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3.2 – Os sujeitos de suas próprias histórias

A pesquisa qualitativa, [...] tem por objetivo trazer à tona o que os participantes pensam a respeito do que está sendo pesquisado, não é só a minha visão de pesquisador em relação ao problema, mas é também o que o sujeito tem a me dizer a respeito (MARTINELLI, 1999, p. 21).

Por meio de fundamentação teórica metodológica, analisamos os fatores que contribuíram e/ou interferiram na trajetória de vida destas mulheres e como decorreu o processo de ascensão a novos patamares na sociedade brasileira. Desenvolvemos pesquisa bibliográfica e nos apropriamos de conhecimento teórico sobre a questão do negro no processo sócio histórico de colonização do Brasil fazendo um recorte de gênero e assim compreender em que condições sociais a mulher negra se insere no desenvolvimento da sociedade brasileira até a atualidade, apresentadas nos capítulos anteriores deste trabalho.

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Para o processo de entrevista, foi realizado um acolhimento inicial com as entrevistadas, esclarecendo sobre os objetivos da pesquisa, sendo orientadas por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) sobre seus objetivos e sobre a garantia do sigilo da sua identificação pessoal.

Utilizamos como instrumental de pesquisa, entrevista semiestruturada, que foi utilizada com o intuito de evidenciar aspectos da trajetória de vida dessas mulheres, suas dificuldades e suas relações sociais, bem como os fatores que contribuíram ou dificultaram no seu processo de desenvolvimento socioeconômico e político cultural. A pesquisa foi realizada em dias, horários e locais pré-estabelecidos e pré-agendadas com as entrevistadas. Por uma questão de ética e de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), na exposição dos sujeitos, os nomes utilizados durante todo o trabalho são fictícios.

Consideramos que a metodologia da pesquisa qualitativa revela o significado das vivências dessas mulheres, sujeitos envolvidos nessa problemática, expondo suas formas de pensar e avaliar, possibilitando o retorno para elas de forma crítica, posicionando-se em relação ao vivido, ou seja, revelando a experiência social do sujeito.

Acessamos para a pesquisa de campo oito mulheres negras, uma amostra intencional, um grupo de mulheres negras representativas de um grupo específico maior. São mulheres negras com perfis diversificados: a maioria delas pertence a famílias de mais de cinco filhos, algumas delas de origem nordestina ou de famílias oriundas do nordeste. Um dado interessante é que são todas funcionárias públicas concursadas. Elegemos os seguintes critérios para a busca dos sujeitos de pesquisa: mulheres negras, de origem pobre, que tiveram ascensão socioeconômica e/ou político-cultural e profissionais de nível universitário e pósgraduados, que atuam nas áreas da educação, saúde, legislativo, executivo, judiciário ou são lideranças políticas, profissionais liberais, entre outros.

A grande maioria das mulheres entrevistadas é basicamente de origem ou descendência nordestina. Duas delas são da Região Sudeste. Tiveram uma base familiar muito sólida, o que foi determinante para que pudessem se dedicar aos estudos enquanto a família se organizava para dar esta base de sustentação. Este