Jornal da Barão - 2024/1

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JORNAL BARÃODA

Agricultores usam protetor solar em lavouras de RP, contra quebra de safra

Burnout: síndrome afeta mulheres com sobrecarga física e emocional

Especialistas em saúde mental alertam: excesso de trabalho, acúmulo de funções e jornada dupla tem afetado cada vez mais mulheres. O esgotamento pode gerar danos a longo prazo, como estresse e depressão, além de sintomas físicos, como dores de cabeça e gastrite.

Mulheres entre 35 e 58 anos têm tido mais diagnósticos de síndrome de burnout, distúrbio psiquico causado por excesso de trabalho, tanto em ambiente profissional quanto doméstico.

Buscar ajuda profissional é o melhor caminho para manter o equilíbrio físico e mental. (Pág. 06)

Pacientes lidam com sequelas pós-Covid 19

Moradores da cidade de Pradópolis relatam que após quatro anos do início da pandemia ainda possuem sequelas graves da Covid-19. Segundo a Secretaria Municipal da Saíde, no primeiro trimestre de 2024, a cidade registrou 183 casos positivos da doença.

Pacientes se queixam de perda de memória como a sequela mais comum. Médicos explicam que os casos mais graves da doença podem causar reação inflamatória e gerar danos aos neurônios.

Pessoas com comorbidades têm mais chances de ter consequências graves, que podem ser amenizadas com tratamento logo no início da doença. (Pág. 07)

Agricultores de Ribeirão Preto têm buscado alternativas para conter os danos da radiação solar nas plantações, diante das mudanças climáticas.

O uso de um tipo de protetor solar é uma das formas encontradas para proteger as folhas da radiação. O produto é feito à base de carbonato de cálcio, que roforça a parede celular das plantas e evita queima. A aplicação é feita com super-

visão de especialistas. No Brasil, 23% de tudo o que se produz na agropecuária está nas mãos de pequenos agricultores, segundo a Confederação Nacional de Agricultores Familiares. O controle das pragas é outro desafio. Com o aumento do nível de acidez do solo, os nutrientes são afetados. O sistema agroflorestal (que une plantação com a mata nativa), tem se mostrado favorável. (Pág. 03)

A produção de cerveja deixou de ser exclusividade de grandes fábricas. O modelo itinerante, conhecido como cigano, se tornou uma saída viável para mestres cervejeiros da região de Ribeirão Preto. (Pág. 03)

Jovens entram no top 10 do ranking nacional de atletismo

Três jovens atletas do projeto Atletismo e Cidadania foram estão os dez com melhores marcas do ranking da Confederação Brasileira de Atletismo.

Gabriel Sousa Tiburcio, 17, e João Vitor Magalhães, 17, conquistaram o índice pela primeira vez. Eles competem pelas modalidades 200, 800 e 1.500 metros rasos.

O projeto atende 180 crianças e adolescentes em escolas públicas, na Cava do Bosque - complexo esportivo municipal - e na Estação Cidadania.

Todos são orientados por Sidnei Avelino dos Santos, presidente da associação e coordenador das atividades de atletismo. (Pág.08)

Moda sustentável ganha destaque em Ribeirão Preto

A chamada slow fashion, ou moda desacelerada, tem sido adotada por lojas e consumidores de Ribeirão Preto. A busca por um estilo personalista e sustentável ganha forma em marcas locais.

A estilista Fabiana Carlucci, 35, adota em suas roupas um processo de fabricação que diminui a contaminação do solo e da água. “Minhas peças, em sua maioria, são feitas de algodão orgânico, cultivados sem o uso de pesticidas, herbicidas ou fertilizantes sintéticos.” (Pág. 04)

Cine Cauim leva, de graça, estudantes ao cinema

Projeto do Cineclube Cauim, entidade sem fins lucrativos de Ribeirão Preto, leva mais de 15 mil estudantes de escolas públicas por mês ao cinema, com sessões de graça. Foi pelo projeto Escola Vai ao Cinema que Amanda Nikole, 10, estudante da escola municipal Elisa Duboc Garcia, assistiu pela primeira vez a um filme na telona. “Aqui [Cauim] é muito legal. E onde passa o filme é enorme. E o suco [distribuído] estava gostoso.” (Pág. 11)

Futebol amador: tradição que ultrapassa gerações

Ibitiúva, distrito de Pitangueiras, respira o futebol amador. O esporte, disputado em times aos finais de semana, avança gerações.

Exemplo disso vem da família do técnico Haroldo Louzada, 38, da Associação Atlética de Ibitiúva. O filho dele, Caio Viana, 21, também é jogador do time amador. Foi com essa experiência que ele também conquistou vaga no profissional da Inter de Bebedouro.

Quem já defendeu a camisa sente prestígio, como diz o ex-atleta Amilton Moretto, 76. “Torcer é mais difícil do que jogar. Você está lá fora, vendo que a jogada não dá certo, e fica chutando o ar, pensando que poderia melhorar.” (Pág.09)

Projeto social oferece qualificação para mulheres

O Projeto Criação, programa comunitário oferecido por uma igreja do Ipiranga há 30 anos, em Ribeirão Preto, oferece qualificação de baixo custo para mulheres.

O curso profissionalizantes são da área da estética, serviços manuais, etiqueta e treinamento empresarial.

A esteticista Janaína Raboni, 38, participou de cinco cursos.

“Quando eu fiz o curso, eu disse para mim ‘é isso que eu quero fazer’. Nunca tinha pensado em seguir na área da beleza.” (Pág. 05)

Produtor rural de assentamento em Ribeirão aplica protetor solar em hortaliças
CERVEJARIAS CIGANAS
Jovens do sub-18

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TIRINHA

EDITORIAL

Por trás da ideia de que toda mulher é capaz de desempenhar várias tarefas ao mesmo tempo, como cuidar da casa e manter uma carreira, há uma sobrecarga física e mental. O resultado disso pode se transformar em uma síndrome conhecida como burnout.

O termo, traduzido do inglês para o português, significa esgotamento profissional. Todo trabalho conta, desde comandar uma empresa a limpar a casa. De acordo com o Ministério da Saúde, ansiedade, depressão e a vulnerabilidade do sistema imunológico são apenas alguns sintomas provocados pelo burnout.

De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), 30% dos brasileiros sofrem com a síndrome. O problema é tão sério que o burnout se tornou uma doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial

ARTIGO

da Saúde (OMS). A medicina tem se focado em métodos de tratamento para proporcionar qualidade de vida para quem sofre de esgotamento. Um estudo realizado em 2020, pela USP de Ribeirão Preto, mostra que o uso controlado de canabidiol pode reduzir os sintomas da doença. Cientistas analisaram omedicamento, que é conhecido por ser ansiolítico e antidepressivo, em um grupo de pesquisa.

Os voluntários foram 120 profissionais da saúde, que atuavam na linha de frente da pandemia de covid-19 no Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto.

Por 28 dias, 59 voluntários foram submetidos a tratamentos com vídeos e exercícios físicos. Já os outros 61 receberam doses diárias de 300mg de canabidiol pelo mesmo período.

Após o tratamento ser concluído, os voluntários

que usaram a substância apresentaram diminuição da ansiedade em 60%, 50% de depressão e 25% do burnout

Já o tratamento tradicional é feito com psicoterapia e medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, além das recomendações como mudanças nas condições de trabalho, nos hábitos e estilos de vida.

A descoberta do potencial terapêutico do canabidiol traz uma nova perspectiva para o tratamento da síndrome que atinge boa parte da população brasileira.

A pesquisa realizada pela USP de Ribeirão Preto representa um passo significativo na direção de uma abordagem mais eficaz para lidar com o burnout

É hora de priorizar a saúde mental dos brasileiros e investir em novos tratamentos eficazes, garantindo atendimento especializado para aqueles que mais precisam.

Delegacia da Mulher 24h

Em uma noite de sextafeira, Maria da Silva, 43, nome fictício, foi agredida e ameaçada de morte pelo companheiro. Como nenhuma delegacia da mulher estava aberta, ela não se sentiu encorajada para denunciar seu agressor. A unidade ofereceria suporte especializado, com assistência em salas reservadas e policiais do sexo feminino.

O exemplo é cotidiano em Ribeirão Preto. Em 2023, foram notificados 514 casos de violência doméstica na cidade, segundo o Painel de Violência da Prefeitura.

Ribeirão sai na frente quando o assunto é proteção à mulher. Em todo o interior do Estado de São Paulo existem quatro DDMs. Uma delas está na cidade. Apesar disso, o município, que tem 336 mil mulheres de acordo com o último censo do IBGE, ainda carece de apoio especializado

à noite e aos finais de semana.

O serviço da Delegacia de Defesa da Mulher funciona de segunda à sexta, das 8h às 18h. A importância do atendimento nessas unidades é oferecer às mulheres em situação de violência e vulnerabilidade um atendimento mais digno e respeitoso. Nas DDMs, os procedimentos são mais simples e ágeis ao registrar queixas ou obter medidas protetivas. As unidades ainda contam com uma rede de apoio estabelecida, que inclui serviços de aconselhamento, assistência jurídica e abrigos para mulheres em situação de risco. Já o funcionamento 24h é importante porque o dia da semana e o horário interferem na quantidade de casos de violência contra a mulher, é oque aponta o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2023.

O estudo mostra que, 22% dos registros semanais de violência contra mulheres

se concentram aos domingos. O segundo dia da semana com mais casos é sábado, com 17%. A pesquisa mostra ainda que 40% dos registros são feitos à noite. Em maio de 2023, o Prefeito de Ribeirão Preto entregou ao Governador do Estado de São Paulo um ofício que solicitava o atendimento 24h da DDM na cidade. Mas até o segundo semestre de 2024, nenhuma atualização do projeto foi divulgada. Assim, o primeiro passo para reverter a situação é uma mudança na agenda política de prioridades sobre a violência contra mulheres. Porém, essa mudança depende de uma forte pressão social, já que o poder público é movido pela voz do povo. A solução envolve a valorização da igualdade de direitos e oportunidades para todas as pessoas, independentemente do gênero, por meio de, principalmente, uma educação inclusiva.

AMANDA HAIKAL E JULIA VALERI
JOÃO PEDRO TURATI E LÍVIA LOUZADA

Uso de protetor solar é saída contra perdas em lavouras, dizem produtores rurais de RP

Alta radiação e estiagem prolongada, provocadas por mudanças climáticas, afetam hortaliças

Para conter danos nas plantações, provocados por longas estiagens e mudanças climáticas, pequenos produtores rurais de Ribeirão Preto têm investido em recursos como protetor solar e o Sistema Agroflorestal (SAF). Renato “Gaúcho” Alves, 29, produz verdu-

ras e legumes no assentamento da antiga Fazenda da Barra, para consumo da família e renda. Mas a alta radiação solar que atinge a região queima as folhas. Diante disso, ele passou a usar um produto a base de carbonato de cálcio, que reforça a parede celular das plantas, como uma barreira física contra os raios ultravioleta UV, apelidado

por ele como protetor solar.

“Eu pulverizo direto. Ele [protetor] é a base de cálcio, não faz mal. A planta fica esbranquiçada, mas não é tóxico. O sol bate e volta. E provoca queda de três a sete graus na plantação”.

O Sistema Agroflorestal (SAF) é outro método utilizado pelas famí- lias no campo. Árvores são plantadas em meio à lavoura, com objetivo de reduzir impactos ambientes e proporcionar mais qualidade aos produtos. Entretanto, de acordo com Alves, a prática exige mais atenção dos produtores. “Aqui já tem algumas árvores que poderiam se encaixar no SAF. O único ponto é o cuidado também com a poda das árvores, para não atrapalhar na iluminação das folhagens.”

De acordo com o pro -

dutor, o plantio muda conforme a estação do ano e a demanda dos consumidores. “No verão, o que mais rende é mandioca, quiabo, jiló, essas coisas. No fim de ano, o que mais sai são as folhas. Mas no inverno é o contrário, o cultivo de frutas é mais fácil de acontecer”.

Um dos principais desafios nas plantações é o controle sobre as pragas, que afetam o nível de acidez do solo (pH), roubam os nutrientes e comem as plantações. Para o controle das infestações, os produtores tem auxílio de engenheiros agrônomos periodicamente.

No caso de Djalma Alves, 62, pai de Renato “Gaúcho”, também agricultor familiar, uma das pragas mais comuns, que afetam a produção de salsinha é a Lagarta Mineradora, larva que se alimenta das raízes das mudas.

“Ela [a praga] não vem pela falta de nutrientes. Você tem que com-

bater, não deixar alastrar. Talvez vem do próprio viveiro. Na muda, já vem. A larva vai alastrando”. É das pequenas lavouras que os agricultores familiares tiram o próprio sustento. Segundo a Confederação Nacional Agricultores Familiares (CONTAG), em 2023, o Brasil registrou 3,9 milhões de propriedades usadas para cultivo e subsistência das famílias, sendo responsável por 23% do valor bruto da produção agropecuária. Além do consumo próprio, os produtos são vendidos em feiras diariamente. Um trabalho árduo, segundo Alves, que exige total dedicação e, por isso, afasta mão de obra do campo. “Não é fácil achar pessoas para trabalhar aqui. E geralmente quem vem, não dura muito tempo. Aqui na lavoura somos apenas dois”, relata Djalma Alves, se referindo a ele e ao filho.

Cervejarias artesanais da região de Ribeirão, adotam sistema itinerante de fabricação

Modelo é adotado por mestres cervejeiros, para reduizr custo final; Para alguns, a produção chamada de cigana é apenas temporária, mas para outros é uma opção definitiva

Ter fábrica fixa para começar uma produção de cervejas artesanais já não é mais um recurso necessário para entrar nesse mercado.

Em Ribeirão Preto e região, a produção itinerante é

Foto: Beatriz Egydio

tores utilizam a estrutura das fábricas que fazem cerveja para diversos clientes e terceirizam o serviço, com o aluguel de fermentadores ociosos. Não ter a própria estrutura é uma opção para as cervejarias de pequeno porte, que fogem dos altos investimentos com a compra de maquinário.

atualmente, em Cássia dos Coqueiros. O cervejeiro promove a ideia de o cliente, para consumir a cerveja, deve ter a experiência completa, com um produto exclusivo.

um formato atrativo para os pequenos produtores. Esse modelo de negócio foi batizado de cigano pelo dinamarquês Mikkel Borg, em 2006. O apelido espelha o modo de vida nômade.

A partir de contratos com tempo determinado, os produ-

Thiago Parafuso, 42, é um exemplo de cervejeiro que adota esse modelo e não pretende firmar raízes com nenhuma fábrica. Ele abriu um bar em 2018 e pouco tempo depois começou a produção autoral de cerveja, em uma fábrica de Sertãozinho.

Parafuso já havia desenvolvido um rótulo caseiro em 2007. Depois disso, suas receitas já foram feitas em fábricas de Jaboticabal, Monte Alto e,

Apesar disso, o volume de garrafas produzidas é baixo, em comparação com as cervejarias que visam distribuição em larga escala.

“Apesar do aluguel da fábrica e da mão de obra do responsável pela produção, todas as receitas e todos os insumos são nossos. Já temos um fornecedor e marcas de produtores de malte e lúpulo”, afirma Parafuso.

Além da própria cerveja, o bar de Parafuso no centro de Ribeirão Preto também vende o produto de parceiros, como o de Ivan Tozzi, 49, de Franca.

Este ano, Tozzi mudou de São Paulo para o interior e se juntou à outra cervejaria, fundada em 2019. Atualmente, o modelo de produção adotado é o cigano. Mas de acordo com Tozzi, o objetivo é fortalecer o negócio em Franca e no futuro montar uma fábrica própria.

Tozzi e o sócio distribuem a cerveja para dois bares de Ribeirão e para alguns estabelecimentos da capital. A estratégia utilizada pelos empreendedores é fortalecer a marca primeiro, para depois aumentar o volume de produção. “Apesar de querer expandir, optamos por restringir a distribuição na primeira parte do ano, por conta da montagem da fábrica e do bar, que abriremos em 2024”, diz Tozzi.

O papel quando produzido, usado e descartado de forma correta é essencialmente sustentável.

WALTER COSTA
Produtores rurais aplicam protetor solar em lavoura, em assentamento de Ribeirão Preto
Foto: Walter Costa
Torneiras de cervejaria independente, no centro de Ribeirão Preto
BEATRIZ EGYDIO

Loja e clientes apostam em modelo de produção sustentável, para preservação do meio ambiente

A busca por roupas produzidas de forma sustentável ou reaproveitadas tem atraído a atenção de consumidores e comerciantes em Ribeirão Preto. Marcas locais têm preferido o uso de peças que causam menos impacto ao meio ambiente, ao invés de vendas em larga escala.

A chamada Slow Fashion, ou moda desacelerada na tradução do inglês para o português, surgiu com a escritora de moda Angela Murrills, na Inglaterra, em 2004. O modelo é tendência nos dias de hoje, diante do impacto da indústria têxtil, a segunda que mais polui, atrás apenas da petroquímica, segundo a ONU.

De acordo com relatório produzido pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a fabricação de peças com ma-

terial sintético, como o poliéster, depende de 70 milhões de barris de petróleo por ano. Alguns materiais naturais, como o algodão, também produzem impactos importantes.

Uma única camiseta precisa de 2.700 litros de água para ser produzida.

A marca da estilista Fabiana Carlucci, 35, reforça o modelo sustentável. Segundo ela, todo o processo, desde a escolha do tecido até a etiquetação, é pensado para diminuir a contaminação do solo e da água por produtos químicos.

“Minhas peças, em sua maioria, são feitas de algodão orgânico, cultivados sem o uso de pesticidas, herbicidas ou fertilizantes sintéticos”, afirma.

Outra prática adotada pela estilista é a produção em pequena escala, por demanda.

Uma maneira de reduzir o desperdício de recursos materiais e financeiros, segundo Car-

lucci. A reutilização de peças também é estratégia adotada. “Em vez de descartar peças, eu dou a elas uma segunda vida”.

O respeito das marcas com o meio ambiente é fator decisivos de compra para o ator João Pedro Bravo, 24. “O Jeans é um dos itens que mais gasta água e emite gás carbônico na produção. Então, eu vou aos brechós e reutilizo uma calça ou uma jaqueta. E, ainda, acabo ganhando um produto de maior qualidade”.

Para a professora de design de moda, Luciana Avellar, a indústria da moda passa por transformação.

“Não é coincidência que o Slow Fashion esteja ganhando força, e que tantas marcas estejam priorizando a escolha cuidadosa de matéria-prima. Estamos nos encaminhando para uma era de menos modismos e mais qualidade.”

Apesar da tendência

de desaceleração da moda estar em alta, segundo a professora, a efemeridade do mercado têxtil está longe de acabar.

“As grandes marcas ainda investem em tendências temporárias, visando sempre o lucro, e deixando de lado os aspectos socioambientais”, analisa Avellar.

Para ela, a mudança no mercado da moda é consequência de um esforço coletivo

da indústria, dos lojistas e dos consumidores.

Avellar afirma ainda que o Slow Fashion envolve o cuidado com o meio ambiente, condições adequadas de trabalho e políticas públicas que incentivam este tipo de produção.

“Este modelo só irá se consolidar, e alterar o cenário atual, se o consumidor mudar seu jeito de agir, pensar e consumir”, afirma.

A publicação de vídeos curtos em redes sociais de pequenos negócios tem gerado até 20% de retorno no faturamento, segundo empresários de Jardinópolis.

O personal trainer Bruno Felipe de Oliveira, 27, divulga seu trabalho na academia com produções audiovisuais caseiras, com pouca edição. Nos vídeos, ele mostra alunos executando os exercícios. Oliveira afirma que tem tido retorno com o marketing em seu estabelecimento. “Compensa investir, pois um bom marketing tende a valorizar sua marca e consequentemente aumentar os lucros de seu serviço ou produto”.

O personal trainer tem auxílio da especialista em marketing e designer criativa Nicóle Meireles. Segundo ela, é preciso traçar um pla-

nejamento com a empresa para obter um bom resultado. “Eu busco inspiração no DNA da empresa, alinhando o estilo dos produtos para criar uma identidade visual.

Isso além de fazer pesquisas do nicho, identificando as cores que melhor a representa”.

Ainda de acordo com Meireles, este tipo de estratégia tem dado destaque para negócios de pequeno porte.

“As empresas estão agora mais visíveis nas redes sociais, do que por meio de materiais físicos, como cartões de visitas ou folhetos impressos”.

O consultor de varejo internacional, Edgard Neto disse que a ajuda de um profissional especializado em marketing é primordial, pois é ele que prevê as demandas do mercado e as estratégias de comunicação adequadas.

“Para alavancar as

vendas é preciso entender que é primordial o planejamento do que se irá vender, para quem, quanto, se algum produto pode ser vendido junto com outro e qual experiência o cliente terá na hora da compra física ou online”.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) esclarece, em seu portal, que o marketing não pode ser encarado como gasto, mas sim como um investimento.

Ainda de acordo com o Sebrae, o marketing local é uma estratégia que visa um público específico, de uma determinada região. Para o consultor Edgar Neto, a orientação para quem pensa em adotar o modelo digital é para que sempre se tenha suporte técnico de especialistas para desenvolver e aprimorar ideias que possam se transfor-

mar em lucro. Isso, além de estar alinhado com a equipe para o atendimento ao cliente.

Ainda de acordo com Nicóle Meireles o marketing faz a diferença na lucratividade dos pequenos comércios.

“Através do marketing, os pequenos comércios podem

Estratégias de marketing aumentam lucro de pequenas empresas de Jardinópolis em até 20%

Segundo especialistas, investimento em produção de vídeos curtos para redes sociais trazem maior retorno aos empresários

construir relacionamentos duradouros com seus clientes, criando lealdade e incentivando o boca a boca, pois em um mercado competitivo, o marketing é a ferramenta que diferencia os pequenos comércios destacando seus produtos e atraindo mais clientes”.

JULIA VALERI
JOÃO PEDRO TURATI
Bruno Felipe faz vídeo caseiro para divulgação nas redes sociais
Foto: Julia Valeri
A estilista Fabiana Carlucci, 35, desenha modelo de nova coleção
Foto: João Pedro Turati

Projeto social oferece capacitação profissional e promove geração de renda para mulheres

Cursos profissionalizantes oferecidos são de baixo custo e variam entre R$10,00 e R$50,00

Cursos profissionalizantes de baixo custo têm sido o caminho encontrado por mulheres, mães, com mais de 30 anos, de gerar renda familiar. É o que promove um projeto social de Ribeirão Preto.

O Projeto Criação foi criado pela igreja Comunidade Cristã de Ribeirão Preto, na zona norteda cidade, com o objetivo de auxiliar famílias em situação de vulnerabilidade. “Nosso público alvo são mulheres sem emprego ou as que querem mudar de carreira”, afirma Alessandra Campos,

50, coordenadora do projeto.

Os cursos oferecidos são das áreas de estética, serviços manuais, etiqueta e treinamento empresarial. Entre os mais procurados estão design de sobrancelhas, extensão de cílios, artesanato e depilação. No mercado tradicional, os valores médios de cada um desses cursos podem variar de R$ 700 a R$ 2.000, um investimento alto para muitos. No projeto, os cursos são vendidos entre R$10,00 e R$50,00. Todo o dinheiro arrecadado é revertido em materiais, que são

usados durante as aulas.

O programa começou com ações sociais beneficentes e cresceu por meio de parcerias com ONGs e divulgação nas comunidades. Com o aumento da demanda, os coordenadores decidiram expandir o serviço e criar cursos para mulheres que não possuíam formação e independência financeira.

“Atualmente atendemos 95 alunas por semestre. Os cursos práticos possuem capacidade de seis pessoas por turma, enquanto os de oratória comportam até 30 alunas. Com o aumento da demanda estamos buscando um novo espaço, para poder atender mais mulheres por turma”, diz Campos.

O programa conta com dez monitoras voluntárias que dão os cursos e auxiliam as alunas.

“A Tríade do Sucesso é um projeto para fortalecimento pessoal, para que nossas alunas possam buscar outros conhecimentos e estarem preparadas para o mercado de trabalho e nas relações com outras pessoas”, explica a analista comportamental e mentora do projeto, Silvia Tasso, 48.

Outro destaque é o treinamento empresarial, que tem como objetivo preparar mulheres para o mercado, aprimorar a autoconfiança e a postura profissional.

De acordo com as organizadoras do projeto, as aulas são teóricas e práticas.

Os cursos têm duração de três a 15 aulas. A idade mínima para participar do programa é 15 anos, com autorização dos pais. Não há limite de inscrições para participantes anteriores.

A esteticista Janaína Raboni, 38, participou de cinco cursos até o fechamento desta edição. O primeiro deles, ela fez aos 33 anos, quando buscava forma de contribuir com o orçamento doméstico.

“O primeiro curso que eu fiz foi o de design de sobrancelhas. Eu trabalhava em outra empresa o dia inteiro, queria passar mais tempo com minhas filhas. No começo, atendia clientes em casa à noite, após o trabalho”, afirma Raboni.

A aluna do projeta trabalhava como assistente administrativa em uma grande empresa. A estética se tornou sua profissão e renda principal depois que perdeu o emprego. “Quando eu fiz o curso, eu disse para mim ‘é isso que eu quero fazer’. Nunca tinha pensado em seguir na área da beleza. Eu gostava de estar no administrativo, mas esse novo ramo me possibilitou ajudar os outros de várias formas e isso sempre foi meu maior objetivo social”, diz Raboni. Em 2019, ela sofreu um acidente de moto e ficou de cadeira de rodas por al-

guns meses. Mesmo assim, nunca deixou de trabalhar e passou a atender a clientela no sofá de sua casa.

“Minhas clientes sentavam no chão e apoiavam a cabeça em minha perna, enquanto eu estava no sofá. Eu fazia os atendimentos dessa forma e, mesmo assim, nenhuma cliente deixou de vir. Não deixei de atender ninguém por conta das minhas limitações”.

Além de design de sobrancelhas, Raboni também fez, pelo projeto, aulas de extensão de cílios, lash lifiting, depilação, manicure, automaquiagem e, atualmente, participa do curso Tríade do Sucesso.

“Eu preciso melhorar muito, estou me adaptando em todas as áreas, principalmente na oratória que é algo que me limita. Os professores são capacitados e, muitas vezes, são os mesmos profissionais que vendem os cursos em lojas de perfumaria, por um valor bem mais alto”.

O sonho da esteticista é montar uma empresa e não só um quarto em sua casa, como atende atualmente. Por isso já começou uma reforma, para que tenha mais liberdade.

“Eu preciso atender uma cliente o melhor que puder. Estamos arrumando aos poucos, já coloquei a porta e pretendo colocar um papel de parede e cadeiras para minhas clientes esperarem. Quero um lugar melhor para que elas se sintam confortáveis”, finaliza Janaína Raboni.

O papel é altamente reciclado, biodegradável e muito sustentável.

Janaína Raboni faz extensão de cílios em cliente, em sua casa
Alunas do Projeto Criação durante aula no curso Tríade do Sucesso
AMANDA MAESTRE
Janaína Raboni e a palestrante Maira Dias durante aula no Projeto Criação, que oferece qualificação de baixo custo
Crescimento Profissional
Foto: Amanda Maestre
Foto: Amanda Maestre
Foto: Amanda Maestre

Uso excessivo de remédio para dormir aumenta depressão e ansiedade, dizem especialistas

Drogas Z, as mais usadas no tratamento de distúrbios do sono, podem causar dependência

pacientes, como ansiedade e depressão.

O uso excessivo de medicação para insônia tem levantado preocupação na sociedade médica. De acordo com especialistas, o descontrole deste tipo de substância pode causar efeito reverso nos

A privação de sono, de acordo com a farmacêutica e professora universitária Carla Assad Lemos, pode gerar perda de memória e afetar a capacidade cognitiva. Por isso, em muitos casos, o uso desses

medicamentos não é indicado. Segundo Lemos, os medicamentos mais utilizados para distúrbios do sono são ansiolíticos e medicamentos da classe das drogas Z. Elas são indutoras de sono, como é o caso do hemitartarato de zolpidem.

“O uso prolongado dos ansiolíticos está associado ao desenvolvimento de dependência física e psicológica, assim como da tolerância. Após mais de quatro semanas de uso podem surgir efeitos no corpo, como sonolência, tontura e confusão mental.”

O médico psiquiatra Luis Felipe Scarabelot afirma que o uso dessas substâncias em longo prazo também pode afetar a saúde mental do paciente. “A gente pode ter o dé-

ficit de atenção, má qualidade do sono, piora de sintomas ansiosos e ficar mais desatento ao longo do dia”. Os dois especialistas entrevistados pela reportagem afirmam que a pandemia da Covid-19 desencadeou um aumento significativo na prescrição de medicamentos ansiolíticos.

É o caso de Joice Paula Vila Nova, 40, auxiliar de laboratório, que faz o uso de remédio controlados para dormir há dois anos. Ela diz que passou a ter dificuldades para adormecer na pandemia, quando enfrentou um quadro depressivo.

Nova buscou ajuda médica para tratar o problema, mas sentiu consequências das medicações em longo prazo.

“Embora os medicamentos tenham proporcionando alívio inicial, percebi efeitos colaterais, como moleza e falta de eficácia em alguns casos, afetando a qualidade de vida”, afirma.

Consequentemente,

Nova diz que ocorreram episódios de comer pela noite ou até mesmo usar a sanduicheira sem se lembrar, devido ao uso de medicamentos Z para dormir.

Segundo a auxiliar de laboratório, os pacientes devem ter cautela ao considerar o uso dessas substâncias em tratamentos para a insônia. “É preferível buscar alternativas naturais para a insônia, além de manter um estilo de vida mais saudável para ter melhor qualidade de vida.”

Excesso de trabalho, acúmulo de funções e jornada

dupla afetam saúde física e mental de mulheres

Sobrecarga ocupacional e doméstica podem gerar sintomas físicos e psicológicos; Profissional explica que, a longo prazo, há risco de aparecimento de estafa e síndrome de burnout

A rotina de cuidar dos filhos, limpar a casa e trabalhar, tem sido motivo de esgotamento físico e emocional para mulheres que acumulam tarefas profissionais e domésticas. Segundo especialistas, essa é uma realidade comum, mas que pode gerar problemas tanto na saúde física quanto na mental de mulheres.

Coração acelerado, respiração rasa, dor de cabeça e na coluna são alguns dos sintomas relatados por Analu dos Santos, 46, bióloga, professora e empresária de Ribeirão Preto.

“Teve um dia que eu estava na sala de aula à noite e ocorreu uma espécie de blackout. É como se eu estivesse desmaiando, mas acordada. Eu olhei pra tela e não conseguia lembrar qual era a disciplina que eu estava ministrando. Não conseguia lembrar quem eram os alunos”, afirma Santos.

Segundo a professora, o acúmulo de funções fez parte de sua vida por anos até ter o apagão relatado. Ela afirma ainda que só percebeu que precisava cuidar de sua saúde mental quando sentiu as reações no próprio físico.

“Não consigo reconhecer em que momento da minha vida eu fiz uma coisa só, quando eu fui só mãe ou somente professora universitária, porque eu sempre acumulei duplas e triplas jornadas”, relata Santos. Para controlar as crises de ansiedade e buscar uma saúde mental melhor, Santos passou a praticar atividades físicas.

“O que sempre me ajuda a voltar ao equilíbrio e não ficar pior psicologicamente é a ioga, sem sombra de dúvidas, e as técnicas de respiração na hora que eu percebo que estou muito ansiosa”.

Segundo a psicóloga Karoline Gonçalves, o acúmulo de funções pode gerar impactos na saúde, como

estresse e depressão, acompanhados de sintomas físicos, como dores de cabeça e gastrite. Quando esse tipo de sobrecarga afeta o cotidiano de uma pessoa, o problema pode ser caracterizado como síndrome de burnout, distúrbio psíquico causado por excesso de trabalho.

“A partir do momento que aquilo interfere diretamente no seu trabalho, na sua rotina, no seu dia a dia, produz um prejuízo funcional. Por exemplo: você bate o carro, você perde coisas de valor e você começa a se desorganizar. A gente não está mais falando de exaustão, a gente está falando de um burnout”, explica.

Segundo Gonçalves, mulheres entre 35 e 58 anos estão mais associadas a esse diagnóstico, uma vez que são, frequentemente, responsáveis por serviços domésticos, além de terem trabalhos assalariados para conseguir uma renda.

Gonçalves explica que

é importante para empresas, funcionários e autônomos identificarem os sinais da síndrome de burnout. De acordo com a psicóloga, é necessário que sejam estabelecidos limites no volume de trabalho para que se evite o surgimento do problema ou seu agravamento. Para isso, a psicóloga explica que é importante criar uma rede de apoio. E, além de buscar ajuda profissional, é necessário manter

outros aspectos da vida, além do trabalho, ativos, como família e amigos e hobbies.

“Essa rede de apoio, que transita entre o lazer e a família, é importante ser mantida. Em primeiro lugar, isso é fundamental para que você tenha total consciência que sua vida não se resume ao seu trabalho. Em segundo, para caso isso aconteça, haja o apoio necessário para buscar tratamento com um especialista”, explica.

A mídia impressa sempre será indispensável no ensino de boa qualidade.

MATHEUS PISCHIOTTIN
Consumo de remédio controlado para dormir aumenta, na busca por qualidade de sono
Analu dos Santos concilia rotina de professora, empresária e mãe em Ribeirão Preto
CAROLINA CASTRO
Foto: Carolina Castro
Foto: Matheus Pischiottin

Quatro anos após início da pandemia de Covid-19, pacientes afirmam sofrer com sequelas da doença

Em Pradópolis, o número de casos cresceu cerca de 4% no primeiro semestre de 2024

Moradores de Pradópolis que contrairam Covid-19 nos períodos de pico de transmissão da doença (2020 a 2022) relatam ter sequelas graves, quatro anos depois do início da pandemia. A perda de memória é uma das consequências mais comuns. Na cidade, o crescimento do número de casos no primeiro semestre de 2024 retoma a preocupação da Secretaria da Saúde e da população. No primeiro trimestre deste ano, Pradópolis registrou 183 casos positivos da doença, conforme dados publicados no portal da prefeitura. Do começo da pandemia até o fechamento desta edição, a cidade teve 4.580 pessoas infectadas e 58 mortes. O professor de música Cássio Roberto Prado, 46, contraiu Covid-19 em 2020

Farmácia Popular distribui absorventes de graça em Ribeirão Preto

A distribuição de absorventes gratuitos para a população de Ribeirão Preto é realizada em 83 farmácias cadastradas no programa Farmácia Popular do Governo Federal. Os beneficiários do Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual incluem mulheres entre dez e 49 anos, inscritas no CadÚnico, com renda familiar mensal de R$ 218 por pessoa. Além disso, também fazem parte pessoas em situação de rua e vulnerabilidade extrema, estudantes da rede pública de baixa renda com renda familiar mensal de até meio salário mínimo e pessoas recolhidas no sistema penal. Para a retirada do absorvente é necessário obter um documento de autorização por meio do Meu SUS Digital, que pode ser acessado pelo site Gov.br. Menores de 16 anos podem solicitar a aquisição pelo seu responsável legal. A beneficiária deve apresentar um documento com foto e CPF.

e precisou ser internado. Os sintomas foram febre, dor no corpo, perda de paladar e fadiga muscular. Um mês depois da alta, Prado afirma que passou a ter perdas de memória constantes. “Sinto dificuldade para lembrar algumas coisas. Isso me afeta em tarefas simples, de coisas que eu me lembrava com mais facilidade. Hoje tenho que parar e lembrar de certas coisas ou situações.”

Prado diz ainda que sofreu perdas de familiares na pandemia e precisou mudar sua rotina para cuidar de seu filho autista de 15 anos. “Perdi o meu sogro e minha

Instituto Simplesmente Amor oferece cestas básicas para pessoas em vunerabilidade

O Instituto Simplesmente Amor (ISA), fundado em 2015, tem como principal objetivo realizar doações de comida pronta para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social.

Semanalmente, o ISA prepara e distribui 800 lanches, sobremesas e sucos em praças e outros pontos da cidade. Além disso, a ONG fornece cestas básicas, kits de enxoval de bebês, móveis, utensílios domésticos, cadeiras de rodas, muletas e cadeiras de banho.

O ISA também promove atividades como crochê, tricô e costura todas as quintas-feiras em sua sede e a produção também é doada.

Ao longo de nove anos, o instituto fez mais de 50 mil doações.

A sede fica na Rua Cavalheiro Pedro Saporiti, 119, no Castelo Branco.

esposa em um prazo muito curto. Ainda é um grande desafio, mas me reorganizei. A atividade física e psicológica contribuíram para uma melhor qualidade de vida. “Na rotina do meu filho, por ser autista, foi um desafio essa adaptação”, afirma. A neurologista Priscila Papassidero explica que a doença pode causar sequelas neurológicas graves. “A Covid-19, especialmente em suas formas mais graves, pode gerar uma reação inflamatória multissistêmica, que pode causar dano aos neurônios e, por consequência, levar a perda de memória ou outros danos neurológicos.”

O clínico geral do Centro Médico de Pradópolis, Hamilton Antônio Perrone, afirma que as vias respiratórias são a porta para o vírus chegar ao sistema sanguíneo. “Assim, o vírus conse-

AVCC promove projetos educacionais, para tratamento e prevenção ao câncer

A Associação de Voluntários no Combate ao Câncer (AVCC) é uma organização não governamental dedicada ao apoio integral a pacientes de câncer e suas famílias.

O trabalho da AVCC inclui assistência social, psicológica, material e educacional aos pacientes. A associação também oferece suporte emocional, orientação jurídica e acesso a recursos durante o tratamento do câncer.

Fundada há mais de duas décadas, a AVCC tem sede na Av. Dr. Antono Milton Zambon, 1510 em Fernandópolis.

A AVCC desenvolve projetos educacionais e de conscientização para a prevenção do câncer e a detecção precoce da doença.

A associação promove hábitos de vida saudável, a importância de exames regulares e o combate ao tabagismo e alcoolismo. As doações podem ser feitas através do site avcc.com.br.

gue atingir o liquor, que está presente no sistema nervoso central e medula espinhal.” Perrone afirma ainda que pacientes com comorbidades tem mais chances de ter sequelas graves. “Pessoas com diabetes, hipertensão e que tiveram AVC estão mais sujeitas a consequências. Os sistemas mais afetados no corpo

são respiratório, cardiológico, neurológico e renal.” Perrone diz ainda que os pacientes podem ter as sequelas diminuídas caso tenham um bom tratamento no início da doença. “Se o paciente tiver um tratamento de excelência com medicação específica ele pode reduzir as sequelas que podem se desenvolver.”

ONG Resolvi Mudar entrega 400 refeições por semana, para moradores em situação de rua

A ONG de Ribeirão Preto Resolvi Mudar entrega marmitas prontas para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social em Ribeirão Preto.

A organização existe há 11 anos e foi fundada por Paula Domenichelli e Luciana Almeida. “As redes sociais são a maior fonte de arrecadação e de divulgação.”

Todas as quartas-feiras, são entregues 400 refeições. “Entregamos mais de 120

cestas básicas para famílias cadastradas.”

A ONG também oferece a oportunidade de banho, troca de roupas limpas. O serviço também oferece atendimento de enfermagem e saúde.

Além disso, a ONG elabora currículos e os compartilha em redes de contatos para ajudar na reinserção dessas pessoas ao mercado de trabalho. A ONG fica na Rua Rio de Janeiro, 313, nos Campos Elíseos em Ribeirão Preto.

No Brasil, o papel é feito de celulose extraída de árvores cultivadas e de materiais reciclados.

YAGO PERDIGÃO
O professor Cássio Prado em aula de música em Pradópolis; ele diz sofrer sequelas da Covid-19
Fotos: Yago Perdigão
Cássio ensina aluna a tocar violão
Doação de roupas na Praça do Canhão em Ribeirão Preto.
Foto: Matheus Pischiottin

Atividade física em grupo contribui para sociabilização de idosos, diz especialista

Exercícios

PEDRO NARENTE

físicos melhoram desempenho nas atividades do dia a dia e na saúde mental dos idosos

A prática de atividades físicas para idosos contribui no aumento da disposição, autonomia na realização de atividades cotidianas e proporciona sociabilização, segundo especialista entrevistado pela reportagem.

O professor de educação física e mestre em saúde do idoso, André Luiz Baccan, dá aulas para pessoas com mais de 60 anos em um centro de convivência em Ribeirão Preto. Segundo ele, é possível identificar melhora na qualidade de vida dos idosos depois de poucos dias de atividades em grupo.

“Muitos deles estavam em casa sozinhos e depressivos. Aqui, eles estão em grupos, fazendo amizade, tendo alegria pelas aulas e pela capacidade de realizar coisas que nem imaginavam que poderiam”, afirma.

Os exercícios também ajudam na saúde mental dos idosos, como na redução de sintomas de ansiedade e depressão. Isso, além de prevenir doenças como demência e Alzheimer, de acordo com o Ministério da Saúde.

“Algumas aulas são temáticas, que contam histórias. Aí eu vou fazendo perguntas, para ver o que eles lembraram da aula. Eu pergunto sobre a vida deles também, o que estimula a memória antiga”, diz. De acordo com o especialista, no início, os idosos podem sentir dificuldades na execução dos exercícios. “A primeira dificuldade é o cansaço. Muitos deles chegam tristes, porque viviam sempre em casa, sem ter contato social. Mas eles vão se familiarizando e tendo mais vontade de viver e participar das atividades”, afirma Baccan.

Maria Lombardi, 80,

é aposentada e faz parte das aulas há dois anos. “Motiva muito, até mesmo para a cabeça. Enquanto estou praticando, consigo recordar uma grande quantidade de coisas”, afirma Lombardi.

Hayde Monteiro Marques, 87, também aposentada, diz que prefere fazer atividades em grupo. “Aqui

estamos juntos, tem muita gente e é muito gostoso. A gente olha para um, olha para o outro e todos estão fazendo a aula. Faz muito bem para gente”, diz. Leny Biancala, 87, aposentada, notou diferenças em sua qualidade de vida após começar a praticar exercícios físicos. “Principalmen-

te alegria. Eu não era alegre, ainda não sou muito, mas fiquei com o coração tranquilo”, disse a aposentada.

Antônio Habido Calil, 80, aposentado, fala sobre como é o ambiente das aulas. “Eu me sinto muito bem, porque o ambiente é muito promissor, porque são senhores e senhoras de uma certa idade e que, unidos, podem encontrar o que faz bem para nós. Após as aulas eu me sinto bem, aliviado de ter cumprido ‘um dever’. Mesmo que não seja, eu considero”, afirma Calil. A aposentanda Marilena Roseiro, 88, afirma sentir o benefício de participar dessas atividades. “Nos traz muita alegria, nessa idade já não tem muito isso. Não tem muita coisa acontecendo com a gente, aqui você tem alegria. E isso faz um bem para a saúde da gente.” relata Calil.

Jovens de projeto social de Ribeirão entram no Top 10 do ranking nacional de Atletismo

Atleta de 17 anos, atendido pela Associação Amigos do Atletismo, conquista 8º lugar no índice em provas de corrida de 200 metros; Outros destaques na lista foram nos 800 metros e 1.500 metros rasos

Três atletas de Ribeirão Preto entraram, pela primeira vez, no top 10 do ranking da Confederação Brasileira de Atletismo. Todos são atendidos pela Associação dos Amigos do Atletismo de Ribeirão Preto pelo Projeto Atletismo e Cidadania, entidade sem fins lucrativos.

O projeto atende 180 crianças e adolescentes em escolas públicas, na Cava do Bosque e na Estação Cidadania. As modalidades que tiveram destaque no ranking nacional foram em corrida de 200, 800 e 1.500 metros rasos.

Gabriel Sousa Tiburcio, 17, é um dos atletas que conseguiram destaque. Ele conquistou o 8º lugar nos 200m rasos. Ele afirma que sem-

pre gostou de correr, mesmo sem saber o que era o atletismo. O estudante conheceu o projeto por meio da professora de educação física. “Eu me dei muito bem no teste. Foi aí que surgiu aquela explosão de sentimentos dentro de mim”, relata. Ele afirma que tem outras metas no esporte. “O meu objetivo esse ano é participar do brasileiro de atletismo novamente e tentar também a vaga para o sul-americano sub18.”, diz.

João Vitor Magalhães, 17, é outro jovem atendido pelo projeto. Ele pratica revezamento 4x100. Este ano conquistou a 38ª posição. Segundo ele, um passo importante para conquistar novos caminhos no esporte. “O objetivo é ganhar o estadual, para chegar no brasileiro e

pegar as Olimpíadas”, afirma o atleta.

O atleta também diz que o atletismo chegou em uma fase muito importante de sua vida, a fase de emagrecimento, onde buscou o esporte como escape.

Sidnei Avelino dos Santos, presidente da associação e coordenador das atividades de atletismo, está há alguns anos a frente dos trabalho com os jovens. E diz que ficou surpreso com o resultado dos atletas. “O mais surpreendente foi o pessoal que começou a treinar em 2022 e já entrou para o ranking de 2023.”

Santos também afirma que teve a oportunidade de treinar grandes nomes do atletismo regional, como Gládson Barbosa, pentacampeão Brasileiro dos três mil

metros com obstáculos.

Segundo ele, esse histórico com profissionais de elite trazem visibilidade e inspiração aos atletas do projeto.

“Os atendimentos começam a partir dos 4 anos,

quando a criança passa a ter uma vivência em atletismo. Essas vivências são desenvolvidas nos núcleos citados, porque a gente passa pelas categorias sub10, sub12, sub14, sub16, sub18, sub20, sub23 e adulto”, afirma.

Idosos praticam atividades físicas em grupo sob os olhos de Baccan
Foto: Pedro Narente
KAELAINE OLIVE
Foto: Kaelaine Olive
Coordenador do Projeto Atlestimo e Cidadania faz aquecimento em treino

Futebol Amador no interior de São Paulo atravessa gerações e molda novos atletas

Das lembranças aos sonhos futuros, o futebol em Ibitiúva permanece vivo pelas paixões transmitidas de pai para filho LÍVIA LOUZADA

Em Ibitiúva, distrito de Pitangueiras, o futebol amador vai além de ser apenas um jogo. Na tradição, as partidas não são apenas sobre marcar gols, mas sobre fortalecer o convívio e manter viva a paixão pelo esporte. Em alguns casos, pode até servir de trampolim para o mercado profissional.

Haroldo Louzada, 38, técnico, diz que o futebol amador é uma atividade importante para a cidade. “Ele sempre fez parte da história da comunidade, representado pela Associação Atlética de Ibitiúva. Hoje sou treinador e o que mais me motiva a continuar a tradição, é o puro amor pelo time, que sempre representou bem a todos”, disse.

A conexão de Louzada com o time vai além de seu papel de treinador. Ele também é pai de Caio Viana, 21,

ex-jogador. “É uma experiência muito gratificante. Tenho um perfil paterno como treinador, mas também sou exigente, e com o Caio não é diferente.”

Viana hoje é atleta profissional da Inter de Bebedouro. Mas cresceu no futebol amador de Ibitiúva.

“Já acompanhei o time como torcedor e tive a oportunidade de jogar nas categorias de base, que foi minha primeira formação. O time fez e faz até hoje muito bem para mi-

nha carreira”, disse.

A relação de Viana com o pai revela que o esporte amador se mantém de ge-

ração em geração. “Sempre tive uma ótima relação com meu pai. Quando comecei a jogar, ele era treinador da escolinha que tinha na época e agora ele comanda o time principal. Sempre que possível, jogo ao lado dele.”, disse Viana.

Veteranos da equipe também compartilham suas experiências com os jogadores mais jovens. Felipe Camolezi, 29, atual jogador do clube, afirma que vestir a camisa do time é um privilégio. “É crucial preservar essa tradição. Tenho certeza de

que não será esquecida, nosso time está cheio de jovens talentos e muitos jogam profissionalmente. Essa paixão é uma história linda que atravessa gerações e espero que meus filhos também a apreciem e possam seguir meus passos.”

Amilton Moretto, 76, aposentado e ex-jogador da equipe de Ibitiúva, guarda para sempre na memória os momentos que defendeu a camisa do time. “Comecei a jogar na A.A.I aos 15 anos. Fiz muitos amigos e foi uma experiência muito marcante, não só como jogador, mas como pessoa.”

Moretto afirma se sentir angustiado por não poder entrar mais em campo. Mas sabe que desempenha outro papel. “Torcer é mais difícil do que jogar. Você está lá fora, vendo que a jogada não dá certo, pensando que poderia estar fazendo melhor. Deixo para os mais novos”.

Torcidas organizadas do Comercial enxergam criação de Sociedade Anônima com otimismo

Proposta de transformação do clube em Sociedade Anônima de Futebol (SAF) não tem prazo para sair do papel

A possibilidade de transformação do Comercial Futebol Clube em Sociedade Anônima de Futebol (SAF) tem gerado euforia na torcida alvinegra em Ribeirão Preto.

De acordo com os representantes das três torcidas organizadas do clube, o investimento da iniciativa privada seria uma forma do time voltar para a elite do futebol paulista e ingressar em uma liga nacional.

A SAF tranforma o clube de futebol em uma empresa, composta por conselho administrativo, presidente e um dono, responsável pelos invetimentos. O modelo possibilita, por exemplo, a abertura de ações no mercado financeiro.

No fim do ano passado, o clube recebeu uma proposta de compra de um investidor, dono uma companhia de energia elétrica

que representa 8% do mercado nacional.

A proposta, apresentada ao ex-presidente Fausi Henrique Pintão era o direito a 80% da SAF em troca do pagamento de dívidas. Além disso, a empresa seria responsável por administrar o estádio, contratar atletas e melhorar a estrutura do clube, das categorias de base ao

time profissional. Entretanto, tal negociação foi suspensa pela diretoria.

De acordo com a assessoria de imprensa do Comercial, não haveria tempo hábil para o conselho colocar a proposta em votação. Mas o retorno das negocições não está descartado em um futuro próximo. Apesar das incerte-

zas, os torcedores enxergam com otimismo a possibilidade de mudança no modelo de gestão. No entanto, representantes das torcidas organizadas ressaltam a importância da transparência nas negociações. Cristiano Azevedo Ribeiro Augusto, diretor da Mancha Alvinegra, acredita que a transformação do clube em SAF é fundamental para a melhora na admistração do Comercial. “Todo projeto, que está em sua fase inicial, pode dar certo ou não. Acho que é mais uma questão de avaliar a proposta antes de assinar a SAF. Porém, não vejo outro caminho para o Comercial.”

De acordo com Wendel Moraes, fundador e presidente da torcida organizada Bafo Chopp, uma mudança estrutural pode levar o leão do norte de volta à primeira divisão do paulista. O time foi rebaixado em

2024 para a série A-3, sem ganhar um jogo, sendo uma das piores campanhas do clube na competição. “Com uma gestão mais profissionalizada e a possibilidade de atrair investidores, o clube pode ter melhores condições para se desenvolver e alcançar bons resultados no campo e fora dele. Principalmente se tiver investimento na categoria de base, onde eu vejo o futuro dos times do interior, revelando e vendendo atletas”, disse.

Entretanto, Giovano de Jesus, presidente da Batalhão Alvinegro, outra torcida organizada, acredita que é preciso um planejamento cauteloso na venda do time. “Sucesso não vem da noite para o dia. Um projeto precisa ser bem elaborado e gerido por profissionais capacitados. Muitas vezes decisões e ações tomadas de imediato não saem como esperado”, diz Jesus.

O Brasil é um dos maiores recicladores de papel do mundo, com 70,3% do papel reciclado em 2020.

Jogo contra Palmeirinha de Matão na A.A.I em Ibitiúva.
Time atual reunido para o pré-jogo do campeonato amador de 2024.
Foto: Lívia Louzada
Wendel Moraes, presidente da Bafo chopp, em frente ao Palma Travassos
ARTHUR MICA
Foto: Lívia Louzada
Foto: Arthur Mica

Betão Ribeiro, destaque dos times de Fut7 Botafogo e Futsal Ribeirão, planeja futuro da carreira no esporte

Entre os títulos conquistados, o atleta foi campeão da Copa América com a camisa da seleção brasileira

O atleta Luis Alberto Ribeiro, 35, mais conhecido como Betão, é destaque no futsal e fut7 da região de Ribeirão Preto. Com 31 títulos no currículo e recém campeão da Copa América vestindo a

camisa da seleção, o jogador pretende encerrar seu ciclo no esporte.

Natural de Nuporanga, Betão vive o futebol desde criança. “Receber uma bola ou chuteira de presente de aniversário era o ápice da felicidade para mim. Eu nem

conseguia dormir sem eles ao meu lado”, conta o jogador.

Depois de concluir o colegial, Betão foi convidado para realizar um teste no futsal de Orlândia, onde foi aceito e começou sua carreira. “O Sidão [técnico] me convidou para o Intelli, onde atuei o segundo semestre de 2005 e em 2006 fui para o São Caetano Futsal. Fiquei seis meses e retornei ao Orlândia, onde joguei por três anos”.

Betão também passou por outros clubes da região, como Sertãozinho, São Caetano e Ribeirão. “Os dias eram longos, com treinos diários e jogos semanais. Cada desafio moldou quem eu sou hoje.”

No início de sua carreira, Betão enfrentou a distância, por mudar de cidade frequentemente, e a saudade da família. “No início foi difícil, mas aprendi a lidar com isso e a focar em minha carreira.”

No final 2009, o joga-

dor teve uma lesão no joelho direito, o que o obrigou a interromper sua carreira no ano de 2010. “Em janeiro operei o joelho, fiquei parado por uma temporada. Nesse meio tempo dei uma desanimada do futsal”

Apesar das pausas em sua carreira, Betão encontrou equilíbrio entre trabalho e jogo. Ele soma 23 títulos conquistados em clubes e 8 individuais. Betão também testemunhou a evolução do futsal, especialmente no interior de São Paulo. “Quando comecei em 2006, os times do interior eram fortes.

Hoje, vejo com orgulho o renascimento desses times”

As vitórias coletivas e individuais são marcos especiais em sua trajetória.

Foi vencedor da Copa América pelo Botafogo de Ribeirão e também pela selação brasileira. “Consegui ser o melhor jogador e artilheiro na seleção e no clube. A sensação foi a melhor possível, pois não é fácil ganhar esse

tipo de competição.”

Betão passou a jogar profisisonalmente também o fut7 - futebol no campo society com 7 jogadores na linha - há 3 meses. “Vindo do futsal, a adaptação foi natural para mim e para o time”, afirmou ele, evidenciando sua versatilidade.

Com uma carreira extensa e repleta de conquistas, Beto hoje concilia sua vida no futsal com outra profissão para garantir um bom equilíbrio no orçamento familiar. Ele é gerente financeiro em uma construtora. “Treino com o time na parte da manhã e vou para o trabalho a tarde. Os jogos acontecem de noite.”

Com mais de 19 anos de carreira, Betão pretende pendurar as chuteiras em breve. “Em relação ao esporte, pretendo jogar mais alguns anos e depois me afastar. Não quero continuar trabalhando com algo dentro do esporte, ficarei apenas por lazer”, afirma Ribeiro sobre seu futuro.

conhecida por quem passa pela Avenida Francisco Junqueira, centro de Ribeirão Preto, o cadeirante Valmir de Moura, 54, vende balas no semáforo em frente a um posto de combustível, para complementar a renda da família. A atividade é feita por meio de um equipamento improvisado, que permite a oferta de produtos, como balas, chicletes e doces, e a coleta de dinheiro. Deficiente de nascença, Moura já foi jogador de basquete paralímpico. Mas com o fim do time, ele precisou ir às ruas para conseguir dinheiro como vendedor ambulante. Com um sorriso no rosto, Moura repete a frase que se tornou espécie de mantra em sua vida: “Viver sempre com alegria”.

ARTHUR MICA E WALTER COSTA
Figura
Foto: Carolina Castro
Foto: Arthur Mica
Luiz Alberto Ribeiro, o Betão, coleciona 8 títulos individuais na carreira
CENA DO COTIDIANO

Alunos da rede pública vão ao cinema gratuitamente por iniciativa do Cauim

Por mês, o projeto Escola Vai ao Cinema leva 15 mil estudantes ao cineclube e dá acesso à cultura

Brilho nos olhos, sorrisos de monte e muita emoção na sala lotada do cinema. No pacote, memórias que vão ficar guardadas para a vida toda. Esse é o resultado de um projeto do Cineclube Cauim, entidade sem fins lucrativos de Ribeirão Preto, para 15 mil estudantes de escolas públicas por mês, com sessões de cinema de graça.

Localizado na rua Olavo Bilac, 135, Vila Seixas, o cinema popular acomoda até 250 estudantes por vez. As visitas são feitas quatro vezes ao dia, de segunda à sexta. Todas são agendadas e os filmes sugeridos por professores.

A animação dos alunos em passear em grupo aumenta na chegada, quando recebem o combo de pipoca e suco para acompanhar a exibição.

Dicas culturais

Foi pelo projeto Escola Vai ao Cinema que Amanda Nikole, 10, estudante da escola municipal Elisa Duboc Garcia, teve a oportunidade de assistir a um filme pela primeira vez no cinema. “Aqui é muito legal. O lugar onde passa o filme é enorme. E o suco está muito gostoso”, disse a aluna.

Um dos objetivos do projeto é explorar os conteúdos trabalhados em sala durante as aulas, por meio dos temas abordados nos filmes. De acordo com o professor Doroteu dos Santos, o projeto dinamiza o processo de aprendizagem dos alunos. Ele diz que a inciativa é forma de democratizar o acesso à cultura.

“Hoje um aluno de quarto ano me abraçou e falou que estava muito feliz, porque foi a primeira vez que

SEGUNDA

foi ao cinema”, afirma o professor.

O Cauim funcionou durante 21 anos no centro da cidade, na rua São Sebastião. A mudança para o novo endereço, de acordo com a diretoria da entidade, possibilitou um aumento no número de visitantes. A facilidade para estacionamento de ônibus contribuiu para a frequência dos grupos de estudantes.

O projeto Escola Vai ao Cinema nasceu em 1979, junto com a fundação do Cineclube. O fundador e atual presidente, Fernando Kaxassa, afirma que no início os filmes eram exibidos nas próprias escolas. “Tínhamos que fechar a sala com cobertores. Não podia ter uma fresta de luz, era uma loucura passar filme”.

Kaxassa estima que, em 45 anos, o projeto tenha

TERÇA

CENA DO COTIDIANO

levado cultura e cinema de graça para cinco milhões de estudantes. Para ele, o projeto é uma forma de exercício da cidadania. “A iniciativa é para a formação de público, mas principalmente para a formação de ser humano”, afirma. Como o cineclube é uma entidade sem fins

lucrativos, o projeto depende de financiamentos, sejam doações privadas ou políticas públicas. De acordo com o fundador do Cauim, a entidade planeja construir uma segunda sala no mesmo prédio onde funciona hoje, com previsão de conclusão para 2024.

Choro da Casa CineSesc

Toda segunda-feira, na Praça XV de Novembro, centro de Ribeirão Preto, o grupo Choro da Casa e músicos convidados, se apresentam a partir das 20h30. O evento é aberto à população.

O Sesc exibe filmes gratuitos todas as terças-feiras, às 19h30, no auditório. Os longa-metragens vão de clássicos do cinema até produções independentes. O Sesc fica na Rua Tibiriçá, 50.

Lugar de Escuta

Toda quarta-feira, às 19h, na Biblioteca Sinhá Junqueira, tem o projeto Lugar de Escuta - grupo de conversa entre homens sobre masculinidade saudável. De graça. A biblioteca fica na rua Duque de Caxias, 547, centro.

Foto: Beatriz Egydio

QUARTA QUINTA SÁBADO

Casa Belas Artes

Na Casa Belas Artes, às quintas-feiras, tem sessão de cinema, às 14h, 16h e 19h. Os ingressos custam R$40 a inteira e R$20 a meia-entrada. O espaço fica na rua Conselheiro Dantas, 500, Vila Tibério.

Maria Eduarda Xavier, 18, vende cadernos infantis de colorir, desde os 12 anos. Com uma rotina itinerante, ela usa pintura facial como marca pessoal, para ajudar nas vendas e na renda familiar. Ela aproveita os sinal vermelho para fazer clientes. “Sonho um dia construir uma casa própria”.

Sextas Sonoras

O projeto Sextas Sonoras traz programação regular de shows musicais, no Cineclube Cauim, às sextas-feiras. O espaço abre às 19h. As apresentações começam às 20h30. O Cauim fica na rua Olavo Bilac, 135, Vila Seixas.

SEXTA DOMINGO

Juventude tem Concerto

Cultura em Todo Lugar

Todo sábado, das 9h às 12h, acontece o projeto Cultura em Todo Lugar. As edições acontecem em bairros diferentes de Ribeirão Preto. Os locais podem ser encontrados no site e nas redes socais da Prefeitura.

O Juventude tem Concerto junto com a Orquestra Sinfônica de RP realiza há mais de 30 anos, no Theatro Pedro II, performances mensais e gratuitas aos domingos. Os horários podem ser consultados nos canais oficiais.

O papel é facilmente coletado e reciclado, garantindo que essas fibras valiosas sejam usadas várias vezes. Fonte: twosides.org.br

AMANDA HAIKAL
GUILHERME MORO E PEDRO NARENTE
Estudantes de escola municipal de Ribeirão durante exibição no Cauim
Foto: Amanda Haikal

Música pop atrai público jovem para o mercado de discos de vinil e lojas apostam em LPs lacrados

Artistas como Taylor Swift, Olivia Rodrigo e Lana Del Rey estão entre os mais procurados

Lançamentos de artistas da música pop têm atraído o público jovem para o mercado do vinil, o antigo bolachão, como ficou conhecido na década de 1950. Álbuns de cantoras contemporâneas como Taylor Swift, Olivia Rodrigo e Lana Del Rey estão entre os mais procurados. Com um acervo dedicado totalmente aos discos de vinil novos e lacrados, uma loja online com sede em Ribeirão Preto criada por Guto Carlos, 34, e Denise Meira, 33, tem alcançado crianças, adolescentes e jovens adultos. “Hoje temos clientes de 17 anos. Muitas pessoas pensam que os interessados por discos são somente pessoas mais velhas, o que não é verdade. O fã jovem de música pop tem consumido boa parcela dos nossos produtos”, afirma Meira. O comércio eletrônico do casal vende de 500 a 600 discos novos por mês. Segundo eles, discos usados não conseguem suprir a demanda. “Nosso maior público está em São Paulo, mas vendemos para todo o Brasil. Nosso próximo passo é ter pelo menos um escritório físico para aumentarmos o estoque, que hoje é armazenado em nosso apartamento. Creio que em breve também vamos precisar ter um loja física“, comenta Carlos. Em 2023, as vendas de discos de vinil registraram aumento de 15% em todo o mundo, superando o mercado de CDs pela primeira vez em 36 anos, segundo levantamento da Pró-Música BR. No Brasil, no primeiro semestre do

ano passado, as lojas faturaram R$ 5 milhões com a venda de vinis em todo o mercado fonográfico. Lojistas e vendedores do mercado de discos notaram um aumento na procura de discos lacrados, o que, segundo eles, ocorre cada vez mais pela baixa oferta de discos usados com boa qualidade de reprodução. Muitos álbuns têm capas e encartes danificados pelo tempo de uso. “O disco usado bom está escasso, pois já foi vendido para colecionadores. Faz quase 30 anos que a primeira leva de discos de vinil parou de ser fabricada. Isso faz os preços dos usados aumentarem, quando bem conservados”, afirma Meira.

A comerciante diz ainda que, apesar disso, o público é distinto para discos novos e usados.

“Existem compradores que querem edições de época e outros que querem ter o disco, independentemente de ser usado ou não. O disco usado muitas vezes tem a capa apagada e esfarelando, riscos e chiados.

Isso faz com que o vinil lacrado saia na frente nesse sentido”, explica Meira.

Segundo Freddy Batista, produtor cultural, DJ e colecionador - dono de um acervo de mais de 10 mil itens relacionados à música -, o alto valor do vinil usado, aliado à escassez de mercadoria, tem feito os fãs de música optarem por discos novos.

“Atualmente, muitas pessoas preferem comprar um disco ‘reprensado’, ou seja, em uma nova edição, com valores até mais baratos que os discos de época. No entanto, a variedade

ainda é pouca, pois faltam fábricas de discos para suprir essa demanda. Claro que ainda existem os colecionadores que preferem os discos originais de época, mas a valorização destes implica no preço do produto e não costuma ser barato”.

Batista organiza feiras de discos itinerantes há quase dez anos, onde além dos discos, existem espaços alternativos com lazer, cultura e entretenimento, já que atrações musicais e culinárias também fazem parte do evento.

“Os frequentadores geralmente são pessoas que gostam de música e colecionadores. As feiras movimentam a economia local. Em uma boa edição, com média de 15 expositores, são vendidos cerca de 500 discos, movimentando cerca de R$ 50 mil”.

A valorização do mercado também aumenta o preço do vinil, o que contribui para que edições consideradas novas, tenham preços mais acessíveis do que os usados considerados conservados.

“Os discos usados estão cada vez mais raros. Com o sucesso das feiras, dos sebos e lojas especializadas, a demanda de usados não tem volta. Mas ainda há muitos discos no mercado e pessoas se desfazendo de coleções, então as feiras têm um longo caminho ainda” afirma o organizador.

O lojista Tony Elvis, 72, dono de uma loja na região central de Ribeirão Preto há 28 anos, notou a valorização do produto recentemente.

“O LP [long play] tem um valor muito maior. Por exemplo, o álbum de estreia dos Mamonas Assassinas é vendido por R$ 220, enquanto o CD [compact disc] custa R$ 20. A diferença é muito grande”, afirma.

Desde sempre amante da música, Tony Elvis começou a colecionar os LPs em 1968 e chegou a ter 370 discos na década de 1970. Desde os anos 1990 mantém seu comércio especializado em artigos musicais. Agora, conta com a ajuda do filho, Daniel Elvis Batista, 32, nas finanças, divulgação e organização da loja.

Há dez anos, Daniel Elvis trabalha com o pai e afirma que a loja teve que se

adaptar e aumentar a venda de discos lacrados. Apesar disso, garante que a grande parte do acervo é composto por mercadoria usada. “De 2020 para cá, percebi o disco mais valorizado e com uma demanda mais alta de clientes. Hoje o faturamento da loja é de R$ 8 mil a R$ 10 mil por mês, somente contabilizando as vendas de discos. Em um sábado bem movimentado, a loja recebe mais de 100 pessoas”, revela o comerciante. Além dos discos de vinil, a loja lucra com vendas de CDs e digitalizações de fitas K7. “As pessoas vêm aqui e procuram os mais diversos tipos de estilos musicais para suas coleções: rock, pop, sertanejo, trilhas de novela, etc. A variedade é muito grande e conseguimos alcançar todos os clientes”.

GUILHERME MORO
Mercado de discos usados tem opções de discos mais baratas quando em má conservação e preços maiores quando bem convervados
Outro atrativo dos discos novos são os relançamentos com a mídia em cores diferentes
Foto: Guilherme Moro
Foto: Guilherme Moro
Tony Elvis, 72, dono de loja de discos há mais de três décadas, é simbolo de Ribeirão
Foto: Guilherme Moro

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