financeiro
financeiro arevistadocrédito edição
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Saúde financeira EM ENTREVISTA EXCLUSIVA, ANTONIO GUSTAVO RODRIGUES, PRESIDENTE DO CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES FINANCEIRAS (COAF) ABORDA A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA ENTRE BANCO CENTRAL, COAF E AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO
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4º SEMINÁRIO JURÍDICO ACREFI DEBATE A REFORMA JUDICIÁRIA
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conteúdofinanceiro
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Na entrevista do mês, Antonio Gustavo Rodrigues,
Cultura
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Sofisticação e tecnologia acústica dão o tom da
presidente do Coaf, fala sobre a importância das
Sala São Paulo
instituições financeiras no combate à lavagem de dinheiro 16
Negócios & Lazer
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Panorama Cetip Financiamento de veículos cresce 23% nos cinco primeiros meses do ano
O hotel Tivoli personaliza atendimento de olho na Copa 2014 22
4º Seminário Jurídico Acrefi Evento discute os avanços do Judiciário brasileiro
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Poupança Brasileiro aposta na mais tradicional modalidade de investimento do País
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Economia
artigos 15 Carlos Henrique de Almeida Serasa Experian 20 José Ricardo Alves Bancarização
Paulo Rabello de Castro, presidente da RC
28 Hélio Zylberstajn Questão Jurídica
Consultores, apresenta perspectivas da economia
34 Gustavo Pecly Educação
brasileira
43 Joaquim Kavakama Cessão de Crédito
Entrevista Cobrança
48 Nicola Tingas Macroeconomia 50 Aquiles Leonardo Diniz Ensino
Egberto Blanco, diretor presidente do Instituto Geoc,
55 Luiz Carlos Mello Mercado de Veículos
fala sobre os desafios do mercado
56 Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas julho 2013 FINANCEIRO 3
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expediente financeiro ISSN 1809-8843
Publicação da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Diniz, Bartholomeu Ribeiro, Carlos Alberto Samogin, Cláudio Messias Ferro, Décio Carbonari de Almeida, Élcio Azevedo, Elias de Souza, Felicitas Renner, Luis Félix Cardamone Secretário Sérgio Cipovicci Tesoureiro Alexandre Teixeira Diretores Regionais Ciro Pitangueira de Avelino, José Agnelo Seger, Leonardo Dadauto, Luiz Carlos do Nascimento, Paulo Dalla Nora, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Pedro da Costa Carvalho e Sebastião Cunha Diretores-Executivos João Carlos de Souza Caritá Júnior, Mara Lygia Prado e Rubens Bution Montadoras Edson Froes, Edson Ueda, Eduardo Varella, Felipe César Rodrigues Ferreira, Gunnar Murilo, Joelcyr Carmello e Nelson Aguiar Diretores Conselheiros José Carlos Alves e Victor Loyola Conselho Consultivo Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Décio Carbonari de Almeida, Flávio Antonio Meneghetti, Ilídio Gonçalves dos Santos, Júlio Avelar, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Ricardo Loureiro e Rogério Pinto Coelho Amato (membros) Conselho Fiscal Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos) Geraldo Lima Wandalsen e Marcus André de Oliveira (suplentes) Diretor Superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Economista-Chefe Nicola Tingas Auditoria Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes Assessoria Contábil AG Silveira Contabilidade Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial
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editorial
A
grande maioria das pessoas ficou atônita com as manifestações de protesto que ganharam as ruas em junho. O movimento teve tantas adesões em tão pouco tempo que deixou a maioria do País surpresa. Não temos a cultura de ir às ruas em massa para reivindicar, por maiores que sejam as razões que justifiquem ações desse tipo, e não víamos tanta gente na rua gritando slogans e pedindo mudanças desde o “Fora Collor”, há 20 anos. A recente onda de manifestações tinha motivos para surpreender. Ao contrário do que aconteceu nos protestos de 1968, que pediam o fim da ditadura, de 1984, cujo mote era a volta das eleições presidenciais, e de 1992, pró impeachment de Fernando Collor, desta vez a pauta era difusa: começou com a reivindicação de redução do preço da tarifa de ônibus – afinal vitoriosa – e acabou por abranger uma interminável lista de temas, que vão desde críticas aos gastos para realização da Copa do Mundo até ataques agressivos aos governos (a todos os governos, diga-se). Não foram manifestações apenas de estudantes, nem de partidos, nem de candidatos, nem de sindicatos. Foi um movimento da população. Feitas essas considerações, deve-se dizer que não havia tanto motivo para surpresa. Quem tem um olhar minimamente atento para a realidade brasileira sentia há tempos que a insatisfação vinha tomando conta da sociedade. Não era possível mesmo suportar a quantidade de
Foto: Flávio Roberto Guarnieri
A voz do povo é a voz de Deus desmandos que se acumula há anos no Brasil. O estopim é a ameaça de inflação, mas há muito mais. Ninguém mais aguenta a carga tributária, o descaso com saúde e educação (para ficar em dois exemplos), os desmandos de variados governos, a corrupção disseminada. Situações como essa podem até demorar a explodir, mas são insustentáveis. Todos nós nos sentimos indignados faz muito tempo, e com toda a razão. A consequência dessa indignação foi a explosão de ressentimentos que se exteriorizou nas manifestações de junho. Foi como um rastilho de pólvora aceso que chegou finalmente ao barril. O resultado, como seria de se esperar, foi o triste espetáculo proporcionado pelos governos, que sem saber como responder a tamanha intensidade de protestos e cientes de que era impossível tapar o sol com a peneira, ficaram sem ação. Depois de arrombada a porta, tentaram providenciar uma fechadura. Mas era tarde demais. Que impacto toda essa movimentação terá no futuro próximo do País? É difícil responder. Sabe-se apenas que o Brasil mudou e vai continuar mudando depois das manifestações. Não adianta alimentar ilusões de que tudo vai melhorar rapidamente, mas existe a certeza de que as coisas não ficarão mais como estavam, até porque a sociedade deixou mais do que claro que não vai aceitar uma volta ao triste cenário anterior. Dentre os vários cartazes que marcaram as passeatas, dois resumiram o estado de espírito dos brasileiros: “Queremos um Brasil melhor. Nada mais” e “Não é por centavos. É por direitos”. Mais explícito que isso é impossível. O recado está dado. Chegou a hora de agir e mudar, até porque a alternativa é o caos. E isso ninguém quer.
Érico Sodré Quirino Ferreira Presidente da Acrefi julho 2013 FINANCEIRO 5
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Banif Banco Internacional do Funchal (Brasil) S.A.
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Inteligência financeira Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em entrevista exclusiva, aborda o papel das instituições no combate à lavagem de dinheiro Por Gisele Donato Por meio de um sistema organizado de informações é possível encontrar rastros da lavagem de dinheiro. Nesse cenário, as próprias instituições financeiras devem conhecer seus clientes e acompanhar suas movimentações financeiras, informando ao Coaf eventuais suspeitas. Cabe ao Banco Central verificar se as instituições financeiras estão cumprindo seu papel. Por sua vez, o Coaf supervisiona e fornece informações sobre a qualidade das comunicações recebidas e outras estatísticas para a melhoria contínua do sistema de prevenção. Para Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do Coaf, o valor da lavagem é imensurável. “Trabalhos internacionais indicam que esse crime representa de 0,5% a 1,5% do PIB mundial, mas é uma estimativa, não uma medida. Certamente é muito dinheiro.” Advogado de carreira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Rodrigues trabalhou no Banco Mundial e, em 1995, assumiu o cargo de secretário adjunto de assuntos internacionais do Ministério do Planejamento. Em 2000, ocupou o mesmo cargo no Ministério da Fazenda. Desde 2004, preside o Coaf, órgão criado em 1998 que tipificou o crime de lavagem de dinheiro. “O sistema financeiro é o principal alvo dos lavadores de dinheiro e, felizmente, também o setor mais consciente e preparado para ajudar a dar a resposta que a sociedade brasileira quer”, enfatiza Rodrigues. Confira entrevista exclusiva com o presidente do Coaf.
Revista Financeiro – Quais os principais desafios do Coaf no controle das atividades financeiras? Antonio Gustavo Rodrigues – Existem desafios de diversas naturezas. Do ponto de vista administrativo, a ampliação do seu reduzido quadro de servidores é um desafio que tem sido permanente nos últimos anos e afeta diretamente sua capacidade operacional. No campo operacional, por sua vez, os desafios se dão tanto nas atividades de supervisão quanto nas de inteligência financeira. É necessário consolidar a capacidade de supervisão dos setores regulados pelo Coaf, normalmente dispersos e sem o costume de serem regulados, com especial ênfase na qualidade das comunicações. Na inteligência financeira, o crescente volume de troca de informações exige um constante aperfeiçoamento das técnicas e ferramentas de análise de dados. O Coaf também é muito demandado para ajudar a semear e cultivar a cultura da prevenção. Cada novo setor, regulado ou não pelo Coaf, requer um grande esforço para que seus participantes entendam o que se espera deles. Não se trata de substituir o Estado na persecução de criminosos ou de delatar clientes, mas sim que pessoas de bem se comportem como tal e não fechem os olhos quando perceberem que alguém pode estar tentando usar da sua boa-fé para fins ilegítimos.
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Fotos: Douglas Luccena
Financeiro – O que uma instituição financeira deve fazer para se precaver contra o crime de lavagem de dinheiro? Rodrigues – Sabendo que a imunidade contra lavagem de dinheiro é uma utopia, qualquer esforço que não seja genuinamente motivado pelo real interesse em se precaver não funcionará efetivamente.
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Financeiro – Quais as principais ações do Coaf para fiscalizar a origem dos recursos que passam pelas instituições financeiras? Rodrigues – São as próprias instituições financeiras que devem conhecer seus clientes e acompanhar suas movimentações financeiras, informando ao Coaf eventuais suspeitas. Quem supervisiona as instituições financeiras para verificar se estão cumprindo seu papel é o Banco Central. O Coaf colabora nesse trabalho de supervisão fornecendo informações sobre a qualidade das comunicações recebidas e outras estatísticas que consideramos de fundamental importância para a melhoria contínua do sistema de prevenção. O trabalho de inteligência financeira do conselho é complementar ao das instituições financeiras e demais empresas obrigadas. Com uma diferente perspectiva, ele agrega e sistematiza essas diversas contribuições, juntamente com informações de outras bases de dados, e produz relatórios que são enviados às autoridades competentes para investigação. São essas autoridades que, em última análise, confirmarão a origem dos recursos e se existe ou não crime. Nosso trabalho, portanto, é o de alertar que algo pode estar ocorrendo e merece ser verificado.
O Brasil tem evoluído bem no que se refere à prevenção à lavagem de dinheiro, especialmente na área financeira. Mas tem deficiências importantes Depois, as normas e orientações do Banco Central do Brasil indicam o caminho. Certamente, treinamento e sistemas adequados são ferramentas importantes. No entanto, se não existir vontade real de fazer benfeito, outras demandas podem prevalecer, pondo tudo a perder no longo prazo. O trabalho de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD) de forma alguma é antagônico aos objetivos de lucro, rentabilidade ou resultados das instituições financeiras. Esses, por sua vez, também não devem ser antagônicos ao trabalho de PLD. Os sistemas de PLD e Combate ao Financiamento do Terrorismo (CFT) têm um custo, mas estou certo de que esse valor é infinitamente inferior ao que representaria fazer negócios em um ambiente sem esse controle. Financeiro – Quais os principais requisitos para um compliance eficaz, que atue de maneira isenta e notifique aos gestores da instituição qualquer suspeita de lavagem de dinheiro? Rodrigues – Certamente podem ser relevantes diversas questões estruturais, tais como a quem está vinculado o compliance ou qual o seu nível hierárquico, mas a verdadeira resposta, para mim, é a sinceridade da política de PLD da instituição financeira. Se essa política não for séria, não permear efetivamente a instituição, visar apenas atender à fiscalização, nunca será realmente eficaz. Do ponto de vista operacional, creio que conhecer efetivamente o cliente é o elemento julho 2013 FINANCEIRO 9
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Na inteligência financeira, o crescente volume de troca de informações exige um constante aperfeiçoamento das técnicas e ferramentas de análise de dados
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fundamental. Não apenas conhecer seu CPF, identidade e contracheque, mas saber de sua efetiva capacidade econômica, das suas características e necessidades financeiras – o que, aliás, pode ajudar na venda de outros produtos. Para isso, o compliance deve ter amplo acesso a informações, tanto específicas quanto agregadas, dos seus clientes e suas operações e a sistemas que alertem para desvios dos padrões. Também creio ser importante conhecer os produtos financeiros, para que servem, como funcionam e como são normalmente usados. Financeiro – A Lei da Lavagem de Dinheiro prevê dois mecanismos: cegueira deliberada e domínio do fato. Quais as implicações que a nova Lei da Lavagem de Dinheiro traz para as instituições financeiras? Rodrigues – Essa é uma mudança jurídica importante. Agora a lei não mais tolera a preguiça e o descaso. Não se admite mais o não saber por não querer saber, por não tentar, por não se esforçar. Como já mencionei, considero impossível garantir que todas as operações financeiras visando lavar dinheiro serão sempre e em todos os casos identificadas. Isso não quer dizer, entretanto, que esse não deva ser o objetivo. Deve-se buscar, tentar e se esforçar para tanto. Mostrar diligência afasta a suspeita de negligência. Financeiro – Como deve ser a relação do sistema financeiro com o Coaf? Quais tipos de mecanismos o senhor acredita que sejam ideais para passar a informação ao órgão em caso de suspeita de lavagem de dinheiro?
Rodrigues – Basicamente, realizamos o mesmo trabalho, mas com perspectivas e especializações diferentes. Sendo o setor financeiro o segmento mais importante nos sistemas de PLD/CFT, entendo que deve haver sempre um canal de comunicação bem azeitado e eficiente. Como um órgão que vive do tratamento de dados e informações, considero isso fundamental. Creio que nos últimos anos construímos uma parceria profissional muito positiva com o sistema financeiro. Quanto aos mecanismos, o Sistema de Controle de Instituições Financeiras do Coaf (Siscoaf) já fornece uma plataforma adequada. Temos trabalhado, juntamente com o Bacen, buscando o constante aperfeiçoamento das comunicações, para que elas efetivamente agreguem valor, o que no nosso caso quer dizer informação. Financeiro – É uma tendência mundial o controle sobre as atividades financeiras, já que os chamados paraísos fiscais – como, por exemplo, a Suíça – começam a prestar informações aos órgãos públicos, a cooperar e bloquear bens? Rodrigues – Primeiro, é importante ser mais preciso quanto ao assunto. Um paraíso fiscal é um país de tributação favorecida e pode ou não ser um paraíso para lavagem. As duas coisas não se confundem. Os paraísos fiscais preocupam por atrair recursos em busca de menores impostos, mas podem fazê-lo sem infringir as recomendações internacionais de prevenção e combate à lavagem de dinheiro. De qualquer forma, percebe-se uma enorme evolução na cooperação entre países. O esforço
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do Grupo de Ação Financeira (Gafi) em promover a cooperação na área de PLD/CFT já vinha dando frutos. Entretanto, assuntos fiscais, inclusive quanto a cooperação, eram tratados com muita timidez. Mais recentemente, com a crise de 2008, o G-20 chamou a atenção para o tema de cooperação na área fiscal e o assunto ganhou corpo, inclusive no Gafi. Com a inclusão do crime fiscal entre os antecedentes de lavagem de dinheiro em diversas jurisdições, o assunto deverá contar com cada vez mais atenção do Gafi, onde a falta de cooperação já era foco de especial escrutínio. O isolacionismo fiscal, que reflete a desconsideração pelas agruras de outros países, começa a ser cada vez menos tolerado. Por certo, ainda temos um longo caminho pela frente, mas pode-se perceber uma certa desmistificação do tema fiscal nos foros internacionais e o estabelecimento de mecanismos de cooperação que certamente terão grande impacto. Financeiro – A Resolução nº 25 determina que as pessoas físicas ou jurídicas que vendam itens com preço maior do que R$ 10 mil façam cadastro de seus clientes. Na prática, essa medida funciona? Rodrigues – A prática de fazer cadastro de clientes é do próprio mercado e independente de valor. Além disso, creio ser obrigação emitir nota fiscal, o que requer alguns dados mínimos. Portanto, essa obrigação não parece ser muito complexa, exceto para os que sonegavam. O registro de clientes e operações é determinado pela lei, a resolução do Coaf apenas fixou o montante mínimo. Ele é necessário para permitir ao empresário cumprir
suas outras obrigações, especialmente para evitar fracionamento nos pagamentos em espécie. Ainda é cedo para dizer se está funcionando ou não, mas, se não estiver, o empresário que não cumpriu com suas obrigações poderá ser confundido como parte do problema. Aí a questão passa a ser de natureza criminal. Financeiro – O combate à lavagem de dinheiro é dificultado pela eficiência do crime organizado? Rodrigues – É dificultado pela criatividade do criminoso, organizado ou não. Conforme são identificadas novas tipologias, os países procuram adotar medidas para mitigar o risco. A diferença é a velocidade – o crime organizado não tem constrangimento quando cria esses novos caminhos. Nós, sim, quando vamos combatê-los. Por outro lado, o descaso de muitos empresários em adotar medidas de prevenção os torna alvos fáceis, facilitando a vida do criminoso. Se isso ocorre nos setores já regulados, pior ainda nos que ainda não o são. O curioso é que, ao fechar os olhos para o uso que alguns de seus clientes querem dar ao seu negócio, o empresário está fortalecendo aquele mesmo que o está destruindo. Para quem o traficante vende drogas? Será que um filho seu ou de seus amigos não será prejudicado? Será que ele ou algum membro de sua família não será sequestrado? A quem prejudica a corrupção? Essas são algumas das perguntas que esses empresários deveriam se fazer. Financeiro – É possível mensurar o montante que representa a lavagem de dinheiro no País? julho 2013 FINANCEIRO 11
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Rodrigues – Creio que não. Quanto ao mundo, existem trabalhos internacionais que indicam de 0,5% a 1,5% do PIB mundial, mas a própria amplitude dos limites mínimo e máximo indica uma estimativa, e não uma medida. O criminoso quer que seja oculto – se fosse conhecido, para ser medido, ele seria pego. A lavagem de dinheiro decorre de outros crimes, denominados antecedentes, que visam ou produzem ativos – têm um esperado resultado econômico ou financeiro para o criminoso. Atualmente, na nossa legislação, qualquer infração penal é antecedente. Assim seriam todas as infrações penais, menos as de natureza passional (que não visam a resultado econômico-financeiro). Como se supõe que os criminosos não sairão por aí ostensivamente mostrando os resultados auferidos em suas atividades, irão lavá-los. Portanto, a resposta à sua pergunta seria, em princípio, o somatório dos recursos obtidos em todas essas infrações penais. Certamente é muito dinheiro.
Financeiro – O senhor gostaria de comentar algum ponto que não foi questionado e que é relevante para o Coaf no universo financeiro? Rodrigues – O sistema financeiro é o principal alvo dos lavadores de dinheiro e, felizmente, também o setor mais consciente e preparado para ajudar a dar a resposta que a sociedade brasileira quer de maneira cada vez mais clara. É importante que o sistema financeiro tenha consciência de que será o principal afetado no caso de uma avaliação negativa do País pelo Gafi/FATF, mesmo que as deficiências estejam fora da sua competência. Isso decorre dos mecanismos de pressão do Gafi/FATF, que funcionam basicamente pelo alerta às demais jurisdições quanto aos riscos de realizar operações financeiras com um país com deficiências, independentemente da natureza específica do problema. Assim, adicionalmente aos esforços que o sistema financeiro faz em sua própria casa, deve estar atento e apoiar o desenvolvimento do assunto no País como um todo, ajudando, com seu peso, a aper-
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Financeiro – Cite exemplos de outros países que exercem o controle das atividades financeiras com eficiência e que podem ser aplicados no Brasil. Rodrigues – Não existe sistema perfeito. As diversas jurisdições têm pontos fortes e fracos, algumas mais, outras menos. Para os realmente interessados, sugiro ler as avaliações dos diversos países – inclusive a brasileira – feitas pelo Gafi/FATF e pelos organismos regionais ligados a ele, que estão disponíveis nos respectivos sites. A brasileira também está no site do Coaf. O Brasil tem evoluído bem no que se refere à prevenção à lavagem de dinheiro, especialmente na área financeira. Mas tem deficiências importantes identificadas no relatório, diversas das quais já foram superadas com a nova legislação desde então. Continuam faltando, entretanto, legislação de combate ao financiamento do terrorismo e melhores resultados (números de condenações definitivas).
O sistema financeiro é o principal alvo dos lavadores de dinheiro e, felizmente, também o setor mais preparado para ajudar a dar a resposta que a sociedade quer feiçoarmos cada vez mais nosso sistema de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. O sistema financeiro é também o principal parceiro do Coaf no trabalho de inteligência financeira. Por isso, gostaria de agradecer pelos seus esforços e empenho. Existem nesse meio alguns menos conscientes, mas esses são exceções e como tal deverão ser tratados. Espero que continuemos a trilhar esse caminho juntos, com profissionalismo e seriedade, mas sem perder o clima ameno que tem ambientado esse diálogo. f
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notasmercado
BALANÇA COMERCIAL
US$ 65 bilhões
será o valor de investimentos estrangeiros diretos destinados ao setor produtivo neste ano, de acordo com a projeção do Banco Central.
1,4 milhão
é o número de desempregados, registrado em maio, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Melhora o resultado da balança comercial em relação a abril O superávit registrado pela balança comercial em maio foi de US$ 760 milhões. Os dados, revelados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), garantem que esse valor é 74,3% inferior ao registrado em maio do ano passado, quando o saldo foi de US$ 2,962 bilhões. No quarto mês de 2013, o déficit foi de US$ 994 milhões, o que representa o pior abril da série histórica do ministério.
CRÉDITO DE LUXO
Cresce o número de imóveis de luxo financiados
57,1%
das famílias paulistanas seguem endividadas em maio, revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), conferida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
55,74%
dos executivos brasileiros, de acordo com a consultoria Hays, receberam aumento salarial em 2012.
De acordo com a imobiliária Coelho da Fonseca, o número de financiamentos de imóveis que custam mais de R$ 1 milhão aumentou 27% de janeiro a março de 2013. Em comparação com o mesmo período de 2009, a alta foi de 686%. O volume de recursos direcionados para negociações do tipo cresceu 1.362%.
TECNOLOGIA
Mais internet para o Brasil Mais domicílios adquiriram acesso à internet no último ano. Em 2012, 40% das casas brasileiras, de acordo com a pesquisa Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) Domicílios, obtiveram esse serviço. Em comparação com o ano retrasado, houve uma alta de 4%. O estudo, feito em 17 mil lares brasileiros, mostra que o maior crescimento aconteceu no Nordeste, onde o acesso passou de 21% para 27%. Mas o maior número de acessos acontece no Sudeste, em que 48% das casas têm internet.
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artigoquestãojurídica
Por Carlos Henrique de Almeida
Durante o longo debate, aprovação e regulamentação do Cadastro Positivo no País, muitos acreditaram que as informações positivas provenientes do sistema financeiro eram suficientes para viabilizar esse avançado sistema de avaliação do risco. Na realidade, isso tem como fundamento o amplo compartilhamento das informações de crédito entre todos os setores econômicos. Estudo inédito da Serasa Experian mostra que as informações positivas fora do sistema financeiro têm ganhado representatividade no Cadastro Positivo. Na base de dados da empresa, 75% dos CPFs registraram consultas em vários setores, nos últimos cinco anos; são ativos no crédito. Os outros 25% de CPFs, que não tiveram nenhuma consulta no período, foram considerados inativos no crédito. Do total de CPFs ativos, 56% foram consultados por grandes bancos; 36% por bancos e financeiras filiados à Acrefi, 16% pelos maiores varejistas do Brasil e 63% por outros segmentos. A partir desses dados é possível fazer duas constatações: primeira, se os associados da Acrefi e o grupo de varejistas analisados já estivessem no Cadastro Positivo, haveria na base de dados da Serasa Experian informações positivas sobre 42% dos consumidores do Brasil, excluindo-se a sobreposição entre os dois segmentos. Segunda, quando comparamos esse porcentual aos 56% consultados por grandes bancos, descobrimos que três quartos dos clientes transacionam também no varejo e nas instituições associadas à Acrefi. A entrada dos grandes bancos no Cadastro Positivo trará 14 pontos porcentuais a mais de CPFs para a base. Dessas constatações, pode-se concluir que os CPFs consultados pelos bancos médios e financeiras filiados à Acrefi correspondem a quase metade dos CPFs ativos em crédito e, quando se agregam
os principais varejistas do País, esse porcentual sobe para 56%. Com esses porcentuais, fica evidente a grande contribuição que os associados da Acrefi podem dar ao Cadastro Positivo, independentemente das grandes instituições. Essa não é uma realidade apenas do mercado de crédito brasileiro. Cada vez mais o compartilhamento das informações positivas fora dos grandes bancos tem se tornado relevante no mundo todo. Nos Estados Unidos, onde a Experian opera o maior birô de crédito do mundo, as informações de telecom e utilities facilitam a inclusão de imigrantes e jovens no crédito, os chamados thin file, por conta das poucas ou nenhuma informação positiva de crédito em seu histórico. Ainda há um longo caminho para o pleno funcionamento do Cadastro Positivo, e quanto mais rápidas forem as adesões de empresas e entidades, mais breves serão os benefícios de transformar dados em decisões inteligentes na concessão de crédito, gestão do relacionamento com clientes, gestão da cobrança e prevenção a fraudes. f Carlos Henrique de Almeida é economista da Serasa Experian e administrador de empresas pela EAESP–FGV
Fotos: Divulgação/Shutterstock/Artigo enviado em junho de 2013
Informações positivas ganham representatividade
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negócios&lazer
Por Erica Martin
Por Erica Martin
À moda do cliente Pelos corredores do luxuoso hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo, já passaram figuras famosas como a cantora Lady Gaga, o empresário Eike Batista e a atriz francesa Audrey Tautou. Por conta da diversidade do público frequentador, a equipe de 350 funcionários está acostumada a personalizar o atendimento de acordo com o perfil do cliente. Quando é uma celebridade, eles identificam a flor, a fruta, o vinho, o champanhe e o tipo de travesseiro favoritos do hóspede, antes de ele chegar ao hotel. Em 2010, recepcionaram a rainha Silvia, da Suécia, que trouxe o próprio mordomo, além da louça para oferecer um jantar. O hotel se encarregou de preparar uma decoração floral selecionada de acordo com a preferência cultural do país. Essa proposta do tratamento individual aos hóspedes (que já virou tradição) será reforçada durante a Copa de 2014. “Mais do que se adaptar ao evento, vamos nos adaptar ao cliente, cada um vai exigir um atendimento especial. Se é um hóspede do Oriente Médio, por exemplo, tiramos as bebidas alcoólicas do minibar”, comenta Cristian Bernardi, diretor de vendas e marketing do grupo no Brasil. A rede Tivoli ainda não definiu todas as novidades, mas a expectativa é distribuir brindes com as cores do Brasil, como canetas e lenços para as mulheres. A rede também já se programa para contratar profissionais que prestarão serviços externos, como guias turísticos e motoristas.
Fotos: Divulgação/Douglas Luccena
A um ano dos jogos, das 220 acomodações do hotel, há apenas dez suítes vagas
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Um pouco de história
A bandeira Tivoli Hotels & Resorts, umas das principais redes de Portugal, chegou ao Brasil em 2006. No País estão instaladas apenas duas unidades, uma em São Paulo, a outra na Praia do Forte, no Estado da Bahia. Os dois empreendimentos, enquadrados na categoria cinco estrelas, foram selecionados pela Fifa como acomodações oficiais da Copa do Mundo. Mais informações podem ser consultadas na página http://hotels.fifa.com/?language=pt. Mimos para encantar
Para recepcionar o público apreciador do futebol, o hotel promete entrar em clima de festa. Além dos quartos, que vão receber uma decoração especial, os hóspedes
A expectativa é aumentar em 30% a contratação de guias turísticos bilíngues, transfers e motoristas ganharão lembrancinhas simbolizando o evento. Etiquetas para bagagem, lenços para mulheres e canetas com as cores do Brasil são alguns dos mimos previstos. Além disso, o cardápio gastronômico deve contar com novidades como sobremesas inspiradas no futebol e nas seleções, e os pratos serão elaborados de acordo
com os times que vão competir. No Narã Bar, onde executivos se reúnem para conversar e estreitar relacionamentos, será instalado um telão para exibição dos jogos. O espaço, ideal para consumir bebidas e coquetéis, preserva luzes mais escuras, que deixam o ambiente mais aconchegante. Mais gente
Está prevista a contratação de serviços externos, como guias turísticos bilíngues, transfers e motoristas que conheçam os pontos turísticos da cidade. A expectativa é aumentar em 30% o quadro de profissionais que já presta serviços para o Tivoli. “Teremos tours temáticos pela cidade, que serão formatados de acordo com o interesse do cliente.” julho 013 FINANCEIRO 17
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Tarifas em alta O Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) anunciou no fim de junho que a tarifa cobrada pelos hotéis deve subir durante a Copa do Mundo. No Rio de Janeiro, a tarifa média durante os jogos em 2014 será de US$ 461, quantia que representa o dobro da taxa de US$ 212 paga durante a Copa das Confederações deste ano. Em Fortaleza, a tarifa média deve chegar a US$ 355, montante 200% maior em relação ao valor de US$ 119 cobrado durante a Copa das Confederações. A busca foi feita pela internet na simulação de quarto para dois adultos.
Um sonho
A suíte presidencial, localizada no 22º andar, encanta qualquer um que vai ao hotel, situado a um quarteirão da Avenida Paulista. A suíte de 750 metros quadrados tem capacidade para hospedar seis pessoas e é a maior da América Latina. O ambiente é aconchegante; ao mesmo tempo são necessários alguns minutos de visitação para descobrir a quantidade de cômodos e onde estão localizados. Há também uma variedade de equipamentos à disposição de quem se hospeda por lá. Na acomodação, o hóspede pode aproveitar para degustar champanhes da adega Dom Pérignon – uma garrafa da marca de luxo pode custar até R$ 700. A
estrutura é cercada de janelas de vidro. São três quartos, sala de jantar que chega a comportar 12 pessoas, e a sala principal é de fazer inveja aos cenários de festas dos filmes americanos. Demais aconchegos
Quem não tem R$ 30 mil à disposição para tirar proveito dos primores da suíte presidencial poderá reservar outras acomodações. A suíte master tem 70 metros quadrados – equivalente a um apartamento convencional – e abriga sala de estar, sala de reuniões e quarto. Além disso, é possível apreciar o Parque Trianon do alto, localizado na Avenida Paulista. A diária custa R$ 3.350. Para passar um dia nas acomodações Collection Suite
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Cristian Bernard, do Tivoli “Mais do que se adaptar ao evento, vamos nos adaptar ao cliente, cada um vai exigir um atendimento especial”
(de 42 metros quadrados), o custo é um pouco menor; são R$ 1.580. Para se acomodar no quarto Collection Plus, de 38 metros quadrados, o valor cai para R$ 1.040. Os quartos não devem passar por redecoração, já que a chegada da bandeira à capital paulista é recente. No fim de 2008, o Grupo Espírito Santo, dono da marca Tivoli, passou a administrar o hotel Mofarrej, em São Paulo, quando houve uma repaginação dos quartos. Foram gastos R$ 16 milhões. Para o lazer
Os hóspedes também podem aproveitar as áreas de lazer e a gastronomia. No Tivoli de São Paulo há dois restaurantes e um bar. A piscina do hotel, que chama a atenção pela
decoração laranja, em meio a poltronas aconchegantes e perfeitas para um dia de sol, fica a céu aberto e é climatizada. Para completar, quem quer relaxar também pode curtir o spa no Elements e o Spa by Banyan Tree, marcas tailandesas especializadas em massagem. Disponibilidade
A um ano dos jogos, encontrar quartos disponíveis está cada vez mais difícil. Para quem vai prestigiar a abertura e a semifinal no português Tivoli, há apenas dez suítes vagas – ao todo são 220 acomodações. A expectativa é de que 75% da clientela futebolística seja de estrangeiros, a maior parte clientes corporativos.
Preço
O hotel só aceitará reservas feitas por hóspedes que vão ficar mais de cinco noites na unidade da rede em São Paulo. O custo para dormir nas suítes mais simples será de R$ 1 mil. Quem quer aproveitar os mimos do quarto presidencial, que já recepcionou até a cantora Amy Winehouse, terá de desembolsar R$ 30 mil. A rede não tem previsão para aumentar as tarifas durante a Copa. f INFORMAÇÕES ÚTEIS Localização: Alameda Santos, 1.437, Jardim Paulista, Cerqueira César Preços: De R$ 1 mil a R$ 30 mil Contato: (11) 3146-5900
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artigobancarização
Por José Ricardo Alves
Há pouco que se acrescentar ao muito que já foi dito sobre a importância dos correspondentes no Brasil. Porém, à medida que se amplia o processo de bancarização, multiplicam-se as iniciativas que podem inviabilizar esse instituto. Hoje, os correspondentes são objeto de questionamentos na Secretaria da Receita Federal, no Supremo Tribunal Federal, no Ministério Público do Trabalho, no Tribunal Superior do Trabalho e no Congresso Nacional. Na Receita Federal, a Resolução CGSN 77 de 2010 traz as listas de atividades impeditivas à concessão do Simples Nacional. Dentre elas, encontram-se os correspondentes de instituições financeiras. Recentemente, deixaram de integrar esse rol para fazer parte da relação das atividades ambíguas. É um avanço, mas em muitos casos a empresa deve escolher entre, por um lado, gozar dos benefícios do Simples e, por outro, atuar como correspondente. No Supremo Tribunal Federal, uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ajuizada pelo Partido Popular Socialista questiona a Resolução 3.954 de 2011, do Conselho Monetário Nacional, que trata de contratação de correspondentes. A ação pede, liminarmente, a suspensão imediata da eficácia da resolução porque os correspondentes teriam funções privativas de instituições financeiras, porque sua regulamentação dependeria de lei complementar e porque seriam “bancários informais”. Eventual concessão de liminar suspenderia a atividade em todo o País até o julgamento do mérito – que pode levar anos. Recentemente, o Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou com ação em desfavor de uma empresa promotora de vendas e de uma financeira, alegando que esta se utilizava de expediente fraudulento para afastar a aplicação de normas da CLT e das normas coletivas relativas aos financiários. O Tribunal Superior do Trabalho determinou o enquadramento sindical dos funcionários contratados pela promotora de vendas e o pagamento de dano moral coletivo no
valor de R$ 5 milhões. Em outro julgamento, o Tribunal Superior do Trabalho determinou que uma empresa promotora de vendas fosse compelida a enquadrar todos os funcionários como financiários, entendendo que os funcionários da promotora de vendas realizavam atividades típicas de financeiras. No Congresso Nacional, o Projeto de Lei (PL) n° 4.330 de 2004, que regulamenta a terceirização, encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. O relator do PL incluiu dispositivo que exclui expressamente os correspondentes bancários da exigência de objeto social único para empresa terceirizada, o que criou a possibilidade de prestação de mais de uma atividade terceirizada por essas empresas. Porém, essa proposta enfrenta resistência. No Legislativo também se encontram projetos de decreto legislativo que procuram sustar a aplicação da Resolução n° 3.954 de 2011, do CMN, com a alegação de que a resolução permite aos correspondentes se constituírem como uma “filial“ da contratante, executando inclusive atividades típicas de uma instituição financeira, sem terem sido autorizados pelo Banco Central e sem aparatos mínimos de segurança, nos moldes exigidos dos estabelecimentos bancários, além de autorizar a realização de contratos que não garantem a manutenção do sigilo bancário. A Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) atua junto à Secretaria da Receita Federal, ao Supremo Tribunal Federal, ao Ministério Público do Trabalho, ao Tribunal Superior do Trabalho e ao Congresso Nacional para afastar ou mitigar iniciativas que possam inviabilizar a atividade dos correspondentes. Essa atuação é melhor quanto mais próxima a CNF estiver das suas associadas. f José Ricardo Alves é vice-presidente executivo da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF)
Foto Divulgação/Artigo enviado em junho de 2013
Mais correspondentes, muitas ameaças
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Avanços da Justiça Problemas como morosidade e excesso de litígios ainda são empecilhos para o sistema judiciário brasileiro, que possui 90 milhões de processos em tramitação. Todavia, o País caminha com melhorias para esse cenário por meio da tecnologia e de maior eficiência. Grandes nomes do sistema judiciário brasileiro abordam o tema em evento da Acrefi Por Juliana Jadon
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Fotos: Shutterstock / Douglas Luccena
Não é somente pela simpatia e pelo futebol que o brasileiro é conhecido. A nação também é reconhecida mundialmente por fazer políticas públicas nascidas do diálogo. No entanto, o sistema judiciário brasileiro precisa evoluir em diversos pontos, visto que enfrenta problemas como morosidade, excesso de litígios e o difícil acesso à Justiça. Demora dez anos, em média, para um processo ser finalizado, entre a entrada nos tribunais e a finalização em última instância. “Não podemos esperar tanto tempo para que a Justiça dê uma resposta”, ressalta Flávio Crocce Caetano, secretário de Reforma do Judiciário, durante o 4º Seminário Jurídico da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), em São Paulo (SP). A ocasião contou com a participação de Érico Sodré Quirino Ferreira, presidente da Acrefi, em sua abertura. Em 2011, o Brasil atingiu a marca de 90 milhões de processos judiciais em tramitação, de acordo com os dados mais recentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O número exorbitante equivale a um processo para cada duas pessoas. Nesse cenário, o sistema judiciário brasileiro possui grandes desafios pela frente, com a meta de tornar a Justiça mais ágil e diminuir o volume de litígios. Nota-se que os cerca de 20 mil juízes e 13 mil promotores existentes não são suficientes para atender a tamanha demanda.
De acordo com o secretário de Reforma do Judiciário, nesse contexto é necessária a realização de reformas processuais com o objetivo de abreviar procedimentos e dar mais eficácia para as decisões judiciais. A ideia é que somente as questões mais graves cheguem aos tribunais superiores, deixando os juízes mais livres para decisões complexas. Processos de resolução simples podem ser finalizados de maneira mais “amigável”. Outra saída para deixar o sistema judiciário brasileiro eficiente é o processo eletrônico. Todavia, existe um tempo de adaptação para o uso do meio digital, sendo que é necessário ter os documentos em papel e eletrônicos coexistindo simultaneamente. Caetano chama atenção para um obstáculo: existem lugares no interior do País em que advogados ainda usam máquina de escrever. “O processo eletrônico traz transparência, controle e eficiência ao sistema judiciário. Temos de sair do papel neste País em que todos votam de forma eletrônica”, conclui.
Existem 90 milhões de processos no País, o equivalente a um litígio para cada duas pessoas, de acordo com o CNJ julho 2013 FINANCEIRO 23
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tiça, da Defensoria e da Polícia. Passados sete meses, a iniciativa já traz resultados. Houve redução de 35% na taxa de homicídios. “Com uma política perene de integração e de investimento, é possível melhorar a situação no Brasil”, discorre Caetano. O secretário de Reforma do Judiciário alerta ainda para outros números alarmantes. São 550 mil presos no Brasil para 310 mil vagas. O déficit é de 240 mil vagas. O Brasil é o quarto país do mundo em população carcerária, e cerca de 200 mil presidiários têm processos em aberto, ainda não julgados. De acordo com Caetano, seria necessário aplicar penas alternativas em crimes de baixa periculosidade para reduzir essa margem. Soluções alternativas
Flávio Crocce Caetano, secretário de Reforma do Judiciário “O processo eletrônico traz transparência, controle e eficiência ao sistema judiciário”
Exemplos de outros países podem ajudar. No Equador, o índice de confiança na Justiça era de apenas 6%. Para reverter o cenário, foi feita uma reforma por meio de um plebiscito. Em 18 meses, os 3 milhões de processos daquele país foram enxugados para 200 mil. Curiosidades do Judiciário
Um dos grandes desafios da Justiça está ligado à criminalidade, segundo Caetano. São, em média, 26 homicídios a cada 100 mil habitantes no País, mais que o dobro do tolerado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em Alagoas, região onde a situação é mais crítica, esse índice chega a 76 homicídios para cada 100 mil habitantes. No combate ao crime, o policiamento desse local melhorou e foi formatada uma Câmara de Monitoramento com a participação semanal do Ministério Público, da Jus-
No Brasil, os advogados trabalham para ganhar causas. Por aqui, a cultura do consenso e do não litígio, em que os casos são resolvidos antes de chegar à Justiça, ainda engatinha em diversas áreas. Caetano lembra a importância de colocar em prática os meios alternativos de resolução: mediação, conciliação, negociação e arbitragem. Dessa forma, o País terá menos processos e os juízes ganharão tempo para pleitos complexos. Na prática, pode funcionar, sendo que casos de família que tentam conciliação possuem 90% de êxito, já as causas cíveis têm 80% de êxito. A ideia é que essa mudança comece na formação dos advogados, mas algumas universidades ainda não contam com esse tema inserido na grade curricular. Conversas com o Ministério da Educação (MEC) colocam em pauta a obrigatoriedade desse tema nas faculdades de direito. É debatida também uma estratégia nacional de redução de litígios com a participação da Justiça e das empresas. “Precisamos de uma estratégia nacional para a redução de litígios. O governo e as grandes corporações devem levar à Justiça somente o que não for possível ser solucionado de outra maneira”, ressalta Caetano.
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Consumidor em foco
Em 15 de março deste ano, a presidente Dilma Rousseff anunciou o Plano Nacional de Consumo e Cidadania (Plandec) e colocou pela primeira vez os assuntos dos consumidores como uma das prioridades do governo. André Luiz Lopes dos Santos, consultor jurídico da Acrefi, explicou o projeto e lembrou que o sistema financeiro é um dos grandes participantes, por meio da ampla relação que tem com os consumidores. Para o executivo, muitos consumidores tiveram o primeiro acesso a produtos e serviços por meio do crédito. Segundo ele, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) brasileiro é um dos mais avançados do mundo, mas os bancos e empresas precisam procurar resolver e administrar os problemas dos clientes
de maneira simples, gerando uma redução de conflitos. “O diálogo e o aprimoramento dos serviços de pós-venda são fundamentais para o avanço das relações de consumo”, opina o consultor jurídico.
Meios alternativos de resolução de processos como mediação, conciliação, negociação e arbitragem podem deixar a Justiça menos morosa Marc Burbridge, presidente do Instituto ProRAD “Justiça lenta demais é injustiça”
André Luiz Lopes dos Santos, da Acrefi “O diálogo e o aprimoramento dos serviços de pós-venda são fundamentais para o avanço das relações de consumo”
Preço do conflito
Para Marc Burbridge, presidente do Instituto ProRAD, conflito nem sempre é ruim. Existem circunstâncias em que é usado para descobrir algo que pode ser corrigido, que gera inovação em uma empresa, na medida em que é um agente de mudança para algo melhor, e ainda quando recompensa alguém por um mal causado a outra pessoa. Segundo ele, o conflito é ruim quando gera um custo desnecessário e poderia ter sido resolvido de outra forma. O executivo apresentou a RAD (Resolução Alternativa de Disputas), filosofia do instituto que preside e que engloba todos os meios para prevenir e resolver conflitos, sem depender do uso de poder ou do Judiciário. julho 2013 FINANCEIRO 25
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4ºsemináriojurídicoacrefi O especialista defende que a mediação de conflitos é mais eficiente e econômica para as empresas. Esse meio pode ser eficiente. De acordo com o livro “O Novo Advogado”, a taxa de resolução nos Estados Unidos antes do julgamento é de 98,2%. Burbridge fez uma estimativa de custos dos processos empacados no sistema judiciário. Em 2010, eram 55 milhões de processos. Se cada um custasse em torno de R$ 5 mil por ano, seriam necessários R$ 279,4 bilhões anuais para mantê-los. Ainda nessa linha, segundo ele, com um investimento de R$ 10 milhões seria possível reduzir 1% do custo do litígio no País. “Justiça lenta demais é injustiça”, diz.
Transparência De acordo com o Plandec, o sistema financeiro terá de tornar os custos e as tarifas mais transparentes. Uma resolução editada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) exige que os bancos e financeiras: l Informem a diferença de custos nas tarifas
bancárias individualizadas e nos pacotes. l Destaquem a composição dos custos nas
operações de crédito e de câmbio.
O sistema financeiro precisa ter um bom compliance para ajudar o Poder Público a identificar crimes de lavagem de dinheiro Antonio Gustavo Rodrigues, do Coaf “Não são os bancos que detectam o crime de lavagem de dinheiro, mas ajudam a detectá-lo por meio das informações que detêm”
Eficiência jurídica
Os bancos atuam, muitas vezes, em um solo delicado. Saber a origem dos recursos financeiros de todos os clientes e empresas é uma missão complexa. Para isso, é preciso ter um bom sistema de compliance, que atue de maneira isenta. “Percebeu-se há muito tempo que a forma mais eficaz de enfrentar o crime organizado é identificar as informações que levam à origem dessa prática”, aponta Pierpaolo Cruz Bottini, professor de direito da Universidade de São Paulo (USP) e ex-secretário de Reforma do Judiciário. Nesse cenário, o sistema financeiro pode ajudar o Poder Público a identificar os atos de lavagem de dinheiro, registrando e comunicando às autoridades possíveis operações suspeitas. “Não são os bancos que detectam o crime de lavagem de dinheiro, mas ajudam a detectá-lo por meio das informações que detêm”, aponta Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ). A nova legislação da lavagem de dinheiro passa a identificar dois novos mecanismos. São eles: ce-
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Pierpaolo Cruz Bottini, especialista em direito civil “Percebeuse há muito tempo que a forma mais eficaz de enfrentar o crime organizado é identificar as informações que levam à origem dessa prática”
gueira deliberada – diz que são partícipes do crime de lavagem de dinheiro pessoas que não sabem que o recurso veio de origem ilícita, mas que criaram uma barreira para não ter conhecimento desse fato. E o domínio do fato em que basta alguém estar em uma posição hierárquica em que possa interromper o processo de lavagem de dinheiro e não ter feito nada diante da situação para ser considerado autor do crime. “Quem fecha os olhos e não aplica os mecanismos necessários para identificar a lavagem de dinheiro assume o risco de maneira negligente”, reforça o presidente do Coaf. Segundo Bottini, o gestor que se omite, mesmo podendo impedir que o recurso ilícito passe pela instituição financeira, é acusado de partícipe do crime. Bancos e financeiras devem estabelecer
alguma diretriz, um sistema de monitoramento interno que possibilite ao compliance avisar o gestor sobre a suspeita de lavagem de dinheiro. “Um bom compliance pode gerar um custo maior, mas ser mais barato do que um processo criminal”, alerta. Para o presidente do Coaf, a ideia é trabalhar para melhorar a qualidade das informações que são passadas pelo sistema financeiro, para que realmente valham como provas legais para o crime de lavagem de dinheiro. Diante das apresentações, a conclusão do encontro é que a área jurídica brasileira caminha para uma grande evolução, com resoluções mais ágeis e eficazes. Cabe agora cada player desse cenário cumprir o seu papel. f julho 2013 FINANCEIRO 27
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artigoquestãojurídica
Por Hélio Zylberstajn
Existe alguma relação entre conjuntura econômica e utilização da Justiça do Trabalho? Para tentar responder a essa questão, coletamos dados sobre o nível de emprego e a quantidade de reclamações na primeira instância da Justiça do Trabalho, para o período de 1990 a 2012. O resultado é apresentado no gráfico abaixo. As colunas verticais representam a quantidade de postos formais de trabalho registrados na Rais. Nesse período, o mercado de trabalho mais que duplicou de tamanho, passando de 23 milhões em 1990 para 48 milhões em 2011. A linha azul representa a quantidade de processos iniciados na primeira instância da Justiça do Trabalho e indica que partimos de 1,2 milhão e chegamos a 2,2 milhões nestes 22 anos. Finalmente, a terceira linha, de cor negra, representa a relação entre reclamações trabalhistas e empregos, e indica a quantidade de processos instaurados para cada cem empregos existentes. Essa taxa apresentou oscilações no período e, ao final, se estabilizou no nível de cinco reclamações para cada cem empregos. Observando a evolução da taxa de reclamações, se percebem claramente duas fases distintas no período considerado. A primeira, que vai de 1990 a 2000, foi o período em que a economia brasileira experimen-
Processos trabalhistas
Fonte: Rais
tou um profundo processo de ajuste com abertura do comércio exterior, privatizações, desregulamentações, e, finalmente, a estabilização do Plano Real e as crises financeiras do final da década. Nessa fase, quando o emprego ficou estagnado, o gráfico mostra um crescimento expressivo na taxa de reclamações, que chegou ao nível de 8%. Na segunda etapa, com a retomada do crescimento do emprego, a taxa de reclamações voltou ao patamar histórico de 5%. Esta breve análise oferece algumas conclusões. Primeiro, a taxa de cinco reclamações para cada cem empregos indica uma propensão exagerada ao litígio no Brasil. Segundo, a propensão ao litígio é sensível à conjuntura econômica: em tempos difíceis, os trabalhadores tendem a reclamar mais na Justiça do Trabalho. Mas quando a situação melhora e as oportunidades de emprego aparecem, reclamam menos. É como se a Justiça do Trabalho exercesse a função do seguro-desemprego! Terceiro, se o emprego continuar a crescer, precisaremos de mais Varas do Trabalho para absorver o crescimento paralelo das reclamações. Pior, se o emprego estagnar, haverá mais reclamações e a Justiça do Trabalho ficará mais sobrecarregada ainda. Se voltássemos hoje aos 8% dos anos 1990, haveria 4 milhões de reclamações por ano! Qual deveria ser o tamanho da Justiça Trabalhista para acomodar tanto litígio? A mensagem final parece muito clara: é preciso aprimorar nosso sistema de administração do conflito trabalhista. O litígio na corte trabalhista precisaria ser substituído por mecanismos mais compatíveis com o gigantismo do nosso mercado de trabalho. f Hélio Zylberstajn é economista, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), presidente e fundador da Associação Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho (Ibret) e faz parte de Conselhos da Fecomércio e da Fiesp
Texto publicado originalmente no “Boletim Mascaro Nascimento” – abril de 2013
Reclamações trabalhistas e emprego
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poupança
Por Juliana Jadon
Bolso cheio Brasileiro aposta na mais tradicional modalidade de investimentos do País no momento de poupar para realizar um sonho. Em janeiro deste ano, a caderneta de poupança atingiu mais de R$ 500 bilhões, uma marca histórica para o período nos dois últimos anos Guardar dinheiro e investir nem sempre é fácil. Em muitos casos, é preciso se privar de momentos de lazer. Foi isso que Taissi Martins, de 27 anos, fez no final de 2009. Cerca de dez meses após se formar em estatística, ela conquistou o primeiro emprego em uma instituição financeira. De lá para cá, a moça guarda cerca de 15% do salário em uma poupança bancária. A meta é um belo dia abandonar o aluguel com a compra de um apartamento. Em janeiro deste ano, o saldo da caderneta de poupança no Brasil atingiu R$ 500,8 bilhões, uma marca histórica para esse mês em dois anos. Os dados são do Banco Central do Brasil, que aponta que os depósitos superaram as retiradas em R$ 2,3 bilhões. “No começo, eu tinha pouco dinheiro para investir em planos de ren-
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Fotos: Shutterstock/Divulgação
da fixa e a poupança se encaixou nas minhas condições”, conta Taissi. A atual rentabilidade da poupança, de 70% da taxa Selic, mantém a atratividade em relação aos demais investimentos, principalmente porque a poupança é isenta de tributos (IR e IOF) e não cobra taxas de administração. Além disso, para aplicações de até 12 meses, a poupança possui melhor rentabilidade do que, por exemplo, os fundos de renda fixa DI com taxa de administração acima de 0,83%. De acordo com Édilo Ricardo Valadares, diretor executivo de pessoa física da Caixa Econômica Federal, para aplicações de até seis meses a poupança apresenta rentabilidade superior aos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) de varejo que pagam abaixo de 94% do CDI. “Independentemente da rentabilidade, a poupança contribui de maneira fundamental para o desenvolvimento do hábito de poupar nas famílias brasileiras pertencentes a todas as classes sociais”, considera. Neste ano, a Caixa obteve o melhor desempenho da história em captação de poupança em um mês de fevereiro. A captação líquida em poupança foi de R$ 893 milhões, totalizando um saldo de R$ 178 bilhões. O crescimento foi de 17,23% em comparação a fevereiro de 2012. A Caixa é líder de mercado, com participação de 35,23% naquele período. Reinaldo Domingos, presidente do DSOP e especialista em educação financeira, explica o motivo dos
bons resultados apresentados. Recentemente, as fatias menos favorecidas da sociedade e a nova classe média passaram a utilizar mais essa modalidade de investimento. “Algumas pessoas desconhecem aplicações mais complexas. A vantagem da poupança é que é um investimento seguro e sem taxas embutidas”, avalia. Metas definidas
A segurança e a tradição são dois atributos que contribuem para que a poupança da Caixa seja a preferida de milhões de brasileiros há mais de 150 anos. Criada em 1861, foi concebida com o objetivo de garantir a reserva monetária para nobres e escravos. Em função dessa tradição, da rentabilidade, da segurança oferecida e da facilidade, tanto na abertura quanto na movimentação, é vista como uma opção de investimento acessível e atraente
para todas as camadas da população. É o caso de Gisele Ferreira, estagiária de enfermagem de 24 anos, que começou a investir na poupança aos 18. A mãe a influenciou a economizar e comprar produtos à vista. Com o dinheiro guardado, a garota já ajudou a família a dar entrada em uma casa, comprou um carro usado e agora, assim como Taissi, pretende dar entrada em um apartamento. Para isso, ela guarda entre 40% e 50% da renda mensal. Já Taissi segue o exemplo da irmã mais velha, que começou a guardar dinheiro para alcançar ob-
Taissi Martins, de 27 anos Meta do investimento na poupança é dar entrada em um apartamento e abandonar o aluguel. Para isso, ela guarda cerca de 15% da renda
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poupança Édilo Ricardo Valadares, da Caixa Econômica Federal “A poupança contribui de maneira fundamental para o desenvolvimento do hábito de poupar nas famílias brasileiras pertencentes a todas as classes sociais”
Reinaldo Domingos, do DSOP “A vantagem da poupança é que é um investimento seguro e sem taxas embutidas”
jetivos, como uma cirurgia bariátrica, e conseguiu. O problema de Taissi é que, com o passar dos anos, o preço dos imóveis na cidade de São Paulo, onde ela pretende adquirir um lar, aumentou exorbitantemente. Mas seu sonho continua de pé. Ela acredita que dentro de três anos terá o dinheiro para a entrada do imóvel. E sabe que suas altas exigências em termos da localização do apartamento e das qualidades colocam o alvo mais longe de ser atingido. Segundo o especialista Domingos, para aplicar determinada quantia é preciso ter sonhos, objetivos, assim como as garotas acima. “Sem metas claras, diante de
Opções O investidor se vê diante de diversas modalidades para escolher. Uma alternativa para quem quer segurança e maior rentabilidade é a de aplicar em títulos do Tesouro Direto. Essa opção permite aplicações a partir de R$ 30, em curto, médio ou longo prazo. Basta escolher uma agência integrada, que geralmente orienta o cliente sobre como deve proceder.
qualquer dificuldade ou desvio a pessoa geralmente saca o dinheiro que colocou na poupança. Esse tem sido um problema representativo da sociedade brasileira”, aponta. O ideal, segundo ele, seria diversificar os investimentos em diferentes perfis e objetivos – um de curto, outro de médio e um terceiro de longo prazo. Cofres abertos
Apesar do aumento do uso da poupança no Brasil, essa modalidade de investimento representa apenas 17% do PIB, aponta estudo realizado em 2012 pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em países como China e Singapura, o saldo da poupança representa mais de 50% do PIB. Os dados demonstram que, com a população mais consciente sobre o uso do dinheiro, o País ainda pode avançar nesse quesito. “Minha intenção é continuar a investir na poupança, que me dá segurança, rentabilidade não tão alta quanto gostaria, mas ainda assim tenho retorno”, encerra Taissi. Ela acredita que guardar dinheiro é sempre importante, porque não se sabe nada sobre o dia de amanhã. f
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artigoeducação Por Gustavo Pecly
Nos últimos dez anos, tenho ido com alguma frequência aos Estados Unidos, seja a trabalho ou passeio. Minhas viagens são, basicamente, para Nova York, Flórida e Califórnia. A última durou 45 dias e foi planejada a partir do interesse da minha esposa de aprimorar a fluência no inglês por meio de um curso de 90 dias em uma universidade da Califórnia. Com um filho de 8 anos muito apegado a ela, resolvemos passar juntos os primeiros 45 dias na Califórnia. Ela foi para estudar, e nós para passear. Alguns dias antes de sairmos do Brasil, em dezembro de 2012, começamos a pensar que talvez fosse mais produtivo se nosso filho, que tem uma relativa fluência no inglês, também frequentasse uma escola pública na mesma cidade. Contando com a facilidade e vivência de uma irmã que mora na Califórnia, verificamos na internet os documentos necessários para viabilizar essa ideia. Munidos de todos os traumas do povo brasileiro na questão da educação, chegamos de forma tímida à San Juan School District. Estávamos preparados para uma resposta negativa. Aguardávamos ouvir de tudo: preenchimento de ficha, volte depois, não podemos atender, estamos com a sala completa, sinto muito... Enfim, todo tipo de resposta que os brasileiros escutam e de que existem relatos às centenas. Quando explicamos nosso interesse pela vaga ao funcionário público americano, ouvimos a seguinte frase: “Muito bem. É possível, pois lugar de criança é na escola”.
E não parou por aí. Na sequência, de forma bastante gentil, o funcionário perguntou se poderia destacar um professor para conversar e avaliar o nível de inglês do aluno. Rapidamente, esclareceu que não seria nenhuma prova para entrar, apenas uma avaliação para identificar se precisaria recomendar à escola a necessidade de um professor assistente. Após o teste, foi definido que ele iria para a escola pública do bairro onde estávamos morando e já poderia começar na segunda-feira. Passada essa fase da matrícula, chegamos ao primeiro dia de aula. A professora, com simpatia e atenção, definiu uma criança para ciceronear o novo aluno e mostrar as instalações da escola. Em seguida, convidou-me para que, se assim desejasse, permanecesse sentado no fundo da sala de aula para acompanhar as primeiras horas de adaptação do aluno. Claro que aceitei. Mas antes fiz uma pergunta sobre a necessidade de material escolar. Nesse momento, tive uma nova surpresa. A professora levantou o tampo de uma das mesas e mostrou todo o material de que o aluno precisaria: livros, cadernos, lápis, borracha, papel. Não era preciso comprar nada. Tudo fornecido pela escola. E mais, na mesa havia um papel com o nome do novo aluno de forma destacada para que todos o identificassem. Durante as semanas seguintes, tivemos uma sequência de boas surpresas e muita dedicação da equipe da escola, com a alternância adequada entre aulas com as matérias, aulas de arte e exercícios físicos com prática intensa de esportes. Ficando na escola das 8h20 até as 14h50, foram momentos extremamente importantes para a formação de meu filho e uma grande lição de como um país deve conduzir uma política de educação em que o lema de que “lugar de criança é na escola” é elevado ao maior nível possível. f
Gustavo Pecly é diretor do Grupo Libra
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Lugar de criança é na escola
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economia
Brasil em
perspectiva Por Juliana Jadon
Paulo Rabello de Castro, economista e sócio fundador da SR Rating, analisa os rumos da economia brasileira em evento da Acrefi Mesmo diante de um cenário externo turbulento, a economia brasileira deverá crescer 2,7% em 2013. A opinião é de Paulo Rabello de Castro, economista e sócio fundador da SR Rating, além de presidente da RC Consultores. Ele apresentou “A economia brasileira: momento atual de perspectivas” em evento da Associação Nacional das Insti-
tuições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), patrocinado pela Cetip. O próprio executivo diz que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) previsto pode não ser sustentado ao longo do segundo trimestre deste ano e projeta ainda para 2014 uma elevação de 3,3%. “Esse número é para vocês. Funciona como um
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Paulo Rabello de Castro, da SR Rating “A máquina pública ficou extremamente onerosa, e é um desafio o País se tornar mais eficiente”
pacto de que será um ano melhor, apesar da grande probabilidade de esse avanço não ser alcançado”, brinca Rabello de Castro.
e de 3% para o próximo. Em janeiro, o Banco Mundial indicava expansão de 2,4%, em 2013, e de 3,1%, em 2014. “Esse cenário atrela-se a nossa perda de
Diante dos arrojos presentes nas economias e da expansão possivelmente tímida dos países emergentes e em desenvolvimento ainda neste ano, o Banco Mundial fez uma reavaliação do PIB global para baixo. A projeção é de um crescimento de 2,2% para este ano
competitividade interna. Nosso ‘pibinho’ está contratado internacionalmente, devido ao cenário de aperto econômico. O cenário externo está mais para obstáculo para o Brasil do que para oportunidade”, destaca Rabello de Castro. Segundo o economista, a atual pressão do mercado financeiro e de câmbio é resultado do momento de reajuste do Federal Reserve (Fed). Apesar da notícia da vez ser que “a recuperação da economia americana já está em andamento”, o banco central norte-americano sinaliza a retirada de estímulos. Todavia, segundo Rabello, a entidade não possui elementos suficientes para fazer um diagnóstico confiável do cenário, sendo que a leitura do mercado é árdua. Outro sinal de que não há recuperação alguma, segundo ele, é que em uma das recentes reuniões dos representantes do G8 – grupo de oito países mais desenvolvidos economicamente – não se sabia
Fotos: Douglas Luccena/Shutterstock
Instabilidade Segundo Paulo Rabello de Castro, a instabilidade dos mercados globais perdura. Confira os principais pontos: • FED reduz compra de papéis • Menor austeridade na zona do euro • Medidas expansionistas no Japão • Emergentes percebem redução da liquidez • Atividade econômica menos dinâmica nos Brics e N-11 • Protecionismo comercial acentuado (dumping + subsídios) Fonte: RC Consultores
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economia
Economia global Principais consequências do atual momento econômico na visão de Rabello de Castro: • Dólar em processo de valorização • Commodities e ações: forte viés de baixa • Inflação mundial controlada • Protecionismo
Caminhos para o Brasil
Nicola Tingas, da Acrefi “Se a inflação trouxer novas surpresas, pode ser necessária uma taxa de juro maior”
quais fatores poderiam ser atacados para resolver a situação daquele país. O especialista aponta que não há recuperação da economia europeia e que a China caminha para uma desaceleração na medida em que aumentou em 2009 um terço do estoque de crédito. O montante é maior do que o estoque brasileiro. Essa medida impulsionou a economia do país somente em 2010 e 2011.
Economia nacional • • • • • • • •
2,7% com viés de baixa Inflação corrói poder de compra Desvalorização do real pressiona Novos apertos de juros Crédito à pessoa física cresce mais devagar Emprego e renda com expansão moderada Balança comercial em ambiente adverso Pequena redução das reservas Fonte: RC Consultores
De acordo com o economista da SR Rating, a reflexão que deve ser feita pelo governo é sobre a melhoria da estrutura produtiva, que possui processos abandonados induzidos pelos altos preços de commodities. Outro problema é que a nação verde e amarela está na contramão dos custos para os empresários. Enquanto os salários reais caem na Europa e nos Estados Unidos, no País ocorre aumento. Para ilustrar esse cenário, ele mostrou um gráfico que demonstra a evolução gradativa da renda per capita dos americanos entre 1989 e 2007. Após esse período, com a crise que assolou o País, é possível verificar que o indicador estagnou. “No Brasil, os salários correram acima do que o trabalhador entrega, indo contra a produtividade”, avalia. “Ficamos mais caros em relação a nós mesmos, o que é um duplo problema”, complementa Érico Sodré Quirino Ferreira, presidente da Acrefi. Em contradição à maioria dos economistas brasileiros, Rabello de Castro discorda do pensamento convencional de que o principal instrumento de controle de inflação é o juro. O remédio para a “cura do mercado”, segundo ele, seria alterar os atuais encargos. A produtividade é dizimada exatamente pelo aumento da carga tributária. “A nossa transição é para o amadurecimento. O lucro dessa crise é de uma reflexão no sentido de eficiência e produtividade”, complementa. Ao final do encontro, em um debate com Rabello de Castro, Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, lembra que a nova matriz econômica – junção dos juros baixos, câmbio mais desvalorizado em
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relação ao dólar e um superávit primário que segue as necessidades da economia –, apesar de questionada recentemente, pode ser um escudo para o crescimento. “Se a inflação trouxer novas surpresas, pode ser necessária uma taxa de juro maior. Todavia, depois que o cenário econômico se acomodar, a taxa pode cair”, ressalta Tingas. Por um Brasil eficiente
Rabello é um dos economistas que idealizaram o “Movimento Brasil Eficiente”, em que defende que deve haver um conselho fiscal, que dê uma expectativa de o País ficar menos oneroso e decolar mais facilmente. Para ele, o brasileiro acorda com manifestações populares, pois a máquina pública é extremamente onerosa. O cidadão brasileiro paga 30% de imposto em tudo que coloca no carrinho de compras. Além disso, ele trabalha 2,6 mil horas por ano para pagar impostos. “Não investimos no Brasil que sonhamos ser, e é isso que confunde as novas gerações. É um desafio o País se tornar mais eficiente. Fico feliz pela sociedade dar uma resposta. Podemos apertar o cinto de segurança, vai haver turbulência, mas o avião é de qualidade”, diz o economista. No entanto, ele é otimista. “Quem quer que seja o presidente em 2015, trará melhorias do ponto de vista da organização econômica”, ressalta. Mercado de veículos
Mariana Pereira Cunha, especialista em direito administrativo da Cetip, discorreu sobre o registro de garantias e de contrato de veículos, pelo qual a Resolução nº 4.088 do Banco Central do Brasil exige que as instituições financeiras realizem o registro do contrato de financiamento em uma câmara autorizada. Mesmo as operações de financiamento realizadas antes da entrada da norma em vigor, mas que ainda estão ativas, devem ser informadas. Segundo Mariana, a Cetip está pronta para dar o apoio necessário às instituições financeiras que realizam o financiamento de veículos.
Mariana Cunha, da Cetip “A Cetip está pronta para dar o apoio necessário às instituições financeiras que realizam o financiamento de veículos”
A norma entrou em vigor em 30 de abril deste ano, e o órgão regulador estendeu o prazo para algumas instituições se adaptarem. “Ao desenvolver o produto, a Cetip pensou em não gerar nenhum impacto operacional ou financeiro para as instituições”, diz. f
Desafios do “modelo” brasileiro • • • • • •
Crescente custo da mão de obra Baixo nível de investimento Gargalos na infraestrutura Elevada carga tributária/burocracia Agravamento dos custos com energia Isolamento do Brasil dentro do Mercosul Fonte: RC Consultores
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Boas práticas Por Juliana Jadon
Egberto Blanco, diretor-presidente do Instituto Geoc, fala sobre os desafios do mercado de cobrança e explica como a união das associadas ajuda o segmento a se especializar No início de 2006, representantes de cerca de dez empresas de cobrança conversavam sobre o contexto econômico da época e compartilhavam suas boas práticas no segmento. Das reuniões informais e do desejo de discutir melhorias, foi fundado em 14 de julho do mesmo ano o Instituto Geoc (iGeoc). Egberto Hernandes Blanco, atual diretor-presidente do instituto (2013 e 2014), foi um dos fundadores dessa entidade. Ele é sócio-diretor do Grupo Renac, de recuperação de crédito, e atua no mercado de cobrança há 25 anos. Atualmente, o instituto tem 16 associadas, cerca de 14 mil posições de atendimento e 25 mil funcionários, em 250 localidades distribuídas por todo o território nacional. “Com a união das empresas, somos um grande cliente em diversos segmentos, temos força. Ganhamos em capilaridade e dividimos as melhores práticas”, diz Blanco. A principal meta do executivo é buscar o fortalecimento das associadas e trazer novas, por meio de treinamentos constantes, reuniões, eventos e, claro, conversas. Acompanhe entrevista exclusiva: 40 FINANCEIRO julho 2013
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Revista Financeiro Faça uma análise sobre o mercado de crédito e cobrança no Brasil – desafios, tendências, possibilidades. Egberto Blanco Sentimos que o mercado voltado para a concessão de crédito no País busca cada vez mais a assertividade e o conhecimento do perfil de cada cliente, com objetivos bem definidos e perseguindo sempre o que costumeiramente chamamos de “crédito responsável”. Financeiro Fale sobre o papel e as metas do iGeoc nesse cenário. Blanco O objetivo do instituto é fortalecer e aparelhar cada vez mais as associadas para atender às demandas do mercado, que sofre mudanças constantes, o que exige um alto grau de investimento e adaptações muito grandes e rápidas.
Fotos: Douglas Luccena
Financeiro Como o profissional de crédito e cobrança deve se preparar para ter sucesso na operação? Blanco Ele deve conhecer o histórico do produto que está recuperando e conhecer o perfil do devedor. Temos scripts de recuperação de crédito. Além disso, é fundamental um treinamento contínuo desses profissionais, para que estejam preparados para fazer o cliente quitar a dívida e trazê-lo de volta para o consumo. Financeiro Em sua opinião, a tecnologia e as ferramentas de cobrança ajudam na operação? Blanco As ferramentas existentes são importantes e hábeis. Ainda temos o telefone como a principal fonte de contato, mas hoje existem vários meios dentro das mídias sociais que abrem novas possibilidades. Claro que ainda usamos correspondência, mas os e-mails e SMS (do inglês, Short Message Service) também começam a mostrar sua eficiência. A base de tudo isso é um bom cadastro do cliente que obteve o crédito. Financeiro Como o senhor vê o uso do Big Data nessa área no Brasil? Blanco O Big Data é uma ferramenta fundamental
para o nosso segmento, porém a sua utilização ainda é tímida. Mas existem investimentos nessa área, com o objetivo de massificar essa ferramenta. Financeiro Quais os principais desafios da área de recuperação de crédito? Blanco A assertividade na localização do devedor é um dos desafios na área de recuperação. O cenário econômico do País e a inadequada educação financeira, que no Brasil ainda está muito aquém do ideal, complicam. O cliente em que a recuperação do crédito é mais difícil é aquele que passa por uma excepcionalidade como desemprego, problema de saúde ou desequilíbrio financeiro gerado por alguma despesa inesperada e inevitável. Financeiro Como funciona o Selo de Qualidade de recuperação de crédito concedido pelo iGeoc em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV)? Blanco O selo foi criado em 2006, em parceria com a FGV, que desenvolveu um programa específico para o segmento, com 85 itens a serem analisados dentro das empresas de cobrança. A auditoria e certificação são feitas pela Fundação Vanzolini, da Universidade de São Paulo (USP), referência em excelência de processos de produção. As auditorias são realizadas a cada dois anos, com uma análise documental e outra presencial. Entre outras coisas, avaliamos alguns pilares fundamentais como: visão estratégica, o portfólio de clientes, os processos de cobrança administrativa e judicial, a obediência à legislação e os códigos de conduta, tecnologia, segurança de dados, investimento em treinamento de pessoal e resultados. Financeiro Em que situações o MBA (do inglês, Master of Business Administration) de crédito e cobrança é importante e que tipo de qualificações oferece para os profissionais que atuam nesse mercado? Blanco O instituto investe fortemente na educação como um veículo de transformação, evolução e promoção de excelência. O MBA é resultado de uma parceria com o Grupo Ibmec – instituição de ensino com excelência na julho 2013 FINANCEIRO 41
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entrevistamercadodecobrança
ção em alta e índices de inadimplência que insistem em perdurar, preocupa. Em tese, passamos a ter mais cobrança. Todavia, sempre que há uma evolução desse índice, há um desconforto financeiro e econômico da sociedade. Em resumo, temos cobrança para fazer, mas em alguns casos não há como receber em razão desse panorama adverso. Financeiro Qual o perfil mais crítico do cliente endividado? Blanco Verificamos um perfil que se endivida já por conta de um segundo veículo, que não é o popular. Alguns clientes, mesmo trabalhando, não têm cautela nem administração sobre os valores contratados. Temos um público novo entrando anualmente no mercado de consumo, mas até quando isso vai acontecer?
formação de líderes nas áreas de negócios, economia, administração, direito e relações internacionais – e destinado ao público que tem interesse e trabalha com concessão de crédito e com recuperação. O fundamento básico do curso é formar uma base de gestão mais aprimorada, considerando um cenário competitivo e de mudanças constantes desse segmento. Não é restrito aos funcionários das associadas. É aberto ao mercado. Financeiro O atual contexto econômico gera quais impactos no mercado de cobrança? Blanco A mudança do mercado é uma constante. As associadas, de maneira geral, precisam se desdobrar para atender à demanda. Essa adaptação e os investimentos precisam ser rápidos. É evidente que um cenário de infla-
Financeiro Em que frentes de trabalho o Instituto Geoc se destaca? Blanco Temos equipes compostas por membros de todas as associadas. Chamamos, por exemplo, os responsáveis pela área de Tecnologia da Informação (TI), de Relações Humanas (RH) e de benchmark para discutir ferramentas de trabalho, treinamentos e outros diversos temas. Muitas vezes, uma das associadas está usando uma nova ferramenta que é eficiente. Assim, o representante da companhia conta o caso, que pode servir de inspiração para outras empresas. Estamos alinhando todas essas bases para ter indicadores consistentes do mercado. Financeiro Quais os seus principais desafios enquanto presidente do iGeoc? Blanco Não diria desafios, mas o principal objetivo é fortalecer as empresas do segmento. Tem sido assim ao longo de cada gestão no instituto. Vamos buscar esse fortalecimento e trazer novas associadas, além de ampliar o trabalho de educação financeira e continuar com investimentos em áreas voltadas ao treinamento e capacitação dos profissionais deste segmento. Temos várias frentes de trabalho e construímos muita coisa. A execução disso é a busca constante.
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artigocessãodecrédito
Por Joaquim Kavakama
A Câmara de Cessões de Crédito (C3) integra um arcabouço de regulação prudencial ampliado e de qualidade no Brasil. Autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil e operada pela Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), iniciou as atividades de carga de estoque dos contratos de financiamento de veículos e de créditos consignados em folha de pagamento, cedidos entre instituições financeiras e/ou fundos, em agosto de 2011 e, em janeiro de 2012, passou a controlar o fluxo financeiro da operação, simultaneamente com entrega da propriedade da carteira cedida ao comprador, conhecida no jargão do mercado de “entrega contra pagamento”. As operações na C3 têm progredido e, entre fevereiro e maio deste ano, houve um aumento de 44% na quantidade de contratos negociados e 77% em valor, comparativamente ao mesmo período de 2012. Suas atividades tenderão ainda a crescer com o aprimoramento de controles sobre os ativos negociados. Neste sentido, a CIP firmou recentemente parceria com a Cetip para que os contratos de financiamento de veículos objeto de cessão de crédito
passem a ser monitorados pelo Sistema Nacional de Gravames (SNG), comprovando a existência da operação de financiamento e a garantia a ele associada, neste caso o próprio veículo financiado. Esta nova funcionalidade ainda depende de autorização do Banco Central do Brasil para ser disponibilizada aos participantes da C3, e acreditamos que, em breve, estará em funcionamento. Em outra frente de trabalho, estamos em processo de efetuar estas validações e monitoração para os contratos de crédito consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Estamos testando a interface entre a Dataprev e a CIP e esperamos já no segundo semestre deste ano iniciar a operação desta funcionalidade. As novas funcionalidades da C3 irão trazer maior segurança para as operações de cessão de crédito, contribuindo para o aprimoramento do funding destas operações e ampliação na oferta de crédito. f
Joaquim Kavakama é presidente da CIP
Foto ShutterStock/Divulgação/Artigo enviado em junho de 2013
A evolução do mercado
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No compasso da música clássica Sofisticação nos detalhes, tecnologia acústica e programação inigualável destacam a Sala São Paulo como um grande instrumento da Osesp e do estilo de composição clássico no Brasil Por Isabella Villalba Um grande ritual da música clássica se inicia. O público está em silêncio, à espera da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Como sempre, o prestigiado conjunto sobe ao palco discretamente – verifica as partituras e os instrumentos–, antes da entrada do primeiro violino, conhecido também como spalla. Aplaudido, o violinista começa a ajustar a afinação dos músicos. Atrás da coxia, a maestrina americana Marin Alsop se concentra e cumprimenta-o, num símbolo de mesura a todos os grupos melodiosos ali presentes, como sopro, cordas e percussão. Em seguida, ela agradece o louvor da plateia e o concerto começa. Essa cena acontece a cada apresentação pelos palcos mundo afora ou dentro de casa, a belíssima Sala São Paulo, que abriga a Osesp desde 1999. 44 FINANCEIRO julho 2013
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História e restauração Arquitetura em estilo clássico francês, vitrais com motivos de divindades greco-romanas, colunas e arcos simétricos, escadarias revestidas de mármore, piso em mosaico, referências ao café... Além dos concertos da Osesp e de instrumentistas de prestígio internacional, tudo inspira o visitante da Sala São Paulo – localizada próxima às estações Júlio Prestes, de trem, e Metrô Luz, no centro da capital paulista. Sua história começa com a construção do antigo edifício Estrada de Ferro Sorocabana, em 1926, que só terminou em 1938. Por lá, já passavam os trens que transportavam, em maioria, sacos de café do interior do Estado para a capital. Com a decadência das linhas férreas, a parte administrativa do prédio foi fechada em meados da década de 50, e o salão principal passou a ser utilizado para eventos da cidade nos anos 80.
Foto: Stefan Schmeling
Foto: Tuca Vieira
Foto: Stefan Schmeling
Foto: Stefan Schmeling
Inspiração A arquitetura em estilo clássico francês, colunas e arcos simétricos e piso em mosaico dão charme ao ambiente
Em 1995, a Osesp tocou no Salão das Artes do edifício pela primeira vez. Naquela época, o governo do Estado estava em busca de espaços adequados para apresentações sinfônicas e, principalmente, de um local-sede para a orquestra. De fato, a restauração começou em novembro de 1997 e durou cerca de um ano e meio. No antigo jardim de inverno do prédio, foi construída a Sala São Paulo, inaugurada em 9 de julho de 1999, junto ao Complexo Cultural Júlio Prestes. Mesmo ano de seu tombamento, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). Embora a estação ainda funcione, o local deixou o foco econômico e entrou, definitivamente, para o circuito cultural paulistano, transformando-se em um endereço certo de concertos de composições eruditas, modernas e contemporâneas. julho 2013 FINANCEIRO 45
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Foto: Stefan Schmeling
Segredos da acústica impecável Hoje, a sala é modelo em espaço de ensaio e apresentações de orquestras sinfônicas e de câmara no País. Construída dentro dos padrões internacionais mais sofisticados, pode-se equipará-la às três melhores do mundo – Boston Symphonic Hall, Musikvereinssaal, de Viena, e Concertgebouw, de Amsterdã. “O espaço foi todo pensando em prol de uma acústica ideal”, explica Renata Lípia, supervisora do Núcleo de Educação Patrimonial, que monitora visitas de turistas, estudantes e curiosos à sala. Única no mundo com teto móvel, a Sala São Paulo pode se adaptar a qualquer tipo de programação. Se a composição escolhida para o concerto for pensada para ser executada em uma catedral, as 15 placas, de 7,5 toneladas cada
uma, que constituem a superfície do ambiente, podem ser elevadas até 25 metros de altura. Se o contrário for necessário, elas podem ser rebaixadas a 6 metros acima da plateia para a apresentação de músicas pensadas para palacetes, por exemplo. As diferenças de tamanho da sala alteram o volume e ajudam a reverberação do som. Debaixo do piso, discos de neoprene – tipo de borracha comumente utilizada para roupas de surfista – foram posicionados. Com espessura de 15 centímetros, são capazes de isolar e amortecer qualquer ruído ou trepidação vindos dos trens. “As cadeiras ‘imitam o corpo humano’: simulam a presença da plateia, para que não haja diferenças entre o espaço vazio, quando há mais eco”, acrescenta Renata.
Renata Lípia “O espaço foi todo pensado em prol de uma acústica ideal”
Grupos de estudantes, turistas e curiosos em geral podem participar de passeios guiados por especialistas na história da sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. A visita compartilha detalhes sobre o processo de construção, o restauro, a acústica da sala e outras informações interessantes. Dá para ver a estrada de ferro, ainda em funcionamento. O passeio monitorado ao patrimônio histórico tombado dura cerca de uma hora. Fotos são permitidas. De segunda a sexta, das 13h às 16h30 (R$ 5, estudantes, professores e aposentados pagam meia-entrada); sábado, às 13h30 (grátis); domingo, às 13h (grátis). O agendamento deve ser feito pelo e-mail salasp-monitoria@osesp.art.br ou pelo telefone (11) 3367–9573.
Foto: Douglas Luccena
Visitas monitoradas
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Foto: Alessandra Fratus
Destaque musical O plano é que a Osesp alcance posições cada vez maiores em relação às grandes orquestras mundiais de ponta nos próximos anos. A revista “Gramophone”, prestigiado veículo britânico especializado em música clássica, tem destacado a orquestra como a principal do Brasil. Com a chegada da norte-americana Marin Alsop em 2012, a publicação afirmou que a Osesp deverá atrair ainda mais público. A nova regente titular deve segurar a batuta, pelo menos, até 2016. Em outubro, a Osesp viajará para uma série de 15 apresentações na Europa. “Depois de uma recepção tão calorosa em 2012, quando fomos pela primeira vez ao festival de música clássica BBC Proms, estamos maravilhados em voltar a tocar para a plateia europeia durante o que será nossa maior turnê até o momento. Estamos na expectativa para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016; vamos balançar a bandeira do Brasil. Estamos muito animados”, comentou a maestrina Marin Alsop. A programação de ensaios abertos e concertos da temporada 2013 pode ser consultada no site: http://www.osesp.art.br. f
Números e curiosidades O edifício de 87 anos de idade tem 24 metros de pé-direito e 1.000 metros quadrados de piso. Desde a inauguração, em 1999, até 2012, a sala recebeu público de 839.164 pessoas. O palco, com 320 metros quadrados, tem capacidade para até 140 músicos. Foi feito em madeira freijó, mais macia que a paumarfim, escolhida para as colunas da casa da Osesp, ideal para uma reverberação ótima do som. Além do coro e da academia Osesp, a orquestra é formada por 128 profissionais, dentre eles 37 violinistas, cinco clarinetistas, cinco percussionistas, oito trompistas e mais, totalizando 17 famílias de instrumentos. Os músicos dispõem de 12 camarins, nove salas de ensaio com paredes acústicas, além de bibliotecas de partituras e estúdios de gravação. Há 22 camarotes no mezanino e a plateia pode se acomodar em 1.469 assentos, além de 15 lugares para cadeirantes. O estacionamento com 668 veículos foi construído durante a restauração, que teve início em novembro de 1997. SERVIÇO Sala São Paulo
LOCALIZAÇÃO: PRAÇA JÚLIO PRESTES, 16, LUZ BILHETERIA ABERTA DE: SEGUNDA A SEXTA, DAS 10 ÀS 18 HORAS; SÁBADO, DAS 10H ÀS 16H30; DOMINGO, DAS 9 ÀS 11 HORAS, SE HOUVER ESPETÁCULO TELEFONE: (11) 3223–3966
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artigomacroeconomia
Por Nicola Tingas
A recente mudança no panorama econômico internacional conjuntamente com a frustração na evolução desejada do contexto econômico brasileiro tiveram por consequência uma pressão inequívoca por ajuste dos indicadores-chave da economia brasileira: preços de bens e serviços (inflação), câmbio e juros. Portanto, os desajustes acumulados na economia brasileira frente ao quadro global e a dificuldade de relançar consistentemente o crescimento econômico, exaltaram os desequilíbrios entre as principais variáveis de precificação macroeconômica, forçando seu ajuste nas semanas recentes e, possivelmente, ainda assim será mais à frente. O desafio do governo é sacrificar o mínimo possível a evolução da economia em 2013, enquanto prepara fortalecimento e melhora das condições econômicas até o último trimestre de 2014, quando da realização da eleição presidencial. O modelo de crescimento por demanda de consumo é inviável neste momento do ciclo econômico brasileiro, restando opção na busca da ampliação da oferta na economia como melhor possibilidade de sair da rota do baixo crescimento e alta inflação. Contudo, como se sabe, o crescimento através da maior oferta (investimento, produtividade, competitividade, educação de qualidade e inovação em geral) requer um tempo bem maior que o do atual calendário político-eleitoral. Os movimentos e decisões governamentais recentes trazem sinais na direção de que o governo está buscando realizar uma etapa de redução de dispersões (assimetrias) dos principais indicadores - chave (inflação, juros e câmbio), de forma a reduzir a intensa e crescente vulnerabilidade que emerge na conjuntura econômica brasileira - setor externo, setor fiscal, preços
e salários, juros e câmbio, afora questões ligadas à competitividade e produtividade. Portanto, o ano de 2013 deixou de ser considerado para obtenção de resultados substanciais. Nossa compreensão é de que a meta do Governo Executivo (Fazenda e outros) e Banco Central é a redução de assimetrias, mas com limitações: 1) A inflação não poderá ser reduzida até os 4,5% da meta, nem mesmo em 2014. A ação será atenuar sua elevação atual e buscar obter alguma retração em 2014; 2) A credibilidade da gestão econômica foi abalada. Contudo, houve a ação positiva do Banco Central em subir os juros e sinalizar retomada no “canal de comunicação” com os mercados, inclusive, sinalizando consistência no enfrentamento da inflação. Mesmo assim, a política monetária não poderá contar com ajuda substancial e decisiva da política fiscal que continuará expansiva, inclusive dificultando melhores resultados na reversão das expectativas e controle de inflação. Dessa forma, se a situação da conjuntura econômica demandar, a “surpresa” poderá ser que o Banco Central coloque a taxa de juros em dois dígitos até o fim do ano, ou no início do próximo ano. 3) A sinalização do artigo negativo sobre Brasil feito pela revista The Economist, na mesma semana de junho em que a agência Standard &Poor´s colocou o país sob observação para redução de seu conceito de rating (piora de condição de risco-país), evidenciou o risco de deterioração das contas externas, já apontado pelos déficits em conta corrente e decréscimo dos saldos da balança comercial. Nesse quadro, o financiamento externo para o país está sendo reduzido, em um contexto que agrega a proximidade da redução do estimulo monetário do Fed
Foto: Divulgação/Artigo enviado em junho de 2013
Ajuste dos indicadores-chave da economia
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nos mercados, e, portanto, a valorização do dólar em escala global. Ainda mais, há o efeito de pressão na taxa de câmbio proveniente da queda das importações pela China devido às dificuldades na desaceleração de seu ritmo de crescimento, resultante da transição de seu modelo de crescimento induzido por investimento para um modelo de crescimento via demanda doméstica. Por fim, a deterioração da geração de divisas cria risco de mudança para pior das condições do Balanço de Pagamentos. O mais provável é que será permitida uma maior desvalorização do Real, atentando se possível para os impactos desta no passivo dolarizado das empresas e os efeitos na inflação (pass-through) que atualmente não devem ser elevados. Portanto, entre juros e câmbio, o que pode surpreender mais será uma correção ainda maior da taxa de câmbio. 4) O PIB será realmente fraco este ano, com alguma recuperação mais acentuada no quarto trimestre, mas sem condições de melhorar o ritmo de crescimento em base anual. Para 2014, atingir o patamar do PIB potencial (estimado próximo a 3%) já é algo razoável. Contudo, há que ser lembrado que esse patamar é baixo perante países pares ao Brasil e insuficiente para efetivo atendimento às necessidades econômico-sociais e educacionais da população, que foram explicitadas de maneira ruidosa nas manifestações de rua que tomaram conta do País em junho. O melhor a fazer é manter o foco na gestão de qualidade dos negócios, a redução de ineficiências, o aumento de produtividade, buscando inovação e diversificação para sobrepor-se à presente insuficiência da atividade econômica; tanto para a dinâmica comercial dos negócios, como também para as finanças empresariais e pessoais. f Nicola Tingas é economista-chefe da Acrefi
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artigoensino
A deficiência
Por Aquiles Leonardo Diniz
O Brasil é a sétima maior economia do mundo, totalizando um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,42 trilhões em 2012. Desse valor, 6,1% do PIB foi destinado à educação no ano passado. É uma verba alta, um volume de recursos maior do que é investido pelo Reino Unido, Canadá, Japão e Alemanha, por exemplo. Dos 42 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil possui um dos índices mais altos de investimento em educação, ocupando o 15º lugar. Porém, quando falamos em qualidade do ensino, o Brasil aparece na 53ª posição, segundo programa de avaliação da OCDE. Por que isso acontece? Na prática, investimentos mais altos deveriam resultar em melhor desempenho dos estudantes. Mas não é isso que as pesquisas demonstram. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado em abril deste ano, o Brasil é um dos piores países do mundo nos ensinos de matemática e ciências, ocupando a 132ª posição, entre 144 nações avaliadas. O país que investe 6,1% do PIB em educação, aparece atrás de países como Venezuela, Colômbia, Camboja e Etiópia. Na categoria sistema educacional, o Brasil ocupa o 116º lugar no ranking, atrás de Gana e Cazaquistão. Parafraseando o presidente da Acrefi, Érico Sodré Quirino Ferreira, o Brasil só será um país de Primeiro Mundo quando a educação for sua verdadeira prioridade. Investir em educação é primordial para a geração de empregos mais qualificados e consequentemente para aumentar a eficiência produtiva de um povo. Mas é preciso investir naquilo que é realmente relevante. A presidente Dilma Rousseff quer criar mais iniciativas que repassem verbas para a área de educação. Um dos projetos de lei apresentados quer repassar todo o valor dos royalties do petróleo, assim como todos os recursos públicos que vierem das reservas que o Brasil
descobriu em águas profundas, em investimento em educação. A proposta foi inicialmente vetada pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Caso seja aprovada, o valor do PIB destinado à educação irá aumentar, mas isso não significará nada se o dinheiro continuar desperdiçado com falta de bons projetos e má gestão. O recurso precisa ser gasto de forma eficiente. Boas ideias são corriqueiramente vetadas. O ex-governador de São Paulo, José Serra, instituiu durante o seu mandato um sistema de promoção de professores por mérito e de qualificação dos profissionais. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) foi contra e entrou até mesmo com uma greve. É preciso que o governo se conscientize de que a transformação das escolas deve começar pelo treinamento, valorização e formação dos professores, principais condutores do processo pedagógico. Manobras tentam suprir a deficiência de ensino das escolas públicas. Desde o ano passado, o regime de cotas garante 50% das vagas das universidades e instituições federais aos alunos que estudaram durante todo o ensino médio em escola pública, obedecendo também aos critérios de cor de pele. Em minha opinião, esse projeto irá diminuir a pressão em favor da melhoria do ensino em escola pública e ainda fará com que estes alunos beneficiados se esforcem menos, já que terão suas vagas “reservadas”. A educação está diretamente ligada ao desenvolvimento, produtividade e renda das pessoas e dos países. O Brasil e principalmente os jovens devem estar preparados para absorver os aumentos de demanda e aproveitar as oportunidades que estão surgindo. f Aquiles Leonardo Diniz, vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi)
Foto: Divulgação/Artigo enviado em junho de 2013
do sistema educacional brasileiro
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panoramacetip
Estrada ensolarada Por Juliana Jadon
Financiamento de veículos cresce 23% nos cinco primeiros meses deste ano, comparado com o mesmo período do ano anterior. O dado da Cetip demonstra avanços para o segmento Entre uma das prioridades dos consumidores que optam por financiamentos, está a compra de veículos. Nos cinco primeiros meses deste ano, as operações de financiamento de automóveis totalizaram R$ 88 bilhões, um salto de 23% em comparação com o mesmo período de 2012. No valor estão contempladas as operações de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), leasing e consórcio. Os dados são da Cetip, operadora do Sistema Nacional de Gravames (SNG). Em maio, as vendas de veículos financiados atingi¬ram 568,6 mil unidades,
volume considerado estável em comparação com o mesmo período do ano passado. Na categoria de autos leves, houve uma alta de 13% nas vendas financiadas, alcançando 194,7 mil unidades. Em comparação com abril, o crescimento foi de 4%, de acordo com Cristiano Dantas, gerente comercial da Cetip. O executivo também apresentou, em maio, dados consolidados do primeiro trimestre deste ano durante evento na Associação Nacional das Instituições de
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No primeiro trimestre deste ano foram financiados, em média, 521 mil veículos (autos leves, pesados e motos) por mês Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). Na análise dos três primeiros meses do ano, verifica-se uma queda de 7,4% no volume total de veículos financiados em comparação com o mesmo período de 2012. Nota-se que o menor número de dias úteis em fevereiro em comparação a janeiro e março contribuiu para um menor volume de financiamentos, acompanhando o movimento das vendas totais de veículos neste período. De acordo com informações da Federação Nacional da Distribuição de Veí-
culos Automotores (Fenabrave), as vendas totais em fevereiro caíram de 1,44 milhão de unidades, em janeiro, para 1,2 milhão em fevereiro. “Mas avaliando o mês de março, verificamos um crescimento de 17% em relação ao mês anterior no volume de veículos financiados”, afirma o executivo. No primeiro trimestre foram financiados, em média, 521 mil veículos (autos leves, pesados e motos) por mês. O tíquete médio dos financiamentos de veículos leves ficou estável, passando de R$ 20,3 mil
Participação de veículos novos e usados
Autos leves
Novos
Usados
Motos
Cristiano Dantas, da Cetip “Avaliando o mês de março, verificamos um crescimento de 17% em relação ao mês anterior no volume de veículos financiados”
Novas
Usadas
Fotos: Shutterstock/Arquivo
Pesados
Novos
Usados Fonte: Cetip
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panoramacetip Confira a participação de cada região do País no financiamento de veículos durante o primeiro trimestre deste ano:
Norte Share: 5,6% Novos: 71,6% Usados: 28,4% CDC: 61,6% Fonte: Cetip
Nordeste Share: 18,3% Novos: 50,0% Usados: 50,0% CDC: 69,4%
Roraima Amapá
Amazonas Pará
Maranhão
Ceará
Rio Grande do Norte Paraíba
Piauí
Pernambuco
Acre Alagoas Rondônia
Tocantins
Sergipe Bahia
Mato Grosso Distrito Federal
Goiás Minas Gerais
Centro-Oeste Share: 9,6% Novos: 56,8% Usados: 43,2% CDC: 85,3%
Espírito Santo
Mato Grosso do Sul São Paulo
Rio de Janeiro
Região Sudeste Autos leves – 82% Pesados – 7,4% Motos – 9,8% Outros – 0,7% Fonte: Cetip
De acordo com a Cetip, o financiamento de veículos gerou, em média, R$ 12,3 bilhões por mês
entre janeiro e março do ano passado para R$ 20,2 mil no primeiro trimestre deste ano. Dantas também apresentou os dados da concentração dos financiamentos de veículos (leves, motos e pesados) por região (ver quadro). O destaque fica por conta do Sudeste, que contempla 45,9% da participação de financiamentos no mercado brasileiro. O CDC é a modalidade mais utilizada pelos consumidores na compra de motos, veículos leves e pesados.”, conclui o executivo da Cetip.
Paraná
Sudeste Share: 45,9% Novos: 43,8% Usados: 56,2% CDC: 89,3%
Santa Catarina Rio Grande do Sul
Sul Share: 20,6% Novos: 57,4% Usados: 42,6% CDC: 89,5%
Vale destacar o volume de vendas de motocicletas na região Nordeste, que respondeu por 33,7% dos veículos financiados na região no primeiro trimestre deste ano. No Norte, esta representação é ainda maior: o segmento de duas rodas representou 41,2% dos veículos financiados entre janeiro e março deste ano. Boa parte das aquisições foi feita por meio de consórcio. De acordo com a Cetip, a modalidade de crédito respondeu por 38,5% dos veículos financiados na região Norte e por 29,7% no Nordeste. f
Imóveis A Cetip, como integradora do mercado financeiro, lançou recentemente a plataforma imobiliária Gestão de Garantias. A solução permite o processamento e envio eletrônico de dados de imóveis entre as instituições que farão o financiamento desses bens e os avaliadores. A plataforma, a primeira do mercado brasileiro, contribuirá para reduzir o tempo e o custo da avaliação e para acelerar a liberação do crédito. O produto marca a entrada da Cetip no setor imobiliário, que movimentou R$ 277 bilhões em 2012, de acordo com o Banco Central do Brasil.
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artigomercadodeveículos Por Luiz Carlos Mello
Na definição, ainda, das iniciativas visando ao pleno alinhamento aos compromissos com o InovarAuto, certamente as montadoras se preocupam com a ampliação da base educacional dos seus profissionais, na especialização e na habilidade de gestão sem a qual mais conhecimento pode se confundir com um arsenal de aplicação desfocado em intensidade e pontaria. Ao se olhar tais obrigações, não podemos esquecer que esse movimento é simultâneo ao dos desafios nacionais de solução somente em longo prazo: o primeiro, o da superação do modestíssimo nível de escolaridade média, que cresceu nos últimos 20 anos, segundo o IBGE, de cinco para apenas 7,3 anos, conforme ressalta a professora Suely Caldas, da PUC–Rio, em recente artigo, ao dizer que “isso explica a nossa baixa produtividade do trabalho, comparada com os países asiáticos, onde é comum o trabalhador ter nível universitário”. Segundo, a ausência de uma agenda nacional a integrar formação educacional, pesquisa, inovação e desenvolvimento, como destacaram os professores Luiz Cury e Evandro Silva (“Valor”, 31/3/11), ao chamar a atenção para a pouca cooperação entre a indústria e a universidade. A reflexão que nos provoca esses artigos introjeta -nos alguns receios: de que montadoras e cadeia estejam presas a uma atitude bem típica de setores ao atuarem como executores de processos, mas não exatamente como centros de criação e de inovação de produto. Pelo menos, não na dimensão e na necessidade a se exigir compulsoriamente de países, como o nosso, inseridos na intercambiabilidade e interdependência
dos dias de hoje e de amanhã e, portanto, obrigados a produzir inteligência. É de se notar, para um bom equilíbrio de considerações, ser o avanço educacional uma responsabilidade que vai além das iniciativas restritas a montadoras e elos da cadeia. Na realidade, começa, expande-se e se consolida na consciência de cada profissional, a bem dizer , o único fiador de sua própria empregabilidade. Talvez, afoitamente, possamos dizer que uma certa atitude conformista marca indistintamente empregadores e empregados na protegida área automotiva, e replica o comportamento “laisser faire” que marcou o empreendedorismo nativo, se e quando eventualmente este veio a cogitar da instalação de uma indústria automobilística de capital e controle nacionais. Os exemplos quixotescos, sem demérito à intrepidez dos que pelo menos intentaram fracionar esse “status quo” de imobilismo, estão aí ainda fornecendo anedotas e chistes. Pior: reforçam o tratamento assistencialista e protecionista de território com que, desde a era Kubitschek à atual, todos se esforçam por caracterizar como “políticas”. É tempo de revisar atitudes passivas e intentar novos caminhos na linha de compromissos com a educação e que ultrapassem a compulsória obediência a regulações assecuratórias de benesses tributárias. Luiz Carlos Mello é coordenador-geral do Centro de Estudos Automotivos
Foto Shutterstock/Artigo enviado em junho de 2013
Educação na gestão automotiva
f
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análiseeperspectivas
A evolução recente do crédito pessoal Quem buscou as instituições financeiras a fim de contratar empréstimos nos últimos meses se deparou com taxas de juros mais convidativas. Isso porque os bancos passaram a seguir as orientações do governo de redução de taxa de juros. Tais reduções fazem parte de políticas de aquecimento da economia (isenção de impostos, redução de taxas...). Essas políticas de redução/isenção de impostos atuam de forma a aumentar a demanda por produtos, o que por sua vez aumenta a Por prof. dr. Alberto Borges Matias, procura por moeda e que, com colaboração de João Gabriel Sehn combinado com as menores taxas de juros, faz aumentar ainda mais o volume de concessões de crédito. Esse comportamento ocorre com o mercado de crédito em geral e também em suas modalidades. Dentre estas está o crédito pessoal, que representa 15% das operações de crédito totais para pessoas físicas. É composto por consignado e não consignado. O comportamento indicado anteriormente é explicitado no Gráfico 1 a seguir. É facilmente perceptível o aumento ocorrido do fim do ano passado para cá, principalmente para o crédito consignado. Também é notável o maior volume para o crédito consignado, pois as taxas de juros são bem mais atrativas: 67,7% a.a. (o que representa 4,4% a.m.) para o não consignado e 24,3% a.a. (1,83% a.m) para o consignado (dados de abril de 2013). Ainda que a diferença entre as duas modalidades seja alta, ela já foi maior. Por exemplo: em fevereiro de 2012, os valores eram de 81,2% a.a. (5,08% a.m.) e 28,7% a.a. (2,12% a.m.), respectivamente. Muitas vezes, quando há aumento no volume de crédito, surge uma preocupação com as taxas
de inadimplência e insolvência, pois há um senso comum de que a expansão do crédito é acompanhada pelo atraso e/ou não pagamento dos compromissos assumidos. Essa situação deve ser analisada com atenção e de maneira menos generalizada. Pode-se perceber pela análise conjunta dos Gráficos 1, 2 e 3 que essa relação não é verificada diretamente. Assim, não há significativo aumento dos atrasos de pagamento, tanto no período de 15 a 90 dias quanto no que ultrapassa 90 dias. No crédito consignado, algumas variações no atraso de curto prazo não se refletem no não pagamento de longo prazo; esse fato sugere a importância e a necessidade de conscientizar o tomador de crédito no que concerne ao comprometimento mensal de sua renda e à dívida que será adquirida. No caso do não consignado, também há algumas variações, porém que acabam se refletindo no atraso até 90 dias. Também a falta de planejamento do tomador de crédito, somada às maiores taxas praticadas, devem ser consideradas nesta situação. Em suma, conclui-se que, dependendo da modalidade, as variáveis devem ser analisadas conforme o contexto de aplicação, ou seja, o devedor do consignado costuma pagar suas dívidas com pequeno atraso, já o do não consignado costuma continuar em atraso. Isso ocorre não porque, simplesmente, ocorreu uma maior concessão de crédito, mas em ambos os casos a falta de planejamento e a de instrução sobre o impacto desse recurso no orçamento – e, no caso do não consignado, taxas maiores que complicam a sustentabilidade da dívida –, são fatores que contribuem ou atrapalham o devedor na hora de gerenciar suas dívidas.
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CRÉDITO PESSOAL – CONSIGNADO
GRÁFICO 1
E
NÃO CONSIGNADO
ATRASO 15
A
90
DIAS
GRÁFICO 2
– CRÉDITO PESSOAL
GRÁFICO 3
ATRASO ACIMA DE 90 DIAS – CRÉDITO PESSOAL
Portanto, o que fica perceptível é o reflexo das políticas de aquecimento da economia propostas pelo governo no mercado de crédito brasileiro. Porém, é necessária cautela, a facilidade de crédito não pode ser confundida com necessidade de tomar emprestado. É importante um bom planejamento antes de contrair dívidas e, neste sentido, tomadores e emprestadores possuem importantes papéis a cumprir. Mantendo-se uma política de redução de juros e o uso consciente do crédito, as taxas de inadimplência e insolvência serão mantidas, causando menos transtornos às instituições financeiras e seus clientes. f ELABORADO PELO CENTRO DE PESQUISAS DO INEPAD - NÚCLEO CEPEFIN: Alberto Borges Matias Diretor-Presidente do Inepad. Professor titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto. Livre-docente em Finanças, atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da universidade APOIO: João Gabriel Sehn Pesquisador do Centro de Pesquisas do Inepad – Núcleo Cepefin. Graduando em economia empresarial e controladoria pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto.
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bancodedadosinepad Taxas médias: geral Data
Var. p.p.
Captações
Spread
Var. p.p.
abr/12
Aplicações 22,6
-0,8
7,8
-0,3
14,8
-0,5
mai/12
21,1
-1,5
7,4
-0,4
13,7
-1,1
jun/12
20,1
-1,0
7,3
-0,1
12,8
-0,9
jul/12
19,9
-0,2
6,9
-0,4
13,0
0,2
ago/12
19,6
-0,3
6,9
0,0
12,7
-0,3
set/12
19,4
-0,2
6,8
-0,1
12,6
-0,1
out/12
19,0
-0,4
6,6
-0,2
12,4
-0,2
nov/12
18,9
-0,1
6,6
0,0
12,3
-0,1
dez/12
18,0
-0,9
6,5
-0,1
11,5
-0,8
jan/13
18,6
0,6
6,4
-0,1
12,2
0,7
fev/13
18,7
0,1
6,6
0,2
12,1
-0,1
mar/13
18,5
-0,2
6,8
0,2
11,7
-0,4
abr/13
18,5
0,0
6,8
0,0
11,7
0,0 -3,1
-1,0
-4,1
Variação fev/fev
Var. p.p.
Fonte: BC/Inepad
Taxas médias: pessoa física Data
Aplicações
Spread
Var. p.p.
-1,3
8,2
-0,4
21,1
-0,9
-1,7
7,8
-0,4
19,8
-1,3
26,3
-1,3
7,6
-0,2
18,7
-1,1
jul/12
26,2
-0,1
7,3
-0,3
18,9
0,2
ago/12
25,7
-0,5
7,2
-0,1
18,5
-0,4
set/12
25,7
0,0
7,2
0,0
18,5
0,0
out/12
25,5
-0,2
6,8
-0,4
18,7
0,2
nov/12
25,1
-0,4
6,8
0,0
18,3
-0,4
dez/12
24,3
-0,8
6,6
-0,2
17,7
-0,6
jan/13
24,7
0,4
6,7
0,1
18,0
0,3
fev/13
24,9
0,2
7,0
0,3
17,9
-0,1
mar/13
24,4
-0,5
7,1
0,1
17,3
-0,6
abr/13
24,3
-0,1
7,0
-0,1
17,3
abr/12
29,3
mai/12
27,6
jun/12
Var. p.p.
Captações
-1,2
-5,0
Variação abr-abr
Var. p.p.
0,0 -3,8
Fonte: BC/Inepad
Taxas médias: pessoa jurídica Data
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
abr/12
17,4
-0,4
7,4
-0,3
10,0
-0,1
mai/12
16,2
-1,2
7,1
-0,3
9,1
-0,9
jun/12
15,4
-0,8
7,1
0,0
8,3
-0,8
jul/12
15,1
-0,3
6,7
-0,4
8,4
0,1
ago/12
14,9
-0,2
6,6
-0,1
8,3
-0,1
set/12
14,5
-0,4
6,6
0,0
7,9
-0,4
out/12
14,0
-0,5
6,5
-0,1
7,5
-0,4
nov/12
14,2
0,2
6,4
-0,1
7,8
0,3
dez/12
13,3
-0,9
6,3
-0,1
7,0
-0,8
jan/13
14,0
0,7
6,2
-0,1
7,8
0,8
fev/13
14,0
0,0
6,3
0,1
7,7
-0,1
mar/13
14,0
0,0
6,5
0,2
7,5
-0,2
abr/13
14,0
0,0
6,6
0,1
7,4
Variação abr-abr
-3,8
-1,2
-0,1 -2,6
Fonte: BC/Inepad
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Crédito Consignado
Spread Financeiro
28,0
24,0
5,0
160.000
23,0
0,0
150.000
22,0
ar /13 ab r/1 3
m
/1 2 se t/1 2 ou t/1 2
ag o
m
Aplicações
ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3
170.000
ab r/1 2 m ai /1 2 ju n/ 12 ju l/1 2 ag o/ 12 se t/1 2
25,0
10,0
fe v/ 13
180.000
no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13
26,0
15,0
ju l/1 2
27,0
190.000
ai /1 2 ju n/ 12
200.000
20,0
ab r/1 2
Taxas Médias %
25,0
% a.a.
INEPAD & BC
210.000
INEPAD & BC
Captações
Consignado
Taxa de Juros %a.a.
Fonte: BC/Inepad
SALDO
PREFIXADOS – Mês/Ano
DA CARTEIRA DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
Cartão de Variação em % crédito
Cheque Variação especial em %
Crédito pessoal Variação não consignado em % vinculado à dívida
CRÉDITO PESSOAL Crédito Variação Crédito Var. pessoal não em % pessoal em % consignado consig. total
Total
Variação em %
abr/12
21.455
3,9
111.137
0,7
16.851
3,2
84.174
1,2
170.256
1,7
254.431
1,6
mai/12
20.954
-2,3
114.356
2,9
17.767
5,4
85.625
1,7
174.031
2,2
259.656
2,1
jun/12
20.272
-3,3
114.023
-0,3
18.514
4,2
86.541
1,1
177.161
1,8
263.702
1,6
jul/12
20.470
1,0
115.640
1,4
19.170
3,5
86.620
0,1
179.884
1,5
266.503
1,1
ago/12
20.235
-1,1
115.847
0,2
20.009
4,4
87.498
1,0
183.040
1,8
270.538
1,5
set/12
19.877
-1,8
114.827
-0,9
20.221
1,1
89.121
1,9
182.506
-0,3
271.628
0,4
out/12
20.516
3,2
117.185
2,1
20.670
2,2
90.131
1,1
185.434
1,6
275.565
1,4
nov/12
19.969
-2,7
119.442
1,9
20.972
1,5
91.064
1,0
187.712
1,2
278.776
1,2
dez/12
18.288
-8,4
126.614
6,0
21.480
2,4
90.225
-0,9
188.879
0,6
279.104
0,1
jan/13
20.046
9,6
126.273
-0,3
21.551
0,3
91.079
0,9
192.166
1,7
283.245
1,5
fev/13
20.800
3,8
122.107
-3,3
21.562
0,1
91.627
0,6
195.434
1,7
287.061
1,3
mar/13
20.244
-2,7
122.141
0,0
21.609
0,2
92.916
1,4
198.825
1,7
291.741
1,6
abr/13
21.220
4,8
123.598
1,2
21.662
0,2
93.944
1,1
202.469
1,8
296.412
1,6
Fonte: BC/Inepad
SALDO
DA CARTEIRA DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
AQUISIÇÃO Mês/Ano
Veículos
Variação em %
Outros
Variação em %
Total
Variação em %
Arrecadamento Variação mercantil em %
Desconto Variação de cheques em %
Outros créditos Variação em % livres
abr/12
183.480
0,4
9.289
-0,1
192.769
0,4
28.498
-5,3
1.549
-0,1
21.158
5,3
mai/12
184.576
0,6
9.374
0,9
193.950
0,6
27.031
-5,1
1.576
1,7
22.005
4,0
jun/12
186.884
1,3
9.440
0,7
196.324
1,2
25.632
-5,2
1.660
5,3
22.879
4,0
jul/12
187.913
0,6
9.510
0,7
197.423
0,6
24.177
-5,7
1.611
-3,0
24.095
5,3
ago/12
190.876
1,6
9.654
1,5
200.530
1,6
22.816
-5,6
1.657
2,9
24.405
1,3
set/12
190.167
-0,4
9.794
1,5
199.961
-0,3
21.598
-5,3
1.674
1,0
23.648
-3,1
out/12
190.419
0,1
9.982
1,9
200.401
0,2
20.276
-6,1
1.655
-1,1
23.391
-1,1
nov/12
190.778
0,2
10.162
1,8
200.940
0,3
19.073
-5,9
1.684
1,8
23.723
1,4
dez/12
193.215
1,3
10.450
2,8
203.665
1,4
17.913
-6,1
1.673
-0,7
23.870
0,6
jan/13
193.474
0,1
10.494
0,4
203.968
0,1
16.762
-6,4
1.637
-2,2
24.053
0,8
fev/13
192.763
-0,4
10.422
-0,7
203.185
-0,4
15.738
-6,1
1.650
0,8
24.635
2,4
mar/13
192.795
0,0
10.430
0,1
203.225
0,0
14.746
-6,3
1.633
-1,0
25.032
1,6
abr/13
192.490
-0,2
10.498
0,7
202.988
-0,1
13.732
-6,9
1.608
-1,5
25.941
3,6
Fonte: BC/Inepad
julho 2013 FINANCEIRO 59
Finan81 INEPAD tabelas.indd 59
7/3/13 7:52 PM
bancodedadosinepad SALDO
DA CARTEIRA DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
RECURSOS DIRECIONADOS - (R$
MILHÕES)
Mês/Ano
Crédito rural total
Variação em %
abr/12
75.510
0,8
209.157
2,3
26.335
0,9
2.723
2,0
3.354
1,9
mai/12
77.009
2,0
214.313
2,5
25.971
-1,4
2.845
4,5
3.418
1,9
jun/12
78.213
1,6
220.305
2,8
25.980
0,0
2.947
3,6
3.631
6,2
jul/12
76.169
-2,6
226.124
2,6
26.163
0,7
2.970
0,8
3.677
1,3
ago/12
79.240
4,0
233.154
3,1
27.284
4,3
3.061
3,1
3.696
0,5
set/12
81.538
2,9
236.413
1,4
27.247
-0,1
3.089
0,9
3.852
4,2
out/12
83.806
2,8
242.760
2,7
27.606
1,3
3.350
8,4
3.949
2,5
nov/12
86.393
3,1
248.714
2,5
28.472
3,1
3.570
6,6
3.975
0,7
dez/12
90.655
4,9
255.367
2,7
29.172
2,5
3.798
6,4
4.174
5,0
jan/13
90.480
-0,2
261.344
2,3
30.221
3,6
3.823
0,7
3.937
-5,7
fev/13
90.964
0,5
266.577
2,0
31.156
3,1
3.824
0,0
4.039
2,6
mar/13
92.705
1,9
273.917
2,8
32.146
3,2
3.879
1,4
4.454
10,3
abr/13
94.192
1,6
281.343
2,7
32.991
2,6
3.936
1,5
4.573
2,7
Financ. imobiliário tot.
Variação em %
Financ. Variação recursos BNDES em %
Microcrédito total
Variação em %
Outros créditos direcionados
Variação em %
Fonte: BC/Inepad
SALDO
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
–
CRÉDITO CONSIGNADO (R$
MILHÕES)
TAXA DE JUROS % a.a.
CONSIGNADO
Não Mês/Ano consignado
Servidores públicos
Trabalhadores do setor privado
Beneficiários do INSS
Total
Total
Consignado
Pessoal
Diferença
abr/12
84.174
104.443
14.216
51.598
170.257
254.431
27,6
41,4
13,8
mai/12
85.625
106.700
14.588
52.743
174.031
259.656
26,7
39,3
12,6
jun/12
86.541
108.504
14.838
53.819
177.161
263.702
25,7
38,2
12,5
jul/12
86.620
110.179
15.047
54.658
179.884
266.504
25,4
38,6
13,2
ago/12
87.498
112.316
15.278
55.446
183.040
270.538
24,9
38,0
13,1
set/12
89.121
111.614
15.896
54.996
182.506
271.627
25,2
37,7
12,5
out/12
90.131
113.644
16.101
55.689
185.434
275.565
24,8
37,8
13,0
nov/12
91.064
115.157
16.253
56.302
187.712
278.776
24,6
37,1
12,5
dez/12
90.225
116.039
16.244
56.595
188.878
279.103
24,5
36,9
12,4
jan/13
91.079
117.713
16.391
58.062
192.166
283.245
24,5
37,3
12,8
fev/13
91.627
119.680
16.535
59.219
195.434
287.061
24,7
37,9
13,2
mar/13
92.916
121.669
16.806
60.351
198.826
291.742
24,6
37,2
12,6
abr/13
93.944
124.092
16.966
61.410
202.468
296.412
24,3
36,8
12,5
Fonte: BC/Inepad
PREVISÕES
ECONÔMICAS
Ano de 2013
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
2,96
4,91
2,62
2,95
2,22
1 semana antes 14/06
2,52
7,27
1,75
2,60
2,59
1 mês antes 21/05/2013
2,45
7,51
1,45
2,5
2,59
Previsão 21/06/2013 (2013/2013)
Ano de 2013
Selic Taxa anual
IGP–DI % a.a.
IPCA % a.a.
Taxa de Câmbio R$/US$
Saldo Comercial US$ bilhões
8,35
3,99
6,00
2,02
247,35
1 semana antes 14/06
8,90
4,52
5,85
2,11
248,00
1 mês antes 21/05/2013
9,04
4,72
5,88
2,14
248,38
Previsão 21/06/2013 (2013/2013)
Fonte: BC-Focus/Inepad
60 FINANCEIRO julho 2013
Finan81 INEPAD tabelas.indd 60
7/3/13 7:52 PM
SALDO
(R$
MILHÕES)
E PORCENTUAL (%)
–
RECURSOS LIVRES PF
DA CARTEIRA DE CRÉDITO COM
TOTAL E COM ATRASO ENTRE
CRÉDITO PESSOAL
15
E
90
AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS
DIAS AQUISIÇÃO DE OUTROS BENS
Mês/Ano
Saldo total
Com atraso de 15 a 90 dias
% sobre saldo da carteira
Saldo total
Com atraso de 15 a 90 dias
% sobre saldo da carteira
Saldo total
Com atraso de 15 a 90 dias
% sobre saldo da carteira
abr/12
242.445
11.468
4,73%
180.096
18.280
10,15%
9.477
888
9,37%
mai/12
246.608
10.653
4,32%
181.344
17.717
9,77%
9.313
815
8,75%
jun/12
250.527
10.447
4,17%
182.757
17.161
9,39%
9.299
778
8,37%
jul/12
254.431
10.941
4,30%
183.480
17.229
9,39%
9.289
756
8,14%
ago/12
259.656
10.646
4,10%
184.576
16.187
8,77%
9.374
719
7,67%
set/12
263.702
11.128
4,22%
186.884
16.745
8,96%
9.440
718
7,61%
out/12
266.503
11.300
4,24%
187.913
16.668
8,87%
9.510
709
7,46%
nov/12
270.538
11.038
4,08%
190.876
16.434
8,61%
9.654
728
7,54%
dez/12
271.628
10.811
3,98%
190.167
16.012
8,42%
9.794
672
6,86%
jan/13
275.565
12.097
4,39%
190.419
15.843
8,32%
9.982
732
7,33%
fev/13
278.776
12.155
4,36%
190.778
16.064
8,42%
10.162
802
7,89%
mar/13
279.104
12.141
4,35%
193.215
17.351
8,98%
10.450
874
8,36%
abr/13
283.245
12.774
4,51%
193.474
16.736
8,65%
10.494
855
8,15%
Fonte: BC/Inepad
CRÉDITO PESSOAL Saldo
Taxa de juros
Data
Saldo
Taxa de juros
abr/07
55.325,00
52,47
out/08
81.916,00 57,42
abr/10
117.580,00 42,87
mai/07
57.291,00
51,66
nov/08
81.761,00 59,88
mai/10
119.875,00 43,04
out/11
157277
45,34
nov/11
159117
jun/07
59.085,00
51,06
dez/08
82.853,00 60,44
jun/10
43,64
121.546,00 41,97
dez/11
159349
jul/07
61.639,00
50,61
jan/09
83.203,00 56,51
42,4
jul/10
123.631,00 42,21
jan/12
161858
ago/07
63.483,00
49,89
fev/09
44,8
81.393,00 54,49
ago/10
126.750,00 41,96
fev/12
164769
set/07
64.990,00
49,43
45,2
mar/09
83.665,00 50,84
set/10
128.691,00 41,63
mar/12
167349
out/07
66.842,00
43,9
48,88
abr/09
87.384,00 48,78
out/10
131.057,00 43,55
abr/12
170256
nov/07
41,4
67.089,00
46,75
mai/09
89.592,00 46,62
nov/10
133.419,00 41,99
mai/12
174031
39,3
dez/07
68.259,00
45,80
jun/09
91.998,00 45,64
dez/10
136.312,00 44,11
jun/12
177161
38,2
jan/08
69.758,00
53,08
jul/09
94.475,00 44,78
jan/11
139.246,00 48,32
jul/12
179884
38,6
fev/08
71.083,00
52,59
ago/09
97.297,00 44,29
fev/11
141.840,00 47,96
ago/12
183040
38
mar/08
72.900,00
50,48
set/09
99.518,00 44,71
mar/11
142150 43,01
set/12
182506
37,7
abr/08
74.510,00
50,60
out/09
101.735,00 45,74
abr/11
143935 44,34
out/12
185434
37,8
mai/08
75.967,00
48,39
nov/09
103.450,00 43,64
mai/11
145738 44,56
nov/12
187712
37,1
jun/08
76.744,00
51,39
dez/09
107.283,00 44,35
jun/11
147892 44,52
dez/12
188879
36,9
jul/08
77.987,00
53,59
jan/10
109.248,00 44,83
jul/11
150587 45,01
jan/13
192166
37,3
ago/08
79.161,00
54,49
fev/10
111.396,00 43,81
ago/11
154027 44,52
fev/13
195434
37,9
set/08
80.137,00
56,31
mar/10
115.128,00 42,69
set/11
155626 44,64
mar/13
198825
37,2
abr/13
202469
36,8
Data
Saldo
Taxa de juros
Data
Saldo
Taxa de juros
Data
julho 2013 FINANCEIRO 61
Finan81 INEPAD tabelas.indd 61
7/3/13 7:52 PM
bancodedadosinepad TAXA
DE DESEMPREGO
Data
Brasil
Var. % – Brasil
SP
Var. %
mai/12 Taxa de D5,8% esemprego -0,002 6,2% -0,003 Inepad & 10% 9% 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0%
IBGE
jun/12
5,9%
0,001
6,5%
0,003
jul/12
5,4%
-0,005
5,7%
-0,008
0,010
ago/12
5,3%
-0,001
5,8%
0,001
0,008
set/12
5,4%
0,001
6,5%
0,007
0,006
out/12
5,3%
-0,001
5,90%
-0,006
0,004
Taxa de Desemprego Inepad & IBGE Brasil
10% São Paulo 0,002 9% Var. p.p. -0,004 5,50% -0,004 4,9% nov/12 0,000 8% 7% -‐0,002 -0,003 5,20% -0,003 4,6% dez/12 6% -‐0,004 5% 0,012 6,40% 0,008 5,4% jan/13 4% -‐0,006 0,001 6,50% 0,002 fev/13 mai/12 jun/12 jul/12 5,6% ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 3% 2% -0,002 6,30% 0,001 5,7% mar/13 1% 0% 0,004 6,70% 0,001 5,8% abr/13 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13
mai/13
0,000
5,8%
6,30%
0,010 0,008 0,006 0,004
Brasil
0,002
São Paulo
0,000
Var. p.p.
-‐0,002 -‐0,004 -‐0,006
-0,004
Fonte: IBGE/Inepad
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) Brasil
Var. % - Brasil
SP
Var. %
mai/12
2,0
0,00
3,7
0,00
jun/12
2,0
0,00
3,7
0,00
jul/12
1,9
-0,05
3,6
-0,03
ago/12
2,0
0,05
3,9
0,08
set/12
2,0
0,00
3,8
-0,03
3,5
out/12
2,1
0,05
4,0
0,05
3,0
nov/12
2,0
-0,05
3,8
-0,05
dez/12
2,0
0,00
3,6
-0,05
jan/13
1,9
-0,05
3,5
-0,03
fev/13
1,9
0,00
3,3
-0,06
mar/13
2,0
0,05
3,7
0,12
abr/13
2,0
0,00
3,7
0,00
mai/13
2,0
0,00
3,6
-0,03
Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido -‐ Brasil e SP -‐ (mil R$) Inepad & IBGE 4,5 4,0
2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 -‐1 3
r-‐1 3
ai m
ab
13
ar -‐1 3 m
fe v-‐
2
ja n-‐ 13
z-‐ 1
v-‐ 12 SP
de
no
ou t-‐1 2
12
2
se t-‐1 2
o-‐ ag
ju l-‐1
2 -‐1 ai
ju n-‐ 12
0,0 m
Data
Brasil
Fonte: IBGE/Inepad
62 FINANCEIRO julho 2013
Finan81 INEPAD tabelas.indd 62
7/3/13 7:52 PM
ATIVIDADE
ECONÔMICA Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
Var. p.p.
abr/12
81,8
-0,20
abr/12
125,74
0,00%
mai/12
81,9
0,10
mai/12
124,77
-0,77%
jun/12
81,8
-0,10
jun/12
124,32
-0,36%
jul/12
82,1
0,30
jul/12
124,36
0,03%
ago/12
82,0
-0,10
ago/12
125,4
0,84%
set/12
82,2
0,20
set/12
126
0,48%
out/12
82,5
0,30
out/12
126,74
0,59%
nov/12
82,7
0,20
nov/12
126,23
-0,40%
dez/12
82,9
0,20
dez/12
126,04
-0,15%
jan/13
81,7
-1,20
jan/13
126,63
0,47%
fev/13
81,1
-0,60
fev/13
126,74
0,09%
mar/13
82,6
1,50
mar/13
127,17
0,34%
abr/13
83,3
0,70
abr/13
127,25
0,06%
Data
1,83%
Variação jan/jan
Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral
Data
1,20%
Variação nov/nov
Fonte: CNI/Inepad
Var. %
Fonte: IBGE/Inepad
Atividade Economica: Produção x Capacidade
Capacidade (%)
Produção (Índice)
INEPAD & CNI & IBGE
85,0
133
84,0
129
83,0 82,0
125
81,0
121
80,0 79,0
117
78,0
113
77,0
109
76,0 75,0
Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
3 r/1 ab
ar
/1 3
/1 3
m
fe v
13 ja
n/
12 z/ de
2
v/ 12 no
t/1 ou
2 t/1 se
o/ 12 ag
/1 2 ju l
2 /1 ju n
/1 2 ai m
ab
r/1
2
105
Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral
julho 2013 FINANCEIRO 63
Finan81 INEPAD tabelas.indd 63
7/3/13 7:52 PM
bancodedadosinepad
PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS. MISTOS. VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
Produção
Média Trim.
Var. Mensal
7,7% -2,6%
Var. Mensal (%)
mai/12
280.800
283.367
20.000
jun/12
273.600
271.733
-7.200
jul/12
297.800
284.067
24.200
8,8%
ago/12
329.300
300.233
31.500
10,6%
set/12
282.540
303.213
-46.760
-14,2%
out/12
318.701
310.180
36.161
12,8%
nov/12
301.679
300.973
-17.022
-5,3%
dez/12
259.364
293.248
-42.315
-14,0%
jan/13
279.332
280.125
19.968
7,7%
fev/13
229.274
255.990
-50.058
-17,9%
mar/13
340.865
283.157
111.591
48,7%
abr/13
347.122
305.754
6.257
1,8%
mai/13
348.070
345.352
948
0,3%
Produção -‐ Automóveis Leves e Pesados Inepad & Anfavea
Unidades
Data
400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 mai/12 jun/12
jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13
fev/13 mar/13 abr/13 mai/13
23,96%
Variação fev/fev Fonte: Anfavea/Inepad
EXPORTAÇÃO
UNIDADES)
Exportações
Média Trim.
Var. Mensal
Var. Mensal (%)
mai/12
26.700
39.208
-22.000
-45,17%
jun/12
36.000
37.133
9.300
34,83%
jul/12
29.700
30.800
-6.300
-17,50%
ago/12
42.900
36.200
13.200
44,44%
set/12
27.194
33.265
-15.706
-36,61%
out/12
41.797
37.297
14.603
53,70%
nov/12
36.536
35.176
-5.261
-12,59%
dez/12
41.194
39.842
4.658
12,75%
jan/13
36.232
37.987
-4.962
-12,05%
fev/13
31.743
36.390
-4.489
-12,39%
mar/13
43.529
37.168
11.786
37,13%
10.000
abr/13
55.084
43.452
11.555
26,55%
0
mai/13
48.623
49.079
-6.461
-11,73%
m
DE AUTOVEÍCULOS MONTADOS (EM
Variação fev/fev
Exportação de Autoveículos Montados Inepad & Anfavea
60.000 50.000 40.000 30.000 20.000
Exportações Média Trimestral
ai /1 2 ju n/ 12 ju l/1 2 ag o/ 12 se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /13 ab r/1 3 m ai /13
unidades
Data
82,11%
Fonte: Anfavea/Inepad
64 FINANCEIRO julho 2013
Finan81 INEPAD tabelas.indd 64
7/3/13 7:52 PM
LICENCIAMENTO
DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM % no total
+1000cc a 2000cc
% no total
+2000cc
% no total
mai/12
210.216
85.432
34,7%
122.532
58,3%
2.233
1,1%
jun/12
275.929
120.194
31,0%
153.905
55,8%
1.830
0,7%
jul/12
281.420
117.366
42,7%
162.179
57,6%
1.875
0,7%
ago/12
326.914
133.660
35,9%
191.167
58,5%
2.087
0,6%
set/12
214.351
90.205
62,4%
122.402
57,1%
1.744
0,8%
out/12
250.598
105.244
36,0%
143.910
57,4%
1.444
0,6%
nov/12
233.279
97.802
45,1%
134.278
57,6%
1.199
0,5%
dez/12
267.302
111.103
36,6%
155.168
58,0%
1.031
0,4%
jan/13
231.343
97.475
48,0%
132.707
57,4%
1.161
0,5%
fev/13
172.080
68.814
56,6%
102.250
59,4%
1.016
0,6%
mar/13
209.797
85.683
32,8%
122.993
58,6%
1.121
0,5%
abr/13
246.379
98.563
34,8%
146.066
59,3%
1.750
0,7%
mai/13
232.974
93.970
42,3%
137.426
59,0%
1.578
0,7%
Data
1000cc
UNIDADES)
Total
Fonte: Anfavea/Inepad
Licenciamento por Categoria -‐ Automóveis Inepad & Anfavea
250.000
unidades
200.000 150.000 1000cc +1000cc a 2000cc
100.000
+2000cc
50.000
m
ai /1 2 ju n/ 12 ju l/1 2 ag o/ 12 se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /13 ab r/1 3 m ai /13
0
TAXA
MÉDIA DE JUROS DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO COM RECURSOS LIVRES CRÉDITO PESSOAL
AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS
-
PESSOA FÍSICA
AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS
% a.a.
Variação p.p.
4,62 -0,15
72,03
-2,92
4,60 -0,02
71,63
-0,40
9.440
4,53 -0,08
70,08
-1,55
0,47
9.510
4,36 -0,17
66,81
-3,27
20,31
-0,39
9.654
4,46
0,10
68,78
1,97
0,05
21,09
0,78
9.794
4,50
0,04
69,56
0,78
-0,04
20,51
-0,58
9.982
4,47 -0,03
69,02
-0,54
1,56
0,00
20,47
-0,04
10.162
4,57
0,10
70,94
1,92
1,51
-0,05
19,75
-0,72
10.450
4,74
0,17
74,36
3,42
193.474
1,57
0,05
20,53
0,78
10.494
4,55 -0,19
70,57
-3,79
0,60
192.763
1,56
0,00
20,46
-0,07
10.422
4,48 -0,07
69,30
-1,35
-0,80
192.795
1,51
-0,05
19,73
-0,73
10.430
4,44 -0,04
68,63
-0,71
192.500
1,58
0,07
20,73
1,00
10.503
4,50
0,05
68,25
1,00
Mês/ ano
Saldo total R$ milhões
% a.m.
Variação p.p.
% a.a.
Variação p.p.
Saldo total R$ milhões
% a.m.
Variação p.p.
% a.a.
Variação p.p.
Saldo total R$ milhões
abr/12
170.256
2,93
-0,15
41,40
-2,50
183.480
1,86
-0,04
24,75
-0,66
9.289
mai/12
174.031
2,80
-0,13
39,30
-2,10
184.576
1,71
-0,15
22,57
-2,18
9.374
jun/12
177.161
2,73
-0,07
38,20
-1,10
186.884
1,55
-0,16
20,23
-2,34
jul/12
179.884
2,76
0,02
38,60
0,40
187.913
1,58
0,03
20,70
ago/12
183.040
2,72
-0,04
38,00
-0,60
190.876
1,55
-0,03
set/12
182.506
2,70
-0,02
37,70
-0,30
190.167
1,61
out/12
185.434
2,71
0,01
37,80
0,10
190.419
1,57
nov/12
187.712
2,66
-0,04
37,10
-0,70
190.778
dez/12
188.879
2,65
-0,01
36,90
-0,20
193.215
jan/13
192.166
2,68
0,02
37,30
0,40
fev/13
195.434
2,71
0,04
37,90
mar/13
198.825
2,66
-0,05
37,10
abr/13
202.469
2,73
0,06
38,10
1,00
% a.m.
Variação p.p.
Fonte: BC/Inepad
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finançasnabalança nançasnabalança balança
Informações
úteis Quem vai viajar para o exterior deve ficar atento: o dólar está em alta e a tendência é que continue em patamar elevado nos próximos meses. Essa elevação certamente atrapalha os planos dos turistas, mas existem alternativas que podem aliviar o impacto da alta da moeda norte-americana. A informação é do blog “Finanças na Balança”, da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). Além desse tema, o canal trata de todos os assuntos relacionados a finanças pessoais, com explicações e dicas que facilitam a administração do orçamento e das finanças. O “Finanças na Balança” foi criado em 2011, como ferramenta de educação financeira que ajuda as pessoas interessadas por meio de informações de qualidade sobre esse tema. Theo Carnier, jornalista que fez carreira em veículos como Estadão, Folha de São Paulo, revista Veja, DCI, entre outros e que também trabalhou na comunicação corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo é o responsável pelo conteúdo. “O blog é interativo. Por isso, todos os comentários, sugestões e críticas são sempre bem-vindos e têm grande importância para o constante aprimoramento dessa ferramenta”, aponta ele. f Para conhecer o “Finanças na Balança” acesse http://financasnabalanca.blogspot.com.br
Foto: Shutterstock/Divulgação
Com mais de 30 mil acessos, o blog “Finanças na Balança”, da Acrefi, trata de assuntos relacionados a finanças pessoais, com explicações e dicas que facilitam a administração do orçamento
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