino ou o masculino, em um dado momento da história ou da sociedade.

Logo, para compreender a posição de um homem ou uma mulher na sociedade é necessário observar não exatamente os seus sexos, mas tudo que se construiu socialmente sobre os sexos, nos arranjos sociais, na história, nas condições de acesso aos recursos da sociedade e nas formas de representação, para assim construir um novo conceito de “gênero” (LOURO, 1997).

Quanto ao papel do homem e da mulher na sociedade, resgatando a história, observa-se que ambos passaram por diferentes variações e, pode-se dizer, evoluções. Segundo Kühner (1977), na época primitiva, a mulher possuía as mesmas funções do homem na sua comunidade: caçava, pescava e até mesmo guerreava quando necessário. Quando abandonada a vida nômade, à mulher coube a função da procriação, enquanto ao homem a responsabilidade pela sobrevivência e a proteção da família. Com a invenção de instrumentos para agricultura e fundição de metais, o homem, dono e senhor da terra, tornou-se responsável por este novo papel social, enquanto que à mulher passou a responsabilidade de procriação e atividades domésticas.

Esta estrutura se fortaleceu ainda mais durante a Revolução Industrial, quando os homens começaram a trabalhar nas grandes fábricas e indústrias, deixando assim a presença do lar, que tornou-se responsabilidade exclusiva das mulheres. Assim a sociedade acabou separada. Nasceram estereótipos de papéis baseados em gênero nessa época (MARODIN, 1997).

O papel do gênero é então o conjunto de expectativa em relação aos comportamentos sociais que se esperam das pessoas de determinado sexo. A estrutura social é que prescreve uma série de funções para o homem e para a mulher como próprias ou “naturais” de seus respectivos gêneros. Essas diferem de acordo com as culturas, as classes sociais e os períodos da história. (MARODIN, 1997, p.10)


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Ainda segundo Marodin (1997), a maioria dessas categorizações que a sociedade estabelece, acaba sendo transmitida pela família, pois esta passa a ser a fonte das normas e valores da cultura da sociedade, quando ensina ao menino ou à menina o que é ser masculino ou feminina, desde o seu nascimento. A família tradicional ensina um modelo em que o homempai é o chefe de família e a mulher-mãe é a educadora, dona do lar.

Porém, Kühner (1977) e Motta (1999) destacam que a Revolução Industrial como um momento de inovação e transformação organizacional. Foi nesta época que a mulher começou igualmente a buscar seu espaço de trabalho fora de casa, mas também, quando acabou sendo explorada e desvalorizada, uma vez que havia grande necessidade de mão-de-obra e muitas vagas foram preenchidas e também constituídas pelo universo feminino (BAHIA, 2002).

As mulheres começaram de fato a assumir negócios que antes cabiam apenas aos homens, em função das Primeira e Segunda Guerras Mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945, respectivamente), e a partir da Segunda Guerra os estudos acadêmicos a respeito das mulheres vêm crescendo devido aos fatores que deram uma maior visibilidade à mulher, mediante a sua conquista por novos espaços.

Durante o período das guerras, o homem-chefe da casa precisava se ausentar para batalhar pelo país e deixava os negócios da família aos cuidados da esposa, que assumia assim a posição que antes cabia apenas aos homens no mercado de trabalho (PRIORE; BASSANEZI, 1997).

No âmbito econômico as duas guerras mundiais propiciaram evolução em termos de aparelhos como eletrodomésticos, congelados, roupas prontas, creches e lavanderias, mudando assim não só a economia, mas desempenhando tarefas que até então eram delegadas às mulheres em sua vida privada (MARODIN, 1997).

No entanto, Kühner (1977) ainda afirma que o acúmulo de tarefas, públicas e privadas para as mulheres, rotulado de “dupla jornada”, ou melhor, o trabalho em sua casa e o cuidado com a família e o seu trabalho de acordo com o padrão capitalista, muitas vezes se constitui como uma dificuldade para conciliar a sua vida profissional com a sua vida pessoal.


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Desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido na Constituição de 1932 que sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor corresponde pagamento salarial igual; vedou-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; e proibiuse trabalho de mulher grávida quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois; além de demissão de mulheres por motivo de gravidez.

De acordo com Jacques Marcovitch (2005), as mulheres fizeram a grande revolução social da segunda metade do século XX. Elas conquistaram espaços, a partir dos anos de 1970, que até então não lhes pertencia, partindo de influencias progressistas que varriam a sociedade no mundo todo.

Outro fator que determinou um maior estudo sobre o papel das mulheres na sociedade, além do aumento da presença feminina no mercado de trabalho, foi a maior incidência de mulheres nas universidades. A universidade como reduto masculino se desfez quando a partir de 1970 o porcentual de mulher buscando maior qualificação por meio dos estudos chegou em torno de 25% das formadas nos estudo superiores da época. Conjugado à luta pela igualdade de direitos e pela liberdade, que levou ao desenvolvimento do movimento feminista.

É com o surgimento do movimento feminista no Século XVII, e quando este começou a adquirir características de ação política, no nível sócio cultural; que explode o repensar dos papéis da mulher e do homem na sociedade, na família e no trabalho. Os movimentos feministas trazem questionamentos até então inquestionáveis, que se referem aos estereótipos de gênero (MARODIN, 1997). O feminismo busca repensar e recriar a identidade de sexo sob uma ótica em que o indivíduo, seja ele homem ou mulher, não tenha que adaptar-se a modelos hierarquizados, e onde as qualidades “masculinas” ou “femininas” sejam atributos do ser humano em sua globalidade. Que a afetividade, a emoção, a ternura possam aflorar, sem constrangimentos nos homens e serem vivenciadas, nas mulheres, como atributos não desvalorizados. Que as diferenças entre os sexos não se traduzam em relações de poder que permeiam a vida de homens e mulheres em todas as suas dimensões: no trabalho, na participação política, na esfera familiar etc. (ALVES & PITANGUY, 1981, p. 9-10)

No Brasil começou com sinhás e mulheres da elite publicando matérias em jornais femininos sobre educação feminina e direito de voto das mulheres. A partir dos anos 1920, mulheres como Bertha Lutz, Maria Lacerda de Moura e Eugênia Cobra lutaram e reivindicaram a emancipação feminina, paralelamente às lutas de mulheres operárias, de maneira radical.


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Definiram-se assim duas vertentes do feminismo: a liberal e a libertária (HANER, 1981 e TELLES, 1993).

Em geral, as feministas liberais preocupam-se, basicamente, em pesquisar os caminhos para o sucesso. Essa corrente acredita que estereótipos sexuais impróprios afetam negativamente as mulheres e que as mulheres devem ser treinadas para desenvolver habilidades que as capacitem a competir de igual para igual com o homem. Enquanto que a teoria feminista radical, libertária, por sua vez, destaca as singularidades femininas enfatizando o valor positivo de atributos associados à mulher, como sensibilidade, capacidade de expressar emoções e de prover cuidados (CALÁS; SMIRCICH, 2006). Além disso, as radicais entendem que as diferenças femininas não devem ser consideradas deficiências a serem superadas, mas sim qualidades que as deixam em vantagem em relação ao universo masculino no que diz respeito, por exemplo, à eficácia organizacional. As feministas radicais recebem essa denominação justamente por colocar a mulher no centro e propor políticas separatistas (pelo menos até que homens e mulheres se tornem iguais).

Apesar dos muitos anos de lutas feministas, suas reivindicações voltaram ao cenário somente em 1975, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) instaurou o “Ano Internacional da Mulher”. Nesta época, mesmo diante das repressões de governos militares, temas como violência sexual, contraceptivos, cidadania da mulher, entre outros, reapareceram retomando a atenção (MATOS, 2009).

Cristina Bruschini (1998), da Fundação Carlos Chagas, que conforme o Marcovitch (2005) é uma estudiosa, autora de vários livros a respeito do assunto “qualificação feminina” e acesso das mulheres à qualificação, afirma que hoje estamos na era do computador, portanto, diferenciar o potencial de produção em relação ao gênero, não se faz mais necessário, pois não há força física envolvida no processo. Ainda de acordo com Marcovitch (2005), a realidade brasileira está se encaminhando para conquistar a igualdade entre os gêneros, mas ainda não é possível afirmar que ela exista.

Nas últimas três décadas o número de empreendimentos iniciados por mulheres cresceu consideravelmente e o desenvolvimento econômico vem sendo favorecido pela atuação das mulheres como empreendedoras (TRINDADE, 2009).


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Até que ponto as reivindicações feministas e a questão de gênero ainda interferem na realidade da mulher que busca encontrar seu espaço no mercado de trabalho? Em que nível se encontra a sua independência financeira da figura do homem ou marido? Após anos de luta por um espaço na sociedade, visando a igualdade, a mulher hoje é considerada a nova figura do empreendedorismo, e os novos estudos que estão surgindo atualmente envolvem a questão do empreendedorismo feminino.

3.2 Características das empreendedoras

Uma das alterações mais cruciais no mundo contemporâneo refere-se à inserção das mulheres no mercado de trabalho.

A primeira pesquisa sobre empreendedorismo feminino de que se tem conhecimento foi um paper publicado para o Jornal de Negócios Contemporâneos (Journal of Contemporary Business) em 1976, e antes disso o tema nunca tinha sido oficialmente comentado. Razão pela qual foi tão extraordinário e inovador, quando Eleanor Schwartz publicou “Entrepreneurship: A New Female Frontier”, ou seja, “Empreendedorismo: uma nova fronteira feminina”, o primeiro paper de cunho acadêmico sobre empreendedorismo feminino. De acordo com a pesquisa, na época haviam aproximadamente 700.000 empresas pertencentes a mulheres nos Estados Unidos da América, que juntas geravam em torno de $41.5 milhões de arrecadação para a receita federal. De acordo com o Bureau do Censo de 1972, apenas 4,6% de todos os negócios dos EUA pertenciam a mulheres. No entanto, esses números logo começaram a crescer. Segundo o Bureau do Trabalho (Bureau of Labor) demonstrou que o número de mulheres empreendedoras aumentou de 1.5 milhões para 2.1 milhões de 1972 a 1979, chegando a 3.5 milhões em 1984, segundo Hisrich e Brush (1986).

Em 2003 as mulheres começaram a ser reconhecidas como uma força na economia dos EUA, em função do número de negócios que possuíam, geração de impostos e de empregos. Hoje as mulheres de negócios estão cada vez mais valorizadas como empregadoras, clientes, fornecedoras e concorrentes, tanto nos EUA como na comunidade global. No entanto, as pesquisas e a disseminação das informações em torno do empreendedorismo feminino não acompanharam o impacto que estas mulheres e seus empreendimentos tiveram e ainda têm na economia (GREENE, et al, 2003).


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Nos últimos 30 anos a mulher esteve cada vez mais presente em empresas e este fenômeno mundial tem ocorrido tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, do qual o Brasil não é exceção (DOLABELLA, 1999a).

Algumas pesquisas foram realizadas na década de 1980, buscando definir um perfil psicológico ou comportamental das mulheres empreendedoras. Segundo Machado (1999), estes levantamentos descreviam as mulheres empreendedoras como persistentes, possuidoras de alto desejo de realização e independência, ativas e persuasivas.

Ainda de acordo com Hilka Machado (2002), alguns temas são enfatizados no estudo do empreendedorismo feminino. Estudiosos buscam comparar o modo de empreender feminino com o masculino, características do comportamento e da personalidade dessas mulheres, ou ainda, trazer uma explicação racional que mensure o sucesso de seus negócios. A autora ressalta, entretanto, que a maioria das publicações foram geradas em países onde o empreendedorismo

feminino

está

mais

disseminado

e,

apenas

recentemente

(aproximadamente a partir de 1995) é que as pesquisas sobre este tema iniciaram em países menos industrializados.

Segundo Machado (2002), a mulher empreendedora combina características de natureza masculinas (iniciativa, coragem, determinação), com características femininas (capacidade de cooperação, sensibilidade, intuição), gerando, por fim, um estilo próprio, o que contribui para o processo de adquirir um espaço de poder com uma maneira diferenciada de atuação.

Segundo Hisrich e Peters (2004) não há, entretanto, uma receita pronta para um indivíduo tornar-se empreendedor. Ser empreendedor depende de características pessoais, ambientais, e demais diferentes fatores internos e externos. Embora as características pessoais de empreendedores e empreendedoras sejam semelhantes, as mulheres diferem dos homens no que diz respeito à motivação, às habilidades empresariais e ao histórico profissional. As principais diferenças entre homens e mulheres empreendedores, estão descritas no Quadro 4 a seguir:


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CARACTERÍSTICA

HOMENS

MULHERES

Motivação

Realização – lutam para fazer as coisas

Realização – conquista de uma meta

acontecerem Independência pessoal – não se importam

Independência pessoal – fazer as

com a auto-imagem relacionada com seu

coisas sozinha

desempenho na empresa Satisfação no trabalho advinda do desejo de estar no comando. Ponto de Partida

Insatisfação com o atual emprego

Frustração no emprego

Atividades extras nos estudos, no emprego

Interesse e reconhecimento de

atual ou progresso no emprego atual

oportunidade na área

Dispensa ou demissão

Mudando na situação pessoal

Oportunidade de aquisição Fontes de Fundos

Bens e economias pessoais

Bens e economias pessoais

Financiamento bancário

Empréstimos pessoais

Investidores Empréstimo com família ou amigos Histórico

Experiência na área de trabalho

Experiência na área de negócios

profissional

Especialista reconhecido ou que obteve alto

Experiência em gerência

nível de realização na área

intermediária

Competente em uma serie de funções

Histórico ocupacional relacionado

empresariais

com o trabalho

Características de

Dá opiniões e é persuasivo

Flexível e tolerante

Personalidade

Orientado para metas

Orientada para metas

Inovador e idealista

Criativa e realista

Alto nível de autoconfiança

Nível médio de autoconfiança

Entusiasmado e enérgico

Entusiasmada e enérgica

Tem que ser seu próprio patrão

Habilidade para lidar com o ambiente social e econômico

Quadro 4: Características dos empreendedores Fonte: Adaptado de HISRICH; PETERS, 2004, p.86

A maioria das mulheres tende ainda a ser mais velha do que os homens quando abre o seu próprio negócio. A idade média para os homens é de 24 a 35 anos, enquanto que para as mulheres a idade fica entre 35 e 40 anos, sendo que muitas destas mulheres nesta idade já têm filhos adultos morando fora de casa ou são solteiras e, como resultado, precisam preocupar-se em ter um negócio próprio e com seguro de vida pessoal (HISRICH; PETERS, 2004).


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Como grupo de apoio os homens geralmente contam com amigos, profissionais conhecidos como advogados, contadores, para seus conselheiros, e em segundo lugar as esposas. Já as mulheres apontam em primeiro lugar os maridos, em seguida amigos e por último associados ao negócio. As mulheres contam quase sempre com associações comerciais e grupos de mulheres, enquanto os homens têm menos colaboradores externos.

Considerando a natureza dos negócios iniciados por homens e mulheres, enquanto as mulheres procuram serviços relacionados a relações públicas, lojas ou serviços educacionais; os homens, por outro lado, voltam-se mais para os setores da indústria, construção ou alta tecnologia. O resultado são empresas menores femininas com um lucro líquido menor, mas nas áreas de prestação de serviços que estão com crescimento mais acelerado na economia, e numa proporção maior (HISRICH; PETERS, 2004).

São muitos os fatores que explicam a entrada da mulher no mercado de trabalho que vão desde o maior nível de escolaridade em relação aos homens, até a mudança na estrutura familiar, com a redução do número de filhos (PASSOS et al., 2008). De acordo com Bahia (2002) é crescente o número de mulheres trabalhando fora de casa, sejam executivas, profissionais liberais; mudando o cenário da industrialização, onde as funções exercidas por elas exigiam menor qualificação e ou que fossem relacionadas a casamento e maternidade. Pesquisas recentes comprovam que cresce o número de mulheres em postos diretivos nas empresas em diversos países, de maneira semelhante, da inclusão qualificada no mundo do trabalho.

Entretanto, estudos têm mostrado que as mulheres encontram dificuldades na realização da atividade empreendedora, como de aceitação, ausência de suporte, barreiras culturais, problemas em conciliar trabalho e família, para obter crédito bancário, de atuar no mercado internacional, de acesso a redes e falta de mentores, quanto ao tamanho das empresas, falta de tempo e ausência de modelos de referência de empreendedoras para contribuir com o desenvolvimento cognitivo de papel empreendedor feminino (TRINDADE, 2009).

Por outro lado, pesquisas realizadas quase na mesma época mostraram que mulheres que já são mães e que trabalham fora de casa apresentaram altos índices de bem-estar e satisfação, maior que daquelas que não trabalham (CHERLIN, 2001; VANDEWATER; OSTROVE; STEWART, 1997). Cherlin (2001) pondera ainda que uma vida cheia de ocupações, em que


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se consegue conciliar trabalho com maternidade, traz satisfação e sentimento de realização às mulheres.

3.2.1 A Mulher no mercado de trabalho Houve um aumento de mulheres trabalhando por conta própria e segundo Hisrich e Peters (2004), na época de publicação do livro intitulado Empreendedorismo, elas iniciaram novos empreendimentos três vezes mais que os homens. Formaram mais de 70% de todos os novos negócios, possuíam mais de 8,5 milhões de pequenas empresas, empregando em torno de 17 milhões de pessoas, o que representou um aumento de 45% de sua atuação, em relação ao ano de 1990.

Segundo institutos de pesquisa nacionais ligados ao empreendedorismo como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e internacionais como o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de 2007, as mulheres já começaram a empreender mais, o que indica uma mudança histórica de comportamento, sendo que os homens sempre lideraram o ranking.

A mulher brasileira está definitivamente conquistando seu espaço na economia contemporânea. No Brasil, dados do GEM de 2007, estudos do Sebrae e do IBQP, apontaram que, pela primeira vez as mulheres superaram os homens, pois 52,4% dos novos negócios (com até 42 meses de criação) estavam sob controle de mãos femininas. Ainda em 2007, 12,71% (aproximadamente 8 milhões) das brasileiras encontravam-se envolvidas em atividades empresariais. Estes índices classificaram o Brasil como sétimo colocado no ranking mundial de empreendedoras, composto por 42 países, com um total de 7,7 milhões de mulheres à frente de negócios.

Entretanto, embora a taxa de empreendedorismo feminino tenha crescido, a necessidade ainda era o fator marcante de motivação para a mulher iniciar o empreendimento. Enquanto 38% dos homens empreendiam por necessidade, essa proporção era de 63% para as mulheres (GEM, 2007). A motivação feminina para empreender por oportunidade diminuiu na proporção em relação ao homem, de 46% contra 54%.


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Em 2007, para o Sebrae, o número de mulheres praticamente já se equiparava ao de homens na abertura de novos negócios, situação diferente da observada cinco anos antes, quando elas representavam pouco mais de um quarto das iniciativas (71% homens contra 29% mulheres). Este crescimento também se deve pelo aumento da participação do setor de comércio e serviços no total do PIB brasileiro, nos quais as mulheres correspondem a dois terços dos novos negócios (SEBRAE, 2007).

Segundo o Fórum Econômico Mundial de 2008, em alguns países a desigualdade entre os sexos em relação à taxa de empreendedorismo foi quase inexistente, como por exemplo, a Islândia em primeiro lugar, seguida pela Finlândia e Noruega. Neste ranking o Brasil era o 73º colocado, ficando atrás de outros países da América do Sul, como a Argentina, na 24º posição, praticamente no meio termo da lista, pois o último colocado foi o Iêmen, na 136º posição.

Entretanto, em 2009 os resultados se modificaram. O Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Universidade de Berkeley e a Universidade de Havard, nos Estados Unidos, realizou uma nova pesquisa, que foi considerada o maior estudo já feito sobre igualdade entre gêneros no mundo, o Global Gender Gap Report 2009. Conduzida pela economista paquistanesa Saadia Zahidi, a pesquisa analisou dados de 134 países, e desta vez o Brasil caiu nove posições em relação à edição de 2008, passando a ocupar o 82° lugar no ranking internacional da desigualdade de gêneros elaborado pelo levantamento.

Hoje, dos 18,8 milhões de pessoas à frente de empreendimentos em estágio inicial ou com menos de 42 meses de existência no Brasil, 53% são mulheres e 47%, homens. É o que mostrou a última edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, o GEM de 2009, divulgado ao público no dia 6 de abril de 2010. Uma das novidades do estudo é que pela primeira vez a proporção de mulheres empreendendo por oportunidade no país superou a de homens na mesma condição.

Em 2009, além do Brasil, apenas outros dois países registraram taxas de empreendedorismo feminino mais elevadas que as dos homens: Tonga, com 61%, e Guatemala, com 54%. Já as brasileiras estão praticando um empreendedorismo cada vez mais planejado e consistente. Sobre este aspecto, o estudo constatou que dos empreendedores por oportunidade 53,4% são mulheres e 46,6%, homens (AGENCIASEBRAE, 2010).


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Os dados citados acima confirmam a tendência apresentada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, que indicaram que as mulheres buscam alternativa de empreendimentos para complementar a renda familiar, ou ainda porque nos últimos anos elas vêm assumindo cada vez mais o sustento do lar como chefe de família (SEBRAE, 2008).

Segundo dados do IBGE (2008) e a pesquisa Mensal de Emprego, considerando a região metropolitana de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, em janeiro de 2008 haviam aproximadamente 9,4 milhões de mulheres trabalhando, ou seja, 43,1% das mulheres com mais de 10 anos de idade. Entretanto, nas seis regiões pesquisadas, elas lideram o ranking da desocupação (1,0 milhão), representando 57,7%, enquanto que entre os homens esse contingente é de 779 mil, 42,3%.

Analisando a distribuição entre as atividades econômicas das mulheres ocupadas, em janeiro de 2008 verificou-se que 22% atuavam em Administração pública, Educação, Defesa, Segurança e Saúde; 17,4% no Comércio; 16,5% estavam nos Serviços domésticos, 13,3% em Serviços prestados a empresas; 13,1% na Indústria; 0,6% na Construção, e 17,0% em outros serviços e outras atividades. Entre os homens ocupados predomina a participação na indústria 20,0%, eles apresentam um maior percentual de ocupação na construção 12,0%, e presença reduzida nos serviços domésticos 0,7% (IBGE, 2008).

É importante destacar que a formação das mulheres é um quesito fundamental para o combate da injustiça entre os gêneros. Segundo Guedes (2004), a partir de dados dos censos demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000 do IBGE, 52,8% das mulheres e 47,2% dos homens possuíam ensino superior completo.

Em pesquisa realizada pelo IBGE em 2008 foi possível conhecer que entre as mulheres trabalhadoras, 59% possuíam 11 anos ou mais de estudo. Entre os homens, esses níveis de escolaridade eram de 51,9%, no mesmo mês. O gráfico 1 a seguir mostra estes dados, comparando a distribuição das mulheres ocupadas entre os anos 2003 a 2008, em porcentagem:


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Gráfico 1: Escolaridade das mulheres Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de Emprego; 2008.

Como demonstrou o IBGE, em 2008, o rendimento médio habitual das mulheres das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego, é equivalente a 71,3% do rendimento dos homens. Para as mulheres com nível superior completo, o rendimento médio habitual foi de R$ 2.291,80 em janeiro de 2008; enquanto que para os homens foi de R$ 3.841,40, indicando que mesmo com grau de escolaridade mais elevado as diferenças salariais não diminuem.

Países como Estados Unidos, Canadá, Finlândia e Noruega são pioneiros no incentivo à participação do segmento feminino no empreendedorismo, segundo Machado (2002). Em países como Austrália, Canadá, Finlândia, Estados Unidos, Noruega e Áustria, políticas de incentivo à criação de empresas, apoios na forma de subsídio e treinamento e leis de auxílio às empreendedoras são atividades desenvolvidas para encorajar mulheres a gerirem seu próprio negócio, como já ocorre no Japão, Alemanha, Grécia, Austrália, Coréia, Espanha e Rússia, por exemplo.

Em comparação com o Brasil, a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2008 forneceu ainda alguns dados sobre as taxas de empreendedorismo feminino em relação ao masculino, em alguns países participantes. Estão entre eles: África do Sul, Alemanha, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, França, Índia, Itália, Japão, México, Peru, Reino Unido, Rússia e Uruguai.


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Segundo o relatório GEM de 2008, na África do Sul a taxa de atividade empreendedora masculina é de 9,6%, 1,6 vezes maior que a feminina que é de 5,9%. As mulheres negras formam o grupo com a taxa mais alta de desemprego (31% dos números oficiais gerais).

Na Alemanha o quociente da taxa de atividades empreendedoras é o menor de todos os países ocidentais industrializados – as alemãs são relativamente mais ativas como empreendedoras que as mulheres daqueles países. Entretanto, segundo o relatório, a Alemanha possui um alto índice de empreendedorismo por necessidade.

A Bolívia possui uma população de aproximadamente 10 milhões de habitantes, dos quais 50,1% são mulheres e 49,9% homens, sendo que os empreendimentos dizem respeito a 47% das mulheres. Os empreendedores em estágio inicial possuem as seguintes características em comum: 52,1% são do sexo masculino e 47,9% são do sexo feminino, 56,3% estão na faixa etária entre 18 e 64 anos de idade, 65,7% desses empreendedores possuem nível médio de educação e 9,8% possuem nível universitário (GEM 2008).

No Chile, a diferença entre sexos vem diminuindo nos últimos seis anos. Em 2008, a participação feminina na atividade empreendedora foi de 10,3%, enquanto a masculina foi de 15,7%.

Na Colômbia o empreendedorismo masculino registrou um aumento expressivo, de 26,9% em 2007 para 30,3% em 2008, enquanto houve apenas um pequeno aumento no sexo feminino, de 18,8% para 19,1% (GEM, 2008).

A posição de liderança em empreendedorismo feminino, no ano de 1990, era ocupada pelos Estados Unidos. Naquele ano, uma a cada 10 mulheres acima de 35 anos estava envolvida com a criação de empresas e juntas representavam 30% das empresas do país (OECD, 1998). Segundo o relatório GEM de 2008, há diferenças entre os sexos na atividade empreendedora em estágio inicial nos Estados Unidos, sendo que 58,9% são homens e 41,1% mulheres. A maioria identifica a oportunidade (95,1% dos homens e 75% das mulheres), em vez da necessidade, como a principal razão para empreender.

Na França, por outro lado, o empreendedorismo feminino é um fator em baixa. Apenas 29% das mulheres participam de alguma atividade empreendedora, contra 71% dos homens,


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resultado este que representava a realidade do Brasil no ano de 2001, o que deixa visível o crescimento deste país em relação à França que não demonstra evolução no quesito empreendedorismo feminino.

Houve um aumento do empreendedorismo em estágio inicial na Índia, devido, principalmente, ao processo de transição de uma economia centrada no emprego para uma economia empreendedora, o que propiciou um recente crescimento econômico e por consequência

mais

oportunidades

para

empreendimentos.

A

maior

parte

desses

empreendedores em estágio inicial se encontra no setor de serviços ao consumidor, como varejo, comércio, hotéis e restaurantes. A menor participação da mulher na atividade empreendedora neste ano (39% contra 61% para os homens) deveu-se, provavelmente, ao fator cultural, sustentado por uma enraizada crença na sociedade de que os homens estão mais predispostos a assumir riscos do que as mulheres (GEM, 2008).

Neste último ano os homens se envolveram mais que o dobro de vezes que as mulheres da Itália com atividades de empreendedorismo em estágio inicial (um de cada 16 homens para uma de cada 36 mulheres), sendo que a proporção da atividade empreendedora ficou em 70% para os homens, contra apenas 30% para as mulheres.

No Japão a taxa é semelhante à da Itália, mas ainda assim consegue ser inferior, ficando com apenas 24% da proporção da atividade empreendedora representada pelas mulheres e 76% por homens. As iniciativas empreendedoras por parte do sexo masculino neste país representaram 7,8% da população adulta, com 3% das mulheres iniciando empreendimentos. A atividade masculina saltou de 3,5% em 2007 para 7,8% em 2008, enquanto as iniciativas femininas caíram de 5,2% para 3%, em questão de um ano (2007 para 2008). Oportunidade foi a principal alavanca para a atividade empreendedora, num total de 4% (2,8% em 2007), enquanto a necessidade foi citada por 1,3% dos empreendedores (1,5% em 2007). As atividades de empreendimentos já estabelecidos caíram de 8,7% em 2007 para 7,9% em 2008 (GEM, 2008).

No México a situação já é mais equilibrada. Os indicadores relativos aos aspectos demográficos mostram uma taxa de 11,9% para mulheres envolvidas em atividades empreendedoras, enquanto a taxa dos homens é de 14,4%, com uma proporção empreendedora de 55 % para homens e 45% para mulheres.


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O nível da participação feminina na atividade empreendedora do Peru alcançou 23,6%, conferindo ao país uma das mais altas taxas de atividade empreendedora feminina. Contudo, a taxa de participação feminina ainda é inferior à masculina, de 27,5%. Segundo o relatório GEM de 2008, especialistas concordam que o crescimento da economia e a abertura do mercado peruanos nos últimos anos foram os fatores que mais influenciaram positivamente a atividade empreendedora no país. Contudo, a falta de políticas públicas direcionadas para a atividade empreendedora ainda impede um maior crescimento, mesmo tendo aumentado consideravelmente nos últimos cinco anos. No país, homens e mulheres possuem o mesmo nível de conhecimento e treinamento para administrar uma empresa, o que favorece o desenvolvimento feminino nas atividades empreendedoras.

No Reino Unido o empreendedorismo feminino em estágio inicial em 2008 foi de 3,7%, menos da metade da taxa masculina de 8,1% e as mulheres continuam sendo minoria em abertura de novos negócios, representando apenas 31%, contra 69% dos homens. Na Rússia a taxa ficou em valores semelhantes ao Reino Unido e fechou em 36% no mesmo ano para as mulheres e 64% para os homens.

No Uruguai estes índices se repetem e as proporções relativas entre homens e mulheres permanecem inalteradas desde 2007, com 15,3% de empreendedores homens e 8,6% mulheres. Os resultados apontam que 47% dos entrevistados acreditavam que haveria oportunidades para abertura de novos empreendimentos nos seis meses seguintes, em comparação com os 38% de 2007.

Para ilustrar melhor os dados sobre empreendedores por oportunidade e necessidade nos países mencionados, e apresentar índices de comparação entre empreendedorismo feminino e masculino, o relatório GEM de 2008 fornece a seguinte tabela: Tabela 4: Proporção da atividade empreendedora (%) ÁFRICA DO SUL ALEMANHA BOLÍVIA CHILE COLÔMBIA EQUADOR ESTADOS UNIDOS FRANÇA

OPORTUNIDADE 79 73 71 76 58 71 87

NECESSIDADE 21 27 29 24 42 29 13

HOMENS 68 65 53 60 61 54 59

MULHERES 32 45 47 40 39 46 41

89

11

71

29


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ÍNDIA ITÁLIA JAPÃO MÉXICO PERU REINO UNIDO RÚSSIA URUGUAI Fonte: Dados GEM, 2008.

No

contexto

76 84 77 85 68 85 78 74

Brasileiro,

24 16 23 15 32 15 22 26

quanto

às

produções

69 70 76 55 54 69 64 64

acadêmicas

31 30 24 45 46 31 36 36

abordando

o

tema

empreendedorismo feminino, segundo levantamento realizado por Trindade (2009) nos Anais do EnANPAD,

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração,

principal evento na área de administração do país, no período entre 1999 e 2008, dos 6.349 artigos publicados, são 222 os trabalhos que focalizaram o tema empreendedorismo. Ainda de acordo com a autora, destes somente 15 trataram do empreendedorismo realizado por mulheres, sendo a maioria sobre a mulher empreendedora, criadora de empresas, seu perfil e comportamento gerencial. Ainda foram encontrados estudos sobre a sucessão de empresas familiares, mulheres que não criaram o negócio, mas que assumiram o comando de empresa familiar. Os demais abordam o intra-empreendedorismo, com mulheres ocupando cargos de liderança em empresas, o que demonstra a carência de estudos em bibliografia científica, disponível na própria área e em áreas afins, que sirvam de suporte para uma produção acadêmica. Buscando ampliar o escopo de pesquisa mencionado acima, mas com um enfoque voltado ao empreendedorismo feminino na área da publicidade e propaganda, realizou-se um levantamento dos dados secundário da Revista de Administração Contemporânea - RAC4, no período de 2006 a 2009 e o tema não foi abordado em artigos. Do mesmo modo, em nenhuma das edições da revista RAC – Eletrônica5 da última edição de 2009, como também nas duas 4

A RAC é uma revista científica que tem como missão contribuir para o entendimento aprofundado da Administração mediante a divulgação de trabalhos de pesquisa, análises teóricas, documentos, notas e resenhas bibliográficas que possam subsidiar as atividades acadêmicas e a ação administrativa em organizações públicas e privadas. A RAC teve sua publicação impressa até o ano de 2008, permanecendo a partir de então como uma publicação online (ANPAD, 2010). 5 A RAC-Eletrônica é uma revista científica que tem como missão contribuir para a difusão, reflexão e o entendimento aprofundado da Administração mediante a divulgação de trabalhos de pesquisa empírica oriundos da comunidade da Associação Nacional de Programas de Pós-graduação e Pesquisa em Administração – ANPAD. No ano de 2009, em função da transformação da RAC – Revista de Administração Contemporânea em uma publicação também exclusivamente online para atendimento às premissas de acessibilidade do Sistema Qualis da CAPES, essa mudança trouxe como conseqüência uma maior redundância entre as duas publicações, levando-nos a optar por descontinuar a publicação da RAC-Eletrônica e incorporando-a a linha editorial da RAC. Desse modo, a RAC-Eletrônica teve seu último número publicado em janeiro de 2009 (ANPAD, 2010).


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edições anteriores dos anos de 2007 e 2008, não foram localizados artigos pertinentes ao tema. No que diz respeito a trabalhos da área da comunicação em analise aos bancos de dados da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - Intercom, este que é considerado o maior Congresso de Ciências da Comunicação do Brasil, na sua versão nacional, em 2009, na área de publicidade e propaganda não foram encontrados estudos a respeito das mulheres empreendedoras publicados.

Ao investigar a base de dados eletrônicos do Google Acadêmico, um único trabalho que relaciona a temática empreendedorismo com publicidade e propaganda foi localizado, após uma busca com ampla variação de palavras-chave, intitulado “Atendimento: Perfil empreendedor e seu impacto sobre agências de publicidade e propaganda” (RODRIGUES; RISCAROLLI; ZUCCO, 2003); o qual não especifica a questão de gênero em sua abordagem. Sendo que este trabalho foi publicado no IntercomSul, pela Furb – Universidade Regional de Blumenau, no ano de 2003.

Com o objetivo de conhecer melhor a atuação das mulheres empreendedoras nesta área, o capítulo a seguir apresenta o que é publicidade e propaganda e possíveis segmentos para empreender.


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4 PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Visando compreender a atuação das mulheres como empreendedoras donas de agências de publicidade e propaganda, este capítulo esclarece como surgiu a profissão de publicitário e a origem dos termos publicidade e propaganda, para em seguida apresentar quais são as áreas que um publicitário formado pode atuar e empreender.

4.1 Uma breve história da propaganda

O nome Propaganda com a definição que se conhece hoje foi difundido apenas no início do Século XVII, pelo Vaticano, a partir da Congregação para a Propagação da fé. A palavra tem origem latina, que significa propagação, no sentido de “semeadura” (MARTINS, 2004).

No princípio, quando alguém anunciava em uma tabuleta, ou comunicava para outra pessoa que possuía um serviço ou tinha algo a oferecer, isso era, de uma forma simples, classificado como propaganda. Como o termo ainda não existia, para a sociedade este ato não passava de uma comunicação comercial.

Outro fato a ser ressaltado foi a utilização do termo pelo Ministro da Comunicação do 3º Reich – Joseph Goebbels, ao adotar ações e desenvolver estratégias para promover Adolf Hitler. Após a Segunda Guerra Mundial a propaganda ganhou a forma técnica que apresenta hoje de convencimento individual e coletivo, de conhecimento de anseios e necessidades psicológicas e racionais, pensada e preocupada com resultados (MARTINS, 2004). Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin5 (2009) defende que embora sejam usados indistintamente no dia-a-dia, o significado dos termos Propaganda e Publicidade se difere. O mesmo é defendido por Zeca Martins (2004), que menciona existir uma percepção equivocada quanto ao uso dos termos e estes serem empregados como sinônimos, sendo que segundo o autor, alguns estudiosos da área defendem esta aplicação, o que gera discordância.

Para Zeca Martins (2004), por definição, publicidade refere-se a levar algo ao alcance do público, ou seja, publicar, divulgar. Possui capacidade informativa, força persuasiva e tem caráter comercial. A propaganda, por outro lado, é identificada pelas mesmas qualidades de


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força persuasiva e capacidade informativa, entretanto, possui caráter ideológico. Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin5 (2009) acrescenta que a publicidade tem objetivo comercial, enquanto que a propaganda visa a um fim ideológico, religioso, político, econômico ou social. Além de ser paga, a publicidade sempre identifica o seu patrocinador. Malanga (1977) define publicidade como um “conjunto de técnicas de ação coletiva no sentido de promover o lucro de uma atividade comercial, conquistando, aumentando e mantendo clientes.” Portanto, em propaganda difunde-se uma idéia, enquanto que em publicidade divulga-se uma mercadoria ou serviço.

É praticamente impossível determinar a origem exata da publicidade, mas, segundo o PubliFolha (2006), com a invenção da imprensa por Gutenberg no Século XV sabe-se que os meios de comunicação, bem como a propaganda impressa passaram a se tornar populares e logo surgiram os primeiros cartazes e panfletos com caráter informativo.

Com a Revolução Industrial entre os Séculos XVII e XVIII, o aumento da produção em larga escala trouxe para a propaganda, que antes tinha basicamente a função informativa, a propriedade de persuasão, visando estimular as vendas. O jornal inglês Mercurius Britannicus em 1625 foi o primeiro a publicar um anúncio publicitário, motivando assim, os periódicos seguintes a destinar um espaço exclusivo para receber anúncios (PUBLIFOLHA, 2006).

Nos Estados Unidos da América, no Século XIX, Volney B. Palner foi considerado o primeiro agente publicitário da história. Este que trabalhava no jornal de sua família, cuidando dos anúncios, assumiu uma responsabilidade maior quando passou a planejar a comunicação dos clientes. A primeira agência conhecida, entretanto, que se tem documentado, foi fundada na Filadéfia, por Francis Wayland Ayer em 1869 (PUBLIFOLHA, 2006).

No Brasil, da mesma forma como se deu na Inglaterra, os primeiros anúncios surgiram por meio dos jornais impressos. O primeiro foi publicado na Gazeta Mercantil de 1808 e as primeiras agências de propaganda, por outro lado, surgiram apenas em 1914, primeiramente como agências de anúncio e evoluindo para os moldes atuais. A Eclética de São Paulo foi a primeira exclusivamente dedicada à publicidade (PUBLIFOLHA, 2006). De acordo com Zeca Martins (2004), com o surgimento do rádio nos anos 30 e 40 e desenvolvimento dos meios de comunicação no final da década de 1950, principalmente os


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eletrônicos como a televisão, surgiam diariamente novas técnicas, estéticas, padrões, e conceitos que conferiram à publicidade e à propaganda o nível de uma das maiores forças da época.

Na virada do Século XX, a Publifolha (2006) esclarece que com a chegada da era digital, computação gráfica, canais de televisão por assinatura e a Internet, a qualidade da propaganda cresceu junto com esta evolução, bem como surgiram novas mídias, veículos e mercados promissores para a atuação do publicitário.

4.2 Atuação do Publicitário

O mercado de trabalho para um profissional da área de publicidade e propaganda não se restringe apenas ao universo das agências. O Publicitário encontra diversos espaços de atuação, uma vez que hoje esta profissão é uma das mais dinâmicas e variadas que existe.

A rotina não faz parte do cotidiano deste profissional, e sim a ousadia, a seriedade, o foco, a habilidade de relacionamento, a capacidade de trabalhar em equipe, manipular as novas tecnologias de informação e comunicação, além do trabalho com dados e pesquisas. O profissional pode encontrar trabalho em órgãos públicos, empresas privadas e estatais. Segundo a Publifolha de 2006, dos mais diferentes segmentos, como: industrial, comercial, financeiro, educacional e de serviços; além de institutos de pesquisa, consultorias, produtoras de cinema e vídeo, na Internet, no terceiro setor, veículos de comunicação, fornecedores de agências, entre outros para desempenhar as mais variadas funções.

A Lei Federal 4.680 de 1965 regulamenta a profissão de Publicitário e diz que uma agência de propaganda é a pessoa jurídica especializada na arte e técnica publicitária que estuda, concebe, executa e distribui propaganda aos veículos de comunicação de divulgação, por ordem e conta de clientes-anunciantes, visando promover a venda de seus produtos e serviços, difundindo idéias ou informando o público a respeito de organizações ou instituições colocadas a serviço deste mesmo público 6. A agência de propaganda é a organização especializada na arte e técnica da propaganda que se estrutura especialmente para esse fim, aglutinando profissionais especializados de diversas áreas, acumulando experiências desenvolvendo e 6

Texto extraído do site Vitrine Publicitária em www.vitrinepublicitaria.net, acesso em 07 de Outubro de 2009.


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adquirindo tecnologia específica, e prestando serviço para anunciantes de vários setores, que formam sua carteira de clientes. (SAMPAIO, 1999, p.50)

Uma agência de propaganda se estrutura essencialmente em função das quatro principais etapas do trabalho que desenvolve: atendimento, planejamento, criação e mídia.

Ainda de acordo com Sampaio (1999), o profissional do atendimento é responsável pela ligação entre anunciante e agência, a ponte entre a agência e o cliente para trazer todas as informações (briefing). Também é ele quem apresenta o resultado final do trabalho ao cliente. Sua função principal é a de prospectar novas contas, para isso precisa ser um profissional comunicativo, transmitir confiança e dispor de uma boa rede de contatos.

O Planejamento é quem desenvolve os planos de marketing, de comunicação, distribui a utilização da verba, entre outros fatores determinantes para a realização do trabalho a agência. O setor de Pesquisa é responsável pela tarefa de encomendar ou mesmo realizar e interpretar os resultados de pesquisas de mercado e de comunicação. Segundo a Publifolha de 2006, com o objetivo de atender as necessidades do cliente e conhecer a realidade da empresa, produto ou serviço que se busca desenvolver um planejamento. É por meio desses estudos que pode prever a eficiencia de uma ação e definir estratégias.

A Criação é responsável por desenvolver as peças e, junto com o mídia, estudar os melhores meios, veículos e formatos para veicular o que foi criado, visando transmitir e alcançar os objetivos de comunicação do cliente (SAMPAIO, 1999). Em geral o departamento de criação é formado por duplas compostas de um redator e um diretor de arte que produzem peças visando transmitir através de texto e imagens o conceito desenvolvido a partir do estudo dos departamentos de atendimento, pesquisa, planejamento e mídia, que a criação transforma em propaganda, para garantir o sucesso da campanha.

É de responsabilidade da agência gerenciar todos os processos relacionados à propaganda. Desde assessorar o anunciante em suas necessidades executando trabalhos para a sua realização, coordenando o trabalho dos fornecedores e produtores, até intermediando as relações entre o cliente e o veículo de comunicação. Além destes departamentos, que são a estrutura básica de uma agência, esta pode contar ainda com merchandising, produção gráfica e de marketing (SAMPAIO, 1999).


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Um publicitário pode abrir sua própria agência, empreendendo neste segmento, ou então trabalhar apenas prestando serviço em algum setor pelo qual demonstre maior aptidão. Agência de propaganda é, portanto, uma prestadora de serviços em comunicação e propaganda. Trabalha com conhecimento, criatividade e experiência. Apresenta ideias e os meios necessários para veiculá-las e concretizá-las. Estuda o mercado, o perfil do público alvo, as condições socioeconômicas e oferece uma proposta de ação. Para tanto, utiliza-se de fornecedores como: estúdios fotográficos, produtoras de vídeo e áudio, gráficas, entre outros.

Com o desenvolvimento das novas tecnologias e amplitude de mercados de atuação, algumas empresas prestadoras de serviços podem ser uma alternativa para se empreender na área da propaganda. Antigamente as agências eram responsáveis por todos os processos, mas hoje a realidade é outra, o que promoveu o setor de serviços e consequentemente causou uma pulverização no mercado de trabalho (PUBLIFOLHA, 2006).

De acordo com Lupetti (2003) um publicitário pode trabalhar nas empresas dos meios de comunicação como rádio, televisão e jornal, transmitindo as mensagens diretamente para o consumidor final, seja em meios visuais, auditivos, audiovisuais ou funcionais.

Nas Produtoras de RTVC (rádio, televisão e cinema) é possível trabalhar com direção, produção, e edição de comerciais. Algumas produtoras são especializadas em determinado segmento, como por exemplo, jingles e spots (PUBLIFOLHA, 2006). Um profissional pode atuar ainda na gravação de edição de áudio e vídeo, em traduções, transcrições, revisões, produções de vídeo e serviços para novas mídias, vinhetas, jingles, áudio visuais de empresas, etc. Segundo Lupetti (2003) uma boa produtora possui profissionais de várias áreas como músicos, compositores, maestros, técnicos, engenheiros de som, um bom cadastro de imitadores, locutores e cantores para contato, além de um banco rico em efeitos sonoros especiais.

Trabalhando em televisão, com produção de cinema ou propaganda áudio visual, um publicitário pode desde redigir os roteiros de programas, até apresentar, dirigir ou editar os mesmos, ou ainda atuar no departamento de marketing da televisão vendendo espaços para clientes anunciantes. Pode este ser responsável pela produção dos programas/filmes, maquiagem, efeitos especiais de computação gráfica, entre outros.


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Os estúdios fotográficos, que no seu surgimento funcionavam dentro das agências (sendo que cada uma tinha o seu grupo de profissionais próprios), hoje em dia são cada vez mais raros de serem encontrados nestes moldes, pois não trabalham mais para uma equipe de profissionais exclusivamente. Atualmente este é um serviço terceirizado pela agência e os fotógrafos são contratados para produzirem as fotos com base no briefing e layout fornecidos pela agência. Nesta área o publicitário trabalha com produções fotográficas, sejam publicitárias ou até mesmo em cobertura em eventos, reportagens fotográficas, em que pode trabalhar em parceria com jornalistas ou relações públicas. Os estúdios são geralmente formados por dois ou mais sócios fotógrafos, que contratam assistentes de fotografia e jovens com experiência em computação gráfica, para trabalhar com tratamento e restauração de imagens, entre outros, maneira mais comum para se ingressar na área (PUBLIFOLHA, 2006).

Ainda segundo a Publifolha de 2006, as Gráficas prestam serviços tanto às agências, como fornecedores, e também diretamente ao público final, dependendo o porte da empresa, podem proporcionar oportunidade para profissionais de atendimento, criação e marketing. Algumas mantém pequenos estúdios de criação que executam trabalhos para clientes, como a elaboração de materiais gráficos impressos, como banneres, cartazes, folderes, flyers, folhetos, panfletos, plotagens, painéis, encadernações, convites, entre outros. São empresas voltadas a soluções gráficas nas áreas de impressão digital, off-set, sinalização e acabamentos; que atuam no segmentos editorial, promocional e comercial. Necessitam de profissionais aptos a fornecer dicas e suportes necessários para a concretização dos projetos de editoração, impressão, gestão e logística, que operem recursos tecnológicos atualizados e softwares de última geração, para poder sempre oferecer a melhor solução para seus produtos.

Outro segmento fornecedor que também pode proporcionar ao publicitário um empreendimento na área são as empresas de outdoor. Estas são responsáveis pela manutenção dos pontos de outdoor, que junto do trabalho das agências, contribuem para divulgar as empresas clientes, por meio desta que é uma mídia que está exposta 24 horas por dia e que pode vir a atingir pessoas de todas as classes sociais e faixas etárias.

Existem ainda as agências de promoção, responsáveis por contratar profissionais de marketing, planejamento, atendimento, criação, designers e relações públicas que desenvolvem ações para fortalecer marcas e produtos por meio de concursos, promoção de


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venda, descontos, materiais de ponto de venda, além de prestar serviços às agências de propaganda (PUBLIFOLHA, 2006).

As agências de web design são outro segmento que surgiu na virada do Século XX com o advento da Internet. Segundo Publifolha (2006) hoje em dia é muito comum que as empresas tenham interesse em apresentar serviços pela web, e esta procura faz com que a demanda de profissionais atuando nestes veículos também aumente. O web designer trabalha na criação de sites, anúncios e outros elementos de comunicação online, aliando computação gráfica com redação publicitária.

Os Institutos de Pesquisa oferecem vagas para quem tem experiência em coordenação de pesquisa e interpretação de resultados, a partir do levantamento da Publifolha (2006), além de atender não apenas agências, mas outras instituições. De acordo com Lupetti (2003), as pesquisas mais comumente utilizadas no meio publicitário são as de mercado, comunicação e de mídia.

As consultorias vieram para auxiliar empresários, executivos, profissionais e estudantes. Formadas a partir da associação de profissionais da área da comunicação ligados às áreas de marketing e relações públicas, oferece oportunidade aos publicitários. Este ramo de empresa é especializada em uma gama de serviços, entre eles telemarketing, merchandising, pesquisa, estudos de produtos, marcas ou público consumidor, além de trabalhar com organização de eventos (PUBLIFOLHA, 2006).

Em uma empresa especializada em assessoria de marketing, um publicitário pode trabalhar na construção de planejamento, como planos de marketing e de comunicação e pesquisa de mercado para o cliente. Dentre eventos que estas empresas fornecem estão estudos, palestras motivacionais, cursos, produção de eventos, treinamento de vendas, desenvolvimentos de campanhas e suporte para pequenas e grandes empresas. A consultoria de marketing para o varejo engloba o estudo de variáveis como produto, preço, praça e ponto e promoção e comunicação.

Por meio da assessoria de comunicação, liga o indivíduo ou instituição à uma entidade, bem como a sociedade exposta à mídia, ou seja, administra a informação. Essa área subdivide-se em assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e relações públicas.


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Trabalhando em revista ou jornal, assim como numa agência, o profissional de propaganda pode atuar tanto no departamento de criação como diretor de arte, fazendo diagramações, construindo infográficos e layouts de páginas, como também da redação das matérias e reportagens, ou ainda auxiliando na comunicação dos apoios e patrocínios com a criação da propaganda do parceiro do negócio. Além de poder ser ainda o responsável pelo atendimento de clientes.

Estes são apenas alguns exemplos de uma gama bastante ampla de opções que são oferecidas a este profissional para atuar e empreender. Como foi apresentado anteriormente, o mercado de publicidade e propaganda do Brasil tem crescido e as tecnologias o acompanharam, e em se tratando de Santa Catarina esta realidade não é diferente. Um pouco da história e dados atuais do estado podem ser conferidos no próximo item.

4.3 O mercado de publicidade e propaganda em Santa Catarina

De acordo com Severo (1990), o mercado de propaganda de Santa Catarina é bastante recente, tendo surgido por volta dos anos 1950. Neste momento da história, a publicidade já despertava grande interesse devido ao seu crescimento, muitas pessoas, profissionais e artistas, conseguiram espaço por meio da mesma para divulgar seus trabalhos: desenhistas se especializaram em publicidade; empresas divulgaram serviços em alto-falantes; radialistas experientes dirigiram gravadoras; as rádios produziram todo tipo de comerciais; e todos formando um plantel que antecedeu às primeiras agências.

O primeiro departamento de assessoria de imprensa oficial do Estado, localizado em Florianópolis, surgiu pela iniciativa do então governador Irineu Bornhausen, na metade da década de 1950. Seu sucessor Celso Ramos o ampliou ainda mais, montando um grande gabinete de relações públicas. Em 1957 nasceu, em Joinville, aquela que é considerada oficialmente a primeira agência de publicidade de Santa Catarina: a Walro. Nome que trazia as iniciais de seu fundador, desenhista, técnico e decorador de vitrinas Waldir Ribeiro (vinte anos mais tarde, esta foi adquirida pela Propague). No ano seguinte, a capital do Estado também ganhou a sua primeira agência: Walter Linhares Publicidade. No início da década de 1960 ainda, Walter redirecionou o negócio para ser a primeira produtora e exibidora de painéis catarinense.


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Foi assim que tudo começou. Com as mutações do mercado e uma constante profissionalização de todo o setor, clientes, veículos e fornecedores ganharam a companhia e o esforço de novas empresas que se equiparam ao que de melhor existe no mercado nacional em termos de criatividade, arte e tecnologia.

Hoje uma agência de publicidade pode ser de grande ou pequeno porte e ainda assim atender à demanda do mercado estadual. A oferta deste tipo de serviço é grande e aumenta a cada ano. A quantidade de profissionais formados na área também cresce.

Quanto ao crescimento do mercado publicitário regional, de acordo com o site da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão 7 (ACAERT), o investimento em veiculação publicitária no estado de Santa Catarina em 2007 foi de R$ 716,4 milhões, o que representa um crescimento de 19,5% em relação ao ano de 2006, e em 2008 foi de R$ 816,4 milhões, um aumento de 12,3% em relação ao ano anterior. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Mapa em 20088, de Florianópolis, encomendada pela ACAERT, o Sindicato das Agências de Propaganda de Santa Catarina (SAPESC) e a Associação dos Jornais do Interior (ADJORI), divulgada no site da ACAERT, mostrou que mesmo com as turbulências causadas pela crise global na economia, o segmento ampliou em 10% o número de empregos e 72% dos entrevistados disseram que aumentarão o faturamento em 2009.

A pesquisa revelou ainda que 88% do investimento publicitário no mercado catarinense foi feito pela iniciativa privada. “O levantamento é fundamental para se fazer um diagnóstico da área de comunicação em Santa Catarina”, afirmou a presidente da ACAERT, Marise Westphal Hartke.

O mercado catarinense vem se aprimorando rapidamente devido ao crescimento de cursos profissionalizantes que estão surgindo e se qualificando por todo o Estado. Muitos anunciantes de nível nacional e com a base de seus negócios em Santa Catarina passaram a contratar os serviços das agências locais. Muitas agências catarinenses estão se filiando com 7 8

Informações retiradas do site ACAERT disponível em: www.acaert.com.br, acesso em 04 de Outubro de 2009. Informações retiradas do site ACAERT disponível em: www.acaert.com.br, acesso em 04 de Outubro de 2009.


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agências nacionais e internacionais, o que acaba mudando a forma de pensar a propaganda dos profissionais do estado. De acordo com o site Portal da Propaganda9 (2009) “fruto disso é a conquista por agências catarinenses de contas expressivas, como Tigre, Hering, Colcci, Karsten, Eliane, Dohler, etc.”.

Informações sobre a mulher empreendedora catarinense da área de propaganda, por sua vez, até o presente momento nas pesquisas realizadas não foram encontradas nem em estudos, trabalhos acadêmicos ou mesmo artigos nacionais que abordem o tema. Por esta razão, há um desconhecimento da atuação destas mulheres no mercado catarinense.

É interessante pensar em alguns fatores que influenciam o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho. Sabe-se hoje que a mulher está cada vez mais atuante, seja no comércio, na indústria, e que o número de empreendimentos iniciados por estas interfere de maneira considerável na economia do país, afinal, conforme os dados apresentados anteriormente a partir das pesquisas realizadas por institutos de pesquisa nacionais e internacionais ligados ao empreendedorismo, as mulheres já começam a empreender mais.

Visto que o tema cresce em interesse a ponto do Governo Federal desenvolver projetos como o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, criado para incentivar a igualdade entre os gêneros em 2004 e renovado em conferência em 2007, o que valoriza o empreendedorismo feminino como uma das suas ações estratégicas.

Além deste, o Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios, lançado em outubro de 2004 para valorizar e estimular o empreendedorismo feminino tem a parceria da Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW – Brasil) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM). A partir de 2006, passou a ter o apoio da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que trouxe sua experiência na gestão do Prêmio Nacional da Qualidade. A FNQ contribuiu para melhoria dos processos do prêmio, bem como na garantia da integridade e confiabilidade do julgamento, ainda que com a participação de um número cada vez maior de participantes.

9

Informações retiradas do Relatório de Estágio de PICCOLI (2009) extraídas do Portal da Propaganda (2009).


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E estes são apenas alguns exemplos de órgãos e grupos de estudo que estão cada vez mais se especializando e salientando a importância em conhecer a realidade das mulheres empreendedoras.

No Brasil, pela segunda vez, 53% dos novos negócios (com até 42 meses de criação) estão sob controle de mãos femininas. Entretanto, quantos destes estão relacionados à publicidade e propaganda ainda não se tem informações a respeito, ou pelo menos não foram encontradas nos bancos de dados pesquisados. A publicidade pertence à categoria de empresa prestadora de serviços e para conhecer melhor a distinção dos empreendedores por gênero seria necessário aplicar uma pesquisa nesta área.

Relatos de empresários do setor de publicidade, ícones da propaganda catarinense, são possíveis de se encontrar ao navegar sites da área de comunicação do estado, bem como obter-se dados sobre o mercado publicitário catarinense.

As cidades que compõe a Região do Vale do Itajaí de Santa Catarina, ainda, quase todas elas possuem associações e câmaras das mulheres empresárias, núcleos das mulheres empreendedoras, sendo que estas promovem eventos, solenidades, palestras e minicursos com freqüência para a comunidade e empresas em geral.

Conhecer as mulheres da área de propaganda e documentar o papel destas empreendedoras representa uma oportunidade para o desenvolvimento local, pois ao mesmo tempo em que investiga as potencialidades regionais, proporciona um embasamento e conhecimento para àqueles que busquem futuramente este estudo como referência para saber como empreender na região.


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5 METODOLOGIA

Considerando o estudo proposto, este trabalho é caracterizado como uma pesquisa exploratória, tendo como finalidade aprofundar conhecimentos sobre o assunto a ser pesquisado. Este levantamento inicial é freqüentemente usado para gerar hipóteses e identificar variáveis que devem ser incluídas na pesquisa. Segundo Samara e Barros (1997), a identificação de dados secundários pode ser fundamental como passo inicial para se determinar uma situação de mercado de um segmento específico em que se pretenda atuar. Hair Jr. et. al., (2005, p.84), citado por Freire e Reinert (2009), complementam a abordagem dos autores acima, argumentando que uma revisão da literatura pode ser muito vantajosa para o entendimento de um determinado tema. Assim sendo, para maior familiaridade com a temática foram realizados levantamentos por meio de referenciais teóricos publicados em livros, revistas, Internet, artigos, anais de encontros científicos de áreas que estudam a temática, especialmente em sites e base de dados eletrônicos.

As palavras-chave e expressões utilizadas nessa busca foram: empreendedorismo feminino, mulher de negócios, mulher de negócio de propaganda, mercado de trabalho de propaganda, empreendedorismo no Brasil, empreendedorismo no mundo, mulher gestão, mulher propaganda, mulher e trabalho, mulher no poder, mulheres publicitárias, empreendedorismo e propaganda, mulheres de sucesso.

Esta investigação classifica-se ainda como uma pesquisa descritiva, tendo em vista que a sua finalidade é descrever as características de grupos relevantes e estimar a proporção de elementos de uma população em face de suas características ou comportamentos, neste caso as mulheres empreendedoras proprietárias de agências de Publicidade e Propaganda em Santa Catarina.

A natureza desta investigação pode ser definida como qualitativa e quantitativa. A forma como os dados serão tratados abrange os dois tipos de pesquisa. A pesquisa qualitativa caracteriza-se como:

[...] a principal metodologia utilizada nos estudos exploratórios e consiste em um método de coleta de dados não-estruturado, baseado em pequenas amostras e cuja finalidade é promover uma compreensão inicial do conjunto do problema de pesquisa. (MALHOTRA, 1993, p. 156)


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Este tipo de investigação auxilia na ampliação do conhecimento sobre o empreendedorismo feminino e a mulher de negócio na publicidade e propaganda. A pesquisa quantitativa, entretanto, tem valor estatístico. Utiliza perguntas estruturadas, que quantificam e generalizam os resultados. Com a realização desses dois tipos de pesquisa foi possível identificar preferências e perfil das mulheres pesquisadas, seu estilo de vida, tempo de atuação no mercado e demais fatores relevantes que definem seu potencial empreendedor e econômico. Acrescenta-se ainda, que a investigação quantitativa possibilitou mensurar categorias e preferências dos elementos amostrais, por exemplo.

Em se tratando do recorte temporal, este trabalho classifica como Transversal Simples. A abordagem transversal de análise corresponde a “coleta de informações de uma dada amostra de elementos da população somente uma vez” (MALHOTRA, 2006, p.102). Isto porque a pesquisa aplicada com as mulheres donas de agências de publicidade e propaganda para este estudo será realizada uma única vez com uma amostra de 15 empreendedoras selecionadas.

Como técnica de amostragem foi adotada aquela denominada como não-probabilística, por julgamento, que segundo Malhotra (2001, p. 305) “consiste em uma técnica de que não utiliza seleção aleatória. Ao contrário, confia no julgamento pessoal do pesquisador". Nesse sentido, a pesquisadora escolheu as agências de publicidade e propaganda para obter dados primários pelo critério de acessibilidade, escolhendo as cidades mais próximas geograficamente para entrar em contato com as mulheres empresárias.

Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um questionário elaborado com uma série de perguntas escritas para o entrevistado. Este questionário foi composto por questões estruturadas e não-estruturadas. As perguntas estruturadas são fechadas e preespecificam o conjunto de respostas alternativas e o formato de resposta que será obtido. Foram utilizadas alternativas de resposta dicotômica, de múltipla escolha, e também uma escala Likert para indicar preferências ou assiduidade, dispostas em quatro diferentes blocos, cada qual buscando resolver um objetivo. O quinto bloco de questões foi dedicado especialmente à aplicação do modelo de avaliação do potencial empreendedor criado e desenvolvido pelos autores Carland, Carland e Hoy (1992) a partir de seus estudos, chamado Carland Entrepreneurship Index (CEI), traduzindo para o português, Índice Carland de Empreendedorismo.


73

Optou-se por este modelo de avaliação de potencial empreendedor por ser uma referência nos estudos de empreendedorismo, utilizado por muitos estudiosos do tema, autores e pesquisadores, igualmente referenciados nesta pesquisa. A utilização deste modelo possibilitou identificar o potencial empreendedor de diversos outros setores empresariais ou grupo de pesquisa, podendo ser utilizado para medir o potencial empreendedor em diferentes modalidades de negócio

O principal fator que influenciou na decisão de escolha por este instrumento foi o fato de não analisar apenas as características econômicas ou comportamentais das empreendedoras e sim, por levar em consideração, além destas, as características sociais e ambientais, estudando o fenômeno como algo complexo.

Acrescenta-se ainda, que o instrumento foi aplicado por meio da Internet, utilizando o site Google Docs para armazenamento dos dados e o envio do link para resposta por intermédio do e-mail.

O uso da Internet como instrumento para aplicação do questionário de pesquisa se deu devido à facilidade de autopreenchimento em substituição ao correio, fax ou mesmo locomoção física para entrar em contato com as entrevistadas. Mattar (2008) defende que a Internet é um meio que veio para revolucionar a forma de se fazer pesquisas em diversas direções, transformando as pesquisas de dados secundários que antes eram utilizadas de forma demorada e exaustiva. Segundo o autor, a utilização de softwares de pesquisa pela Internet permite a remessa automática de questionários eletrônicos para e-mails, respostas digitadas diretamente pelo respondente, controle automático do retorno, processamento e envio contínuo dos dados ao cliente ou pesquisador.

Antes, entretanto, do envio dos e-mails, as empreendedoras foram contatadas via telefone, para serem informadas quanto à finalidade da pesquisa e para não pensarem que o e-mail enviado fosse qualquer tipo de vírus ou spam, invadindo suas caixas de mensagens.

5.1 O Processo de seleção das agências

A busca inicial se deu a partir das agências cadastradas nos sites do Sindicato das Agências de Propaganda de Santa Catarina (SINAPRO-SC) e o Conselho Executivo das Normas-Padrão


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(CENP), nas cidades pertencentes à região. Por fim, foram contatadas por telefone as agências registradas nos municípios de Agronômica, Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Indaial, Itajaí, Itapema, Rio do Sul e Timbó.

Um total de 48 agências cadastradas nos órgãos de regulamentação da atividade publicitária que foram requisitadas para esta pesquisa. Dentre todas, as cadastradas em ambos os órgãos de regulamentação, com quem foi feito contato, de acordo com suas respectivas cidades, são:

CIDADE

AGÊNCIAS

Balneário Camboriú

Bangalô Agência de Comunicação Inteligência Publicidade e Propaganda Invista Comunicação

Blumenau

Atua Comunicação Alma Comunicação Integrada Ativa Comunicação Brava Propaganda Caza Comunicação Free Comunicação MK3 - Propaganda OSLO Comunicação Seven Comunicação Total VINCE/STUDIO GAMA

Brusque

RAFF Comunicação e Marketing SHOWCASE Marketing e Serviços

Indaial

Singular Comunicação

Itajaí

FINEMULT Comunicação Propaga Comunicação Tatticas Publicidade e Propaganda

Rio do Sul

A3 Serviços de comunicação e imagem JFQUATRO8 Publicidade e Propaganda Pronúncia Comunicação Integrada WP Comunicação

Quadro 5: Agências cadastradas nos órgãos CENP e SINAPRO-SC Fonte: Desenvolvido pela autora

Além destas, outras agências, cadastradas apenas em um dos órgãos também foram contatadas. Das restantes cadastradas no CENP, tem-se:


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CIDADE

AGÊNCIAS

Agronômica

VENTURI Assessoria Publicitária LTDA

Balneário Camboriú

Agência Frequência Bandeira Franco Comunicação e Propaganda Sândalo Comunicação Stats Comunicação Tempo Brasil Comunicação e Design

Blumenau

Aldeia Comunicação D-Clever Publicidade e Propaganda Ferver Comunicação Kryohunter Comunicação LMCO – Lopes Morila Comunicação Metra – Inteligência Criativa Quadroplus Comunicação T.AG Comunicação

Brusque

Solução Propaganda e Publicidade

Itajaí

Effetiva Comunicação

Itapema

Gira Mídia Agência de Comunicação Perez & Perez Publicidade

Rio do Sul

Agência de Publicidade TREE/O

Timbó

Vivaz Propagada Inteligente

Quadro 6: Agências cadastradas no CENP Fonte: Desenvolvido pela autora

E cadastradas exclusivamente no SINAPRO-SC tem-se:

CIDADE

AGÊNCIAS

Blumenau

Escala Metra FJR Comunicação Integrada MODUS ORG Comunicação

Brusque

Case F G Comunicação Integrada Emydio Propaganda e Marketing GD ARTE Propaganda e Comunicação

Quadro 7: Agências cadastradas no SINAPRO-SC Fonte: Desenvolvido pela autora

O passo seguinte foi descobrir quais delas pertenciam a mulheres, o que só foi possível por meio de telefonemas. Dentre todas estas agências, constatou-se que 20 pertencem a mulheres ou possuem sócias que participaram juntas do empreendimento, sendo elas:


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CIDADE

AGÊNCIAS

Balneário Camboriú

Bandeira Franco Comunicação e Propaganda Bangalô Agência de Comunicação Inteligência Publicidade e Propaganda Invista Comunicação Sândalo Comunicação

Blumenau

Caza Comunicação MODUS ORG Comunicação Quadroplus Comunicação T.AG Comunicação Seven Comunicação Total

Brusque

Case F G Comunicação Integrada GD ARTE Propaganda e Comunicação

Indaial

Singular Comunicação

Itajaí

Effetiva Comunicação Propaga Comunicação Tatticas Publicidade e Propaganda

Itapema

Gira Mídia Agência de Comunicação

Rio do Sul

JFQUATRO8 Publicidade e Propaganda Agência de Publicidade TREE/O

Timbó

Vivaz Propagada Inteligente

Quadro 8: Agências gerenciadas por mulheres do Vale do Itajaí Fonte: Desenvolvido pela autora

Todavia não foi possível enviar o instrumento de coleta de dados para a responsável pela agência MODUS ORG Comunicação de Blumenau, pois a mesma estava fora do país, em seu período de férias quando a pesquisa foi aplicada, e segundo o atendimento da agência, não consultaria o e-mail até a data prevista para encerramento da coleta de dados.

Outra empreendedora que não respondeu a pesquisa foi a sócia da agência Caza de Blumenau, mas com quem se manteve contato por telefone e e-mail. Nesse caso a proprietária justificou que sua formação era na área de arquitetura e que trabalha arquitetura aliada a uma agência de comunicação. Logo, não lhe cabia responder à pesquisa.

Além destas agências, surgiram outras que também pertenciam a mulheres, que foram indicadas pelas próprias respondentes da pesquisa no decorrer da sua aplicação do questionário, levando assim a aumentar a abrangência deste estudo. As agências não cadastras no CENP e SINAPRO-SC que responderam ao questionário estão descritas no Quadro 9:


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CIDADE

AGÊNCIAS

Balneário Camboriú

Célula Idéias All Publicidade BMCI Comunicação Integrada

Brusque

Sabino comunicação

Itajaí

GFênix Comunicação Comunik Propaganda Agência Comunicare

Quadro 9: Agências não cadastradas indicadas pelas empreendedoras Fonte: Desenvolvido pela autora

Entretanto, durante todo o processo de contato com as agências, não foi possível estabelecer comunicação com algumas empresas, cujos telefones estavam desatualizados ou não atenderam às chamadas. Algumas pertencentes a mulheres e outras que não se tem ainda conhecimento de a quem pertençam. Foram elas as agências:

MULHERES Balneário Camboriú

DESCONHECE-SE -

Agência Frequência

-

Stats Comunicação

Itajaí

Agência Comunicare

-

Itapema

Gira Mídia Agência de Comunicação

-

Quadro 10: Agências com quem não se conseguiu manter contato Fonte: Desenvolvido pela autora

Para a Agência Gira Mídia, o formulário chegou a ser enviado via e-mail fornecido pelo site da empresa, mas não se obteve resposta.

No total, foram 18 agências das cadastradas no CENP e SINAPRO-SC que receberam o formulário via e-mail e, com exceção da agência Gira Mídia, conforme mencionado, as demais se comprometeram em responder.

Das agências não cadastradas indicadas pelas empreendedoras que responderam à pesquisa, apenas com a Comunicare não se obteve contato. Para as demais o link de pesquisa foi enviado, totalizando outras seis.


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Ao final, foram identificadas 24 agências gerenciadas por mulheres, cadastradas ou não no CENP e SINAPRO-SC que receberam o questionário. No entanto, apenas 15 conseguiram responder dentro do prazo estipulado.

5.2 O instrumento de pesquisa

O questionário proposto para esta pesquisa está estruturado da seguinte maneira: são cinco blocos, cada qual construídos com a finalidade de responder a um objetivo de pesquisa. Inicialmente um parágrafo introdutório apresenta as instruções de como responder as perguntas e explica o objetivo pelo qual a investigação está sendo realizada.

O Bloco 1 busca caracterizar as entrevistadas para traçar um perfil das mesmas. Para tanto, conta com oito questões de múltipa escolha, sendo duas com a opção Outros aberta, para a empreendedora responder conforme sua preferência. As questões fechadas referem-se à faixa etária, estado civil, grau de escolaridade, renda pessoal, renda familiar e número de filhos, todas estas com a possibilidade de assinalar apenas uma alternativa. As que contém a opção Outros são as variáveis curso de formação e local de residência, que podem facilmente diferenciar-se das opções fornecidas.

O Bloco 2 apresenta as características das empresas investigadas. As perguntas que compõem este bloco são de múltipla escolha e dizem respeito à localização da empresa, seu tempo de atuação no mercado, número de funcionários e de filiais. São quatro perguntas e destas apenas a número 1, que diz respeito à localização da empresa oferece a opção Outros, caso tenham mudado de cidade em relação aos dados fornecidos pelos sites do CENP ou SINAPRO-SC.

Para categorizar as empresas segundo seu porte foi utilizado o modelo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) de classificação para micro, pequenas e grandes empresas. Este parâmetro sustentou a questão 3 do Bloco 2.

Dados do SEBRAE divulgados em 2010 classificam como microempresa as que contam com até 19 empregados e um faturamento anual até R$244 mil; pequena empresa as que têm até 99 empregados e um faturamento anual de até R$ 1,2 milhão. Não foram solicitadas às respondentes informações a respeito do faturamento bruto anual das agências por não dizerem


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respeito ao foco da pesquisa. O número de funcionários por sua vez foi obtido para se conhecer melhor o porte das agências do mercado da região estudada.

O Bloco 3 diz respeito à performance e vida pessoal das empreendedoras. Esse conjunto de questões buscou conhecer um pouco mais a respeito da conciliação do tempo dedicado ao trabalho em relação ao lazer, se as mulheres costumam levar tarefas do trabalho para casa, se tem liberdade para expressar suas opiniões nos processos de tomada de decisão da empresa e qual foi sua maior motivação para empreender. As perguntas foram elaboradas com opções de resposta de múltipla escolha e contendo escala de intensidade, variando do sempre ao nunca em cinco níveis.

Dando continuidade à performance da mulher, o Bloco 4 teve como objetivo avaliar o nível de satisfação das empreendedoras. Neste bloco as estruturas das perguntas variaram. Duas oferecem respostas em escala de cinco níveis e outras duas de quatro níveis, além de duas questões de múltipla escolha, contendo a alternativa Outros, totalizando seis perguntas. Para facilitar a visualização da quantidade de questões dos 4 primeiros blocos e sua natureza, a Tabela X segue abaixo:

Tabela 5: Natureza das questões de pesquisa Em escala Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4

Múltipla escolha 2 4

8 4 2 2

Total 6 16 Fonte: Desenvolvido pela autora, baseado em Santos, 2010.

Múltipla escolha com opção Outros para resposta diferenciada 2 1 1 2 6

O Bloco 5 por sua vez, é composto apenas por perguntas dicotômicas. São trinta e três frases afirmativas, em pares. O entrevistado deve escolher uma das duas opções de cada par como resposta. Este Bloco consiste no índice de Carland Entrepreneurship Index (CEI). A tabulação das respostas é uma escala preferencial, indicando onde, com base em sua personalidade e preferências, o respondente mais “confortavelmente” está situado como um empreendedor (INÁCIO JÚNIOR; GIMENEZ, 2004).


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Para esta pesquisa o modelo foi traduzido diretamente do original e também utilizou-se como exemplo a versão em português aplicada por Trindade et al (2009). Os autores do modelo consideram, principalmente, quatro fatores: Traços de personalidade, Inovação e criatividade, Propensão ao risco e Postura estratégica. Na Tabela X é possível visualizar como as variáveis estão distribuídas ao longo das 33 questões deste instrumento.

Tabela 6: Fatores do CEI Fatores

Questões correspondentes

Traços de personalidade

2, 3, 6, 7, 10, 13, 14, 15, 16, 18, 29 e 32

Postura estratégica

1, 4, 5, 8, 9, 11, 12, 20, 21, 23, 24, 27 e 28

Propensão ao risco

26, 30 e 31

Inovação e criatividade

17, 19, 22, 25 e 33

Fonte: Adaptado de INÁCIO JÚNIOR, 2002.

Por intermédio das alternativas escolhidas, a entrevistada pode ou não pontuar em cada pergunta. A pontuação final classifica a empreendedora em uma escala como microempreendedora se obtiver de 0 a 15 pontos, empreendedora de 16 a 25 pontos ou macroempreendedora de 26 a 33 pontos.

Como adverte o autor Inácio Júnior (2002), a escala não é uma palavra final, mas serve como uma ferramenta que pode auxiliar o indivíduo a alcançar uma postura empreendedora.

O processo de tratamento, interpretação, análise e comparação dos dados se deu por meio de técnicas estatísticas básicas e descritivas, confrontando dados secundários com dados primários, e buscando ainda um cruzamento entre as variáveis pesquisadas, objetivando responder à questão de pesquisa relativa á identificação do perfil da mulher proprietária de agências de publicidade e propaganda do Vale do Itajaí (SC) e seu potencial empreendedor. Acrescenta-se que para tanto foram utilizados os softwares Google Docs e Excel.

5.3 Pré-teste

Antes, porém, de aplicar este questionário foi realizado um pré-teste, que segundo Mattar (2008) visa constatar a credibilidade das questões elaboradas. Este pré-teste foi respondido por três mulheres empreendedoras. Duas de áreas de atuação diferentes à da pesquisa


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realizada e uma terceira que já foi dona de agência de propaganda, mas que hoje não atua mais no mercado e é docente universitária no curso de publicidade e propaganda da Universidade do Vale do Itajaí, a quem a pesquisa se mostrou interessante, pois almeja retornar às atividades.

Os resultados de pré-teste apresentaram alguns questionamentos quanto à extensão da pesquisa, argumentando que estava muito longa e cansativa. O questionário continha um total de 29 questões nos primeiros quatro blocos, além do modelo de avaliação do potencial empreendedor de Carland, Carland e Hoy (1992), do bloco 5, que para obter os resultados propostos pelos autores que o desenvolveram não pode ser alterado e conta com 33 questões. Outras observações foram feitas e respeito da tradução deste modelo, cujos verbos estavam conjugados no tempo futuro do pretérito do modo indicativo, o que segundo as respondentes tornava a leitura ainda mais cansativa.

Após estas considerações, sete questões foram excluídas dos quatro blocos inicias totalizando 22 e o modelo traduzido do inglês foi adaptado para o tempo presente do indicativo, utilizando outros tempos apenas quando necessário.


82

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa realizada com mulheres empreendedoras do setor de publicidade e propaganda da região do Vale do Itajaí de Santa Catarina. Os cálculos e gráficos foram elaborados com o auxílio dos programas Microsoft Office Excel e Google Docs.

Inicialmente será apresentada a caracterização das empreendedoras e de suas empresas. Em seguida discute a performance da mulher que tem seu próprio negócio e atua na área da propaganda e bem como se analisa o nível de satisfação destas enquanto exercem o papel de empreendedora. Por fim será identificado o potencial empreendedor das mulheres com base no modelo de Carland, Carland e Hoy (1992).

6.1 Caracterização das empreendedoras e da empresa

Os Blocos 1 e 2 do questionário de pesquisa têm o objetivo de verificar as características das empreendedoras e de suas empresas. No Bloco 1 foi possível constatar algumas particularidades em relação às mulheres entrevistadas, que estão descritas abaixo.

Bloco 1

Dentre as entrevistadas, um total de 15 mulheres proprietárias de agências de publicidade e propaganda do Vale do Itajaí responderam ao questionário. Considerando o fator idade das empresárias foi possível averiguar que a maioria possui de 26 a 30 anos, representando um total de 47% das entrevistadas, ou seja, 7 respostas.

Segundo Hisrich e Peters (2004), a maioria das mulheres tende a ser mais velha quando abre o seu próprio negócio. A idade média afirmada pelos autores fica entre 35 e 40 anos. As empreendedoras de publicidade e propaganda, por outro lado, apresentaram uma realidade diferenciada. A maioria com 26 a 30 anos foi seguida por um índice de mulheres mais jovens ainda, com até 25 anos, representando o segundo grande número, 27%. Outras 13% possuem de 31 a 35 anos e, apenas 7%, tanto para mulheres de 36 a 45 anos e acima de 45 foram os resultados obtidos.


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Levando-se ainda em consideração o fato desta ser a idade atual das mulheres, significa que dependendo do tempo de funcionamento da agência que lideram, iniciaram suas atividades ainda mais jovens.

Do total de mulheres foi possível constatar ainda, por meio da pesquisa aplicada, que 40% é solteira e 40% é casada. As demais 20% representam as amasiadas ou conjugadas. Ou seja, 60% das entrevistadas vivem um relacionamento estável, conforme ilustra o Gráfico 2 a seguir:

20% 40%

40% Solteira

Casada

Amasiada

Gráfico 2: Estado Civil das empreendedoras Fonte: Desenvolvido pela autora

Os motivos subjacentes que levaram as respondentes a trabalhar fora não foram identificados nesta questão, mas segundo Yalom (2002) as mulheres casadas gostam de trabalhar fora por várias razões. A primeira delas, senão a mais importante é o fato de não quererem depender economicamente de seus maridos. A autora defende que as elas absorveram as lições das primeiras feministas como Simone de Beauvior, que argumentam que a mulher será sempre o segundo sexo enquanto dependerem dos homens para se sustentar.

Quanto à escolaridade e nível de instrução das 15 empreendedoras entrevistadas, os resultados foram os seguintes: 9 delas, ou seja, 60% possuem formação superior completa e 4 já são especialistas formadas (27%).

Um percentual alto, levando-se em conta que a incidência de mulheres em universidades, na visão de Marcovitch (2005), começou a apresentar índices significativos apenas na década de 1970, quando a mulher passou a buscar maior qualificação por meio dos estudos e


84

representava 25% entre as formadas da época. Na população pesquisada os valores chegam a 87% (13 mulheres) com formação, sendo 27% dessas já especialistas, conforme o Gráfico 3 a seguir.

4

Especialista

9 Superior Completo

2

Superior Incompleto

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Gráfico 3: Grau de escolaridade Fonte: Desenvolvido pela autora

Esse resultado corrobora os dados observados em pesquisas realizadas pelo IBGE no ano de 2008, demonstrando que a formação das mulheres representa um quesito fundamental para o combate da injustiça entre os gêneros. Além disso, foi possível conhecer que entre as empreendedoras entrevistadas 13% possuem o estudo superior incompleto.

Dentre as áreas de estudo e formação das empreendedoras ficou constatado que a maioria das donas de agências de publicidade e propaganda graduaram-se em Publicidade e Propaganda, representando 47% do total. O curso de Marketing com 27% foi a segunda opção mais cursada, seguido por Administração com 20%, Jornalismo 13% e Relações Públicas 7%, conforme ilustra o Gráfico 4 a seguir:


85

6%

18%

41%

24%

11%

Administração

Marketing

Jornalismo

Publicidade e Propaganda

Relações Públicas

Gráfico 4: Formação superior das empreendedoras Fonte: Desenvolvido pela autora

As empreendedoras também foram questionadas a respeito de suas rendas pessoal e familiar, para que assim fosse possível estabelecer uma relação entre o quanto o sustento da família depende de seu salário.

Quanto à renda pessoal, a maioria, representada por 8 mulheres (53,3%) recebe mensalmente um valor médio que varia de R$ 1.500,00 a R$ 2.999,00. Do total restante, outros 40% dividem-se em 20% de mulheres que ganham de R$ 3.000,00 a R$ 7.499,00 e outros 20% de R$ 600,00 a R$ 1.499,00. Apenas uma entre as quinze disse receber um valor superior, em torno de R$ 7.500,00 a R$ 10.000,00. O Gráfico 5 a seguir mostra a distribuição dos valores para facilitar a visualização:


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8 8 7 6 5

3

3

4 3

1

2 1 0 R$ 600,00 a R$ 1.499,00

R$ 1.500,00 a R$ 2.999,00

R$ 3.000,00 a R$ 7.499,00

R$ 7.500,00 a R$ 10.000,00

Gráfico 5: Renda pessoal mensal Fonte: Desenvolvido pela autora

Como demonstrou o IBGE em 2008, o rendimento médio habitual das mulheres com nível superior completo, das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (da qual a região sul do país foi representada por Porto Alegre), foi equivalente a R$ 2.291,80. Estes números se comprovaram na medida em que se verifica que as mulheres empreendedoras donas de agências de publicidade e propaganda da região do Vale do Itajaí, estão dentro dos parâmetros apontados pelo IBGE.

As empreendedoras também foram questionadas a respeito de sua renda familiar e neste quesito os valores mostram-se diferentes. Como identificado na questão anterior, 8 mulheres foram a maioria ao afirmar que sua renda familiar mensal fica entre de R$ 3.000,00 e R$ 7.499,00. Cinco delas contam com rendimentos de R$ 7.500,00 a R$ 10.000,00 e duas com valores acima de R$ 10.000,00, conforme o Gráfico 6:


87

8

8 5

7 6 5

2

4 3 2 1 0 R$ 3.000,00 a R$ 7.499,00

R$ 7.500,00 a R$ 10.00,00

R$ 10.000,00 - ou acima

Gráfico 6: Renda familiar mensal Fonte: Desenvolvido pela autora

Estes valores representam que a mulher ainda não é a maior responsável financeira da casa, pelo menos no que diz respeito à população pesquisada. Os números indicam ainda que ela participa em média com menos de 50% do faturamento, considerando-se a variável entre renda pessoal e renda familiar da maioria.

Para conhecer um pouco mais a respeito da estrutura familiar das empreendedoras, perguntouse sobre o número de filhos que elas possuem.

Somente uma das entrevistadas tem 2 filhos, representando 7% do total. Segundo Hisrich e Peters (2004) esta alteração se deve ao fato das mulheres precisarem preocupar-se em ter um negócio próprio e com um seguro de vida pessoal para firmar sua independência. E no caso desta pesquisa, também pela maioria das mulheres apresentarem uma idade relativamente jovem.

Comprovando o que foi apresentado por Passos et al (2008), a mudança na estrutura familiar, com a redução do número de filhos por família é visível no Gráfico 7 a seguir que representa a realidade das empreendedoras desta pesquisa. Do total de mulheres 67% não possuem filhos e 27% tem apenas um.


88

7%

27%

66%

Nenhum Filho

1 Filho

2 Filhos

Gráfico 7: Número de filhos Fonte: Desenvolvido pela autora

Para a aplicação desta pesquisa, conforme descrito no item metodologia, foram selecionadas agências da região do Vale do Itajaí. Dentre as cidades investigadas, a maioria das empreendedoras, ou seja, 27% do total residem em Balneário Camboriú. Rio do Sul, assim como Itajaí, apresentaram o segundo maior índice de respostas, representando 13% das empreendedoras da região. As demais permaneceram com 7% cada, sendo Itapema, Blumenau, Brusque, Camboriú, Timbó, Indaial e outra em que efetivamente respondeu à pesquisa, e identificou sua localidade com sendo a cidade de Campinas.

30%

27%

25% 20%

13%

15%

7%

7%

10% 5% 0% Balneário Camboriú

Blumenau

Brusque

Camboriú

Indaial

Itapema

Itajaí

Rio do Sul

Timbó

Outro

Gráfico 8: Onde residem as empreendedoras Fonte: Desenvolvido pela autora

Considerando o cruzamento dos dados relativos ao perfil sociodemográfico, verifica-se portanto que a maioria das empreendedoras reside em Balneário Camboriú (27%), possui um relacionamento estável (60%), não tem filhos (66%), sua idade varia entre 26 e 30 anos, é


89

formada em curso superior (60%), sendo 41% em publicidade e propaganda e conta com uma renda familiar média de R$ 5.250,00 e renda pessoal média de R$ 2.250,00, ambas representando 53%. As características das empresas que estas mulheres lideram seguem no próximo bloco.

Bloco 2

Dentre as agências do Vale do Itajaí selecionadas, as mulheres que efetivamente responderam a pesquisa têm suas empresas localizadas em Balneário Camboriú (40%), Itajaí (13%), Rio do Sul (13%), Blumenau, Brusque, Indaial, Itapema e Timbó (7% cada). O Gráfico 9 abaixo ilustra esta distribuição:

40% 40% 35% 30% 25% 20%

13%

15%

7%

7%

10% 5% 0% Balneário Camboriú

Blumenau

Brusque

Indaial

Itapema

Itajaí

Rio do Sul

Timbó

Gráfico 9: Cidade sede da empresa Fonte: Desenvolvido pela autora

Há nestes dados uma relação com o fator cidade onde moram do Gráfico 8 apresentado no bloco anterior. A maioria das agências está instalada nas cidades onde residem suas proprietárias.

De acordo com dados do GEM de 2008, que estipula ser a Taxa de Empreendimentos em Estágio Inicial (TEA) a proporção de atividades empreendedoras com menos de 42 meses de existência, tem-se que esta é uma realidade que se enquadra ao universo da pesquisa em questão. A maioria, 33% das empreendedoras possuem um negócio novo, recente, com


90

apenas 24 meses de existência, seguido por uma segunda fatia de respondentes (27%) com apenas 48 meses. Tendo em vista que são empresas relativamente novas no mercado e as mais antigas atuam no Vale do Itajaí de 7 a 10 anos, a pesquisa publicada no site da ACAERT (2009), esclarece que o mercado catarinense vem se aprimorando rapidamente devido ao crescimento de cursos profissionalizantes que estão surgindo e se efetivando por todo o Estado. Os cursos de Publicidade e Propaganda surgiram em grande escala nos últimos dez anos, o que favoreceu a capacitação de todo mercado10.

33% 35% 27% 30% 20%

20%

25% 20% 15% 10% 5% 0% Até 2 anos

de 3 a 4 anos

de 5 a 7 anos

de 7 a 10 anos

Gráfico 10: Tempo de atuação da empresa no mercado Fonte: Desenvolvido pela autora

Segundo classificação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) as agências pesquisadas estão classificadas como microempresas, por apresentarem até 19 funcionários, conforme apresenta o Gráfico 11 a seguir.

Destas microempresas, 47% empregam em seu quadro de funcionários de 1 a 5 pessoas, constituindo a maioria. Do restante, 40% possuem uma estrutura de 6 a 10 empregados, 7% de 11 a 15 e outros 7% de 16 a 19, conforme mostra o Gráfico 11.

10

Informações retiradas a partir de entrevista cedida por Hector Valente Franco, Diretor de Planejamento da D’araújo, de Florianópolis –SC (2009) ao site TudoCom, www.tudocom.com.br, acesso em 09 de Setembro de 2009.


91

7%

7%

47%

40%

1a5

6 a 10

11 a 15

16 a 19

Gráfico 11: Número de funcionários na agência Fonte: Desenvolvido pela autora

Para completar a análise sobre as empresas, dentre as agências 93% contam apenas com a matriz e somente uma informou possuir filial do negócio, como pode ser observado no Gráfico 12 a seguir.

93% 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 7%

30% 20% 10% 0% 0

1

Gráfico 12: Número de filiais da agência Fonte: Desenvolvido pela autora

O motivo pelo qual a maioria das empresas não expandiu seu mercado de atuação pode estar relacionado a diversos fatores externos e internos. Algumas fragilidades serão conhecidas no bloco 4 a seguir, nas questões relacionadas a motivações para empreender e maiores


92

dificuldades encontradas; e no bloco 5, quando avaliado o potencial empreendedor das donas de agências.

Bloco 3

O Terceiro Bloco do levantamento de informações teve como objetivo conhecer fatores relacionados a performance das empreendedoras e características da vida profissional destas mulheres.

Primeiramente as empresárias foram questionadas sobre que motivo as levou a abrir um negócio. Nesta pergunta as possibilidades de respostas compreendiam uma ou mais alternativas, de acordo com os fatores mais importantes, além de escolher a opção Outros.

Para as respostas foram levados em conta pressupostos teóricos relacionados a motivação empreendedora por oportunidade ou por necessidade. Conforme apresentado anteriormente no item 2.3.1 deste estudo, os empreendedores por oportunidade são aqueles que conseguem identificar o que falta no mercado e reconhecer as novas tendências e maneiras de explorá-las, transformando-as em negócios. Enquanto que os por necessidade buscam superar um momento difícil pelo qual estão passando (BRITO; WEVER, 2004).

Os dados mais significativos foram oportunidade de mercado com 73% das escolhas. Em seguida, 40% consideraram a alternativa criar um negócio diferenciado, 33% buscaram empreender para obter autonomia empresarial, 27% explorar tendências e novos negócios e 27% aumentar a renda pessoal. Apenas 7% em cada uma das questões escolheram as respostas: estava Desempregada, superar um momento difícil e outro, cuja resposta obtida foi ter liberdade para criar propaganda criativa. O Gráfico 13 mostra a distribuição, em termos percentuais, das motivações para abrir um negócio apontadas pelas empreenedoras.


93

7%

7%

27%

33%

73%

40% 7%

27%

Aumento da renda pessoal

Oportunidade de mercado

Explorar tendências e novos negócios

Superar um momento difícil

Criar um negócio diferenciado

Autonomia empresarial

Estava desempregada

Outro

Gráfico 13: Motivos para abrir um negócio próprio Fonte: Desenvolvido pela autora

Dentre os fatores mais significativos pontuados, encontram-se quatro opções que representam uma motivação empreendedora gerada a partir da identificação de oportunidades. A opção Outro transcrita pela empreendedora também segue a linha da oportunidade.

A questão seguinte buscou conhecer a demanda de serviço que recebem e a quantidade de horas que as mulheres empreendedoras trabalham. Para tanto, questionou-se quantas horas diárias eram dedicadas as suas agências. Do total, 47% disseram trabalhar de 9 a 10 horas, seguido por uma carga ainda maior de 11 a 14 horas respondido por 33%. Apenas 20% trabalham o equivalente ao horário comercial padrão de até 8 horas. O Gráfico 10 a seguir ilustra a questão.


94

33%

47%

20%

0%

10%

20%

de 7 a 8 horas

30%

de 9 a 10 horas

40%

50%

de 11 a 14 horas

Gráfico 14 - Tempo dedicado diariamente ao trabalho Fonte: Desenvolvido pela autora

Esta carga horária estendida de 80% das mulheres pode ser justificada pelo estilo de vida que levam e as escolhas feitas.

Além deste período que dedicam do seu dia ao trabalho fora de casa, 40% das empresárias às vezes realiza trabalho em casa e 27% sempre levam trabalho para fazer em casa. Quase sempre representou 20% e 13% raramente precisa dedicar seu tempo livre às tarefas comerciais.

40% 20%

27%

0% Sempre

20%

40%

13%

Quase Sempre

Às vezes

Raramente

Gráfico 15: Frequência com que as empreendedoras levam trabalhos para realizar em casa Fonte: Desenvolvido pela autora


95

Em contrapartida, Cherlin (2001) pondera que, uma vida cheia de ocupações, em que se consegue conciliar trabalho com vida pessoal ou mesmo maternidade, traz satisfação e sentimento de realização às mulheres e nem sempre é vista como um ponto negativo.

Quando questionadas a respeito da sua liberdade para expor opiniões e sentimentos no trabalho e durante os processos de decisão da empresa, 67% das empreendedoras disseram sempre ter a liberdade incondicional para fazê-los. A maioria das mulheres, portanto são tomadoras de decisões no processo administrativo diário ou ainda planejadoras. Apenas em torno de 33% não se sentem a vontade para se expressar dentro da própria empresa, dessas 27% quase sempre expressam suas opiniões e 7% às vezes, conforme o Gráfico 16.

67% 70% 60% 50% 40% 30% 20%

27%

10% 7%

0% Sempre Quase Sempre

Às vezes

Gráfico 16: Expressam suas opiniões na tomada de decisões da empresa Fonte: Desenvolvido pela autora

Neste bloco foi possível conhecer que a maioria das empreendedoras foram motivadas por oportunidades para atuar na área de propaganda e abrir sua própria agência (73%). Hoje têm sua carga horária de trabalho definida com de 9 a 10 horas (47%), em média uma hora além do horário comercial, sem contar o tempo que destinam às tarefas da empresa quando estão em suas casas, após o expediente, em que às vezes (40%) precisam continuar trabalhando. No entanto, têm um emprego onde sempre (67%) conseguem expressar suas emoções e opiniões na tomada de decisões, o que certamente corresponde as suas expectativas quando abriram seu próprio negócio.


96

Bloco 4

No bloco 4 objetivou-se identificar o nível de satisfação das empreendedoras enquanto exercem seu papel a frente das agências e descobrir em até que ponto elas estão felizes ou realizadas com suas funções e trabalho.

60% 60% 50%

33%

40% 30% 20%

7%

10% 0% Muito Insatisfatório

Satisfatório

Muito Satisfatório

Gráfico 17: Nível de satisfação com o trabalho Fonte: Desenvolvido pela autora

Conforme o Gráfico 17, estão satisfeitas com o trabalho que escolheram e com a agência que gerenciam 93% das mulheres. Destas, 33% demonstram um índice máximo de satisfação. Apenas 7%, ou seja, uma das entrevistadas considera seu trabalho muito insatisfatório.

Esta satisfação pode estar refletida na questão seguinte, quando foram questionadas a respeito do reconhecimento de suas empresas. Para 87% das mulheres pesquisadas, o sucesso da empresa é como se fosse seu sucesso pessoal o que reforça a importância dada para o trabalho pelas empreendedoras,como mostra o Gráfico 18 a seguir.


97

87% 100% 80% 60%

13%

40% 20% 0% Concorda totalmente

Concorda parcialmente

Gráfico 18: Associação entre o sucesso pessoal e organizacional Fonte: Desenvolvido pela autora

Na opinião de Yalom (2002), as mulheres, bem como os maridos, percebem o trabalho como uma busca por satisfações que por vezes não conseguem encontrar em si mesmas ou nas quatro paredes de suas casas. Por esse motivo usam o trabalho como uma fuga para os problemas pessoais ou mesmo outras responsabilidades talvez não tão atrativas para essas mulheres. Devido à satisfação demonstrada, permanecer na empresa atualmente é uma questão de escolha, oportunidade (interesse, vontade, desejo) e não de necessidade, para 74% das entrevistadas. Deste percentual, 54% declaram ser totalmente oportunidade e 20% ser mais oportunidade que necessidade. Apenas 13% das empreendedoras acreditam que é uma total questão de necessidade permanecer neste momento na empresa, e outros 13% concordam que em partes é uma questão de necessidade.


98

13% 13%

54% 20%

Concorda totalmente

Concorda parcialmente

Discorda em parte

Discorda totalmente

Gráfico 19: A organização é mais uma questão de necessidade do que de oportunidade Fonte: Desenvolvido pela autora

Ao relacionar esta questão cujas motivações por oportunidade e por necessidade estavam explícitas no enunciado com uma outra questão do bloco anterior cujos fatores estavam nas alternativas de respostas (e nas quais se obteve 81% das respostas de oportunidade), houve uma diferença de apenas 8%, ou seja, o equivalente a uma opinião que diferenciou-se. A oportunidade, ou seja, o interesse, a vontade e o desejo são para mais de 70% das mulheres os fatores motivadores para trabalhar em seus negócios.

Ficou constatado que alguns esforços são necessários por parte das empreendedoras como, por exemplo: “levar trabalho para casa” e “carga horária estendida” para conseguir cumprir com eficiência suas obrigações e serviços ou mesmo gerir suas empresas. Considerando essas variáveis, as empreendedoras reconhecem que os esforços aplicados no trabalho, não apenas nos exemplos citados, mas também em quaisquer outras atividades que considerem importantes lhes são recompensados a altura.

Do total, 60% consideram que quase sempre vale a pena aplicar os esforços que dedicam ao trabalho, pois este lhes é recompensador. Outras responderam que sempre obtêm as recompensas desejadas e apenas 7% diz recebê-las apenas às vezes.


99

Este índice é confirmado quando 93% das entrevistas afirmam concordar que o trabalho ao menos na maioria das vezes, ou mesmo que quase sempre, lhes traz resultados e recompensas positivas.

7%

Às vezes

60% Quase sempre

33%

Sempre

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Gráfico 20: Freqüência com os esforços aplicados no trabalho são reconhecidos Fonte: Desenvolvido pela autora

A partir de estudos já realizados por pesquisadores do tema empreendedorismo feminino com empreendedoras de outros segmentos e áreas de atuação foi possível entender que as mulheres costumam enfrentar algumas dificuldades frente a gestão de suas empresas. Segundo Trindade et al. (2009) estes desafios estão associados a: aceitação, ausência de suporte, barreiras culturais, problemas em conciliar trabalho e família, obter crédito bancário, atuar no mercado internacional, acesso a redes de incentivo e cooperativas, falta de mentores, tamanho das empresas, falta de tempo e ausência de modelos de referência de empreendedoras para contribuir com o desenvolvimento cognitivo de papel empreendedor feminino.

Buscando conhecer as dificuldades mais relevantes encontradas pelas publicitárias foi formulada uma pergunta nesse sentido. Nesta questão as mulheres tinham a liberdade de assinalar quantas respostas desejassem e também opinar sobre uma dificuldade pertinente na opção “outros” em aberto.

As respostas confirmam que 53% das mulheres consideram que sua maior deficiência se encontra em gerenciar o negócio, isto é, suas maiores dificuldades estão no processo diário de


100

administrar e planejar a agência. Para 33% obter reconhecimento e credibilidade é um problema e outros 33% realizam serviços excessivos que comprometem seu tempo livre, seja para dividir com família, amigos, filhos ou mesmo descansar, o que resultou em uma escolha de 13% para a opção conciliar trabalho e família.

Além desses desafios, 7% admitiram que encontram preconceito por serem mulher, 7% têm dificuldade de obter informações de um modo geral e 7% sentem dificuldade em impor respeito. Demais 13% totalizam duas respostas na opção “Outros”, fornecidas por duas empreendedoras diferentes, cuja maior insuficiência segundo elas está em “cultura regional sobre a importância da utilização de agências de publicidade” e “a maior dificuldade que qualquer empresa enfrenta é a de encontrar funcionários competentes e comprometidos”.

À publicidade cabe uma dificuldade em especial que foi mencionada em uma das respostas abertas que é a de conscientizar o mercado sobre a importância em se investir em propaganda, sobre o retorno que o serviço pode oferecer às empresas, entre outros benefícios. Esta no caso não é exatamente um problema de gestão da empresa e sim um fator cultural que impede o crescimento do mercado, não cabendo, entretanto, como resposta para esta questão que diz respeito apenas à empresa. A outra resposta aberta, por outro lado, é uma colocação pertinente, pois interfere no funcionamento interno das agências. Uma troca constante de funcionários interfere no andamento diário do trabalho, gerando atrasos nos serviços e estresse para quem é designado a ensinar e capacitar (geralmente o proprietário no caso das microempresas) constantemente o empregado dentro dos moldes da agência. O gráfico 21 ilustra em níveis as respostas obtidas:


101

53% 60%

33%

40% 20%

7%

13%

7%

13%

0% Falta de informações de um modo geral Conciliar trabalho e família Obter reconhecimento e credibilidade Excesso de serviço que compromete o tempo livre Preconceito por ser mulher Impor respeito Gerenciar o negócio Outros

Gráfico 21: Maiores dificuldades encontradas na gestão das empresas Fonte: Desenvolvido pela autora

Dentre os fatores citados por Trindade et al (2009), em seu estudo sobre empreendedorismo feminino, muitos se repetiram na realidade do mercado publicitário com mulheres a frente de agências. O quesito “aceitação” de Trindade et al (2009) é equivalente a reconhecimento e credibilidade neste trabalho. As “barreiras culturais” dizem respeito ao preconceito que enfrentam por serem mulheres ou dificuldade para impor respeito. Os “problemas em conciliar trabalho e família” igualmente citado, o “acesso a redes” aqui caracterizado como falta de informações em geral, “falta de tempo” aqui como o comprometimento do tempo livre pelo excesso de serviços.

Levando em conta as dificuldades apontadas, a pergunta seguinte questionou o que, na opinião das mulheres empreendedoras, poderia melhorar em suas empresas e o Gráfico 22 a seguir demonstra os resultados:


102

7%

7% 47%

53%

33%

27%

Relacionamento interno

Relacionamento externo

Tecnologia de trabalho

Oferta de serviços e produtos

Mercado de abrangência

Outras

Gráfico 22: Aspectos a serem melhorados na empresa Fonte: Desenvolvido pela autora

Novamente nesta questão as empreendedoras tinham a liberdade de assinalar mais de uma resposta e também opinar na opção “outros” em aberto.

O mercado de abrangência é o fator mais considerado como uma questão a ser melhorada, com

53%.

Quanto

ao

ambiente

externo

à

agência,

entende-se

que

as

empreendedoras identificam como fator a ser melhorado está relacionado mais ao ambiente do que a sua empresa em si. O relacionamento externo, entre clientes e fornecedores, foi apontado como uma fraqueza por 47%. Esta questão se refere à relação com clientes e fornecedores, o que pode estar conectado com o conhecimento relativo ao mercado externo e seus processos de comunicação. Talvez estes não atendam as expectativas da empresa, no sentido de entender o processo de negociação e reconhecer a importância deste para seu desenvolvimento.

A oferta de produtos e serviços representou 27% dos fatores que poderiam melhorar para as respondentes, enquanto a tecnologia de trabalho foi a escolha de 33%, quesito que pode ter relação com a qualificação dos softwares e dos equipamentos utilizados pela agência, fatores estes que para manter atualizados é necessário um investimento financeiro alto. Para 7% o que deveria melhorar é relacionamento interno da própria agência, neste caso, considera-se tanto pessoal quanto operacional de sistema de trabalho; e na opção Outros a resposta obtida foi “Recursos humanos e infraestrutura”. A infraestrutura pode ter relação com as tecnologias de


103

trabalho, bem como o espaço físico. Recursos humanos envolvem o relacionamento interno em geral e capacitação de funcionários.

Bloco 5

O Bloco 5 consiste na aplicação do modelo de Carland Entrepreneurship Index (CEI) de Carland, Carland e Hoy (1992) que, conforme mencionado na metodologia, avalia o potencial empreendedor dos indivíduos levando em consideração variáveis como os traços de personalidade, propensão à inovação, propensão ao risco e postura estratégica.

De acordo com o CEI foi possível classificar as empreendedoras desta pesquisa em microempreendedoras, empreendedoras e macroempreendedoras. A partir da compilação dos dados, os resultados obtidos estão representados no Gráfico 23 a seguir.

13 14 12 10 8 6 4

2 0

2 0 Microempreendedoras

Empreendedoras

Macroempreendedoras

Gráfico 23: Classificação das empreendedoras Fonte: Desenvolvido pela autora

Das 15 entrevistadas, nenhuma apresentou características de microempreendedora. A maioria, 13 mulheres, ou seja, 87% são consideradas empreendedoras e apenas duas delas classificaram-se como macroempreendedoras.

Segundo Ferreira (2005) as empreendedoras situam-se entre as outras duas posições e possuem características moderadas. Para as microempreendedoras a sua empresa é fonte de renda para o sustento da família, é algo importante na sua vida, porém não o mais importante.


104

Ou seja, não têm um espírito empreendedor evoluído, pois não almejam expandir ou crescer a ponto de superar grandes empresas. As macroempreendedoras acreditam ser seu negócio o centro do universo, algo que mudará o mercado e medem o sucesso de acordo com o crescimento do seu empreendimento. Exatamente o oposto das microempreendedoras. E o equilíbrio diz respeito às empreendedoras.

Ao considerar-se a média geral das entrevistadas, obtém-se um valor de nível de empreendedorismo igual a 21,6 (total de 324 pontos para 15 respondentes). Para esse valor o desvio padrão é de 3,05, o que as classifica dentro do índice de empreendedoras.

Este resultado assemelha-se aos encontrados por Gimenez, Inácio Júnior e Sunsin (2001), Inácio Júnior (2002), Ferreira (2005) e Trindade et al (2009), que embora tenham utilizado um público diferente para análise, obtiveram também a predominância de empreendedores.

O Índice de Empreendedorismo de Carland (CEI) analisa ainda cada variável a partir da pontuação acumulada em questões específicas, conforme descrito na metodologia. O Gráfico 24 mostra a média alcançada pelas mulheres participantes da pesquisa em relação aos Traços de personalidade, à Postura estratégica, à Propensão ao risco e à Inovação e criatividade.

14

13

12

12

8,9

10 8

6,5 5

6

3

4

2,7

3,3

2 0 Traços de personalidade

Postura estratégica

Propensão ao risco

Pontuação Máxima segundo CEI

Gráfico 24: Pontuação das empreendedoras Fonte: Desenvolvido pela autora

Inovação e criatividade

Pontuação Alcançada


105

De acordo com o Gráfico 24, o fator traços de personalidade que admite uma pontuação máxima de 12 pontos, recebeu uma média de 6,5 pontos. A variável postura estratégica cuja máxima é 13 atingiu uma média de 8,9. O fator propensão ao risco em que o máximo que se pode pontuar é três obteve média de 2,7 e a variável inovação e criatividade, que pode atingir até cinco pontos, alcançou 3,3.

O índice de Propensão ao risco foi a variável que mais contribuiu para a classificação das empreendedoras, pois do total de pontos possíveis de serem alcançados, as participantes atingiram 90%. Por outro lado, o fator que menos contribuiu para a pontuação total do instrumento, com apenas 54,2% foram os Traços da personalidade. As demais variáveis: Postura estratégica e Inovação e criatividade obtiveram quase a mesma contribuição, pontuando, em ordem, 68,5% e 66%, conforme pode ser visualizado no Gráfico 25 a seguir.

66% 90% 68,50% 54,20%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

Traços de personalidade

Postura estratégica

Propensão ao risco

Inovação e criatividade

100,00%

Gráfico 25: Contribuição dos fatores Fonte: Desenvolvido pela autora

Considerando-se as questões individualmente, cinco das 33 perguntas obtiveram respostas unânimes por parte das empreendedoras entrevistadas, foram elas as de número 4, 7, 21, 26 e 30.

Na pergunta de número 4 foi possível constatar que nenhuma das empreendedoras escolheu a opção que associa o objetivo do negócio apenas à sobrevivência. Ao contrário, as


106

entrevistadas desejam que suas empresas cresçam e não sejam apenas uma forma de dar suporte para a família.

Na questão de número 7, de alternativas semelhantes à anterior, as empreendedoras esperam que seus negócios sejam os melhores e não medirão esforços para que este objetivo se concretize.

Juntas, estas duas respostas justificam a eliminação do título de microempreendedora, que justamente não coube a nenhuma das entrevistadas.

Quando questionadas a respeito da rotina da empresa, na questão de número 21, para as empreendedoras nada sobre gerenciar um negócio é sempre rotina. Domingos (2003), justifica este fato pelos profissionais de publicidade e propaganda atenderem a diversos segmentos, sendo que para cada deve-se pesquisar, planejar e conhecer os diferentes mercados de atuação dos clientes. Em um dia pode-se atender, por exemplo, uma empresa de sabonetes e produtos de higiene e ao mesmo tempo uma indústria de barcos de luxo. O profissional é sempre um publicitário, mas o trabalho que este realiza está sempre mudando e dificilmente cai na rotina.

Segundo a questão 26, todas estão dispostas a assumir riscos, pois sabem da importância e necessidade de sair na frente da concorrência. Na questão 30 escolheram a opção relaciona o crescimento do negócio ao risco, afirmando que assumiriam compromissos incertos.

Esta característica de assumir riscos é inerente ao comportamento de um empreendedor. Conforme visto no capítulo 2, desde a antiguidade esta característica esta atrelada à história de Marco Pólo e autores seminais, precursores da definição do termo, como Cantillon e Say, ambos consideravam os empreendedores como pessoas que corriam riscos.

Das três questões que indicam o fator propensão ao risco, as de número 26, 30 e 31, duas delas apresentaram 100% das respostas e a outra ficou com 74% das escolhas. As empreendedoras em questão reconhecem por meios destas respostas que assumir a frente de um negócio é uma atitude que deve demandar acima de tudo confiança e segurança para arriscar-se.


107

Quanto aos Traços de personalidade e Inovação e criatividade não foi possível identificar unanimidade de respostas.

Para Traços de personalidade apenas algumas com destaque para mais ou menos respostas, como no caso da questão de número três, em que das 15 respondentes apenas duas pontuaram e treze ficaram de fora, por exemplo. A maioria optou pela opção de não abrir um negócio sem ter certeza que seria bem sucedida, sendo um fator que determinaria Traços de personalidade o de arriscar-se mesmo sem ter certeza.

Considerando a Inovação e criatividade não identificou-se desvios tão intensos, embora as respostas tenham variado em média de 50% de pontuação, não proporcionando uma diferenciação em relação as outras dos demais grupo de classificação, tornando o índice do pontuação baixo.

6.2 Traços comparativos

Visando relacionar o modelo de Carland, Carland e Hoy (1992) com o perfil pessoal das empreendedoras, com as características das empresas e nível de satisfação das empreensarias, algumas considerações e gráficos representativos seguem abaixo. Para este tópico adotou-se como cor das empreendedoras o vermelho e das macroempreendedoras o verde, para facilitar assim a interpretação e reconhecimento dos dados e informações.

Relacionando o fator idade com o potencial empreendedor, constatou-se que a maioria das empreendedoras está classificada na faixa entre 26 e 30 anos de idade, totalizando 47%. As macroempreendedoras por sua vez possuem até 25 anos ou têm entre 36 a 45, conforme o Gráfico 26 a seguir.


108

7 7 6 5 4

3 2

3 2

1

1

1 0

0

0

1 0

0 Até 25 anos

26 a 30 anos

31 a 35 anos

Empreendedora

36 a 45 anos

46 a 50 anos

Macroempreendedora

Gráfico 26: Relação entre potencial de empreendedorismo e idade Fonte: Desenvolvido pela autora

Por serem apenas duas as classificadas como macroempreendedoras e estas não possuírem a mesma faixa etária, não se pode considerar uma maioria, nem caracterizá-las a partir da idade.

Estudos revelam que o potencial empreendedor tende a aumentar com o passar dos anos, com o amadurecimento e acumulação de conhecimento adquiridos pelos indivíduos (CARLAND, CARLAND, HOY, 1998). E a este respeito pode-se esperar que os níveis de empreendedorismo variem em alguns anos, levando-se me conta que 10 das 15 mulheres são jovens de até 30 anos.

Com a aplicação do modelo do Índice de Empreendedorismo de Carland (CEI) foi possível constatar que a maioria, as que possuem ensino superior completo, é igualmente o grupo do qual fazem parte as macroempreendedoras.

São, portanto, 7 empreendedoras e 2 macroempreendedoras com ensino superior completo e 2 empreendedoras que estão finalizando a graduação. Dentre as especialistas, entretanto, não foi constatado um potencial de empreendedorismo tão elevado, e estas foram classificadas apenas como empreendedoras, sendo 4 do total, conforme pode ser visualizado no Gráfico 27 a seguir.


109

7 7 6 4 5 4 2

2

3 2

0

0

1 0 Superior Incompleto

Superior Completo

Empreendedora

Especialista

Macroempreendedora

Gráfico 27: Relação entre potencial de empreendedorismo e escolaridade Fonte: Desenvolvido pela autora

Buscou-se ainda relacionar o potencial empreendedor à variável renda pessoal das entrevistadas. Ao relacionar os valores constatou-se que 7 empreendedoras com renda média entre R$ 1.500,00 a R$ 2.999,00, se equipararam a uma macroempreendedora na remuneração salarial. Outras duas empreendedoras que recebem de R$ 3.000,00 a R$ 7.499,00 por sua vez, equipararam-se à outra macroempreendedora da pesquisa. Três das classificadas como empreendedoras possuem a menor remuneração salarial (de R$ 600,00 a 1.499,00). Por fim, apenas uma empreendedora superou as macroempreendedoras na remuneração pessoal, conforme o Gráfico 28 que segue.

7 7 6 5 4

3 2

3 1

2 1

1

1 0

0

0 R$ 600,00 a R$ 1.499,00

R$ 1.500,00 a R$ R$ 3.000,00 a R$ R$ 7.500,00 a R$ 2.999,00 7.499,00 10.00,00 Empreendedora

Macroempreendedora

Gráfico 28: Relação entre potencial de empreendedorismo e renda pessoal Fonte: Desenvolvido pela autora


110

A maioria das empresas das empreendedoras pesquisadas são recentes no mercado, com até 2 anos de existência, representando um terço das respostas, ou seja, cinco delas. Contudo, para as macroempreendedoras a faixa de tempo de atuação das suas firmas ficou no intervalo entre de 3 a 7 anos, sendo uma delas de 3 a 4 anos e da outra de 5 a 7 anos.

As demais empreendedoras, por sua vez, estão distribuídas em quantidades semelhantes em relação ao tempo de atuação de suas empresas. São três empresárias cujo negócio têm de 3 a 4 anos, duas empresárias com de 5 a 7 anos e outras três cujo negócio já dura de 7 a 10 anos.

5 5 4,5 4

3

3,5

3

3 2

2,5 2

1

1,5 1 0,5

1 0

0

0 Até 2 anos

de 3 a 4 anos Empreendedora

de 5 a 7 anos

de 7 a 10 anos

Macroempreendedora

Gráfico 29: Relação entre potencial de empreendedorismo e tempo de atuação da empresa Fonte: Desenvolvido pela autora

A remuneração das empreendedoras, por sua vez, é um fator que está interligado ao tempo de atuação no mercado e não diz tanto respeito ao potencial empreendedor. Empresas com um maior tempo de atuação são mais conhecidas, têm mais credibilidade, uma cartela maior de clientes, contatos e fornecedores. Enquanto que os novos empreendimentos, de certa forma, ainda estão em um período de instabilidades e incertezas, assumindo os riscos a que se predispuseram.

Visando relacionar o índice de satisfação das empreendedoras e macroempreendedoras foi estabelecida a relação que segue no Gráfico 30 abaixo.


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8 8 7 6 5

4

4 3 1

2

1

1 0

1 0 Muito Satisfatório

Satisfatório Empreendedora

Muito Insatisfatório

Macroempreendedora

Gráfico 30: Relação entre potencial de empreendedorismo e nível de satisfação Fonte: Desenvolvido pela autora

A maioria das empreendedoras diz ser seu trabalho satisfatório, e representam em torno de 53%, um total de oito mulheres. Outras quatro empreendedoras consideram seu trabalho muito satisfatório. Aliadas a isso, as muito satisfeitas e as satisfeitas, encontram-se as macroempreendedoras, sendo que cada uma das duas escolheu uma das opções anteriores, satisfação ou muita satisfação. Apenas uma empreendedora considerou seu trabalho muito insatisfatório.

O resultado desta pesquisa possibilitou perceber que o macroempreendedorismo não é um comportamento padrão que pode ser definido facilmente. Dentre todas as respostas e comparações feitas utilizando o nível de empreendedorismo, é possível perceber que em nenhuma delas as duas macroempreendedoras desta pesquisa optaram pela mesma escolha. O único fator em comum que apresentaram foi a formação superior completa.

A maioria, 13 das 15 entrevistadas foram consideradas empreendedoras e, por sua vez, definiram o perfil das mulheres donas de agências do Vale do Itajaí de Santa Catarina. São, portanto, empreendedoras propensas ao risco, que abriram seus negócios por oportunidade e que se caracterizam por possuírem uma postura estratégica.


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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta monografia teve como temática o potencial empreendedor das mulheres donas de agências de publicidade e propaganda da região do Vale do Itajaí (SC). Especificamente buscou-se identificar o perfil das empreendedoras da região e analisar o potencial empreendedor destas mulheres.

Apesar do tema empreendedorismo feminino ser um assunto bastante discutido por vários autores e pesquisadores internacionais, no Brasil a questão recentemente começou a ser explorada, e a discussão se concentra mais em grupos de estudo, principalmente acadêmicos. Quanto ao estudo específico do empreendedorismo feminino relacionado à área de publicidade e propaganda, sobretudo no estado de Santa Catarina o debate é incipiente, pois não foram encontrados artigos ou livros relativos ao assunto na região.

Frente a este fato, o objetivo geral que orientou este trabalho foi analisar o potencial empreendedor das mulheres donas de agências de publicidade e propaganda do Vale do Itajaí (SC). Esta investigação sustentou-se principalmente pelos dados do relatório GEM dos anos de 2007, 2008 e 2009 e pelo modelo CEI, de Carland, Carland e Hoy (1992), para avaliar o potencial empreendedor. Para operacionalizar este objetivo, especificamente buscou-se: 1) Verificar as características das empreendedoras e de suas empresas; 2) Caracterizar a performance da mulher que tem seu próprio negócio da área da propaganda; 3) Analisar o nível de satisfação das mulheres enquanto exercem o papel de empreendedora; e 4) Identificar o potencial empreendedor das empresárias.

Visando estabelecer um relacionamento entre teoria e prática verificar as hipóteses sugeridas no início desta monografia foi realizada uma articulação entre os dados coletados de fontes secundárias e dados primários com as mulheres empreendedoras da região estudada. Para tanto, foi desenvolvido e enviado um questionário online para as mulheres proprietárias de agências da região do Vale do Itajaí -SC.

Considerando o primeiro objetivo específico relacionado a verificar as características das empreendedoras e de suas empresas, os achados podem ser assim descritos: a maioria reside em Balneário Camboriú, possui um relacionamento estável, não tem filhos, sua idade é de 26


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a 30 anos, é formada em curso superior de publicidade e propaganda e conta com uma renda familiar de até R$ 7.499,00 e renda pessoal de até R$ 2.999,00.

Quanto às agencias, a maioria está localizada na cidade de Balneário Camboriú e tem até dois anos de fundação. Classificam-se como microempresas e empregam em média de um a cinco funcionários e não contam com filiais.

O segundo objetivo refere-se a caracterizar a performance da mulher que tem seu próprio negócio da área de publicidade e propaganda. As principais deduções foram diversos fatores que levaram as mulheres pesquisadas a empreender. Assim, quando estas abriram seus negócios foi visando aproveitar uma oportunidade de mercado, criar um negócio diferenciado, explorar tendências e obter autonomia empresarial. Logo, o resultado demonstra que empreenderam por oportunidades.

No entanto, a maior dificuldade encontrada por estas mulheres está em gerenciar o negócio, ou seja, no processo diário administrativo. Consideram ainda que obter reconhecimento e credibilidade é um problema, além de que o excesso de tarefas diárias compromete seu tempo livre. Atualmente trabalham em torno de nove a dez horas diárias e quase sempre levam mais serviços para casa, comprometendo o lazer ou o momento destinado a ficar com a família e os amigos. Em contrapartida têm total liberdade para expressar suas opiniões nos processos de decisão da empresa.

O terceiro objetivo aborda o nível de satisfação das mulheres enquanto exercem o papel de empreendedora. Conforme revelou a pesquisa, as empreendedoras estão satisfeitas com seu emprego. Nesse sentido, concordam que o sucesso da empresa é como se fosse o seu pessoal e que permanecem no negócio em função da importância do trabalho na vida pessoal, sem estarem presas por fatores de necessidade. Ademais, convém ressaltar que consideram que quase sempre seus esforços são recompensados de alguma forma.

O quarto objetivo que visou identificar o potencial empreendedor das empresárias está diretamente ligado à operacionalização do objetivo geral. De acordo com o CEI, modelo internacional aplicado nesta pesquisa foi possível constatar que a as mulheres pesquisadas são classificadas como empreendedoras. Possuem alta propensão ao risco e postura estratégica.


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Como adverte o autor Inácio Júnior (2002), a escala não é uma palavra final, mas serve como uma ferramenta que pode auxiliar o indivíduo a alcançar uma postura empreendedora.

Complementando-se as reflexões vinculadas às considerações finais deste trabalho, a que se levar em conta as hipóteses propostas na introdução. Os argumentos que sustentam a primeira suposição é de que as mulheres proprietárias de agências de publicidade e propaganda tenham formação superior em algum curso da área de comunicação ou mesmo administrativa, devido à oferta de cursos da região. Tendo em vista a análise das respostas obtidas esta hipótese foi aceita.

Considerando as respostas encontradas para o primeiro e segundo objetivos específicos, a segunda hipótese foi rejeitada. Isto porque as empreendedoras da Região do Vale do Itajaí estão concentradas em Blumenau, conforme mencionado, mas, no entanto, a maioria encontra-se em Balneário Camboriú ao invés de Itajaí, como era esperado.

Na terceira hipótese o pressuposto foi que a maioria das mulheres teria entre 25 a 35 anos, classificadas como jovens adultas, por ser o mercado da propaganda do estado de Santa Catarina uma área recente, que começou a crescer e se expandir principalmente nos últimos dez anos. Comparando as afirmações feitas pelos entrevistados ainda no primeiro objetivo específico, esta hipótese também foi aceita, pois as empreendedoras possuem uma idade que se encontram no intervalo estipulado.

Por fim, a quarta hipótese diz respeito ao potencial empreendedor, em que se acredita que as mulheres da região do Vale do Itajaí sejam consideradas empreendedoras. Até este ponto a afirmação está aceita. Mas no que diz respeito às variáveis analisadas, a hipótese foi rejeitada, pois afirma que as mulheres apresentam características fortes de personalidade, em vez de elevada propensão ao risco e postura estratégica, conforme foi constatado.

A principal contribuição desta monografia para a área da publicidade e propaganda é conhecer a realidade do mercado regional. Considerando a prática empresarial, consiste em apresentar um trabalho que pode servir como material de apoio e auxiliar as mulheres empreendedoras a conhecerem um pouco mais a respeito do seu mercado de atuação, além de compreender a partir da avaliação de seu potencial empreendedor alguns fatores que podem ser melhorados no seu dia-a-dia no trabalho, comportamentos e atitudes.


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A outros acadêmicos interessados pelo tema, esta pesquisa pode auxiliar como forma de conhecer melhor o mercado da região investigada. Fornece ainda informações que auxiliam a entender o processo necessário e as etapas que deve conter um estudo com esta finalidade e, inclusive, pode auxiliar ensinando como aplicar seu próprio estudo que utilize o modelo CEI de avaliação do potencial empreendedor.

Embora os resultados não possam ser generalizados, para as mulheres que pensam em empreender, abrir uma agência de publicidade e propaganda na região do Vale do Itajaí apresenta quais são as dificuldades encontradas e as recompensas obtidas. Às que gostariam de saber se a mulher na região ainda é vista como na década de 1960, por exemplo, como um ser frágil que não deveria estar à frente de um negócio que não envolvesse atividades relacionadas a crianças e cuidado do lar, serve como inspiração e referência. Nesta pesquisa pode-se constatar a partir dos dados secundários apresentados que as mulheres já dividem o mercado com os homens e caminham para níveis de igualdade de gênero. Nesta região do Vale do Itajaí, conforme pode ser constatado ao se relacionar o número total de agências pesquisadas e quantas destas pertencem a mulheres ou têm uma mulher a frente do negócio, também são equivalentes.

Um dos fatores que propiciou este crescimento foi, no entanto, a melhoria no nível de educação. O nível de escolaridade é importante na medida em que possibilita formar empreendedores a partir de programas que envolvem, incentivam e apóiam o ensino. Bandeira esta levantada também pelo relatório GEM apresentado na pesquisa de dados secundários, que defende a escolaridade com um dos fatores que resulta no progresso econômico de uma determinada localidade, desenvolvimento das empresas e de seus recursos humanos.

Vale ressaltar que não existe uma pesquisa perfeita, portanto, como não poderia ser diferente, algumas limitações ocorreram que dificultaram ou mesmo comprometeram alguns aspectos inerentes a este trabalho. Não pode ser desconsiderado o fato de que tanto a amostra poderia ter abrangido todas as agências lideradas por mulheres da região. Entretanto, isto não foi possível devido ao curto período de tempo para entrar em contato com as empreendedoras e aguardar o envio das respostas em função do calendário acadêmico a ser cumprido. Tendo em vista que são mulheres que trabalham por uma carga horária elevada e que mesmo assim


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precisam finalizar suas atividades em casa, ficou complicado para elas responderem rapidamente a pesquisa. Decerto, mais opiniões dariam maior sustentação aos dados obtidos.

Além disso, com o aumento da amostra, poderiam ter sido entrevistadas donas de outros tipos de negócios relacionados à publicidade e propaganda para conhecer a realidade das empreendedoras de diversos segmentos da região.

Outra limitação refere-se ao recorte temporal e espacial. Nos levantamentos para coleta de dados secundários, foram levados em conta apenas anais de eventos e periódicos que focalizavam o tema, restritos a determinados períodos, como apenas o Intercom de 2009. Acrescenta-se que a limitação de ordem espacial vincula-se à amostragem restrita geograficamente às cidades da região do Vale do Itajaí em Santa Catarina - Brasil.

Como sugestão de pesquisas futuras, recomenda-se que estas limitações sejam resolvidas e que novas investigações sobre o assunto sejam realizadas, envolvendo trabalhos comparativos entre investigações internacionais e nacionais. Ainda seria viável aplicar o modelo abordado neste estudo, para outras realidades dentro do país e no exterior. Também seria interessante aprofundar os tratamentos estatísticos e confrontá-los com os dados desta monografia. Poderia escolher-se ainda outra região do estado para cruzar as informações com o Vale do Itajaí aqui pesquisado, ou então, no próprio Vale analisar o perfil dos homens empreendedores proprietários de agências de publicidade e propaganda e traçar um paralelo com as mulheres desta pesquisa e também reaplicar este estudo em dez anos para comparar a situação do mercado.


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APÊNDICES

APÊNDICE 1 PESQUISA SOBRE EMPREENDEDORISMO FEMININO Esta pesquisa tem como objetivo analisar o potencial empreendedor das mulheres proprietárias de agências de publicidade e propaganda do Vale do Itajaí (SC), mais especificamente das cidades de Agronômica, Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Camboriú, Indaial, Itajaí, Itapema, Rio do Sul e Timbó. I – Este questionário é de caráter acadêmico, portanto vale mencionar que não há necessidade de identificação. II - Responda com mais de uma alternativa apenas quando o enunciado da questão solicitar. III – O instrumento de pesquisa está dividido em cinco partes. Leia com atenção e responda de acordo com a sua opinião, escolhendo sinceramente suas respostas. BLOCO 1 – Características da Entrevistada

1) Faixa Etária (

) Até 25 anos

(

) 26 a 30 anos

(

) 31 a 35 anos

(

) 36 a 45 anos

(

) 46 a 50 anos

(

) Acima de 50 anos

2) Estado Civil (

) Solteira

(

) Casada

(

) Amasiada/ Conjugada

(

) Separada

(

) Divorciada

(

) Viúva

3) Grau de Escolaridade (

) Ensino Médio Incompleto

(

) Ensino Médio Completo

(

) Ensino Superior Incompleto

(

) Ensino Superior Completo

(

) Especialista

(

) Mestrando ou Mestre

(

) Doutoranda ou Doutora

4) Área de Formação (

) Administração

(

) Publicidade e Propaganda

(

(

) Relações Públicas

(

) Outra: _______________________________________

5) Renda Pessoal Mensal (

) Até R$ 599,00

(

) R$ 600,00 a R$ 1.499,00

(

) R$ 1.500,00 a R$ 2.999,00

(

) R$ 3.000,00 a R$ 7.499,00

(

) R$ 7.500,00 a R$ 10.000,00

(

) Superior a R$ 10.000,00

6) Renda Familiar Mensal (

) Até R$ 599,00

(

) R$ 600,00 a R$ 1.499,00

(

x) R$ 1.500,00 a R$ 2.999,00

(

) R$ 3.000,00 a R$ 7.499,00

(

) R$ 7.500,00 a R$ 10.000,00

(

) Superior a R$ 10.000,00

) Jornalismo


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7) Tem filhos? (

) Não

(

) Sim. Quantos?_____ ______

8) Onde você reside (

) Balneário Camboriú

(

) Blumenau

(

) Brusque

(

) Camboriú

(

) Itajaí

(

) Itapema

(

) Florianópolis

(

) Outro: _________________________________________

BLOCO 2 – Características da Empresa 1) Em que cidade está localizada sua empresa (

) Balneário Camboriú

(

) Blumenau

(

) Brusque

(

) Camboriú

(

) Itajaí

(

) Itapema

(

) Florianópolis

(

) Outro: ________________________________

2) Qual o tempo de atuação da agência no mercado? (

) Até 2 anos

(

) de 3 a 4 anos

(

) de 5 a 7 anos

(

) de 7 a 10 anos

(

) de 11 a 15 anos

(

) de 16 a 20 anos

(

) de 21 a 25 anos

(

) Acima de 26 anos

3) Número de funcionários na agência (

)1a5

(

) 6 a 10

(

) 11 a 15

(

)16 a 19

(

) 20 a 99

(

) Acima de 100

)2a4

4) Número de filiais da empresa (

) Nenhuma

(

)1

(

(

)4a6

(

) Acima de 6

BLOCO 3 – Performance e Vida Profissional

1) Que motivo levou você a abrir um negócio próprio (Pode assinalar mais de uma alternativa) (

) Aumento da renda pessoal

(

) Oportunidade de Mercado

(

) Explorar tendências e novos negócios

(

) Superar um momento difícil

(

) Autonomia Empresarial

(

) Criar um negócio diferenciado

(

) Estava desempregada

(

) Outro: __________________________________________

2) Quanto tempo você dedica diariamente ao trabalho? (

) Até 6 horas

(

) Entre 7 e 8

(

) Entre 11 e 14

(

) Acima de 14

(

) Entre 9 e 10


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3) Você costuma levar tarefas do trabalho para serem realizadas em casa? (

) Sempre

(

) Quase Sempre (

(

) Raramente

(

) Nunca

) Às vezes

4) Você pode expressar suas opiniões e sentimentos durante o processo de decisão da empresa? (

) Sempre

(

) Quase Sempre (

(

) Raramente

(

) Nunca

) Às vezes

BLOCO 4 – Nível de satisfação

1) Na sua opinião, o seu trabalho é: (

) Muito Insatisfatório

(

) Insatisfatório

(

(

) Satisfatório

(

) Muito Satisfatório

) Pouco satisfatório

2) As recompensas refletem o esforço que você aplica no seu trabalho? (

) Sempre

(

) Quase Sempre

(

) Raramente

(

) Nunca

(

) Às vezes

3) Para mim o sucesso da organização é como se fosse o meu sucesso pessoal. Quanto a essa afirmação você: (

) Concorda Totalmente

(

) Concorda Parcialmente

(

) Discorda Parcialmente

(

) Discorda Totalmente

4) Neste momento, permanecer na minha organização é mais uma questão de necessidade do que de oportunidade (interesse, vontade, desejo). Quanto a esta afirmação você: (

) Concorda Totalmente

(

) Concorda Parcialmente

(

) Discorda Parcialmente

(

) Discorda Totalmente

5) Quais as maiores dificuldades encontradas na gestão da empresa? (

) Nenhuma

(

) Falta de tempo livre

(

) Preconceito por ser mulher

(

) Conciliar trabalho e família

(

) Conseguir Financiamento

(

) Reconhecimento e Credibilidade

(

) Impor Respeito

(

) Falta de acesso a informações de um modo geral

(

) Gerenciar o negócio

(

) Outra:________________________

6) O que você considera que poderia melhorar na sua empresa (

) Relacionamento Interno

(

) Relacionamento Externo

(

) Tecnologia de Trabalho

(

) Mercado de Abrangência

(

) Oferta de serviços e produtos

(

) Nada

(

) Outros ___________________________________________________


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BLOCO 4 – Potencial empreendedor Se você fosse iniciar uma empresa, qual das duas alternativas apresentadas a seguir melhor descreve seu comportamento ou maneira de ser. Escolha apenas uma entre as duas alternativas de cada questão.

1. a) Ter objetivos por escrito para o negócio é crucial 1. b) Saber a direção geral em que você está indo é o suficiente

2. a) Eu gosto de pensar em mim mesma como uma pessoa habilidosa 2. b) Eu gosto de pensar em mim mesma como uma pessoa criativa

3. a) Eu não iniciaria este negócio se eu não tivesse certeza que seria bem sucedido 3. b) Eu nunca tenho certeza se este negócio dará certo ou não

4. a) Eu gostaria que este negócio crescesse e se tornasse uma empresa 4. b) O real propósito deste negócio seria dar suporte à minha família

5. a) A coisa mais importante que eu faria para este negócio é planejar 5. b) Eu me importaria mais com a administração do dia-a-dia do negócio

6. a) Eu gosto de abordar as situações com uma perspectiva otimista 6. b) Eu gosto de abordar as situações com uma perspectiva analítica

7 .a) Meu objetivo primário neste negócio é sobreviver 7. b) Eu não descansaria até sejamos os melhores

8. a) Um plano deve ser escrito para ser efetivo 8. b) Um plano não escrito é suficiente para desenvolvimento

9. a) Eu provavelmente gasto muito tempo com este negócio 9 b) Eu divido meu tempo entre negócio, família e amigos

10 a) Eu tendo a deixar meu coração governar minha cabeça 10. b) Eu tendo a deixar minha cabeça governar meu coração

11. a) Minhas prioridades incluiriam um monte de coisa fora este negócio 11. b) Uma das coisas mais importantes em minha vida seria este negócio

12.a) Eu sou aquele que tem de pensar e planejar 12. b) Eu sou aquele que tem que fazer as coisas


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13. a) As pessoas que trabalham para mim, trabalham duro 13. b) As pessoas que trabalham para mim, gostam de mim

14. a) Eu anseio pelo dia em que gerenciar este negócio se torne simples 14. b) Se gerenciar se tornar muito simples, eu iniciarei outro negócio

15. a) Eu penso que sou uma pessoa prática 15. b) Eu penso que sou uma pessoa imaginativa

16. a) O desafio de ser bem sucedido é tão importante quanto o dinheiro 16. b) O dinheiro que vem com o sucesso é a coisa mais importante

17. a) Eu sempre procuro por novas maneiras de fazer as coisas 17. b) Eu procuro estabelecer procedimentos padrões para que as coisas sejam feitas certas

18. a) Eu penso que é importante ser otimista 18. b) Eu penso que é importante ser lógico

19. a) Eu penso que procedimentos operacionais padrões são cruciais 19. b) Eu aprecio o desafio de inventar mais do que qualquer coisa

20. a) Eu gasto tanto tempo planejando quanto gerenciando o meu negócio 20. b) Eu gasto a maior parte de meu tempo gerenciando o negócio

21. a) Eu tenho percebido que gerenciar este negócio cai na rotina 21. b) Nada sobre gerenciar este negócio é sempre rotina

22. a) Eu prefiro pessoas que são realistas 22. b) Eu prefiro pessoas que são imaginativas

23. a) A diferença entre os concorrentes é a atitude do proprietário 23. b) Nós temos alguma coisa que fazemos melhor que os concorrentes

24. a) Meus objetivos pessoais girariam em torno deste negócio 24. b) Minha vida real seria fora deste negócio, com minha família e amigos

25. a) Eu adoro a idéia de tentar ser mais esperto que os concorrentes 25. b) Se você mudar muito, você pode confundir os clientes


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26. a) A melhor abordagem é evitar o risco tanto quanto possível 26. b) Se você quer exceder a concorrência, você tem que assumir alguns riscos

27. a) Eu odeio a idéia de pegar dinheiro emprestado 27. b) Empréstimo é somente outra decisão de negócios

28. a) Qualidade e serviços não são suficientes. Você deve ter uma boa imagem 28. b) Preço justo e boa qualidade são tudo o que qualquer cliente realmente deseja

29. a) As pessoas pensam em mim como uma trabalhadora esforçada 29. b) As pessoas pensam em mim como alguém fácil de se relacionar

30. a) Os únicos compromissos assumidos pela empresa são aqueles relativamente certos 30. b) Se você quer que um negócio cresça, você tem que assumir alguns riscos

31. a) A coisa que eu mais sinto falta em trabalhar para alguém é a segurança 31. b) Eu realmente não sinto falta de trabalhar para alguém

32. a) Eu me preocupo com os direitos das pessoas que trabalham para mim 32. b) Eu me preocupo com os sentimentos das pessoas que trabalham para mim

33. a) É mais importante ver possibilidades nas situações 33. b) É mais importante ver as coisas da maneira que elas são

Para finalizar:

Você conhece mais alguma mulher proprietária de agência de publicidade e propaganda? Por favor, escreva o nome e a empresa da empreendedora.

Obrigada! Sua participação fui fundamental para a realização deste trabalho.


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ANEXO ANEXO 1 – Índice Carland de Empreendedorismo (CEI) original.


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