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SUPLEMENTO || JUNHO JUNHO 2011 2011 SUPLEMENTO
Cinza e cheiro desagradável por identificar preocupam população
Queixas originam estudo A existência de um abaixoassinado com cerca de 400 assinaturas e as vozes que se fizeram ouvir junto da Assembleia Municipal dão conta do agravamento da poluição atmosférica nos últimos dois a três anos e conseguiram que a Câmara Municipal solicitasse ao Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa um estudo de avaliação da qualidade do ar no município, cujos resultados foram apresentados na Assembleia Municipal
de 29 de Abril. O referido estudo aponta o poluente PM10 como responsável pelos únicos valores excedentes registados em dois locais de Ródão, entre 2 a 8 de Março e 25 de Março a 18 de Abril de 2011. Para os restantes poluentes, monóxido de carbono (CO), ozono (O3), dióxido de azoto (NO2) e dióxido de enxofre (SO2), os valores medidos não ultrapassam os limites estipulados pelo Dec.-Lei nº102/2010. As conclusões deste estudo referem ainda que “as emissões das fontes industriais terão tido uma influência decisiva nos valores medidos”. O mesmo poderá ser confirmado num quadro (ver pág. 2) retirado do relatório técnico do Quadro de Referência Ambiental do Plano Regional de Ordenamento do Território – Centro (2005). Este gráfico reporta-se aos dados de 2003 e identifica Vila Velha de Ródão como “zona de actividade industrial considerável” onde se verificam emissões entre 500 e 600 toneladas/ano do poluente PM10. Maria do Carmo Sequeira, Presidente da Câmara, assegura que “em relação ao estudo, e assim que tiver a
sua versão definitiva, a Câmara pretende encaminhá-lo para o Ministério do Ambiente e para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.” Ainda segundo a mesma responsável, “a Câmara não tem capacidade para intervir, são estas entidades que deverão agir.” Contactado pelo “Gente em Acção”, um dos subscritores do abaixo-assinado, Cristiano São Pedro, refere uma grande preocupação com o agravamento do mau cheiro e com as “partículas sólidas pretas” que, de tempos a tempos, cobrem o chão. O mesmo cidadão refere que o objectivo da iniciativa não é pôr em causa a existência de indústria na vila, mas sim saber se estão a ser cumpridas as normas previstas por lei e se os graus de poluição não ultrapassam os limites a partir dos quais a saúde pública é posta em causa. Um inquérito feito pelos alunos promotores deste projecto, aplicado sob anonimato a 58 habitantes da vila, refere que 93% consideram a qualidade do ar que respiram Má (41%) ou Muito Má (52%). Quando
questionados sobre se o ar traz malefícios para a saúde, 74% responde afirmativamente, enquanto 19% manifesta dúvida. Contactado pelos alunos, o gestor de qualidade da CELTEJO, Manuel Gonçalves, refere que “o facto de uma substância química produzir mau cheiro não significa necessariamente que seja prejudicial à saúde,
Este suplemento resulta de um trabalho de projecto desenvolvido pelos alunos do 8º ano da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de Vila Velha de Ródão. Resulta da consciência de cidadania destes jovens e da sua vontade de contribuir para ajudar a esclarecer as preocupações e dúvidas dos habitantes de Vila Ve l h a d e R ó d ã o relativamente às questões ambientais.
E-Mail: gente_vvr@gmail.com
A qualidade do ambiente está cada vez mais no centro das preocupações das populações. Em Vila Velha de Ródão têm-se ouvido algumas vozes de inquietação com a qualidade do ar que se respira. Alguns cidadãos, em nome individual ou colectivo, manifestaram já as suas dúvidas junto de entidades competentes. A população interroga-se sobre uma cinza preta e gordurosa que, por vezes, cobre o chão e todas as atenções se viram para a indústria presente no concelho. Nas ruas, ouvem-se cidadãos criticar o mau cheiro e o fumo, a existência de unidades fabris que arruínam qualquer hipótese de investimento no turismo e a consequente desertificação da região. Contudo, são também os cidadãos que reconhecem a importância das grandes unidades fabris na economia local, na manutenção de postos de trabalho, na fixação da população residente e na sobrevivência de outras empresas que dependem
e prestam serviços às maiores. A CELTEJO assegura a sua preocupação ambiental através da monitorização contínua das emissões gasosas e controle diário dos efluentes líquidos. A AMS – GOMA CAMPS SA. é vista como uma unidade modelo e que desenvolve um “processo limpo” de produção. A CENTROLIVA – INDÚSTRIA E ENERGIA SA., apesar dos contactos efectuados, optou por não prestar esclarecimentos.
foto: Jorge Gouveia
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