MONÓLOGOS ANIMALESCOS Olírio do Rio
(Coletânea teatral )


1. A obra Monólogos Animalescos é liberada para reprodução! Pode copiar, compartilhar, distribuir, fazer pôster, estampar na camiseta ou até tatuar se estiver realmente inspirado. 2. Mas, antes de sair por aí esbanjando sua criatividade com ela, dá uma passadinha para conversar com o autor lá na página @oliriodorio ou pelo email oliriodorio@gmail.com
3. É rápido, indolor, e quem sabe até rola uma boa conversa sobre a obra (ou qualquer outra coisa). Resumindo, faça o que quiser, só lembre de dar um “alô” antes. O autor agradece e promete que não vai te cobrar nada por isso...
4. Está obra é para jovens e adultos que buscam a ciência da sua própria consciência, não é para curiosos ou amantes das concatenações mortas da litaratura. Há violência nas palavras. Alerta de gatilho.
5. Pegue sua coragem e siga em direção ao próximo passo e encontre o seu caminho.
Reunir textos numa coletânea é um pouco como tentar organizar uma festa surpresa: você junta ideias que talvez nunca se encontrassem espontaneamente, mas, quando colocadas no mesmo espaço, acabam se entendendo (ou brigando educadamente). Aqui, caros leitores, temos uma miscelânea de histórias e reflexões que, à primeira vista, podem parecer não ter nada em comum, mas que, ao longo dessas páginas, encontrarão sua própria lógica peculiar. Ou não. Mas o importante é a tentativa, certo?
Começamos com Provérbios de Burro, um texto que, apesar do nome, oferece muita sabedoria disfarçada em humor e ironia. Aliás, quem disse que burros não têm nada a ensinar? Aparentemente, este tem muito a dizer, e se você prestar atenção, pode até aprender uma ou duas lições sobre a vida. Só não vá esperar filosofia profunda... ou vá, e se surpreenda!
Logo em seguida, temos Memórias de Manequim, uma autobiografia? Um tanto inusitada. O que se passa na cabeça de uma pessoa?
Por fim, chegamos a Narciso Sonha com o Paraíso, uma reflexão escrita lírica sobre vaidade, desejo e, bem... Narciso não só sonha com o paraíso, mas questiona se ele realmente existe ou se não passa de um reflexo distorcido...
Então, leitor, esteja preparado para rir, refletir e, quem sabe, até se identificar com essas figuras excêntricas. Essa coletânea pode não responder às grandes perguntas da vida, mas, com certeza, te fará pensar em algumas que você nem sabia que existiam. Afinal, o que mais podemos pedir de uma boa leitura?
Olírio do Rio
NS.1.37.3.5
Tormenta magnética azul, kin 79
Você nunca conhece realmente as pessoas. O ser humano é mesmo o mais imprevisível dos animais.
- Hilda Hilst
“Há quem esteja disposto a morrer para fazer com que morram os seus inimigos.”
-Esopo
O BURRO:
Ai, ai, ai de mim!
O que será do meu destino agora!
Desgraçado que sou.
Galopa! Galopa!
É só o que faço!
Ai, Desgraçado!
Estou cansado!
Tá vendo não?
Mas é claro que não!
Não posso ficar cansado!
Ainda bem, ele parou!
Ai!
Açoitou-me outra vez!
Desgraçado!
Que sorte eu tenho!
Que destino será o meu?
Ele fala o tempo todo!
Mas finjo que não escuto nada!
Graças!
Obrigado!
A minha fingida surdez animalesca é benção neste mundo de homens.
E só de rejeitar conversar com a voz deste homem.
É santidade!
É divindade!
Paraíso celestial.
Já que este ser aparenta maldade.
Pura maldade.
Fala barbaridades.
Puras vaidades.
Eloquentes obscenidades.
Obrigado!
Ainda bem que eu sou assim.
Só assim, pra gente viver juntinho...
Ele, um homem...
Eu, um animal...
E paz!
Paz celestial!
Reinando sobre nós!
Ai! Ai! Ai!
Quer me deixar cego?
Bateu no meu olho!
De que serve um animal cego?
Só por que fui teimoso?
Olha essa cara.
Velha de condoer!
Só parei por que estava com fome.
Fome!
Muita fome!
E que fome!
Preciso comer,
Vês minha cara de fome não?
Dá-me qualquer coisa.
Faz tempo nada como.
Mesquinho!
Avarento!
Usurpador!
Sim, usurpador!
Roubaste-me!
Pensas que não sei!
Esse animal aqui sabe de tudo!
Mão de vaca!
Mão de vaca, não!
É mão de homem mesmo.
Ladrão sem coração.
Ai!
Mais um açoite.
O que fiz dessa vez?
Empaquei de novo.
Sou assim.
Empaco do nada, pra te fazer parar.
Estou com fome!
Sou um animal tão bom pra ti crápula!
Faço tudo o que queres!
Do jeito que queres.
Vai me amarrar aqui agora?
Ah, quisera eu gritar e falar contigo!
Amarrar aqui?
Nesta árvore seca?
Sem sombra.
Sol escaldante!
Minhas orelhas queimando?
Meus pelos derretendo...
Amarra!
Velho desgraçado!
Deixar-me aqui?
Cadê ele?
Olha ali...
Falando sozinho de novo!
Velho atarantado!
Parece amaldiçoado!
Com esses dotes de riqueza.
Suas roupas cheias de estribilho..
Roupa de grandeza.
Sapatos de seda.
Anéis de ouro.
Cordões de prata.
Brincos de pérolas.
Alforje de couro...
Cheio de diamantes.
Só que eu sei de tudo.
Eu vi tudo o que você fez...
Pra conseguir toda essa riqueza.
Riqueza...
Tanta riqueza...
Riqueza...
Tanta riqueza...
Nesse sol escaldante.
Sonho.
Subindo o telhado.
Dorso latejando.
Olhos embaçados.
Pelos ensanguentados
Subindo o telhado.
Respiração ofegante.
Patas trôpegas fustigantes.
Subindo o telhado.
Telhas de barro.
Subindo o telhando.
Telhas a arrebentar.
Telhas a cair.
Telhas a trucidar.
Telhas na jugular.
Massacrar.
O velho,
Dono do telhado
Por me espancar.
Acordo.
Ainda permaneco preso no mesmo lugar.
O BURRO:
Que ruído é esse?
Reconheço de longe...
Perscrutando em meus ossos...
Minhas orelhas abanam.
Inflam ao som.
De temor!
Lira!
Eu sabia.
O velho ama tocar lira!
Maldito seja.
Desgraçado.
Eu te odiava
Agora...
Meu ódio por ti é mortal.
Só és meu dono por ladroagem.
Pilantragem.
Maldição.
Pura maldição.
Para onde irei?
Se tu me torturas com essas cordas.
Para onde irei?
Se tu me atormentas com essas notas.
Para onde irei?
Se tu me amedrontas com tuas músicas. Para onde irei?
Preso, indefeso, sou obrigado à tua toada. Maldito sejas.
Indecoroso o teu divertimento.
Ah, pai dos céus... Formoso.
Insatisfeito. Frondoso.
Desgostoso.
Ah, pai dos céus, Que perverso.
Ah, pai dos céus.
Já não podes me escutar?
Os fardos pesados.
Das fadas.
Fizeram-me brotar.
Sempre perseguiram-me.
Ao ruído dessa lira minha vida desatina.
Quiseste um filho pai.
Teves um burro.
Quiseste um filho pai.
Teve o mulo.
Ai de mim, três vezes ai.
Que desejo me fez assim?
Jerico.
Jumento. Burrico.
Asno.
Que história a minha.
Meu pai e minha mãe.
Não podiam ter filhos.
Suplício e tomento.
Família em desalento.
Suplicaram as fadas.
Veio os feitiços e magias raras.
Mas havia um preço.
Lançou-se o fado:
Para ser...
Singelo e paciente.
Forte e disposto.
Esperto e decoroso.
Há um preço.
Não quero lembrar!
Quero esquecer!
Esquecer.
Essa é a sua vida agora.
Liro!
Calado.
Amordaçado.
Espancado.
Roubado.
Não tens para onde fugir.
Não tens para onde ir.
Não tens o que fazer.
Esperar.
Quisera eu falar novamente.
Quisera eu ouvir novamente.
Mas eu apanhei tanto da vida.
Apanhei tanto deste homem, que hoje finjo ser assim.
Surdo e mudo.
Antes eu falava.
Antes eu escutava.
Antes eu até tocava.
Mamãe fez questão de eu ir pra escola.
Um burro na escola.
Imagine só.
Aprendi coisas.
Ouvi coisas.
Vi coisas.
De resto, só não conseguia escrever.
Minhas lindas patas não permitiram.
Eu era bom em escutar.
E decorar.
Decorei, decorei e memorizei.
Tantas coisas.
Mas que calor!
O que é aquilo?
Meus pelos estão coçando.
Minha visão está embaçando.
Estou com sede.
Muita sede.
Sede...
Sonho.
Vejo uma sombra. No deserto.
Vindo em minha direção. Chegando mais perto.
Vindo em minha direção.
Mais perto.
Tão perto.
Minha mãe
Carrega-me no colo.
Estou em panos.
Sangue trespassado. Acordo.
Ainda permaneço preso no mesmo lugar.
Ai! Ai! Ai!
Por que me fustigas agora. Já não surrou-me de mais?
Olha para o caminho.
Se não vamos ficar perdidos.
Parou.
Graças.
Vais a onde?
Ei...
O que é isso?
Uma flor!
Queres me dar uma flor.
Queres que eu coma essa flor?
Que gentil.
Finalmente uma atitude honrada.
Inusitada.
Como sabias disso?
Sim.
Adoro comer flores de jardim. Flores são deliciosas.
Doces.
Amargas.
Azedas.
Tem a cor.
O cheiro.
O formato.
Pela manhã são mais macias. A tarde quentinhas.
E a noite um otimo sonífero.
Que flor é essa
Desconheço.
Não vou ficar aqui parado.
Cavalo dado não se olha os dentes.
Já que a fome é o melhor tempero.
Croc!
Espinho!
Mastiga!
Regurgita!
Mastiga.
Outro espinho!
Mastiga!
Mais um espinho.
Mastiga!
Eu era feliz!
Mastiga!
Muito feliz!
Mastiga!
Comida de sobra!
Mastiga!
Na casa do meu antigo dono.
Mastiga!
Nunca iria comer.
Mastiga!
Flores com espinhos.
Mastiga!
Que vida levada...
Mastiga!
Essa de beira de estrada.
Mastiga!
Estás a sorrir pra mim?
Mastiga!
O que será de mim agora?
Mastiga!
Com minhas entranhas
Mastiga!
Remoendo espinhos
Mastiga!
De flor estranha?
Sonho.
Em um País das Maravilhas.
Fim de tarde,
Desliza o sol ao longe.
Na estrada.
Remexo meus cascos cansados
Aparece um céu dourado.
Sonhadoramente uma menina aparece.
Seu nome é Alice.
Sombra no céu.
Um passáro voa longe.
Ela pergunta,
O que é o amor benevolente senão sonho?
Luzidia memória.
Sinto avidez e esperança.
Parece um cenário da minha infância.
Ela Simpatia.
Eu Benevolência.
Eu Afeição.
Eu Amizade.
Ela Cordialidade.
Alice minha amiga criança.
Saudades.
Acordo.
Ainda permaneço preso no mesmo lugar.
O BURRO:
É noite ainda.
O velho tem cara que sonha.
Vontade de fugir.
Posso quem sabe.
Roendo com meus dentes desgastados.
A corda que me ata.
Mas foi o que sempre fiz.
Fugir.
Quando tinha três anos de idade.
E não aguentava mais a sociedade.
As crianças.
Os jovens.
Os adultos.
Os velhos.
Meu pai.
Minha mãe.
Resolvi ir embora de casa.
Não voltar.
Esquecer.
Me esquecer.
Esquecer o que supostamente eu queria ser.
Pra me tornar o que sou.
O que sou?
Animal?
Era o que as pessoas viam.
Animal?
Era o que elas diziam.
Animal?
Era o que elas cochichavam.
Animal?
Era o que elas pensavam.
Animal?
Era o que elas silenciavam.
Animal?
Nasci para ser:
Animal?
Bicho?
Besta?
Animalejo?
Animália?
Alimária?
Grosseiro?
Grosso?
Estúpido?
Bruto?
Ignorante?
Malcriado?
Só sei que nasci pra ser cavalo.
Na história que os humanos inventaram e nos contavam na sociedade.
Veja só.
Se um cavalo falasse na história deles.
Provavelmente as pessoas o escutariam.
Talvez ouviriam.
Quem sabe com toques de grandeza e satisfação.
Mesmo sendo ele um animal como eu.
Agora se um burro falasse...
Ah se um burro falasse...
Na história que os humanos inventaram e nos contavam na sociedade.
Teria grande chance de pessoas os desprezarem.
Talvez ouviram abismadas um burro...
Sim um burro
Ter alguma capacidade.
Já que na sociedade.
Os cavalos deuses.
Os burros mortais.
Os cavalos príncipes.
Os burros serviçais.
Os cavalos cuidados.
Os burros trucidados.
Os cavalos descansam.
Os burros trabalham,
Os cavalos amam
Já os burros sofrem
Pelo que estudei.
Pelo que memorizei.
Na escola
Já dava para saber.
O mundo entre cavalos e burros era assim.
Cavalos ricos.
Burros pobres.
Cavalos jovens.
Burros velhos.
Cavalos à vida
Burros à escravidão.
Cavalos nobres.
Burros vassalos.
Cavalos chefes.
Burros empregados.
Cavalos professores.
Burros alunos.
Cavalos mestres.
Burros discípulos.
Cavalos inteligentes.
Burros ignorantes.
Cavalos.
Burros.
Cavalos.
Burros.
Somos o que eles querem que sejamos?
Quem quer que a gente seja alguma coisa?
Não deveria ser eu o maior interessado nisso?
Que raiva.
Esse maldito velho apertou tanto a corda.
Que ela está me ferindo.
Esse maldito velho me roubou.
Pensando que era um cavalo.
Meu dono antigo era rico.
Gostava mais de burros do que cavalos.
Já que os burros...
Trabalhavam mais.
Cansavam menos.
Carregavam peso.
Morriam mais tarde.
Comiam menos.
Que raiva.
Qual foi o motivo de eu ter fugido de casa?
Eu queria não ser humano.
Queria ser burro mesmo. É isso.
Queria ser burro mesmo.
Minha mãe.
Queria que eu tocasse lira.
Queria que eu fosse bem sucedido.
Queria que eu fosse aceito,
Ela queria muitas coisas de mim.
Eu não queria ser nada daquilo.
Achava chato esse história humana
De ser alguma coisa.
Todos aqueles assuntos.
Todos aqueles conceitos.
Todos aquele seres.
Querendo ser alguma coisa.
Não para si mesmos.
Mas para o grande teatro da vida.
Palmas para o grande teatro da vida.
Eu gostava era de ficar brincando.
Com a minha amiga Alice.
Ela era a única que me entendia.
Não me tratava de um jeito estranho.
Pelo fato de eu ser um burro...
Agora ela me olhava de um jeito estranho...
As vezes tenho a impressão que Alice não era humana também.
Me fazia perguntas sobre a vida.
Perguntas profundas.
De onde você vem?
Não sei.
O que significa tudo isso?
Não sei.
Deve significar alguma coisa.
Eu mentia pra ela as vezes.
Eu sabia o que significava, pelo menos pra mim.
Uma vez ela perguntou o significado do meu nome.
Eu disse.
Meus pais uma vez disseram.
Se fosse menina seria Lira.
Por que minha mãe gosta do som desse instrumento.
Se fosse menino seria Liro.
Por que minha mãe a todo custo queria um nome que parecesse com Lira.
Mas eu não fui menino nem menina.
Nasci um animal.
E no mundo animal dizem que tem
Macho e Fêmea.
E por amor a lira.
Deixaram Liro mesmo.
Ela simplesmente me respondeu.
Dizendo uma coisa que nunca esqueci.
O seu nome significa a forma que você tem nesse planeta.
E pela primeira vez na vida eu aceitei quem eu era aqui.
Decidi então fugir do mundo dos humanos.
Foi numa noite.
Quando todos dormiam.
Fui andando em direção a estrada. Só deixei um indício de minha partida.
Lembro de olhar-me no espelho do quarto.
E parti-lo em pedacinhos.
O BURRO:
O homem ainda dorme.
Nossa, já está amanhecendo!
O dia florescendo.
Pássaros voando.
Formigas nos formigueiros.
Cigarras cantando.
Os animais.
Cumprindo os seus papéis no mundo.
Uma grande cobra rasteja no chão.
Cobra...
Uma grande cobra rasteja no chão.
Indo em direção ao velho.
Vai estragular ele.
Vai morrer dormindo.
Liro.
Você poderia deixar!
Liro.
Você poderia deixar a cobra matar o velho!
Liro.
Você poderia deixar a cobra matar o velho sim!
Assim ficaria livre dele...
Mesmo amarrado.
Você conseguiria sair.
E finalmente seria livre de novo.
Livre!
Deste odioso homem.
Lembra.
Ele merece morrer...
Sim...
Ele merece morrer e apodrecer.
Sim.
Ele merece morrer nessa estrada.
Sim!
Por tudo o que ele fez.
Sim!
Ele vai apodrecer aqui.
Sim!
Ele vai agonizar até a morte.
Sim! Sim! Sim!
Você verá com prazer isso acontecer.
Você sabe!
Ele roubou o próprio irmão.
Por poder e riqueza!
Sangue do próprio sangue.
E quando ele estuprou a esposa do irmão por capricho?
E quando ele matou na frente do irmão esposa e filhas?
E quando ele viu o irmão pedido misericódia e trucidou atirando-lhe no peito?
E quando ele roubou tudo o que achava de valor e no final ateou fogo em tudo?
Puro ciúme, inveja e rancor.
E depois se embebedou.
E quando viu não teve outra escolha a não ser fugir
intuindo que você era um cavalo.
Liro!
Ele estava bêbado e não se atentou a isso.
Seguindo o caminho da estrada mais deserta possível.
Com medo de ser descoberto.
Levando você a tapas.
E quando se deu conta de que você era um burro...
Açoitou-o muitas vezes.
Pois o seu orgulho era firme.
Fúria nos olhos.
Cobiça na boca.
Terror nas mãos.
Já faz quatro anos que isso aconteceu.
Cavalgando no encalço do assasino.
Por qual motivo?
Poderia eu ter salvado meu antigo da violência?
Poderia eu fazê-lo escutar e mudar o rumo da jornada?
Poderia os seres humanos acreditarem que um bicho que fala e foi testemunha de tudo isso?
Liro!
Viste o horror acontecer.
Aconteceu.
E aqui estamos
E ele vai morrer assim?
Sim!
Pela boca de um animal?
O que eu faço?
Inhóóó!
Inhóóó! Inhóóó!
O homem acorda.
Inhóóó!
Inhóóó! Inhóóó! Assustado.
Inhóóó! Inhóóó! Inhóóó! Vê a cobra. Inhóóó!
Inhóóó! Inhóóó!
Olha para os lados. Inhóóó!
Inhóóó!
Inhóóó! Ela vai te morder.
Inhóóó! Corre! Inhóóó! Calma! Inhóóó! Isso! Inhóóó! Inhóóó! Calma! Inhóóó!.
Dá um susto na cobra!
Inhóóó!
Isso!
Um facão?
Inhóóó!
Inhóóó!
Prá que isso?
Inhóóó!
Não precisa matar a cobra!
Inhóóó!
Inhóóó! Inhóóó!
Não faz isso!
Inhóóó!
Inhóóó!
Ela só estava passando.
Inhóóó!
Inhóóó!
Não!
Inhóóó!
Ei!
Inhóóó!
Inhóóó!
Inhóóó!
Vai me bater de novo?
Inhóóó!
Inhóóó!
Por que você está me açoitando agora?
Inhóóó!
Inhóóó!
Inhóóó!
O que foi que eu fiz!
Inhóóó!
Inhóóó!
Inhóóó!
Eu salvei a sua vida.
Inhóóó!
Inhóóó!
De onde vem esse ódio?
Inhóóó!
Eu não fiz nada!
Inhóóó!
Inhóóó!
Inhóóó!
Vai me matar também?
E essa cara agora?
Eu sou um burro que fala.
O velho pega a arma no alforje.
Dispara o tiro.
Vertigem.
É tarde para corrigir-se.
Uma vez que tenha dito qualquer coisa. É definitivo.
Você tem que aguentar as consequências.
O BURRO:
Embora escorram minhas últimas horas nessa estrada.
Estou bem.
Embora escorram minhas últimas horas nessa minha condição dolorosa.
Não tenho medo.
Embora escorram minhas últimas horas na terra...
Sinto que o fim dessa vida se aproxima. Essa é a estrada que almejo agora.
O velho se foi.
Deixou-me aqui.
Libertou-me de vez.
Na beira da poeira da estrada deserta. Sozinho.
Em solitude e solidão.
Agonizo meus últimos suspiros.
Nenhum pai.
Nenhuma mãe.
Nenhum amigo.
Nenhum conhecido.
Nenhum desconhecido.
Vai ficar tudo bem agora...
Vivi o que tive que viver.
Palmas para o teatro da vida.
Na memória fui um burro.
Mas agora nesses últimos instantes...
Nessa terra...
Longa e pequena.
Vasta e estreita.
A história da minha pequena vida. Finalmente vivida.
Fatídica?
Agora prestes a ser esquecida?
Foi um sonho...
Um breve sonho...
Quem saberá dizer...
So sei que...
O outro lado da vida me espera.
Uma chance...
De viver e encontrar...
Quem sabe o país das maravilhas.
Já não permaneço preso no mesmo lugar.
“Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente.”
- Buda
“Se permites ouso Comparar o que penso A Ouro e Aro Na superfície clara
De um solário.”
- Hilda Hilst
Este texto está sempre acima de 40 ªC; Umidade relativa do ar. Ventos ultrapassam a 10km/h. O mar está bem próximo deste escrito.
M: E se eu fosse um rato? Moro numa rua sem saída… Sem sa-í-da! A-vi-da-é-sem-sa-í-da! Palmas. KKK! Filosofia cretina! Filosofar ô que gente? Tô cansado de filosofar com essa minha cara de burguesinho... SSSSSSafado! Bom. Já sei. Eu comecei a escrever. Pois estou relativamente grogue. Bêbada e Prostituí... Sempre é assim! Despertei em mim algo do passado. Pesnei. Opa. Pensei. Tem que escrever certinho. Direito. Correto. Escrever. Sobre alguams... Merda. Algumas. Pausa. Consigo lembrar? Do que era que eu tava falando mesmo. Tem certeza que isso é saudável? Vim falar sobre o que? Sobre trivialidades? Não... Simples fatos cotidianos? Era uma coisa bem medíocre... Deixa eu vê. Tô cansado! De ser profundo. Meu cú! Profundú! Tarefinha di-fí-cil. Criar uma coisa. Medíocre! Agora... Não, não, não é assim. Deixa eu explicar. Já que sou uma mentirosa! Patológica! Estou rindo agora. Não consigo escrever. Espera um pouco. Opa. Pera. Voltei. KKK! Não acredito! Não acredito! Nessas palavrinhas. Nesse teatrinho! Estou fazendo um! Me mata de rir esse menino! Uma criança. Tola ainda! Pelo amor de Deus. Desculpe Senhor! Quem é você? O mundo já acabou? Ainda não. Perdão de novo por isso! Tudo bem! O mundo já acabou? Já dise que não. Se mata. Que voz é essa? Ninguém vai te ler! De novo! Vai sim viu! Vai sim! Se mata! Para! Olha só! Esses teus
olhinhos imundinhos, tão dramáticos: só eles é que te leem. Gente. Tem coisas inexplicáveis nessa vida. Que voz é essa? Estou no diminutivo por que quero ironizar você! Enfatizar a cara de babaca! Narcísico! Viu? Não! Escute sua voz! A voz! Ecoando das tuas entranhas. Catacumba! KKK! Que porra é essa? Ai. Deixa eu tentar falar de novo com você. Não! Se olhe no espelho. Vamos! Escute! As palavras! Vamos bicha. Se olha! Na porra do espelho! Quero e-xis-tir! Ta me es-cu-tan-do? Não! Quem não quer! Não é mesmo? Quem não quer! Queridinho! Nascer. Crescer! Da o cú... Quem é você? E morrer? Vi-dinha fa-tí-di-ca. Ouviu? O que? Dar o cú... Eu dou! E ai? Qual é o provlema? Errei! PROBLEMA! PROBLEMA! Isso. Tem que escrever cer-ti-nho! Ocê! Oi? Pode morrer lembra?! Vou esquecer disso agora! Quem pode morrer agora? KKK! Tá certo. Vamo parar com isso. Esse assunto é só. Para os momentos. Fi-nais! A gente num precisa! É! Dá! O cú! E viver! Choro. Não chora! Eu! Choro! Sim! Só de pensar nisso. Meu! Cú! É... Não vamos falar disso. O que eu estou dizendo? Viado safado! Como disse? Viado safado! Eu... Só! Queria não existir nesse momento! Respira então! Um! Dois! Três! Bando de... O planeta terra está morrendo e você está fazendo o que com a sua vida? Oi? Você é um deles entendeu? Vivendo essa ilusão toda! Bando de... Cú! Escuta com calma. Sente o coração agora. Bando de gente enjoada. Não julga. No poder! Que? Anda fazendo... Carão! Escuta! Égua. Que vida
difícil. Será? Para uma rapariga como eu. Drama. Gente! Eu sou tão tapada! Olha isso. O quê? Bati o dedo! Mi-di-nho no sofá! Aiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Dor. Porra! Dor. Reclama! De tudo. Dor! Para de reclamar! De tudo! Dor. Burguês! Dor. Safado. Dor! Era isso que você queria não era? Meteoro cadê você? Que egoismo da sua parte viver uma vida tão artificial como essa... Quem está falando? Não vai adiantar! KKK! Você não vai me descobrir! Até mais... To beba beba beba! Não! Sou niilistinha! Sou! UMA! VA-DI-A-ZI-NHA! Desculpe preciso colocar! Pra fora! Todo o lixo que existe dentro de mim agora! Ni-i-lis-ti-nha! SIM! VA-DI-A-ZI-NHA! Ohgodbangbangkisskiss. Coloquei uma música. Deus! Me livre! Jeová. Saravá. Meu pai. Eterno. KKK! Mentira! Fecha a porta. Eu... Não sou uma VADIAZINHA! Eu... Sou mesmo é: PUTINHA!
Voltei. Ainda nisso? Quero dar! Calma. Pra todo mundo! Calma. Essa é a minha! Na-tu-re-za! É mesmo? Herdei do meu pai. Colocando culpa no papai! Grande desse jeito: que vergonha. Eu... Amava ser... O que? A PU-TI-ÂÂÂ-NE! Isso é um nome? G.H! Lembra dele? Aquele menino que não tinha nada haver com você mais por algum motivo você criou uma fantasia na cabeça e fez dele o seu amor mais profundo de vidas e eras causando dor e sofrimente sem medida para a sua própria... Quem está falando? Não vem ao caso! É assim que minhas amigas falavam de mim... Que amiga? Eu era! Esquece o passado. Era... Não! Sou! Eu sou uma...
Sou uma... Gritei! Que escandalo é esse? Cuidado vai acordar tua mãe! Que tá dormindo! E passou o dia preocupado com você. Vou para o espelho. Faço biquinho no espelho. Deus! Estou tão perdido? Olha pro espelho de novo. Inclusive! Estou lembrando de G.H nesse exato momento. Nessa madrugada morta de bêba eu preciso muito dele perto de mim. Você é realmente uma mentirosa patológica sabia? Eu? Agora! Estou com vontade! De chorar por mim mesmo. Olha isso. E... Me lamentar da vida. Vou colocar uma música. Meu mundo caiu. Canto. Canta canta comigo também! E me fez ficar assim... Canta canta comigo... Coitadinho de mim... KKK! Sou uma vítima! Do mundo. Ai que vida... Quem muito reclama, muito tem a esconder. Quem disse isso? Saudades! G.H! Tudo isso é uma farsa... Você sabe não é? Ele me comia bem. Isso é só uma ilusão da sua cabeça. Foi o primeiro! Ho-mem! Da minha vida! Que eu senti! Um grande PRAZER! Lembra que dou pra caralho viu? O quê? Adorava ficar ouvindo suas masturbações! Existenciais! Ele era ótimo. É muito fácil de se iludir quando está carente. Minhas neuroses! Deixa minhas neuroses. Ansiosas! É culpa da sociedade contemporânea! Quer saber! Vou mostrar! A bunda! Vai... Pelo celular? Você aprendeu isso aos 16 anos lembra? Ops! Não! Era pra já ter resolvido isso! Pensa menino! Pensa nisso! Nínguém pode saber tá! Sua mãe já sabe. Seu pai já sabe. Ele faz a mesma coisa. Eu... Não importa. É maior do que eu,,, Eu mostro sim! A BUNDA! Pelo
celular. KKK! Sério! Tenho tanta vergonha disso. Escolha sua sentir culpa. Tenho tanta vergonha. De novo. Escolha sua sentir culpa. De falar! É maior do que eu possa suportar. Será? Sobre isso quero te dizer uma coisa. Cuidado. É melhor ficar calado. Se for pra dizer alguma coisa. Que seja melhor que o silêncio. Eu... Vou... Dizer que... Sim! Eu... mostro a bunda pelo celular... Vai repetir isso quantas vezes criança? Vou gristar de noro! Errei! De novo. Porra! Agora todo mundo vai saber! Foi. Foi... A sociedade que me fez assim! A sociedade... É liquida! Num é? Lá vem você querendo ser o sabichão de novo! Mesmo assim... Calma. Pra quê tanto xilique existencial? Então se eu não posso falar! Vou beber! Água, bebe água! Agora não é justo... Você vai vomitar mais um vez. Mas eu... Lembra da sua sede...Tô com... Sede? Calma. Respira. Isso. Não! Lembro? Agora vamos lá... Uma coisa aleatória: o número 44. Não existe nada aleatório camarada. O menino do bar. Disse pra mim! Que esse número, 44! Que o amor era... Amor? Descansa um pouco. Foi isso? Não. Ele não disse isso. Ele disse: a sociedade era uma sociedade lixo. Era ou é? To confuso. Que horas são? É que os sentimentos são liquidos... Um pouco. Vou dormi! Isso. Dorme. Dorme que é melhor. Eu bebi feito louca! Sim. Eu ri da cara dele. Sim! Ele ficou com ódio de você. Ele não faz ideia! Do que estava falando... E você aparentemente também não. Pro álcool chegar na minha cabeça... Eu precisei! Ouvir aquela conversa
tosca! Você ainda está no bar. Lembra. Vive o agora. Mas eu queria dizer uma coisa pra ele: que a minha rola! Para. Era! Li-qui-da! Para de falar besteira. Você tá se autodestruíndo... Eu? Preciso mostrar minha bunda! De novo? Pelo celular! Agora. Pra que isso? Pera ai cadê! Fica quieto: cadê os cara? Vou mandar uma mensagem! Que horas? Quero fuder! Eu preciso! Mas eu moro na casa dos meus pais. Porra... KKK! O meu tesão é maior do que tudo. Aparentemente. Eu sabia que entrar no jogo da sexualidade era perigoso. Sabia? Fui evangélica. Que isso tem a ver? Vai dormir. A rola dele era pecado pra mim. Desacelera. Era a minha prisão. Tá fantasiando. Era o meu orgulho. Tem coisa melhor pra fazer amanhã. Gemendo pelo telefone toda sexta-feira. Lengalengablábláblá. Eu vou me auto lamber. Me come G.H! Ai que pensamento gostoso. G.H!. Nem ai pra mim! Aquela cara de pastel. Não comi nada. Eu vou... Cadê você? Mandando mensagem feito louca a essa hora! Do que adianta eu ainda estar aqui se você não me escuta? KKK! To beba. Uma parte sua está bêbada. A outra parte observa tudo. Consegui um estranho! Opa! No outro lado da câmera! Que gostoso! Tá me pedindo pra ser puta? Voz de macho! A-do-ro! Rouco de tanto fumar. Cre-ti-no! Desligou a câmera! Eu tinha 16 anos na época. Dei tudo de mim. Até minha ingenuidade. Era um adolescente magrinho. Feio ao ditames da época. Raquítico. Era um cretino! G.H! Me responde cão! Namora comigo! Eu só era
um adolescente! Felizmente perturbado pelos meus pais. E a internet me mostrou tudo o que eu não poderia esconder de mim. Na época foi a minha salvação. Um mundo. Novo. Escondido. A vida tava criando pra mim algo que vinha de fora: me consumia por inteiro. Estava procurando, procurando. Estava tentando! Dar! Para alguém! O... Meu! Não faz isso. Chega de ficar preso no passado. Você conseguiu essa noite se despedaçar todinho! Eu não consigo parar de fazer isso. Consegue sim... Não consigo! Algo dentro de mim enlouquece. Quer, queria... Sai daqui! Um bicho! Uau! Vai subindo! E... Subindo. O rabo quer crescer. Crescendo e crescendo. Um rato no telhado de casa.
Desculpa! KKK! O que tá acontecendo aqui! Ops! Minha mãe acordou. Tem um rato no telhado fazendo barulho mãe!
M: Embaralho palavras. Estoycantandomucho! Isso sempre acontece quando ele se embriaga. Vai parar de fazer isso? Quando? O quê? Quando você vai... Sê fala sozinho? É tão estranho assim? Falar na voz passivaagrassiva? OK... Ei vai embora já? Agora! Foi bom te vê. Mais um joguinho seu pra conseguir o que o seu desejo quer. Vou tentar organizar a cabecinha eu juro. Desse jeito. Fazendo o download aos pedaços? As memórias sucumbindo. Te prendendo desse jeito. Entrem! Em mim! KKK! Oi... Desculpa! Eu me perco em mim mesmo. Vamos! Eu canto. Tudo era apenas uma brincadeira... Lá dentro. Dentro. Queimando tudo. Canta. Rodopiando. Num movimento que não consigo controlar! Que dia memorável em? Amanhã vai lembrar de nada disso. Essa! Minha obsessão. Esquecer quem você é? De dar. Dar! Dar! Dá ordem! As coisas precisam está no lugar sabia? Como? Vou tentar de novo! A todo custo! De novo e de novo! Seja lá como for. Ordenar! Ordenar! Controlar. KKK! Agora quem vai rir sou eu. Do quê? Da sua obsessão de controlar o mundo. Sim! O mundo é assim! Lugares. Ai. Pessoas. Depois. Objetos. Por último! Sentimentos. E claro. Têm os traumas! A cabeça doi. Insiste em lembrar o que não se pode esquecer. Desculpe. O que você disse? Quanto tempo! Senhor Jesus! Minha luz! Aguenta senhor este ser. Ai... Não sou mais religiosa! Será? Mas eu
gosto dele. Que bom. O cara foi foda! Agora. Onde eu parei? Quem parou a onde? As palavras. Não. Os traumas. Estou sendo coerente? Desculpe. Vou tentar de novo! E lá vamos nós de novo e de novo. Já que estou trebada hoje. Por isso! Estou tentando organizar. Palavras. Principalmente. Palavras! Palavras dão ordem. Uma frase é uma ordem. Toda estrutura humana é uma ordem. Eu fico pensando. E pensando! Como não enlouquecer. Devia parar de pensar tanto. Enlouquecer com o tempo! Devia usar mais a inteligência. Que traz nas costas toda uma história calada e estranha. De usar suas escolhas para a liberdade. Não sei! O que de fato é mais fácil? Nascer nos primórdios da humanidade ou agora? O que acha? Isso é um perguntar toda. A HUMANIDADE! Lá vamos nós de novo. Onde estou? Se perdeu no próprio discurso. Quando... Ele aparecer... Me avisa. O que? A HUMANIDADE VERDADEIRA? O pensamento inteligente. Segue o que você estava dizendo. Pera ai. Que humanidade é essa? Qual é o motivo de toda essa cena? Paira sobre mim cabeça! Uma voz fiel e profunda. Talvez seja de outra dimensão. Eu Sou! De outra dimensão. As ideias! O mundo caduco. O mundo humano de ideias caducas. Filosofia! Cretina! Caduca. Elas vivem aqui! As ideias caducas de vocês! Nesse lugar de viciados! Vocês são caducos! Quem tá falando? Não me interropa agora! No corpo caduco de vocês. A alma fica presa e densa. E mesmo assim a humanidade é vazia, Ixi! Dizem que é a crise! Eu
digo que é loucura e ilusão! 27 viu? O que? Achar que a humanidade é vazia e caduca? Silêncio! Calma rapaz. Você pode morrer a qualquer momento. Só lembra disso. E vai morrer desse jeito. Olha a bagunça. Que bagunça? Todo mundo passa por isso. 45. Não era 44. O que? As pessoas que morreram? Quantas! Milhões. 44 milhões. Eu vi na reportagem.
Em que ano estamos? Não temos mais contagem do tempo. Eles nos roubaram lembra? Poderia ser você. Foi Deus. Tudo é culpa de Deus. KKK! Vou escrever com D maísculo. Pra representar a sua magistral presença nesse momento. Quem tá escrevendo? Eu! Eu quem? KKK! É sempre mais fácil culpar! Deus! Não acha? Deixa de ser impulsivo menino. Profona. Ora vamos! Que sacrilégio. Só se vive uma vez. Você está sendo pessimista! Não estou não. Estou? Existem pessoas que estão vivendo agora e nem se dão conta. Estão vivamente mortas. O que é viver? Sorte? Será uma maldição ser assim? Eles nos observam o tempo inteiro. O tempo inteiro. Roubaram o nosso tempo. Acorda. Acordar como? Não, não e não. Pare de julgar. Vamos para o próximo nível! Que nível? Começamos os julgamentos agora? Outra vez esse assunto. Julgar! Olha a minha vida. Que vida? Julgar as possibilidades? Que possibilidades? O que foi dessa vez agora? A consciência! De uma imagem! Foi fixada! Acorda criança! Que papo é esse? Eles estão nos vendo. 24 horas por dia! Não esquece o o que eu te disse! Eles agora queimam as travestis. Ta
passando até na TV aberta. Elas! Morrendo. Escrevo com M maísculo para representar sua presença angelical aqui no meio de nós. O coração delas arrancados. Pura maldade. Cadê a elevação da... Mata! É o que eles fazem. A humanidade faliu entendeu? A muito tempo! E não temos muito tempo! Acorda de vez. Não é sobre você. Faz alguma coisa. Sai dessa criança. Chega de fazer teatrinho pra você mesmo. Fala alguma coisa. Imaginei ele! Resando! No corpo dela. Tirando o seu coração. Do que adianta isso se você continua ai parada sem fazer alguma coisa. Escondendo no armário da própria mente. Junto da santa Aparecida. Ave Maria. Mata a travesti. Eles disseram. Eles dizem. Eu chorei. Mata. A travesti. Do que adianta chorar se você ainda está dormindo na própria merda. Entendeu? Essas machos. Lá vamos nós de novo!
Eu sou uma macho! Não entre nessa. Eu tenho fixação em macho. É só um jogo de identificação. Doente. Babaca! Que sou. Dar pinta pra macho. Macho é escroto. Tudo biscoito do mesmo pote estragado! Que eu amo! Amo comer de vez em quando! Para! Vai ficar polarizando até quando? Queria minha independência. Então para de viajar na maionese e acorda. Eu estou com fome. Já mudou de assunto? Mas eu sou viciada nele. Vou mandar mensagem. Ei. Você viu o que acabou de acontecer? Quem tá falando? Lembra que você nasceu pra dar pra ele! Só pra ele! Vagabunda. Você é uma Vagabunda! Quem disse isso? Bicha! Chega de
metafísica! Volta pra realidade agora! Caralho! Calma! Eu trebada desse jeito! Pra ficar escrevendo metafísica assim. KKK!. To trebaba! Errei! O fato de aprendermos. A pensar de um único jeito. Eis ai como as coisas se dão. Entendeu? Ou preciso desenhar? De maneira errada! E todo mundo se lasca. Nessa dança de narciso! Não consigo controlar meus pensamentos. Mentira. Cretina mente. Você só adora a dor. Eu estou aqui! Agora. Acorda Tentando descrever esse eu, eu, eu, eu... Isso não tem saída entendeu? Que duas letrinhas difíceis! Se tem tanta coisa! Tanto lixo! Nessas palavras... Eu... Duas pobres letrinas fatídicas. Não é? Qual é agora a metafísica da vez? O eu tem um nome? Tem um corpo? Tem um lugar? Tem só uma vida? To cansado já. O eu não existe. Oi? Mesmo que você não entenda completamente o que eu acabei de dizer! A vida! Eu! Não existe! Só queria dizer! Bem-vindos ao meu drama pessoal. O eu não existe! Entendeu? Você é obcecado por essas coisas caducas. Eu... Sei que sou puro lixo. Lá vamos nós outra vez. Quer saber! Esse eu: regido por muitas coisas materialistas que se foda. Adeus! Não me diga agora que vai me deixar? Olha tá falando comigo! Ou tá só fingindo me escutar. Mas eu é! Sou! Viciado! Nele. Pronto falei. Tanta informação. E tem tanta coisa pra fazer. Esqueceu da tua missão! Que missão? Eu quero viver mas ao mesmo tempo eu quero morrer! Olha, não importa. A lei é clara. Faça o que você quiser. Trágica essa sensação dúbia. De escolher por si
mesmo? Esse eu tem estruturas complexas? Não vou responder bobagens! Foi o que diserram pra você me dizer? Tá sentindo com a cabeça! Meu ombro doi. Meu joelho doi! E meu pé. Ah como doi! Vou tomar um remédio pra apagar e esquecer toda essa dor. Canta. Vou colocar uma música. Olha. A música da Xoxa. Aprendi! É facil cantar. Desse jeito! Como minha amiga Lorry cantava. Saudades dela. Minha amiga Lorry! Me ensinou tantas coisas obcenas. Falar! Com jeitinho! Só meu! Entendeu? Dá pra imaginar! As mais sutis barbaridades! Pra curar feridas tão profundas. Viciantes. Humanidade não se choca mais com nada. Desintido agora em três, dois, um... Desculpe! É sem sentido mesmo viver desse jeito? O que? É poético? O que? O eu? Me responde por favor. Ela disse pra eu agir. Ela quem? Você vai saber. A vida vai mostrar! Ela disse: Desperta Poesia! Com DP maiúsculo dá mais credibilidade e penetração. COM DP é mais gostoso. Que saco esse corpo. Que dor. E suas ações em criancinha? As vezes são premeditadas e automáticas. Outras vezes impensadas e de outros tempos? Não! Claro que não! O eu de agora é do meu corpo lindo! Lembra. Você é um viciado! UM VICIADO! UM VICIADO! É difícil ouvir isso. O corpo sempre mostrando. E você negando. A si mesmo. Mesmo o corpo dizendo! Outro corpo não basta. Existe dentro dele um dor que não passa. Uma culpa implantada de eras. Pela religião? Pela política? Pela família? Pela escola? Pela sua cabeça?
Não vem ao caso! É melhor você não saber. Sem contar a ciência que aprisiona! Não fala dos meus amigos. Um Deus morto. Meia boca esse mundo em! Esses que vocês inventaram e se acham os donos. Não tem nada haver com meus amigo Jesus! Um extraterrestre do bem! Você conhece ele? Que só não resolve! Os nossos problemas! Pois... Nós fizemos essa bagunça! Toda! Com a nossa cabeça. Que porra é essa! Com quem você tá falando? Não captou a informação? Até mais. Uma última coisa. Eles querem! Usar a gente! Entendeu? Não? Olha. Vai andar! Sim? Anda. Anda. Nesse caminho do auto suicídio mental! Tentando achar quem tem escolha! Tem saída! Ai, ai! Se mata, se mata. Eles entraram na linha entendeu. Não acredita neles. Mas já estão todos mortos de uma certa maneira. Lembra? Não acredita neles. Vivendo morta mente vivos? É isso que você quer? Não acredita neles. Bocejo de cansado. Que papo é esse que ta rolando aqui? Estou cansado preciso ir embora. Estou aqui no lugar com meus amigos. Nesse lugar onde? Mais especificamente no sofá da minha amiga. E fico pensando. Tudo o que você pensar agora será deturpado por ele. Sempre fico pensando. É melhor acalmar os pensamentos. Mais um vez. E se. Como organizar. A minha vida! Lembra de quem você é.
M: Pelos meus olhos. Eu estou do avesso! Um pouco mais sóbrio! Festa! Minha cabeça está desorganizada de novo. Festa! Beija um. Beija outro! É carnaval no meio do ano! De novo! Não aguento mais! Aguenta sim! vai! Beija! Seduz! Que sensação boa em! É esse que você quer? Que tudo vai acabar agora! E pode acabar. Mas pensar nisso não vai deixar você viver toda essa maravilha que tá acontecendo agora. Mas tudo vai acabar mesmo cara! Fique tranquilo! Festa! Luzes. Ei que saudades de você. Ele acabou de me pedir desculpas pelo que fez no passado. Eu simplismente ignorei. Vai desabar. Lembra. Esse mundo da maneira que está é INSUSTENTÀVEL! Pelo menos em uma parte da vida. E eu vou morrer? VAI! KKK! A não ser que... Que... Tem uma saída! Quem tá falando. Estamos em que ano? A qualquer momento tudo pode acabar. Que lugar é esse! Só me escuta é rápido. Antes que eles entrem na linha de novo. Você não consegue sentir alegria? Em mim? Alegria em mim? Na minha cabeça sim. No meu corpo não? Percebeu? Não! Certo. Nunca termina. A sentença dessa vida moderna é coerente. Entendeu? É um enigma? Eles cortaram a eletrcidade. Ficam fazendo isso o tempo todo. E você ocila. Você precisa aprender a surfar. Eu? Sim! Tenho medo do mar... Quem tá falando? Você é pura epilepsia mental. Alguma coisa que eu posso fazer para mudar isso? Sim. Tento pensar. Não é pelo
pensamento. Lembra. Não pensa: sente. Coisas boas. 04:06 agora, não era 04:50? Em que tempo estou? Tento pensar. Ñão pensa: sente. Coisas boas estão por vir. Era o que eu estava fazendo. Ontem antes de dormir. Tentando relaxar. Mas não dá! Não dá! Não pensa: sente. Vou fumar! Pra quê? Vou morrer de tanto fumar. Não pensa: sente. Se eu morresse amanhã de manhã? Ninguém iria ligar. É a música que tá tocando no bar. Lembra. Estão tentando fazer você acreditar. Não pensa: sente. Já que ninguém não telefona a niguém. Um dia. Minha asma ta voltando. É infernal isso.
Não pensa: sente. Vou morrer sufocada. Tentarei pensar coisas boas. Já que estou mais calma! 05:50.
Já Será? Preciso pegar o ônibus! Depois de fumar vou ligar pra ele. Ele quem? Não pensa: sente. Dizer para a cabeça. Pense coisas boas. Agradeça! Gratidão! Que coisa. Eu não consigo! Você sempre fala as coisas no NEGATIVO! Não entendi o seu ponto de vista! Esquece! Não pensa: sente. Ao quê? Ao jogo. Do mundo! Foi! O que? Meu terapeuta! Basicamente disse! Com outras palavras... Sobre o jogo da vida. Oi? O maldito terapeutra que disse... Não pensa: sente. Você precisa! Você não precisa de nada! Entendeu! Nada! Não precisa ser nada. Nadica de nada. No início nada vem. No meio nada fica e no fim nada parte! Eu tatuei isso por algum motivo. Cadê? Ei to indo embora da festa! Vamos mais uma vez dançar? Estou precisando ir embora. Seja grato ao momento. Obrigado pela noite. Pelo
que você tem. Obrigado pelas palavras. Merda. Me liga. Difícil. Eu senti o seu olhar. Nunca ele vai me ligar. Meu Deus! Como eu sou burguês! Safado! Reclamão! Ser humano de merda! Não pensa: sente. Até pelo fato de agradecer me sinto um tonto! Que palhaçada é essa. Eu não nasci em berço de ouro. Mas tenho cara de rei! Me lasquei. Misericórda. Como fala pra minha mamãe que é culpa dela? Tudo o que eu fiz foi pensando no bem de mim mesmo. Esse não seria o problema real? Não precisa falar. Se perdoa. A raiva me consome agora. Sinto um roçar suave dela! Que não quer deixar ir o passado e quer controlar o futuro. 08:00 chego em casa. Há um dia todo para viver. Você é o seu pior inimigo. Só lembra disso. Não pensa: sente. Um consumismo diário sem explicação entra na minha mente e consome o meu coração. Mata a minha alma. Destroi a minha felicidade. Vejo fotos de uma realidade presa. E lá no fundo quero ser algo tão morto que não entendo a motivo para. Ficar preso? Preso com a gaiola aberta? Compreensão. Do quê? Tem algo! Cutucando o coração. O meu cu atiçado? Brasa viva queima. Deixa queimar. Sair como uma borboleta. Sim. Morrer como uma borboleta.Sim! Em glória. Não pensa: sente. Happinessisabutterfly. assim diz a música. Todos os dias a vida é como uma canção de ninar. É sempre assim. Sempre assim vou repetir. Sempre assim! Pra ficar enfatizado no meu coração. Happinessisa butterfly. Canta de novo pra purificar. Quando o meu mundo caiu.
Era assim. Todo mundo admitia a mentira. Mais carinho. Não. Mais pureza. Não. Mais calma. Não. Mais alegria. Não. No meu jeito de lidar. Claro que não. Pera. Não é sempre assim. Se entrega. me entregar ao quê? Quando a canção se fez mais forte. Mais sentida. Quando a poesia fez folia. Em minha vida. Eu fico repetindo isso sem motivo algum. Será que é sem motivo mesmo? Você veio me falar dessa paixão por outra pessoa. Aqui doi. E vai doer criança. E depois que doer. Sentir a dor. Passa. Eu já entendi! Que a vida é a arte da prostituição! Pode até ser nesse seu mundo caduco. A arte é o tempo da vida acordada. Entedeu? Não! Pensa e sente agora. Lembra da música. Na terra de deuses e monstros. Eu sou um anjo querendo ser fodido de verdade. Noone’sgonnatakemysoulaway! Bêbado ainda do jeito que estou! Penso que estou a delirar. Não pensa: sente. Não tenho memória alguma. Não tenho lembranças! É isso que eles querem que você pense! Eles quem? Cabecinha onde está você? Vamos. Ajude. Se entrega somente. Uma memória. Praia. Amigos. Igreja. Andei 11km. No asfalto. Quente. BR. Para chegar. Praia. E Falésias. Fotos. Postar na internet. Esperar o seu comentário. Amizade. Voltei. Casa. Queimado. Do pés a cabeça. Burro. Não passei protetor solar. Se perdoa. Hoje. Agora. O passado já foi. Nem falo mais com meus ex-amigos da igreja. Não fique preso no passado... Quem disse isso? O dia em que eu. Respira. Peguei. Carona. Por sinal. Ele. Era. Muito. Gostoso! Não
pensa: sente. Perdoa. Lembro. De. Querer. Chupar! A rola! Dele! To-di-nha! Isso não é você. Respiro. Olha, um breve espaço. Mas tive medo. Misturado com tesão eu fico louco. Não julga. Com dose de vergonha. Remorso dessa memória. O passado já foi. Minha primeira experiencia sexual. Não vem ao caso. Foi com um estranho. Já passou. Pensei que eu ia morrer. Não pensa: sente. De hemorragia no cu. Tenho vergonha de encontrar o cara por ai. Se entrega. O sangue era como menstruação. Respira. Quando criança. Lembro. De levantar a tampa do vaso. Estou entendendo agora. Anos depois. No banheiro. Leve. E ver a menstruação. Já passou. Da minha mãe! Fala eu te amo pra ele. Lá no fundo da água! Você consegue. A menstruação! Lembra que você não é nada disso. Da minha mãe brigando com meu pai... Espaço interior. Meu ser: o nascimento. Espaço. Lembra Do espaço.
M: Estou em crise. Tem sangue entrando em todos os sentidos. Sempre quis ser mulher. Já que! Já que. Desde criança! Eu... Eu! Sentia! Que... Eu! Nasci! No corpo! Errado! Eu sentia! Desde esse dia! Desde esse fatídico dia. Não importa. O dia em que meu pai. Uma cadeira voando no espaço. Parei. Na minha mãe. Até hoje sinto raiva. Remorso. Ainda? Já faz tanto tempo. Da violência gratuita dos homens. Dessa sensação. Gratuita da violência. De onde vem isso? De que um homem é capaz de matar. De onde vem isso? De matar. A morte sempre aparece em alguma parte do caminho. Resolveu agora rondar minhas memorias? Sonhei que era um manequim no meio da rua. O enquadramento. A imagem é assim. Parece um sonho agora. Era como se fosse os meus olhos: vendo a rua toda cheia de gente e meus pensamentos por aí. E de repente. Caio no chão. E peso do plástico. Leve e oco. Sinto! Ao mesmo tempo! A solidão! E a alegria! De estar! Sonhando. Que peso é esse que carrego comigo? Será de outras vidas? Digo gritando. Morri! Acordei! Assustado. Estou todo suado. O dia que entrei pela primeira vez lá naquele lugar. E silêncio. Apenas silêncio. Passear de ônibus. Não era de bicicleta? Meu esporte preferido... Sentir os lugares de passagem. Ir lembrando que transei. Transei aqui, transei aqui, aqui e aqui! Tolice que insiste. Primeiro beijo. Foi com um homem. Mas eu queria ser mulher. Chegar
em casa vou tomar um banho bem demorado e limpar todas as minhas culpas. Depois do banheirão na faculdade. Ninguém pode saber disso ouviu? No pensamento tudo se esconde. Será? Não posso subir. Aos céus! Sem beijar. A boca de um macho! Deus deve rir do meu vício. Que Vergonha, senhora e senhores! Que Vergonha! Com V maiúsculo para deixar mais dramática a cena. Estou com vergonha no meu sonho! Tombado no chão! Com cheiro de sol! E plástico queimado! Cúmulo ter que passar por isso. Uma vergonha dessas. Pensar em fazer sexo.E se for sexo com deus? Não ouso colocar o D maiúsculo agora. É possível com todos os pensamentos que temos ser salvos dessa miséria humana artifícial?
Só que Deus não tem corpo. Esqueci disso. Mesmo assim. Fiquei com puta tesão em deus! Memórias do meu sonho. Procuro memórias vãs. Que ainda estão na lata do lixo do insconciente. O dia em que meu pai. Teu pai de novo? Ficou falando com a amante dele. No celular. O dia que transei numa livraria. A temática é só essa? Que obsessão criança. O dia que dancei com um desconhecido na cozinha da casa da mãe dele e pedi que ele me amasse até o fim dos tempos. Isso não aconteceu. Você está mentido agora. O menino tem ou tinha namorada. Vagabundo. Admito. Só quero viver a safadeza da vida. Será? Eu fiz! Sexo! Numa livraria! No centro! Da cidade. Que intelectual. Não poderia deixar. Um oportunidade como essa. Passar. De quatro! Na bancada. Lá atrás perto dos livros velhos! Tesão.
Consigo lembrar do formato da tatuagem. Era no braço direito. Posso ser um pouco safado quando quero. Sonso. Gosto de ser safado. Sonso. Ta! Eu sou safado. Bora lá. Coloca pra fora. Eu sou safado! Tesão do caralho. Se controla. Libera geral. KKK! O dia em que roubei as obras completas do O. W. Sempre fui uma ladra de livros. Bicha intelectual. KKK! Mais uma máscara pra contar história. To bebassa agora. Sempre quis ficar bebassa e saber! O que? Ser bicha intelectual bebassa faz diferença? Vai morrer querendo! Nunca entendi o que você tá querendo. Você é tão confuso. Que você? Desculpa A autoestima aguçada não é o meu forte. Mas sinto que. Sendo um verme. Traça. Que roí palavras que nem um eplético em crise: não estou conseguindo controlar os pensamentos. Não precisa de pensamento nenhum. Sexo, outra vez? Só pensa nisso. Uma perna, drogas, Maria e Juana: putaria na casa do S. Foi uma orgia: nunca fiz: pra quê toda essa cena? A pornografia vejo sempre, está nas ideias que captamos desse mundo caduco humano. Sem pé! Nem cabeça. Passam. Furtivas. Todo o tempo. Pela minha cabeça ansiosa modernissima de artísta. E a bad que bater toda hora toda hora. Estou tentando. Tentando encontrar palavras vazias. Abrir um espaço vazio dentro do meu peito. Descrever essa sensação. Aterradora que é viver: essa mente é fatal. Em palavras diretas: reciclar seu lixo. Tenho medo de morrer velha. Solteirona. Maricona. Uma vadiazinha psicológica me aterroriza. Quem?
Uma vadiazinha psicológica. Entendeu? Sempre quando fumo a Juana fica doida rea de pedra! Esse é o nome dela. A Psicológica. Beber chapar & fumar. Não sou e nunca serei! O J. A J. é foi uma pretty woman, andando pelas ruas. Merda! Vez ou outra a minha lingua embaralha. Nascihomem. Vida, o que eu fiz pra merecer isso? Que destino. Nascer homem nesse momento de transição. Não reclama. Já disse do que tenho medo? Tenho medo. De mim mesmo! Da minha animalidade. Do meu lado irracional instintivo. De cruzar uma linha incruzável. A da insensatez. O que foi que você tomou nessa noite pra chegar a esse ponto? Loca, loca, loca, como diria o meu amigo argentino que foi embora. Saudades. Aquele sotaque arrastado. 04:48. Não era pra ser 04:07? Esses números aparecem assim. Premonitórios. Loca loca loca. A gente fumava junto. E ria da putaria. A gente conversava putaria. Se conversava muita putaria. Sempre tive tesão no M. Graças a Deus! Nunca aconteceu nada. Nunca passei do limite. Da nossa friendship forever. Minha mente é o sumo da Babilônia. Acabou por hora. A distancia limita. A vida tem um limite. Todos nós fomos educados. Para ficar dentro do limite. O limite do aceitável. O limite. De alguma coisa. O limite. Do mundo. Ao passo que o mundo. Nos dá um limite. São vários limites. Todos os dias. Aqui e ali. Até as palavras são limitadas. Filosofô em! Nesse estado de consciência. Elas só podem chegar ao céu desse jeito. Quem vai pro céu? Estou
escrevendo por causa de quê? Eu sou uma farsa já disse isso? Você percebeu nas minhas palavras. Por favor, diga que sim. Não tem como você dizer que NÃO? Para desmascarar o que de fato. Sou? Ser eu mesma é a solução? Existe um ser eu mesma? KKK! Faz tempo que não faço terapia. Só sei que:não preciso mais! Buda é a minha salvação. O mundo já acabou entendeu? Não fala assim: você é o mundo. Não tenho mais paciência. Pra quem ta começando. Valha. Escrota! Vamos. Agora deu pra bancar de orgulhoso. Coloca pra fora esse choro mimado de uma criança de dois anos que você tem dentro de você. Você consegue. Para de se fazer de durão, chega de interpretar a vida. Coloca pra fora esse choro. Uma lágrima é capaz de curar... As palavras tem o poder de curar. Não! Resistente em? O corpo da palavra é a escuta do agora. Irremediável. Cansado. Como sua cara refletida no espelho todas as vezes que tentou encontrar lá no fundo a sua verdadeira face. Quanto eu bebi essa noite eu queria esquecer de mim, mas tudo o que eu encontrei. Foi uma bagunça. Eu entulhei durante anos e anos. Ainda estou olhando. O espelho. Velha. Enrugada. Vadia filosófica! Sempre caio nessa. Fugir. Covarde. Tolo. Imundo. Porco. Burro. Que bagunça. Tentando organizar de novo: vou fazer uma lista: Vai comer alguma coisa. Não acorda os teus pais que estão em casa. Vomita mulher. Estou escrevendo esse texto no celular. Que dor de cabeça. To tonta pra caralho. Ai. Cai. Pera. Não faz barulho e toma uma banho.
Tua mãe vai acordar de novo. Ela está acordada você ouviu? Ela sabe que você bebeu e vai te julgar. Grande vida a sua. grande adulto você é. Bebezão da mamãe. Saio andando. Estou escrevendo ainda. Abro meu armário de livros. Um momento: um livro aleatório, preciso de um livro aleatório. Os entulhos desse ser. Que melodramático. O homens Ocos. Cada um de nós. As vezes deveria lembrar. O mais alto e afortunado momento. De nossas vidas. Para mim. Foi ser uma cara. Muito jovem. E dormir sem nenhum centavo. E sem nenhum amigo. Somos os homens ocos. Sobre um banco do parque. Numa cidade estranha. Essa cidade é estranha. O que não diz grande coisa. De todas as décadas. Que surgirão. Entulhos do ser! Isso não serve de nada. Vou tentar mais uma vez. Dentro de mim a ideia das almas. Do amado. Vomitei na cozinha! Sou culta e porca agora. Virgem e puta. O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE? Minha mãe está fazendo um chá de boldo, ela superou os meus chiliques. Acho que é isso então. Parecer que estou cavando um poço. bem profundo pra matar a mim mesmo. Atolado de merda o pensamento. O cheiro do ralo do banheiro. O gosto da bebida volta. O ácido na boca corroí a minha paciência. Dentro da minha cabeça. Aqui vamos nós. Mais uma vez. A ultima bebida. É o que me lembro. O ultimo poema. Se eu morrer agora? De verdade? Outra madrugada bêbassa! Lembro de ter pegado a ultima taça. Bebi. com B maiúsculo para enfatizar a ação. Olhei paras os 49 lados. Já
estou no 49. E não havia lados. Tinha si uma revolução que acontecia dentro de mim. E fora de mim. To lembrando a essa hora da noite o texto da peça! Sou um ator fracassado. Tenho que confessar. Por isso estou aqui. Começo a ficar com dor de cabeça. Acho que. Estou até me repetindo. Foda-se! Foda-se! Foda-se! Estou cantando de novo. Foda-se!
Com F maiúsculo para, sei lá, é a minha vontade agora. Eu tenho todo o tempo do mundo agora. Preciso continuar minha jornada. O que vou fazer amanha? Trabalhar de ressaca. Minha cabeça diz. Que não. Fala uma mentira. Fala uma mentira. Pra não ir trabalhar. Mas preciso ir. Continuar minha saga de operária. Sempre chego num ponto em que a minha preguiça ataca e finjo um doença pra fugir da realidade que eu criei. Procrastinadora nata é o pecado que te pesergue! Tudo bem, eu me aceito assim! Finalmente uma verdade. Gente, eu me humilho demais. Cadê a autoestima! Você pode. Você consegue. Você é linda demais! Perfeita as olhos do pai! Eu odeio meu pai, lembra? Odeia? Bora preguiça. Vai embora. Xô! Que o dia foi cansativo! Eu não ia beber. Sim! Eu ia beber sim. Mas fiquei fingindo que não ia beber nada. Loca! Tudo começa quando a gente mente pra si mesmo. Dizendo que a minha mãe estava no médico. Tinha transado com um boy, Hoje de manhã. Eu tava cansado. Não queria dar para outro. mas eu dei de novo. Mentira. Queria! Você deu. Ele me chamou. Pensei. Então disse que não ia. Ele falou que pena!
Só que eu não gostei. Do modo como ele falou. Que pena! Amor. Que pena! Como sou supersticioso. Senti um tremor. Ganhei o livro espírita da minha avó morta: olha o que diz: estuda tuas próprias imperfeições e trabalha sem cessar. Senti um tremor. Comecei a ver vultos. Mentira! É verdade. Comecei a ver vultos! Quando ela estava nas últimas. Entubada. Eu estava sentindo. Uma sensação estranha. Era uma criança mimada no fundo da gaveta. Lá naquela porta que você deixou a chave aberta e reprimiu. Abri a porta. Vi muitos desenhos. E minha imaginação intensa! Como era intensa. Não tinha arrependimento algum. Brincava no corredor de casa. As lutas travadas na imaginação. Eu representava tão bem as personagens infantis. Que eu poderia ganhar o prêmio de melhor ator. Gostava também. De dançar.
Dançava que nem ventania. Sozinho no meio da casa. Montada com lençóis. Quero o vestido da realeza. Eu era a princesa da realiza mais alta. Descendo as escadas do palácio. Acenando para os súditos. Como eu era linda. Mas mamãe descobriu.
E exigiu que eu fosse homem. Apesar de saber. Que isso nunca iria acontecer. Mas a criança se empenhou. Seguiu com a culpa. Vivendo a vida. Entre lástima e bonança. Anos depois encontraria o amor. Na cama de um hospital. Onde uma desconhecida. Agonizava. Sem juízo final. O apocalipse já está acontencendo. Eu reconheço agora nos sinais da minha mente. Que ela também
viveu todo esse tempo me iludindo. Quem? A minha mente? A sua experiência. Comecei a ser que nem o papai. Comecei a ser o papai repetindo os dramas da nossa família. O final está fechado. Para nós que somos jovens. No final. Somos. Como nossos pais! Paro. Por um segundo. O que estou dizendo? Faz sentido. Vomito. Letra por letra. Cravo as mãos. Em meu rosto. O suor desce pela cara. Está quente no quarto. Quero escrever a noite toda. 50, cheguei ao ápice? Esses números aparecem do nada. Mas as forças estão me debilitando. A bebedeira já está passando. Tenho o dever. De ir até o fim. Respiro. Tenho o direito. De ir até o fim. Deixe-se ir. Até o fim. Foi assim que. Fui pra casa dos meus pais. E lá eu cheguei. Olhando pro celular. Falei com minha mãe. Olhando pro celular. Estava ansiosa. São 00:00. E decido mandar. Uma mensagem. De amor. Pra mamãe. Dois minutos. Se passaram. Enviei. Dizendo que amava muito ela. Pois se eu morrer aqui. Agora. Ao lado do quarto dela? Como irá se sentir. Ao acordar? Lembro. De ela falar-me. Sobre sua vida. A boa filha. A destemida. Não espero que ela responda. Minha mensagem de amor. Onde eu estava Estava na casa. O cão atentando. A vontade de foder lá em cima. Minha mãe falando. E eu olhando o celular. As mensagens surgindo. Pensando. Não tenho dinheiro, Pra pagar minhas contas. Mas mesmo assim. Insisti. Queria fuder. Pedi, Foi caríssimo. O carro demoro. Coloquei músicas entediadas. Seguir minha viagem. Puta,
da vida. Não sabendo. O que iria acontecer. Já que não tinha tesão. Mas eu queria ter tesão. Estava me obrigando a ter tesão Tinha dado pra dois. Pra dois! O primeiro veio! Fez uma história. Eu era o filho dele. Ele meu pai. Chegou o segundo. O psiquiatra. Disse. Eu fingi como sempre. Cretinamente tentou me seduzir. Eu aceitei. Era o que tinha. Adorei a brincadeira de mentira. Quando ele batia tudo o que eu queria era chorar. Mas eu gemia. Na cara dele de satisfação. Eu ria mas morria por dentro. Lembrei de um video pornô. As imagens estão incrustadas na cabeça. É um virus. um chip que eu mesmo instalei com medo de a mamãe chegar e mepegar fazendo coisa errada. Ele dizia pra eu lamber. Sentia um tesão morto. Um tesão tão estranho: morto. Fiquei assustado. Quando ele pediu pra eu gritar. Mas eu não gosto de gritar. Disse fingido. Contente-se com minha cara de safado. Estou cansado por dentro, pensei. Já é muito tarde. Mas eu prometi ir até o fim. Tenho o dever. De ir até o fim. Ele dizia. Goza! E eu. Papai papai. Bate, bate! Não goza! Ai fingi. Gozei! Gritando. Tive que gritar fingindo o grito. Ele disse que não era pra gozar. Mas era o mesmo que dizer pra eu gozar. Só que eu não gozei. Mas deu certo no final. 15 minutos se passaram somente. Ele disse que ia me ligar. Ele nunca mais vai ligar: eu sei. Eu sei. Esqueci do vibrador. Ele colocou no meu cu. Pulsando, pulsando. Um vibrador depois que tudo terminou. Foi bom pra eu mentir de novo. Nunca
tinha experienciado algo tão morto. Eu disse pra ele que foi bom. Ele sorriu. E foi embora. Só que não tá bom. Tá bom. Essa história não tá bom. Não é? Eu disse no inicio. Se eu fosse você parava de ler todo esse lixo. Entendeu. Errei ao escrever tudo isso. De que serve todas essas palavras? A vida não tá boa e essa história também. Lembrei. Quando pedalava na bicicleta. O céu. Final de tarde. Vi a lua cheia. Sobre os prédios. Junto com os meus sonhos sendo iluminados. Foi quando. Me assustei. Pensei. Que vozes. Estavam falando comigo! Um moço passou na rua. Senti tesão. No corpo: não na mente. Você é uma farsa. Sentei na cama. Estou pingando de suor. A boca seca. O coração acelerado. Uma dor no peito. Não! 51, Já? Que vida. Cheguei em outro lugar depois do ante penultimo. Eles abriram a porta. Tinha cerveja. Tomei. Mesmo com garganta fudida. Cheguei chupando. Não me importei. O pau do peludo. O diabo no meu corpo. Falando comigo. Chupa. Chupa. Gostoso. Dizia. Gostoso. Gosto de ser safada. To numa fase safada da minha vida. Sem pudor nenhum. Chupava com água na boca. Querendo esquecer minha vida. Minhas memórias. Minhas frustrações. Sem pensar nada. Em ninguém. Faz duas semanas. Que terminei um namoro. Eu fingi. Que queria. Um namoro. Como sou escrota. Ele era um querido. Mas no fundo. Não sentia nada. Eu provavelmente sei. Que ele vai ler essa frase um dia. E vai se emputecer, Mas será que estou. Dizendo a verdade. Acendi o incenso. De hortelã.
Na madrugada. Dizia na embalagem. Que afetava. A memória. Por um segundo. Paro. Olho para minha existência. Fatídica. Como todo ser humano é. Vejo meu corpo. Num estado de gozo. Continuando sem parar e medir as consequências. Os dois falaram comigo antes de eu chupar. Mas estava tão obcecado em mim mesmo até agora. Que eu chupava. Eles falavam. Bebo mais. Não quero dar pra eles. Você veio. Você vai ter que dar pra eles. O animal. O diabo agora na cabeça. Devorando. Trucidando. Seu estômago. Medo. Penso que. Um dia. Eu vou ter câncer. Enquanto chupo! Eu vou ter câncer. Chupo. Vivendo histórias sem ter que pagar por elas? Nã na ni nã não! Estou no carro da volta. Eu pensei agora. Que parte da história da minha vida eu estou. Você vai aceitar seu puto. O que eu preciso aceitar. Estou suando horrores. Vou ficar doente certeza. É noite. Madrugada. Tenho medo de enfartar sozinho. Estou na casa dos 27. E não sei!
Como estou vivendo? Como viver? Uma propaganda passa na rádio. A minha vida por um fio. Que se passa. Na mente agora? Depois de tudo isso? Vida leve. Descontraída. Comercial de margarina? Meu peito dói. Meu peito dói, meu peito dói muito. Nem lembro mais. A história da trama. A memória fez um favor de desaparecer. De esquecer. Estou com falta de ar. Sou asmática lembra? Não posso morrer agora. Tenho tanta coisa pra fazer. O que será da minha vida. Não construí nada. Não fiz nada! Que valha a pena de verdade verdadeira. Não sou
famosa. Não tenho dinheiro. O que vão pensar de mim? Para! Neurótica. O que vão pensar de mim? Para. Arruma a cabeça. Toma um banho. Se ajeita. Anda levanta! Da cama! Bora bora. Estou com fome. Sai do celular. Para de escrever. Não. Depois de dar voltas e voltas e voltas: escreve pra curar. Para os dois rapazes. Gozado em cima do sofá. Respirando o ar. Que girava. As faces rubras. De minha pele. Vermelha de tanto eles me baterem. Tinha levado na cara. Olhei o espelho do 52, 53, 54, 55... Chorei de verdade. Tomei um banho demorado. A minha própria porra incomodava-me depois da transa. Esfregava. Que culpa é essa? Segui para porta zumbi. Pedi outro carro. Demorou. Na volta olhando pela janela. Vazia da madrugada. Bêbado mais uma vez. Sem interesse algum. Faço uma pergunta banal ao motorista. Ele me responde com uma história. Era uma vez uma família que tinha um Filho e uma lanchonete. O pai trabalha para colocar dinheiro em casa. A mulher cozinhava na lanchonete para colocar dinheiro em casa também. Um dia. Num almoço de família. A mãe ocupada. Fazendo comida. Pede pro marido comprar mais óleo. Só que a comida não precisava de mais óleo. O marido briga. Ela retruca. E convence. O marido sai. O filho entra correndo na cozinha. A mãe cozinhando pra todo mundo. Não viu o filho entrando na cozinha. Tem três anos de idade ele tinha. Com tanta pressa. Ele bateu sem querer no fogão. A panela caiu. O corpo queimou. O pai e a mãe mantiveram as
esperanças. Dias e dias. Esperando uma resposta da vida para a situação. Veio uma infecção. A Infecção matou seu querido filho! Morreu! Silêncio...
M: Sinto muito. Digo. Ele me responde: tudo bem! Já tenho mais dois filhos! Pra criar e alimentar!
Estou reabrindo: A Lanchonete. De novo. Pela terceira vez. Sinto a leveza no ar. Digo. Obrigado. Saio do carro. Entro em casa. Estou aqui. Agora. Tem um livro na minha cabeceira. Abro a pagina. O acaso é conveniente quando se está atento. Por um momento sinto saudades do mar. Não sei explicar. A madrugada continua. Amanhã será um outro dia. Continuo a escrever minhas lembranças? Respiro. Estou mesmo cansado da vida? Tem dias que sim. Vou dormir agora. A sobriedade ainda está longe de chegar. Mas é o começo. Enquanto a cabeça não para bêbada. Estou me deitando na cama. Antes de ir! Lembro da história. Caio no sono. No sonho eu não sou mais um manequim. O mar está bem próximo agora. É fim de tarde. Os pássaros cantam uma canção de eras. As árvores suspiram comigo. O cheiro da praia paira no ar. o sol entra pelo meus poros e uma voz me diz: A IDEIA é ambiciosa e santa. E o amor é mais vasto do que a voracidade que vos move. E mais forte a de ser a tarefa de: repensar o que possas ser. Foi quando. Despertei. O sol me chamava lá fora. Foi quando ouvi o sussurro da vida.
“Que a importância esteja no teu olhar, não naquilo que olhas.”
- André Gide
1.Abri o caderno, não lembro do número que escrevi no alto da folha: 05063002370029, viro à página e vejo um desenho de uma cadeirainfinita que nunca foi pintada por completo, inacabada a pintura mostra os tons de azul e laranja desbotados pelo tempo, viro mais uma vez a página, segue a imagem de uma mulher que dá voltas e voltas nas margens do papel com seus cabelos de traços bem finos, sigo o movimento natural de leitura dos olhos e tomo um susto, não há escrito deste lado da folha, será que esqueci de colocar alguma coisa aqui?, sigo lendo página por página, em casa, sento na beirada da mesa da cozinha, olho por minutos o meu próprio coração que me leva para longe dessa paralisia, quem dera eu sentar em outras mesas e observar a dança estrangeira dos corpos desconhecidos: assim sonho com ruas macabras, desejo andar sem parar...
2.Descobrir lugares estranhos, mas retornoa casa agora, à mesa principalmente, a cor branca das paredes que me reflete, tudo sufoca de súbito, escrevo isso, pausa, o sono me persegue em passadas lentas, atencioso são os meus movimentos, eu tento escrever bobagens, apenas bobagens para dilacerar a carne, que é tola por sinal, sim pura tolice, eu acho, tanta tolice, eu digo, meu bem não é bom esperar que os outros façam, eu sempre acabo esperando, talvez essa seja o motivo, seja esse o motivo sendo bem histérico de sentir-me estrangeiro, sou, grito, sou, terra tempestuosa, melhor, vou trocar, sou a própria tempestade, trovões que iluminam o céu, ira cósmica que avança, avança para sobre-viver um Play, Beckett, uma comédia. 5 direções M. e G. direção de H. quatro encontros de duas horas, escrevi errado, serão cinco 76 encontros de duas horas, criação da palavra, no aqui e agora, ela disse que tem uma conexão comigo, atmosfera, como isso reverbera no cinema, escrevo pensando sobre o assunto, um plano só, última semana de maio, 23 à 27, gravação, em seguida, M. P., 6 + 5 = 11, mais três, mais um, completa 15, adiciono vendo isso, pois o Ensaio do Entre foi no 15 de abril de 2016, uma fumaça entrou, estou aqui preso, prédios, azul de uma vida, freio, freio, freio o vento de outra
vida vazia, ônibus onde alguém boceja morto de sono, eu tenho medo das coisas que o vento traz, prédios são estruturas de concreto, constato como se fosse a coisa mais inovadora do mundo, tudo é cinza nessa rua, ratos guinchando, ouvi dizer que se mata nas ruas, um paralelepípedo verde que me para, sempre gostei de andar na beira da calçada, sentir o desequilíbrio, muitas vezes nas ruas vejo devassidão, podridão, lotação, prédios, mais uma vez me pergunto, quantas almas e fantasmas existem neles, tenho medo de ruas vazias também, ao mesmo tempo que gosto de sentir a solidão da noite ao andar por uma quadra deserta, que paradoxo de merda, um dia eu disse pra mim mesmo que era preciso não ter medo de sair na rua, de viver cada pedaço, pedaço, pedaço das suas cores, repito pra ter coragem, amo a cidade, o entorpecer dos prédios, paro e depois do nada, eu escrevo, queria está a beira de uma estrada vendo paisagens novas e ao mesmo tempo queria passar por uma rua desconhecida e me surpreender com coisas novas, queria sentir frio, estar a beira de um lago, com alguém ao lado, abraçando. Nada disso faz sentindo agora. Constato Quando leio cada palavra do caderno.
3.E sentido coisas, para, por que, eu escrevi isso, será que é um jogo de adivinhação: por exemplo, jogo das ações políticas, você faz uma ação e isso é uma forma política, no fundamentalismo do comércio que destrói tudo, a morte de Virgínia, o louco agasalhado segurando coisas, cantar músicas e frases prontas, forças impotentes, quarenta segundos, achar peneiras, mais amor por favor, uma farsa e risos, pintado de cores opacas nenhuma sensação parece transmitir ou tocar, estou cansado de ser farsa, levo tudo ao ponto mais literal da palavra, onde estará a crueldade em si, loucura, minha cabeça insegura, meu corpo inseguro, minha vida insegura, deus, como sobreviver a tudo isso, -1, -1, -1, -1, sempre, -1, palavras para procurar no dicionário: penhorar, equina, troponazal, aiperbório, basbaças, não procurei por que não sei o significado delas até hoje, e não tinha nada escrito no caderno ao lado dessas palavras, tenho muito sono ultimamente, não descanso bem, deve ser Ulisses que 77 é muito difícil, deus mais uma vez é citado, como vou ler isso?, meu corpo está oco, não sei mais o que fazer dentro dessa casca, detrito imundo, dentro de mim podridão, podridão, podridão no ensaio entre 06 de junho de 2016, título de hoje, você conhece Marilyn Monroe?,
corpos duplos, pergunta sobre a verdade das pessoas, a solidão das pessoas, microfone das ruas, solidão, solidão, solidão, solidão, solidão, o que é isso? Escrevi cinco vezes numa mesma página, porquê?, depois tem embaixo o nome Juliana, o que você falaria para essas pessoas? Imagem, urgência de falar um texto, pessoas precisam falar coisas, ninguém consegue falar esse texto, mais um momento Marilyn Monroe, pensar na hora o que dizer da cena de Marilyn Moroe, happy birthday to you, um roteiro, papel minúsculo, 07 de junho de 2016, tem dias que eu odeio ser professor, talvez, na verdade por minha falta de organização ou, eu não sei, na verdade odeio ser professor por conta da minha incompetência, sinto que as coisas estão indo de mal a pior, dias que o tempo me consome, medo de nunca acabar essa maldição, o tempo sufocando o peito, dentro do espaço e dentro de mim morre um pássaro que não canta nunca, senhor professor, o tempo eu sei, passa e cada vez mais você sente-se inútil nele, minha cabeça dói, dói, dói, mas você naõ sabe porque, eu não consigo, tenho que trabalhar obrigado, odeio a escola, chega disso tudo, um dia eu, não sei o que escrevi pois a linha 78...
4.Estava rabiscada, há esperança pra isso tudo?, completo com uma pergunta tola, um dia o mundo explodirá e eu morrerei de dor por não conseguir o que eu desejo, as dores chegam e eu não sei como lidar com isso, estou desesperado, é preciso viver às relações de poder: os paradoxos do poder, deus sempre é chamado, que cultural, como lidar com isso, existe algo que é estranho quando estamos frente a uma batalha, o certo e o errado se deslocam quando se luta pela sobrevivência, porém esse deslocamento é regido por padrões éticos e morais que tendem a se fechar por nossas visões limitadas dos conceitos que criamos do mundo, a fala um dos pontos mais fáceis de se perder é utilizado como fuga para dar vasão a nossa fúria interior que paradoxalmente nos fazem refletir, pelo que lutamos, essa é a questão?, ter um ideal de luta sempre é perigoso se levantarmos às hipóteses polares das opiniões que estão a todo momento nas nossas ações, escolher um lado ou outro não é uma saída quando nas trincheiras das guerras cotidianas tentamos conversar e convencer a nós mesmos dos nossos próprios pontos de vistas, ideais são corruptíveis a medida que nossas necessidades mais 78 vitais viram roteiro, o corpo da palavra ou o nascimento e a morte dela, espaço vazio, atores
no espaço, o corpo amorfo que respira, uivo da areia, o canto de lamento, o folego distraído da água, como os das garrafas d’água, o interior com sons que retornam, Meredith Monk canta, aconchego, respirar silêncio, mãezinha do céu, o plasma seco, perguntar ao pé do ouvido, a palavra do corpo amorfo, como recomeçar esse texto vazio?, tudo é tão vazio em si, as coisas são mudas, o mundo um eterno silêncio, tento escutar, nada me chega, estou a andar, como um morto-vivo, minha vida, sorte, nem sei mais o que fazer dela, não tenho forças, minha cabeça dói, um desejo de mudança aflora, algo se parte no tempo, seja como for, o que será de mim?, compro cigarros, vejo casais, invento uma nova vida, saga das auroras, uma noite de muitas galáxias no planeta que somos nós, dar conta disso, dessa história, escrever a saga e a felicidade de estar com o outro no distrito dos desvelados, sem medo gritar aos da praça que eu continha a brisa do mar inteiro em mim, sem pensar duas vezes, sem sequer uma vez, impulsionar o choque das galáxias pelo atrito de meus desejos, unicamente pelo grito do meu desejo, fundar um mundo, calar bares, sagrar o universo da escrita, não há como...
5.Dirigir a vida, muito perigosa para isso, então o que farei de tempos em tempos, formular uma matéria viva, só não posso morrer pelo vício que tenho por ela, espero que esteja certo, viver para si, se agitar nesse momento, se amar, parar de colocar a conta da vida no fiado, plano de vida, 1. o sexo vira um impasse, estar atrapalhando a minha vida, estou como um viciado que só sabe ficar insaciável, tenho que mudar isso?, 2. cuidar do corpo, mente, alma, espírito, comida, esporte, 3. trabalho, focar no trabalho, querer ser ator, não se preocupar com o amor, em alguma hora ele aparece, ou não, é preciso aprender a ser contente, prioridades, terminar a faculdade, ganhar dinheiro, estudar para se conhecer melhor, viajar, ser independente financeiramente, nota para si, não se apaixonar e dizer palavras bêbadas e inconvenientes, deixar de manipular o princípio das coisas, ser verdadeiro nas escolhas, tentar ao máximo desfrutar o paradoxo da vida, mais uma lista, planejamento 3o etapa, trabalho de conclusão de curso, escolher o tema, saúde, me consultar, com dermatologista, otorrinolaringologista, clínico, psicólogo, urologista, dentista, falar com Lívia, fotos dos meus 24 anos, mandar e-mail para o Pedro, desistir da disciplina, estágio III, desisto também?,
mandar mensagem para Lia pedindo desculpas, falar com Hylnara, organizar minhas contas financeiramente, página em branco, sigo lendo o que vem a seguir, tratado para o bem-estar, 1. nunca force a barra do destino, faça isso só e somente se ele pedir, 2. leia muito, como se tivesse fome e por favor, não pare na metade do caminho. 3. pare de falar bobeiras quando se sentir só, aprenda a lidar com isso, pois você ao falar pode iludir alguém com essa sua insatisfação pessoal, 4. não saia transando com todo mundo, isso é perigoso para o seu emocional, você não sabe lidar com isso e depois fica sofrendo, 5. pare de pensar somente nos outros, cuide da sua vida e deixe de ser invejoso, 4. trabalhe muito no que você acredita, 6. cuide da sua saúde, 7. aceite suas loucuras, principalmente as sexuais, 8. pare de bajular as pessoas, 9. cuidado com quem você ama ou diz que ama, veja se você não está fazendo isso para fugir da solidão, 10. não odeie sua família, principalmente sua mãe, 11. cuidado com as drogas, elas fazem você duvidar de mais e cuide do seu suicídio, para você não ser pego de surpresa um dia pelas suas depressões, 12. seja um bom ator e estude pra isso, 13. saiba receber...
Elogios... 14. aprenda a falar das coisas no momento certo, 15. Não escrevi nada nesse intem. 16. não seja procrastinador, 17. Faça graça, a vida: um deboche? 18. cuidado com os amigos, 19. não procure o amor. 20. pare de usar aplicativos ou use com sabedoria, você não sabe lidar com a internet, 21. seja livre e saiba falar sobre sua liberdade. 22. não tenha medo das pessoas saberem das suas opiniões sobre determinados assuntos, 23. não fale mal das pessoas, chegue para elas e diga o que sente, 24. tente não ligar para o que as pessoas dizem, 25. não se considere um artista em vida, senão o ego corrompe a arte, 26. visite lugares novos, 27. coma coisas novas, 28. faça algo novo, 29. aceite a vida, é mais fácil do que esconder e negar, 30. olhe nos olhos de quem quer que seja e não tenha medo, 31. respire profundamente quando for intolerante e inseguro, 32. não fuja dos monstros que você mesmo criou, 33. não mate, 34. aceite o processo das relações e aprenda com elas, 35. o menos é mais, 36. resista a si mesmo, página em branco depois um desenho de partes, que nem o do livro de poemas Poética, da Ana Cristina César. Quero tatuar essa imagem na minha pele, tenho medo, depois mais um desenho que é parecido com um homem andando, a cabeça cheia de coisas,
trovões, são rabiscos, muitos rabiscos, acho que estava muito insatisfeito comigo mesmo na época, não me lembro, outro rabisco, uma célula tenta sobreviver nesse desenho, vírus tentam acabar com a carne boa do traço que se desfaz no ar de um ser desenhado inacabado, depois descrevo palavras assim, um grupo de músicos tocam na esquina, e os senhores que estão no posto de gasolina sorriem prazerosamente, a cena me chega fantástica e surreal ao mesmo tempo, realidade e ficção, concreta em certos pontos, delirante em detalhes, simples movimento, depois o mais intenso silêncio e eu dançando com amigos, foi lindo ver o homem ir embora a passos lentos, eu vi o homem chorar antes de partir e eu pensar comigo mesmo que o amor nunca seria pra mim, eu vi o homem com sua mala carregando todas as dores e melancolias, por não conseguir pisar no solo desta terra, cidade, eu vi o homem ir embora e não deixar nada além de lembranças e beijos tão insípidos que eu nunca poderia amá-lo, eu vi o homem ir embora e desaparecer com minhas dores no braço e não virar o rosto para dizer um adeus sequer, assim pensando a cada momento, em minha cabeça que quer...
Esquecer, mudemos a letra para deixar mais fluido o pensamento, o começo sempre será difícil, queira você goste ou não, te dizer que nada ficou seu, entrar nessa história, tentar escrever sua ausência, sua interminável ausência, para diluir essa solidão macabra que tem passos lentos, por isso demorar ir embora, e nessa altura do campeonato, minha vida não irá, tenho medo do que possa acontecer ao acabar de escrever o que chamo ausência, noite insípida, sem esperar nada, você me chega de maneira tendenciosa e acaba de me olhar como um nada, porém a página seguinte me faz lembrar que no dia 02 de agosto de 2016, foi um dia bem corrido, no final dele achei maravilhoso não ter entrado no facebook e afins, me libertando do desejo imagético de ter o que não é meu, sou frágil ao ponto de me deixar levar por essa massa uniforme cibernética, depois no ensaio o A, tocou meu cabelo e senti algo, gosto dele, a escola foi ótima e péssima ao mesmo tempo, lembrei que era preciso arrumar dinheiro e sair do sufoco, cansado, não consigo mais escrever assim tudo começa como uma massa disforme que vai tomando corpo na medida em que a matéria viva conta a si mesma, a cabeça surge quando já, risquei com o X bem grande essa frase, muitos remédios a, risquei
essa frase também, o mundo e a sua grande inacessibilidade, eu sou inacessível, a dor das pessoas também, eu não queria me importar com essa questão, som de águas penso, para fugir disso, há uma imagem que paira na cabeça agora, eu não consigo tirar ela daqui, doses de uma droga que entorpece os sentimentos e me deixa assim estático e sem palavras lógicas, o sol agora toca as páginas dessa escrita dita iluminada, materializada aqui, palavras drogas, torpes de certa forma, saltitantes, queria dizer a você, seja quem for, doces palavras, porém o que há aqui, espere, deixe eu pensar, é tão amargo e intragável, que eu tento amenizar o gosto, mas acho que não consigo, sonho agora com quedas, infinitas quedas, todos os dias, que estraçalham o corpo, sonho com alturas, grandes alturas, que vez ou outra me fazem voar, cliché eu sei, já são meio-dia, me dou conta, não tenho vontade de viver agora, não com o sol dessa cidade, minha cabeça derreteu, ela está no chão agora, o corpo morreu é claro, não sei como consigo, mas eu me olho nos olhos agora e vejo o quão deformado eu estou nesse nada, assim preciso dar ordem para as palavras, ao mesmo tempo...
8.Que não quero organizar nada porquê a desordem chegou agora besta mais cadê o dia que passa que eu passo queria poder te dizer qual performance fazer o caminho voa, feliz, assim creio que eu estava bêbado quando escrevi isso, voltando, ele era demasiado nas palavras, tendências suicidas ele tinha, suas indagações sobre o fato de ele sofrer eram irrelevantes para si, andava por ai, se considerava um estranho para algumas pessoas, o que era bom em certos sentidos, seu olhar era perdido, sem saber para onde ir, suas ideias sobre as coisas eram nem superficiais, não queria ser profundo, porém achava que tinha aspirações de poeta, escrevia sem parar, existia uma matéria viva no seu corpo ele acreditava, um vírus, que as vezes entorpecia seu corpo, viver era uma doença, como perfume de carne morta, mais desenho, agora mulheres, muitas mulheres, acho que dentro de mim sempre existiu uma mulher, mas nunca experimentei ao limite do meu corpo para descobri-la, talvez a palavra que escrevo seja a mulher virando carne, lembrei de Faetone e a sua desgraça de provar tudo aos outros, consumir a própria terra em chamas, morto pelos deuses, jaz petrificado em águas profundas, poema para vida, 1. é preciso ter poder sobe si e não cair no patético humano viciado que se
deixa consumir por atos inconstantes, 2. juntar dinheiro para sobreviver a miséria que resta desse mundo, 3. fazer um monólogo suicida, risquei tudo com um X depois, organização da vida, quem são seu amigos?, juntar dinheiro, me tonar uma pessoa sábia e tolerante, não fazer mais dívidas, não depender financeiramente de ninguém, cuidar da saúde mental, me cuidar, parar de me apaixonar de novo, ser sincero quanto aos seus desejos, não mentir, somente em casos que sejam para salvar a vida de alguém, não perder tempo, procurar outro emprego, ler livros, . como dar conta do que não é contado, eu não sei, essas divagações me exasperam e já não há mais espaço na escrita para elas, parar de sofrer com isso, preciso criar uma lógica que caiba aqui, em mim também, sem me julgar tanto nessa estrutura imposta da palavra, aos poucos, bem aos poucos, ver como as coisas podem acontecer, perdido, sem saída agora, eu não vejo o que ficou, bolar um plano, ter disciplina para conseguir ir, sei que tenho um fogo submarino que quer queimar, preciso de um foco, os pensamentos se perdem agora, tenho a impressão que não consigo
9.Tanger nada aqui, as palavras cumpre mem papel agora, pelo menos na sua materialidade, elas não sabem de tudo eu sei mas condensam por instantes o que se transforma aqui, preciso sair desse lugar, insuficiência constante de achar que isso é ruim, aceitar de bom grado o que consigo fazer agora, com palavras, trabalhar e não desesperar, não desesperar, circulei essa última para dar ênfase ao que estou dizendo, mais uma lista: 1. juntar dinheiro, 2. não comprar mais nada a prazo, 3. saber quem são os meus amigos, 4. se cuidar, aparência e saúde, 5. trabalhar como ator e criar, 6. sair da escola como professor em 2018, 7. entrar no mestrado, 8. viajar, 9. fazer coisas novas, 10. ler, escrever e publicar, 11. ter autoestima, 12. acreditar em si mesmo, 13. não perder tempo, 14. me curar (sexualidade), nunca choveu e não parou, o sacrifício necessário que liga a dor desnecessária, grifei essa última palavra, junto com a tempestade para travar novos caminhos, sacrifício, tempestade, fases da lua, filtros do amor, cada lua tem a sua função, a lua para psíquica, a filosofia da arte, a célebre correspondência, o que é isso, dentro, o mundo brincando, exatamente, a vida, se assombra, assusta, entende os porquês e motivações, tempo e espaço, amizade, uma filosofia dos padres, existe ainda a ideia
de fim, impotência, desejo do homem, impossibilidade, não há finitude da vida, deboche, começo e o fim, gente, perceber, a estética existente, do caráter imoral da palavra, olha, tarô mágico das bruxas, curar as dores, dores, morte da vida escrita, fazer entender e passar por ela, não perceber agora, filosofia mais uma vez, cultos e eruditos do caralho, eles querem salvar a humanidade de várias formas mas na real eles não sabem o que dizer, o som da palavra se reflete mais uma vez, ingratidão para com o que construímos, capacidade, eu não sei nem o meu nome, imagine o porque da ética, não, não, não quero pensar nisso agora, pode ser mais tarde num pleno discurso, racional, não esse aqui, que só são palavras sorteadas pela roleta russa da cabeça, atirando, pá, pá, sem ser o racional de viver melhor, do vai depender da vontade de cada um de ler os princípios e ações da escritura, passado, escute o som, o som, escute o som, desliguei, agora mesmo, vai começar de novo, as vezes a gente sai de casa, desculpa, não consegui ainda, vou começar mais uma vez, palavra lá vou eu, dar aula eticamente, desligou de novo a palavra, porra, que...
Difícil compressão, violência com o corpo da escrita, uma vontade, apenas uma vontade, a carne do traço.