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2.4 – Barreiras, dificuldades e obstáculos

Desde o inicio do século XX, a mobilidade social no Brasil foi intensa. Entretanto, o grosso da mobilidade ascendente sempre foi e continua sendo de curta distância. Ou seja, muitos sobem pouco e poucos sobem muito. Isso provoca um estiramento da estrutura social com alta desigualdade.

Os negros em nosso país sofrem duplamente: inicialmente, com as limitações das origens sociais e ao longo do ciclo de sua vida individual, pelo acúmulo de desvantagens sucessivas: se o individuo nasce em áreas urbanas ou rurais; a região do país da qual eram naturais; a escolaridade do pai e a sua ocupação, representando a produção intrageracional das desigualdades raciais, já que seus ancestrais eram escravos.

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A educação era medida em termos de anos de estudo e a ocupação por intermédio de um índice de seu status baseado na média dos rendimentos e da escolaridade de seus ocupados. Um ciclo que considerava três grandes fases: família (origem social), escolarização (escolaridade) e trabalho (ocupação) estavam linearmente encadeados. Assim, as desvantagens dos negros nas três fases redundaram em sensíveis diferenças de renda.

Havia, na sociedade brasileira, barreiras raciais veladas nos processos de mobilidade social inter e intrageracional que produziam confinamento dos negros nos estratos socioeconômicos inferiores, colocando em xeque o mito da democracia racial mais uma vez, a importância meramente residual do passado escravo na determinação do status coletivo inferior dos negros. Indícios de discriminação salarial no mercado de trabalho, somando com uma ausência no processo educacional que o peso da cor prejudicava mais os negros, selaram seus destinos aos estratos socioeconômicos inferiores da sociedade que produziu intensas desigualdades em relação aos brancos.

É importante observar que as diferenças raciais na distribuição de rendimentos, por um lado as diferenças na situação de origem dos indivíduos, explicam quase metade das diferenças de rendimento observadas, a meta de restante dessa diferença é explicável pela discriminação sofrida por não-brancos, ao longo do processo de realização socioeconômica. As desvantagens se acumulam a cada estagio do ciclo de vida, tornando extremamente elevado o custo monetário de não se pertencer a maioria branca da sociedade brasileira (VALLE SILVA, 1988, p. 162).

Apesar do crescimento socioeconômico do país no tocante as relações sociais, a situação permanecia conforme citado anteriormente: sobre-representação intensa dos negros nos grupos de menor status socioeconômico e barreiras raciais óbvias atuando contra os negros, principalmente nos processos de mobilidade ascendente.

A discriminação estrutural no processo de realização educacional foi considerado um fator para explicar as desigualdades raciais na estrutura social caracterizado nos processos de transmissão intergeracional, demonstrando que o negro está em desvantagem comparado ao sistema educacional do branco.

O núcleo das desvantagens que negros e pardos sofrem parece estar localizado no processo de aquisição educacional. Diferenças que tendem a crescer conforme aumenta a situação socioeconômica de origem. É impossível negar a existência de