SEGURANÇA ALIMENTAR
José Romão Braz Presidente da Direção da IACA
José Romão Braz Presidente da Direção da IACA
No quadro dos 30 anos da Secção de Pré-Misturas e Aditivos (SPMA), realizámos nos dias 18 e 19 de setembro, no magnifico Convento de S. Francisco, em Santarém, juntamente com o FeedInov, as XIII Jornadas de Alimentação Animal e o II Fórum de Alimentação Animal. Queremos aqui agradecer a todos aqueles que nos felicitaram pelo evento, com a certeza de que, com a discussão, o conhecimento e a inovação, prestigiámos o setor da Alimentação Animal.
De facto, com um novo Governo, sempre se renovam as expectativas de podermos dar a devida importância ao setor agroalimentar, e trabalhar para a soberania e autossuficiência alimentares do nosso país. Os inúmeros desafios que enfrentamos, muito por via da questão regulatória de Bruxelas, com o tema do momento refente à Deflorestação, conhecido como o EUDR, que se não for suspenso, adiado ou revisto, poderá causar-nos disrupções na cadeia de abastecimento e garantidamente implicará um aumento dos custos de produção. Valorizamos muito todas as vantagens da integração na UE, mas não podemos estar sempre à mercê desta política que procura destruir, ou pelo menos, ferir a capacidade de produção de alimentos na Europa e que são essenciais à Soberania Estratégica e Alimentar desta União, que não é capaz de se defender sozinha sem o apoio dos EUA, que não tem autossuficiência energética (antes sem a Rússia e agora sem os EUA e países do Golfo), não domina as atuais tecnologias de ponta e do futuro e que, está muito atrasada face aos EUA e China, e que agora pretende destruir algo em que ainda dá cartas a nível global – a produção de alimentos, com um percurso notável nos últimos 50 anos e que aqui falaremos hoje! Se a tudo isto juntamos a complexa situação geopolítica mundial e a crónica dependência (do nosso país) de cereais e oleaginosas, percebemos que todos nós – Empresas, Associações, Administração Pública e Governo, temos de dar mais e melhor! Neste ponto é necessário realçar a importância dos stocks estratégicos e das infraestruturas portuárias e temas como a SILOPOR não podem ficar por resolver eternamente!
A importância dos produtos de origem animal na Sociedade, no Mundo Rural e ocupação do território, na criação de riqueza, nas dietas equilibradas a que se junta a Alimentação Animal como principal custo, mas com um papel essencial para a competitividade das explorações pecuárias e que garante o funcionamento e segurança da cadeia de abastecimento, para não falar da economia circular, devem ser relevadas e realçadas, sempre com o equilíbrio entre o ambiente e a produção de alimentos. E sobretudo bom-senso.
A Alimentação Animal tem um papel essencial no panorama agroalimentar e que, por isso, deve ser mais reconhecido na estrutura da DGAV e na eventual Lei Orgânica, manifestando as minhas profundas preocupações perante a provável constituição da futura Comissão Europeia. Um Comissário Agrícola que é proveniente do Luxemburgo e que foi relator do EUDR no Parlamento Europeu, bem como um Comissário responsável pela pasta da Saúde e Bem-estar animal, indiciam as contradições de uma Europa que, no discurso, prioriza a agricultura e a segurança alimentar, mas que na prática desvaloriza o que deve ser relevante, num contexto de instabilidade e incerteza.
Temos de saber construir o nosso caminho. Ninguém o fará por nós!
José Manuel Nunes da Costa1; Maria João Fradinho2; Ana Maria Goulão d’Avelar1
Resumo:
A segurança dos alimentos é uma preocupação fundamental em todo o mundo, constituindo-se mesmo como uma das prioridades da política agrícola e alimentar da União Europeia (UE). Para isso foram estabelecidos os princípios e as normas gerais aplicáveis à legislação alimentar na UE, prevendo uma abordagem global e integrada baseada em análise de risco ao longo de toda a cadeia alimentar, incluindo a alimentação animal. A UE adotou diretrizes rigorosas para garantir que os alimentos para animais sejam seguros e isentos de contaminantes que possam representar riscos para saúde e bem-estar dos animais e consequentemente asseverar a segurança dos géneros alimentícios de origem animal na perspetiva da defesa do consumidor, e permitir a proteção do meio ambiente. Embora seja da responsabilidade dos operadores do setor dos alimentos para animais o garante da segurança dos alimentos que produzem e/ ou colocam no mercado, mediante a implementação dos adequados requisitos de higiene dos alimentos para animais, compete, contudo, às autoridades competentes dos diversos Estados-membros, a monitorização do cumprimento dos requisitos legais em vigor. Este artigo examina os principais perigos que se podem constituir como contaminantes em alimentos para animais, as respetivas medidas de prevenção e os protocolos de monitorização executados a nível nacional, em conformidade com a legislação da UE.
1. Introdução
Tendo um papel fundamental na adequada satisfação das necessidades dos animais com o inquestionável contributo para a saúde e bem-estar dos mesmos, a alimentação animal desempenha igualmente um papel crucial na produção de géneros alimentícios de origem animal e, por conseguinte, na segurança da cadeia alimentar. No entanto, a presença de contaminantes nos alimentos para animais pode representar riscos para a saúde e bem-estar animal, para
1 Divisão de Alimentação Animal, Direção Geral de Alimentação e Veterinária, Lisboa;
2 Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, Lisboa.
a saúde humana e afetar o ambiente, apresentando desafios para a indústria agroalimentar.
A produção de géneros alimentícios é um processo complexo, sendo o objetivo final da indústria alimentar e dos reguladores, garantir que os alimentos que chegam ao consumidor sejam seguros e de garantida qualidade.
Os géneros alimentícios geralmente considerados seguros podem, contudo, tornar-se não seguros devido à introdução de perigos durante toda a cadeia. Os perigos podem ter origem em várias e diversificadas fontes, incluindo o consumo de alimentos contaminados pelos animais de criação produtores de géneros alimentícios.
A preocupação pública com a segurança dos géneros alimentícios aumentou devido a crises alimentares que puseram em risco a saúde humana, para além do impacto económico negativo e da quebra da confiança nos sistemas de produção agropecuária e nos sistemas oficiais de controlo.
Alguns dos incidentes estiveram associados ao recurso a alimentos não seguros para animais, em diferentes fases da cadeia, tais como:
• Produção primária de alimentos para animais
• Indústria transformadora de alimentos para animais
• Distribuição de alimentos para animais a nível da produção pecuária
Aqueles incidentes chamaram a atenção para a importância do setor dos alimentos para animais na cadeia alimentar, com a necessária avaliação do risco e dos problemas de qualidade que podem influenciar a saúde e o bem-estar dos animais e, consequentemente, afetar os géneros alimentícios de origem animal.
Neste contexto, a União Europeia estabeleceu disposições regulamentares exigentes para garantir a produtividade agrícola e a sustentabilidade, bem como assegurar a qualidade e segurança dos alimentos para animais, qualquer que seja a fase da cadeia considerada, sempre que os mesmos se destinem a animais de criação, incluindo os produtores de géneros alimentícios, bem como os alimentos destinados a animais de companhia.
Ao abrigo da legislação vigente, é da exclusiva responsabilidade dos operadores do setor dos ali-
mentos para animais a produção e/ou colocação no mercado de alimentos para animais seguros, bem como assegurar o cumprimento dos demais requisitos legais.
Pelo exposto, os alimentos para animais, qualquer que seja a forma como se apresentam, nomeadamente matérias-primas para alimentação animal, aditivos destinados à alimentação animal, pré-misturas de aditivos destinados à alimentação animal ou alimentos compostos para animais, incluindo os alimentos medicamentosos, devem ser de qualidade sã, íntegra e comerciável e, consequentemente, não devem apresentar, quando corretamente utilizados, qualquer perigo para a saúde humana, saúde e bem-estar animal ou para o meio ambiente, nem serem suscetíveis de afetar negativamente a produção pecuária.
2. Contaminantes em Alimentação Animal
Os alimentos para animais podem, contudo, conter materiais estranhos suscetíveis de prejudicar a saúde e bem-estar animal ou, devido à transferência para os géneros alimentícios de origem animal afetar a saúde humana, para além do indesejável impacto no ambiente.
A presença indesejável daqueles materiais pode ocorrer em qualquer tipo de alimento para animais, dando origem a uma contaminação. Podendo ser de natureza física, química ou biológica, aqueles materiais designam-se como contaminantes.
A introdução de contaminantes em alimentos para animais pode ocorrer em qualquer fase da cadeia ou atividade do setor dos alimentos
para animais, desde a produção primária de alimentos para animais até à sua colocação no mercado, designando-se por contaminação cruzada. Num mesmo estabelecimento pode igualmente ocorrer, na mesma linha de fabrico, transferência de vestígios de um lote de produção para outro, a qual se designa por arrastamento (“carry over”) e constitui-se também como uma contaminação cruzada que ocorre no processo de fabrico dos alimentos para animais, nomeadamente nos moinhos, células de doseamento, misturadora ou circuitos internos. A contaminação cruzada também pode ocorrer durante o armazenamento, o transporte e a distribuição dos alimentos aos animais.
A prevenção e controlo de contaminação cruzada deverão ser sempre considerados no âmbito dos requisitos de higiene dos alimentos para animais a que os todos os operadores estão obrigados, com implementação de sistema de APPCC por parte dos operadores do setor dos alimentos para animais que desenvolvam atividades que não a nível de produção primária.
Importa, assim, que os operadores do setor dos alimentos para animais adotem uma abordagem de identificação, prevenção e controlo interno dos perigos que se constituem como contaminantes, para além do cumprimento das regras para a desejada qualidade, garantindo os adequados padrões de segurança nos alimentos para animais.
Os produtores primários de alimentos para animais devem, igualmente, implementar as medidas necessárias para impedir contaminações iniciais, no âmbito dos requisitos de higiene a que estão obrigados.
2.1. Identificação dos perigos em alimentação animal
Os perigos a considerar como contaminantes em alimentação animal podem ser de natureza física, química ou biológica.
Os fatores a considerar que podem influenciar significativamente a ocorrência de um determinado perigo nos alimentos para animais, podem ser específicos de um local, país ou região, incluindo condições ambientais e interações com outros materiais.
Os perigos podem ser assim introduzidos através de materiais contaminados na origem ou através do transporte ou contaminação de produtos durante o manuseamento, processamento e armazenamento. A presença de um risco também pode resultar de acidente ou deliberada intervenção humana (por exemplo, fraude ou bioterrorismo).
Cada perigo está associado às fontes específicas de origem, às respetivas vias de contaminação e nível de exposição, pelo que a gestão do risco deve basear-se numa profunda compreensão dessas características. A gestão de risco, mais se deve basear na preparação e prevenção, em vez de atuação após a deteção de um problema. Neste pressuposto, para avaliar quais os alimentos para animais que podem conter um determinado perigo, deve ter-se em consideração a sua origem e as condições e interações ambientais, bem como o potencial de introdução de perigos durante a sua produção, fabrico, armazenamento, manuseamento, transporte, distribuição e utilização. Muitos alimentos para animais consistem em coprodutos, derivados ou subprodutos de outros processos de produção, incluindo processos industriais, pelo que nestes casos, pode ser necessário fazer uma avaliação desses processos e do seu potencial para introduzir perigos na alimentação animal.
Com base na relevância do perigo para a saúde pública, da extensão da sua ocorrência, bem como o impacto no mercado nacional, intracomunitário e internacional, descrevem-se de seguida os perigos atualmente mais relevantes em alimentação animal.
Os perigos físicos presentes nos alimentos para animais podem não ser prováveis de causar riscos para a segurança alimentar, mas podem causar riscos para a saúde e o bem-estar animal. Fragmentos de vidro, metal, plástico e pedras, são contaminantes que podem ocorrer nos alimentos para animais, principalmente em matérias-primas de origem vegetal a granel, e que podem causar dano aos animais.
Enquanto perigos físicos há, igualmente, a considerar os resíduos de embalagens, que se constituem inclusive como matérias-primas proibidas em alimentação animal, podendo conter substâncias, incluindo corantes, bem como rótulos com tintas, que podem afetar a saúde animal.
2.1.2.1. Metais pesados e outros contaminantes inorgânicos
Entre os diversos contaminantes químicos, os metais pesados não só ameaçam a saúde animal e reduzem o desempenho da produção animal, mas também contaminam os géneros alimentícios de origem animal, representando potenciais riscos para os seres humanos.
Podendo estar presentes na alimentação animal através do meio ambiente, nomeadamente, nos solos, fertilizantes ou aditivos, a vigilância das concentrações de metais pesados na alimentação animal é fundamental para garantir a segurança alimentar.
O cádmio (Cd) é um metal tóxico, ubiquitário e muito estável no ambiente. Apesar de pouco abundante no seu estado puro, é um contaminante que está presente em muitos alimentos para animais e ingredientes alimentares, em particular minerais e forragens cultivadas perto de locais de indústrias metalúrgicas ou minas, bem como em aditivos pertencentes ao grupo funcional dos aglutinantes e em algumas matérias-primas de origem animal.
O arsénio (Ar) e o mercúrio (Hg) são metais pesados que estão disseminados no meio ambiente e que podem ser encontrados em muitos alimentos para animais, em particular nos de origem marinha. A toxicidade do arsénio apresenta diferenças importantes, conforme a sua apresentação seja na forma orgânica ou inorgânica. Enquanto os compostos orgânicos apresentam uma toxicidade muito reduzida, os efeitos adversos para a saúde animal e humana estão mais relacionados com a componente inorgânica. A forma que prevalece nas matérias-primas para alimentação animal é a orgânica, mas, uma vez que os dados apenas refletem o arsénio total, torna-se difícil quantificar a presença de arsénio inorgânico. O mercúrio está sobretudo presente nos produtos da pesca, sendo o metilmercúrio (MeHg) a forma química mais tóxica que pode constituir mais de 90 % do mercúrio total presente no peixe e no marisco.
O chumbo (Pb) é também um contaminante omnipresente. É um metal tóxico, amplamente utilizado no meio industrial, doméstico, farmacêutico, em construção civil e em mineração. O chumbo é considerado uma neurotoxina, pois caso esteja presente no organismo em concentrações críticas, interfere no metabolismo, causando sinais clínicos da doença conhecida como “saturnismo”, que nada mais é do que o envenenamento por chumbo.
A Tabela 1 resume os metais pesados mais relevantes, suas fontes e bioacumulação em tecidos animais.
Tabela 1. Metais pesados: ocorrência e toxicidade
METAIS
PESADOS
OCORRÊNCIA / TOXICIDADE
Ar Contaminante natural presente em matérias-primas de origem mineral, plantas marinhas, pescado, bivalves e produtos de aquicultura.
Intoxicações agudas – afetam sobretudo o trato gastrointestinal Cd
Contaminante natural presente em solos minerais (fontes de fosfatos e zinco), em forragens e cereais cultivados em áreas perto de indústrias metalúrgicas ou minas, ou quando o solo foi tratado com estrume, resíduos de esgotos ou lamas contaminadas, bem como com fertilizantes à base de fosfatos.
Intoxicações agudas – afetam sobretudo o trato gastrointestinal
Exposições prolongadas – acumulação nos rins e fígado Pb
Contaminante natural ou resultante de descargas industriais, presente em aditivos destinados à alimentação animal do grupo funcional dos oligoelementos, bem como em forragens e cereais por contaminação através do ar/água/solo.
Intoxicações agudas – afetam sobretudo o sistema nervoso, medula óssea e rins
Intoxicações crónicas – perda de apetite e enfraquecimento geral
Hg
Contaminante de origem industrial de solos e águas, que afeta secundariamente as culturas, forragens e organismos aquáticos.
Intoxicações agudas – afetam sobretudo o trato gastrointestinal
Exposições prolongadas – acumulação nos rins e fígado
Ainda enquanto contaminante inorgânico, também de referir o flúor. Sendo um elemento abundante na natureza presente em matérias-primas e na água de bebida, a sua presença em alimentos para animais deve ser limitada em regiões com elevadas concentrações, tendo em consideração os eventuais efeitos decorrentes de intoxicações agudas, nomeadamente, metahemoglobinémia em animais jovens.
2.1.2.2 Compostos azotados
Compostos azotados, como os nitritos e a melamina, constituem-se igualmente como contaminantes em alimentos para animais. Se no caso dos nitritos a contaminação pode ocorrer naturalmente no meio ambiente, já no caso da melamina, a contaminação ocorre por via fraudulenta, visto que esta substância não existe na natureza e a sua deteção nos alimentos decorre de uma adição intencional.
Os nitritos são compostos azotados originados através da ação de bactérias nitrificadoras, como um estado intermédio na formação de nitratos. Os alimentos para animais primários de origem vegetal, como as espécies forrageiras, constituem uma fonte natural de nitrito exógeno, cujas concentrações devem ser limitadas tendo em consideração a potencial toxicidade decorrente de uma ingestão excessiva e que se traduz em alterações dentárias e ósseas.
A melamina é uma substância química de síntese industrial, apresentando-se, geralmente, sob a forma de um pó branco. É um composto azotado muito utilizado na indústria para produção de materiais de plástico e de produtos antifogo e pode originar, por degradação microbiana, compostos estruturalmente relacionados, como o ácido cianúrico, a amelina e a amelida, que são tóxicos para os animais, conduzindo à formação de cristais com outras substâncias na urina e consequentes efeitos nocivos no aparelho urinário dos animais.
2.1.2.3.
As micotoxinas são metabolitos tóxicos produzidos na sua maioria por fungos dos géneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium e que têm capacidade de infetar as culturas, quer no campo, quer após a sua colheita, principalmente durante o período de armazenagem.
Nas últimas décadas, muitos estudos foram realizados em micotoxinas. As micotoxinas de ocorrência mais frequente (Aflatoxina B1,
Ocratoxina A, Zearalenona, Fumonisina B1 e B2, Deoxinivalenol, T-2 e HT-2) são atualmente consideradas pelos seus efeitos sobre a saúde e o bem-estar animal.
Apresentam um risco para a saúde humana e animal através da ingestão de alimentos e matérias-primas contaminados ou de alimentos compostos fabricados com matérias-primas contaminadas, acrescido do facto de terem uma ampla dispersão, estando espalhadas por todo o Mundo.
De seguida referem-se as principais micotoxinas com expressão em alimentação animal, a sua origem e as manifestações decorrentes da intoxicação pela ingestão de alimentos para animais por elas contaminados:
As regras de ouro de uma fitase:
•Resultados superiores devido a uma maior atividade a pH muito baixo: poupança superior nos custos de formulação e na produção animal.
•Melhorar a sustentabilidade: a sua utilização permite formular dietas sem P inorgânico.
•O produto de maior termoestabilidade do mercado, que resiste a condições extremas de processamento dos alimentos.
• Disponibilização de serviços de valor acrescentado, para uma melhor otimização dos alimentos.
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Tabela 2. Micotoxinas: Origem e toxicidade
MICOTOXINASORIGEM PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES
AFB1
Aspergillus sp.
OTA Aspergillus sp. Penicillium sp.
Efeitos hepáticos (hepatoxicidade e hepatocarcinogénese), efeitos carcinogénicos e teratogénicos, hemorragias, redução do crescimento, diminuição do desempenho, imunossupressão
Efeitos nefrotóxicos e carcinogénicos, enterites, efeitos teratogénicos, deficiente conversão alimentar, redução do crescimento, imunossupressão
ZEA Fusarium sp. Efeitos estrogénicos, problemas reprodutivos incluindo infertilidade e abortos
FB1+FB2 Fusarium sp. Edema pulmonar, efeitos neurotóxicos; nefro e hepatoxicidade, leucoencefalomalacia
DON Fusarium sp. Diminuição de ingestão de alimentos
T-2 e HT-2
Alcalóides da cravagem centeio
Fusarium sp. Problemas digestivos, hemorragias, ganho de peso reduzido, ação necrosante da pele e das mucosas, edema, crescimento lento, imunossupressão
Claviceps spp. Perturbações SNC; vasoconstrição, ganho de peso reduzido, problemas digestivos, convulsões, abortos
(Adaptado de: http://www.mycotoxins.info/myco_info/science_mygen.html)
No entanto, ao focarmo-nos no papel que as micotoxinas desempenham na segurança alimentar, deve ser dada especial atenção às micotoxinas que se sabe serem transferidas dos alimentos para animais para os géneros alimentícios de origem animal, uma vez que estes representam uma via significativa de exposição para os humanos. A comunidade científica sabe que ocorrem as seguintes transferências dos alimentos para animais para os géneros alimentícios: i) Aflatoxina B1 para o fígado; ii) Aflatoxina B1 para leite como Aflatoxina M1; iii) Aflatoxina B1 para os ovos como aflatoxicol; iv) Ocratoxina A para carne; v) Desoxinivalenol para carne como DOM1; vi) Zearalenona para carne como zearalenol. No entanto, a estimativa da taxa de transferência e vias de exposição em humanos, está limitado à Aflatoxina B1 para espécies animais produtoras de leite.
2.1.2.4. Dioxinas e soma de dioxinas e de PCB sob a forma de dioxina
Devido à presença omnipresente de dioxinas no meio ambiente, a ameaça de contaminação dos alimentos para animais pode ter origem em muitas fontes diferentes. Desde a crise das dioxinas na Bélgica em 1999, que as dioxinas se tornaram de relevância para a segurança dos alimentos para animais.
Desde então, foram relatados numerosos casos de contaminação envolvendo dioxinas de fontes inesperadas. Isto demonstrou que as dioxinas podem ser inerentes a um produto (por exemplo, argila caulinitica), ou introduzidas durante o processamento (por exemplo, óxido de cálcio contaminado em polpa de citrinos). As dioxinas podem ser introduzidas igualmente quando combustíveis fósseis são utilizados na secagem de produtos alimentares; por exemplo, madeira tratada, carvão de má qualidade ou óleo combustível contaminado. As dioxinas também foram reconhecidas por contaminar culturas forrageiras cultivadas na proximidade de certos processos industriais (por ex. incineradores).
As dioxinas e os PCB sob a forma de dioxina são dois grupos de compostos tóxicos, compreendendo ambos um número diversificado de congêneres. Cada congênere tem a sua própria toxicidade expressa em equivalente tóxico (TEF).
É reconhecido que a maior parte da exposição humana às dioxinas resulta do consumo de géneros alimentícios de origem animal, que por sua vez resultam do recurso a alimentos para animais contaminados.
Enquanto que os PCB são classificados como potencialmente carcinogénicos, as dioxinas estão classificadas como carcinogénicas, e acumulam-se na gordura em níveis elevados, pelo que teores extremamente baixos de dioxinas na alimentação dos animais, pode tornar-se significativo ao longo da vida de um animal e dar origem a resíduos inaceitáveis nos respetivos géneros alimentícios destinados ao consumo humano.
Foram desde já desenvolvidos modelos tóxico-cinéticos para calcular as taxas de transferência de dioxinas para os tecidos animais. Neste sentido, a adoção de controlos de dioxinas na alimentação animal representa um passo importante para a redução de dioxinas na cadeia alimentar. Em particular, programas de monitorização indicaram que as dioxinas podem surgir nos alimentos para animais devido à sua presença em fontes minerais, como argilas, sulfato de cobre e óxido de zinco recuperados, bem como os coprodutos da indústria agroalimentar, tais como os produtos derivados de óleos vegetais, exceto destilados de ácidos gordos da refinação física, os produtos derivados de óleos e gorduras, a mistura de gorduras e os produtos derivados do peixe como farinha e óleo de peixe. Consideram-se igualmente como de risco, a indústria do biodiesel e a indústria oleoquímica que venham a colocar alimentos para animais no mercado.
2.1.2.5. Pesticidas organoclorados
Os contaminantes orgânicos que pertencem a este grupo são compostos organoclorados, mais propriamente pesticidas que eram vulgarmente utilizados na agricultura e na indústria. Algumas preocupações com a utilização destes produtos devido à sua toxicidade, a sua persistência no ambiente e a sua capacidade de se acumularem na cadeia agroalimentar, acabaram por levar à proibição destas substâncias na UE. Contudo a sua utilização contínua em alguns países exportadores, com possível presença destes pesticidas organoclorados no ambiente, pode causar exposição dos animais através dos seus alimentos, com acumulação nos tecidos adiposos dos animais que sejam alimentados com alimentos contaminados. Embora os animais geralmente não apresentem sintomas clínicos específicos de contaminação, os pesticidas organoclorados estão identificados como potencias responsáveis por efeitos tóxicos nos animais e seres humanos, principalmente nos sistemas nervoso central e periférico, imunológico, endócrino, e reprodutivo, sendo que a maioria deles são potencialmente carcinogénicos, e outros comprovadamente carcinogénicos. Géneros alimentícios de origem animal, como a carne, podem acumular aquelas substâncias, que são extremamente persistentes e de decomposição lenta, podendo causar questões de segurança alimentar para o Homem.
Estamos aqui para o ajudar a concretizar a ambição de crescer.
Temos um conhecimento profundo de nutrição e produção animal, sustentado em 100 anos de experiência, na presença em 75 países e numa forte aposta em Investigação.
Como seu parceiro de negócio, queremos ser a força motriz do seu crescimento, através das melhores soluções nutricionais e mais sustentáveis práticas de maneio.
Desta forma, cumprimos a nossa missão de alimentarmos animais saudáveis com responsabilidade.
De Heus, ao serviço da nutrição dos seus animais.
2.1.2.6.
O rendimento da produção vegetal é permanentemente afetado por organismos prejudiciais, pelo que é essencial proteger as plantas e os produtos vegetais contra esses organismos. Existem diferentes métodos para atingir este fim, incluindo métodos não químicos, práticas como a utilização de variedades resistentes, a rotação de culturas, a sacha mecânica, o controlo biológico, e métodos químicos, como a utilização de produtos fitofarmacêuticos.Esta última constitui-se como um dos métodos mais comuns de proteção das plantas e dos produtos vegetais dos efeitos de organismos nocivos. Embora o controlo químico tenha reduzido o índice de doenças para homens e animais e incrementado a produção agrícola, esses agentes químicos podem permanecer ativos no meio ambiente por longos períodos, afetando os ecossistemas. Os efeitos desses agentes ao longo do tempo representam um grande risco para a saúde pública. O aparecimento de resíduos de pesticidas em géneros alimentícios de origem animal pode ocorrer do recurso a alimentos para animais contaminados, incluindo as pastagens, ou do tratamento de ectoparasitas com pesticidas aplicados em desrespeito pelas boas práticas agrícolas.
Há, assim, que assegurar que os resíduos de pesticidas organofosforados não estejam presentes em níveis que representem um risco inaceitável para os seres humanos e, sempre que relevante, para os animais.
2.1.2.7. Substâncias perfluoroalquiladas (PFAS)
Os PFAS são poluentes químicos nocivos para a saúde, e são principalmente ingeridos através da água e dos alimentos. Os PFAS são amplamente utilizados em aplicações industriais e domésticas que incluem revestimentos resistentes a nódoas a utilizar em tecidos e alcatifas, revestimentos resistentes a óleo destinados a produtos de papel aprovados para contacto com alimentos, espumas de combate ao fogo, tensioativos para minas e poços de petróleo, pomadas para soalhos e formulações de inseticidas.
A contaminação dos alimentos com estas substâncias é o resultado da bioacumulação nas cadeias alimentares aquáticas e terrestres, e da utilização de materiais em contacto com os alimentos contendo PFAS, contribuindo para a exposição animal e humana. O ácido perfluorooctanoanossulfónico (PFOS) e o ácido perfluoro-octanoico (PFOA) e os seus sais são os PFAS que se encontram nos alimentos e nos seres humanos na maior concentração e que têm sido amplamente utilizados industrialmente devido à sua estabilidade química e térmica. Estas substâncias são muito persistentes no ambiente. É esperada uma futura Recomendação da Comissão relativa ao controlo da presença de substâncias perfluoroalquiladas nos alimentos para animais.
2.1.2.8. Toxinas vegetais inerentes e impurezas botânicas prejudiciais
As toxinas vegetais são metabolitos secundários tóxicos produzidos por algumas plantas como defesa natural contra animais herbívoros, microrganismos, insetos ou outras plantas. Estas toxinas têm efeitos nocivos e repelentes e podem acumular-se em várias partes da planta
(folhas, sementes, flores, raízes). Por conseguinte, as toxinas vegetais podem ocorrer naturalmente nas matérias-primas para a alimentação animal e quando ingeridas pelos animais, quer em pastoreio, quer nos alimentos que lhe são fornecidos, podem ser tóxicas e afetar a sua saúde e bem-estar.
Tabela 3. Toxinas vegetais inerentes e matérias-primas de risco para alimentação animal
TOXINAS VEGETAIS INERENTES
Gossipol
Ácido cianídrico
Teobromina
Sementes de algodão e seus derivados
Sementes de linho e derivados, mandioca e derivados da amêndoa
Sementes de cacau
Viniltiooxazolidona Crucíferas
Essência volátil de mostardaColza e algumas variedades de mostarda
De igual relevância, são várias as espécies vegetais infestantes das culturas agrícolas que possuem características tóxicas, quer para o Homem, quer para os animais. A sua presença enquanto impurezas botânicas nos campos de cultivo ou nas suas proximidades, constitui um risco de contaminação dos produtos agrícolas. Com maior ou menor gravidade, a sua presença enquanto contaminantes nos alimentos para animais, podem influenciar a saúde e bem-estar dos animais, conduzindo a perdas de rendimento ou mesmo a distúrbios reprodutivos dos animais. Estas intoxicações, por poderem originar contaminações nos géneros alimentícios de origem animal, podem também de forma indireta afetar os seres humanos. Importa, portanto, conhecer as principais impurezas botânicas prejudiciais, o seu melhor maneio e controlo no sentido de minimizar os efeitos potencialmente nefastos na saúde e bem-estar animal.
As espécies de maior preocupação face à sua dispersão, quer nos campos de cultivo e pastagens quer nas suas proximidades, encontram-se identificadas na tabela que se segue.
Tabela 4. Impurezas botânicas de risco para alimentação animal
IMPUREZAS BOTÂNICAS PREJUDICIAIS
Sementes de infestantes e frutos não moídos nem esmagados que contenham alcalóides, glucósidos ou outras substâncias tóxicas, isoladas ou combinadas, incluindo Datura sp. Crotalaria spp.
Sementes e casca de Ricinus communis L., Croton tiglium L. e Abrus precatorius L., bem como os seus derivados transformados, isolados ou combinados
Faia não descorticada – Fagus silvatica L.
Purgueira – Jatropha curcas L.
Mostarda – Brassica sp.
Sementes de Ambrosia spp.
2.1.2.9. Medicamentos veterinários e outras substâncias farmacologicamente ativas
Os medicamentos veterinários podem ser um risco potencial para a segurança alimentar e devem ser utilizados de acordo com as adequadas regras da UE sobre o seu fabrico, comercialização e utilização, incluindo os alimentos medicamentosos.
Os resíduos de medicamentos veterinários podem estar presentes em alimentos para animais, quando são utilizados ingredientes de origem animal (terrestres e aquáticos), embora esta não seja uma opção muito significativa de exposição. Mais frequente é a presença de medicamentos veterinários decorrente de arrastamento inevitável numa mesma linha de produção e que ocorre na sequência da produção de alimentos medicamentosos.
Há que ter, igualmente, em consideração os resíduos de coccidiostáticos decorrentes de arrastamento inevitável nos sistemas de produção de alimentos compostos para animais, cujo impacto na segurança dos alimentos não visados representa um risco para a saúde dos animais, bem como na segurança dos géneros alimentícios de origem animal produzidos e consequentemente para o consumidor.
O arrastamento ou contaminação cruzada de substâncias farmacologicamente ativas durante a produção, processamento, transporte ou armazenamento, é igualmente um problema de disseminação da resistência aos antimicrobianos (RAM).
Há ainda algumas evidências que sugerem que os antibióticos utilizados no processo de fermentação para controlar a contaminação microbiológica durante o processamento de grãos para produção de etanol, podem concentrar-se nos Dreches Secos e Solúveis da Indústria da Destilação (DDGS).
Também é importante ter em conta o uso ilegal de substâncias proibidas na alimentação animal, com efeito promotor de crescimento, e que pode resultar em resíduos perigosos na carne, leite ou ovos (por exemplo, beta agonistas em bovinos e suínos, quinoxalinas em aves, cloranfenicol/nitrofuranos em camarões e cloranfenicol em leite em pó).
2.1.3.1. Bactérias
As primeiras fontes de perigos microbiológicos na alimentação animal estão associadas a pastagens contaminadas, forragens, bem como matérias-primas de origem animal e vegetal fornecidas diretamente aos animais. Contudo, a entrada de ingredientes contaminados numa fábrica de alimentos compostos para animais, bem como um ineficaz processamento, também vai conduzir à contaminação cruzada e pôr em causa a segurança dos produtos finais. Na realidade os agentes zoonóticos são os principais contaminantes de natureza microbiológica que podem ocorrer nos alimentos para animais e afetar a saúde e bem-estar dos animais, bem como representar uma fonte de contaminação para os géneros alimentícios de origem animal e subsequente risco para a saúde pública.
2.1.3.1.1. Salmonella
A Salmonella ainda é motivo de preocupação para a saúde humana em todo o mundo. Está demonstrado que a infeção em animais tem um impacto direto nos seres humanos devido à sua transmissão através dos géneros alimentícios de origem animal. Um alimento para animais contaminado pode representar uma forma importante de exposição à salmonela. Contudo a serotipificação é imprescindí-
vel para permitir a adequada correlação com as estirpes de impacto em saúde humana e animal.
2.1.3.1.2. Brucella
Nos países em que a Brucella é endémica, as pastagens podem ser contaminadas pelos ruminantes que abortam ou parem as suas crias, já que as placentas dos animais infetados contêm níveis elevados daquela bactéria. Os animais de leite ao ingerirem aquelas pastagens contaminadas podem excretar o microrganismo para o leite.
2.1.3.2. Endoparasitas
Os parasitas são organismos que vivem sobre (ectoparasitas) ou no interior (endoparasitas) de outro organismo (o hospedeiro), beneficiando desta associação. Alguns endoparasitas que afetam os animais constituem-se como perigo de saúde pública. Algumas formas vivas destes organismos podem contaminar, através de animais infetados, as pastagens e forragens e os respetivos alimentos para animais. De relevância, considera-se a Trichinella spiralis, o Toxoplasma gondii e a Taenia solium
A ingestão de alimentos contaminados por animais produtores de géneros alimentícios, podem conduzir à presença de cistos infeciosos em tecidos edíveis com consequente risco para o homem, especialmente se não for considerado um tratamento térmico adequado antes do consumo e, sempre que aplicável, inspeção sanitária adequada aquando ao abate.
2.1.3.3 Priões
Os priões são agentes infeciosos compostos por proteínas com forma aberrante.
Os priões são responsáveis por encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET) em diversos mamíferos, incluindo a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) em bovinos e a nova variante da doença de Creutzfeldt-Jacob em humanos. A contaminação de géneros alimentícios de origem animal pode ocorrer através da ingestão de alimentos para animais produzidos com material de carcaças infetadas, tendo sido a respetiva transferência já demonstrada.
Por conseguinte, devem ser tomadas medidas para prevenir a transmissão de EET aos seres humanos ou animais, proibindo a alimentação com algumas proteínas animais de certas espécies/categorias animais e proibindo a utilização de certos materiais prevenientes de ruminantes na alimentação dos animais. Essas proibições devem ser proporcionais aos riscos envolvidos.
O Feed Ban é atualmente uma medida preventiva de combate a determinadas EET e consiste na proibição do uso de proteínas de origem animal na alimentação dos animais de criação produtores de géneros alimentícios. No entanto, estão previstas algumas derrogações com base no parecer científico da Agência Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) e no desenvolvimento e validação de métodos de análise para controlo adequado, as quais autorizam atualmente a utilização de algumas proteínas animais em espécies e / ou categorias animais específicas, de acordo com a seguinte tabela:
Tabela 5. Proteínas animais interditas em alimentação animal e respetivas derrogações em função das espécies animais de destino
BOVINOSPEQUENOS RUMINANTES
PAT (Ruminantes)
PAT (Não Ruminantes, excepto farinha de peixe e farinha de sangue)
PAT (Insetos de criação)
GELATINA & COLAGÉNIO (Ruminantes)
GELATINA & COLAGÉNIO (Não Ruminantes)
PDS (Ruminantes)
PDS (Não Ruminantes)
FARINHA SANGUE (Não Ruminantes)
PROTEINAS HIDROLISADAS ( Não Ruminantes)
PROTEINAS HIDROLISADAS (Couros e peles de ruminantes)
PROTEINAS HIDROLISADAS (outras que de não ruminantes ou couros e peles de ruminantes)
FARINHA PEIXE SÓ LEITES SUBSTITUIÇÃO SÓ LEITES SUBSTITUIÇÃO
FOSFATO DI E TRICÁLCICO
LEITES E DERIVADOS
OVOS E OVOPRODUTOS
SÓ AVESSÓ SUÍNOS
SÓ MONOGÁSTRICOS
PROIBIDA RECICLAGEM INTRA-ESPÉCIES
PROIBIDA RECICLAGEM INTRA-ESPÉCIES
Proteínas Animais transformadas; PDS - Produtos derivados do sangue
PROIBIDO
Serviços
Laboratoriais
Análise Nutricional
Serviços de Diagnóstico
Produtos
Pré-misturas
Alimentos Complementares
Serviços Técnicos Veterinários
Serviços de Formulação
Assistência Veterinária
Apoio Técnico a Explorações
Controlo de Especi cações: - Matérias-primas - Pré-misturas
- Alimentos para Animais
Avaliação de Processos de Fabrico: - Homogeneidade de Misturas
- Avaliação de Contaminações
- Monitorização de Matérias primas
- Monitorização de Alimentos para Animais
3. Prevenção de Contaminantes em Alimentação Animal
Os operadores do setor dos alimentos para animais devem cumprir os requisitos de higiene e demais disposições legalmente estabelecidas, incluindo, sempre que aplicável, a implementação de sistemas de “Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo “(APPCC) adequados, com vista a eliminar a presença de contaminantes, ou reduzi-la para níveis aceitáveis de acordo com limites máximos admissíveis estabelecidos, em função da sua toxicidade aguda, capacidade de bioacumulação e de degradação, por forma a evitar efeitos indesejáveis ou prejudiciais e garantir a segurança dos alimentos para animais que produzem e/ou colocam no mercado.
3.1. Boas Práticas Agrícolas e Disposições sobre Higiene a nível da Produção Primária
A produção primária de alimentos para animais inclui a produção e colheita de produtos agrícolas que apenas são submetidos a um simples tratamento físico, como a limpeza, a embalagem, o armazenamento, o transporte e a secagem natural ou a ensilagem. Importa assim prevenir a contaminação inicial, mediante a implementação de boas práticas agrícolas, incluindo as relevantes disposições legais sobre higiene e adequada conservação de registos das medidas adotadas para controlar corretamente os perigos.
3.2. APPCC e Controlo de Qualidade na Indústria de Alimentos para Animais
A nível da transformação de alimentos para animais, os operadores devem cumprir os requisitos de higiene legalmente estabelecidos e tomar as medidas de carácter técnico ou organizativo a fim de evitar ou reduzir ao mínimo, conforme necessário, os erros e as contaminações cruzadas. Devem, assim, assegurar os meios suficientes e adaptados para implementação e manutenção de registos dos sistemas de APPCC, com identificação e monitorização dos riscos pertinentes no âmbito das operações realizadas, bem como dos sistemas de controlo de qualidade que incluam testes rigorosos das matérias-primas e outros ingredientes rececionados, para além dos eventuais produtos intermédios e dos produtos finais acabados.
Deverá ser vigiada a presença de alimentos proibidos para a alimentação animal, de substâncias indesejáveis e de outros contaminantes para a saúde humana e animal, e deverão estabelecer-se estratégias de controlo adequadas para minimizar os riscos. Os resíduos e os materiais não adequados para a alimentação animal devem ser isolados e identificados. Todos os materiais deste tipo que contenham níveis perigosos de medicamentos veterinários, contaminantes ou outros fatores de perigo, deverão ser destruídos de forma adequada e não utilizados como alimentos para animais.
4. Regulamentação e Monitorização
A UE estabeleceu regulamentação abrangente para a prevenção de contaminantes em alimentos para animais, incluindo limites máximos admissíveis e valores de orientação para substâncias indesejáveis em alimentação animal, níveis máximos específicos de contaminação cruzada por substâncias ativas antimicrobianas em alimentos para animais não visados, regras para prevenção e erradicação de
determinadas encefalopatias espongiformes transmissíveis, medidas restritas para a utilização de alimentos para animais geneticamente modificados, bem como padrões de segurança adequados. Também foram estabelecidas regras específicas de rotulagem dos alimentos para animais e outras formas de informação, na perspetiva da relevante informação ao consumidor.
A adoção de critérios microbiológicos específicos é responsabilidade dos diversos Estados-membros.
A monitorização constante é essencial para garantir a conformidade, estando sob a responsabilidade dos diversos Estados-membros a implementação de controlos oficiais que visam:
• Constatar o cumprimento da legislação em vigor;
• Acautelar a segurança e salubridade dos alimentos para animais;
• Prevenir, eliminar ou reduzir para níveis aceitáveis os perigos para os seres humanos e para os animais, quer se apresentem diretamente ou através do ambiente;
• Garantir práticas leais no comércio dos alimentos para animais;
• Defender o interesse dos consumidores, incluindo a rotulagem dos alimentos para animais e outras formas de informação.
Apresentam-se de seguida os dados relativos aos planos de Controlo Oficial da Alimentação Animal (CAA) entre os anos 2020 a 2022, em que se salientam as determinações efetuadas no âmbito da monitorização de contaminantes em alimentação animal, com vista a garantir a segurança dos alimentos para animais produzidos e/ou colocados no mercado nacional.
Tabela 6. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Natureza do controlo e respetivas não conformidades detetadas TIPO
Produção primária: Explorações Aquaculturas
Industriais Alimentos Compostos Industriais (FAM)
(FAM)
Intermediários (DGAM)
0170 53 0420 57 35450 9 11 3 Importadores
CD – Controlo documental; CF – Controlo físico; NC – Não conformidade
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Tabela 7. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Pesquisa de Salmonelas
Ano Pesquisa de Salmonella Nº total Nº amostras conformes Nº Amostras Positivas Serotipos
2020 280 279 1 S. Agbeni
2021 412 409 3 S. Offa; S. Mbandaka
2022 218 217 1 S. Havana
Tabela 8. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Pesquisa de Aflatoxinas
Ano Pesquisa de Aflatoxinas (B1+B2+G1+G2) Nº total Nº Amostras
* Limite Máximo Admissível (LMA) estabelecido pela Dir. 2002/32/CE
Tabela 9. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Pesquisa de outras micotoxinas
Tabela 13. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Pesquisa de constituintes de origem animal
Ano Pesquisa de constituintes de origem animal (Feed ban) Nº total Nº Amostras conformes Nº Amostras não conformes
5. Conclusão
A segurança dos alimentos para animais desempenha um papel fundamental na segurança alimentar global. A UE estabeleceu regulamentos rigorosos para garantir que a alimentação animal seja segura e livre de contaminantes prejudiciais. A prevenção, monitorização e cumprimento dessas disposições regulamentares são essenciais para proteger a saúde e bem-estar animal, a saúde humana, o meio ambiente e consequentemente permitir o reconhecimento e confiança da indústria agroalimentar por parte dos consumidores. É necessária uma abordagem integrada para garantir a segurança dos alimentos para animais desde a sua produção primária até à sua colocação no mercado ou à sua exportação.
2020 3236033-38351,5 – 2,41918100
2021 653604-57-35937250,22-3,1352925-40
2022 77-52190-3193118 0,21-0,79 211627-64
* Valores abaixo dos Valores de Orientação previstos pela Recomendação 2006/576 da Comissão
Tabela 10. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Pesquisa de resíduos de pesticidas e dioxinas
Nº Amostras conformes Nº Amostras não conformes (*)
total Nº Amostras conformes Nº Amostras não conformes (**) Nº total Nº Amostras conformes Nº Amostras não conformes (*)
2020 232300--660
2021 282800--220 2022 292901082550
* Valores acima dos Limites Máximos Admissíveis (LMA) estabelecidos pela Dir. 2002/32/CE
** Valores acima dos Limites Máximos Resíduos (LMR) estabelecidos pelo Reg. (CE) 396/2005
Tabela 11. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Pesquisa de resíduos de coccidiostáticos em alimentos não-alvo
Ano
Pesquisa de Resíduos de coccidiostáticos (alimentos não-alvo)
Nº total Nº Amostras conformes Nº Amostras não conformes (*)
* Valores acima dos Limites Máximos Admissíveis (LMA) estabelecidos pela Dir. 2002/32/CE
Tabela 12. Controlo oficial da alimentação animal 2020-2022: Pesquisa de inibidores de antimicrobianos em alimentos não-alvo
Ano
Pesquisa de Inibidores de antimicrobianos (alimentos não-alvo)
Nº total Nº Amostras conformes Nº Amostras não conformes (*)
12
* Valores > 1% da dose mínima estabelecida para o princípio ativo do antimicrobiano em causa
A produção primária de alimentos para animais deve, desde logo, considerar boas práticas agrícolas, respeitando um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas orientadas essencialmente de forma a salvaguardar a saúde humana, proteger o meio ambiente e melhorar as condições de trabalho dos produtores. Acrescem os requisitos de higiene previstos pela legislação em vigor e que se constituem como obrigatórios para que os produtores primários, mediante a adoção das relevantes medidas para controlo de perigos, possam garantir que os produtos primários de alimentos para animais sejam produzidos, preparados, limpos, embalados, armazenados e transportados sob sua responsabilidade e estejam protegidos contra a contaminação e a degradação. Igual relevância deve ser dada à conservação de registos das medidas adotadas para controlar corretamente os perigos durante um período adequado, tendo em conta a natureza e as dimensões de cada empresa. Sempre que aplicável, o cumprimento de eventuais Guias de Boas Práticas para o controlo de perigos na produção primária de alimentos para animais, deve ser considerado. Ao alimentarem animais produtores de géneros alimentícios, os produtores pecuários mais devem respeitar as boas práticas de alimentação de animais legalmente estabelecidas. Os operadores do setor dos alimentos para animais que desenvolvam atividade que não a nível da produção primária devem cumprir os requisitos de higiene legalmente previstos para instalações, equipamento, pessoal, produção, controlo de qualidade, armazenamento e documentação, bem como as demais obrigações legais em vigor, incluindo a implementação de adequado sistema de APPC para avaliação de risco formal, com o objetivo de identificar e controlar os perigos que podem afetar negativamente a segurança dos alimentos para animais produzidos e/ou colocados no mercado. O sistema APPCC no setor dos alimentos para animais deve ter em consideração os princípios contidos no Codex Alimentarius, mas deve permitir uma flexibilidade suficiente em todas as situações. A gestão do risco deve ser suportada por um adequado plano de controlo de qualidade que abranja nomeadamente o controlo dos pontos críticos durante o processo de fabrico, os processos e a frequência das amos-
tragens, os métodos e a frequência das análises, o respeito das especificações, desde os alimentos recebidos até aos produtos acabados, e o respetivo destino em caso de não conformidades.
Mais deve ser garantido que todas as informações relacionadas com a aquisição, fabrico, armazenamento e expedição de alimentos para animais estejam registadas e prontamente disponíveis e possam ser compatibilizadas para permitir a completa rastreabilidade dos produtos.
Bibliografia
D.L. N.º 76/2003 de 19 de abril, que adota medidas complementares de luta contra a encefalopatia espongiforme no domínio da alimentação animal; Diretiva 2002/32/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 7 de maio, relativa às substâncias indesejáveis em alimentos para animais; FAO and IFIF. 2010. Good practices for the feed industry – Implementing the Codex Alimentarius Code of Practice on Good Animal Feeding. FAO Animal Production and Health Manual No. 9. Rome.
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/26397/1/P.%20Pedag%C3%B3gica-Toxicidade%20das%20Plantas.pdf
https://www.dgav.pt/alimentos/conteudo/alimentos-para-animais/garantir-a-qualidade-e-a-seguranca-dos-alimentos-para-animais/seguranca-quimica-e-microbiologica/pesticidas/ https://www.merieuxnutrisciences.com/pt/nova-recomendacao-da-ue-sobre-o-controlo-de-substancias-perfluoroalquilicas-pfas-em-alimentos-para-consumo-humano-e-animal-incluindo-metodos-de-amostragem-e-de-analise/
J.M.Nunes da Costa, “Contaminantes em alimentação animal – Disposições regulamentares”, Seminário “Contaminantes Alimentares: Impacto na Alimentação e no Ambiente, Escola Universitária Vasco da Gama, março, 2013;
M. J. Fradinho, “Análise e resultados do Controlo Oficial”, Seminário Segurança Alimentar: “O impacto das contaminações cruzadas na estratégia – Uma só saúde”, Auditório DGAV, Oeiras, abril, 2023;
Recomendação 2006/576 da Comissão, de 17 de agosto, sobre a presença de Desoxinivalenol, Zearalenona, Ocratoxina A, Toxinas T-2 e HT-2 e Fumonisinas em produtos destinados à alimentação animal;
Recomendação 2016/1319 da Comissão de 29 de julho que altera a Recomendação 2006/576/ CE no que diz respeito ao desoxinivalenol, à zearalenona e à ocratoxina A nos alimentos para animais de companhia;
Recomendação da Comissão 2010/161/EU de 17 de março de 2010, relativa ao controlo da presença de substâncias perfluoroalquiladas nos alimentos;
Recomendação da Comissão 2013/165/EU, de 27 de março, relativa à presença das toxinas T-2 e HT-2 em cereais e produtos à base de cereais;
Regulamento (CE) N.º 1069/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, que define regras sanitárias a subprodutos animais e produtos derivados não destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) N.º 1774/2002 (regulamento relativo aos subprodutos animais);
Regulamento (CE) N.º 152/2009 da Comissão, de 27 de janeiro, que estabelece os métodos de amostragem e análise para o controlo oficial dos alimentos para animais;
Regulamento (CE) N.º 178/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro, que determina os princípios e normas gerais da legislação alimentar e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios;
Regulamento (CE) N.º 183/2005 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de janeiro, que estabelece os requisitos de higiene dos alimentos para animais;
Regulamento (CE) N.º 1831/2003, de 22 de setembro, do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo aos aditivos destinados à alimentação animal;
Regulamento (CE) N.º 396/2005 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de fevereiro, relativo aos limites máximos de resíduos de pesticidas no interior e à superfície dos géneros alimentícios e dos alimentos para animais, de origem vegetal ou animal;
Regulamento (CE) N.º 767/2009 de 13 de julho, do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo à comercialização e utilização de alimentos para animais;
Regulamento (CE) N.º 999/2001 de 22 de maio, do Parlamento Europeu e do Conselho, que estabelece regras para a prevenção, o controlo e a erradicação de determinadas encefalopatias espongiformes transmissíveis;
Regulamento (UE) 2017/625 do Parlamento Europeu e do Conselho de 15 de março relativo aos controlos oficiais e outras atividades oficiais que visam assegurar a aplicação da legislação em matéria de géneros alimentícios e alimentos para animais e das regras sobre saúde e bem-estar animal, fitossanidade e produtos fitofarmacêuticos;
Regulamento (UE) N.º 142/2011 da Comissão, de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) N.º 1069/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitárias relativas a subprodutos animais e produtos derivados não destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva 97/78/CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinários nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva; Regulamento (UE) N.º 2019/4 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2018, relativo ao fabrico, colocação no mercado e uso de alimentos medicamentosos.
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A resistência aos antimicrobianos (RAM), representa uma crise de emergência global que afeta todos: seres humanos, animais, plantas e o ambiente. Como tal, é determinante uma abordagem holística para o avanço no seu combate, na mitigação dos seus efeitos, e antes demais, na prevenção da sua ocorrência. Esta abordagem é a Uma Só Saúde (One Health). Os antimicrobianos (AM) incluem um vasto leque de substâncias, desde os antibióticos, aos antivirais, antifúngicos e antiparasitários, universalmente utilizadas tanto nos seres humanos, como nos animais designadamente na pecuária e aquacultura, e ainda, na produção agrícola. Destacam-se os antibióticos, cuja descoberta e utilização revolucionou a medicina humana desde a década de 1940 e sobre os quais existem as maiores evidências de desenvolvimento de resistências.
Atualmente, 1 em cada 5 infeções é causada por bactérias resistentes ao tratamento, reconhecendo-se que sem antibióticos, as mais simples ações médicas poderão tornar-se atos de elevado risco para a vida de pessoas e animais.
A RAM é um processo natural e adaptativo que ocorre nos microrganismos, através de diversos mecanismos, como mutações genéticas. A exposição repetida a um antibiótico pode promover a capacidade de sobrevivência, por exemplo, de bactérias patogénicas, capazes de causar infeções. Embora de base multifatorial, um dos grandes determinantes para a ocorrência da resistência é a utilização incorreta (excessiva e irresponsável) dos medicamentos com antimicrobianos, tanto em humanos como em animais. Nesta “pandemia silenciosa”, o ambiente, não fica de fora tal como a segurança dos alimentos.
A abordagem “Uma Só Saúde” pela sua intervenção holística, atuação intersectorial e transdisciplinar é reconhecida como uma diretriz que poderá, na sua essência, pela forma integrada e inclusiva, colaborativa e cooperante ter um impacto positivo no combate à RAM. Os seres humanos, os animais, as plantas e o ambiente estão interligados e são indivisíveis, a todas as escalas – local, regional e mundial,
a partir de todos os setores, partes interessadas e instituições. A monitorização, vigilância e controlo de agentes infeciosos que podem cruzar espécies e barreiras ambientais são imperativas, sendo a prevenção o epicentro da ação necessária para a mitigação da RAM.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) inclui a RAM entre as dez principais ameaças à saúde mundial. Estima-se que a resistência aos antibióticos tenha sido diretamente responsável por 1,27 milhões de mortes a nível mundial em 2019 e contribuído para 4,95 milhões de mortes. Em 2050 os especialistas preveem um total de 40 000 mortes por ano devido a infeções que outrora eram facilmente curáveis. Esta problemática impacta, concomitantemente, o desenvolvimento económico e a equidade nas sociedades. O Banco Mundial estima que a RAM pode resultar em custos adicionais nos cuidados de saúde de mais ou menos mil milhões de euros até 2050, em perdas entre, aproximadamente, 1 e 3,1 mil milhões de euros/ano de PIB até 2030, além de empurrar mais 24 milhões de pessoas para a pobreza extrema. Apesar de afetar transversalmente diferentes países de rendimentos distintos, a pobreza, a falta de saneamento e a falta de higiene agravam substancialmente a RAM.
Distinguem-se três cadeias de valor, no setor económico que impactam profundamente a evolução e propagação da RAM:
Produção de produtos farmacêuticos e outros produtos químicos.
Agricultura e alimentação, incluindo a produção de animais terrestres, a aquicultura e as culturas alimentares.
Prestação de cuidados de saúde em hospitais, instalações médicas, instalações de cuidados de saúde comunitários e em farmácias, onde é utilizada uma série de produtos químicos e desinfetantes.
Adicionalmente, más condições de saneamento, águas residuais e efluentes associados a sistemas
de resíduos humanos e animais, como as águas residuais municipais, impactam também a evolução desta problemática.
É, imperativo reconhecer que a RAM requer uma ação urgente e imediata para salvaguardar a capacidade de tratamento de doenças nos humanos e nos animais; sendo igualmente importante nas questões da segurança alimentar, no apoio a um desenvolvimento económico próspero e igualitário, na proteção do ambiente e da biodiversidade e para a prossecução dos objetivos de desenvolvimento sustentável da agenda 2030. E uma vez mais, destacar, dentro da RAM, a resistência aos antibióticos, pelo risco global imediato, que já coloca muitas vidas em risco. A ação sobre a utilização consciente de antibióticos é uma necessidade transversal à sociedade.
São Quatro as organizações líderes que operam no sistema multilateral em matéria de saúde humana, animal, vegetal e ambiental (Quadripartide): (1) Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), (2) Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), (3) Organização Mundial de Saúde (OMS) e (4) Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), e que procuram, no seu conjunto, potenciar a cooperação internacional com vista a uma operacionalização da abordagem Uma Só Saúde e no particular, daquilo que possa ser o combate à RAM. Das várias ações do Quadripartide, salienta-se o Plano de Ação Conjunto “Uma Só Saúde”, sendo a RAM um dos seis eixos de ação. Refira-se que em Portugal, a DGAV segue antes demais, as políticas e orientações da União Europeia nesta matéria, assentes no apoio científico da EFSA, EMA e ECDC, tendo em conta as abordagens sugeridas pelo Quadripartite A Agenda de Inovação para a Agricultura 20-30, visando uma agricultura mais inovadora, eficiente e sustentável na promoção do bem-estar e sustentabilidade da sociedade portuguesa, e os instrumentos financeiros do Plano de Recuperação e Resiliência, concederam o propósito e os meios para que a DGAV com diversos parceiros como evidencia a tabela abaixo, do setor publico e privado, do setor produtivo e académico integrasse, um projeto de Investigação para a RAM: o HubRAM. De cariz transetorial e multidisciplinar, este projeto caracteriza-se por articular diversas áreas e disciplinas como a biotecnologia, bioinformática, BIGDATA, ciências agrárias e biossegurança.
Entidade Coordenadora Associações de setor Academia e Investigação Parceiros Digitais
Explorações pecuárias
Centro de competências
DGAV IACA INIAV AYA Identificadas pelas associações do setor Inovtechagro FPAS ICBASNOMAD FMV
O HubRAM tem dois objetivos fulcrais: (1) contribuir para a redução de 50% do consumo de antimicrobianos, no setor animal até ao ano de 2030, operando em três eixos cruciais: HubRAM, Vigilância RAM e PEMV; (2) a capacitação e melhoria da resposta a nível nacional e diminuição da emergência RAM. O desenvolvimento da PEMV 3.0 (Prescrição Eletrónica Médico-Veterinária), parte integrante do projeto de simplificação e digitalização mais amplo do governo Português – Sistema de Apoio à Modernização e Capacitação da Administração Pública (SAMA 2020), contri-
buirá para o primeiro objetivo. Concomitantemente, a Plataforma de Vigilância RAM, propõe uma supervisão a nível laboratorial, que facilitará a produção de indicadores e relatórios para análise interna e posterior comunicação a entidades nacionais e internacionais. Os trabalhos assentam também em três Projetos Piloto, inseridos em diferentes explorações nacionais, ao nível dos Bovinos, Aves e Suínos. Resultante destes desenvolvimentos, este Hub de dados, conduzirá a uma integração de sistemas, que permitirá reforçar a interoperabilidade e a gestão de sistemas epidemiológicos de vigilância e controlo, para melhorar a resposta dos organismos da Administração Pública ao impacto de potenciais zoonoses e outras ameaças e dos stakeholders em geral no que diz respeito às respostas de combate à RAM. A capacitação e divulgação destes resultados, como também a urgência de ações de alerta para a necessidade de ação, assenta também em inúmeros desafios. A sensibilização de públicos-alvo de caráter heterogéneo, com entendimentos e necessidades de comunicação e linguagem diferenciadas, figura alguns obstáculos na disseminação desta premência e da consequente ação global. O HubRAM pretende assim com a preparação da informação e divulgação da mesma, uma mudança no comportamento dos médicos-veterinários, profissionais de saúde, trabalhadores agrícolas, que se pretende síncrona em todos os intervenientes da cadeia de valor alimentar, incluindo retalhistas e consumidores (o público em geral).
Além de gerar informação de base científica e assente na vigilância, o HubRAM irá propor ações de sensibilização, formação e a criação de networks educacionais e comunicacionais, tornando acessíveis dados internos para a urgência de ação neste âmbito. O desenvolvimento de materiais e estratégias para “awareness raising”, responde ao segundo objetivo do projeto, derivado da análise de dados com o ímpeto de incentivar o empenho na redução da utilização de antimicrobianos e alertar para a necessidade de ação imediata sobre esta grande problemática.
FONTES: Antimicrobial resistance: a global threat | UNEP – UN Environment Programme
9789240076600-eng.pdf (who.int)
Drug-Resistant Infections Are One of the World’s Biggest Killers, Especially for Children in Poorer Countries. We Need to Act Now. | Center For Global Development (cgdev.org)
Antimicrobial resistance (who.int)
Sobre la resistencia (resistenciaantibioticos.es)
No cumprimento dos objetivos do projeto LivingLab, iniciaram-se as atividades de demonstração e disseminação, em resposta a questões específicas de gestão e/ou valorização dos efluentes e coprodutos da atividade agropecuária.
No passado dia 16 de maio de 2024 decorreu o 1º Dia de Campo deste projeto na Unidade descentralizada de Valada do Ribatejo, que constitui uma das unidades piloto de demonstração. O dia de campo centrou-se na apresentação da Atividade 5.1 – Fertilizantes Orgânicos e demonstração da aplicação de biofertilizantes, desenvolvidos na Unidade descentralizada de Mira pela empresa Leal & Soares/SIRO, em tomate, milho (para silagem e grão) e pomares experimentais (pera rocha, vinha, olival e amendoal).
Os participantes foram recebidos pelo Senhor Presidente do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Doutor Nuno Canada, que destacou o facto de o Projeto LivingLab permitir pôr em escala as soluções que têm sido desenvolvidas em contexto de agricultura circular e permitir a sua utilização pelos agricultores. Olga Moreira, coordenadora do Projeto, apresentou as diferentes tarefas a serem desenvolvidas no âmbito do LivingLab, referindo que o mesmo será uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento e promoção de diferentes processos e produtos sustentáveis. Henrique Trindade apresentou as diferentes modalidades de biofertilização a serem demonstradas ao longo deste Dia de Campo.
A Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Merina (ANCORME) destacou a importância deste projeto para a valorização de um excedente da lã não utilizada na indústria têxtil. Este coproduto, com uma forte capacidade de retenção de água, elevado teor
de matéria orgânica e rico em outros nutrientes, apresenta potencial de utilização como biofertilizante na valorização de solos degradados, principalmente em regiões de escassez de água. Marcaram presença a empresa Entogreen, com demonstração de processos de biorremediação de bagaço de azeitona por larvas de Mosca Soldado Negro, e a empresa Herculano, com a apresentação da cisterna de precisão de fertilização orgânica, equipada com sensores que permitem a aplicação precisa de chorumes no solo em função da respetiva composição.
Reunião Anual da Associação Europeia de Ciência Animal 2024 (EAAP)
O projeto LivingLab esteve presente na 75ª Reunião Anual da EAAP que decorreu entre os dias 1 e 5 de setembro em Florença, Itália, com apresentação oral de Olga Moreira na sessão dedicada aos LivingLabs com título “Living labs and demonstration farms: approaches to improve sustainability of LFS globally”.
Conferência EmiLi 2024
Nos dias 24 a 26 de setembro decorreu, em Valência, Espanha, a 5ª
Conferência EmiLi (plataforma de apresentação e discussão dos últimos avanços científicos na investigação sobre emissões de gases na
produção animal), no âmbito deste projeto, Vasco Fitas da Cruz participou com a apresentação oral intitulada de “Emissions Estimations in the Frame of the LivingLab Project”.
João Cota (FMV-ULisboa), Pedro Ribeiro (ANCAVE) e Magda Aguiar Fontes (FMV-ULisboa)
Com início a 1 de setembro de 2022, o projeto BroilerNet tem como principais objetivos gerar e divulgar conhecimento sobre a produção de frangos de carne para melhorar o desempenho deste importante setor de produção animal a nível europeu e em torno de três grandes áreas: sustentabilidade ambiental; bem-estar animal, e gestão da saúde animal, criando espaço para a interação entre ciência e produção e a co-criação de melhores práticas inovadoras prontas a usar nas explorações de frangos de carne na Europa. Esta rede conta com 25 parceiros num total de 13 países europeus, 13 parceiros académicos e 12 parceiros industriais, e é coordenada por Stefan Gunnarsson da Universidade de Ciências Agrícolas (SLU, Suécia). Em Portugal os parceiros são a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-ULisboa), que coordena a participação nacional,e a Associação Nacional dos Centros de Abate e Indústrias Transformadoras de Carne de Aves (ANCAVE).
O projeto está agora no final do seu segundo ano e terminará a 31 de agosto de 2026. Vale a pena, neste momento, fazer como que um balanço, apresentando um pequeno sumário sobre o que foi feito até então, ou seja, as principais atividades desenvolvidas e os principais resultados obtidos.
toda a Europa e as “melhores Boas-Práticas” são premiadas como “Campeões BroilerNet”. No primeiro ano do projeto foram escolhidos três desafios para cada área temática (Quadro 1.)
Neste período de vida do projeto, entre as várias BP a concurso enviadas pelos diferentes parceiros internacionais, foram selecionadas duas BP desenvolvidas e aplicadas por membros da rede BroilerNet Portugal nas áreas da Saúde Animal e Bem-Estar Animal. Para já as premiadas foram:
• Sustentabilidade ambiental
– Transferência de camas usadas para produzir fertilizantes (Itália);
– Promoção de insetos como proteína (França);
– Eletricidade a partir de energia fotovoltaica (Itália).
• Bem-estar animal
– Auditorias internas relativas ao abate de emergência nas explorações (Espanha);
– Plataformas elevadas como material de enriquecimento (Espanha);
– O programa Sueco de saúde podal.
• Gestão da Saúde Animal
No âmbito do BroilerNet, foram criadas Redes de Inovação de Frangos de carne (BINs) constituídas por produtores de frangos de carne, consultores, integradores, organizações de produtores, investigadores e médicos veterinários. Estes BINs têm, em cada país parceiro, a responsabilidade de recolher e avaliar as Boas-Práticas (BP) em torno dos três temas-chave do projeto. Igualmente, foram formadas Redes Temáticas de Peritos (TENs) a nível europeu e com especialistas de diferentes países, as quais visam realizar avaliações e análises de custo-benefício das ideias e BP inovadoras identificadas pelos BINs. Estas BP são sujeitas a uma avaliação no âmbito do concurso BroilerNet Champions. As melhores práticas são divulgadas em
– A afetação de pequenos equipamentos por zona e por instalação (França),
– A ferramenta de autoanálise dos fatores de risco da gripe aviária (Alemanha);
– Aquecimento central por circulação de água com energias renováveis (Finlândia).
Os resumos das “melhores Boas-Práticas” têm sido divulgados através da página do BroilerNet (https:// broilernet.eu/) e numa versão alargada como relatórios na plataforma EIP-AGRI.
Ainda no âmbito do projeto, e no que respeita às atividades em Portugal, foram realizados 2 vídeos sobre
Desafio
Área Temática 1 2 3
Sustentabilidade ambiental Neutralidade carbónica e pegada ambiental Origem e qualidade dos alimentos para animais Gestão energética
Bem-estar animal Genética e reprodução Formação Climatização
Gestão da saúde animalMelhoria da BiossegurançaGripe Aviária Redução do uso de antimicrobianos
Quadro 1 – Áreas Temáticas do projeto BroilerNet: desafios para o ano 1 do projeto.
duas Boas-Práticas: uma na área do Bem-Estar Animal e a outra na Gestão da Saúde Animal, e fomos divulgando Factsheets e notícias nos media e nas diferentes redes sociais bem como na página do projeto (https:// broilernet.eu/), na página da FMV (www.fmv.ulisboa.pt) ou na Revista Aves e Ovos (Nºs 276; 278; 280; 281 e 282), entre outros. Também neste mesmo período foi implementado um inquérito ao consumidor para analisar hábitos de compra e de consumo do consumidor em Portugal. No seguimento dos eventos nacionais que temos vindo a realizar, o 3º Encontro Nacional da Rede BroilerNet teve lugar a 11 de junho de 2024 em Santarém e foi subordinado ao tema: "A sustentabilidade na Avicultura: que futuro?”. O objetivo deste encontro, organizado pelo gestor do BIN nacional, Pedro Ribeiro da ANCAVE, em colaboração com a equipa do parceiro FMV, foi sobretudo dar conta das atividades que foram realizadas ao longo dos dois anos do projeto, bem como lançar o trabalho para o próximo ano do projeto. Neste encontro contámos com a presença de João Caseiro, da Savibel S.A., que veio falar sobre “A certificação de bem-estar em broilers", além da equipa da FMV e da Ancave, parceiros no projeto em Portugal. De referir que o primeiro encontro nacional da rede BroilerNet decorreu também em Santarém no dia 7 de junho 2023 e teve como grande objetivo, para além da apresentação do projeto em Portugal, promover o conhecimento entre os membros participantes na rede BIN – e a identificação e discussão dos desafios e das preocupações dominantes do setor. O segundo encontro da rede nacional do Projeto Europeu BroilerNet, decorreu no dia 13 de outubro 2023 na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa e teve como grande objetivo a identificação e discussão das Boas Práticas que respondem aos desafios e as preocupações dominantes do setor (Quadro 1).
A partir daqui, e em estreita colaboração com a produção, em cada país foram identificadas as Boas-Práticas que dão resposta a estes desafios e necessidades. Assim, em Portugal, ao nível da área temática Sustentabilidade Ambiental, foram referidas como Boas-Práticas: a instalação de painéis fotovoltaicos nas explorações e no centro de abate; a instalação de sistemas de controlo da produção de amoníaco, e a instalação de contadores de consumo de água. Ao nível do Bem-estar animal, foram identificadas como Boas-Práticas: a instalação de pavimento radiante em pavilhões avícolas de produção/engorda de frangos para abate; a formação transversal de todos os tratadores no âmbito da proteção de animais nos locais de criação; a formação de acordo com a legislação de transporte de aves vivas, e a instalação de sistemas de monito-
rização, controlo e alarmística de dados ambientais – Farmcontrol Por último, ao nível da Gestão de Saúde Animal, as Boas-Práticas apresentadas foram: a criação de barreiras sanitárias nas explorações com implementação de balneários e restrição de visitas ao essencial, bem como o seu controlo.
Neste momento, está a terminar o segundo ciclo de recolha de Boas-Práticas em todos os BINs, relativos aos desafios selecionados para o segundo ano do projeto (Quadro 2).
No seguimento destas atividades, irá realizar-se o 4º Encontro nacional da Rede BroilerNet em outubro de 2024, dinamizando uma Sessão Paralela do BroilerNet no 3º Simpósio da Associação Portuguesa de Ciência Avícola (APCA), para identificar e discutir os desafios que se colocam ao setor no futuro próximo.
A rede BroilerNet tem ainda como missão, desenvolver a colaboração entre parceiros académicos e a indústria no nosso país, e vai procurar no futuro próximo, tirar o máximo partido dos desafios identificados pelo setor nas reuniões BIN, que podem ser utilizados para lançar futuros projetos em colaboração conjunta academia-indústria; organizar reuniões de debate para explorar soluções para os desafios identificados, e utilizar a Rede BIN que nasceu com a rede BroilerNet para disseminar informação, mas também para conseguir contactos de peritos importantes que podem ser de grande ajuda em diferentes países: a partilha de informações e conhecimentos é uma grande vantagem competitiva para todos.
Tudo isto tem sido possível alcançar com o empenho de todos, mas sobretudo pela participação ativa dos diferentes membros do BIN, sobretudo produtores, sem os quais era impossível encontrar os principais desafios que o setor enfrenta em Portugal e no mundo, e as boas práticas que a eles dão resposta. E por isso, a equipa do projeto quer deixar um agradecimento a todos, bem como à IACA, que desde a primeira hora teve um papel relevante na divulgação do projeto e de todas as suas atividades, tal como outras entidades, nomeadamente a CONFAGRI, a SPCV, a DGAV, que não sendo parceiros do projeto são colaboradores ativos.
Para saber mais sobre o projeto BroilerNet aceda a: https://broilernet.eu/
Siga o projeto BroilerNet nas redes sociais: https://twitter.com/broilernet https://www.linkedin.com/company/broilernet/ http://www.youtube.com/@broilernet
Área Temática 1 2 3
Sustentabilidade ambiental
Bem-estar animal
Gestão da saúde animal
Melhorar a poupança e a gestão da água
Melhorar a avaliação e a gestão do bem-estar nas explorações
Melhorar a gestão do estrume e dos resíduos das explorações
Otimizar a gestão dos pintos jovens
Melhoria da saúde intestinalMelhorar a qualidade dos pintos
Quadro 2 – Áreas Temáticas do projeto BroilerNet: desafios para o ano 2 do projeto.
Este projeto recebeu financiamento da União Europeia através do programa Horizonte de Investigação e Inovação. Project No: 101060979.
Avaliar e minimizar a pegada ambiental da carne de estirpes de crescimento lento
Minimizar o stress e os danos causados pela apanha
Redução dos problemas de claudicação
Jaime Piçarra
Secretário-Geral da IACA
Os relatórios publicados ou as conclusões de eventos internacionais, não só confirmam que a Alimentação é um tema relevante como nos obrigam a insistir no argumento de que a agricultura, o setor agroalimentar, e consequentemente, a segurança e a soberania alimentar devem ser temas essenciais na agenda político-mediática.
Foi com este pano de fundo que participámos no podcast do Expresso “Money, Money, Money” de 24 de julho, sobre o tema “A segurança alimentar em Portugal está ameaçada?”, um pouco à luz das Estatísticas Agrícolas 2023 publicadas pelo INE.
Seria aqui muito fastidioso analisar os números e é evidente que cada um de nós não deixará de retirar as suas conclusões, mas permitam-me destacar algumas ideias-chave: tivemos um agravamento do déficit agroalimentar, situando-se na ordem dos 5,5 mil milhões de euros; assistimos à pior campanha dos cereais de que há memória, enquanto aumentámos as importações (e o peso da Ucrânia) face ao ano anterior; o setor da produção animal resiste (e bem, apesar de tudo) e o consumo continua em alta, globalmente, impulsionado pela carne de aves; esse consumo está a ser alimentado pelas importações, uma vez que a oferta nacional não é suficiente para satisfazer a procura, mas também temos boas noticias do lado das exportações; a indústria alimentar cresceu em volume de vendas, situando-se nos 17 mil milhões de euros, com a indústria pecuária em alta, em particular, os setores das carnes e da alimentação animal.
cultores ou empresários, possam responder a esses desafios.
Estamos, pois, mais expostos às vulnerabilidades e tensões geopolíticas mundiais, desde logo às consequências da guerra na Ucrânia, pelo que ainda é mais relevante o impacto das políticas públicas.
Por tudo isto, impõe-se analisarmos algumas conclusões de relatórios divulgados no final de julho, marcados pela reunião do G20 no Brasil, com o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Surge numa altura em que sentimos, mais do que nunca, o impacto das alterações climáticas nas nossas vidas, quando existem estimativas que apontam para mais de 14 milhões de mortes até 2050. Inundações, secas, calor extremo, doenças, insegurança alimentar, migrações… uma enorme pressão sobre os sistemas de saúde, alimentação, cadeias logísticas.
Tudo isto não significa que estejamos globalmente melhor, porque os custos também aumentaram e é preciso mais para sermos sustentáveis e competitivos à escala europeia e mundial. Estamos mais dependentes no aprovisionamento de matérias-primas e de bens essenciais, existe capacidade de produção para a procura, pelo que temos de criar condições para que o País, os seus agri -
O recente relatório da OCDE-FAO sobre as Perspetivas Agrícolas 2024-2033 retira algumas conclusões que importa reter: as economias emergentes, que têm liderado o desenvolvimento do denominado agronegócio, irão continuar esse “domínio” na próxima década; o papel da China no mercado global pode diminuir, transferindo-se para a Índia e o Sudeste Asiático, devido ao aumento populacional; o cumprimento do objetivo da fome zero será ainda muito lento e é vital o funcionamento das cadeias de abastecimento – sobre este tema, deixo uma nota para a questão do desperdício, bem como para as emissões na agricultura, que tenderão a crescer 5%, com a agravante de que o peso relativo no conjunto do total de emissões dos outros setores pode ser proporcionalmente mais elevado do que o atual. Uma outra conclusão é a de que, eventualmente, os preços das commodities podem tender a diminuir, mas não é crível que essa baixa tenha impacto no retalho, ou seja, nos preços ao consumidor.
Além deste estudo, temos o Relatório da FAO sobre “O estado da segurança alimentar e nutricional no mundo”, também de leitura obrigatória, e que nos mostra que, a seis anos de 2030, os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), sobretudo os relativos à fome e insegurança alimentar, estão por cumprir . Nesta análise, aborda-se a situação global de segurança alimentar, nutrição e desnutrição, obesidade e doenças não transmissíveis, alimentos ultra processados, fatores económicos e ambientais, apresentando recomendações e intervenções de políticas públicas.
O relatório sugere, nomeadamente, que são necessárias abordagens abrangentes e multissetoriais, estilos de vida saudáveis e escolhas alimentares, de modo que se alcancem as metas internacionais de nutrição. O Mundo não está no caminho certo para atingir nenhuma das sete metas globais de nutrição até 2030.
Com os problemas da má-nutrição (que afetam 733 milhões de pessoas) e da obesidade (na ordem dos 881 milhões, esperando-se um número superior a 1 bilião até 2030) infelizmente em alta, iremos estar sob grande pressão, acelerando provavelmente a discussão em torno dos sistemas alimentares sustentáveis. Agricultura, Economia, Ambiente e Saúde cada vez mais interligados.
Seja pela pandemia, pelas alterações climáticas ou pelo impacto das guerras e das tensões internacionais, falhámos na concretização dos ODS definidos pelas Nações Unidas. Talvez as metas tenham sido demasiado ambiciosas.
A Europa continua (e bem) a fazer a sua parte, mas é preciso uma forte cooperação internacional nos próximos anos e, sobretudo, confiança e compromisso. E comunicação, transparência, informação, bem como decisões com bases científicas. Sem ideologias.
O que tudo isto nos mostra é que existem fortes sinais de alarme e não os podemos ignorar. Todos temos a obrigação de os levar a sério, a começar pelos decisores políticos, na definição das políticas públicas, mas sem esque -
cer que também nós – representantes de organizações da cadeia agroalimentar, empresários ou consumidores – temos de fazer mais e melhor. E cumprir a nossa parte, enquanto promotores da responsabilidade social.
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A iluminação na avicultura é essencial tanto para o bem-estar como para a produtividade das aves. A HATO Agricultural Lighting demonstrou, através de uma extensa investigação, que a otimização do ambiente luminoso pode resultar em melhorias significativas em ambas as áreas. Ao gerir cuidadosamente diversos aspetos da iluminação, os produtores podem criar ambientes que atendem às necessidades específicas de diferentes tipos de aves, incluindo frangos de engorda, galinhas poedeiras, reprodutores e aves em fase de recria. Este artigo explora os sete aspetos fundamentais da iluminação para aves, explicando a sua importância e integrando as mais recentes descobertas sobre como a iluminação pode melhorar a reprodução, acalmar as aves durante processos críticos e utilizar os benefícios da luz vermelha.
O espectro luminoso, que inclui todos os comprimentos de onda visíveis para as aves, desempenha um papel crucial em como estas percebem o seu ambiente. Ao contrário dos humanos, as aves conseguem ver luz ultravioleta (UV), o que torna um espectro luminoso amplo essencial para a sua visão e bem-estar geral. Fornecer uma solução de iluminação que imite de perto a luz natural do dia assegura que as aves naveguem no seu ambiente com maior facilidade, reduzindo o stress e promovendo comportamentos naturais, como o forrageamento e o bicar.
Para além de melhorar a visão, diferentes partes do espectro luminoso influenciam vários processos fisiológicos. A luz azul, por exemplo, pode estimular a atividade e o crescimento, enquanto a luz vermelha está associada a um desempenho reprodutivo melhorado. Os comprimentos de onda da luz vermelha são especialmente importantes para regular as respostas hormonais que impulsionam a reprodução e os comportamentos de acasalamento. Ao oferecer um ambiente luminoso de espectro amplo, os produtores podem apoiar uma vasta gama de comportamentos e necessidades fisiológicas das aves, desde a melhoria da visão até à regulação dos ritmos circadianos, que são fundamentais para manter ciclos diários consistentes e saudáveis.
A oscilação de luz, a flutuação rápida na intensidade luminosa, é um fator muitas vezes negligenciado, mas altamente influente na iluminação para aves. As aves são mais sensíveis à oscilação da luz do que os humanos, e até mesmo taxas de oscilação impercetíveis para nós podem causar um stress significativo nos animais. Este stress manifesta-se frequentemente em agitação, diminuição da ingestão de alimentos e até danos físicos devido a comportamentos induzidos pelo stress, como o empilhamento.
A oscilação pode ser medida através de dois principais indicadores: percentagem de oscilação e índice de oscilação. A percentagem de oscilação mede a variação entre a saída de luz máxima e mínima,
enquanto o índice de oscilação fornece uma visão mais abrangente das flutuações ao longo do tempo. Para mitigar estes problemas, é essencial usar soluções de iluminação com um índice de oscilação de 0,0%. Isto garante um ambiente estável e livre de oscilações, reduzindo o stress e promovendo o bem-estar geral e a produtividade do bando.
uma Iluminação
A distribuição e a intensidade da luz são fatores críticos na criação de um sistema de iluminação eficaz para aves. A distribuição de luz refere-se à forma como a luz é espalhada de maneira uniforme por toda a instalação, enquanto a intensidade da luz se refere ao brilho em locais específicos. Ambos os elementos devem ser equilibrados para garantir que todas as áreas da instalação recebam uma iluminação adequada. A luz devidamente distribuída evita o agrupamento, que pode ocorrer quando as aves se concentram nas áreas mais iluminadas da instalação, resultando em maior competição por recursos. As zonas escuras podem causar taxas de crescimento desiguais e aumento do stress. Adicionalmente, a intensidade da iluminação deve ser ajustada para diferentes atividades e fases de crescimento. Intensidades mais elevadas podem ser necessárias durante os períodos de alimentação, enquanto intensidades mais baixas são mais adequadas para períodos de descanso. Ao gerir a distribuição e a intensidade da luz, os produtores podem criar um ambiente que apoie comportamentos naturais, reduza o stress e melhore a produtividade geral.
Naturais de Luz
A dimming, ou a capacidade de ajustar os níveis de luz de forma suave, desde o brilho total (100%) até à escuridão completa (0%), é vital para simular ciclos de luz naturais, como o nascer e o pôr do sol. Estas transições graduais são cruciais para reduzir o stress e incentivar comportamentos naturais nas aves. Na natureza, os níveis de luz aumentam gradualmente pela manhã e diminuem à noite, permitindo que os animais ajustem os seus comportamentos de acordo. Ao replicar estas transições naturais, os sistemas de iluminação com dimming podem ajudar as aves a fazerem transições suaves entre períodos de atividade e descanso, reduzindo o risco de comportamentos induzidos pelo stress, como o empilhamento ou padrões de alimentação perturbados. As transições suaves de luz também reforçam os ritmos circadianos das aves, melhorando o seu bem-estar geral e a sua produtividade.
rar
O Índice de Reprodução de Cores (CRI) mede quão fielmente uma fonte de luz reproduz as cores em comparação com a luz natural do sol. Um CRI elevado é essencial para as aves, pois permite-lhes perceber melhor o seu ambiente, reduzindo o stress e promovendo comportamentos naturais, como o forrageamento e a nidificação. Um sistema de iluminação com um CRI elevado também apoia uma melhor navegação em ambientes densamente povoados, onde a capacidade de ver claramente comida, água e outras aves é fundamental.
O uso de um sistema de iluminação com um CRI mais elevado (80-100%) em vez de um sistema mais barato com CRI inferior (50-60%) melhora
significativamente a forma como as aves percebem as cores, especialmente a luz vermelha. Esta perceção aprimorada das cores pode levar a benefícios reprodutivos notáveis, particularmente para as galinhas poedeiras e as aves reprodutoras. A luz vermelha é especialmente importante para desencadear hormonas reprodutivas, o que pode estimular as aves a amadurecer mais rapidamente e melhorar o desempenho reprodutivo, resultando em mais ovos e taxas de fertilidade mais elevadas. Além de ajudar na reprodução, a iluminação com CRI elevado reduz comportamentos relacionados com o stress, como a agressão e o bicar. As aves ficam mais relaxadas num ambiente bem iluminado que simula a luz natural, o que melhora a produtividade geral. A importância de um CRI elevado estende-se também à visibilidade para os produtores, permitindo uma monitorização mais precisa da saúde do bando e facilitando a deteção precoce de doenças ou stress.
A Temperatura de Cor Correlacionada (CCT), medida em graus Kelvin, descreve a aparência da cor da luz, variando de quente (amarelo/vermelho) a fria (azul/branco). Diferentes CCTs podem influenciar o comportamento e as respostas fisiológicas das aves de diversas maneiras. A luz mais quente, na faixa de 2.700K a 3.000K, cria uma atmosfera mais calma, ajudando a reduzir o stress e incentivando comportamentos de descanso. Este tipo de luz é muitas vezes usado em períodos que simulam as condições de início da manhã ou fim da tarde, quando as aves tendem naturalmente a descansar. A luz mais fria, geralmente entre 5.000K e 6.500K, estimula a atenção e a atividade, sendo ideal para períodos em que é necessária maior produtividade, como durante a alimentação.
Adaptar a CCT às necessidades específicas das aves permite que os produtores criem um ambiente favorável tanto ao bem-estar como à produtividade. Por exemplo, combinar luz quente para períodos de descanso com luz fria para momentos de atividade garante que as aves estejam confortáveis e possam seguir os seus ritmos naturais. A luz vermelha, em particular, foi encontrada como um fator que melhora os comportamentos reprodutivos, o que reforça ainda mais os benefícios de controlar a CCT para adequar às necessidades biológicas das aves.
7. Fotoperíodo: Gestão dos Ciclos de Luz para um Crescimento e Produção Ótimos
O fotoperíodo, ou a duração diária da exposição à luz, é um aspeto crítico da gestão avícola. Diferentes tipos de aves requerem diferentes ciclos de luz para manter a saúde e a produtividade. Gerir o
fotoperíodo significa controlar não só a quantidade de luz que as aves recebem a cada dia, mas também garantir que o tempo e a intensidade da luz estejam alinhados com os seus ritmos biológicos naturais. Um fotoperíodo bem gerido ajuda a sincronizar os relógios biológicos das aves com o seu ambiente, assegurando que estas recebam luz nos momentos ideais de alimentação, descanso e reprodução. Ao ajustar finamente o fotoperíodo, os produtores podem melhorar a eficiência alimentar, promover taxas de crescimento estáveis, aumentar a produção de ovos e manter um bando calmo e saudável. Esta gestão cuidadosa dos ciclos de luz é essencial para criar um ambiente que maximize tanto o bem-estar como a produtividade.
Frangos de Engorda: Para os frangos de engorda, é fundamental uma iluminação que apoie um crescimento rápido e uniforme. Os comprimentos de onda da luz azul podem estimular a atividade e incentivar a alimentação, promovendo um crescimento consistente em todo o bando. Gerir o fotoperíodo para fornecer luz suficiente durante os períodos de alimentação, permitindo ao mesmo tempo um descanso adequado, ajuda a otimizar as taxas de crescimento e a reduzir o risco de distúrbios metabólicos. A iluminação sem oscilações é particularmente importante, uma vez que o stress pode levar a um crescimento desigual e a um aumento da mortalidade.
Galinhas Poedeiras: Para as galinhas poedeiras, a produção consistente e a qualidade dos ovos são as principais prioridades. As temperaturas de luz mais quentes (CCT na faixa de 2.700K a 3.000K) podem melhorar a produção de hormonas reprodutivas, apoiando padrões regulares de postura. Um CRI elevado é essencial para as galinhas identificarem os locais de postura e se envolverem em comportamentos naturais, reduzindo os comportamentos induzidos pelo stress, como o bicar. A gestão adequada do fotoperíodo, com horas de luz diurna prolongadas, estimula a produção de ovos, enquanto as transições suaves de intensidade de luz ajudam a manter um ambiente estável para a postura. Reprodutores: Os reprodutores requerem uma iluminação que apoie o sucesso reprodutivo. Os comprimentos de onda vermelhos dentro do espectro luminoso melhoram os comportamentos de acasalamento e aumentam as taxas de fertilidade. Ao controlar o fotoperíodo de forma precisa, os produtores podem sincronizar os ciclos reprodutivos dos reprodutores, garantindo maiores taxas de incubação. A iluminação sem oscilações e com CRI elevado apoia ainda mais o
bem-estar das aves reprodutoras, reduzindo o stress e melhorando a qualidade geral das crias.
Recria: Para aves em fase de recria, estabelecer padrões de crescimento saudáveis é primordial. Um espectro luminoso equilibrado que inclua luz UV pode promover a saúde óssea e a vitalidade geral. Garantir uma distribuição de luz uniforme e uma intensidade adequada evita o agrupamento e promove o crescimento uniforme. A iluminação regulável que simula ciclos naturais de dia e noite ajuda as aves jovens a desenvolver ritmos circadianos fortes, preparando-as para um crescimento saudável e produtividade à medida que amadurecem.
A apanha de frangos de engorda é um processo crítico que impacta diretamente o bem-estar das aves, a segurança dos trabalhadores e a qualidade da carne. Usar luz azul monocromática durante este processo pode proporcionar vários benefícios. A luz azul acalma naturalmente os frangos, tornando-os menos ativos e mais fáceis de manusear, o que reduz o stress e minimiza o risco de lesões. Isto também resulta em menos fraturas de asas e hematomas, melhorando a qualidade geral da carne. Além disso, aves mais calmas são menos agressivas, o que promove bandos mais saudáveis e operações mais eficientes.
Uma iluminação eficaz é um pilar do sucesso na avicultura, impactando desde o bem-estar animal até à produtividade. Ao considerar e otimizar cuidadosamente os sete aspetos fundamentais da iluminação para aves – espectro luminoso, oscilação de luz, distribuição e intensidade, dimming, CRI, CCT e fotoperíodo – os produtores podem criar ambientes que atendem às necessidades específicas de diferentes tipos de aves em várias fases de desenvolvimento.
Para além dos ganhos imediatos em produtividade, a iluminação otimizada contribui para melhorias a longo prazo no bem-estar animal e na sustentabilidade das explorações. À medida que a indústria avícola evolui, a adoção de práticas avançadas de iluminação será essencial para alcançar resultados ótimos e garantir o sucesso das operações avícolas modernas.
Fundada em 1974, a HATO Agricultural Lighting tem sido um líder global no desenvolvimento de soluções de iluminação inovadoras para o bem-estar animal. Com mais de 45 anos de experiência, o nosso foco é criar soluções de iluminação adaptadas às necessidades únicas da avicultura. Os nossos produtos são projetados para melhorar tanto o bem-estar animal quanto a produtividade das explorações, contribuindo para uma agricultura sustentável em todo o mundo.
Para mais informações sobre os nossos produtos e soluções, por favor, contacte-nos:
Contacto: Laetitia Cerqueira
Email: l.cerqueira@hato.lighting
Website: www.hato.lighting
Tlm: +351 961807308
I
Congresso
“ Os insetos como ferramenta de sustentabilidade”
A Agenda Mobilizadora InsectERA visa possibilitar a industrialização e comercialização de inovadores produtos com base em matérias-primas derivadas de inseto, tanto na área alimentar (nutrição animal e humana), como na de outras indústrias (cosmética ou bioplásticos), ou no inovador setor da biorremediação.
A revolução digital chegou à produção de insetos, trazendo consigo uma série de benefícios e inovações para a nova bioindústria. A automatização dos processos irá permitir uma produção mais eficiente e escalável, com menor intervenção humana e maior precisão nos resultados.
A digitalização dos dados e processos facilitará a gestão e a monitorização das operações, possibilitando uma maior rastreabilidade e controlo de qualidade dos produtos finais. Além disso, a integração de tecnologias como inteligência artificial e internet das coisas, irá impulsionar a inovação, possibilitando a personalização e otimização dos processos produtivos.
Com a crescente demanda por fontes sustentáveis de proteína, os insetos têm-se destacado como uma possível alternativa viável e ambientalmente amigável. A produção em larga escala, aliada à eficiência proporcionada pela revolução digital, irá permitir atender a essa demanda, de forma económica e sustentável.
Assim, a combinação de automatização, digitalização e eficiência na produção de insetos irá revolucionar a bioindústria, tornando-a mais competitiva, sustentável e inovadora. O futuro da produção de insetos promete ser ainda mais promissor, com novas tecnologias e práticas que impulsionarão ainda mais o crescimento desse setor.
Em termos de trabalho realizado pela Agenda, que se consubstanciando a 105 PPS (Produtos, Processo e Serviços), a 30 de junho estava com um grau de execução na ordem dos 33%, já com 2 PPS concluídos (um sobre o Mapeamento de subprodutos e matérias-primas e identificação de hotspots logísticos e o outro no desenvolvimento e teste de novos alimentos compostos – PETfood à base de insetos).
Com o objetivo de dar a conhecer este novo setor, a Agenda leva a efeito o seu I Congresso, subordinado ao tema “ Os insetos como ferramenta
de sustentabilidade ”, que pretende marcar o lançamento inaugural de um evento que será uma plataforma para especialistas e interessados abordarem, em colaboração, os desafios, oportunidades e potencial deste setor, em que terá os insetos como ferramentas bioindustriais de sustentabilidade.
O Congresso vai realizar-se no dia 23 de outubro, nas instalações do Turismo de Portugal/Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, no Estoril, e conta com 2 painéis : Insetos: Fonte de Saúde, Sabor e Sustentabilidade e Muito Mais do que
Proteína .
A par do Congresso, será feita a constituição da Sociedade Portuguesa de Entomologia Industrial e do Núcleo de Estudantes de Mestrado e Doutoramento em Entomologia Industrial.
A Comissão Organizadora do Congresso, também desafiou alunos e investigadores do setor a apresentarem posters de trabalhos realizados no âmbito deste novo setor bioindustrial.
Poderá enviar o seu contributo para apresentação de resultados e saber mais sobre este evento no site do Congresso: www. insectera.pt/congresso2024/
O I Congresso InsectERA será uma porta para o futuro.
Daniel Murta
Presidente da Comissão Executiva da Agenda Mobilizadora InsectERA
O aumento da produtividade em suinicultura, derivado sobretudo da evolução genética das porcas reprodutoras, com aumentos muito significativos na eficiência reprodutiva (Hiperprolificidade), tem também conduzido a uma melhor quantificação das suas necessidades nutricionais, permitindo alimentar melhor estes animais.
Na realidade, atualmente conhecemos muito melhor as fases de gestação e lactação das porcas, e em particular começámos a dar mais atenção aos períodos de transição alimentar (périparto e desmame).
Níveis energéticos, o papel dos ácidos gordos ómega 3 / 6, novos perfis de "proteína ideal", o papel de determinados aminoácidos, a utilização do conceito de "fibra dietética" são exemplos de alterações nutricionais que tem modificado a composição e a forma de administração dos alimentos utilizados nas porcas hiperprolíficas.
Mas se ao nível dos macronutrientes os nutricionistas têm sentido esta evolução devido ao apoio de diferentes organismos de investigação (universidades, empresas de nutrição e de genética), no caso dos micronutrientes (vitaminas e oligoelementos minerais) tem sido mais lento o aparecimento de recomendações para fazer face às “novas” necessidades.
Em particular, verificamos que os teores de Ferro utilizados nos alimentos para porcas reprodutoras e a sua forma de administração, merecem uma atenção especial, face a recorrentes situações de Anemia problemas nospartos e quebras imunitárias nas atuais explorações suínas.
O Ferro é um oligoelemento mineral constituinte de numerosas moléculas biológicas, sendo a mais conhecida a Hemoglobina (Hb), fundamental no processo respiratório. É também importante na função imunitária e no metabolismo lipídico.
Tendo em conta as recomendações do CVB (2020), FEDNA (2013), NRC (2012) e da Topigs Norsvin (2023), atualmente pode-se considerar como um valor de referência a utilização de 100 – 200 mg Fe / kg ração, para os períodos degestação e lactação (7) das porcas (valor máximo na UE é de 750 mg/kg).
O uso de minerais quelatados ou orgânicos é também normalmente recomendado, total ou parcialmente (1).
A deficiência de Ferro ou Anemia é um estado patológico caracterizado por uma diminuição da concentração sanguínea da Hemoglobina circulante, principal constituinte dos glóbulos vermelhos do sangue (3). Basicamente, provoca uma deficiente oxigenação celular e dos tecidos
Poderá ter causas múltiplas:
a) Perdas excessivas (hemorragias), provocadas por úlceras gástricas ou parasitismo (exs. mycoplasma suis, leptospirose,…).
b) Destruição de glóbulos vermelhos (hemólise), por agentes oxidantes como nitratos presentes na água de bebida.
c) Produção insuficiente de Hemoglobina, ao nível da medula óssea, por carência de oligoelementos (Cu, Fe, Mn) ou vitaminas (em particular, as do grupo B).
A Anemia provoca letargia, inatividade, falta de energia, cansaço nos animais, podendo conduzir a uma diminuição das performances zootécnicas devido a perdas de apetite, redução do consumo de alimento, problemas respiratórios ou falhas imunitárias (3). Recentemente, alguns trabalhos (6) questionam se o teor de Hemoglobinaserá um potencial biomarcador para identificar porcas “de risco”, porque as porcas anémicas podem levar a um inadequado fornecimento de oxigénio durante o parto, contribuindo para partos demorados e, devido ao aumento dos níveis de stress, inflamações e problemas durante e pós parto, com maiores necessidades de assistência
Um estudo da Universidade de Dakota do Sul (USA) (6) demonstrou que porcas anémicas (< 10 g/dL Hb) comparando com porcas "normais" (> 10 g/dL Hb), tem o dobro de tempo de duração do parto (570 min / 285 min) (Tab.1)
e que este tempo aumenta com a diminuição do nível de Hb (Tab.2):
Nº Porcas, n 13402919
Duração Partos, min 750510306246
Este aumento da duração dos partos pode ser atribuído a respostas fisiológicas associadas à Anemia, como a redução do tónus muscular e das contrações uterinas, como acontece na espécie humana.
Por outro lado, uma Anemia durante a gestação poderá também ser responsável por um atraso no desenvolvimento dos embriões / fetos (6), provocando um aumento dos dias de gestação e situações de anorexia no arranque da lactação nas porcas (no ensaio anterior, as porcas anémicas também tiveram um número de nado-mortos superior).
Os sinais exteriores de uma falta de Ferro podem não ser fáceis de detetar numa visita a uma exploração de suínos – são animais geralmente pálidos, de vulvas, orelhas e mucosas esbranquiçadas; letárgicos, pouco ativos (4).
No caso das porcas, outros sinais são problemas no pós-desmame para fazerem cio e na altura do parto, mortalidades superiores nos leitões nascidos, roturas precoces dos cordões umbilicais, tempos de gestação superiores, leitões esbranquiçados ao nascimento, casos de slay-leg (3).
A apreciação visual pode ser importante na deteção deste problema, mas não é suficientemente fiável. A nível prático, numa exploração podemos recorrer à quantificação dos níveis de Hemoglobina (Hb), através de um aparelho do tipo "HemoCue”(processo pouco evasivo, com leitura em 60 segundos de um pingo de sangue) (2).
Para ter um diagnóstico seguro, deve-se recorrer a controlos sanguíneos, analisando 3/4 parâmetros (4):
1) Nº de Glóbulos Vermelhos / Hemácias (> 5 milhões / mm3)
2) Hemoglobina (11-13 g/100 ml)
3) Hematócrito (> 35%)
4) Volume Globular Médio – VGM (58-62 microcube)
*O VGM pode ser interessante para saber a origem da Anemia: valores baixos indicam
uma carência de Ferro; valores altos, apontam para outras causas responsáveis (ex. carência de Vit. B12)
**As amostras de sangue de porco tem um protocolo diferente do humano, na recolha (tubos especiais) e análise.
Não esquecer também, que tendo em conta a fisiologia natural das porcas reprodutoras (3):
– com o evoluir da gestação e/ou da lactação, as porcas podem ficar anémicas.
– as porcas mais velhas, com partos sucessivos, tem maior probabilidade de fazerem anemias.
– as porcas com mais leitões e com maiores produções de leite, tem maiores necessidades de ferro.
Confirmada uma situação de Anemia em animais adultos, devemos corrigir rapidamente a deficiência de Ferro através de uma suplementação alimentar (a via injetável, só em casos extremos e normalmente individuais).
A utilização das fontes clássicas de Ferro (sulfatos, carbonatos, óxidos), a chamada «via iónica», é pouco eficaz porque a sua biodisponibilidade é normalmente baixa (5-20%) e tem vários inconvenientes como a possível desnaturação de algumas vitaminas e a formação de complexos insolúveis com certas substâncias, diminuindo a digestibilidade de outros nutrientes .
Como alternativas mais eficientes, recomenda-se a utilização de Quelatos de Ferro , a chamada «via peptídica», porque a ligação deste mineral a um aminoácido / péptido / proteína inibe a interação com os outros componentes do alimento aumentando a sua digestibilidade (> 50-60%).
Estas formas de administração diminuem também a oxidação de várias vitaminas importantes na formação da hemoglobina (1).
Uma suplementação adicional de Ferro por via alimentar pode não minimizar ou eliminar a Anemia, se a causa desta estiver relacionada com o metabolismo do mineral ou com perdas não relacionadas com o seu fornecimento.
O controlo do nível sanguíneo de Ferro nos efetivos de suínos deve ser uma prática de rotina a implementar, considerando que:
– o aumento das necessidades das porcas, tendo em conta as suas novas produtividades.
– as recomendações nutricionais existentes são para situações de produção "médias" e muitas vezes não estão atualizadas.
– a quantidade de alimento ingerido por porca é muito variável.
– os níveis de produção das porcas (nº de leitões; kg de leite produzido;) são também muito diferentes.
– o aumento crescente de problemas de Anemias, partos demorados ou complicados, tempos de gestação alargados e falhas de imunidade nas explorações, muitas vezes derivados de situações sub-clínicas que passam com o tempo, mas que deixam marcas nos resultados zootécnicos.
O controlo atrás referido, definirá as necessidades de suplementações por via alimentar de Ferro (trimestral, semestral, anual?). Na sua ausência, tendo em conta o número de partos / porca / ano, será recomendável um reforço deste mineral de 6 / 6 meses
1. Byrne, L., Murphy, R.A.; “Relative Bioavailability of Trace Minerals in Production Animal Nutrition: a Review”. Animals, 2022.
2. Ceva Labs; “Treatment of Iron Deficiency in Pigs”. Swine Health.
3. Garres, P.; "Méfions-nous des Jugements Subjectifs!". Porc Magazine nº 300, 1997.
4. Girard, L.; “Quand Peut-on Parler d'Anemie Chez la Truie". Porc Magazine nº 300, 1997.
5. Hermesch, S., Tickle, K.M.; “Recording Haemoglobin Levels in Sows, Piglets and Growing Pigs on Farm”. New England University, Austrália. Research Gate, 2012.
6. Mc Clellan, K., Weaver, E.; “Sow Hemoglobin: Potential Biomarker for Identifying <<At Risk>> Sows”. South Dakota State University, USA. National Hog Farmer, 2024.
7. Topigs Nordsvin; “Manual de Alimentação Porcas TN70", 2023.
Mauro Di Benedetto Consultor KAE
David Gonzalez Sanchez
Diretor Principal dos Serviços
Técnicos EMENA
O fígado é um órgão extremamente importante nas galinhas poedeiras, pois uma perturbação das suas funções normais pode conduzir a uma redução do desempenho e a problemas de saúde significativos. Este órgão está envolvido em numerosas funções, tais como o metabolismo das gorduras, proteínas e hidratos de carbono, assim como a produção de gema do ovo e o metabolismo e armazenamento de várias vitaminas. Por exemplo, a vitamina D, que está diretamente envolvida no metabolismo do cálcio e, por conseguinte, na formação da casca do ovo. Uma das funções do fígado é a conversão da glicose em glicogénio e triglicéridos, que são armazenados como fonte de energia durante os períodos em que o nível de açúcar no sangue é elevado. Além do mais, os ácidos gordos provenientes da digestão e absorção das gorduras alimentares chegam diretamente ao fígado e são armazenados (sob a forma de triglicéridos) ou metabolizados. A acumulação de gorduras no fígado ocorre quando a função de síntese e de armazenamento dos triglicéridos é mais rápida do que a sua mobilização. No entanto, a acumulação prolongada conduz à esteatose hepática ou doença do fígado gordo (FLD).
Doença do fígado gordo
O fenómeno da FLD é mais frequente nas espécies de aves de capoeira do que nos mamíferos e está relacionado com estratégias específicas de sobrevivência e reprodução. Por exemplo, as aves de capoeira têm um nível de açúcar no sangue muito mais elevado do que os mamíferos (2 ou 3 vezes superior), essencial para suportar a elevada capacidade glicolítica da retina e dos músculos envolvidos nas atividades de voo. Além disso, o desenvolvimento do embrião no ovo é apoiado principalmente pela gema, que é constituída maioritariamente por gordura.
Igualmente, em galinhas poedeiras, os fatores hormonais, tais como o aumento dos níveis de estradiol, estão estreitamente correlacionados com o aumento da lipemia durante a postura, dependendo da formação da gema1. Tendo em conta todos estes fatores, não é surpreendente a predisposição das
galinhas para a FLD. Para além destes fatores hormonais, o estado oxidativo do fígado é também importante no surgimento da esteatose hepática: com efeito, as células hepáticas, devido à sua atividade normal de oxidação dos ácidos gordos, são particularmente sensíveis a excessos de substâncias que desencadeiam a oxidação e a formação de produtos como peróxidos, radicais e espécies reativas de oxigénio (ROS). A alimentação pode igualmente desempenhar um papel muito importante: as dietas desequilibradas como o desequilíbrio entre energia (excesso) e proteínas (carência), constituem um fator de predisposição para o surgimento da esteatose hepática. Foi igualmente demonstrado que as galinhas alimentadas com rações à base de trigo são mais propensas a esta doença, o que se diz estar correlacionado com uma deficiência de vitamina B, biotina (essencial para o metabolismo dos ácidos gordos no fígado) neste cereal2,3. Outros fatores dietéticos possíveis são atribuíveis à presença de substâncias tóxicas (por exemplo, aflatoxinas) ou à falta de fatores lipotrópicos como a colina4 É importante sublinhar aqui que a fonte primária de gorduras depositadas no fígado são principalmente os hidratos de carbono da dieta e não os lípidos da dieta.
Vários estudos demonstraram que as lisolecitinas podem regular o metabolismo lipídico, promover a absorção de ácidos gordos e reduzir a colesterolemia5. Os lisofosfolípidos, quando combinados com as gorduras, promovem a formação de lipoproteínas de baixa densidade (VLDL6) que transportam os lípidos do fígado para os tecidos para evitar a sua acumulação. Além disso, conseguem modular a expressão dos genes envolvidos no metabolismo dos lípidos. Isto inclui a regulação positiva dos genes responsáveis pela oxidação dos ácidos gordos e a regulação negativa dos genes envolvidos na lipogénese (criação de gordura), promovendo, assim, um equilíbrio que favorece a utilização da gordura em detrimento do seu armazenamento no fígado. Neste artigo, resumimos os resultados de dois estudos diferentes em que a lisolecitina (LYSOFORTE®, KEMIN industries) foi adicionada à dieta de galinhas poedeiras para avaliar o impacto nos parâmetros hepáticos:
1. Melhoria da absorção de pigmentos como parâmetro para a saúde do fígado
Realizou-se um ensaio de campo à escala comercial, com um dos maiores produtores de ovos da Europa7. O principal objetivo foi avaliar o efeito da lisolecitina (LYSOFORTE®, KEMIN industries) na utilização de pigmentos em poedeiras, no entanto, os carotenoides são solúveis em gordura e, como tal, em caso de esteatose hepática, serão depositados no tecido hepático, juntamente com os lípidos.
• O ensaio foi efetuado em dois grupos, A e B, cada um composto por 90 000 galinhas poedeiras Hy-Line white.
• No início do ensaio, as galinhas dos grupos A e B tinham, respetivamente, 89 semanas e 82 semanas de idade.
• Ambos os grupos foram alimentados com a mesma dieta basal, constituída por trigo, milho, farinha de soja, farinha de girassol, farinha de trigo e uma mistura de gordura animal.
• Foram incluídas na dieta quantidades elevadas de um carotenoide natural amarelo através de um produto líquido que continha 15 g/ kg de carotenoides.
• No fim do ensaio, uma ave de cada grupo e duas aves de um grupo separado não tratado foram sacrificadas e dissecadas com vista a avaliar visualmente e comparar a saúde do fígado.
• A utilização mais eficiente dos pigmentos pelas aves após a utilização de lisolecitina também se refletiu numa menor ocorrência de “fígado gordo”. As aves alimentadas com dietas suplementadas com lisolecitina apresentaram um fígado muito mais saudável em comparação com as aves que não a receberam (figura 1):
Figura 1. O LYSOFORTE aumentou a eficiência na utilização dos pigmentos, tal como observado nos Grupos A e B, através de uma incidência reduzida de “fígado gordo”.
2. Diminuição da taxa de gordura no fígado
Um segundo estudo investigou os efeitos da suplementação dietética de lisolecitina (LYSOFORTE®, KEMIN industries) no desempenho, na qualidade dos ovos, nos perfis sanguíneos, no peso relativo dos órgãos e na histopatologia do fígado em galinhas poedeiras8
Um total de 480 galinhas poedeiras Lohmann saudáveis, com 65 semanas, foram distribuídas aleatoriamente por 4 tratamentos, num desenho fatorial 2 × 2, com 2 níveis de energia dietética (2.650 kcal/ kg AMEn – Baixa Energia (LE) e 3.100 kcal/kg AMEn – Alta Energia (HE)) e 2 níveis de lisolecitina (0 e 0,05 %).
No final da 8ª semana, 2 aves de cada réplica foram pesadas individualmente e sacrificadas por deslocamento cervical. O teor de extrato etéreo hepático foi determinado (AOAC, 2007) para calcular a taxa de gordura do fígado. Taxa de gordura no fígado (%) = peso do extrato etéreo hepático (g) / peso total da amostra de fígado (g) × 100.
A esteatose hepática nos tecidos hepáticos de cada tratamento foi avaliada com base no surgimento de gotículas de lípidos no citoplasma dos hepatócitos. O critério de pontuação da lesão patológica foi o seguinte: 0 ponto= hepatócitos normais, 1 ponto= esteatose ligeira dos hepatócitos, 2 pontos= os hepatócitos apresentam esteatose moderada, 3 pontos= esteatose grave dos hepatócitos.
A adição de lisolecitina diminuiu o teor de extrato etéreo e a pontuação de lesão patológica do fígado, o que indicou que a lisolecitina pode ser transportada para o fígado com vista a reduzir a acumulação de gordura e aliviar a ocorrência de FLD (Tabela 1).
Tabela 1. A adição de LYSOFORTE reduz significativamente a pontuação da lesão patológica do fígado nas galinhas poedeiras em fase tardia em comparação com as dietas basais não suplementadas. * LE + 0,05 % LYSOFORTE; ** HE + 0,05 % LYSOFORTE; *** Erro padrão da média. representa = 16 (2 galinhas por réplica).
A doença do fígado gordo nas galinhas poedeiras é muito comum, com múltiplas causas, em parte fisiológicas e em parte ambientais. As lisolecitinas de LYSOFORTE demonstraram atenuar a deposição excessiva de lípidos no fígado em diferentes condições de utilização e em diferentes níveis de energia alimentar que apoiam a saúde das galinhas poedeiras.
1.E. J. SQUIRES e S. LEESON, Br. vel. 1. (1988). 144, 602
2. Hemsley, L.A.; Edgar, J.; Smetana, P. A comparison of barley, oats, sorghum and wheat in the production of the fatty liver and kidney syndrome. Br. Vet. J. 1973, 129, lxv–lxvi.
3.Payne, C.G.; Gilchrist, P.; Pearson, J.A.; Hemsley, L.A. Involvement of biotin in the fatty liver and kidney syndrome of broilers. Br. Poult. Sci. 1974, 15, 489-498.
4. E.J. Butler (1976) Fatty liver diseases in the domestic fowl — A review, Avian Pathology, 5:1, 1-14, DOI: 10.1080/03079457608418164.
5. Polichetti, E. et al., Dietary polyenylphosphatidylcholine decreases cholesterolemia in hypercholesterolemic rabbits: role of the hepato-biliary axis. Life Sciences, 67(21), pp.2563-2576
6. Suárez-García, S., Caimari, A., Del Bas, J.M., Suárez, M. e Arola, L., 2017. Serum lysophospholipid levels are altered in dyslipidemic hamsters. Scientific reports, 7(1), pp.1-14.
7. INF-2017-00042 LYSOFORTE improves pigment absorption
8. Z.Z He et al., Effects of dietary energy levels and lysolecithins on performance, egg quality, blood profiles and liver histopathology in late-phase laying hens British Poultry Science Dec.2022
Grupo Valouro, Ph. D.
Num recente estudo sobre a evolução económica da Agricultura Portuguesa nas últimas seis décadas, o Professor Francisco Avillez destaca o excecional crescimento da produção animal entre 1960 e 1980 (+3,5%/ano), em contraste com o decréscimo registado no volume da produção vegetal (-5%/ano) durante o mesmo período.
Diversas são as razões que justificam o referido aumento excecional apresentado pelo setor animal, com destaque para os notáveis avanços científicos que se registaram principalmente desde o início do século XX até ao presente, designadamente nos domínios do melhoramento animal, da nutrição, da profilaxia e do condicionamento ambiental. No que concerne ao melhoramento animal e no que respeita ao setor avícola, note-se que só em 1943 foi contratado o primeiro geneticista por uma empresa privada norte-americana, passando assim a conferir maior rigor e celeridade à seleção das aves com melhor desempenho zootécnico. Entre nós de ressaltar a iniciativa pioneira da avicultora Eduarda Matos e do Eng. Moreti que selecionaram linhas puras de duas raças para a produção de galinhas poedeiras, passando a distribuir estas poedeiras em meados da década de 1950, designadamente no concelho de Tondela; os machos, embora sem vocação creatopoética, eram aproveitados como produtores de carne e comercializados em Lisboa, onde em finais da década de 1950 o Estado instalou o primeiro matadouro de aves. A referida iniciativa de seleção avícola desenvolvida em Tondela veio a ser suplantada pela importação de aves reprodutoras provenientes de empresas de seleção estrangeiras especializadas tanto na linha dos ovos como na da carne – situação que se mantém até ao presente, mas agora com um número diminuto de empresas de seleção.
Entretanto em Portugal a exploração avícola experimentou uma expansão notável, nomeadamente em regiões de minifúndio e também por iniciativa dos retornados das colónias, o que impulsionou a instalação de dois matadouros privados na década de 1960, tendo um deles associada a primeira unidade de tratamento de subprodutos de matadouro de aves instalada na Europa (Grupo Valouro).
Este passo importante em termos de economia circular veio a ser expandido de forma acentuada pelo mesmo Grupo empresarial no denominado Complexo Agroavícola da Daroeira, sito no concelho de Santiago do Cacém. Aqui produz-se milho, como importante matéria-prima dos alimentos compostos
preparados no aludido Complexo e administrados aos frangos de carne ali criados (15 milhões por ano) e abatidos. Os subprodutos do matadouro e as camas dos aviários são devidamente tratados e integrados na economia circular que carateriza o Complexo Agroavícola em apreço, a que acresce a produção de energias renováveis com capacidade para suprir cerca de metade das necessidades energéticas do Complexo – classificado pela Ordem dos Engenheiros como um dos dez melhores empreendimentos agrícolas realizados nos últimos 20 anos em Portugal.
No tocante aos bovinos leiteiros, importa destacar o papel desempenhado pelo Eng. Agrónomo J.M. Arriaga e Cunha, que abandonou a carreira científica porque entendeu ser seu dever contribuir para a melhoria da alimentação dos portugueses, designadamente através de um maior consumo de leite. Para o efeito optou pela utilização de vacas altamente produtivas, na medida em que as necessidades de conservação não dependem da produção, mas apenas do peso vivo, se bem que a maior produção represente obviamente um importante aumento do consumo de nutrientes; esta opção por vacas de elevada produção implica um maior consumo de alimentos compostos, o que era contrariado por muitos agricultores, pois não compreendiam que deste modo conseguiam custos de produção de leite inferiores e, portanto, mais acessíveis aos portugueses. Com a sua reconhecia generosidade, aquele distinto Agrónomo difundiu amplamente a sua tese e, inclusivamente, abriu a sua exploração a outros produtores, estudantes e docentes universitários.
Em finais da década de 1950 inicia-se a pasteurização do leite de vaca em Portugal, para o que concorreram diversos técnicos previamente preparados no Reino Unido, permitindo-me destacar a Eng. Agrónoma Décia Carreira que, para além da assistência técnica dispensada à indústria, desempenhou um papel relevante em vários estabelecimentos do ensino superior, designadamente no domínio dos lacticínios.
Também no que concerne à fileira da produção de suínos, o progresso genético das linhagens, iniciado entre nós na década de 1950, associado a constantes melhorias no maneio dos animais, veio contribuir decisivamente para um crescente desempenho, expresso nomeadamente pelo número de leitões desmamados em média por porca/ano (que hoje é da ordem dos 30 leitões), o que tem vindo a
conduzir a custos de produção decrescentes, favorecendo assim o consumo desta proteína. Relativamente à nutrição, no século XX registaram-se avanços notáveis, mormente no que às vitaminas diz respeito, desde a descoberta das mesmas e da sua estrutura química, até à respetiva síntese, que terminou com a da cianocobalamina no ano de 1972. A propósito da descoberta das 14 vitaminas conhecidas, recordo-me de ter visitado um antigo aviário de galinhas reprodutoras pesadas, com capacidade para 10 fêmeas e 1 macho, que dispunha de um terreno anexo para as aves terem a oportunidade de apanhar sol e assim sintetizarem a vitamina D3; ademais tinham a possibilidade de consumir algumas ervas suscetíveis de eventualmente subministrarem alguns micronutrientes minerais (estávamos então numa fase ainda muito incipiente no fabrico de alimentos compostos completos para monogástricos).
A propósito do exemplo acabado de apresentar e para ilustrar os progressos entretanto registados na produção avícola, de destacar que presentemente é comum utilizar aviários com capacidade para alojar 10 000 galinhas reprodutoras pesadas juntamente com 1000 machos; e, para maior conforto das aves, muitos desses aviários dispõem de equipamento em que a inteligência artificial está articulada com a informática em ordem ao controlo automático de importantes parâmetros ambientais: temperatura, humidade relativa, amoníaco, dióxido de carbono e ventilação.
Ainda no âmbito da nutrição, importa destacar a síntese química de dois aminoácidos essenciais: a lisina em 1902 e a metionina em 1928. Estas descobertas vieram revelar-se extremamente importantes na preparação de alimentos compostos completos equilibrados para administração aos animais monogástricos, conduzindo assim à melhoria da eficiência alimentar – da qual depende em grande parte o custo de produção da proteína dos animais monogástricos.
Com base nos conhecimentos científicos entretanto alcançados na primeira metade do século XX, foi possível definir as necessidades nutritivas de diversas espécies animais, consoante a idade e a função zootécnica, o que veio permitir adotar uma alimentação de precisão.
Ainda no que respeita à nutrição e no caso específico de Portugal, no período em análise (1960-1980) importa relevar a importância assumida pelas sêmeas provenientes das moagens de cereais e pelos bagaços de oleaginosas obtidos nas empresas produtoras de óleos alimentares ou de sabões, que na verdade encontraram um escoamento para
os referidos coprodutos ao incorporá-los nos alimentos compostos para animais. Esta associação está na origem das primeiras fábricas de alimentos compostos em Portugal (por exemplo, Companhia União Fabril produtora de óleos alimentares, Vitamealo produtora de sabões e Nacional com moagem de trigo), vindo em inícios da década de 1970 a ser instalada, por iniciativa da Família Mendes Godinho uma grande unidade de extração de óleo de soja, até então não autorizada, mas que viria a dispensar um apoio relevante ao crescente número de fábricas de alimentos compostos instaladas em Portugal, em ambiente de forte concorrência, no tocante ao valor nutritivo e ao preço de venda.
Ainda no período em apreciação, cumpre destacar o desenvolvimento da profilaxia, com relevo para as vacinas, que entre outras vantagens vieram proporcionar a criação de animais em confinamento, o que conduz à redução dos custos de produção, incluindo os inerentes ao condicionamento ambiental.
veio contribuir para a expansão da produção animal, em moldes cada vez mais eficientes, pois o condicionamento ambiental está associado à melhoria do bem-estar proporcionado aos animais e, por conseguinte, também à sua eficiência produtiva.
Ao que precede e ainda como justificativo importante do crescimento notável da produção animal em Portugal de 1960 a 1980, importa assinalar que de 1950 a 1973 Portugal conheceu um forte período de crescimento económico – denominado idade de ouro, sem precedentes na nossa história económica, apresentando taxas de crescimento do PIB das mais elevadas da Europa –, o que foi acompanhado por políticas de redistribuição de rendimentos. Estas vieram favorecer o consumo de proteína animal, que em 1960 era ainda muito inferior às necessidades da população portuguesa e, deste modo, o aumento de rendimentos das famílias veio constituir um estímulo à expansão da produção animal e subsequente aumento do consumo per capita
Decorreu no dia 27 Setembro, no Auditório da DGAV, Tapada da Ajuda, uma Conferência DGAV/IACA, sobre Alimentos Medicamentosos e Resistência Antimicrobiana, onde foi igualmente abordada a recente legislação europeia sobre contaminações cruzadas por substâncias ativas antimicrobianas.
A Conferência, cuja abertura foi realizada pela Sra. Diretora Geral da DGAV, Dra. Susana Pombo, e pelo Presidente da SPMA Eng. João Barreto, contou com a presença de vários responsáveis da DGAV, onde se abordou a implementação da PEMV no respeitante aos alimentos medicamentosos e a sua evolução (Dra. Inês Almeida), os procedimentos e requisitos de aprovação de fabricantes e distribuidores por grosso de alimentos medicamentosos (Dra. Ana Avelar), bem como a recente legislação europeia sobre níveis máximos
específicos de contaminação cruzada (Dr. José Manuel Costa).
Foi igualmente apresentado o projecto HubRAM pela Dra. Andrea Cara D'Anjo que se destina a uma avaliação da evolução da resistência antimicrobiana a nível nacional.
Fazendo um sumário da situação atual em Portugal e na Europa sobre o Uso de Antibióticos e de Alimentos Medicamentosos:
Overview Europa:
• O total de consumo de antibióticos em 2021 nos 29 Países da EU/EEA corresponde a 8.059 toneladas, sendo 3.061 ton destinadas a Humanos e 4.994 ton destinadas a Animais. Significa que, em valor absoluto, o setor da Saúde Animal representou em 2021 o valor de 62 % do total do consumo de antibióticos na Europa.
• No entanto, quando considerando o total da biomassa estimada por espécie, verificamos o consumo em Humanos de 125 mg / Kg Biomassa (=PCU), versus um consumo de 92,6 mg / Kg Biomassa em Animais. Significa isto que, traduzido o consumo de Antibióticos por Biomassa, o setor Humano representa um consumo de cerca de 35 % acima do consumo em Animais.
• Quando agregados os números do consumo de antibióticos em mg /PCU em 2022 nos 31 países europeus, verificamos que cerca de 85% do total é administrado por via oral, sendo que a formulação por pré-mistura medicamentosa responsável por 15% do total
• Analisada a evolução do consumo de antibióticos por mg /PCU entre 2021-2022, verificamos uma forte redução da administração via pré-mistura medicamentosa, que reduz de cerca de 60 mg /PCU em 2011 para um valor abaixo de 15 mg / PCU em 2022.
• No período 2011 – 2022, nos 22 países europeus que reportaram dados, verificou-se uma redução de 53% do consumo total de antibióticos em uso animal (de 161 ,2 mg/PCU para 75 ,8 mg/PCU ).
• Relembramos que o target europeu, de acordo com o Green Deal, seria reduzirmos na Europa 50 % do consumo em Animais desde 2018 e atingirmos o valor de 59,2 mg /PCU em 2030.
Overview Portugal:
• Em Portugal, tivemos uma redução no período 2010-2022 de 175,1 mg/PCU para 77,1 mg /PCU, sendo que em 2022 Portugal apresenta a maior redução nos 31 países europeus ao reduzir de 149,9 mg/PCU para 77,1 mg/PCU.
• A Colistina, o único antibiótico crítico Classe B, utilizado via alimento medicamentoso em Portugal, reduz de 6,1 mg/ PCU para 1,8 mg /PCU em 2022, abaixo da média europeia 2,1 mg/PCU.
• Cerca de 40 % do consumo total de Colistina em Animais de produção, foi
veiculado em Portugal via Alimento Medicamentoso em 2022.
Survey dos Alimentos Medicamentosos em Portugal 2021-2022 – 1º semestre 2023:
• Objetivo: percecionar as eventuais diferenças nas quantidades produzidas de Alimento Medicamentoso com a entrada em vigor do Regulamento UE 2019 /4.
• De acordo com o estudo realizado pela IACA nos seus Associados, com uma representatividade de 45 % e 48,7% em 2021 e 2022 respetivamente, verificamos que o peso do Alimento Medicamentoso sobre o total de Alimento Composto produzido correspondeu a 6,4 % em 2021 e 3,5 % em 2022, o que corresponde a uma diminuição de 42,5% do total de Alimento produzido no universo do estudo realizado.
• No estudo realizado no 1º semestre 2023, com uma representatividade mais baixa na amostragem no total de alimentos compostos produzidos pelos Associados da IACA (35 %) verificamos uma ligeira redução do peso percentual do Alimento Medicamentoso (3,1%) no Total do Alimento Composto produzido. No entanto esta análise deverá ser vista com precaução dada a significativa redução do peso da amostragem.
Legislação e Reflexões:
• O Regulamento Delegado que complementa o Regulamento Europeu 2019 /4 no estabelecimento dos limites máximos de contaminação cruzada ( carry over ) das 24 substâncias ativas antimicrobianas em alimentos não-alvo, e nos respetivos métodos de análise, estabelece um nível harmonizado de 1% de tolerância relativamente ao nível de incorporação do último lote produzido de Alimento Medicamentoso ou de produto intermédio.
• Existem, no entanto, três situações onde se aplica uma derrogação ao nível do limite de 1% e se aplica o LOQ (Limite de Quantificação) para a substância ativa antimicrobiana em causa, de acordo com o método analítico aprovado:
1. Alimentos não-alvo para animais produtores de géneros alimentícios (exceto peixes) os quais foram produzidos após Alimentos Medicamentosos para Peixes
2 Alimentos não-alvo para animais em fase de produção de ovos ou leite para consumo humano.
3 Alimentos não-alvo para animais no período de abate correspondente ao intervalo de segurança mais longo para a espécie animal visada.
Reflexões:
• Face à nova legislação, será pertinente perguntarmos qual o futuro dos Alimentos Medicamentosos na Europa, não obstante todo o setor e a própria Comissão Europeia considerar relevante a importância do Alimento Medicamentoso no setor da saúde animal.
• Será importante perceber o impacto no setor dos fabricantes de Alimentos Medicamentosos e na Produção, face às necessárias adaptações para o cumprimento dos limites exigidos.
• Será de considerar também a exequibilidade das vias de administração alternativas: Água de bebida (face aos equipamentos necessários) e que futuro para o Top Dress, sabendo que o grau de exigência sobre as formas orais serão igualmente elevados.
• Será fundamental ter em consideração todas as soluções alternativas e propostas que podem contribuir para a redução de uso de antibióticos, como os aditivos (probióticos, pré-bióticos, enzimas, acidificantes, fitogénicos…), a vacinação, o controlo de micotoxinas, alterações de maneio, biossegurança e a alimentação de precisão (como conceitos como a proteína ideal e novo perfil de ácidos aminados) que são exemplos de como podemos positivamente reduzir a necessidade do uso de antibióticos.
• No entanto, o uso de antibióticos será sempre uma necessidade face a doenças especificas e para as quais o Modelo EPRUMA –Uso Prudente deverá ser sempre seguido, com a máxima: "Tão pouco quanto possível; tanto quanto necessário".
FeedInov no Encontro Ciência 2024, o maior evento anual de Ciência e Inovação em Portugal!
Entre os dias 3 e 5 de julho de 2024, a cidade do Porto foi o palco do Encontro Ciência 2024, o maior evento anual dedicado à Ciência e Inovação em Portugal. Este evento, que já se consolidou como uma referência no calendário científico do país, reuniu especialistas e profissionais de renome nas áreas da investigação científica, medicina, tecnologia e educação. Pela primeira vez na cidade Invicta, o Centro de Congressos da Alfândega do Porto acolheu uma edição que destacou o papel central da ciência no desenvolvimento global e no bem-estar da Humanidade.
Com o tema “+Ciência para Uma Só Saúde e Bem-Estar Global” o encontro de 2024 deu continuidade à tradição de promover diálogos inovadores e transversais entre diversos campos científicos. Este mote refletiu a visão global e integradora da “One Health”, uma abordagem que reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal e ambiental.
No segundo dia do evento, o FeedInov CoLab liderou a Sessão Temática intitulada “One Health, one Welfare, one Nutrition, one Environment: Livestock’s role in Sustainability” , em parceria com a All 4 Animals – Dep. Animal Production e o INIAV, IP – Pólo Fonte Boa.
A sessão focou-se em temas cruciais como a produção animal sustentável e a sua relação com a saúde e o bem-estar humano e ambiental. O FeedInov CoLab destacou a importância de práticas que promovam uma nutrição equilibrada e respeitem o meio ambiente, numa perspetiva integrada de “Uma Só Saúde”.
A participação do FeedInov CoLab no Encontro Ciência 2024 reforçou a sua posição como um dos principais agentes na promoção de soluções sustentáveis e inovadoras no setor da alimentação animal. Com uma abordagem que integra ciência e tecnologia, o FeedInov CoLab demonstrou o seu compromisso em liderar o desenvolvimento de práticas mais eficientes e ambientalmente responsáveis.
Participação de Ana Sofia Santos, CEO do FeedInov CoLab, na RDP Internacional, numa entrevista exclusiva.
No dia 11 de julho de 2024, Ana Sofia Santos, CEO do FeedInov CoLab e recém-nomeada Secretária-Geral da Animal Task Force, esteve em destaque numa entrevista exclusiva no programa Dois Dedos de Conversa, na RDP Internacional, conduzida pelo jornalista Miguel Peixoto.
Ana Sofia abordou a sua formação em Engenharia Zootécnica, que inclui um mestrado em Produção Animal e um doutoramento em Ciência Animal. Enfatizou a importância da inovação e da sustentabilidade na alimentação animal, sublinhando os desafios que a indústria enfrenta, como a eficiência produtiva e a necessidade de adotar práticas mais sustentáveis.
Durante a entrevista, Ana Sofia enfatizou a importância de adotar novas abordagens para construir um futuro mais responsável na alimentação animal, salientando que, para alcançar esses objetivos, é fundamental atrair profissionais e especialistas para trabalhar na agricultura em toda a Europa.
A participação de Ana Sofia Santos na RDP Internacional foi uma oportunidade para informar profissionais e ouvintes sobre a importância da inovação na alimentação animal. O episódio Dois Dedos de Conversa / Animal Task Force | Ep. 188 já está disponível, oferecendo uma visão sobre o impacto que Ana Sofia tem no setor.
Feedinov marca presença na AgroSemana 2024!
A AgroSemana – Feira Agrícola do Norte consolidou-se como uma referência entre os eventos do setor agrícola em Portugal. Lançada em 2013 como um encontro técnico-profissional dirigido exclusivamente às Cooperativas Associadas e aos Produtores de Leite da AGROS, a feira expandiu o seu alcance em 2014, ao abrir pela primeira vez as suas portas ao público em geral. Com o objetivo de promover, fortalecer e valorizar o setor agropecuário, a AgroSemana cresceu significativamente ao longo dos anos, tendo
recebido na sua última edição um público impressionante de 75 000 visitantes.
O FeedInov CoLab participou ativamente na edição de 2024 da AgroSemana, organizada pelo Grupo AGROS, reafirmando a importância deste evento para o setor agrícola em Portugal. A feira decorreu entre os dias 29 de agosto e 1 de setembro.
No dia 29 de agosto, o FeedInov marcou presença na inauguração oficial da feira, que contou com a participação de várias figuras políticas de relevo, incluindo o Primeiro-Ministro Luís Montenegro, o Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e o Ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida. No dia 30 de agosto, o FeedInov deu continuidade à sua missão de promover a literacia no setor agrícola, através do jogo didático “A Quinta do Vale”. Esta iniciativa educacional, realizada em parceria com a Confagri CCRL, teve como objetivo sensibilizar os jovens para a importância de práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras.
A participação do FeedInov na AgroSemana reforçou o seu compromisso com a educação e a inovação no setor agropecuário, sublinhando a importância dessas práticas para o desenvolvimento sustentável da agricultura em Portugal.
O jogo “Quinta do Vale” encontra-se disponível para download na Google Play Store. Use este link para aceder e fazer o download gratuito em: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.GameDevTecnico.QuintaDoVale&pcampaignid=web_share
FeedInov CoLab no 75º Encontro Anual da EAAP em Florença, Itália.
Entre os dias 1 e 5 de setembro de 2024, Florença, na Itália, acolheu o 75º Encontro Anual da European Association for Animal Production
(EAAP), que reuniu especialistas de todo o mundo para discutir o tema central “Qualidade Global: Ambiente, Animais, Alimentação”. Este evento foi um marco importante para a ciência animal, apresentando as mais recentes inovações e pesquisas nas áreas de genética, nutrição, fisiologia, bem-estar animal e pecuária de precisão, entre outras.
O congresso proporcionou um fórum diversificado para apresentações e discussões sobre os avanços mais recentes no setor agropecuário. Especialistas de várias partes do mundo partilharam pesquisas atualizadas, enquanto as onze comissões de estudo da EAAP organizaram sessões temáticas que abordaram os principais desafios e oportunidades para a produção animal sustentável. Este encontro foi uma oportunidade única para promover a troca de conhecimentos entre investigadores, indústrias e instituições, reafirmando a importância de práticas inovadoras no setor.
Representando o FeedInov CoLab, estiveram presentes Ana Sofia Santos, Diretora para a Ciência e Inovação, e Cristina Monteiro, Gestora para a Ciência. Ambas marcaram presença ativa no evento, reforçando o compromisso do FeedInov CoLab com o avanço da ciência e inovação no setor agropecuário. A participação da equipa no evento sublinhou a importância das colaborações internacionais e o papel do FeedInov CoLab na promoção de soluções sustentáveis para o futuro da produção animal.
Neste contexto, o FeedInov CoLab teve uma participação significativa, com apresentações e um póster que refletiram o trabalho colaborativo dos nossos investigadores e parceiros.
No dia 3 de setembro, na Sessão 57, que abordou abordagens socioeconómicas na indústria equina, Ana Sofia Santos apresentou, às 17:00, o tema “EUnetHorse – setting the base: results on characterization questionnaires at EU level.” Além disso, no mesmo dia, foi exibido um póster sobre “Portuguese equine production characterization: results from the EUnetHorse thematic network.”
Sustainable farming practices are foundational to the growth and production of U.S. Soy. Recently, the U.S. Soybean Export Council (USSEC) mapped U.S. Soy’s strategic objectives directly to the U.N. Sustainable Development Goals (SDGs) – 17 goals that aim to end poverty, protect the planet, and ensure all people enjoy peace and prosperity by 2030. With the strategic objectives tied directly to specific SDGs and the targets under those goals, the U.S. Soy industry has identified areas where we can have the greatest impact in supporting progress toward global sustainable development.
U.S. Soy is committed to supporting these goals and sustainable development to 2030 and beyond.
Sourcing verified sustainable U.S. Soy that meets EU sustainability requirements is simple with the U.S. Soy Sustainability Assurance Protocol (SSAP). The SSAP certificate offers an origin specific, sustainability verification of U.S. Soy. Indicate to your soy supplier that you require a U.S. Soy SSAP certificate for your U.S. soy purchase.
A Inovcluster, Associação do Cluster Agroindustrial do Centro, celebrou no dia 04 de julho, o seu 15º aniversário com um evento sunset que reuniu associados e fundadores, parceiros, colaboradores e convidados. A celebração, realizada no Castelo dos Templários de Castelo Branco, marcou um momento de reflexão sobre o trajeto percorrido e os sucessos alcançados, bem como um olhar otimista para o futuro.
O evento contou com uma programação diversificada onde se incluiu a entrega de menções honrosas, discursos de agradecimentos a todos quanto fizeram parte deste trajeto, colaboradores e Direção, e um animado corte do bolo comemorativo. Durante o evento, foram homenageados associados que completaram 10 anos de compromisso com a Inovcluster, reconhecendo a sua lealdade e contribuição para o crescimento da associação.
“ Há 15 anos, a Inovcluster nasceu com a missão de impulsionar a inovação e a competitividade das empresas do setor agroalimentar. Desde então, temos trabalhado incansavelmente para promover o desenvolvimento sustentável, apoiar a internacionalização e fomentar a cooperação entre empresas, universidades e centros de investigação ” referiu Christelle Domingos, Diretora Executiva da InovCluster , salientado alguns dos marcos atingidos neste percurso: “ Apoiamos e implementámos mais de 53 projetos cofinanciados, destes, 24 projetos foram de inovação que resultaram em produtos e processos novos e melhorados, contribuindo para a competitividade das nossas empresas e para a sustentabilidade do setor agroalimentar. Estabelecemos
3 centenas de colaborações com instituições de renome, tanto nacionais como internacionais, que fortaleceram a nossa rede e ampliaram as oportunidades de crescimento para os nossos associados. Organizamos mais de 700 eventos, workshops e formações que capacitaram os nossos associados, atualizando-os com conhecimentos, tendências e inovações do setor. Recebemos diversas distinções que reconhecem o nosso trabalho e o impacto positivo que temos gerado no setor agroalimentar. E atingimos o marco de 17 milhões e meio em projetos cofinanciados. ”.
Patrícia Coelho, Vereadora da Câmara Municipal de Castelo Branco e Presidente de Direção da InovCluster na sua nota de encerramento referiu que “ a nossa associação tem sido um catalisador de mudança, ajudando a transformar desafios em oportunidades. Num mundo em constante evolução, onde a tecnologia e a sustentabilidade ganham cada vez mais importância, a InovCluster tem estado na vanguarda com projetos inovadores e financiados preparando as empresas associadas para enfrentarem as exigências de um mercado globalizado e competitivo ” salientando que “ temos de continuar a inovar, a aprender e a crescer. O futuro traz consigo novos desafios, como a digitalização, a economia circular e a adaptação às mudanças climáticas. Estou confiante de que, juntos, continuaremos a ser uma força motriz para a transformação e o desenvolvimento sustentável do setor agroalimentar e industrial ”.
José Vale, Diretor do departamento de Empreendedorismo e Inovação do IAPMEI , enquanto organismo responsável pelo acompanhamento e a monitorização da atividade do cluster, Portu -
guese Agrofood Cluster, onde a InovCluster se integra referiu que “ O InovCluster tem tido um papel preponderante quer a nível regional, quer a nível nacional apoiando as empresas da região na sua promoção, desenvolvimento e internacionalização ” Destacou ainda, que “a Inovcluster tem contribuído ativamente para o crescimento da economia portuguesa, e que em conjunto com todos associados do cluster Agrifood, terá cada vez mais preponderância e adquirirá mais riqueza, mais tecnologias associadas a este setor de atividade económica e terá, efetivamente, um papel cada vez mais relevante” Reiterou a relação de proximidade com o InovCluster ao longo destes 15 anos, desejando a continuidade do projeto com cada vez mais expressão regional, nacional e internacional.
A Inovcluster continua a sua missão de promover a inovação e a competitividade das empresas do setor agroalimentar, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a internacionalização. Com um futuro promissor pela frente, foi dado a conhecer ao longo da cerimónia que a InovCluster acabou de receber a aprovação de passagem à 2ª fase dos Avisos PROVERE com o projeto “Queijos Centro de Portugal”. Christelle Domingos referiu que este é “ um programa vital para o desenvolvimento económico da região e permitirá a continuidade e ampliação dos nossos esforços para promover o desenvolvimento sustentável e inovador do setor agroalimentar”
A Inovcluster é uma associação sem fins lucrativos que tem como missão promover a inovação, a competitividade e o desenvolvimento sustentável das empresas do setor agroindustrial do Centro de Portugal. Fundada há 15 anos, a Inovcluster tem desempenhado um papel vital no apoio à internacionalização e na promoção da cooperação entre empresas, universidades e centros de investigação.
O Soy Connext, a Cimeira Global da Soja dos EUA, reuniu recentemente mais de 750 participantes de 62 países em São Francisco. O evento proporcionou uma oportunidade única para obter insights e análises sobre a colheita de soja dos EUA de 2024 e promover contactos com líderes globais.
O destaque do evento foi a apresentação das estimativas nacionais da Pro Farmer para as colheitas de milho e soja nos Estados Unidos em 2024, oferecendo uma visão detalhada sobre a produção agrícola no país.
Milho: Produção nacional estimada em 14,979 mil milhões de bushels
As previsões para o milho indicam uma produção nacional de 14,979 mil milhões de bushels, com um rendimento médio de 181,1 bushels por acre. A produção pode variar entre 14,829 e 15,129 mil milhões de bushels, consoante as condições meteorológicas.
Nos principais estados produtores:
• Iowa destaca-se com um rendimento de 212 bushels por acre, evidenciando uma colheita robusta.
• Illinois bateu o recorde de 2022, com uma produção de 220 bushels por acre.
• Nebraska registou 189 bushels por acre, com o milho de sequeiro a apresentar um desempenho quase tão bom quanto o irrigado. Apesar de alguns estados, como Minnesota e South Dakota, terem enfrentado dificuldades devido ao excesso de chuvas e variações no rendimento, outros, como Indiana e Ohio, apresentaram uma produção consistente e níveis adequados de humidade no solo.
Soja: Produção nacional pode atingir os 4,740 mil milhões de bushels
As previsões para a produção nacional de soja apontam para 4,740 mil milhões de bushels, com um rendimento médio de 54,9 bushels por acre. A produção poderá oscilar entre 4,645 e 4,835 mil milhões de bushels, dependendo das condições climáticas até ao final da época.
Nos estados-chave:
• Iowa e Illinois destacam-se com rendimentos de 67 e 68 bushels por acre, respetivamente, ambos registando aumentos significativos na contagem de vagens em comparação com 2023.
• Nebraska e Minnesota registaram pequenos aumentos nas suas contagens de vagens, com previsões positivas para as colheitas, apesar das adversidades.
• South Dakota mostrou um aumento de 1,3% na contagem de vagens, com um rendimento estimado de 50 bushels por acre.
De acordo com a Pro Farmer, apesar de algumas regiões terem sido afetadas por condições meteorológicas desfavoráveis, as colheitas de soja continuam a apresentar um forte potencial, principalmente devido à boa humidade do solo e à ausência de grandes doenças.
O sucesso do Soy Connext deste ano, que ajudou a fomentar conexões e colaborações globais, já está a gerar expectativas para a edição de 2025, agendada para os dias 20 a 22 de agosto em Washington, D.C. A Pro Farmer espera que a colheita de soja dos EUA continue a contribuir para a nutrição global, promovendo soluções climáticas sustentáveis.
Nota:
1 acre = 0,404 hectare
1 bushel = 0,0272155 tonelada métrica
No dia 3 de outubro, a IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, procedeu uma entrega solidária de 30 toneladas de rações para animais, destinadas a pequenos produtores afetados pelos recentes fogos que assolaram Portugal, sobretudo no Norte e Centro.
A iniciativa de entrega das rações, que teve lugar em Castro Daire, contou com a presença do ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, do secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, e do presidente da Câmara de Castro Daire, Paulo Almeida.
As primeiras 30 toneladas de alimentos compostos para animais foram entregues a várias dezenas de produtores pecuários, como forma de responder às necessidades imediatas de mais de 1500 pequenos ruminantes (ovinos) e bovinos de raça Arouquesa, que já se encontravam em situação de défice nutricional. Todos eles estão adstritos a explorações agrícolas afetadas pelos incêndios ocorridos a meados de setembro em vários concelhos. As rações para animais foram entregues em São Pedro do Sul, Castro Daire, Tábua, Carregal do Sal, Nelas, Penalva do Castelo e Arouca. Estiveram diretamente envolvidas no apoio aos pequenos produtores afetados pelos fogos sete empresas associadas da IACA, designadamente, Nanta, Sorgal, Agrolex, Rações Valouro, Rações Zêzere, Vetalmex e De Heus.
De acordo com a IACA, a operação está a ser implementada “em articulação” com o Ministério da Agricultura, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), a Ordem dos Médicos Veterinários e os responsáveis veterinários dos municípios afetados pelos incêndios. Também as organizações locais de produtores pecuários têm estado a acompanhar esta ação.
A IACA demonstrou interesse na formalização do projeto “IACA Solidária”, através da criação de um “protocolo com a DGAV para resposta a situações de crise”. Tal permitiria dar “uma resposta rápida a situações de emergência como as que se têm verificado nos anos mais recentes”. Jaime Piçarra, secretário-geral da IACA, referiu que é “com palavras e com ações” que se contribui para o bem-estar animal no que à alimentação diz respeito. Esta é, aliás, “uma das missões desta Associação”. Para que a ajuda possa ser “eficaz”, o responsável da IACA salientou que é preciso que “sejam ultrapassadas algumas questões técnicas e burocráticas, que implicam que as premissas do projeto “IACA Solidária” tenham de ser aprovadas pela Assembleia da República”. Jaime Piçarra lançou ainda um repto: “É necessário que estas ajudas não tenham impacto no IRC e no IVA cobrado às empresas”.
Uma ideia prontamente acolhida pelo ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, que defendeu publicamente, na sua deslocação a Castro Daire, a isenção fiscal destas doações. “Há empresas que estão a fazer doações de comida, mas, com a legislação em vigor, vão pagar IVA e IRC. Dão a ração e o Estado ainda lucra com a generosidade das pessoas e isso é um disparate”, disse o governante no final da visita, adiantando que a solução apenas pode vir “da Assembleia da República”. O ministro José Manuel Fernandes adiantou que já deu entrada na Assembleia da República o projeto-lei que visa isentar estas doações de IVA e IRC. Esperemos assim que a situação seja desbloqueada rapidamente e que em breve possa ser assinado o Protocolo com a DGAV.
De norte a sul do país as doações para animais de companhia a cargo de associações de proteção dos animais atingem as 8 toneladas. A IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, através do seu projeto IACA Solidária, em parceria com o Feedinov CoLAB e com a Câmara Municipal de Santarém, celebrou o Dia Mundial do Animal com uma visita ao CROAS (Centro de Recolha Oficial de Animais de Santarém) para ficar a conhecer a melhoria das condições em que vivem os animais acolhidos por este Centro e ofereceu cerca de 2.000 quilos de alimentação para animais de companhia à ASPA (Associação Scalabitana de Proteção Animal). A SmileDog – Cães Terapeutas, que tem como principal atividade a realização de intervenções assistidas por animais junto de
crianças faz, também, parte da iniciativa, com a demonstração de algumas atividades lúdico-didáticas que os cães treinados por esta entidade podem realizar.
A iniciativa conjunta das entidades teve como finalidade celebrar o Dia Mundial do Animal, mas também sensibilizar os mais novos para as questões do bem-estar dos animais de companhia, para a prevenção do seu abandono e para a promoção da sua adoção. Por esta razão foi realizada uma visita ao Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, onde decorreu uma conversa acerca destes temas, contando com a presença de cerca de 100 alunos do 5º e 6º ano.
Neste dia e em diversos pontos do país, foram vários os associados da IACA que assinalaram o Dia Mundial do Animal – designadamente, Avenal Petfood, Ovargado, Petmaxi, e Sorgal Petfood – através da doação de alimentação para animais de companhia e da implementação de diversas atividades lúdicas. Ao todo, foram doadas cerca de oito toneladas de alimentos para animais de companhia, beneficiando várias instituições que acolhem animais.
O evento de Santarém teve o apoio da TVI, com o jornalista António Pereira Gonçalves, a fazer dois diretos para o programa Diário da Manhã. Para além das questões da saúde e bem-estar animal, a IACA chamou atenção para as questões do IVA, em que defende a redução de 23% para 13% nos animais de companhia, no sentido de mitigar o esforço das famílias com a alimentação dos animais e permitir, desta forma travar o abandono que em 2023 ultrapassou os 45 000 animais.
A Gala de Entrega dos Prémios Porco D’Ouro assinalou a sua sétima edição no Mosteiro de Alcobaça no dia 12 de julho. Organizada pela Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), em colaboração com a Câmara Municipal de Alcobaça, este é, por excelência, o evento que distingue a eficiência das empresas e a dedicação das equipas de recursos humanos das explorações suinícolas portuguesas.
O Hotel Montebelo, inserido no Mosteiro de Alcobaça foi palco de mais uma grande noite para a Suinicultura portuguesa. Depois de Leiria (2016), Torres Vedras (2017), Mafra (2018), Porto de Mós (2019), Alpiarça (2022) e Santarém (2023), a Gala Porco D’Ouro aconteceu em 2024 num dos concelhos do país com maior implantação da atividade suinícola.
A tão aguardada Gala Porco D’Ouro regressou, no dia 12 de julho, premiando o que de melhor se faz no setor suinícola do nosso país, não só do ponto de vista da produtividade, mas também em áreas como o Bem-Estar Animal, Sanidade, Biossegurança, Sustentabilidade e Ambiente.
Ao todo foram 93 nomeados para 37 prémios, divididos por 3 critérios, entregues às explorações candidatas, que se dividem em três escalões organizados segundo a dimensão do seu efetivo reprodutor.
Prémio Sustentabilidade em estreia
Além dos prémios à produtividade, foram entregues cinco prémios especiais. Um dos galardões mais importantes da noite foi o “Prémio Especial Porco D’Ouro Ministério da Agricultura para a Sanidade, Bem-Estar Animal e Ambiente”, que foi entregue pelo Secretário de Estado da Agricultura, João Moura.
O “Prémio Ministério da Agricultura para a Sanidade, Bem-Estar Animal e Ambiente” distingue explorações com um bom desempenho em mais de 80 critérios relacionados com o espaço dos animais nas explorações, a gestão de efluentes ou os programas sanitários que bloqueiam a propagação de doenças animais como a Peste Suína Africana.
Pela primeira vez foi entregue o “Prémio Sustentabilidade”, que pretendeu conhecer e premiar as práticas empresariais mais sustentáveis seja no âmbito da gestão dos recursos humanos, do desempenho ambiental, das relações comerciais, da alimentação animal ou da ética no trabalho com os animais. O galardão distingue projetos que se distingam pelo contributo para a melhoria da sustentabilidade da atividade.
Em destaque estiveram também as raças autóctones, no concelho que é solar da raça suína autóctone mais ameaçada de extinção.
A raça Malhado de Alcobaça tem um efetivo reprodutor de apenas 277 porcas, mas foi a estrela da noite. Para além do jantar ter como prato principal a carne de Malhado de Alcobaça, houve ainda o “Prémio Raças Autóctones” que distinguiu os produtores de Malhado de Alcobaça, Alentejano e Bísaro pelo seu papel em prol da promoção das raças autóctones.
Foi ainda entregue o Prémio “Bem-Estar Animal FILPORC”, uma distinção às explorações mais bem pontuadas na auditoria de bem-estar animal feita por organismo certificador independente no ano 2023. Este é um galardão que decorre da implementação do selo de certificação de Bem-Estar Animal da Organização Interprofissional FILPORC que foi aprovado
pelo Ministério da Agricultura em 2022, sendo a única rotulagem facultativa de bem-estar animal para a carne de porco reconhecida pelo Governo português.
Não menos importante é o “Prémio Porco Diamante”, que distinguiu a exploração que apresenta os melhores padrões de higiene, biossegurança e maneio.
ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC- 500835411
TRIMESTRAL - ANO XXXV Nº 129
Julho / Agosto / Setembro 2024
DIRETOR
José Romão Braz
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO
Ana Monteiro
Jaime Piçarra
Pedro Folque
Manuel Chaveiro Soares
Rui Gabriel
COORDENAÇÃO
Jaime Piçarra
Amália Silva
Serviços IACA
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(incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos)
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EDITOR
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
EXECUÇÃO DA CAPA
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EXECUÇÃO GRÁFICA
Sersilito - Empresa Gráfica, Lda.
Travessa Sá e Melo, 209 4471-909 Gueifães - Maia
PROPRIETÁRIO
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 Lisboa
DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89
REGISTO
EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO
02• Comité Sustentabilidade da FEFAC, virtual 04
• Grupo de Diálogo Civil sobre os Aspetos Internacionais da Agricultura da Comissão/DG AGRI, virtual
05• Reunião do Projeto HubRAM
08• Reunião do Conselho Agroalimentar da CIP
09• Comité de Gestão da Segurança Alimentar da FEFAC, virtual
10• Reunião de Direção da FIPA
11• Conferência da ANPROMIS
16• Reunião da FoodDrinkEurope sobre o EUDR
24• Podcast para o Jornal Expresso
02• Reunião da FEFAC de preparação da CPA (EUA/UE)
06• Visita e Reunião com a De Heus, Cartaxo
07• Reunião DGAV, Lisboa
19 a 21• Conferência Anual USSEC, São Francisco, EUA
21 a 23• Reuniões com USSEC em Chicago
28• Webinar do RTRS sobre o EUDR
31• Colóquio na Expomor 2024, Montemor-o-Novo
04• Reunião do Board da FEFAC, híbrido 05
• Reunião com a DG AGRI sobre a CPA, híbrido
• Dia da Independência do Brasil, na Embaixada, Lisboa
11• Reunião de Direção da FIPA
13• Seminário APIC – “Ser Omnívoro: pela tua Saúde e pela Saúde do Planeta”
• Curso de Formação “Boas Vindas aos Vogais | Formação Inicial para Vogais das Comissões Técnicas”, virtual
18• XIII Jornadas de Alimentação Animal, Convento de S. Francisco, Santarém
19• II Fórum de Alimentação Animal, Convento de S. Francisco, Santarém
• Reunião com ANSEME, CAP, Croplife Portugal, DGAV e CIB, de preparação para o evento de Sementes & Biotecnologia, virtual
• Conferência conjunta IACA, CAP, ANSEME, CropLife Portugal e CIB, sobre Sementes & Biotecnologia: no rasto da inovação, CNEMA, Santarém 27
• Conferência DGAV/IACA sobre Alimentos Medicamentosos & Resistência Antimicrobiana 30
• 9º Congresso da FIPA sobre Crescimento e Sustentabilidade, Lisboa
• Inauguração do Centro de Incubação de Pombal do Grupo Lusiaves, Pombal
• Reunião do Comité de Produção Industrial de Alimentos Compostos da FEFAC, virtual
De acordo com o RGPD, de 25/05/2018, a IACA reconhece e valoriza o direito à privacidade e proteção dos dados pessoais, pelo que conserva esses dados(nome e morada) exclusivamente para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca serão transmitidos ou utilizados para outros fins. A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um e-mail para privacidade@iaca.pt
Conversão alimentar optimizada graças à proteção intestinal que oferecem
Maxiban e Monteban.