Jornal o catarino (edição dez 14) atual

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voz à diretora pág. 2 editorial pág. 3

notícias pág. 3 e ss Os nossos autores pág. 11 e ss.

atividades….pág. 15 e ss g. zarco….pág. 23 e ss. j.i. roberto ivens….pág. 29 crónicas pág. 30 passatempos….pág. 34

DEZEMBRO2014 Edição do 1.º Período


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Voz à Diretora

Ex.mos senhores encarregados de educação e familiares, Caros alunos e profissionais desta casa, É um prazer e um privilégio apresentar, mais uma vez, a cerimónia de entrega dos Certificados de Quadro de Mérito e de Menção Honrosa, destinados a tornar patente e púbico os desempenhos excecionais dos alunos, assim como dos Diplomas de conclusão do ensino secundário por parte dos discentes que frequentaram esta Escola, que transitoriamente dirijo, e em relação à qual tenho um grande sentimento de pertença. Esta constitui uma ocasião de especial significado, uma vez que representa o êxito de um projeto para o qual contribuíram os alunos e seus pais e encarregados de educação, os professores, assistentes operacionais e técnicos e todos os colaboradores que direta ou indiretamente trabalham em prol deste Agrupamento. Hoje, porém, quero enaltecer particularmente o empenho, o mérito e a excelência de todos os que, neste lugar e nesta singela homenagem, são reconhecidos. Estou convicta de que tudo o que aqui disser sobre a importância desta homenagem fica muito aquém do que ela significa para vós. Neste sentido procurarei não me alongar nas palavras que vos dirijo. O reconhecimento do mérito é sem dúvida um dos melhores e mais dignos caminhos para combatermos a mediocridade, o derrotismo e a ausência de esforço que imperam na nossa sociedade, e, por conseguinte, nas nossas escolas. Todos defendemos um ensino de qualidade, tendo em vista a promoção do sucesso pessoal, profissional e social. Esta pequena homenagem, não obstante, deve também contribuir para incentivar os nossos alunos a usufruírem do prazer que o saber e o conhecimento nos proporcionam. Por vezes, o enaltecimento do mérito pode dar aso à competição desenfreada, porém, este facto não pode de modo algum tolher-nos a valorização dos que são capazes de se apropriarem das condições que a sociedade, a família e a escola oferecem para se afirmarem positivamente como estudantes e membros de uma comunidade que se pauta por valores de cidadania e laços de respeito e de amizade.

Senhores Encarregados de Educação, a V/ satisfação é para nós primordial enquanto profissionais desta Unidade Orgânica, pois ela é determinante para a mensagem de sucesso e de excelência que desejamos para os vossos e nossos educandos; participem de forma ativa e atenta na vida escolar dos vossos educandos. A Escola tem um papel importante na formação de um jovem, mas só atinge os resultados desejados com a intervenção e envolvimento de todos os agentes no processo educativo: os alunos, os docentes, a escola, as famílias e a comunidade em geral. Bem hajam pela V/ colaboração e apoio.

Caros alunos, Não se esqueçam: Quanto mais sabemos, mais vontade temos de saber, e mais procuramos saber. Não devemos desistir face aos obstáculos…O sucesso é conquistado, construído com exigência, esforço, dedicação e cooperação empenhada de todos, assente em valores de solidariedade e de respeito pela especificidade de cada um. No estado atual da nossa humanidade ainda nada substitui as vivências, conhecimentos e experiências que partilhamos uns com os outros. Os passos determinados que derem nesta ou noutra escola vão valer a pena. Parabéns…. E caminhem nesta via, rumo ao vosso futuro…

A Diretora: Rosa Costa


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Notícias

EDITORIAL

17 de novembro

Os nossos Parabéns

Num momento deveras complicado da nossa existência escolar, com um início de ano incompreensivelmente terrível e anacrónico, com nuances de surrealidade impensável, vimos este ano, de novo e em contracorrente, aqui referir a atribuição de prémios a alunos cujo louvável desempenho escolar e humano merece todo o relevo e apoio. Isto não significa que há alunos de primeira e de segunda. Isto significa que a Escola deve, a par das condições de igualdade - o acesso à informação, as condições de estudo, o apoio nas diversas disciplinas, a disponibilidade dos professores...premiar pelo reconhecimento o empenho, a motivação, o trabalho humanitário e relacional. O excelente desempenho destes alunos enriquece a própria comunidade escolar, dignifica a imagem da Escola e realça a qualidade do ensino e a ação dos seus profissionais. Acrescente-se o excelente exemplo que estes alunos fornecem, enquanto modelos que motivam e inspiram os colegas. Esperemos que sejam estes os nossos futuros governantes… Os nossos Parabéns..

Amandio FONTOURA

CERIMÓNIAS DE ENTREGA DE DIPLOMAS

QUADROS de

HONRA e MÉRITO e

MENÇÃO HONROSA

À semelhança do ano transato, realizaram-se, nas diversas Escolas do nosso Agrupamento, cerimónias de reconhecimento da excelência dos nossos alunos . Foram entregues os respetivos Diplomas em ambiente festivo, com a participação de inúmeros encarregados de educação e de outros familiares. Parabéns a todos os que se distinguiram pela sua dedicação e trabalho.


Notícias

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CULTURAL INTERCHANGE BETWEEN PORTUGAL AND DANMARK No passado dia 23 de setembro de 2014, os alunos da turma A do 11º ano realizaram um conjunto de atividades com os alunos dinamarqueses da escola Teknisk Gymnasium Arhus Midtby, que se encontravam em intercâmbio cultural. Os alunos dinamarqueses acompanhados dos respetivos professores Mette Haack e Jens Danielsen e os alunos portugueses com as professoras Cristina Gala e Mª do Céu Valente realizaram várias atividades com o objetivo de promover o conhecimento de ambas as culturas bem como o desenvolvimento da língua inglesa. Assim, os alunos começaram este dia por apresentar a sua escola, o seu país e a respetiva cultura aos restantes e, de seguida, reuniram-se numa atividade designada por “Group Dating”. No “Group Dating” todos os estudantes foram divididos em grupos de 7, tendo cada grupo alunos portugueses e dinamarqueses, onde de 5 em 5 minutos os professores responsáveis lançavam um tema que seria debatido pelos vários grupos. Quando acabassem os 5 minutos estipulados, os alunos portugueses mudavam de grupo segundo a ordem previamente estabelecida. Após realizarem esta atividade o grupo, de aproximadamente 50 alunos, dividiu-se em dois para realizar uma visita à nossa escola e às suas instalações e, de seguida, os alunos voltaram à sala 2.17,onde os aguardava uma mesa posta para um “Light Lunch”. Depois do Almoço os alunos deslocaram-se, em conjunto, para Vila Nova de Azeitão numa camioneta. À chegada a Vila Nova de Azeitão, os alunos disfrutaram em conjunto de uma visita guiada à Quinta da Bacalhôa onde visitaram o palácio da Bacalhôa, assistiram à explicação de como se fazia o vinho e das condições necessárias para o seu envelhecimento e para criar diferentes sabores e por fim visitaram uma exposição onde se puderam ver inúmeros quadros e esculturas interessantes bem como uma pequena homenagem a Nelson Mandela. Por fim, os alunos visitaram a companhia de vinhos onde puderam fazer uma pausa e descansar um pouco e, de seguida, regressaram à Escola Básica Amélia Rey Colaço onde os alunos e professores se despediram, e os estudantes dinamarqueses se dirigiram para os Restauradores, nomeadamente para o Hotel onde se encontravam alojados. Esta experiência foi, assim, uma boa oportunidade para ambos os alunos estarem em contacto com outra cultura diferente da deles, melhorar e desenvolver o seu inglês e também conhecer novas pessoas.


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Notícias Dia 24 de Novembro foi o Dia Nacional da Cultura Científica

Faunas - Teatro Portátil : propostas para 2014/15

a decorrer o Projeto de Arte e Ciência Raízes da Curiosidade


Notícias

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CONCURSO DE ORTOGRAFIA Realizou-se a 1.ª Fase no : dia 10/11/2014 (Professoras de Português: Susana Dias, Dora Mendes e Isabel Raposo)

• O grau de dificuldade das palavras/textos selecionados esteve em conformidade com o nível de escolaridade dos alunos. •Na primeira eliminatória participaram todos os alunos dos 7.º e 8.º anos. • Na última eliminatória participarão os alunos que escreveram corretamente 15 palavras. •As duas fases são constituídas por um texto lacunar com 20 espaços, correspondendo cada espaço a uma palavra. •A cada palavra corretamente escrita, no espaço adequado, corresponderá um ponto. Considerar-se-ão como incorretamente escritas todas as palavras cuja grafia não corresponda à constante da listagem da respetiva eliminatória. Serão, ainda, assinaladas todas as palavras com acentuação gráfica incorreta ou inexistente, contando, para fins de passagem à eliminatória final, como um erro ortográfico. A correção será efetuada pela professora de Português. •Em caso de empate, a professora apreciará os trabalhos em causa e avaliará, de acordo com a correção dos mesmos, a caligrafia e a apresentação como fatores de desempate. •O aluno vencedor ganhará um prémio.

N.º

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

PALAVRA véspera há ansiosamente desejava continha manifestava-a esperasse depor Efetivamente trouxe-te à fora pusera queda ouvira cartucho esmagando-o fantasia imaginação interessantes


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Notícias

No passado dia 18 de novembro realizou-se na sede do nosso agrupamento uma atividade destinada aos alunos do 11º e 12º anos, com vista a divulgar e informar os alunos sobre as possibilidade de estudar no Reino Unido e sobre condições de acesso aos diferentes cursos e faculdades. Esta atividade foi organizada pelo Serviço de Psicologia e Orientação em parceria com, a professora Céu Valente, a coordenadora da biblioteca, Cristina Gala, os diretores de turma dos 11º e 12º anos e a participação do “Ok estudante” bem como dos representantes das faculdades: University of Bedfordshire e da Middlesex University do Reino Unido.


Notícias

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Clube TV/” A Ciência mora aqui”

Texto/adivinha da autoria do Clube TV/”A Ciência mora aqui” 19 de novembro de 2014 Não sei quem sou, não sei onde nasci, mas sei que sou importante, se não fosse, não teria tanta gente atrás de mim. Estou no estado sólido, líquido e gasoso. Consigo transformarme, perder a forma, manter o volume e rapidamente, do estado sólido, lá vou eu para o estado liquido… basta que eu aqueça acima dos zero graus… iupi!!! Se continuarem o meu aquecimento, lá perderei também o meu volume, deixarei de ter volume fixo e passo a ter volume variável, tal como a minha “forma”…e sendo assim, já me encontro num estado de grande agitação, o estado gasoso, que só foi possível atingir pois a temperatura a que fui sujeita atingiu os 100 graus, que brasa! Quem sou eu?

Noticia sobre o núcleo TV/”A Ciência mora aqui” Com o objetivo de divulgar as atividades desenvolvidas no âmbito do Departamento de Matemática e Ciências foi criado o clube TV/”A ciência mora aqui”. O clube é coordenado pelos professores de Física e Química, Fernanda Correia e Nuno Pereira. Estão planeadas três emissões online através da página da escola. Para além da participação dos alunos envolvidos nas várias atividades práticas obrigatórias no âmbito das disciplinas de Física e Química, estão abertas as inscrições para os alunos que tenham horário e vontade de participar de forma direta no projeto. Horário de funcionamento do clube: às terças feiras das 15h40min às 16h30min. Inscrições através do email: nuno.pereira@aearc.pt Vem trabalhar connosco! Vamos construir o canal TV online!


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NotĂ­cias


Notícias com

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Dia 4 de Novembro às 12 e 23 éramos ….


Os nossos autores

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Os NOSSOS Professores, perd達o, AUTORES


Os nossos autores

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Os NOSSOS Professores, perd達o, AUTORES


Os nossos autores

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Os NOSSOS Professores, perd達o, AUTORES


Notícias

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Foi criado, no Agrupamento, um grupo de voluntários, constituído essencialmente por alunos do secundário, mas contando também com a ajuda de alguns professores, funcionários e pais/EE's. Ao longo do ano letivo, contamos com a colaboração de todos nas várias iniciativas de solidariedade que iremos implementar, a qual agradecemos desde já! Neste momento, e até ao dia 10 de dezembro, estamos a recolher alimentos, para tornar mais alegre a ceia de Natal de algumas famílias carenciadas das freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Cruz Quebrada/Dafundo. Durante esta semana, alguns dos voluntários passarão por todas as salas de aula de todas as escolas do Agrupamento para dar conta desta iniciativa, mas pedimos, desde já, a colaboração de todos os professores para falarem com os seus alunos... e para contribuírem também :) Os nossos antecipados agradecimentos! Prof. Luísa Rodrigues Do projeto Vontade de dar a volta ao nosso mundo nasceu o grupo de voluntários REVIRAVOLTA. E mal nasceu, o grupo começou logo a trabalhar! Assim, em colaboração com a União Solidária, da União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e CruzQuebrada/Dafundo, vamos organizar em todo o Agrupamento de Escolas de Sta Catarina a recolha de bens alimentares necessários para a ceia de Natal, disponibilizando, assim, a ajuda necessária a várias famílias carenciadas, contribuindo para tornar o seu Natal mais feliz. Precisamos de: Farinha - Açucar Chocolate em pó - Canela Arroz - Aletria Azeite , óleo e leite. Batatas - Cebolas - Alhos Frutos secos - Castanhas Se preferir, pode optar por enviar 1€. Nós compramos e entregamos os alimentos, nomeadamente, os mais perecíveis, frágeis ou pouco práticos para manter na escola (como os ovos, por exemplo, ou o bacalhau). Podem entregar os donativos ao DT ou deixá-los nas caixas de recolha distribuídas pelas escolas, até ao dia 10 de dezembro. Contamos com a colaboração de todos! JUNTOS VAMOS DAR UMA

REVIRAVOLTA

AO NOSSO MUNDO


Atividades

Trabalhos enviados para o Jornal enviados pela Professora Susana realizados pelos alunos do 7º ano (Português)

Bibidibobidibom!! Num mundo paralelo ao nosso, onde tudo é pura magia, onde vivem pessoas, duendes, fadas, bruxas, personagens dos contos encantados, de todos os tipos, em que todos vivem em paz e sossego... Até há pouco tempo, começaram a acontecer coisas muito estranhas: o gato da bruxa Guizinhos passou de preto a verde, as orelhas pequenas da fada Clarisse ficaram do tamanho de duas ratazanas gordas e os pés do duende Tobias ficaram azuis... Todos começaram a achar que isto só podia ser obra do duende Saltitão e resolveram confrontá-lo: - Saltitão, o que é que tu andaste a tramar? - Eu?! Nada! - respondeu ele. A verdade é que nunca passou pela cabeça de ninguém que pudesses ter sido a própria bruxa Guizinhos, ela era sonâmbula e pobre coitada nem sequer sabia: ela levantava-se a meio da noite e começava a fazer poções... Quem descobriu, um dia por mero acaso, que tinha sido ela foi o rei Julião que ouviu muitos barulhos a altas horas da noite, vindos de casa dela e resolveu ir ver o que se passava... Ana Marta Costa n.º 4 7.º A

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Um sonho verdinho. Era uma vez uma menina chamada Carlota. Carlota era muito criativa, pensativa e acima de tudo muito sonhadora. Uma vez, enquanto dormia, teve um sonho muito estranho. Acordou num bosque muito colorido, cheio de flores, árvores de todos os tamanhos, com um perfume delicioso no ar. Ficou espantada com tanta beleza, mas, de repente, viu uma pequena flor a levantar-se do seu lugar. Tinha olhos, pernas e braços. Ficou assustada, todavia maravilhada com tanta graciosidade. A flor ficou a olhar para ela com um olhar muito doce. De repente, sentiu algo no ombro, era outra plantinha! Olhou para trás e viu montes de plantas a olhar para ela, uma chegou-se à frente e disse: - Vem connosco para um sítio maravilhoso. - OK, parece-me bem - disse a Carlota. - Vais ver que vais gostar - exclamaram ao mesmo tempo. A Carlota deu a mão a uma florzinha e o resto subiu-lhe para cima. Quando chegaram a uma árvore, uma porta abriu-se e eles entraram. Há quem diga que Carlota acordou do sonho e outros que nunca mais acordou. Carolina Serras n.º 8 7.º B


Atividades

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Trabalhos enviados para o Jornal pelo Professor RogĂŠrio Russo de turmas do 9.Âş ano


Atividades Trabalhos dos alunos dos 6 .º e 7.º anos do Professor Rogério Russo

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Atividades Trabalhos dos alunos dos 6 .º e 7.º anos do Professor Rogério Russo

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Atividades Trabalhos dos alunos dos 6 .º e 7.º anos do Professor Rogério Russo

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Atividades

Trabalhos enviados para o Jornal pela Professora Luísa Nunes realizados pelos alunos do 10º ano (Português)

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A vida para além dos ecrãs

Uma “non-social” crónica O mundo (em que vivemos) é estúpido. A sociedade é governada por pessoas corruptas e por pessoas ignorantes. As pessoas não sabem aprender com os erros do passado e com isto calculam mal os seus planos para o futuro. Einstein uma vez disse: “Só há duas coisas infinitas, o Universo e a estupidez humana… não tenho tanta certeza quanto ao Universo!” Como homem inteligente que era, conseguiu perceber aquilo que acontecerá para sempre na Humanidade. Este facto confirma-se, cada vez mais, com as recentes movimentações do pensamento e do conhecimento universal quanto à tecnologia. Como se já não bastassem doenças como sida ou ébola, cada vez mais, aparece uma praga ainda maior que essas todas, capaz de arruinar o futuro da Humanidade como a conhecemos: as redes sociais. Nisso, concordo com Gary Tuck, no seu vídeo popular “Look up”. Ele conseguiu assinalar os problemas que esta praga pode e consegue trazer para as pessoas. Pelo caminho que levamos, conseguirá mesmo. Deve haver contenção nos “posts” e nos “efriends”. Não é isso que nos marca na vida. É preciso, isso sim, vivê-la, dia após dia. O privado tem que se distanciar do público e as redes sociais cada vez mais não o permitem. Como voz da mudança, aqui deixo a minha mensagem. Espero que seja ouvida, e se possível cumprida.

André Henriques 10.º B

O vídeo “Look up” de Gary Turk, disponível no youtube, é dirigido a todas as gerações que são dominadas por tecnologias e redes sociais. O vídeo/recital em verso começa com imagens de jovens/adultos a usar ipads e computadores enquanto o autor “conversa” em forma de poema com o espetador, indicando que quase ninguém socializa e se diverte sem tecnologia. A meio do vídeo, começa a história de um homem que, por tirar os olhos do seu telemóvel e por pedir direções, encontra a sua futura mulher, mãe dos seus filhos, avó dos seus netos, e que viveu os momentos mais importantes com ele, sem utilizar redes sociais para socializar. No fim, o autor indica que se ele não o tivesse feito, nada teria acontecido e refere, de novo, o que indicou no início: que devíamos “olhar para cima”, tirar os olhos do ecrã e “viver a vida como deve ser vivida”. Eu penso que há casos e casos, e como tal existe gente que consegue controlar-se e fazer uma mistura benéfica entre vida social “real” e “virtual” e não abusar da tecnologia. No entanto, há casos que necessitam de ajuda para se controlarem, como acontece com alguns jovens da geração atual.

Jorge Cristo 10.º B


Atividades

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Trabalhos realizados pelos alunos do 10º ano (Português)

Um mundo desconhecido A nossa vida está repleta de novas experiências e novas tecnologias. Hoje em dia, somos todos desconhecidos. Porquê? Milhares de pessoas passam na mesma rua todos os dias, como se tudo fosse indiferente, como se o mundo real não existisse. As pessoas, enquanto andam, estão agarradas, viciadas no telemóvel. Estão distantes do mundo. Pensam que interagir virtualmente é um novo caminho para as novas amizades, mas será que sim? Enquanto estamos no “facebook”, ou outra rede social, perdemos cada momento precioso da nossa vida. O tempo que gastamos no telemóvel nunca nos poderá fazer ver as oportunidades que passam aos nossos olhos. E quem dirá que a nossa alma gémea não passará á nossa frente, no mesmo instante em que estamos a “socializar” na internet? Temos que ser ativos, e voltar a recordar as nossas brincadeiras de miúdos, a jogar às escondidas ou a jogar futebol. O tempo em que recebíamos papeizinhos das nossas paixões, o tempo em que a nossa sociedade era feliz de verdade, para mais tarde termos orgulho daquilo que fomos na realidade, e não em sonhos virtuais. Ana Teresa França 10º B

A CIÊNCIA diz que a realidade não é o que vemos. Então vemos o quê? A ciência diz que a realidade não é o que vemos, mas se aquilo que vemos não é a realidade o que é que vemos? O que vemos é uma realidade nossa, uma realidade pessoal vista pelos nossos olhos. O que vemos é uma realidade criada por nós com que conseguimos lidar. Admitimos assim que cada pessoa vive a sua realidade, mas sendo assim, haverá uma realidade única e certa? Essa é a que a Ciência busca, uma realidade de certezas. Mas será que a alcança? Talvez temporariamente ou acerca de determinado assunto, mas uma realidade absoluta? Teríamos de ser muito ingénuos para admitir a existência de uma realidade absoluta e imutável. Há uma infinidade de campos em que não temos uma realidade concreta (é o caso da origem do universo), e raros são os casos em que podemos admitir uma realidade absoluta, partindo do princípio que para tal acontecer esta tem que ser imutável (como contas de somar do género 2+2=4). Ainda para mais a visão individual de cada pessoa adapta a dita “realidade” observada em função da sua personalidade, gostos, crenças, etc. A realidade, então não é aquilo que vemos segundo a Ciência, pois o que esta procura na realidade são certezas e verdades absolutas que são quase inexistentes no nosso mundo. O que vemos, então é aquilo que queremos, que nos impõem, que criamos. Cada um vive a realidade que consegue encarar melhor. Ana Filipa Fernandes 11ºC


Atividades Trabalhos enviados para o Jornal pela Professora Cristina Gala

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Magia na BE/CRE, quartas-feiras de outubro com o aluno Pedro Pereira do 10.º A Exposição de livros Exposição de marcadores realizados pelos alunos do 6.º E e 6.º F

Oeiras Internet Challenge Edição Escolas 1.ª Eliminatória


Atividades Trabalhos enviados para o Jornal pela Professora Cristina Gala

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OK ESTUDANTE Oeiras Internet Challenge Edição Escolas Catarina Neves Gonçalo Ferreira do 8.º C, os vencedores da 1.ª Eliminatória e os representantes da EBSARC no torneio no dia 22 de novembro na Biblioteca Municipal de Oeiras que foi ganho pela Equipa da Escola Aquilino Ribeiro. Parabéns aos nossos participantes! Para o ano há mais!


Atividades 124 ARC e G. ZARCO Realizou-se na nossa Escola uma exposição alusiva ao Halloween. Participaram alunos de turmas dos 2.º e 3.º ciclos


Atividades 125 ARC e G. ZARCO


Atividades 126 ARC e G. ZARCO

Dia 31 de outubro foi dia de Halloween!

As professoras de Inglês das escolas AMÉLIA REY COLAÇO e JOÃO GONÇALVES ZARCO lançaram um desafio aos alunos do 5º e do 6º anos. O empenho nos projetos foi notório e o resultado surpreendente. Preto e laranja eram as cores predominantes da exposição que, durante alguns dias, encheu as duas escolas de criatividade. Os trabalhos destacaram-se pela qualidade e pela variedade. Em cartolina, com ilustrações, ou em maquetes, os alunos apresentaram, com muita imaginação, os seus conhecimentos acerca desta festividade inglesa. Foram tantas as personagens que povoaram o nosso imaginário: bruxas, monstros, fantasmas… Mas a rainha da festa foi mesmo a abóbora! Trabalho realizado pelas turmas 6º B e 6º F


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Atividades

ARC e G. ZARCO


Atividades

na escola

G. ZARCO

Trabalhos enviados para o Jornal enviados pela Professora Ana Abrunhosa realizados pelos alunos do 5º ano (Português) e do 6º ano ("O Português")

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SOU UMA PALHAÇA Feliz na trapalhada Sou engraçada E tenho sempre piada.

A minha vida é isto: Fazer malabarismo No elefante fazer o pino Dar mortais e piruetas Saltar no trampolim E fazer cambalhotas Correr e saltar Nadar com tubarões Vender pipocas e coca-cola Que isto nunca mais descola! Dentro de mim o que será? Pulmões de tanto gritar! Cartola a rebentar com os pombos a cantar e o público a gritar: “Bis! Bis! Bis!” Sara, 6º F

VISITA À BIBLIOTECA - Quem nos dera repetir! No dia 24 de outubro, visitámos a Biblioteca da nossa escola. Durante a visita ficámos a conhecer as regras de funcionamento da biblioteca, bem como a sua planta organizativa. Com base nesta planta, fizemos um trabalho de pares de que gostámos muito: pintámos a Biblioteca, mas foi só no papel… Aprendemos que os livros estão guardados nas estantes por temas e que cada tema corresponde a uma cor. A Biblioteca está organizada desta forma para ser mais fácil encontrar o que queremos. Por sua vez, cada um dos livros tem uma etiqueta com a cor que lhe pertence. Assim, mais rapidamente conseguimos guardá-lo na respetiva prateleira. A Biblioteca é um lugar de concentração, onde podemos realizar os trabalhos de casa e de grupo. É o sítio ideal para estudar e saber coisas novas, pois há lá muitos livros educativos e jogos didáticos. Na Biblioteca também podemos encontrar diversos jogos, DVD’s, CD’s, revistas e jornais. Agradecemos à senhora professora Isabel esta bela visita. Quem nos dera repetir! 5º E, F e G


Atividades

na escola

Vamos dar uma volta à nossa …

Demos uma voltinha pelas bibliotecas escolares dos outros – dos livros cujas personagens frequentam escolas parecidas (ou não) com as nossas. Encontrámos alguns excertos curiosos. Retirámo-los das obras, baralhámo-los e propusemos aos nossos leitores que identificassem de onde tinham saído aquelas bibliotecas. Aqui está a lista dos participantes que responderam ao desafio com seis ou mais respostas certas:

ESCOLA BÁSICA JOÃO GONÇALVES ZARCO: 5º B – Constança Baptista 5º C – Carolina Fazendeiro; Gabriela Santos; Inês Monteiro e Margarida Cardoso

ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA AMÉLIA REY COLAÇO: 7º F : Alexandra Piedade; Bernardo Paulino; Diana Leal; Inês Ferreira 8º C: Catarina Neves; Diogo Gouveia; Diogo Rebelo; Gonçalo Ferreira; Sheila Almeida Ambos os locais lhe proporcionavam um ambiente tranquilo para praticar os seus encantamentos e feitiços sem se sujeitar aos comentários depreciativos dos outros aprendizes ─ especialmente de Gaimar ─ , mas na biblioteca tinha a vantagem de poder consultar qualquer livro ou pergaminho de que precisasse.

As paredes revestidas de livros brilhavam suavemente. Conjuntos de mesas e cadeiras, terminais de computador e expositores de revistas, tudo no maior silêncio. Os carrinhos e as caixas com livros devolvidos, revistas antigas e diversos projetos dos alunos encontravam-se ordenadamente encostados à parede por detrás do balcão do bibliotecário. […]

G. ZARCO

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Espero que não estejas a pensar ir para a biblioteca ─ comentou o aprendiz mais velho. Está fechada. […]


Atividades

na escola

G. ZARCO

Vamos dar uma volta à nossa …

Oliver ofereceu-se para me ajudar à hora do almoço na biblioteca. ─ Podias ditar-me o que queres dizer. Eu escrevia e tu copiavas ─ sugeriu.

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De repente, tive uma ideia. A biblioteca. Nunca pensariam em procurarme lá. Eu não era grande coisa em leitura. Corri pelo corredor até à biblioteca. Só lá estava Mr. Harrison, sentado a uma secretária, a ler o seu jornal, e dois miúdos a mexerem no computador. ─ Olá! ─ disse Mr. Harrison. ─ Posso ajudar-te?

─ Quer que a ajude a encontrar um livro em especial? Ou quer dar uma olhadela e escolher por si? ─ Dar uma olhadela, por favor. ─ Com certeza. Fique à vontade.

Tinham efetivamente procurado o nome de Flamel em vários livros desde que o Hagrid, por engano, o deixara escapar. […] O problema estava em não saberem por onde começar, ignorando por completo o que Flamel poderia ter feito para ter o seu nome nos livros. Não era referido nos Grandes feiticeiros do século vinte, nem nos Nomes notáveis do nosso tempo. Também não falavam dele nas Importantes descobertas da magia moderna nem no Estudo dos novos desenvolvimentos da feitiçaria. E, é claro, havia ainda que ter em conta as dimensões da biblioteca. Milhares de livros, centenas de prateleiras e de filas estreitas.


Atividades

na escola

G. ZARCO

Vamos dar uma volta à nossa … O 6º CZ refletiu sobre a função e a utilização que tem dado à Biblioteca Escolar da EB João Gonçalo Zarco. O resultado foi este mapa … de ideias!

A tua BE: um mapa de ideias

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Atividades

na escola

G. ZARCO

Trabalhos enviados para o Jornal enviados pela Professora Lina Pelica realizados pelos alunos da ...

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Atividades

na escola

G. ZARCO

Trabalhos enviados para o Jornal enviados pela Professora Ana Abrunhosa realizados pelos alunos do 5º ano (Português) e do 6º ano ("O Português")

O coala e o panda Certo dia, um coala estava a passear e apareceu um panda. Eles começaram a conversar alegremente até que chegaram a uma conclusão: tinham muito em comum. Então, não resistiram e fizeram-se amigos. O panda não demorou em convidar o coala a ir viver com ele, para o seu habitat na floresta. Passado um dia, eles apreciavam o som que faziam os restantes animais. Eles apreciavam os outros animais porque imaginavam como seria ser um deles. - Eu gostava de ser: um pássaro para voar, um rato para roer e um tigre para poder caçar. - disse o coala. - Que engraçado! Pressenti a mesma coisa. - respondeu o panda. - Eu queria ser um colorido e engraçado pássaro que cantasse melodias maravilhosas; queria também ser um elegante, espertalhão e bonito tigre para poder caçar o que quisesse. acrescentou o panda. Contudo, ambos concordaram, após uma longa conversa, que o melhor seria efetivamente cada um ser ele mesmo. Na verdade, o rato é uma presa muito fácil para muitos predadores, o pássaro não consegue andar no chão, pois tem uma boca muito pequena e pontiaguda, e o tigre é um «assassino», o mais cruel de todos os animais da floresta. Assim, o panda e o coala acharam melhor não serem como qualquer um daqueles animais. Ambos concordaram que seria melhor serem o panda e o coala. Carolina Ribeiro

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Na visita à Biblioteca Pintei e diverti-me. O tempo passou a voar Mas amanhã vou cá voltar… Até já, até já! Inês Tavares, 5º F Não se parece a biblioteca com a discoteca. É para ler ou ver, para estar ou descansar. Também tem livros para estudar com algumas palavras a rimar.

Pedro Fangueiro, 5º F

MARCA: PRODUTO: 77 camisolas pelo preço de 7 SLOGAN: Mais vale um armário a abarrotar do que um vazio! Texto argumentativo: Compre já!!! Ligue para o 808 505 505 nos próximos 20 minutos e receba 77 camisolas pelo preço de 7! demorou quatro anos e meio a conseguir encontrar a “fórmula” do tecido das nossas camisolas! Estas são quentes no Inverno e frias no Verão! ! Mais vale um armário a abarrotar do que um vazio! Anúncio publicitário realizado por Gabriel Costa e Guilherme Simões, 6º E


Atividades

na escola

Trabalhos enviados para o Jornal enviados pelo Grupo de Português

G. ZARCO

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Eu sou como o vento uns dias posso estar calmo noutros posso estar furioso a arrombar portas e casas com pessoas a dizer: “O tempo está horroroso!” Viajo muito; agora estou em Portugal mas, não me levem a mal, podia estar em Angola. Ouço muitas coisas e vejo muitas pessoas, empresários, construtores, umas más e outras boas.

Sou … um livro policial Sou um livro policial Com mistérios para resolver Onde podemos ganhar ou Perder. Sou difícil E misterioso Sou um conto Muito poderoso Tenho muitas perguntas Sem resposta Cheio de trocadilhos E palavras ambiciosas Sou crimes Sou assaltos Sou um polícia Um dos mais altos

Quero saber Quero estar Quero ouvir E anotar E acaba assim Um livro de policiais Este é o fim Um dos menos banais. Matilde Alves, 6º C

Sou uma bola Eu sou uma bola, que sem parar rola, rola, rola. Nos jogos gosto de entrar. Muitos chutos me dão, e para fora do estádio saio com tanta força que pareço um canhão. Já fui chutada pelo Ronaldo, o Messi e o Rivaldo, que golos marcaram e muitas equipas eliminaram. Para terminar, nesta quadra vou rimar. E assim anunciar que a minha vida de bola ao fim está a chegar! Miguel Oliveira, 6º C

Às vezes sou bastante rápido mas quase sempre lento não tão lento como uma tartaruga mas sim tão lento… como o vento. Guilherme Lourenço, 6º E


Atividades

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JI. Roberto IVENS

Jardim de Infância Roberto Ivens Sala 1

Dia Mundial da Alimentação Visitámos uma frutaria, comprámos diversas frutas e fizemos um lanche saudável: espetadas de frutas:

Que boas!!!

JI Roberto Ivens

Sala 1


CRÓNICA

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Uma Mão Estendida para o Nada Ali estava ele, sentado na calçada de uma movimentada rua da cidade (Qual?), de mão estendida. Devia ser de tarde. Mas ele há muito desinteressara-se do tempo dos outros. Observava os passantes na ânsia da dádiva. Alguns devolviam-lhe uma certeza que, de alguma forma, conseguira soterrar em si, através de um olhar inflexível. Estes eram sempre os mais apressados. Geralmente, andavam munidos de uma pasta. Transpareciam uma confiança, em cada passo, que o deixava atónito. Como se soubessem, em algum recanto interior, que o destino era um servo submisso à espera das suas instruções no alpendre. E ele, a sentir, simultaneamente, o frio e a dureza da calçada, nutria compaixão por eles. Mas uma compaixão sincera. Como se os olhasse de um cume, e os soubesse na dura inclinação da encosta. De súbito, a dor. Baixa a cabeça, como se lhe implorasse tréguas. De alguma forma, as tréguas chegavam. Mas por pouco tempo. Do outro lado da rua, outro companheiro de suplício. Que idade teria? No fundo, isso também pouco interessava. Assim como as suas outras vidas. Sim, todos foram outros. Mas o presente é o seu senhor. E, a partir daqui, edificam a sua vivência. Detém o seu olhar num grupo de mulheres, ainda jovens, que observa a montra em frente. Todas, sem excepção, obedecem aos imperativos da moda (ou serão imperativos do vazio?, pensa ele). Por fim, acabam por entrar na loja. O seu olhar acompanha uma delas. Sempre em sintonia com o grupo, retém-se nos mesmos pontos. Apanha uma peça de roupa, e observa-a, demoradamente, como se lhe procurasse extrair um qualquer significado oculto, que só ela perscrutasse. O olhar dos demais estava aquém destas altas verdades. E ele, da dureza da calçada, dessa realidade inultrapassável, acompanha o olhar dela, no interior sofisticado da loja, numa ânsia irmanada por uma qualquer revelação. Mas nada… Por fim, acompanha a saída do grupo da loja, sem vislumbre de sacos, um traço amarelecido nos rostos, o véu da derrota tolda-lhes os passos. Agora mais lentos. Por breves instantes, o seu olhar cruzou-se com o da tal. Mas, apesar da brevidade, houve compreensão: ela fora a única daquele grupo, no momento da capitulação, a saber-se sentada a seu lado. O tempo arrefecia. Chegava a hora de juntar os cartões e ir em busca de um lugar que disfarçasse a noite. De repente, caiu-lhe uma moeda. Era a moeda que anunciava fim. Todos os dias, por volta daquela hora, aquele sujeito deixava-lhe uma (talvez mais) moeda. Era mais velho do que ele. Sim, sem dúvida. Mas ele, no entanto, apenas se detinha na mão. Nem olhava a moeda. Como se aquela mão o fosse erguer. Como se lhe fosse familiar. Talvez, noutra vida, a sua se refugiasse aí. Talvez o guiasse noutras direcções. Talvez a tivesse largado nos caminhos do mundo. Talvez… O sujeito afastou-se. Ele recolheu as moedas, e os seus dedos, nesse momento, devolveram-lhe vazio. Não era o frio do metal que procuravam, mas o calor seguro da mão que se afastava, num passo lento. Procurou levantar-se, numa dificuldade crescente pela fome e a doença. Olhou para o fim da rua. O sujeito, agora parado, levava a mão ao rosto. Ele foi obrigado a imitar-lhe o gesto. Olhou os dedos, e encontrou, possivelmente, um vislumbre de regresso. (O autor utiliza o AO 45)


CRÓNICA

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(Des)Encontros Eram nove horas da manhã. As pessoas caminhavam, empurrando-se umas às outras nos passeios, para chegarem em primeiro lugar à paragem do autocarro. Havia muita gente na rua, naquele dia. De olhar cansado e vazio, apressadas e envoltas no stress diário, as pessoas faziam o mesmo percurso todos os dias, sem notar no varandim do 1º Esquerdo, semelhante a uma montra multicolor de florista. Oculta por entre as flores, Alice, de lenço e rolos na cabeça, espreitava todos os dias quem passava. Gostava de ver a multidão apressada, a mãe que ralhava com o filho divertido com o seu Ipad, os vestidos das senhoras, os namorados, os pedintes e, sobretudo, os clientes do Sr. Tojó, o dono do café da esquina. Nesse mesmo dia, como habitualmente, Alice dirigira-se à sua janela para observar os transeuntes, porém parecia-lhe tudo costumeiro e sem graça. Acordara com a sensação inquietante de que o seu dia seria igual ao anterior, enfiada na cozinha com as suas panelas de estimação. Não que esta rotina lhe desagradasse, mas apetecia-lhe fazer uma coisa diferente. Aguardaria, serenamente, pelo decorrer dos acontecimentos, podia ser que o destino se revelasse inspirador. A casa estava arrumada, a loiça lavada, o chão varrido, a sopa fervia ao lume. Os botões estavam todos solidamente passajados com um cuidado minucioso que não se dava pelos remendos. Resolveu, então, sentar-se a redigir o seu diário. Sentia-se cansada, mas após um princípio hesitante, sem norte, nem estilo, à procura de vocabulário como o pior dos aprendizes, as palavras pareciam querer aparecer. Tal como acontecera anteriormente, cada vez que começava a escrever, relembrava e emendava, emendava e relembrava, com uma exigência intratável que se moderava na continuação. A primeira página ocupava-lhe sempre mais tempo. Estava tão concentrada que nem se apercebera do toque do telefone. Levantou-se apressadamente, para atender. Do outro lado da linha, era Ana, a vizinha do 4º andar. Já se conheciam há muitos anos, durante os quais foram criando uma cumplicidade crescente. Estavam em sintonia, entendiam-se facilmente. Procuravam constantemente a companhia uma da outra, sentiam-se felizes juntas, partilhavam pensamentos, gostos, piadas. Descobriam interesses comuns e sabiam que podiam falar de tudo sem constrangimentos. Bem, de tudo, tudo, não! Havia um segredo que Alice nunca revelara a ninguém: a existência do seu diário. … (Continua)


CRÓNICA

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(Des)Encontros …. Combinaram encontrar-se no restaurante novo do fim da rua para almoçar, até porque o seu Costa estava fora o dia todo, na caça. Oxalá trouxesse para o jantar uma boa lebre, guisadinha com batatas… cogumelos selvagens… Além disso, mesmo que o marido estivesse em casa, também não havia problema. Nunca andara à mercê de homem nenhum, muito menos do seu Costa, que era um pobre homem. Aperaltara-se rapidamente com o seu melhor vestido, ou melhor, um dos poucos que ainda lhe serviam. Penteou o cabelo grisalho, colocou um pouco de batom rosa e umas gotas de perfume de lavanda. Desceu as escadas vagarosamente e avistou Ana de penteado novo. Alice, atónita, acenou com a cabeça e sorriu. Quando chegaram, foram recebidas por uma nortenha de seu nome Benvinda, uma força da natureza, uma mulher de sorriso eterno, gargalhada fácil, voluntariosa e bem-disposta. Sentaram-se num lugar recôndito e almoçaram. Nessa tarde, puseram a conversa em dia, porque já não se falavam há 24 horas. Conversaram sobre tudo, rendas, gastronomia, horóscopos e, claro, o assunto predileto, a vida alheia. Comentaram o caso insólito da rapariga do 3º andar, a Joana, cujo patrão era um “bruto”, sem escrúpulos ou modos. A coitadita aguentava muito ultimamente, tudo para ajudar no sustento da casa paterna. Caminharam a passos largos e gargalharam até casa. Já tinha escurecido e a hora da novela aproximava-se. Quando chegaram à porta do prédio, Alice e Ana esbarraram com Joana e entreolharam-se cúmplices e atrevidas. Já no interior da sua casa, Alice consertou o naperon, que se encontrava debaixo da televisão, sentouse no sofá e sonhou acordada … Conjurou um plano interessante que mudaria a sua vida económica e a vida profissional das outras mulheres. Tornar-se-ia “detetive”, dissiparia todos os delírios patronais masculinos e ganharia uns “trocos”, que bem lhe faziam falta! O dinheiro que o Costa ganhava já não era suficiente para o sustento da casa. Sabia que nascera numa sociedade de homens, feita para homens, que coartavam as liberdades femininas por motivos que podiam ser culturalmente explicáveis, mas que, pelo menos a ela, soavam a hipocrisia. Iria vigiar a vida de alguns patrões e tornaria as empregadas menos subservientes, sem serem coagidas pelas regras e convenções sociais machistas. Alice estava tão absorta no seu devaneio que só despertou ao ouvir o toque da campainha. Era o seu Costa que chegava a casa. Aquele desvario despertara-lhe os sentidos. Sabia que em breve iria encontrar (ou não?) o seu caminho, mas por ora, não diria nada ao marido, não o queria ofender, nem tão pouco afligi-lo.


CRÓNICA

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Tarde soalheira de Sábado. Visita a uma conhecida loja de vinhos e produtos gourmet em Belém. Conversa com um dos sócios. O que é conhecido por ser o mais cordial, desinibido, bom conversador. Diálogo sincero e caloroso: «vinhos de garagem, retintos, inesperados como o Diga… Pousadas, os melhores restaurantes do Sul, do Alentejo e também de outras regiões… e em Lisboa? escolha mais difícil e menos compensadora… o preço do centralismo e da maior procura… mas um pouco afastado do centro… há o restaurante do senhor Paulo… aqui perto em Queijas… excelente peixe e também boa carne, cortada pelo seu pai, antigo talhante e agora cozinheiro…» Ao jantar novamente os vinhos (servidos em copos Riedel): «Tem o alicante bouschet da Herdade do Esporão…?’ «Não tenho, mas prove o Touriga Nacional. É uma casta que se adaptou ao Alentejo melhor do que muitos supunham… Mas prove também este vintage 2000 do Vale Meão… Ah, já agora… depois do jantar sigam-me. Vou mostrar-vos a garrafeira do restaurante… muito melhor do que a de qualquer outro e superior à de muitas garrafeiras de lojas…!» Subida a um apartamento ocupado por centenas de caixas de vinho. Pinho marcado a fogo e cartão. Milhares de garrafas. De primeira qualidade. O melhor que existe na produção nacional. Todas as regiões… Douro, Alentejo, Estremadura, Bairrada, Ribatejo… garrafas autografadas por produtores reputados. Percurso pela assoalhada principal num périplo orientado pelo senhor Paulo sempre seguido pelo filho de 11 anos. O pai falava de marcas, colheitas, variações de características e classificações, produtores, novidades, raridades… aromas, profundidade, complexidade e relação de sabores… O filho secundava-o: «Não te esqueças da Quinta da Manuela, pai… e do novo vinho do Alentejo o Malhadinha que tem um boneco no rótulo… E aquele vinho ali, pai? Já o mostraste aos senhores?», disse apontando para uma garrafa do premiado Quinta do Monte d’Oiro. «Sim, é verdade.», respondeu o pai, «Tenho aqui raridades que ninguém tem. Este, por exemplo: o Quinta do Noval Nacional de 63. E ando à procura do de 31… E doutras raridades do mesmo género. Já agora… tenho caixas e caixas do Charme que vendo no meu restaurante. Já viram esse vinho em algum outro?» De regresso ao restaurante. «Vou mandar fazer ali uma garrafeira para mais de 4000 garrafas! Em ambiente climatizado.», disse apontando para a parede principal. «Prometo voltar para ver isso», disse-lhe, já de partida. «O senhor conhece e aprecia o vinho como ninguém…!» «Eu não…», respondeu o senhor Paulo. «Não bebo. Nunca bebi e odeio vinho…!»


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Imagens- Fonte: GOOGLE imagens

A todos os que colaboraram


Edição: Colaboradores: Rosa COSTA Amandio FONTOURA Susana DIAS Céu VALENTE Cristina GALA Nuno PEREIRA Pedro de SÁ António CASELAS Luísa RODRIGUES Isabel RAPOSO Vanda NUNES Lina PELICA e alunos do 2.º Ciclo da UEEA Rogério RUSSO e turmas de 9.º ano Ana ABRUNHOSA e turmas: 5.º E, 5.º F, 5.º G e 6.º F Turmas dos 2.º e 3.º Ciclos da ARC E G. ZARCO Alunos do 11.º A Turma 6.º CZ Ana Marta COSTA Carolina SERRAS José CRISTO André HENRIQUES Ana Teresa FRANÇA Ana Filipa Fernandes

A. E. Santa Catarina DEZEMBRO 2014

Amandio FONTOURA Susana DIAS

Constança BAPTISTA Carolina FAZENDEIRO Gabriela SANTOS Inês MONTEIRO Margarida CARDOSO Alexandra PIEDADE Bernardo PAULINO Diana LEAL Inês FERREIRA Catarina NEVES Diogo GOUVEIA Diogo REBELO Gonçalo FERREIRA Sheila ALMEIDA Carolina RIBEIRO Inês TAVARES Pedro FANGUEIRO Gabriel COSTA Guilherme SIMÕES Matilde ALVES Miguel OLIVEIRA Guilherme LOURENÇO

Design do CABEÇALHO: João VERSTEEG Paginação:

Revisão:

Amandio FONTOURA Susana DIAS Luísa NUNES


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