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PREFÁCIO

PREFÁCIO

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oi com muita satisfação que recebi do Adeildo a incumbência de prefaciar seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Serviço Social que fez em parceria com a Edjan, mulher negra, sobre o tema: Mulheres Negras: histórias de resistência, de coragem, de superação e sua difícil trajetória na sociedade brasileira.

Não me causou estranheza a sua escolha, já que é fruto de do trabalho que vem desenvolvendo há quase dez anos na cidade de Santos em defesa da luta contra o preconceito e a discriminação. Tratar desse tema com o olhar crítico e sócio histórico com que foi tratado reflete, acima de tudo, sua experiência e presença constante nas lutas, nas conferências, nos seminários e em todas as manifestações pelos direitos à cidadania plena.

Foi essa maneira determinada e consciente que fez com que eu e mais três mulheres negras o convidasse a participar do Movimento Negro em nossa cidade. Veio primeiro o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Santos e logo em seguida a concepção, criação e fundação da Associação Cultural dos Afrodescendentes da Baixada Santista (AFROSAN), entidade que tem como objetivos principais a defesa dos direitos da população negra e afrodescendente, a preservação dos valores históricos, culturais e étnicos da comunidade negra. Além da sua colaboração na Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial e étnica (COPIRE).

Todo esse trabalho não bastava, tinha dentro desse jovem migrante nordestino o sonho de estudar, de conhecer com profundidade as suas raízes e, acima de tudo, dar a sua contribuição a todas aquelas pessoas que sofrem com todas as formas e tipos de preconceito e de discriminação. Daí chegar nesse tema, a meu ver, não foi difícil. Sua sensibilidade e convivência com as nossas companheiras de lutas, mulheres e negras, que nos mostravam como é extremamente difícil viver e conviver numa sociedade onde ainda são vítimas do racismo, do sexismo e da intolerância de gênero. Foi esse olhar crítico e sempre atento que, entendo eu, o fez escolher esse tema para ser objeto de estudos e pesquisas.

Tenho certeza de que contribuirá de maneira bastante positiva para que não só o mundo acadêmico, mas a sociedade como um todo, possa conhecer um pouco, ou melhor, conhecer o outro lado da história que muitas vezes tem sido ignorada pelo nosso sistema educacional. O país, nesse caso o Brasil, que ignora na sua história a presença marcante e determinante da mulher negra, faz com que esse trabalho se transforme numa excelente fonte de pesquisa e seja objeto de muitas consultas e reflexão. Fará com que tenhamos a clareza de sua contribuição na preservação da nossa história e na nossa identidade cultural e etnicorracial, mas acima de tudo, que façamos uma leitura crítica dos estereótipos e preconceitos que ainda perseguem a mulher, a negra e a pobre.

Parabenizo a você e à Edjan pela iniciativa e fico também muito feliz de perceber que nosso ideário em lutar por uma sociedade de direitos iguais para todos foi devidamente assimilado. Sei que não irá parar por aqui, já que a vontade que o move vem da sua luta pessoal de quem sabe e já sentiu na pele o que é o preconceito.

Que Deus e a espiritualidade os acompanhem sempre e que esse trabalho sirva de estímulo para as futuras lutas que virão.

Muito AXÉ!!!

José Ricardo dos Santos

Presidente da Associação Cultural dos Afrodescendentes da Baixada Santista (AFROSAN)