ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
MICROBIOTA E SAÚDE INTESTINAL: COMPREENSÃO ATUAL E POSSIVEIS MODULAÇÕES Autor: Paul Cardozo, Ph.D. Departamento técnico, Andrés Pintaluba S.A. Traduzido e adaptado por Ana Maria Gaspar; Vetalmex, Aditivos Químicos Lda
Paul Cardozo
Em produção intensiva de suínos, o equilíbrio do ecossistema intestinal tem muitas implicações para os animais, não apenas para a sua saúde e bem-estar, mas também para a eficiência produtiva cuja importância cresceu nas últimas duas décadas. Não há dúvida, de que a compreensão e o maneio adequados do ecossistema intestinal é essencial para otimizar a digestibilidade da dieta, minimizar a excreção de nutrientes e manter o intestino íntegro e saudável. A microbiota intestinal desempenha um papel crucial na defesa do intestino; muitos investigadores consideram-no como um órgão de defesa mais, já que as bactérias benéficas atuam como uma barreira, limitando o crescimento de patógenos e favorecendo o sistema imunológico. Atualmente, o desenvolvimento da microbiota intestinal tem especial interesse nos animais jovens, pois contribui para o bem-estar do animal, minimizando os problemas nutricionais e aumentando a resistência a enfermidades.
Microbiota intestinal: um mundo por descobrir O trato gastrointestinal dos animais alberga uma complexa comunidade de microrganismos. Esses microrganismos procuram o lugar mais adequado, onde competem e interagem entre si, constituindo
Artigo
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finalmente uma população relativamente estável e diversificada representando a microbiota intestinal. O leitão ao nascer, não tem bactérias no seu intestino, pelo que, a composição da sua microbiota será muito influenciada pelo seu ambiente (mãe, fezes, instalações, etc.). Swords et al. (1993) indicaram que durante os primeiros 7 dias de vida do leitão, 80% da microbiota do cólon é colonizada por microrganismos aeróbios ou anaeróbios facultativos; posteriormente, a quantidade destas bactérias diminuiu gradualmente e é substituída por bactérias anaeróbias estritas (Clostridium spp, Eubacterium spp, Fusobacterium spp, Propionibacterium spp, Streptococci e Bacteroides spp.). Num estudo interno ( Fig.2), desenvolvido em 2019 com suínos recém-desmamados, foram encontrados um total de 20 filos, sendo os mais abundantes o filo Bacteroidetes e Firmicutes, coincidindo com estudos anteriores em microbiota intestinal de mamíferos (Lamendella et al. 2011). Devemos ter em conta que a microflora intestinal é numericamente densa e metabolicamente ativa (Macfarlane e Macfarlane, 1995); isso significa que, é distribuída de acordo com o meio apresentado por cada segmento intestinal do animal. Ao nível do estômago e duodeno, onde o ritmo de passagem é muito alto e o pH é baixo, o meio é tão hostil para a maioria das bactérias que não costumam alojar-se nesta secção, pelo que, a concentra-
Transição
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D28
D35
D42
Engorda D49
D56
D180
Anaerobiose Nascimento Fase 1 (0 – 7 dias)
Lactobacillus spp. Escherichia coli
Desmame Fase 2 (7 – 21 dias)
Clostridium spp. Lactobacillus spp. Eubacterium spp. Propionibacterium spp Streptococcus spp.
Dia 120 Fase 3 (21 – 120 dias) Bacteroides spp. Clostridium spp.
Figura 1. Três fases da colonização do cólon distal em porcos, durante 120 dias de vida (adaptado de Swords et al., 1993).
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Num estudo interno ( Fig.2), desenvolvido em 2019 com suínos recém-desmamados, foram encontrados um total de 20 filos, sendo os mais abundantes o filo Bacteroidetes e Firmicutes,