1996-avieira-publicoprivado-I

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as temíveis armadas de John Hawkins, Francis Drake, W. Raleigh. Por tudo isto as autoridades do arquipélago, através do tribunal do Santo Ofício moveram caça a estes inimigos e a todos os vizinhos das ilhas que os apoiavam. Foi nesta conjuntura que Bartolome encHo surgiu em Santa Cmz de Tenerife, não conseguindo iludir a vigilância das autoridades com a sua falsa identidade e pavilhão de pais amigo. Diferente era a situação nas ilhas da Madeira e Açores, aqui era possível circular sem qualquer dificuldade e concretizar as operações comerciais. A par disso estas interdições não surtiram qualquer efeito, mantendo-se os ingleses, que se haviam avizinhado, sendo de destacar em S. Miguel, Luis Delfos, Juan Renquim e Pedro Uehales. Eles acolhem nos seus aposentos qualquer visitante e aceitam transaccionar tecidos, pastel e vinho. No caso da Madeira as proibições foram esquecidas pelos mercadores e autoridades funchalenses. Os ingleses e flamengos continuaram a fazer os seus negócios, sendo de salientar que, de acordo com os registos alfandegários de 1620, os primeiros dominavam este movimento. O comércio disfarçado, isto é, o recurso a passaportesi\!! e pavilhões falsos foi a resposta eficaz da comunidade mercantil brWlnica para enfrentar as represálit\s da Casa de Áustria, permitindo a continuidade do comércio do pastel e do vinho das ilhas a troco de tecidos. Por isso podemos afitmar que foi a agilidade da comunidade britânica e a conivência de madeirenses e açorianos que fizeram com que ~s operações comerciais britânicas não se apagassem nas ilhas neste final do século dezasseis 6\l. A tudo iI,;to ha que referenciar-se a rectllção ao catolicismo de muitos destes protestantes, como forma de salvaguardar os seus interesses comerciais nas ilhas. Assim para o período de 1611 a 1700 são conhecidas 89 reduções, de ingleses, escoceses e holandeses, nu sua maioria marinheiros e mercadores 70 • A lÍnica nódoa negra foi a pronta intervenção do tribunal da inquisição de Lus Palmas, que apertou a sua vigilância aos portos de La Palma, Gran ~ Em 1593 lacome Conrado, flnrnengo, mt::stre do navio "La Margari ta", Já preso a acusação de ter feito seis viagens com passaporte fabo; vej,He Archivo de! M\lsgo Canado, Inqtlisiçifu de Canárias, V!!, n°. 2. trJ As medidus repressivas da coron contra a prcscllçll de ingleses, holandeses c rrnllceses na MRdeira não tiveram qUfllquer uplicaç~o pn\tica. Veja-se Jael Serrão,"Holandeses e ingleses em portos de Portugal durante o domínio filipino", in Das Artes e da Hi.ltoria da Madeira, vaI. !, n°. 3, Funchal, 1950. 1(1 Francisco FAJARDO SP1NOLA, Reduciones de /Iro/estantes en Canarias durante el J'iglo XVII, Ul~ Palmas, 1977,31-40. ~ob

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