ESCACHE-O...

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ESCACHE-O…

Eu chamo-lhe a história do Manel do Barreiro, comissário encarregado de rogar pessoal para certo funeral (mais gente, mais respeito, para o morto era indiferente, mas para os doridos contava...). O rogo, ou a roga, deve dizer-se, tinha um correspectivo, a comidinha, no mínimo um apeguilho, acompanhado com pinga, senão um homem podia engulhar-se. Modos que, estava o Manel no termo do bródio, quase a arrumar os pertences, o bacalhau seco sobrante na mão esquerda e a faca derrancada na direita, hesitante, duvidosa... - 'Vós já estais bem, decerto não quereis mais!'... Aí o Panchorro, que não olhava a direito e andava então um pouco falho, já meio esquerdo do verdasco, responde lá do canto através do lábio leporino: - 'Ó Sor Manel, escache-o! Escache, que ele come-se'... Ara, não qu'ele! Comer é quando há!


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