Revista Candil n. 8

Revista de divulgação científica da UFMS ANO 4

N. 8

ABRIL 2021

Internacionalização UFMS ganha o mundo com projetos Capes-PrInt Pág. 16

Entrevista

Evaldo Ferreira Vilela, presidente do CNPq, fala sobre ciência brasileira na pandemia.

Pág. 10

Morenão

50 anos como patrimônio de MS Pág. 44

“Nesses tempos de céus de cinzas e chumbos, nós precisamos de árvores desesperadamente verdes”.

Mário Quintana Foto: Victor Sanches Bodoquena, Canaã - MS

O brilho emitido pelo Candil tem o poder de transformar a noite em dia, a escuridão em luz... Luz do saber, do conhecimento, da consciência, da ciência.

No Paraguai, até o início do século XIX, o Candil era feito da garganta do boi, limpa e preenchida com a graxa retirada do animal, bem socada. No centro, um cordão espesso era colocado para servir de pavio.

No Sudoeste de Mato Grosso do Sul (fronteira com o Paraguai) acontece o Toro Candil, prática cultural de origem ibérica, realizado por trabalhadores paraguaios que passaram a habitar o Sul do antigo Mato Grosso, após a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870).

No limiar dos 150 anos desse conflito de contexto mundial, e, rememorando os quarenta anos de criação do estado, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul lança sua primeira revista de divulgação da pesquisa no intuito de transpor os muros da academia, popularizando, assim, as ideias, o saber e a produção do conhecimento realizado na Instituição.

Reitor Marcelo Augusto Santos Turine Vice-Reitora Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo Pró-Reitor de Administração e Infraestrutura Augusto Cesar Portella Malheiros Pró-Reitor de Assuntos Estudantis Albert Schiavetto Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Esporte Marcelo Fernandes Pereira Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Lívia Gaigher Bosio Campello Pró-Reitor de Graduação Cristiano Costa Argemon Vieira Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Maria Ligia Rodrigues Macedo Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças Dulce Maria Tristão Diretora da Agência de Comunicação Social e Científica Rose Mara Pinheiro Diretor da Agência de Educação Digital e a Distância Hércules da Costa Sandim Diretor da Agência de Internacionalização e de Inovação Saulo Gomes Moreira Diretor da Agência de Tecnologia da Informação e Comunicação Luciano Gonda

Cidade Universitária: Av. Costa e Silva, s/nº, Bairro Universitário CEP: 79070-900 - Campo Grande/MS (67) 3345-7000 | reitoria@ufms.br | www.ufms.br

16 CAPA

A mobilidade da UFMS transpôs fronteiras e chegou em países como África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Colômbia, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Israel, Itália, Japão, Portugal, Reino Unido, Rússia, Suécia

5 Editorial União e Solidariedade são

35 Iniciação Científica

ferramentas para o fortalecimento da UFMS Ponto de partida para a Ciência

10 Entrevista Evaldo Ferreira Vilela,

presidente do CNPq, fala sobre ciência brasileira na pandemia

16 Capes-PrInt Cinco projetos da

UFMS das áreas da Engenharia, Química, Física, Ecologia e Saúde

39 Aplicativo Combate às

doenças associadas ao Aedes Aegypt

44 50 anos de Morenão Maior estádio universitário e muitas histórias

48 Tamarindo Muito além da fruta

22 Colaboração Ações unem Instituições e Universidades

52 Indígenas Na história e na pesquisa de MS

27 Patentes Aumenta interesse

56 Memória Escrita científica é uma de suas maiores paixões

por Propriedade Intelectual

União e Solidariedade são ferramentas para o fortalecimento da UFMS

Expediente

do CNPq, é a colaboração, a parceria e a somatória de esforços que são capazes de impulsionar a Ciência para além da crise.

Com muito orgulho, apresentamos os programas interinstitucionais e parcerias que fortalecem o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul e do país e o interesse dos pesquisadores pelo registro de patentes e a propriedade intelectual, mostrando a nossa vocação para a inovação.

Na história da UFMS, comemoramos os 50 anos do maior estádio universitário da América Latina, o nosso Morenão, e celebramos o aumento dos estudantes indígenas na produção acadêmica e científica no nosso estado.

Com base na Ciência, na Afetividade, na Solidariedade e na História, que devemos honrar e agradecer, que transformaremos os desafios em oportunidades para o fortalecimento do papel da UFMS em formar profissionais cidadãos para o nosso país e o mundo. Essa é a missão social da Universidade, a qual abraçamos e direcionamos todos os nossos esforços.

Um grande abraço, Marcelo Turine Reitor 2020-2024

Foto: Leandro Benites

EDITORIAL

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s dias passam rapidamente e 2021 avança. E nesse ano, todos nós, unidos, continuamos na luta contra a disseminação da Covid-19 e focados ainda mais no cuidado com os nossos familiares, amigos e colegas de trabalho e estudo.

O combate ao vírus e suas variáveis se soma à necessidade de combate à desinformação, às fake news e à polarização, que são entraves para o diálogo e o crescimento institucional.

Neste contexto tão desafiador, precisamos cada vez mais unir nossos esforços, em solidariedade, para ultrapassar as barreiras e atender as metas do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFMS. O maior ponto de conexão deve ser o nosso amor pela nossa Universidade, pela Educação e pela Ciência, que é capaz de superar as diferenças e buscar soluções conjuntas que nos fortaleçam, enquanto uma instituição de referência e excelência no ensino, pesquisa, extensão, inovação e empreendedorismo.

E imbuídos pelo amor pela educação, que temos conduzido o Ensino Híbrido em 2021, para garantir saúde e educação de todos, consolidando acordos inovadores e inéditos e fortalecendo a nossa atuação como protagonistas da Ciência, Tecnologia, Governança e Sustentabilidade.

Nesta edição da Candil, temos uma entrevista exclusiva com o Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Evaldo Ferreira Vilela, que fala sobre o desenvolvimento da ciência brasileira na pandemia. Como matéria de destaque apresentamos os cinco projetos contemplados no Programa Institucional de Internacionalização, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes-PrInt) que contribuem no avanço da pesquisa e inovação em nível internacional.

A leitura atenta da Candill nos motiva na busca por práticas inovadoras para desafios do dia a dia e promovem a formação complementar de nossos profissionais. Como afirma o presidente

Candil / Ano 4, N.8, Abril de 2021 Produção: Agência de Comunicação Social e Científica (Agecom) Contato: agecom@ufms.br / www.ufms.br/agecom / (67) 3345-7024 - Av. Costa e Silva, s/n - Cidade Universitária Campo Grande - MS - CEP 79070-900 Coordenação: Rose Mara Pinheiro (MTb 21.528 - SP) Reportagem: Ariane Comineti, Bárbara de Menezes, Leticia Bueno, Paula Pimenta, Thalia Zortéa, Thayná Oliveira e Vanessa Amin Estagiária de Jornalismo: Victória Oliveira Projeto Gráfico: Giselda Tedesco Diagramação: Maira Camacho e Williams Souza Revisão: Elizabete Aparecida Marques, Flavia Paiva e Rose Mara Pinheiro Impressão: Print Graf - Gráfica e Editora Eireli ISSN 2596-2159 - Distribuição Gratuita

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Ano letivo de 2020 é concluído com 3,5 mil recém-formados

Temporada de solenidades de colação de grau dos cursos de graduação foi transmitida pela TV UFMS

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UFMS é uma das três instituições federais de ensino superior que finalizou o ano letivo ainda em 2020, com a conclusão do curso para 3,5 mil estudantes da graduação, mestrado e doutorado e residências médica e multiprofis-

sional. “Estamos orgulhosos em entregar para a sociedade mais de três mil profissionais, contribuindo para o desenvolvimento do país em meio a maior pandemia mundial”, afirma o reitor Marcelo Turine.

Vestibular e PASSE UFMS são aplicados seguindo normas de biossegurança

Foto: Leandro Benites

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Prova realizada dentro das medidas de biossegurança

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Recepção Institucional 2021 contabiliza mais de 18 mil visualizações

e forma inédita, a UFMS organizou uma semana inteira de boas-vindas para os calouros de maneira remota. Para garantir o acolhimento e apresentar a Universidade, foram preparados dois vídeos institucionais, pela Agência de Comunicação Social e Científica (Agecom), e ainda Aula Magna com Karim Khoury e o Show de Verão com Gabriel Sater. Com diversos tutoriais animados sobre os sistemas acadêmicos, os vídeos foram visualizados por mais de 18 mil pessoas.

A Agência de Comunicação Social e Científica foi uma das Unidades responsáveis pela Recep-

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ais de 20 mil estudantes fizeram as provas do Vestibular e do PASSE (Programa de Avaliação Seletiva e Seriada) para ingresso nos 114 cursos da UFMS em 2021. A aplicação foi realizada de acordo com o Plano de Biossegurança contra a Covid-19, como o uso de máscaras, distanciamento de 1,5 metro e a higienização das mãos com álcool em gel 70%.

“Oferecer oportunidade a esses jovens de transformarem suas vidas, de transformarem a vida de suas famílias e ajudarem no desenvolvimento de Mato Grosso do Sul e do Brasil supera todo esse esforço”, comenta o pró-reitor de Graduação, Cristiano Costa Argemon Vieira.

ção Institucional. “Daqui pra frente, não dá pra imaginar uma Recepção Institucional somente no modo presencial. Este é um formato que veio pra ficar”, avalia a diretora da Agecom, professora Rose Mara Pinheiro.

“O sentimento que eu carrego depois dessa semana de acolhida é que as portas dessa grande casa estão abertas, e aí eu não vejo a hora de poder conhecer o campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul em Naviraí, de conhecer meus professores e meus colegas, e estabelecer esse contato físico presencial”, conta Ismael Lima, calouro do Campus de Naviraí.

Plano garante acessibilidade a espaços e serviços na UFMS tária, tradução de editais em Libras, atualização de toda sinalização e dos plug-ins VLibras e UserWay nos portais da UFMS. No último eixo “Gestão de Pessoas”, são desenvolvidas ações afirmativas e realizado o acompanhamento de servidores com deficiência.

Foto: Comitê de Acessibilidade

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Plano de Acessibilidade da UFMS 20202024 busca garantir a acessibilidade universal dos espaços físicos e dos serviços, contemplando formas de deslocamento, plataformas e modelos educacionais, informacionais e de comunicação. “Nós já estamos investindo em acessibilidade desde 2016, mas o planejamento é importante para traçar metas e propor etapas de realização para o presente e futuro”, afirma o reitor Marcelo Turine.

Para a inclusão e permanência dos estudantes com deficiência são disponibilizados o atendimento psicoeducacional, materiais acessíveis e equipamentos de tecnologia assistiva, serviços de intérprete e tradutores de Libras, além da inclusão de disciplinas nos cursos de graduação voltadas aos temas da educação especial e questões étnico-raciais, permitindo o Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação em Acessibilidade.

No eixo “Infraestrutura Acessível”, a UFMS tem observado as normas de acessibilidade vigentes obrigatórias nas novas construções e realizado melhorias nos prédios já existentes. O acesso à informação e o direito à comunicação estão contemplados por meio da instalação de totens digitais nos prédios da Cidade Universi-

Corredor Central com piso tátil e corrimão

Universidade conclui Relatório de Avaliação Institucional 2018-2020

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UFMS concluiu o Relatório de Avaliação Institucional 2018-2020, uma ferramenta essencial para rastrear e avaliar as demandas, apontar oportunidades de crescimentos e melhorias no atendimento à comunidade universitária.

Organizado pela Comissão Própria de Avaliação e a Diretoria de Avaliação Institucional, o relatório aponta avanços quanto às políticas e à infraestrutura da Universidade, consolidação dos processos de

Avaliação dos estudantes de pós-graduação

governança institucional e constantes melhorias em termos de inovação, por meio de editais de auxílio aos estudantes e pesquisadores.

Em 2020, foi incluído um bloco específico de questões sobre o Ensino Remoto de Emergência e os resultados destacam o pioneirismo e o apoio da Universidade para a manutenção das aulas durante a pandemia. Os estudantes de Residência Médica ressaltaram a contribuição das aulas ao vivo, com média 3,58, e os da graduação EaD, a importância das aulas gravadas, alcançando 4,3. Já o melhor quesito avaliado pelos estudantes da Residência Multiprofissional é a disponibilidade própria de equipamentos, com uma média de 3,73, os graduandos, o acesso à internet, com 4,3 de média.

Segundo o documento, mais de 70% dos estudantes de pós-graduação atribuiu conceito “muito bom” ou “bom” aos professores e foram os que se adaptaram melhor a essa nova realidade, atribuindo a maior média de desempenho dentre os segmentos, 4,5.

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Fotos: Leandro Benites

Ministro da Educação entrega obras e equipamentos na UFMS

Ao lado do reitor Marcelo Turine, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, descerra uma das sete obras entregues

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Ministro da Educação, Milton Ribeiro, esteve em março na UFMS para a solenidade de entrega de obras, serviços e equipamentos. No total, sete investimentos foram celebrados, somando mais de R$ 8,5 milhões.

Entre as melhorias estão a instalação da Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar e de oito Pontos de Ônibus Ecotecnológicos; a inauguração do Laboratório de Internação de Grandes Animais na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia; as adequações no projeto arquitetônico do Laboratório Covid-19 na Faculdade de Medicina; a revitalização do Corredor Central; a construção de tanques de concreto no Laboratório de Botânica e a nomeação da Avenida da Ciência, dentro da Cidade Universitária, como marco pela realização da 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

“Nós fizemos um tour com o reitor e a vice-reitora, e vocês estão de parabéns por tudo o que eu pude enxergar até agora. Obras muito interessantes que atingem direto o aluno, é isso que interessa”, declarou o ministro.

Estiveram presentes o senador Nelsinho Trad; as deputadas federais Rose Modesto e Bia Cavassa; o presidente da Ebserh, General Oswaldo Ferreira; o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte; o secretário de Ensino Superior do MEC, Wagner Vilas Boas, entre outras autoridades.

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Realizada no Dia Internacional da Mulher, a cerimônia contou com uma homenagem da vice-reitora Camila Ítavo às professoras, servidoras e estudantes mulheres que fortalecem o dia a dia da Universidade.

Vice-reitora homenageia mais de 15 mil mulheres da UFMS

Equipamentos Durante a cerimônia, o ministro fez a entrega simbólica de chromebooks para o cacique Célio Fialho, da Aldeia Bananal, que serão doados para os estudantes indígenas.

Em parceria com o MEC, em 2020 a UFMS abriu editais de inclusão digital para seleção de estudantes em vulnerabilidade para a distribuição de chromebooks, notebooks e chips de dados.

Humap-UFMS celebra 46 anos com homenagem a vítimas da Covid-19 Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh) completou 46 anos e em um momento de agradecimento e celebração da vida foram plantadas mudas de árvores no Bosque da Saudade para homenagear os colaboradores que faleceram em 2020. Entre eles estão os médicos Aby Jaine da Cruz Moura, Joel Martinez Peixoto e Luis Armando Pereira Patusco, os enfermeiros Clodoaldo Lemes de Souza, Gilson Coelho e Inácio Cândido Poquiviqui, auxiliares administrativos Eli Rodrigues Frias, Ivonete Francisca Paulo e Maria das Dores de Lima.

Uma décima árvore homenageia todos os familiares daqueles que perderam a vida no período da pandemia.

Luzia Patusco, uma das familiares dos profissionais homenageados, relembra que o médico tinha uma dedicação imensa pelo hospital. “Salvou muitas vidas e deixou um legado de alunos, de pessoas que certamente lembrarão dele e de todos que estão aqui, nesse hospital, salvando vidas”, destaca.

O evento contou com as bênçãos do capelão Edilson dos Reis e do padre Marco Antônio Gon-

Fotos: Humap-UFMS

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Bosque da Saudade homenageia as vítimas da Covid-19

çalves. Ao final da cerimônia, os familiares soltaram balões brancos.

Familiares e servidores soltam balões brancos em gratidão e respeito às vítimas da Covid-19 em Mato Grosso do Sul

Sou MULHER UFMS está alinhado ao ODS Igualdade de Gênero, da ONU

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linhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, Igualdade de Gênero, da Organização das Nações Unidas, o programa Sou Mulher UFMS busca criar melhores condições de estudo, permanência e desenvolvimento do trabalho ou carreira das mulheres que compõem a comunidade acadêmica. “É algo que estava no coração de todas nós. Esse programa vem para ampliar as ações e trabalhar em vários aspectos como o ingresso, a permanência e o sucesso de

mulheres na Universidade; o incentivo de sua participação no ensino, pesquisa, empreendedorismo e inovação; e tornar a Instituição cada vez mais um ambiente acolhedor para nos sentirmos seguras em qualquer unidade”, explica a vice-reitora Camila Ítavo.

A iniciativa foi lançada pela vice-reitora ao final da série de lives Mulheres na Gestão, que reuniu 20 mulheres que ocupam cargos de liderança na universidade.

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Entrevista Texto: Leticia Bueno Fotos: COCOM/CNPq

Evaldo Ferreira Vilela, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), fala à Revista Candil sobre a ciência brasileira durante a pandemia, expectativas para 2021 e resiliência dos pesquisadores.

Estamos no início de 2021, o país e o mundo ainda lidando com a Covid-19 e as pesquisas não param. A pandemia evidenciou a necessidade de se valorizar a ciência?

Sim, mas inicialmente a gente tem que se solidarizar com as famílias que perderam tantos familiares, principalmente nesses dias onde nós já estamos ultrapassando os dois mil mortos por dia, então a gente tem que se solidarizar com essas famílias e lamentar muito a perda dessas pessoas. [A situação] só não é pior, porque a gente tem a ciência. A ciência trabalha com o desconhecido e busca soluções, esse vírus era desconhecido. A ciência brasileira é bastante robusta, principalmente nessa área da saúde, e a gente só lamenta que nos últimos anos ela recebeu muito pouco recurso e ciência não se faz sem dinheiro, mas a percepção que a sociedade tem da ciência hoje é diferenciada em relação ao que era anteriormente e com o advento da pandemia, porque todo mundo hoje sabe que não tem futuro para nossa sobrevivência se nós não conseguimos vacinas, remédios, tratamentos e pessoas capacitadas em saúde, então ficou muito evidente que o conhecimento é a base da sobrevivência da espécie e conhecimento é ciência a gente sempre pode ‘trocar’ ciência e conhecimento, são palavras, de uma maneira mais popular, sinônimas.

A gente precisa desenvolver a ciência para ter conhecimento para enfrentar a situação, então está muito

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claro para a sociedade brasileira e para a sua área de jornalismo é muito importante para que a população entenda que ciência não é só pandemia.

Nós podemos ter uma pandemia pelo vírus, podemos ter uma pandemia por falta de alimento, nós podemos ter muitas pandemias que não estejam simplesmente na saúde, então a ciência tem que ser valorizada como um todo.

anos 20 e 30 anos é isso, entendeu? É um milagre a competência científica que nós temos hoje, porque um laboratório sem dinheiro por seis meses... é porque o pesquisador põe do bolso dele, mas é uma coisa que eu até não saberia explicar para você, o tanto de gente que está agora ajudando com a Covid-19, ajudou com o Zika, quanta gente ajudou na ciência que produz alimentos, nas ciências agrárias, muita gente botou o dinheiro do próprio bolso, porque se parar perde tudo.

Ainda pensando no cenário pandêmico, muitos acreditam que o corpo de pesquisadores brasileiros é altamente qualificado para lidar com o O número de pesquisas relacionadas à Covid-19 novo vírus, porém, a falta de verba atrasou os foi significativo? avanços científicos para entendê-lo e, de alguma Muito! E aí tem que ressaltar também uma coiforma, contê-lo. Qual a sua opinião? sa que tem a ver com o que você perguntou, que é Olha, a minha opinião é que ciência não se faz a ajuda internacional. Muitos pesquisadores nossos sem dinheiro. O capital humano é muito imporestão globalizados, eles estão trabalhando com pestante, você ter pessoas capacitadas, não só doutoquisa globalmente, então há uma ajuda também de res, mas você ter técnica e ter uma massa crítica de cooperação em que você precisa de insumos, você pessoas na área de saúde e áreas afins, porque não precisa de reagentes, você precisa usar uma máquié só médico e enfermeiro, e nem só pesquisadona, você manda alguma coisa para Inglaterra para res, é um complexo de profissões e de áreas, mas que eles analisem e voltem para você, então a coonada disso se faz sem dinheiperação Internacional na área ro. Tem um jeito de fazer com de saúde, nas áreas científicas, “A ciência precisa ser menos dinheiro, o Brasil faz o Brasil estava muito bem. ciência com menos dinheiro do entendida pelas pessoas, o Agora que a mobilidade ficou que os Estados Unidos e o Camuito prejudicada, né? Mas a cidadão que vota tem que cooperação internacional ajuda nadá, e faz ciência de qualidade semelhante. Nós somos muito muito e o Brasil tem, em várias votar pela ciência.” criativos, muito preparados e áreas, na física, por exemplo, nós muito resilientes, a gente sabe temos uma globalização muito fazer com pouco, mas precisa ter pelo menos um grande nas nossas pesquisas e isso ajuda, porque a pouco, e uma coisa que você me dá oportunidade hora que você não tem dinheiro aqui, às vezes vem de falar é sobre o fluxo de recursos. Muita gendinheiro lá de fora. te pode falar com você assim: ‘o Brasil já investiu tanto, já teve isso, já teve aquilo de investimentos Essa era exatamente a minha próxima pergunem Ciência e Tecnologia, pós-graduação e tudo’ ta, se aumentaram as parcerias e convênios en- a gente já teve dinheiro e tem algum dinheiro, tre as instituições nacionais e internacionais mas não tem fluxo. É como se você tivesse um por conta da pandemia e, se sim, é possível que banquete durante um mês e depois você não teria isso acabe fortificando ainda mais esses projenada para comer. Se você sobrevive, você volta a tos em conjunto? ter um banquete, mas naquele pedaço de tempo Claro, e ainda mais quando você apresenta que você não teve nada para comer você pode um resultado em Campo Grande, por exemplo, e ter morrido. A pesquisa sem dinheiro, ela para e esse resultado é confirmado em Londres - é outra não tem como voltar atrás, você tem que começar coisa. A parceria dá credibilidade ao que a gente tudo de novo e isso é um prejuízo absurdo. É o que faz, dá confiança, porque você tem um parceiro nós chamamos, então, de fluxo de dinheiro. Eu internacional com melhores condições do que a preciso de dinheiro; se tiver muito, eu vou fazer nossa, ele pode já testar, ele pode complementar, muito, mas eu preciso de algum dinheiro e esse ele pode replicar o que você fez e dar a garantia dinheiro tem que ter fluxo - ele tem que vir hoje, de que dá certo, porque a nossa infraestrutura de amanhã, depois de amanhã... ele não pode parar. equipamento ainda é muito ruim, é muito precária, O que está acontecendo com o Brasil nos últimos e você depende muitas vezes de equipamentos

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O presidente do CNPq, Evaldo Vilela, e Zaira Turchi, diretora de Cooperação Institucional

lá de fora, então quando você publica um artigo feito em Campo Grande, na Universidade Federal, junto com uma instituição lá da França, isso dá muito mais repercussão. Infelizmente é assim, a repercussão é diferenciada quando tem um parceiro internacional pela confiança que dá. Olha, para sair da Covid-19 e continuar a vida depois - em todas as áreas do conhecimento e não só na pesquisa - a palavra chave é colaboração. Sem colaboração a gente não vai caminhar, porque as incertezas hoje são muito grandes e você tem temas, desafios, muito complexos por causa das incertezas, então um sozinho não vai fazer nada e se ele não tiver o espírito de colaboração, ele vai ficar para trás. Só vai vencer aquele que conseguir fazer colaboração na pesquisa e, eu digo para você, em quase tudo.

Sobre as pesquisas que foram paralisadas pela suspensão das atividades presenciais: houve impacto negativo no quadro da ciência nacional?

Muitos, muito, porque nós temos projetos em andamento que pediram prorrogação de prazo.

Nas áreas de Ciências Sociais, por exemplo, se aplicam muitos questionários. Como é que você vai aplicar questionários colocando estudantes na rua, batendo na casa dos outros? Não tem sentido.

Então muitas pesquisas que envolvem campo, que envolvem ter contato com pessoas, foram paralisadas e a gente torce para que possam ser recuperadas e isso depende, como eu falei para você.

Agora aquelas pesquisas mais de laboratório, em que você pode reduzir o número de pessoas no laboratório e não há muito contato entre pessoas, essas continuaram e essas são muito importantes.

Como está o orçamento do CNPq em 2021? Quais as perspectivas e expectativas para esse ano?

No ano passado a gente teve um orçamento em torno de 1 bilhão e 200 milhões de reais para tudo e foi muito apertado, não deu para atender muita coisa. Esse ano nós estamos com menos dinheiro, tivemos um corte de 100 milhões, mas nós estamos tentando recuperar isso no Projeto da Lei Orçamentária. Ela vai entrar agora no Congresso e nós estamos buscando reparar esses 100 milhões. A nossa perspectiva é de fazer o mesmo do ano passado, que é pouco, não é muito para o Brasil inteiro. Nós estamos nos concentrando em projetos de pesquisas da pós-graduação, de pesquisadores bolsistas do CNPq e de iniciação científica grandes programas do ano passado que nós vamos repetir esse ano. Agora, tem uma notícia boa que é a possibilidade de nós termos o veto do Presidente da República derrubado no Congresso Nacional1 e com isso liberar o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, que está sendo contingenciado e vem a conta-gotas. No passado, o CNPq recebeu 80 milhões e estava acostumado a receber um bilhão, dois bilhões... e agora há um aceno do Congresso Nacional de liberar o fundo para nós, até mesmo porque qualquer projeto envolvendo vacina vai depender de investimento que nem o ministério tem e nem o CNPq tem, e isso vai mudar o quadro, a gente vai dobrar o nosso orçamento e aí vai ter uma possibilidade boa de ampliar o apoio à ciência.

Nossas perspectivas são essas, está muito incerto, mas estamos com muita esperança de que o Congresso vai olhar pela ciência e vai colocar o dinheiro lá, inclusive para desenvolver a vacina brasileira.

1 Em sessão deliberativa do Congresso Nacional, no dia 17 de março de 2021, com 457 votos favoráveis, os parlamentares derrubaram o veto que impedia o governo federal de alocar os recursos na reserva de contingência, o que na prática, inviabilizava o uso dos recursos do FNDCT no financiamento de programas e projetos prioritários de desenvolvimento científico e tecnológico.

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Segundo alguns especialistas, há perspectiva ração de riqueza - não é geração de ricos, é geração de uma vacina contra a Covid-19 produzida no de riquezas. A universidade francesa já é assim, a Brasil ser lançada apenas em 2023, porém, se França se desenvolveu com base nos institutos e houvesse investimento, ela poderia ficar pronta não nas universidades, e a gente tem um pouco essa antes e não estaríamos enfrentando problemas herança. Depois também a universidade se afastou com a importação de insumos. O senhor tem muito no regime militar, não teve uma facilidade, algo a dizer sobre esse tópico? não se entendeu bem e a gente carrega esse probleSim, eu acho que a vacina brasileira dificilma. É uma ciência ainda nova, robusta em algumente sairá nos próximos anos se não tiver invesmas áreas, mas muito nova. Se a gente comparar o timento para que você consiga completar os tesdesenvolvimento científico do Brasil com o desentes, que não são poucos, e isso custa, porque tem volvimento da Inglaterra, são séculos de diferença. até seguro, você não pode fazer esses testes sem Nós avançamos muito e estamos avançando muito, ter pagamento de indenizações, não é uma coisa mas nós ficamos, em um determinado momento, simples onde você só aplica vacina na pessoa. E só com a publicação de artigos, que é importante se ela funciona, se ela é boa, você tem que fazer porque você está formando um ecossistema, uma reprodução em escala. Uma coisa é você fazer comunidade de Ciência e Tecnologia, então você uma bateria e dar certo, outra coisa é transportar precisa provar que você sabe fazer artigo, ciência e essa bateria para várias vacinas. Isso nós sabemos publicar. Agora nós estamos virando essa página. fazer, nós temos gente para fazer: USP, UFMG, No CNPq nós estamos trabalhando muito com Fiocruz e Butantan sabem fazer, mas precisam essa questão e muito atentos, porque quando você de dinheiro. Sem dinheiro, eu acho que nem em publica o chamado paper científico, ele às vezes 2023 você consegue. Agora, já podia ter a vacina, é aproveitado lá fora em um outro país e pouco porque os investimentos feitos no passado - hoje aproveitado aqui dentro, porque as pessoas não o que você vê aí e está muito bom, é porque foram leem paper, não leem artigos, é tudo em inglês. É investimentos feitos no passado, principalmente muito bom, é muito importante para o currículo nos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia e para mostrar que o Brasil tem robustez na ciêncriados em 2009 e receberam recursos nesses úlcia, mas a gente precisa traduzir isso em benefício timos anos - estão fazendo essa beleza aí, porque da sociedade. Isso se chama o “vale da morte”, que os recursos ultimamente têm é onde o conhecimento para sido poucos e para sair uma e não migra para o mercado. vacina daqui para frente é Nós estamos combatendo isso.

“Em todas as áreas do preciso recurso, não tem jeito, Nós criamos, com o ministério conhecimento e não só na não se resolve sem dinheiro. de Ciência e Tecnologia, um Ciência não é mágica e não é pesquisa - a palavra-chave é programa chamado transborbarato, mas salva vidas. É a esdamento, você transbordar o colaboração. Sem colaboração conhecimento da universidade perança, né? para o mercado. O Brasil está a gente não vai caminhar.”

Na sua visão, o desenvolviiniciando esse caminho, apesar mento da ciência brasileira que você tem exemplos maestá ligado ao desenvolvimento socioeconômico ravilhosos na agricultura e na pecuária em Mato do país (e vice-versa)?

Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. No agroneEstá melhor agora, essa ficha está caindo, mas gócio nós temos exemplos e temos exemplos na a universidade brasileira, por vários motivos, semquestão industrial, se você for em São Carlos, São pre acompanhou a universidade europeia, prinPaulo. Você tem vários exemplos que estão funciocipalmente francesa, e nunca esteve muito ligada nando, mas o problema é que não podemos viver ao desenvolvimento. O Brasil sempre comprou lá de exemplos. Isso tem que ser uma tônica: todo cofora tecnologias para produzir aqui. É famoso o nhecimento tem que ser aproveitado na geração de empresário brasileiro indo ao supermercado de produtos, processos e serviços inovadores, porque tecnologia de Israel buscar tecnologia para vender é isso que gira a economia, é isso que gera emprego aqui dentro. A universidade brasileira não foi feita e é isso que gera riqueza. Isso não é fácil de fazer, como a americana, a alemã, que é a universidade porque o empresariado acha mais fácil ir lá fora do conectada com o desenvolvimento do país para geque procurar a universidade e muitas vezes a uni-

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versidade também não está preparada, então a gente precisa criar mecanismos para que isso aconteça.

Um dos objetivos da UFMS é se aproximar do empreendedorismo, o que acredito que tem muito a ver com o que estamos conversando agora. Qual sua opinião sobre trazer essa visão empreendedora para a pesquisa científica?

Você está me dando uma oportunidade muito boa de explicar isso. O CNPq é a casa da pesquisa básica, nós trabalhamos com o conhecimento, geração de conhecimento, mas nós temos a responsabilidade de trabalhar com um ecossistema de inovação para fazer essa ponte, pular o “vale da morte”, então nós estamos ligados ao empreendedorismo, nós fazemos chamada de empreendedorismo, nós só não entramos propriamente na inovação, porque isso é uma questão com a Finep, mas nós estamos trabalhando a geração de conhecimento e participando de cadeias cada dia mais estruturadas; estamos conectados e queremos passar isso para indústria, etc. Mas o CNPq sozinho não dá conta de fazer isso, por isso precisa de um programa, precisamos ter parceiros, por exemplo como a Federal de Mato Grosso do Sul. Tem desafios muito grandes que um só não dá conta, então nós temos que chamar outros partícipes para que a gente consiga ter metodologias, porque não é só trazer o empresário e o pesquisador tem um hábito, que é legítimo mas é um problema, de ter uma grande ideia ele, uma grande descoberta, e querer que o empresário financie aquilo, mas não saber o que é que ele vai entregar. É preciso ter uma conversa com o empresário para saber o que ele quer, porque o que o pesquisador está achando não necessariamente é o que o empresário está achando, e ele muitas vezes não tem paciência com isso. São mundos diferentes que precisam de metodologias para que as pessoas possam conversar.

Qual o panorama da pesquisa hoje no Brasil?

Nós temos a ciências agrárias, temos uma produção de alimentos fantástica e se não fosse por isso nós estaríamos numa recessão violenta, mas pelo menos o que comer nós temos, a grande parte da população tem. (...) Você tem uma física também muito importante no Brasil, a matemática, nós evoluímos muito na química, nas ciências sociais a gente já evoluiu muito e a gente precisa trazer um pouco mais as ciências sociais para o de-

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senvolvimento. Nós temos uma quantidade de tecnologias novas que estão fazendo muita confusão na vida das pessoas, as interações interpessoais tem piorado muito com advento das redes sociais e isso é um campo das Ciências Sociais Aplicadas, é um campo do Direito, da Sociologia, da Antropologia. (...) O CNPq está num trabalho muito grande porque a robustez da nossa pesquisa precisa aumentar, ela precisa estar mais conectada com as ameaças futuras, com desafios futuros, e a gente está colocando os pensadores para se juntar através da formação de redes de pesquisa colaborativas, então o pesquisador da Federal de Mato Grosso do Sul com a sua equipe se junta com a USP, que se junta com a Federal do Paraná, e você forma uma rede, aumenta a velocidade da produção de conhecimento, amplia-se os recursos - quando um não tem, o outro tem - e se conecta a uma rede útil de cooperação.

Isso tem para todas as áreas, não existe limitação. A gente precisa globalizar a nossa pesquisa, o seu assunto tem a ver com o mundo, essa percepção precisa ser entendida: a pesquisa é local, mas ela precisa ter um caráter globalizado, ela precisa entender o papel dela no grupo e para isso ela não pode ficar naquela coisinha pequena, e aí eu estou falando de uma coisa agora que é tônica quando você investe em uma pesquisa: a possibilidade de entregar alguma coisa, tem que estar claro o que você pretende entregar com aquele dinheiro que você está pedindo e qual passo você vai dar para atingir aquilo.

Qual é o projeto? Qual o impacto desse projeto na sociedade? Onde você está querendo contribuir?

Isso tem que estar claro.

Quais as maiores oportunidades atualmente para quem é ou deseja ser pesquisador?

A área da saúde e, sem dúvida nenhuma, as áreas de dados. (...) Quem sabe analisar dados e produzir conhecimento a partir de dados, se está na área de saúde, nossa... esse cara vale ouro! Mas a área da saúde é a grande preocupação da humanidade, todas as áreas e não é só medicina. A alimentação é outra questão muito séria, porque a gente antigamente comia o que tinha, agora você tem opções e tem o veganismo, o vegetarianismo, as pessoas não querem mais industrializados, então você tem oportunidades muito grandes de produção de novos alimentos, enfim, é um campo muito vasto e eu acho que o outro campo são as ciências sociais, as humanidades, para entender esse mundo e ajudar as pessoas a conviver com

esse mundo, mas dentro de um processo de desenvolvimento, não simplesmente dizer que está ruim e querer voltar ao passado, porque ninguém vai voltar ao passado, não existe isso. (...) Eu falo muito com os meus alunos sobre entender Inteligência Artificial, todos nós temos que saber onde e como usar a Inteligência Artificial. Qualquer área hoje tem oportunidade, desde que ela esteja conectada com as ferramentas digitais, conectadas com essa nova maneira de encarar a ciência e os desafios.

Além do investimento nas pesquisas, também é necessário investir na sua popularização. O senhor acredita que o espaço entre a sociedade e o entendimento sobre o que é ciência e qual sua importância está diminuindo ou aumentando?

Esse tema é o mais difícil, porque a ciência precisa ser entendida pelas pessoas, o cidadão que vota tem que votar pela ciência, ele tem que votar pela rua dele, pelo emprego do filho, mas ele também tem que votar pela ciência e você vê que são poucos parlamentares que olham pela ciência, porque eles não foram eleitos para isso. A gente tem que popularizar, mas é um tema difícil. No Brasil, nos últimos dados que a gente tem, pouco mais de 10% da população consegue entender um texto mais complexo, que pode interpretar o texto, então é muito difícil, quando um país que tem uma educação como a que nós temos, popularizar a ciência, porque as pessoas veem a ciência como uma coisa mágica, não vê que é um processo. Ainda existe aquela imagem que o Brasil não tem cientista, porque ele não está vendo. Cientista é um indivíduo de língua para fora, cabelo arrepiado, atrapalhado... e não é nada disso, cientista

um cidadão comum, mas toda vez que a televisão mostra, ela mostra um cientista americano, então ele acha que tem lá fora, mas não tem aqui dentro. É difícil, mas é possível, é super necessário e a gente tem que convencer os pesquisadores a fazerem um pouquinho mais. Eu, por exemplo, nas defesas de teses dos meus alunos, quando a família vai, a primeira coisa é ele ter que explicar para a família o que ele fez na tese. As pessoas acham que isso é bobagem, porque a família não vai entender, ele não vai saber explicar, porque ele é “mais inteligente” do que eles, então a quantidade de preconceitos atrapalha muito, porque a pessoa tem que saber explicar para a sociedade o que ela fez. Não tem nada tão complexo que não possa ser explicado, mas é uma atitude que o cientista tem de que ele não é obrigado, porque quando a ciência começou ela se reportava aos ricos, não se reportava ao cidadão comum, e isso, de uma certa maneira, existe até hoje. Há uma dificuldade de transportar isso, mas precisa ser feito, e também os jornalistas, de uma maneira geral, têm pouco conhecimento sobre o que é ciência e pouco interesse. Outra coisa é que a gente precisa é sair da divulgação para a comunicação, da divulgação para o diálogo com a sociedade e isso também é complicado. O processo de comunicação tem que ser a tônica da ciência, mas para fazer comunicação precisa de dinheiro, de equipamentos e de pessoas, e a gente tem uma dificuldade nas nossas instituições, porque a área de comunicação é confundida com a área de propaganda pelos órgãos de controle, e o Brasil precisa - a gente precisa popularizar a ciência; a gente precisa conquistar corações e isso é um processo de comunicação.

Evaldo Vilela (à direita) junto ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes

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Foto: Thais Fedatto Abelha

Capes-PrInt

A

Capes-PrInt Parcerias para a internacionalização

lém de implementar e consolidar planos estratégicos de internacionalização, o Programa Institucional de Internacionalização (PrInt), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), há mais de dois anos em execução na UFMS, não só fortaleceu a qualidade da produção acadêmica vinculada à pós-graduação, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia, como proporcionou resultados em conhecimento, produtos e inovações.

A mobilidade de docentes, doutorandos e pós-doutorandos transpôs fronteiras e estabeleceu portas definitivamente abertas com uma série de instituições em todo o mundo (África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Colômbia, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Israel, Itália, Japão, Portugal, Reino Unido, Rússia, Suécia).

Todos os projetos estão interconectados e os professores e Instituições estrangeiras foram escolhidas por afinidade, trabalho e linha de pesquisa relacionada com as desenvolvidas na UFMS. “O Capes-PrInt foi uma importante conquista da UFMS quando estamos falando em internacionalização. Fomos uma das 36 instituições que conseguiram aprovar projetos, o que mostra que nossa pós-graduação e pesquisadores vêm realizando um excelente trabalho na jornada da busca por tornar a UFMS uma universidade de excelência e internacionalizada. Apesar dos pro-

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Texto: Paula Pimenta Fotos: Arquivo pessoal

blemas pelos quais estamos ainda passando, com o fechamento de fronteiras, nossos pesquisadores têm realizado um excelente trabalho. Com certeza o Capes-Print está fazendo a diferença para os PPGs participantes”, diz a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Maria Lígia Rodrigues Macedo.

A Propp e o Grupo Gestor do Projeto Institucional de Internacionalização da UFMS (GGPrInt) aguardam o retorno à normalidade para realizar novas missões Institucionais, segundo a pró-reitora, de modo a prospectar mais parcerias e acordos de cooperação para a UFMS e os Programas de Pós-Graduação, nas áreas estratégicas de internacionalização.

São cinco os projetos de cooperação internacional da UFMS aprovados pelo Capes-PrInt, passando pelas áreas da Engenharia, Química, Física, Ecologia e Saúde. Todos foram contemplados com missões de professores e estudantes em outros países, vinda de professores estrangeiros à Campo Grande, pós-graduação sanduíche, seminários, palestras, publicações, entre uma série de outras ações que ainda devem perdurar a médio e longo prazo.

São muitas as ações desenvolvidas, conheça parte do que está sendo feito em cada projeto.

Segurança híbrida As enchentes e inundações que há décadas assombram a cidade de Campo Grande, não raramente causando perdas humanas, ambientais

Professores José Marcato e Jonathan Li na University of Waterloo

e materiais, foram a inspiração para o projeto “Águas urbanas: em direção à segurança hídrica”, comandado pelo Programa de Pós-graduação em Tecnologias Ambientais (PPGTA), com a participação de pesquisadores estrangeiros.

A ideia, segundo o professor José Marcato Junior (PPGTA), coordenador do projeto, era desenvolver uma metodologia que seja tocada em Campo Grande, com impacto na sociedade, e que pudesse ser replicada em qualquer lugar do mundo a partir do sistema de alerta para enchentes.

“Nosso estudo foi focado principalmente na Bacia do Prosa, que sofre muito com inundação.

Tivemos de fazer toda a parte de modelagem hidrológica da bacia, que consiste em obter dados de precipitação, vasão, e esses dados foram combinados e o modelo hidrológico foi calibrado. A ideia é que isso seja realizado para as outras microbacias urbanas de Campo Grande”, explica o coordenador, que participou do evento IGARSS 2019, em Yokohama (Japão), um dos principais da área de sensoriamento remoto e isso permitiu o estabelecimento de algumas parcerias pelo PrInt. A tese de doutorado de Tiago Souza Mattos (PPGTA), com orientação do professor Paulo Tarso de Oliveira, identificou onde ocorrem os problemas de inundações na cidade, especificamente na Bacia do Prosa.

“Propusemos algumas áreas para amortecer esses problemas, picos de cheias, diminuir o tempo com que a água chegue no rio. Fizemos um sistema de baixo impacto, em vários lotes dentro da bacia hidrográfica para minimizar isso e discutimos diferentes cenários de ocupação dentro dessa bacia, identificando quais seriam as práticas sustentáveis adotadas e confrontando com diferentes cenários extremos de mudanças climáticas. Usamos 17 mo-

delos e vimos qual o cenário que poderia funcionar melhor. Acoplarmos tudo num modelo hidrológico e hidráulico”, explica o professor Paulo.

Foi desenvolvido assim o aplicativo que funciona como sistema de alerta. A partir da coleta de dados meteorológicos, com previsão das chuvas, os pesquisadores entram num modelo previamente calibrado e validado para a bacia para gerar previsões de inundações antes que ocorram as chuvas, emitindo os alertas.

Para o professor Paulo, que esteve imerso na Universidade do Arizona (Estados Unidos), é preciso destacar a importância desse processo de internacionalização proposto pela Capes no contexto nacional. “É de extrema relevância pois busca colocar pessoas, cientistas de ponta no mundo inteiro, com outros cientistas no Brasil, interagindo com estudantes, busca fomentar a ciência e o desenvolvimento de tecnologia no país de forma profunda. Então, vamos ter resultados a curto prazo, com artigos, formação de pessoas e vai gerar mais resultados a médio e longo prazo, com a replicação do conhecimento gerado”, avalia Paulo Tarso.

Além da ida de docentes e doutorandos para outros países, o PrInt proporcionou a vinda do professor Jose Goes Vasconcelos (Auburn University), que também ministrou aulas no PPGTA. A professora Anette Eltner, da Technsiche Universität Dresden (TUD), na Alemanha, recebeu o doutorando Thales Akyiama (PPGTA).

“A cooperação com Thales Akyiama, que foi possibilitada devido à sua visita de um ano na TUD, foi muito valiosa no que diz respeito ao avanço do campo de aplicação de aprendizagem profunda para monitoramento aprimorado e robusto de rios. A colaboração resultou em várias publicações, entre outras na revista de alto impacto Water Resources Research, que apresenta um novo medidor de câmera. Novas ideias de projetos para futuras cooperações pretendidas entre a UFMS e a TUD são um resultado direto do intercâmbio. Embora o Covid-19 tenha causado fortes deficiências, Thales enriqueceu culturalmente a equipe do Instituto de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto”, afirma.

Bolsista Capes, André Almagro esteve durante seis meses de doutorado-sanduíche na Universidade do Arizona, em Tucson (Estados Unidos), onde investigou qual o atual e futuro comportamento hidrológico das bacias hidrográficas brasileiras, sob supervisão de Peter Troch.

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Thales Akyiama (ao meio) trabalha com estrutura para modelagem da erosão do solo usando medições fotogramétricas

“Eu realizei extensa revisão de literatura sobre o tema de interesse, dados hidrológicos, meteorológicos, topográficos, geológicos, pedológicos, de uso e cobertura do solo, entre outros, para a construção do maior banco de dados de atributos de bacias hidrográficas do Brasil, em parceria com pesquisadores da Universidade do Arizona e outras instituições estrangeiras. Também tive a oportunidade de trabalhar no maior laboratório de hidrologia experimental do mundo, o Landscape Evolution Observatory (LEO), no Biosphere 2, o que foi primordial para adquirir a expertise necessária para o desenvolvimento do meu projeto”, relata André.

Nanopartículas O Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) propôs o projeto “Síntese e caracterização de novos materiais baseados em nanopartículas de metais aplicados ao transporte de medicamentos, estudo da mobilidade intra-agregada de sais biliares e produção de hidrogênio”.

Coordenador do PrInt no PPGQ, o professor Giberto Maia (Inqui) esteve em 2019 no Nikolaev Institute of Inorganic Chemistry, na Rússia, onde visitou vários laboratórios, discutiu tópicos de pesquisa e apresentou seminário.

Sua pesquisa tratou da preparação e caracterização de novos materiais baseados em carbono e metais não nobres, compostos de coordenação luminescentes baseados em metais de transição, que possam apresentar potencial aplicabilidade na área de materiais eletroluminescentes, dispositivos tecnológicos como LEDs, sensores, novos catalisadores eletroquímicos, baterias, entre outros.

“Esse projeto envolve também a síntese de nanopartículas de ouro e prata em sistemas aquosos complexos que são frequentemente encontrados

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para aplicações em sistemas biológicos bem como compreender a mobilidade de pequenas moléculas ou nanopartículas nos espaços confinados e compartimentados na escala manométrica”, explica Gilberto.

Já o professor Marco Antonio Utrera Martines, também em 2019, visitou a Université Paul Sabatier (Toulouse III) – França. “Realizei atividades de pesquisa envolvendo nanopartíoculas de Au e Ta2O5 multifuncionais para Imageamento por Ressonância Magnética e de Tomografia Computadorizada no laboratório do Centre d’Elaboration de Matériaux et d’Etudes Structurales (CNRS). A Ressonância Magnética produz imagens de cortes finos (imagens tomográficas) utilizando um campo magnético e ondas de rádio, enquanto Tomografia Computadorizada consiste de imagens tiradas em rotação resultando em uma imagem de secção transversal completa utilizando raios X. O tratamento de dados, interpretação e discussão dos resultados foram realizados no CEMES em colaboração com o professor Marc Verelst”, expõe.

O professor Marc Verelst, inclusive, passou pela UFMS no final de 2019, quando ministrou o curso “Fluorescent nanoparticles: Synthesis and Characterization”.

“Pessoalmente, atuo em pesquisa com universidades brasileiras há quase 15 anos por meio de convênios de cooperação internacional. O grande diferencial do programa Capes-PrInt é permitir uma parceria internacional unilateral com missões de pesquisadores brasileiros no exterior e missões de pesquisadores estrangeiros ao Brasil, além de bolsas para estudantes brasileiros no exterior. Outro ponto muito importante é a participação dos programas de pós-graduação em consolidação que possuem alunos com alto nível de escolaridade,

mas que não possuem um parque de equipamentos de última geração”, diz o professor francês.

O trabalho desenvolvido como professor visitante na Universidade de Victória, no Canadá, foi bastante produtivo e possibilitou a aproximação entre os grupos de pesquisa da professora Cornélia Bohne (UVic/Canadá) e de Fotoquímica e Eletroquímica Aplicada da UFMS, segundo o professor Amilkar Machulek Junior (Inqui).

“Durante a estada no Canadá participei ativamente do grupo de pesquisa da professora Bohne, desenvolvendo o trabalho experimental sobre cinética de agregação de nanopartículas de prata e substratos orgânicos, além disso, semanalmente tínhamos reuniões de grupo para discutir temas relacionados à dinâmica supramolecular e outros temas relevantes ao desenvolvimento da ciência, momento no qual os resultados experimentais obtidos eram apresentados na forma de seminário, sendo que durante esse tempo tive a oportunidade de apresentar três seminários na Universidade de Victória com os resultados de cinética de agregação de nanopartículas de prata.

As discussões e reuniões semanais sempre foram bastante produtivas possibilitando traçar novas rotas de pesquisa e interação entre a UVic e a UFMS para futuras parcerias de pesquisa”, relata o professor Amilkar.

O PrInt foi uma excelente oportunidade para ampliar o seu conhecimento científico e aplicabilidade do conhecimento teórico, assegura o doutorando em Química Osmar Ignacio Ayala Cáceres, que participou de cursos e seminários interdisciplinares e de discussões científicas com pesquisadores da França, Índia e Rússia.

“Receber professores da Europa, continente muito desenvolvido tecnologicamente e com reconhecimento de formação de cientistas de qualidade, que estão desenvolvendo trabalhos similares, têm uma alta significância para a evolução da pesquisa e nesse sentido a vinda de professores de diversos polos da ciência é mais do que bem-vinda, demonstrando o interesse da UFMS de aprimorar a formação dos seus discentes para os novos desafios do atual e competitivo mundo”, afirma.

Nanomateriais Unidos, o PPGQ e o Programa de Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste (PPGSD) realizam o projeto de pesquisa “Desenvolvimento de nanomateriais para indução de processos oxida-

tivos: aplicações de interesses ambientais, energéticos e da saúde”.

Pelo projeto os pesquisadores irão trabalhar duas linhas. A primeira é a terapia fotodinâmica, que trata do uso do nanomaterial e da luz para promover reações no interior de células e seres vivos.

Os professores Anderson Rodrigues Lima Caires e Samuel Leite de Oliveira (Infi) estiveram na Universidade de Essex, no Reino Unido, em 2019, quando a UFMS também recebeu o professor Ian Colbeck, da mesma Instituição, que veio conhecer as instalações locais e proferir dois minicursos concentrados.

Assim como o professor Anderson, a doutoranda Cynthia Suzyelen Albuquerque Caires trabalhou por quase um ano na Universidade de Essex. Do PPGSD, e orientada pelo professor Valter Aragão do Nascimento, ela fez o plano de trabalho intitulado “Avaliação da inativação fotodinâmica em bactérias induzidas por compostos de nanopartículas de prata e óxido de grafeno”, tendo como orientadora no exterior a professora Corinne Whitby.

“Este intercâmbio foi muito produtivo, uma vez que ampliou a nossa rede de colaboradores, o aprendizado de novas técnicas e experiência cultural, rendendo frutos no final do estágio onde publicamos um artigo em revista científica resultado deste trabalho e posteriormente um outro artigo em colaboração”, relata Cynthia.

Pela outra linha, que está relacionada com o uso de nanomateriais e luz para promover quebra de moléculas de poluentes ou provocar a própria quebra da molécula da água na produção de Hidrogênio, os professores Além-Mar Bernardes Gonçalves e Diego Carvalho Barbosa Alves visitaram a Universidade Leibniz, de Hannover, na Alemanha, com o objetivo de conhecer os trabalhos e iniciar as parcerias.

Marc Verelst (França) em curso com pós-graduandos no Inqui

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“Os principais ganhos foram as trocas de experiências com grupos do exterior; aprendizado e implementação de novas técnicas de análises; aumento no impacto das publicações; visibilidade internacional dos trabalhos desenvolvidos na UFMS”, expõe o professor Além-Mar, coordenador desse projeto do PrInt. Após sete anos de atividade no exterior - com doutorado no King’s College London/Imperial College e trabalho na Universidade de Nottingham - a pesquisadora e pós-doutoranda Thais Fedatto Abelha pode retornar ao Brasil pelo PrInt. “A oportunidade de mobilidade foi muito produtiva, uma vez que o programa ampliou a minha rede de contatos no Brasil e possibilitou a troca de conhecimento com os pesquisadores da instituição. A rede de colaboradores consolidados na UFMS trabalha com dedicação e proporciona ambiente de trabalho de qualidade, fatores que impulsionam o desenvolvimento de estratégias inovadoras de pesquisa. O intercâmbio de experiências tem proporcionado grande estímulo para produção acadêmica. Estamos finalizando o primeiro semestre de pesquisa e já submetemos um artigo científico e uma nova proposta de pesquisa e estamos preparando mais dois manuscritos para publicação nos próximos meses”, diz Thaís, que tem como objeto de pesquisa “Novos materiais para fotoinativação de bactérias”.

Saúde O projeto PrInt de “Saúde no Âmbito de Doenças Emergentes, Reemergentes e Negligenciadas”, evolve os Programas de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias (PPGDIP) e o PPGSD. Em fevereiro de 2019, os professores e pesquisadores Julio Croda, James Venturini, Marilene R. Chang, Iandara Schettert Silva, Ana Rita Coimbra

M. Castro e Anamaria Paniago, do grupo de pesquisas em doenças fúngicas invasivas, estiveram em visita técnica para articular parcerias em pesquisas e propostas de estágios de doutorado em dois importantes Centros de Pesquisa dos Estados Unidos.

“Estivemos no Centro de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta, onde fomos recebidos pelo Dr. Shawn Lockard, diretor do Laboratório de Referência em Fungos. Ele nos proporcionou oportunidades de treinamento para alunos de pós-graduação na área de biologia molecular de fungos, o que deverá acontecer assim que a pandemia estiver mais controlada”, explica a professora Anamaria.

O grupo também se reuniu com o Dr. David Stevens na Universidade de Stanford e do Instituto de Pesquisa Médica da Califórnia para discutir projetos em comum.

“Ele nos apresentou ao Fundo de Ação Global para Infecções Fúngicas (GAFFI), e fizemos uma proposta em conjunto com o pesquisador espanhol Juan Luiz Rodrigues Tudela, que prevê melhorias ao diagnóstico das doenças fúngicas invasivas, em especial a histoplasmose, cujo prognóstico é ainda muito comprometido pela falta de ferramentas para um diagnóstico mais acurado”, diz a professora.

Essa missão estimulou a professora Anamaria a criar a Rede de Apoio ao Diagnóstico de Infecções Fúngicas (Radif). “A proposta é oferecer apoio aos centros médicos de Campo Grande, Dourados, Corumbá e Três Lagoas, para que, em rede, possamos oferecer um melhor atendimento aos pacientes com essas doenças, que quando não diagnosticadas corretamente, podem ser fatais”, completa.

O PrInt certamente contribui para a capacitação e aprimoramento dos alunos da pós-graduação em um ambiente de pesquisa de excelência, segundo

Doutoranda Cynthia Suzyelen Albuquerque Caires trabalhou por quase um ano na Universidade de Essex, no Reino Unido

a professora Ana Rita Castro,. Sua aluna Sabrina W. Torres está no CDC, desenvolvendo seu doutoramento sanduíche no Division of Viral Hepatitis (DVH), com o projeto “Aspectos epidemiológicos, imunológicos e moleculares das hepatitis A e E em populações vulneráveis”.

“Mais de 5 mil amostras biológicas já foram testadas por meio de diferentes técnicas sorológicas e moleculares e ela também como colaboradora em outros projetos de pesquisa conduzidos pelo CDC”, relata.

Para o professor Jason Andrews, da Universidade de Stanford, a colaboração com a UFMS tem sido altamente produtiva e já produziu uma série de benefícios.

Os pesquisadores brasileiros estão altamente motivados e comprometidos com a condução de ciência de alta qualidade, com claras implicações na saúde pública, na opinião do pesquisador americano.

“Eles identificaram problemas médicos importantes. Existe uma excelente colaboração entre os pesquisadores e outras partes interessadas, incluindo várias agências dentro do governo estadual e nacional. Isso permite a tradução de pesquisas em políticas de saúde”, completa Andrews.

Ecologia Exuberantes, com uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, regido pelas nuances da inundação e da seca, o bioma Pantanal sofre as consequências das ações antrópicas que ignoram sua biodiversidade e importância ecológica ímpares.

Essa realidade preocupante uniu pesquisadores brasileiros e estrangeiros projeto PrInt “Mudanças climáticas e no uso do solo: em direção ao entendimento dos efeitos antrópicos e do aumento de temperatura na biodiversidade do Pantanal”, coordenado pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação (PPGEC) da UFMS. Pelo PrInt, os professores Fábio Roque e Rudi Laps, do PPGEC, tiveram a oportunidade de desenvolver pesquisas na Índia com os pesquisadores S. Sundar e Gunasekar, da Division of Ecology and Environmental Sciences, S. S. Research Foundation, em Tamil Nadu.

“Destaco que nossa visita ao sul da Índia foi fundamental para estreitar nossas relações e conhecer a realidade local. Como resultados dessas colaborações, já publicamos três artigos sobre biodiversidade, monitoramento e mudanças globais. Já as colaborações com os professores Pierre Cyril Renaud e

Rudi Laps e Fábio Roque (2º e 4º da esquerda para a direita) na Índia

Olivier Pays, da Universidade de Angers, estão focadas em trabalhos sobre sistemas sócio-ecológicos em áreas protegidas e agrícolas em diferentes países do Sul Global”, diz o professor Fábio Roque.

Países tão distintos como Brasil e Índia possuem muitos problemas ambientais comuns, particularmente com respeito à gestão de áreas protegidas e de conservação de recursos hídricos, destaca o professor Rudi Laps.

“Mas também existem problemas distintos cuja colaboração entre pesquisadores pode ajudar a encontrar soluções - como o impacto de espécies invasoras originárias do Brasil nos parques indianos. Visitamos algumas áreas de proteção ambiental e tivemos contato com pesquisadores locais, com os quais estabelecemos um diálogo acerca dos desafios ambientais da região. Pudemos fazer parcerias muito interessantes e promissoras, além de conhecer um país extremamente diverso em biodiversidade e culturas”, completa Rudi.

Essas afirmativas são ratificadas pelo professor indiano S. Sundar. “A participação no PrInt tem sido muito produtiva em vários temas, incluindo a colaboração científica na conservação e gestão dos recursos naturais. Foi muito importante discutir sobre novos projetos potenciais, durante as visitas dos professores Fabio e Rudi à Índia, porque os dois países têm muitos desafios em termos de desenvolvimento e conservação da biodiversidade. Desejo, em nome da SSRF, que nosso relacionamento internacional continue com estudos ecológicos e de conservação de longo prazo”.

Para o professor indiano, o intercâmbio de alunos em busca de mestrado, doutorado e pós-doutorado e o compartilhamento de conhecimento por meio de visitas de especialistas certamente serão úteis para a resolução de muitos problemas práticos.

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Colaboração

Colaborações entre universidades e instituições contribuem com a sociedade Texto: Leticia Bueno

O

conhecimento é algo grande demais para ser restringido, principalmente quando se tem a noção que a colaboração tem apenas a somar. Pensando nisso, a UFMS oferece diversas oportunidades para seus pesquisadores e estudantes, além de acordos de cooperação, protocolos de intenção e parcerias com outras instituições, públicas e privadas.

Um exemplo dessa atuação interinstitucional é o projeto “Reconhecimento de Entidades em Procedimentos de Tráfico de Drogas”, realizado entre a Universidade e o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS). Sob coordenação do professor Eraldo Luís Rezende Fernandes, da Faculdade de Computação da UFMS, a ideia é contribuir com a justiça por meio da Inteligência Artificial (IA).

Com o intuito de otimizar os processos que envolvem denúncias relacionadas a apreensões de drogas, o Ministério Público buscou a Faculdade de Computação para desenvolver algoritmos de Inteligência Artificial que extraem automaticamente os dados das pessoas denunciadas, como nome e endereço; os dados sobre as drogas apreendidas, como identificação e quantidade; e os dados sobre o procedimento de apreensão, como local, horário, data, cidade/estado de origem e de destino das drogas, meio de transporte utilizado, entre outros. Essas informações também são chamadas de “entidades”.

Em contrapartida, o MPMS fornece a infraestrutura computacional (servidores de processamento computacional na nuvem Azure da Microsoft), os dados - acessíveis através de VPN

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(rede remota segura) diretamente nos servidores do órgão, e a descrição e esclarecimentos sobre o problema.

“Existem diferentes tipos de IA, mas o tipo mais usado e de maior sucesso é o chamado aprendizado supervisionado. Neste caso, o aprendizado se dá através de exemplos, sendo que cada exemplo é um par <entrada, saída>. (...) Ou seja, o algoritmo de aprendizado recebe um conjunto de exemplos que o “ensinam” qual é a saída correta para uma entrada específica. Mas o objetivo é predizer a saída correta (ou o mais próximo disso) a partir de uma entrada nova, cuja saída correta é desconhecida. Em geral, quanto maior o número de exemplos de treinamento, melhor é a qualidade do modelo final”, diz Eraldo.

De acordo com o professor, foi criado um extrator de entidades usando duas técnicas modernas de Inteligência Artificial: supervisão à distância e transferência de aprendizado.

“Os dados fornecidos pelo MPMS contêm milhares de denúncias e, para cada uma delas, uma tabela com as entidades. Entretanto, não está indicado em que ponto no texto da denúncia que uma entidade é mencionada. É aí que entra a supervisão à distância. A ideia desta técnica é usar uma informação relacionada à saída esperada (no nosso caso, seria a tabela de entidades), mas não exatamente a saída necessária, para então derivá-las. Então usamos as tabelas de entidades da base de dados do MPMS para buscar as menções no texto das denúncias. Desta forma, conseguimos gerar os exemplos no formato que precisa-

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Pesquisa analisa as políticas educacionais em cinco países

Foto: freepik.com

Foto: Eraldo Fernandes Participantes do projeto do MPMS e a Facom

mos: menções a entidades marcadas diretamente no texto da denúncia”, explica. “Um problema das técnicas de supervisão à distância é que elas não geram saídas perfeitas sempre. Em alguns casos, haverá erros”. A supervisão à distância é um passo prévio para gerar exemplos e, depois, rodar o algoritmo de treinamento do modelo de IA. Já a transferência de aprendizado utiliza o algoritmo word2vec, que aprende vetores de representação a partir de textos puros, sem nenhum tipo de anotação manual, e consegue identificar com mais precisão as palavras da língua portuguesa e seus significados, pois algumas são sinônimas ou polissêmicas. “A transferência de aprendizado consiste em usar um modelo treinado em uma tarefa para melhorar o aprendizado em outra tarefa. Um modelo word2vec permite essa transferência de aprendizado, pois os vetores aprendidos carregam informações relevantes sobre o significado das palavras e estas informações são úteis em diversos outros problemas, como por exemplo, na extração de entidades a partir de denúncias”, esclarece Eraldo.

Atualmente, a extração de dados das denúncias de tráfico de drogas é realizada manualmente em Mato Grosso do Sul e o modelo de Inteligência Artificial desenvolvido na Universidade é capaz de extrair 29 tipos de entidades com, aproximadamente, 80% de precisão.

“A computação em geral é uma área meio. É como a matemática. Seu valor é servir como ferramenta para beneficiar outras áreas. Apesar de

existir pesquisa básica em computação, o objetivo final sempre deve ser melhorar a vida das pessoas e esta melhora se dá nas mais variadas áreas. Por exemplo, na área jurídica neste caso”, conclui o professor.

Outra parceria envolve a pesquisadora Maria Dilnéia Espíndola Fernandes, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMS, que foi convidada para integrar o time do professor Angelo Ricardo de Souza, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no desenvolvimento do projeto “Análise comparada das políticas educacionais nacionais nas Américas: contextos, movimentos e direito à educação”. A pesquisa começou a ser desenvolvida em 2020, a distância por conta da pandemia de Covid-19.

Além de interinstitucional, a análise também é feita em conjunto com outros quatro países, logo, também tem caráter internacional. “A pesquisa está sendo desenvolvida em diferentes países e fazem parte dela pesquisadores do Brasil, Argentina, Estados Unidos, Chile e Uruguai”, conta Maria Dilnéia.

Os pesquisadores são responsáveis pelo desvelamento, ou seja, o esclarecimento de como o direito à educação está sendo materializado em seu país, por meio da política educacional em curso.

“O objetivo principal é verificar se os países em questão estão ampliando ou restringindo o direito à educação por meio de políticas de financiamento, de gestão, de currículos e de oferta educacional”.

Ao comparar as políticas educacionais dos países acima citados, é possível ter uma visão sobre qual projeto de educação países da América Latina e América do Norte possuem para seus cidadãos, e verificar qual melhor se alinha, realmente, ao desenvolvimento dos jovens e da sociedade.

A premissa é que a autonomia dos países em decidir suas políticas educacionais não deve ferir estatutos e documentos acordados internacionalmente, e nem deve prejudicar o direito à educação, indo contra o desenvolvimento sustentável da população.

“Ainda que cada país tenha autonomia para decidir qual política educacional deve ser adotada para o campo da educação, tais políticas mantém regras, lastros e definições que se sustentam em acordos, conferências, documentos e orientações de natureza internacional, porque fazem parte de direitos humanos que devem ser respeitados

por qualquer país na defesa de um projeto civilizatório”, afirma. “Intenta-se verificar processos de continuidade e descontinuidade das políticas educacionais de um mesmo país e, ao mesmo tempo, no conjunto deles de forma comparada, para compreender a dimensão do direito à educação: se em processo de ampliação ou em processo de restrição”.

O processo de restrição é algo que pode ser observado no Brasil nos últimos anos, fato que entrará nos resultados catalogados pela análise.

A Emenda Constitucional n. 95/2016 foi aprovada para promover austeridade fiscal nos gastos públicos pelo Estado. Maria Dilnéia produziu - junto aos professores Eduardo Tadeu Pereira, da Universidade Federal de São Paulo, e Maria do Socorro Sales Felipe Bezerra, da UFMS, o artigo “A política educacional brasileira no contexto do regime de austeridade fiscal”, com o intuito de apresentar os principais efeitos da emenda para a educação brasileira. O trabalho foi divulgado na Revista Educação e Políticas em Debate (volume 10, n.

1) de fevereiro de 2021, publicação vinculada ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia.

Revista do PPGEdu da Universidade Federal de Uberlândia

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Patentes Foto: Paulo Robson de Souza

Aumenta interesse de pesquisadores por registros no Inpi Texto: Paula Pimenta

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alorizar o esforço despendido em anos de pesquisa é somente um dos memoráveis benefícios que permeiam o reconhecimento de um trabalho tido como único pela concessão de carta patente ou registro no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi).

A proteção legal do produto criado, a possibilidade de exploração comercial, o enriquecimento curricular, a vantagem competitiva em editais são algumas das vantagens garantidas após a concessão obtida e que se somam a contribuição ímpar de retorno tecnológico e científico à sociedade.

Essas variantes têm motivado os pesquisadores da UFMS a assumirem uma posição mais ativa frente às suas conquistas de inovação científica e tecnológica ao tornarem crescente a demanda de registros no Inpi.

Somente de 2017 a 2020, com a consolidação da Agência de Internacionalização e de Inovação

(Aginova), foram realizados 67 pedidos de registro de patentes. Número muito superior ao período de 2008 a 2016, quando foram registrados 40 pedidos, média de cinco por ano, contra 17 atualmente.

“A concessão das patentes é um indicativo de que nossos pesquisadores estão desenvolvendo produtos ou processos novos, com potencial de transferência para o mercado. Para a UFMS, os ganhos se dão em várias dimensões, como na melhoria da posição da Universidade nos rankings de inovação, no fortalecimento da marca UFMS como instituição inovadora, na melhoria das notas dos programas de pós-graduação na avaliação da Capes, entre outros”, diz o diretor da Aginova, Saulo Gomes Moreira.

Para os pesquisadores, a obtenção da carta patente é também um estímulo ao desenvolvimento de novos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

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Novas patentes Recentemente, o Inpi concedeu mais duas cartas patente à UFMS, dessa vez em cotitularidade com outras universidades. Já são seis as aprovadas. Atualmente, o número de pedidos aguardando exame técnico do Instituto somam 75.

Foto: Sintmol

“Somados, todos esses ganhos representam um ambiente mais favorável à celebração de novas parcerias institucionais que podem resultar em novos desenvolvimentos, criações e inovações”, expõe.

Em fevereiro de 2020 foi instituída a Política Institucional de Inovação que estabeleceu as diretrizes gerais para a inovação, o empreendedorismo e a proteção propriedade intelectual da UFMS. Está na Aginova o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), unidade responsável pelo processo de avaliação da produção científica e gerenciamento do seu processo de transformação em inovação tecnológica.

“A equipe técnica do NIT assessora tecnicamente os pesquisadores nos encaminhamentos dos pedidos de proteção, orientando a redação dos pedidos de patente e preparando os demais documentos e o protocolo e a gestão dos pedidos junto ao Inpi”, completa Saulo.

O portfólio de pedidos de patente, atualizado, está disponível para que as empresas e interessados possam conhecer no endereço: https://aginova.ufms.br/propriedade-intelectual/patente/.

Cardanol passa por processo eficiente de purificação

“Essas novas cartas patente concedidas fortalecem o portfólio dos ativos intelectuais da Universidade e dos pesquisadores e mostram alinhamento das pesquisas desenvolvidas na UFMS com potenciais produtos para o mercado. Futuramente, essas patentes podem ser utilizadas em processos de transferência de tecnologia, também tendo o potencial de gerar novas receitas para a Universidade”, expõe o diretor da Aginova.

A carta patente de inscrição BR 1020140300023, em cotitularidade com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), trata do “Processo eficiente de purificação do Cardanol isolado do Líquido da Casca de Castanha de caju (LCC) e produção de derivados de interesse industrial”, tendo como inventores os pesquisadores Adilson Bea-

INPI 1. Pedido de Patente Depositado

UFMS Inventor

1. Comunicação de Invenção

2. Análise

Aginova

3. Redação de Patente

2. Exame Formal

4. Depósito

Aginova

Gestão

3. Exame Técnico

4. Carta Patente Fluxograma simplificado do processo de depósito de pedido de patente (Aginova)

Solicitada em 2012, a cartas patente BR 10 2013 000192-9 – Dispositivo Automático Programável para Captura de Pequenos Animais tem como inventores Waldeir Moreschi Dias (Instituto de Física – UFMS), Paulo Robson de Souza (Instituto de Biociências – UFMS), Yzel Rondon Súarez (UEMS), Rogerio Silvestre (UFGD) e o biólogo Manoel Fernando Demétrio.

“Durante as coletas de formigas para meu doutorado no Chaco Brasileiro, senti a necessidade de ter um equipamento automatizado que facilitasse o trabalho de coleta remota, principalmente à noite, quando a presença de pesquisadores no campo se torna extremamente complicada e até arriscada. Procurei o técnico em eletrônica e programa-

Armadilha desenvolvida no PPG em Ecologia e Conservação

Para a coleta, armadilhas são içadas nas árvores

Programador realiza abertura e fechamento das armadilhas

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Fotos: Paulo Robson de Souza

triz, Dênis Pires de Lima, Eduardo José de Arruda, Derisvaldo Rosa Paiva e Teresa Manuel Cossa.

Amplamente pesquisado no Instituto de Química (Inqui), o Cardanol pode ser utilizado nas indústrias de cosméticos, sabões, tintas e vernizes, mercado global de venda desse produto, indústria de polímeros, indústria farmacêutica etc.

“O Cardanol está presente em cerca de 60% no LCC técnico (resíduo industrial do processo de torrefação das castanhas de caju), além de outros componentes semelhantes (~20%) e o restante é praticamente impurezas de natureza polimérica”, explica o professor Adilson Beatriz (Inqui).

O grande benefício da destilação, segundo o pesquisador, é ter o Cardanol em mãos para realizar transformações químicas controladas, de forma a agregar valor a essa biomassa brasileira.

“Assim, inúmeros derivados dessa matéria-prima podem ser planejados e preparados para busca de novos materiais para emprego biológicos e/ou tecnológicos”, completa.

O grupo de pesquisa do Laboratório de Síntese e Transformações de Moléculas orgânicas – Sintmol, no Inqui, se dedica a explorar o Cardanol para obter moléculas com potencial aplicação na medicina, na tecnologia, em reações químicas ambientalmente corretas etc. Os pesquisadores já relataram na literatura especializada a preparação de compostos lipofílicos fluorescentes para uso como marcadores de combustível, antimicrobianos lipofílicos e larvicidas potentes contra larvas de Aedes aegypti; todos eles preparados a partir do Cardanol.

Outro grande ponto positivo é que o LCC técnico é um resíduo industrial e o uso adequado de seus componentes contribui para a preservação do meio ambiente. “Além disso, em vez de exportarmos o LCC técnico em grande quantidade a preço muito baixo, podemos explorar esta matéria-prima para fabricar novos materiais e produtos da Química Fina derivados do Cardanol muito mais valorados, melhorando em muito toda a cadeia produtiva do caju no Brasil”, diz o pesquisador.

A outra carta patente recém outorgada - PI 1103021-6, em cotitularidade com a Universidade de São Paulo e a Fundect, refere-se ao “Processo de modificação de superfície de cerâmicas odontológicas cristalinas por meio de aplicação de filme espesso” e tem como inventores Igor Studart Medeiros; Antonio Carlos Hernándes; José Renato Jurkevicz Delben; Angela Antonia Sanches Tardivo Delben e Rodrigo Dalla Lana Mattiello.

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Softwares A UFMS também possui 77 softwares registrados. Como o processo de registro é automático, sendo necessário apenas a apresentação do código fonte, não há avaliação pelo INPI e, por isso, não há lista de registros aguardando concessão.

Um dos mais recentes registros obtidos é o GPVI 1.0, que tem como autores o professor Ricardo Gava, engenheiro agrícola e professor dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal, no Campus de Chapadão do Sul e o acadêmico Carlos Roberto Wassolowski.

Instituído em 2016 pelo professor Ricardo, o Grupo de Pesquisa em Viabilidade Econômica de Irrigação – GPVI, do Programa de Pós-graduação em Agronomia, trabalha com pesquisas sobre as diferentes regiões, culturas agrícolas e sistemas de irrigação. Diversas pesquisas já realizadas pelo grupo, que conta com graduandos e pós-graduandos, forneceram dados que servem para alimentar o Software GPVI 1.0, capaz de rodar o balanço hídrico climatológico para todo o Brasil.

O software roda no site www.gpvi.com.br. O script web permite o acesso ao banco de dados, onde se encontram todos os dados de todas as estações meteorológicas do Brasil do Instituto Nacional de Meteorologia, desde a instalação de cada uma, de acordo com o pesquisador.

“Com isso nós calculamos, por meio de todos os fatores físicos do clima, a transferência de água das plantas para a atmosfera. O script permite entrar com as informações como: capacidade de retenção/armazenamento de água do solo específico de cada região, e com os resultados de pesquisa que fazemos no campo entramos com as informações das plantas. As principais culturas estudas por nós até aqui são soja, milho, algodão e pastagens e a integração destas é claro”, explica.

Foto: Site gpvi.com.br

dor Waldeir Moreschi (Infi), que conseguiu pôr a ideia em prática, construindo um ótimo protótipo. Alguns testes em campo foram suficientes para chegarmos ao modelo ideal, que inclui um programador externo que permite com facilidade estabelecer o momento de abertura e fechamento das armadilhas (construímos 12), ou seja, e se consegue estabelecer em que dia/hora e por quantos minutos ou horas elas ficarão abertas, expondo uma isca ou disponibilizando um “abrigo” ao animal de interesse”, explica o professor Paulo Robson.

A armadilha, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em ecologia e Conservação, foi feita com um cano PVC. Inicialmente foi concebida para coletar formigas, mas os inventores perceberam que as aberturas possibilitam a entrada de pequenos animais como lagartixas, sapinhos, insetos em geral em busca de abrigo ou atraídos por algum alimento ou odor.

“O mais importante é que a patente nos dá a segurança do reconhecimento do trabalho intelectual e pode inspirar outros inventores, além de pontuar, para fins de avaliação profissional e institucional”, afirma Paulo Robson.

O Suplemento alimentar derivado do leite humano e seu processo de fabricação (PI 1004842-1) é outra patente obtida junto ao Inpi e é assinada pelos pesquisadores Debora Marchetti Chaves Thomaz (Faculdade de Medicina – Famed), Paula de Oliveira Serafin (Humap), Durval Batista Palhares (PPGDIP e PPGSD) e Petr Melnikov (professor estrangeiro visitante).

“Trata-se de um suplemento que contém substancias, principalmente proteínas, homólogas ao leite humano. Depois da obtenção da carta patente, foram realizadas novas pesquisas e houve o aprimoramento do suplemento que é utilizado para fortificar o leite humano de banco de leite para alimentar recém-nascidos prematuros, que nasceram com muito ou extremo baixo peso, aumentando assim a possibilidade de nutrição adequada, sem os possíveis riscos de suplementação com um fortificante heterólogo – derivado do leite de vaca”, explica a professora da Famed Debora Thomaz.

Pela UFMS já foram obtidas também as cartas patente exclusivas PI 0502714-4 – Processo de fluoretação dos géis à base de acetatos e formiatos, tendo como agente fluoretante o ácido hidroflurídrico, e PI 1103619-2 – Dispositivo para localização de centro de termais em voo livre.

O Software GPVI 1.0 roda o balanço hídrico climatológico

Texto: Thayná Oliveira

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la está presente no alimento que comemos, na roupa que vestimos, no transporte que utilizamos a caminho do trabalho. Se pararmos para pensar, ela está nas mais simples até as mais complexas invenções que facilitam a nossa vida. Presente 24 horas por dia nas nossas rotinas, a ciência não para. E mesmo frente a tantos questionamentos, ela por si só prova a sua necessidade e importância.

Uma área tão abrangente e grandiosa, que ainda gera algumas dúvidas. Afinal, o que é ciência? Para a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação (Propp), Maria Ligia Rodrigues Macedo, a ciência é o caminho para solucionar questões relevantes para a nossa sociedade. Uma área que se beneficia da diversidade, das perguntas e até mesmo das respostas. “A ciência é eterna. Continuaremos sempre fazendo perguntas, e consequentemente fazendo ciência, sempre em busca da compreensão, da resposta, de melhorias, buscando crescimento na qualidade de vida, uma vida integrada com o social e o meio ambiente”, explica.

E se enganam aqueles que pensam que o fazer científico se baseia apenas no manuseio de frascos e soluções em laboratórios. Segundo a diretora de Pesquisa da Propp, Gecele Matos Paggi, fazer

ciência abrange desde a pesquisa bibliográfica até a experiência prática aplicada em laboratório ou em campo. Resumos, artigos, capítulos de livros, um novo equipamento, uma nova tecnologia, etc., tudo isso são formas e resultados do trabalho realizado na área científica. “No final das contas, a ciência, ela vai ser vista como um produto de tudo aquilo que a gente fez, estudou, investiu em tempo, investiu em conhecimento, e esse produto pode ser tudo aquilo que a gente consegue retornar para a sociedade”.

Ao falar em ciência, há também aqueles que, logo ao ouvir essa palavra, pensam na figura do “cientista louco” que vive para seus experimentos.

Equívoco. Mas, segundo a Propp, não há como negar a existência de um perfil do pesquisador.

Gecele elenca outras duas características: a “curiosidade” para descobrir novas coisas, aliada à “proatividade” para a busca de solução de problemas. Por fim, ainda acrescenta a “autonomia”. “Os orientadores, desde a Iniciação Científica, depois na pós-graduação, no Mestrado, Doutorado, e assim por diante, eles geralmente te mostram o caminho, mas você quem tem que trilhá-lo”, explica.

Assim, a autonomia é necessária para se ter novas ideias de pesquisa, para avaliar o que é necessário melhorar e para pensar sobre como é possível con-

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Iniciação Científica

Entrei na UFMS! E agora?

Quando começo a fazer ciência?

de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, e despertar-lhes o interesse pelo assunto antes de entrarem nas universidades.

Na modalidade voluntária existem ainda o Programa Institucional de Iniciação Cientifica Voluntária (Pivic) e o de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação Voluntária (Pivit).

Perfil do pesquisador DEDICAÇÃO CURIOSIDADE PROATIVIDADE AUTONOMIA tribuir mais para o que se está estudando.

E o fazer científico pode estar mais próximo do que imaginamos. O acesso à ciência pode começar desde a educação básica com as feiras de ciência e tecnologia, ou mesmo por meio de projetos na área. Mas é nas universidades que as portas para o caminho do mundo da pesquisa começam a se abrir. São nas instituições de ensino superior onde é possível encontrar laboratórios e programas para iniciação científica.

Na UFMS, hoje, podem ser encontrados diferentes laboratórios equipados para a prática de pesquisa e seis desses programas, quatro deles com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou do próprio orçamento da Universidade, são provenientes de recursos enviados pelo Governo Federal. São eles: Programas Institucionais de Bolsa de Iniciação Científica (Pibic), de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibit) e de Iniciação Científica nas Ações Afirmativas (Pibic-AF), este destinado aos estudantes que ingressam na Universidade por esta categoria.

Segundo a Pró-reitora da Propp, Maria Ligia Rodrigues Macedo, em 2021, a UFMS conta com 510 bolsas para a oferta nesses programas, sendo 10 delas destinadas ao Programa de Iniciação Científica no Ensino Médio (Pibic-EM), disponível na Universidade pela primeira vez desde o ano passado. Ligia explica que é uma proposta interessante de incentivo à descoberta da Ciência nas escolas. O objetivo é estimular os estudantes a realizarem atividades metodológicas e práticas

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Mas como participar dos programas de iniciação científica?

As inscrições para participar dos programas de iniciação científica da UFMS são realizadas pelo Sistema de Informação e Gestão de Projetos da Universidade, o SIGProj (sigproj.ufms.br). Elas ocorrem por meio da submissão de uma proposta de projeto, feita pelos professores pesquisadores de cada curso, e que atendam aos requisitos descritos em cada edital. “São os orientadores que irão submeter a proposta e após um plano de trabalho aprovado, eles poderão indicar qualquer estudante que estiver regularmente matriculado em um curso de graduação da UFMS para participar”, explica Gecele. As orientações têm duração de doze meses, com possibilidade de renovação mediante nova solicitação em um novo processo seletivo e o plano de trabalho deve estar vinculado a pelo menos um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Globais (ODS) acordados pela ONU/2015.

A diretora de Pesquisa orienta, então, alguns passos que os estudantes podem seguir para iniciar essa trajetória e participar desses programas.

“Tudo começa com uma conversa, com o conhecimento do que é feito no seu curso”, comenta.

Logo ao entrar na Universidade é importante que o acadêmico procure saber tudo sobre o curso em que ingressou, a fim de adquirir uma noção completa do que a grade curricular pode oferecer, bem como das iniciativas e projetos de extensão, ensino ou pesquisa executadas pelos docentes do curso. “O legal, então, é, além de perceber qual é o currículo do seu curso, perceber essa parte da formação acadêmica, essa formação extra que a gente fala. Então, buscar conhecer quais são os laboratórios de pesquisa que tem no curso, se você tiver um perfil mais da extensão, ensino, buscar esses também. Mas dentro da pesquisa, procurar laboratórios e quais são os professores responsáveis por eles”.

Uma boa dica é procurar saber sobre as atividades dos professores do curso acessando o currículo disponível na Plataforma Lattes, para identi-

ficar as linhas de pesquisa e projetos trabalhados por cada um. Foi o que fez a estudante Marina Peregrinelli Barboza, que já havia pesquisado sobre a área de cada professor antes de começar o curso de Física e logo ao ingressar na Universidade entrou em contato com aquele que mais havia se identificado. “Vi que o perfil dele era bem parecido com o meu. Eu fui e me apresentei para ele, disse que eu já trabalhava com alguns projetos, falei a minha linha de pesquisa e ele disse que precisava de alguém dessa área”.

Marina entrou em contato com a pesquisa no Ensino Médio, no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), na cidade de Aquidauana, onde realizou o curso Técnico Integrado em Informática. “Desde o primeiro ano do Técnico, eu já trabalhava nos laboratórios de robótica. Então, eu trabalhava principalmente com projetos de baixo custo, porque eu sempre gostei disso. Eu trabalhei com muitos projetos de pesquisa na área, trabalhei com projetos de extensão, onde eu ajudava a dar aula de lógica de programação e robótica para alunos da rede pública e também do IFMS. Depois acabei ingressando no grupo Maia, que era de Meninas Aprendendo Inteligência Artificial, no qual fiquei por um ano. E no IFMS, eu comecei a participar de vários eventos e feiras, e comecei a ganhar vários prêmios nessa área, e isso começou a me incentivar bastante, porque eu vi que com isso era possível viajar, conhecer novos lugares e fazer novas amizades”, conta.

Logo ao se formar no Ensino Médio, Marina ingressou na graduação em Redes de Computadores na mesma Instituição, e no mesmo ano participou do Edital de Transferência Externa para o curso de Física (Bacharelado) da UFMS, na Cidade Universitária, em Campo Grande. A experiência que teve no passado foi importante para guiar o seu novo caminho dentro da Universidade, encontrar suas áreas de interesse e participar do Programa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação junto ao professor que desejava.

A conversa com os colegas também se faz importante para conhecer mais sobre as ações na Universidade e o que é realizado dentro do curso.

“Os veteranos também têm muito a nos ensinar, de buscar saber então ‘como eu me insiro nisso?’, ‘posso conseguir um estágio voluntario nesse laboratório?’”, comenta Gecele.

Ao entrar na UFMS, no curso de Ciências Biológicas (Licenciatura), Paola Gomes Silva já tinha

Dicas para entrar nos programas de iniciação científica Conheça o seu curso e as oportunidades na UFMS Converse com colegas e veteranos Pesquise o currículo, as áreas e linhas de pesquisa dos professores Mantenha contato com os docentes

conhecimento sobre a existência dos programas de iniciação científica. “Eu conheci fora da faculdade mesmo, então, eu já entrei sabendo que em algum momento eu queria participar do Pibic, mas foi na universidade que eu conheci como que isso ia acontecer, qual que era a dinâmica, como fazia para participar”.

Antes de se aventurar na pesquisa, Paola resolveu fazer parte de um projeto de extensão em educação ambiental. Foi pelo aviso de uma amiga que ficou sabendo da abertura de um edital para o Pibic. “Como ela sabia que eu queria fazer Pibic e a minha extensão estava acabando, ela me falou que estava aberto o edital. Daí eu fui atrás do professor, conversei com ele, falei com o que eu queria trabalhar, falei que sabia com o que ele trabalhava. Aí ele me passou algumas bibliografias e a gente foi montando um projeto junto, participamos do processo seletivo e deu tudo certo”. Paola participou por um ano do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica e, logo em seguida, ingressou em outro, antes de se formar na graduação.

No entanto, nem sempre haverá a oportunidade de bolsas para todos ingressarem na Iniciação Científica. É aqui que entram os programas voluntários, como o Pivic e o Pivit. A experiência, mesmo de forma voluntária, é importante para aprender o básico da pesquisa, as metodologias e vivenciar a universidade além da sala de aula.

Há também a possibilidade de realizar a atividade de pesquisa em outro curso correlato ao seu. “A gente percebe que tem muitas áreas que se complementam. E até mesmo na pós-graduação

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existem muitos cursos que são interdisciplinares e a gente está vendo um movimento assim na sociedade de, cada vez mais, a gente conseguir conectar dados de pesquisa de diferentes áreas para responder uma única questão”. Por isso, a pesquisa sobre outros cursos e professores da Universidade também se torna interessante.

O caminho para a pós-graduação A Iniciação Científica na universidade é o começo de uma trajetória que pode se transformar em carreira. Foi assim para Paola que, após a Licenciatura em Ciências Biológicas, ingressou no mestrado em Biologia Vegetal e, hoje, é doutoranda em Biotecnologia no Instituto de Biociências.

Um caminho inteiro trilhado dentro da UFMS. “Eu sempre quis seguir a carreira acadêmica, sempre foi meu sonho fazer mestrado, doutorado. Sempre foi meu sonho ser professora pesquisadora. Então, eu sabia que eu precisava seguir a carreira acadêmica, mas eu não sabia que existiam oportunidades dentro da Universidade para gente já iniciar isso além do curso”.

Segundo o diretor de Pós-Graduação da Propp, Além-Mar Bernardes Gonçalves, para aqueles que desejam entrar na pós-graduação é importante a passagem pelos programas de iniciação científica, para o conhecimento de metodologias, da estrutura de escrita de anteprojetos para os processos seletivos da pós e, principalmente, para o desenvolvimento da maturidade do pesquisador. “Tanto o Mestrado, quanto o Doutorado são etapas na educação, após a graduação, que levam em consideração a pesquisa. Você vai ter um objeto de pesquisa e vai desenvolver um trabalho em cima daquela temática. E a vivência de Iniciação Científica, ela, como o próprio nome diz, é uma iniciação à ciência, a esse processo de desenvolvimento, ou seja, é uma oportunidade que os estudantes têm na graduação de começar a vivenciar esse processo de produzir ciência, que é extremamente importante”.

Para a Pró-reitora Maria Ligia Rodrigues Macedo, além do desenvolvimento de uma carreira, a experiência na área de pesquisa também contribui para uma mudança de olhares para a ciência, a sua valorização e o trabalho dos pesquisadores. Realidade percebida e vivida por Paola, logo quando começou a trabalhar no Pibic. “Eu comecei a ter outro olhar de valorização de quem já estava ali. Eu passei a valorizar muito mais todas as inovações, todas a produções tec-

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nológicas e biotecnológicas. Ter a consciência de como a ciência está presente na nossa vida, desde remédio, comida, tecnologias, isso passou a ser bastante valorizado para mim como pessoa.

Na carreira profissional nem se fale, eu passei a valorizar muito mais o que eu queria e que eu já sabia que era difícil”.

Uma mudança de valores que se espalha também pela palavra de quem vive a ciência diariamente. “Eu nunca tive muitos incentivadores, porque a minha família não sabia muito sobre. Então, hoje, eu incentivo. Incentivo os meus amigos, meus primos, incentivo a minha família”, comenta Marina.

A estudante de Física conta que por vir de uma família com poucas condições, sua visão e perspectivas sobre carreiras e profissões eram limitadas. Descobrir o mundo da ciência, além de um novo olhar para a pesquisa, mudou a forma como ela se enxergava e trouxe oportunidades de crescimento. “A pesquisa na UFMS tem sido um diferencial na minha vida. Esses projetos, eles me motivam a continuar na Universidade, eles complementam a minha faculdade, me dão uma nova visão sobre o mundo. Eu consigo estudar algo que gosto e tem me aberto muitas outras portas, muitas possibilidades, muito mais do que eu imaginei”.

Marina, além de trabalhar na área de projetos de baixo custo no Pibit, também faz parte do AND Research Group, grupo de pesquisa do Instituto de Física que estuda nanomateriais e suas aplicações em dispositivos, e da equipe de robótica da Universidade. No futuro, pretende seguir pesquisando e trilhando novos caminhos na pós-graduação.

ra Sites paento ficar at

ufms.br fms.br propp.u .ufms.br Sigproj cnpq.br lattes.

Aplicativo

Aplicativo deve auxiliar no combate às doenças associadas ao Aedes Aegypt Texto: Vanessa Amin

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m 2020, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, foram registrados quase um milhão de casos de dengue no país. Mato Grosso do Sul ficou entre os estados com maior taxa de incidência da doença e de mortes. A dengue é considerada um dos principais problemas de saúde pública e tem mobilizado a comunidade científica de todo o país no desenvolvimento de estudos sobre a doença e alternativas de combate ao vetor Aedes aegypti.

Na UFMS, por exemplo, projetos de pesquisa e extensão são desenvolvidos anualmente e, inclusive, alguns deles contam com parceria de outras instituições regionais e nacionais. Além da participação em estudos para o desenvolvimento da vacina contra a dengue, professores e estudantes de graduação e de pós-graduação da UFMS têm

se dedicado em projetos que promovam maior controle do mosquito.

Cientes de que a colaboração da população em ações de combate à proliferação do Aedes aegypti, parceria entre pesquisadores da Faculdade de Computação (Facom) e do Instituto de Biociências (Inbio) possibilitou o desenvolvimento do software Eu, Colaborador! Trata-se da mais nova ferramenta para auxiliar no combate não só à dengue, mas também a zika e a chikungunya.

O aplicativo visa capturar informações de pessoas doentes e focos, estimulando a população a auxiliar de forma colaborativa com os agentes de saúde, além de fornecer dados mais imediatos sobre as regiões e facilitando ações mais rápidas por parte do poder público. Estão envolvidos no projeto, principalmente, os professores da Facom

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“No momento, a Secretaria de Saúde está implantando o serviço para que o aplicativo seja testado e validado por um pequeno grupo de voluntários. A previsão é que o aplicativo comece a ser largamente utilizado em 2022”. to municipal n. 13.766, o programa da Prefeitura Municipal de Campo Grande consiste em promover a cultura da profilaxia no âmbito das empresas públicas e privadas, implementando ações compartilhadas entre o poder público e a iniciativa privada, propiciando condições para desencadear de modo eficiente a prevenção das doenças dengue, zika e chikungunya.

Para combater e controlar os focos do mosquito nas unidades da Universidade, foi instituída a Comissão de Controle de Endemias Vetoriais, vinculada ao Comitê de Gestão de Espaços Físicos e Acessibilidade, em abril de 2019 e, desde então, foi intensificada a parceria entre as três instituições visando o treinamento desses colaboradores na UFMS e em outras instituições parceiras. Isso resultou no desenvolvimento do aplicativo que será utilizado pelos colaboradores voluntários facilitando o monitoramento e permitindo rapidez no combate aos focos nos locais onde eles atuam.

“O aplicativo surgiu da junção de ideias e projetos já existentes sobre a temática do combate à dengue”, contam. Tudo começou com a participação dos professores Valéria e Amaury no Five Weeks de Empreendedorismo, oferecido pelo Sebrae-MS. “Em conversa com outros colegas da Facom e por meio da professora Nahri, foi estabelecido o contato com a pesquisadora Ana Tereza Gomes Guerrero, da Fiocruz, Marcos Luiz de Oliveira, gerente técnico do PIICV na Sesau, e com o

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professor Antônio Pancrácio de Souza, do Inbio, que já trabalha em parceria com a Fiocruz e Sesau, desenvolvendo diversos projetos de pesquisa e extensão relacionados à prevenção de dengue, zika e chikungunya”, explicam os pesquisadores.

“Quando o Programa foi apresentado na Universidade, os dados eram coletados manualmente.

Vimos ali uma lacuna que poderia ser preenchida pela equipe da Facom”, detalha o professor Antônio. Foi então que, a partir desse contato, identificou-se a demanda pelo desenvolvimento de um sistema automatizado, que pudesse instrumentalizar os colaboradores voluntários, já que ele informa sobre os focos, o que fazer e como fazer, e, ao mesmo tempo, facilitar a criação de um banco de dados.

De acordo com eles, no segundo semestre de 2019, a partir da integração de todas essas ideias, foi proposta a implementação do aplicativo por meio de um grupo de estudantes do curso de Engenharia de Software da Facom, Hueligton Pereira de Melo, Nathan Pereira Bispo e Danielle Lima Maidana Gauna Benites, dentro da disciplina Núcleo de Práticas em Engenharia de Software desenvolvida na Fábrica de Software da Faculdade.

A equipe de estudantes se reuniu, periodicamente, com os professores orientadores, Amaury Antônio de Castro Junior, Rodrigo Funabashi Jorge e Valéria Quadros dos Reis, e desenvolveram a primeira versão do aplicativo. Logo após, iniciou-se o processo de registro do software, concedido em 2020, e que, hoje, encontra-se em fase de transferência de tecnologia para a equipe de TI da Sesau. O projeto de extensão Programa de Colaboradores Voluntá-

Foto: Marcus Oliveira

Amaury de Castro Júnior, Nahri Moreano, Hudson Silva Borges, Valeria Quadros dos Reis e o professor do Inbio Antonio Pancrácio de Souza.

De acordo com os pesquisadores, o software foi resultado de ações de ensino, pesquisa e extensão e contou também com a parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). A ideia surgiu a partir da implementação do Programa Integrado Intersetorial de Colaboradores Voluntários (PIICV) da Sesau na Universidade em 2019. Instituído pelo decre-

Registro de focos será feito digitalmente

rios na UFMS para controle de Aedes aegypti, sob coordenação do professor Antônio, acompanha o desenvolvimento dessa colaboração.

“A nossa meta em 2021 é fazer um diagnóstico o mais preciso possível com o objetivo de implementar ações pontuais mais efetivas a partir de 2022 para o contínuo aperfeiçoamento e aumento de abrangência do programa”, contam os professores. “A UFMS sempre esteve presente junto à Secretaria, atuando de forma a atender demandas, pois entendemos que nossas ações enquanto pesquisadores devem também auxiliar de forma mais direta na resolução de problemas de saúde pública”, ressalta o professor Pancrácio.

Segundo Marcos Luiz, da Sesau, o Programa conta, atualmente, com mais de 360 empresas e instituições cadastradas e 2 mil colaboradores capacitados em Campo Grande. “A UFMS é de grande importância para o programa, pois agrega esforços no controle de vetores certificando e apoiando o programa, reafirmando que a intersetorialidade é primícia essencial para o controle de vetores em nossa cidade”, diz. “O aplicativo disponibilizado será útil no monitoramento em tempo real dos locais e as ações dos colaboradores nas suas respectivas instituições bem como mapear os criadouros e na identificação de locais de risco de transmissão da dengue e demais doenças associadas ao Aedes aegypti”, fala o gerente técnico do PIICV. Para a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz/Biomanguinhos Ana Tereza Gomes Guerrero, a parceria tem proporcionado uma experiência

Foto: Vanessa Amin

Foto: Marcus Oliveira

Antes, colaboradores faziam registros manualmente

enriquecedora. “Temos uma experiência muito exitosa nessa parceria entre as três instituições. As discussões têm sido muito enriquecedoras, já que temos profissionais e pesquisadores de diferentes áreas. Gostaria de ressaltar também a dedicação da equipe da Sesau, coordenada pelo Marcos, que se dedica muito na implantação do projeto.

O programa é de extrema importância porque capacita a população para ser atuante no enfrentamento das arboviroses. À medida que as pessoas se envolvem, elas passam a ser exemplo nos bairros, nas famílias e ambientes de trabalho”, diz.

“Espero que consigamos avançar em breve em outros projetos, com essa interação harmoniosa e respeitosa entre todos os envolvidos, resultando em produtos, em tecnologias que de fato tenham impacto na saúde pública do Estado, como o aplicativo. Tenho certeza que essa ferramenta vai aproximar a população das questões de corresponsabilidade no controle dos vetores, fundamental para o avanço no controle e prevenção das arboviroses”, ressalta Ana Tereza.

Aplicativo desenvolvido para dispositivos Android

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O aplicativo O Eu, Colaborador! é desenvolvido para dispositivos Android, tem caráter educativo e de monitoramento. Após fazer o download em seu celular, cada colaborador acessa o aplicativo por meio de um login, o que permite também uma avaliação da atuação dos voluntários. No aplicativo, eles podem visualizar informações importantes sobre a dengue e sua prevenção, assim como fazer a verificação de residências previamente cadastradas e reportar pessoas doentes, enviando os resultados a um servidor localizado na Sesau.

A partir disso, a equipe da Sesau tem acesso a um serviço web por meio do qual podem extrair relatórios das verificações já realizadas, permitindo uma melhor tomada de decisões.

“No momento, a Secretaria de Saúde está implantando o serviço para que o aplicativo seja testado e validado por um pequeno grupo de voluntários. A previsão é que o aplicativo comece a ser largamente utilizado em 2022”, conta a professora Nahri. O grupo destaca que o aplicativo é a primeira de outras ações que podem ser firmadas por meio da parceria, como, por exemplo, a criação de ferramentas computacionais que façam a análise dos dados e produzam relatórios de acordo com as demandas da Secretaria. “O software resultou

de uma integração entre as áreas de saúde e computação, mostrando que é possível realizar pesquisas e projetos conjuntos que proponham soluções e produtos em diversas áreas, fortalecendo inclusive a linha de pesquisa Tecnologias Computacionais para a Área da Saúde do programa de Mestrado Profissional em Computação Aplicada da Facom”, relata o professor Amaury.

Em relação ao uso do aplicativo, após a utilização pela equipe de colaboradores, há uma intenção futura de ampliar o uso para toda a população, que poderá contribuir de forma ativa nas ações de combate à dengue.

O grupo ressalta que o registro da propriedade intelectual de software é previsto pelo item 9 do edital da Fábrica de Software. “Através do registro, é possível estabelecer a titularidade do software e, assim, conferir segurança jurídica ao seu detentor para proteger o seu ativo de negócio. Além disso, o registro permite aos autores estabelecerem diferentes tipos de contratos referentes ao software como, por exemplo, os direitos e deveres de uso pelos clientes, pelos colaboradores e por terceiros. Pelos motivos expostos, empresas governamentais não licenciam ou compram softwares sem o registro concedido”, destaca a professora Valéria.

Saiba como registrar um software Acadêmicos, servidores e professores da UFMS contam com o apoio da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação (Seem) vinculada à Agência de Internacionalização e Inovação (Aginova) para solicitação de registro de softwares.

De acordo com a servidora Vilma dos Santos Ramos, desde a criação da Aginova em 2017, 56 registros de software já foram feitos. A UFMS possui quase 80 software registrados. Sobre a importância da solicitação, o registro provê segurança jurídica aos negócios; a tutela dos direitos relativos a programa de computador pelo prazo de 50 anos, a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação; a abrangência internacional (TRIPS); o registro também é necessário para participação em licitações governa-

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mentais; permite a possibilidade de realizar transferência de direitos, garantindo os direitos das partes contratantes e de terceiros; e é um dos critérios para enquadramento no BNDES MPME Inovadora (financiamento).

Para efetuar a solicitação para Registro de Programa de Computador é necessário acessar o site https://aginova.ufms.br/nit/, e providenciar os seguintes documentos: declaração de participação autoral, termo de cessão de direitos, código Fonte em PDF, resumo digital Hash que constará do certificado de registro, manifestação do NIT, autorização da Direção da Aginova/Retori e declaração de veracidade. Também é preciso fazer o pagamento do pedido do registro. Após isso, será emitido o protocolo do processo no INPI e, finalmente, a emissão do Certificado pelo Instituto.

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50 anos de Morenão

Morenão completa 50 anos trazendo na história grandes eventos e revitalizações

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o dia 7 de março de 2021, o estádio Pedro Pedrossian completou 50 anos. Mais conhecido como Morenão, em referência ao apelido de Campo Grande, Cidade Morena, o estádio sediou nessas cinco décadas os mais diversos eventos, de esportivos a culturais e até sobrenaturais.

Em sua história, além de grandes realizações e períodos com bastante movimentação do público para jogos e shows, traz também períodos de pausa e de restauração. Sua existência foi registrada em alguns livros e pode ser encontrada ainda em publicações de jornais e demais veículos da mídia, que o acompanham desde antes de sua construção.

No âmbito acadêmico, o docente da UFMS do Campus de Aquidauana, João Fernando Pelho Ferreira está na fase de finalização de um projeto de pesquisa sobre o estádio. O estudo intitulado “Noventa Milhões em Ação”: a Copa de 1970, o Governo Médici (1969-1974) e a construção

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Texto: Ariane Comineti Fotos: Leandro Benites

do Estádio Universitário Pedro Pedrossian (Morenão)” faz parte de uma pesquisa mais ampla, que resultou em sua tese de doutorado junto à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Na tese, o professor abordou o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) com enfoque nas políticas voltadas para a Educação Física e para os esportes. “Era um governo militar que tinha o projeto megalomaníaco de transformar o Brasil em uma potência olímpica.

O lema era fazer o Brasil ‘grande’, e essa palavra estava em todos os pronunciamentos oficiais governamentais. E foi nessa época então que surgiram todos os grandes estádios do país que datam de antes da copa de 2014, claro”, explica.

O trabalho apresentado para a obtenção do título de Doutor em História Social, em 2014, trata da cientifização do esporte, do futebol e da nação e traz informações sobre como se deu a invenção e a construção do “país do futebol”. No quarto e

último capítulo, traz o surgimento do Morenão, tendo o futebol como sinônimo de modernidade e integração nacional. “Minha intenção original não era falar especificamente sobre o estádio Pedro Pedrossian, mas desenvolvendo a pesquisa fui percebendo que uma coisa estava muito relacionada à outra”, aponta. A continuidade do estudo se deu no projeto de pesquisa desenvolvido a partir de 2018 na UFMS. Convergência de interesses Por meio do levantamento histórico, o pesquisador observou que convergiram para o surgimento do Morenão não apenas o projeto do governo de Médici em prol do esporte e do futebol, mas também outros fatores. Entre eles estão: o então iminente desmembramento do estado de Mato Grosso, o intuito de ascensão por parte de lideranças nacionais e a Marcha para o Oeste.

“Apesar do desmembramento do estado ter ocorrido apenas em 1977, muito antes já havia a intenção de um novo estado por parte de uma elite residente no sul de Mato Grosso porque a região já detinha certa independência política e principalmente financeira. Houve uma época

Construção e inauguração Em busca de informações sobre o Morenão, João Fernando Pelho Ferreira utilizou como referências os livros “Da Farmácia & Odontologia à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul”, de Hércules Maymone, e “As duas histórias da

Foto: Arquivo UFMS

Foto: Arquivo UFMS

Estádio traz diversos eventos em sua história

em que a cidade de Campo Grande e a região sul sustentaram a economia de todo o estado.

Assim, a construção do Morenão em 70 e 71 vem nesse contexto. O Morenão já era o maior estádio universitário da América Latina e a então capital Cuiabá só veio a ter uma construção desse vulto quatro anos depois, em 75, com o estádio José Fragelli, o Verdão”, aponta.

O historiador lembra que, concomitante ao trabalho dessa elite local, alguns líderes políticos no âmbito nacional também utilizaram o estádio para alavancar suas carreiras. “Nesse ínterim podemos citar o João Havelange, por exemplo, que na época era presidente da Confederação Brasileira de Desporto e tinha o intuito de ser presidente da Federação Internacional de Futebol, o que posteriormente chegou a alcançar. Ele se aliou ao governo militar, ao Pedro Pedrossian, que era o governador de Mato Grosso, e ao Levy Dias, que na época era presidente da Federação de Futebol do estado, e conseguiu a verba junto ao governo federal para a construção do estádio”, conta. O professor acrescenta que o próprio governo já vinha promovendo uma “Marcha para o Oeste”, com investimentos nas estradas e cidades da região para promover o desenvolvimento e ampliar o povoamento. “Para além de todo incentivo para a transformação do Brasil em potência olímpica, o governo buscava fortalecer as cidades dessa parte do país que faz fronteira com outros países, como a Bolívia e o Paraguai, por conta de toda a tensão e conflitos que existem em regiões fronteiriças”.

Para além do futebol, também outras competições

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Foto: Leandro Benites

Patrimônio cultural e esportivo da sociedade sul-mato-grossense, Morenão possui 50 mil m² e capacidade para 30 mil pessoas

Foto: Leandro Benites

Universidade – 1966-1978”, de João Pereira da Rosa, primeiro reitor da UFMS, que também foi entrevistado pelo pesquisador. Reuniu ainda registros do jornal Correio do Estado que noticiaram todo o processo de construção, a inauguração e acontecimentos posteriores. Os resultados do projeto de pesquisa do professor serão disponibilizados em um livro, que atualmente está em desenvolvimento.

A previsão inicial era de que o Estádio Pedro Pedrossian fosse construído na saída para Aquidauana, onde depois acabou sendo construída a Vila Olímpica do Operário Futebol Clube. Acordos governamentais com a Liga Esportiva Campograndense, porém, firmaram a construção do estádio na Cidade Universitária, de forma a diminuir a distância a ser percorrida pelos torcedores.

Após alguns percalços pelo caminho, com troca na liderança da Liga e até suspeitas de desvio de verbas, a construção do estádio acabou sendo feita pela Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso que, por não dispor de todo o valor necessário para as obras, vendeu cadeiras cativas para angariar fundos.

O Morenão foi projetado pelos arquitetos Avedis

Morenão é considerado maior estádio universitário do país

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Balabanian e Ciríaco Maymone e conta com 50 mil metros quadrados e capacidade para 30 mil pessoas. A inauguração ocorreu em 7 de março de 1971, com apresentação da Banda Mirim de Três Lagoas e jogo de vitória do Flamengo sobre o Corinthians por 3 a 1.

Campeonatos e eventos Após a inauguração, o estádio passou a sediar diversos eventos. A Copa do Sesquicentenário em 1972 foi uma das primeiras competições no local. O campeonato fez parte das comemorações dos 150 anos da Independência do Brasil e, por isso, ficou conhecido também como Minicopa da Independência. O Morenão sediou jogos entre Paraguai e Venezuela e entre Bolívia e a então Iugoslávia. Logo após esta última partida, em junho de 72, parte de uma das marquises ruiu sobre a arquibancada vazia.

Os problemas iniciais com a estrutura e também outras questões sobre a construção do estádio foram registrados em uma análise realizada pelos professores da UFMS Ricardo Nakao e José Francisco de Lima, e pelo arquiteto e urbanista Wellington Valério Villa Nova.

O estudo, que contou com a participação de estudantes de Engenharia Civil, foi publicado na revista Concreto e Construções, nº54, do Instituto Brasileiro do Concreto, e noticiado no Jornal da UFMS em agosto de 2009. A pesquisa de cunho bastante técnico abordou as recuperações realizadas em 1972 e em 1983 e apresentou um diagnóstico realizado à época, entre 2007 e 2009.

Entre reformas e períodos de interdição, o estádio sediou partidas do Campeonato Brasileiro de Futebol, do Campeonato Estadual de Futebol, de campeonatos universitários e até de bingo. Sediou também amistosos da Seleção Brasileira, jogos

beneficentes de ex-jogadores, shows musicais e até um evento sobrenatural, o suposto aparecimento de um Objeto Voador Não Identificado (OVNI). O fato aconteceu em 6 de março de 1982, no jogo entre o time carioca Vasco e a equipe local Operário.

“Era um objeto. Não era avião nem helicóptero, tinha luzes fortes e trajetória muito rápida, cruzando sobre o Morenão em cerca de 8 a 9 segundos. Eu estava atrás do gol, ele passou mais ou menos 4 metros por cima de mim. Era um clarão, mas as luzes não eram direcionadas para a frente, eram meio focadas para os lados”, relata Alberto Pontes Filho, servidor da UFMS há quase 40 anos.

A partida teve público de mais de 20 mil pessoas e, além do servidor, torcedores, jornalistas e jogadores também relatam terem visto o OVNI. Além de reportagens de jornais impressos, televisivos e posteriormente digitais, o fato foi registrado também no documentário O que era aquilo, realizado por André Patroni, Kleomar Carneiro e Paulo Henrique Higa e produzido por João Conrado Kneipp e Pedro Heiderich.

Presente e futuro Desde o início de sua história, o Morenão é gerido pela Universidade e, em sua estrutura, sempre funcionaram também algumas divisões administrativas da UFMS. Na atual gestão, liderada pelo reitor Marcelo Turine, diversas foram as ações para não só colocar o estádio novamente em funcionamento como também revitalizá-lo para seu uso pleno. Logo no final de 2016 foram iniciadas parcerias e acordos com a Federação de Futebol de MS para a volta da realização dos jogos estaduais em seu campo.

Após reformas iniciais que permitiram o uso com no máximo 9 mil torcedores, a reabertura foi em janeiro de 2017, com jogo do Comercial contra

Foto: Leandro Benites

Foto: Leandro Benites

Revitalizações já modernizaram espaços

o Novo. Em abril desse mesmo ano, o estádio sediou as semifinais e a final do Campeonato de Futebol da Liga do Desporto Universitário e, em maio, uma partida beneficente com exjogadores de carreira nacional. Em agosto a área ao lado da rampa de acesso foi escolhida para o 1ª Arraiá UFMS, onde em dezembro ocorreu também o 1º Show de Verão. Além dessas atividades, estudantes que são atletas, bolsistas da Universidade de diversas modalidades mantiveram seus treinos no estádio.

Em julho de 2019, a Esplanada e demais espaços no entorno do Morenão foram preparados e utilizados para atividades da 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Em outubro, o estádio fez parte da programação de visitas aos monumentos históricos promovida durante o Festival Mais Cultura. A UFMS entregou ao governo de MS um novo projeto para uma revitalização que está sendo realizada por meio de parceria.

Em 2020 foram continuadas as obras para a transformação da Esplanada do Morenão em polo de ciência, tecnologia, cultura e esportes, em uma área de mais de mil metros quadrados que já abriga o Parque da Ciência e onde, em breve, será instalado o Museu da Ciência e da Tecnologia.

A iniciativa foi noticiada na 6ª edição da Revista Candil.

“O Morenão é um patrimônio de MS e da UFMS e para nós é um orgulho muito grande comemorarmos seus 50 anos. Nosso sonho é trazer ainda mais parcerias públicas e privadas para a manutenção e integração do estádio em diversos projetos de ciência, tecnologia, inovação, cultura e esporte. Temos o sonho de revitalizálo como um todo e estamos trabalhando junto aos nossos parceiros para isso”, aponta o reitor Marcelo Turine.

Aprimoramento deve continuar com parcerias

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Tamarindo

Estudo sobre tamarindo pode render nova patente Foto: Gabriela Arelhano

Texto: Vanessa Amin

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Foto: Gabriela Arelhano

Resíduo é composto por sementes, fibras e casca

Foto: Vanessa Amin

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busca por soluções aprimoradas que possam melhorar o aproveitamento de resíduos da indústria de alimentos, diminuir a contaminação do meio ambiente e promover a segurança alimentar por meio de um consumo com qualidade e baixo custo tem motivado pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan) no desenvolvimento de estudos coordenados pela professora Elisvânia Freitas dos Santos.

Há oito anos na UFMS, Elisvânia explica que já foram realizados mais de dez projetos, com publicações na área de resíduos de frutos e da indústria de alimentação, envolvendo a guavira, batata, abacaxi, berinjela, melancia, laranja, maracujá, jabuticaba, baru, tamarindo e resíduos da fabricação de cerveja. O estudo sobre a composição e o desenvolvimento de produtos a partir do tamarindo, inclusive, resultaram no pedido de patente sobre o processo de obtenção, composição e aplicações da farinha do resíduo industrial do fruto.

“A ideia surgiu logo após observarmos que não havia muitos estudos científicos sobre o resíduo desse fruto. Como já é conhecido o poder laxativo do tamarindo, resolvemos caracterizar o resíduo mais a fundo para conhecer outros possíveis potenciais funcionais e tecnológicos”, explica a engenheira de alimentos Gabriela Arelhano Randolpho. Gabriela desenvolveu a pesquisa durante as atividades no Mestrado em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, sob orientação da professora Elisvânia. As duas apresentaram o pedido de patente do produto em abril de 2019, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi) por meio da Agência de Internacionalização e Inovação (Aginova) da UFMS. O pedido ainda está em análise pelo Inpi.

Pesquisa levou dois anos para ser concluída

De acordo com as pesquisadoras, a busca por uma alimentação mais saudável e balanceada, fez com que o consumo do tamarindo deixasse de ser somente uma questão de preferência pessoal, passando a ser uma alternativa para a melhoria da qualidade de vida devido ao alto valor nutricional e, consequentemente, fez com que o setor agroindustrial crescesse gradativamente. “O valor comercial do tamarindo ainda é de pequena expressão, mas vem apresentando tendência de crescimento graças ao interesse por seu potencial para indústria de transformação. Então resolvemos desenvolver um produto do resíduo desse fruto”, destaca a professora Elisvânia.

Entre o início da pesquisa e o pedido de patente foram necessários dois anos. Os trabalhos contaram com a participação de mais dois pesquisadores da área de Engenharia de Alimentos e Nutrição. Os resíduos foram obtidos junto à uma indústria de extração do suco e polpa de tamarindo – Nordeste Fruit Ltda – e constituem-se de cascas, sementes e fibras, utilizados na produção da farinha. “As etapas como seleção de frutas sãs, descascamento, corte e esmagamento para remoção do suco ou polpa, são as que mais geram resíduos.

No que se refere à produção de polpa congelada, em torno de 50 a 60% de resíduos são gerados ao longo do processo, considerando a constituição do fruto de, aproximadamente, 30% de polpa, 40% de semestres e 30% de casca. Atualmente, esses resíduos são considerados fontes de contaminação ambiental e seu descarte apresenta elevado custo operacional. No entanto, são naturais e de alto potencial nutricional e funcional”, explicam.

“Com a técnica adequada de transformação, os resíduos de processamento de frutas podem ser convertidos em subprodutos de alto valor agrega-

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Foto: Vanessa Amin

Análise mostrou alto potencial nutricional e funcional

do ou matérias-primas para processos secundários ou, ainda, utilizados como substratos para geração de novos produtos, enzimas e medicamentos”, destacam. Sobre o processo de obtenção da farinha, elas explicam que seguiu as seguintes etapas: após receber os resíduos congelados da indústria foi feita a pesagem; na sequência, foi feita a secagem em estufa com circulação de ar durante 8 a 48 horas; os resíduos secos foram triturados em moinho até obtenção de um pó, para, depois, serem peneirados a fim de se obter a farinha, que foi acondicionada em embalagens com proteção à luz e em lugar fresco.

As pesquisadoras ressaltam que a farinha obtida apresenta alto valor nutricional e funcional, com alto teor de proteínas, fibras, minerais e compostos bioativos com potencial para uso e aplicação em novos produtos na indústria alimentícia. Elas contam que as análises foram realizadas de acordo com as normas do Instituto Adolfo Lutz. Em relação à umidade, o índice apresentado foi de 10,10%. “O baixo teor de água presente deve-se ao fato de os resíduos terem sido secos”, explicam. Já em relação ao valor proteico, foi verificado um índice de 12,27%, ou seja, a farinha apresenta alto conteúdo de proteínas e pode ser utilizada como ingrediente ou suplemento para produtos alimentícios. A farinha também apresenta teor elevado de fibras: 68,49g. “Este valor é superior aos encontrados nas farinhas obtidas da casca do maracujá, da uva e da acerola, por exemplo”, enfatizam. A análise da coloração indicou que a farinha pode ser utilizada também como corante natural e como antioxidante em produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. Além disso, Gabriela e Elisvânia verificaram que o produto é

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rico em cobre, cálcio, ferro, manganês, potássio e fonte de zinco.

“Essa farinha de resíduo de tamarindo tem importância no mercado, pois possibilita mais opções ricas em nutrientes e com potencial funcional aos consumidores, aumenta as possibilidades disponíveis no mercado de ingredientes alimentícios para o setor de panificação, refrescos e bebidas, produtos lácteos e derivados, bolos, barras de cereais, sorvetes, aumentar a aplicabilidade nas indústrias farmacêuticas, químicas e cosméticas. Além disso, ela contribui para diminuir inconvenientes como proliferação de insetos e contaminação ambiental, aumenta a diversidade de ingredientes saudáveis para a indústria alimentícia e representa uma alternativa sustentável, pois o aproveitamento integral da fruta minimiza a produção de lixo orgânico, aumenta a vida útil do alimento, fornece novas fontes de nutrientes e ainda beneficia a renda familiar”, complementam Gabriela e Elisvânia.

Novos trabalhos Sobre a importância de solicitar o registro da patente, Gabriela ressalta que, durante o mestrado, perceberam o potencial tecnológico e a importância de registrar o novo produto. Enquanto aguardam o resultado da avaliação do INPI, as pesquisadoras iniciaram uma nova pesquisa sobre o resíduo da batata, que é objeto do projeto de pesquisa de doutorado de Gabriela, sobre orientação da professora Elisvânia, no programa de pós-graduação em Biotecnologia oferecido pela UFMS na Cidade Universitária.

A professora Elisvânia destaca também que, atualmente, estão em andamento outras pesquisas com resíduos de frutos como a guavira, melancia e resíduo da indústria de cerveja. “Estamos Composição da farinha do resíduo industrial de tamarindo

Foto: Vanessa Amin

Após conclusão dos estudos, pesquisadoras solicitaram pedido de patente da farinha junto ao Inpi

estudando a composição, aplicação no desenvolvimento de produtos, potencial como antioxidante natural e avaliação do efeito na saúde. O trabalho de pesquisa do resíduo de guavira está sendo desenvolvido pela mestranda em Biotecnologia Lais Maluf. O trabalho com o resíduo da melancia está sendo realizado pela acadêmica do curso de Nutrição da Facfan Thailine Mantovani e também há um trabalho de pesquisa sobre Dentre as frutas que são processadas atualmente pela indústria de sucos e polpas destaca-se o tamarindo que é uma fruta exótica. Alguns autores consideram como frutas exóticas todas que apresentam sabor ou características diferenciadas que as distinguem dos demais no formato, cor e arquitetura da planta, outros, porém, dizem que são exóticas porque são conhecidas apenas por pessoas que vivem na região de origem ou de produção da fruta. O tamarindo (Tamarindus indica L.) é uma fruta originária da África Tropical, também é cultivada na América do Norte, América do Sul, Paquistão, China, Indochina, Índia, Filipinas e Java.

O tamarindeiro é considerado uma árvore de múltiplo uso, sendo empregada como fonte de madeira, fruta, sementes, forragem animal, extratos medicinais e potenciais componentes industriais. A planta entra em

o resíduo de cerveja que está sendo desenvolvido pela mestranda em Biotecnologia Caroline Franco Paiva”, complementa. Todos os estudos desenvolvidos integram o projeto de pesquisa intitulado Avaliação das características físico-químicas, nutricionais e potencialidades de resíduos industriais sob sua coordenação e que conta com a participação de outros professores e estudantes da Facfan. produção entre 4 a 6 anos pós plantio e pode produzir ao longo de 200 anos. Após alcançar a maturação, o fruto pode permanecer na árvore por várias semanas. Sua disponibilidade é sazonal e no Brasil ocorre entre julho a dezembro, dependendo da região. O fruto do tamarindeiro é uma vagem alongada, com 5 a 15 cm de comprimento, com casca pardo-escura, lenhosa e quebradiça, contendo 3 a 8 sementes envolvidas por uma polpa parda e ácida. A polpa do tamarindo é escura e pastosa e pode ser consumida natural ou como suco. Pelo seu agradável aroma e sabor ácido-doce, o fruto é muito utilizado na fabricação de refrescos, bolos, sorvetes, pastas, doces, licores, geleias e também como ingrediente em condimentos e molhos. Entre as frutíferas tropicais exóticas, o tamarindo destaca-se por apresentar excelentes qualidades nutricionais.

Fontes: OLIVEIRA, E. P.; DE OLIVEIRA, E. P.; COSTA, C. B.; SANTOS, G. M. S. S.; GUARIZ, H. R. Superação de dormência em sementes de Tamarindus indica L. submetidas a diferentes tratamentos pré-germinativos. Revista científica electronica de agronomia, nº 32, 2017.

GARCÍA, J. C. V.; RODRÍGUEZ, K. A. F.; LÓPEZ, F. G.; PÉREZ, E. G.; ROSADO, O. L.; ROSAS, F. H. Systems management and marketing of tamarind (Tamarindus indica L.) in three municipalities of Veracruz. Revista Mexicana de Ciências Agrícolas, Estado do México, v. 3, n. 6, p. 1217-1230, 2012.

PEREIRA, L. G. R.; AZEVEDO, J. A. G.; PINA, D. S.; BRANDÃO, L. G. N.; ARAÚJO, G. G. L.; VOLTOLINI, T.V. Aproveitamento dos Coprodutos da Agroindústria Processadora de Suco e Polpa de Frutas para Alimentação de Ruminantes. Petrolina: Embrapa Semi-árido, Documentos online (Embrapa Semi- árido. Documentos, 220), p. 30; 2009.

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Foto: Leandro Benites

Indígenas

Novos olhares sobre a História Indígena Texto: Ariane Comineti

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s estudos sobre os povos indígenas e coordenado pelo professor Antônio Brand (2004sua história no Brasil são numerosos.

2007). Programa que tem por objetivo apoiar Em comparação, poucos ainda são a permanência dos acadêmicos indígenas da os que foram realizados sob uma região no ensino superior. É realizado por quatro perspectiva própria. A observação universidades: Universidade Católica Dom Bosco, é atribuída pela professora Vera Lúcia Ferreira Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Vargas à ainda pequena presença dos indígenas (UEMS), Universidade Federal de Mato Grosso na posição do pesquisador. “Mas essa realidade do Sul (UFMS) e Universidade Federal da Grande felizmente vem sendo transformada, ao passo que Dourados (UFGD). cada vez mais indígenas têm ingressado no ensino A participação no Programa permitiu superior e nos cursos de mestrado e doutorado”, acompanhar alguns dos pesquisadores indígenas, aponta a pesquisadora. que agora são analisados A docente coordena na pesquisa, desde o “Queremos compreender os o projeto intitulado “Os início, quando também Pesquisadores Indígenas no do Programa olhares e percepções dos próprios participaram Mato Grosso do Sul: novos Rede Saberes enquanto indígenas sobre sua história, olhares sobre a História graduandos, na preparação Indígena”, que tem como o mestrado, e hoje já revelando o que priorizam para sua para objetivo o mapeamento são mestres e doutores”, compreensão e legitimação” dos trabalhos científicos relembra. E complementa: de pesquisa realizados por “observamos que o indígenas nos programas Programa Rede de Saberes de pós-graduação nas universidades brasileiras e e as atividades por ele desenvolvidas, com o também a identificação das temáticas trabalhadas. fomento da Fundação Ford foram o acesso de “Queremos compreender os olhares e percepções muitos que se destacam hoje, tanto no campo da dos próprios indígenas sobre sua história, pesquisa como no campo profissional”. revelando o que priorizam para sua compreensão e legitimação”, explica.

Pesquisadores indígenas O estudo sobre os pesquisadores indígenas já Rede de saberes está em andamento há dois anos e é desenvolvido O projeto de pesquisa foi iniciado na UFMS sem fomento. Participam pesquisadores de outras em 2019, “por meio da observação do grande instituições como as docentes Lenir Gomes número de estudantes na graduação no campus de Ximenes e Eva Maria Luiz Ferreira da UCDB, Aquidauana”, indica Vera. Mas, muito antes disso, Noêmia dos Santos Pereira Moura da UFGD e a professora já trabalhava com a temática quando Iára Quelho de Castro da UFMS, que coordena ainda era professora da Universidade Católica o Laboratório de História Indígena (LHIN) do Dom Bosco (UCDB), e fazia parte da equipe do campus de Aquidauana. Entre estudantes participa Programa Rede de Saberes, naquele momento Ana Beatriz do Canto Romero pela UFMS.

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Foto: Leandro Benites

Colação de grau da Licenciatura Intercultural Indígena em 2019 teve apresentações culturais e muita emoção

A pesquisa consiste no levantamento de quantos são os pesquisadores indígenas que residem em aldeias de MS; na identificação do pesquisador, da tese ou dissertação e do assunto trabalhado; na identificação se recebem algum tipo de fomento; quem são os orientadores e o período de realização da pesquisa. “Uma observação interessante é que, geralmente, na introdução dos trabalhos, os pesquisadores indígenas relatam sua trajetória para chegar à universidade e à pós-graduação, contam sua história”, citou a coordenadora. A professora Vera informou ainda que na pesquisa retrata especificamente os pesquisadores Terena, “mas mais pela dificuldade de acesso aos trabalhos dos indígenas de outras etnias. Embora tenhamos conhecimento da produção e de projetos bacanas, não conseguimos o acesso a eles”, revela. A pesquisa é feita em bancos de teses e dissertações on-line.

Até o momento já foram identificados cerca de 20 pesquisadores indígenas de MS. Desses, oito fizeram parte do projeto de Iniciação Científica (Pibic) desenvolvido por Vera e pela estudante Ana Beatriz do Canto Romero.

Para além da luta por terras “Quando entrei no curso de História tinha pouco conhecimento sobre a questão indígena, sabia de suas lutas relacionadas ao território e às terras, mas de maneira superficial. Com o Pibic pude aprofundar esse conhecimento. Conforme

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fui lendo os trabalhos fui percebendo que eles têm feito também uma apropriação muito forte da cultura, da própria língua e levantado diversas questões, como as relacionadas ao papel da mulher indígena nas lideranças, por exemplo”, conta a estudante do 7º semestre de História, Ana Beatriz do Canto Romero, que encerrou o Pibic voluntário em agosto de 2020 e em seguida iniciou um novo Pibic junto ao projeto, dando continuidade ao estudo.

Ana Beatriz destaca ainda que antes da pesquisa pensava que o maior interesse dos jovens indígenas pudesse ser sair da aldeia, mas que sua visão foi transformada quando visitou a aldeia Lagoinha, em uma aula de campo da Universidade. “Pude perceber uma realidade completamente diferente, uma cultura muito forte e o interesse dos jovens indígenas em vir para a cidade justamente para legitimarem o que vivem na aldeia, para depois retornarem e contribuírem para o fortalecimento de sua comunidade. Essa parte foi para mim a mais interessante nesse processo de conhecimento”, afirma.

“Para o trabalho, em um primeiro momento, a Ana Beatriz fez as leituras teóricas necessárias à compreensão do tema, leituras sobre o conceito de Nova História Indígena e sobre os intelectuais indígenas, por exemplo, e aqui existe uma discussão teórica sobre o termo ‘intelectuais’ bastante complexa, por isso resolvemos adotar

Foto: Leandro Benites

Estudo surgiu da quantidade de egressos indígenas em Aquidauana. Foto: colação da Licenciatura Intercultural Indígena, 2019

o termo ‘pesquisadores’. Esse conhecimento teórico é que veio a embasar a pesquisa e os fichamentos posteriores”, explicou a docente e orientadora do Pibic.

Estudante e professora buscaram pesquisadores de Aquidauana e Anastácio (MS).

Foram identificadas cinco dissertações e três teses de doutorado com temas diversificados, de pesquisadores residentes da Aldeia Limão Verde na Terra Indígena Limão Verde, Aldeia Bananal e Aldeia Água Branca na Terra Indígena Taunay/Ipegue. Entre as redes estabelecidas pelos pesquisadores indígenas, foram identificados o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Populações Indígenas (NEPPI) da UCDB, o Programa Rede de Saberes e por ele a Fundação Ford.

“O Pibic tem sido muito bom para mim, agrega muito na minha formação profissional e pessoal também, na questão de conhecer a cultura do outro, ver o que os indígenas passaram na própria voz deles, porque a maioria das representações é de pessoas de fora falando sobre os indígenas.

Importante destacar a questão do respeito à cultura e também da educação indígena que, diferentemente da nossa, é principalmente oral é isso que eles têm demonstrado, entre outras questões”, aponta. O trabalho foi apresentado no Integra UFMS 2020 (integra.ufms.br) e Ana Beatriz segue pesquisando o assunto, agora analisando pesquisadores da cidade de Miranda (MS).

Resultados e apontamentos Até o momento, com o Pibic e outros estudos, já foram identificados cerca de 20 pesquisadores que realizaram suas pesquisas em diversas instituições como a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, a PUC do Rio Grande do Sul, a própria UCDB, UEMS, UFMS, UFGD, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Museu Nacional (MN), entre outras.

A professora indicou que entre os trabalhos já identificados somente um não tratou de questões diretamente ligadas aos indígenas, todos os outros foram voltados ao tema. “São muito recorrentes pesquisas sobre a educação escolar indígena, mas temos observado também uma mudança nas temáticas. Os indígenas têm ido bastante para outras áreas como o Direito e a Antropologia”, observa. A docente também aponta como resultado a observação do expressivo aumento da participação indígena na pós-graduação. “Com isso os indígenas avançam na visibilidade às suas questões e na legitimação de direitos”.

O estudo segue até o final de 2021 e há previsão da reunião de artigos dos pesquisadores abordados em um livro. “O intuito é divulgar o trabalho que têm desenvolvido e também disponibilizar suas teses e dissertações posteriormente nos laboratórios de História Indígena/LHIN/CPAQ e da Rede de Saberes, para acesso de todos os interessados”, finaliza.

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Memória

Com uma enorme paixão pela CIência, professor da Faeng se dedica à escrita científica Texto: Victória Oliveira

De docência na Graduação da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) à criação de grupo de pesquisa, a atividade do professor Teodorico Alves Sobrinho, 65 anos, na Universidade é extensa: em 40 anos de UFMS, desempenhou funções em vários setores, inclusive na administração, onde deixou uma enorme marca em cada pedaço pelo qual passou.

Um pouco antes da UFMS No interior de Minas Gerais, em Mantena, Teodorico teve, desde jovem, o desejo pela educação. Ainda na pequena cidade, a sugestão de estudar Agronomia veio pelo pai e foi logo aceita pelo docente. Após muito estudo em uma das melhores instituições do estado, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (CAp-Coluni), até 1974, foi aprovado para o curso de escolha na Universidade, em 1975. “No Coluni, eram 140 vagas, entrei em 136º, ou seja, ficaram só quatro para trás. No meio do ano, a classificação mudava. Eu subi para 22º.”, relembra.

Ainda na época da preparação para a Universidade Federal de Viçosa (UFV), dava aulas particulares de Física para algumas pessoas do pensionato em que vivia, num período de 1974 a 1975. Já na faculdade, foi monitor da matéria, de 1977 até sua formação, em 1978. Após recomendação de uma sobrinha do dono do Colégio de Aplicação, chegou a fazer parte da grade de professores do local, em 1979, o que se estendeu em 1980, no momento de seu Mestrado em Engenharia Agrícola.

Ainda na década de 1980, quando a Universidade de Viçosa realizava uma espécie de assessoria para o Centro Pedagógico de Dourados (CPD) da UFMS, Teodorico teve a oportunidade de prestar o concurso para profes-

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Dourados Sua história com a UFMS começou no Centro Universitário de Dourados, dentre 11 contratados. O resultado do concurso foi divulgado em 11 de dezembro, então, com certa prontidão, o professor se mudou de Minas para Dourados. “Fui contratado após uma rígida greve de dois meses dos docentes do curso de Agronomia. Minha carteira (de trabalho) assinada em 1/1/1981, com 24 anos.”, conta.

A formação em Viçosa garantiu ao docente o cargo de coordenador do Departamento de Ciências Agrárias, onde ficou até dezembro de 1984, retornando após 12 anos, para encerrar em 2000.

Um ano depois, em 1985, assumiu, também, a direção e administração do Núcleo Experimental de Ciências Agrárias.

Nesse tempo, o professor operava somente com o Mestrado, mas a disposição em implantar a pós-graduação na área necessitava de um nível a mais. Dessa forma, no segundo ano da década de 1990, Teodorico ingressou como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no Doutorado em Engenharia Agrícola, igualmente na UFV. Ao ser intitulado Doutor, teve participação, pois, na abertura da tão esperada pós-graduação em Agronomia do Centro Universitário.

Um “caso curioso”, como ele mesmo cita, aconteceu na direção pró-tempore do Campus Universitário de Dourados, de janeiro a março de 2001. “Nessa época foi o Vestibular da Universidade. Antigamente, a Copeg (Comissão de Ensino de Graduação) mandava aos diretores de centro a senha para abertura dos espaços. Minha filha tinha realizado o Vestibular para Odontologia, e eu soube primeiro que ela havia sido aprovada”, o professor relata.

Campo Grande O convite para chefiar a Coordenadoria de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (CPq/PROPP), na Cidade Universitária, reprogramou a vida de Teodorico.

Mesmo com sua casa estabelecida em Dourados, aceitou o desafio e lá ficou de 2002 a 2003.

Avançados dois anos, em 2005, foi convidado pelo então reitor da Universidade, Manoel

Foto: Victória de Oliveira

sores, onde iniciou suas atividades na Universidade.

O professor Teodorico Alves no Laboratório HEroS

Catarino Paes Peró, a criar o primeiro Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e a Ouvidoria da UFMS. “Eu não tinha ideia o que eram nem como fazia, mas depois de muita pesquisa, reuniões e conversas, concluí o que me foi pedido.”, relata. O professor foi considerado o primeiro ouvidor oficial da UFMS, em cargo de julho a dezembro desse mesmo ano.

Em 2006, deixou o país para realizar seu Pós-Doutorado na Universidade de Córdoba, na Espanha, como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Quando retornou, em 2007, exercia atividade definitiva na Faeng como professor do curso de Engenharia Ambiental, Civil e de Produção na Graduação, e em Tecnologias Ambientais, na Pós-Graduação - esta obteve, um ano depois, seu comando na Coordenação.

No extenso currículo do professor é possível, ainda, acrescentar mais de 70 artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, mais de 94 apresentações em Congressos, 71 participações em bancas de Mestrado e Doutorado no Brasil afora, além de orientações de 31 Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), 38 projetos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e 30 teses de Mestrados e 11 de Doutorados.

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do docente pela Ciência e pelo lugar idealizado pelo pesquisador. “Ele (Teodorico) sempre teve vontade de montar o laboratório. Quando aprovado, ficou feliz em nos mostrar o projeto. Foi uma coisa muito legal”, relembra o professor do curso de Engenharia Civil e colega Paulo Tarso Sanches de Oliveira. A história dos dois começou em 2009, quando orientou a então namorada e atual esposa de Paulo no Mestrado. Hoje em dia, Paulo contribui igualmente ao HEroS como professor adjunto.

Final de um capítulo A aposentadoria do professor chegou em fevereiro deste ano, depois de quatro décadas na ativa.

“Foram mais de 100 orientações, muitos anos de atividade. Mas chegou a hora de parar, aquela sensação de missão cumprida está aqui”, conta.

Nos dias de hoje, dedica-se a uma de suas maiores paixões, a escrita científica - na qual leciona aulas desde 2012. Mesmo aposentado, a pedido do atual reitor Marcelo Turine, o docente ministra o curso “Lógica aplicada na escrita científica”, de maneira remota. “Quero ensinar os nossos professores e alunos a escrever cientificamente”, afirma.

O tempo aplicado à Universidade ensinou muito ao professor, o qual, definitivamente, ensinou de volta muitas pessoas. O docente diz ainda que se pudesse faria toda essa jornada novamente.

Com firmeza e emoção, Teodorico declara: “Tenho orgulho de ser UFMS.”

Foto: Galeria Grupo HEroS

Ciências e pesquisas “Quando saí para meu Pós-Doutorado, em 2006, deslanchei-me, realmente, como cientista, afirma”. Nesse mesmo programa, em Córdoba, desenvolveu um Simulador de Chuvas Pendular, muito utilizado em pesquisas mundo afora.

Com esse instrumento alcançou, ainda, uma vaga num grupo de pesquisa espanhol para estudar o desempenho dele em plantações de olivares. “Foi uma experiência muito boa. Escrevemos três artigos”, conta.

A jornada do professor no mundo científico iniciou anos antes. Entre 2003 e 2004, por exemplo, já era diretor científico da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de MS (Fundect - MS). Mais adiante passou também pela ocupação de editor associado na Revista Brasileira de Recursos Hídricos (RBRH), de julho de 2016 a janeiro de 2020.

A passagem por grupos de pesquisa é notória também. Em 2008, fundou o Grupo de Pesquisa HEroS: Hidrologia, Erosão e Sedimentos, com uma equipe não só de pesquisadores doutores, doutorandos, mestrandos e técnico, mas também alunos de iniciação científica e estagiários, além de um laboratório de mesmo nome, localizado no Bloco 12 da Cidade Universitária e construído com verba de pesquisas, que oferece instalações dedicadas a ensino, pesquisa e extensão.

A coincidência com o nome do deus do amor da mitologia grega, Eros, só ressalta a paixão

Teodorico e os membros do Grupo de Pesquisa HEroS: Hidrologia, Erosão e Sedimentos, em 2014

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