Financeiro 78 - Dezembro 2012

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conteúdofinanceiro

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Páginas Azuis

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Financiamentos devem alavancar

da Anfavea, aborda a expansão do setor em 2013

crescimento do setor

Crédito Perspectivas

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Próximo ano terá cenário promissor e sustentável

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fala sobre nova ferramenta que vai agilizar o

Capa Especialistas desvendam o futuro da economia

crédito imobiliário 46

Especial Cartões Uso dos plásticos gera resultados para toda a economia

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Entrevista Outsourcing

Happy Hour Parrilla e carnes nobres selecionadas são

Veículos

especialidades do restaurante Pobre Juan

Evento da Acrefi discute concessão de crédito

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Entrevista Cetip Roberto Dagnoni, vice-presidente,

7º SIAC

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Mercado Imobiliário

Na entrevista do mês, Cledorvino Belini, presidente

52

Compliance Bancos trabalham para se adequar às normas Basileia III e Fatca

artigos 45 Almir Lima Tecnologia

Emílio Cominato, presidente da

50 Jairo Saddi Bancos

New Space, destaca as tendências

56 Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas

do uso da tecnologia bancária

66 Nicola Tingas Última Palavra dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 3

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expediente financeiro ISSN 1809-8843

Publicação da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Diniz, Bartholomeu Ribeiro, Carlos Alberto Samogin, Claudio Ferro, Décio Carbonari de Almeida, Élcio Azevedo, Elias de Souza, Felicitas Renner, Luis Félix Cardamoni Neto e Luis Otávio Matias Secretário Sérgio Cipovicci Tesoureiro Alexandre Teixeira Diretores Regionais Ciro Pitangueira de Avelino, José Agnelo Seger, Leonardo Dadauto, Luiz Carlos do Nascimento, Paulo Dalla Nora, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Pedro da Costa Carvalho e Sebastião Cunha Diretores-Executivos João Carlos de Souza Caritá, Mara Lygia Prado e Rubens Bution Montadoras Edson Froes, Edson Ueda, Eduardo Varella, Felipe César Rodrigues Ferreira, Gunnar Murilo, Joelcyr Carmello e Nelson Aguiar Diretores Conselheiros José Carlos Alves, Leonel Andrade e Wanderlei Vettore Conselho Consultivo Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Décio Carbonari de Almeida, Flávio Antonio Meneghetti, Ilídio Gonçalves dos Santos, Júlio Avelar, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Ricardo Loureiro e Rogério Pinto Coelho Amato (membros) Conselho Fiscal Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos) Geraldo Lima Vandalsen e Marcus André de Oliveira (suplentes) Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Economista-Chefe Nicola Tingas Auditoria Pricewaterhousecoopers Assessoria Contábil Silveira & Lavorini Contabilidade Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial

Rua Novo Horizonte, 311 – Pacaembu – São Paulo – SP Tel.: (11) 3125–2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br Publisher Roberto Meir REDAÇÃO Editora Gisele Donato Editora-assistente Juliana Jadon Reportagem Alexandre Finelli, Thaís Moreira e Thiago Fernandes Colaboração Flávia Corbó e Patrícia Basilio Leandro Fabiano (estágiario) Fotografia Douglas Luccena Arte Projeto e designer gráfico Artma Design Gráfico designer Érika Bernal Revisora Dora Wild Publicidade Diretora Comercial – Fabiana Zuanon – fzuanon@gpadrao.com.br Gerente Comercial – Marco Góes – mgoes@gpadrao.com.br Gerente de Negócios – Adriana Próspero – aprospero@gpadrao.com.br Impressão IBEP Gráfica Ltda.

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editorial

E

xiste um setor da economia brasileira que nos dá orgulho: o agronegócio. Entra ano, sai ano, os indicadores econômicos mostram flutuações que ocorrem ao sabor de fatores internos e externos, mas o agronegócio tem se mostrado imune a essa oscilação. Ele é o Brasil que dá certo, com constante aumento da produção e da produtividade, investimentos bem-sucedidos, uso correto da tecnologia e um contingente de empresários de sucesso que ajudam a colocar o setor em primeiro plano no cenário global, sem nada a dever a seus competidores. A divulgação dos números do PIB do terceiro trimestre mostrou mais uma vez a força desse segmento e sua importância vital para o País. O agronegócio cresceu 2,5% de julho a setembro, na comparação trimestral, muito acima do PIB (0,6%) e de outros setores, como indústria (1,1%) e serviços (que ficou estável). Quando se comparam esses dados com o terceiro trimestre de 2011 a alta do “Brasil rural” é ainda mais expressiva: 3,6%.

O Brasil que dá certo

Foto: Flávio Roberto Guarnieri

Essa é uma história positiva que se tem repetido sempre. O setor é cada vez mais forte no mundo sob qualquer ângulo de comparação com outros países (safra, produtividade, tecnologia, empreendedorismo). O segmento convive, também, com uma estabilidade de regras que só o tem incentivado a crescer. E quando se olha além dos números “frios” dos indicadores, o cenário fica ainda mais favorável: afinal, o agronegócio produz alimentos, o que é essencial não só para o País, mas para todo o mundo. O Brasil, portanto, se fortalece como potência mundial em um setor vital para a sobrevivência da humanidade. A safra de grãos tem crescido em ritmo acelerado nos últimos anos. Até os anos 1980, o grande sonho era chegar a uma colheita de cem milhões de toneladas. Com o dinamismo do setor, essa barreira não só foi rapidamente superada como mudou de patamar – o crescimento foi de 180% em 20 anos e a previsão para 2012/2013 é de uma safra de 181,5 milhões de toneladas. Mais ainda, a safra brasileira de soja em 2012/2013 somou 82,6 milhões de toneladas, ultrapassando os Estados Unidos e fazendo com que o Brasil tivesse a maior colheita do mundo desse importante produto. Tão importante quanto o total colhido é o aumento da produtividade. O impressionante crescimento da safra em duas décadas foi alcançado com um aumento da área plantada de 38%. Basta comparar os números: aumento de 180% na colheita para um crescimento de 38% na área. Dados como esses fizeram com que o agronegócio ganhasse mais espaço na economia brasileira: atualmente representa sozinho quase um quarto (23%) de todo o PIB, além de gerar 37% de todos os empregos. Apesar das incertezas que teimam em rondar a economia mundial, o saldo da balança comercial do agronegócio supera o de todo o País e somou US$ 67 bilhões de janeiro a outubro de 2012. Além disso, o agronegócio inclui a sustentabilidade entre suas prioridades, o que é particularmente importante em um cenário mundial de crescente preocupação com o desmatamento. O agronegócio é uma realidade e um dos caminhos para o fortalecimento do Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Temos de investir nesse setor para tornar nossa nação mais rica e sustentável.

Érico Sodré Quirino Ferreira Presidente da Acrefi dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 5

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nossasassociadas

ACFI – Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento S.A.

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HSBC Bank Brasil S.A. Banco Múltiplo

Banco Ficsa S.A.

Kredilig S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento

Banco Fidis S.A.

Lecca – Crédito, Financiamento e Investimento S.A.

Banco Gerador S.A.

Mercantil do Brasil Financeira S.A. – Crédito, Financiamento e Investimentos

Banco GMAC S.A.

Midway S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento

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Múltipla CFI S.A.

Banco Intermedium S.A.

Negresco S.A. – Crédito, Financiamento e Investimentos

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Pernambucanas Financiadora S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento

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Portocred S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento

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Portoseg S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento

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Santana S.A – Crédito, Financiamento e Investimento

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Sorocred – Crédito, Financiamento e Investimento S.A.

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Sul Financeira S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento

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Todescredi S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento

Banco Volkswagen S.A.

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entrevistadomês

Pela valorização da produção

“made in Brazil” Por Gisele Donato

Em entrevista exclusiva à Financeiro, Cledorvino Belini, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), destaca a importância do Inovar-Auto – regime automotivo que entrará em vigor a partir do ano que vem – e declara que as expectativas do setor indicam que, graças aos macrofundamentos da economia brasileira, produção e mercado doméstico de veículos devem continuar em expansão em 2013 Confiante no crescimento do setor automotivo em 2013, Cledorvino Belini, presidente da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e do Sindicato Nacional da Indústria de Tratores, e Caminhões, Automóveis e Veículos Similares (Sinfavea), espera entregar o cargo ao novo presidente, no próximo mês de abril, com o regime automotivo Inovar-Auto totalmente regulamentado e em execução. Segundo Belini, a partir desse regime sairá uma nova indústria automobilística brasileira, renovada em ordem global. Belini é formado em administração de empresas pela Universidade Mackenzie, cursou pós-graduação em finanças em curso de mestrado na USP e possui MBA pelo FDC/Insead. Também é diretor presidente da Fiat Finanças Brasil desde 2005 e presidente do Conselho de Administração do Banco Fidis desde janeiro de 2009. Além disso, é membro do Conselho Superior Estratégico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do International Advisory Board, da Fundação Dom Cabral. Confira a seguir entrevista exclusiva com Belini, que traça um panorama do setor automotivo.

Revista Financeiro O setor automotivo brasileiro encerrou outubro com produção e vendas nos melhores níveis já registrados para o mês. Qual a expectativa com relação às vendas nesses meses que antecedem o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)? Cledorvino Belini Os resultados do período janeiro–outubro indicam expansão das vendas de 5,7%, quando comparado com igual período de 2011 (vendas respectivamente de 3,13 milhões de unidades diante de 2,96 milhões de veículos do período homólogo de 2011). Nossa estimativa é de que o ano se encerre com crescimento de no mínimo 4%: 2012 deve registrar a marca de 3,77 milhões de veículos comercializados no mercado interno. Será o nono ano consecutivo de crescimento, iniciado em 2004, ano em que o mercado era da ordem de 1,58 milhão de unidades. Tal resultado confirmou o Brasil como quarto maior mercado de veículos em nível mundial, atrás de China, Estados Unidos e Japão. Em produção estamos em recuperação. Basta dizer que até maio os primeiros cinco

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Fotos: Divulgação

Financeiro Como o senhor analisa 2012 para a indústria de veículos no Brasil, já que foi um ano de turbulências na economia mundial, com reflexos na brasileira? Belini Apesar da crise internacional, 2012 deve encerrar-se com crescimento do mercado interno e da produção graças ao conjunto de medidas que resultou das iniciativas do governo e da iniciativa privada: redução do IPI e do IOF, retomada do crédito e descontos promocionais dos fabricantes de veículos e de suas redes concessionárias.

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meses do ano indicaram queda de 9,5%. No acumulado janeiro–outubro a queda reverteu para 3,3%. Há, portanto, estimativa de encerrar o ano com produção em torno de 3,47 milhões, estável em relação a 2011. A aparente contradição entre expansão do mercado e queda da produção nos primeiros dez meses do ano explica-se pelos veículos importados, que participaram no período com 21% do mercado total.

No momento, não há motivo para grande preocupação, pois o nível de inadimplência no crédito na carteira de veículos se mantém em um patamar estável

Em exportações, entretanto, 2012 deve encerrar com cerca de 525 mil veículos embarcados para o exterior, sétimo ano consecutivo de queda (já exportamos 724 mil veículos, isso em 2005). Pesam aqui certa retração de mercados no exterior e perda de competitividade geral da indústria. Essas questões de competitividade devem ser enfrentadas em termos de insumos e infraestrutura, como energia elétrica, portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, desonerações de produção, entre outras. Financeiro A classe média, nos últimos anos, protagonizou um boom nas vendas de automóveis e mais

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entrevistadomês

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recentemente, a classe C. Mas ao mesmo tempo houve aumento da inadimplência e com isso os bancos ficaram mais rígidos na autorização de financiamentos para veículos. Em sua opinião, como isso pode afetar as vendas no próximo ano? Belini Os dados de inadimplência fornecidos pelo Banco Central, os mais recentes, que se referem a setembro, indicam nível tolerável, de 6%, enquanto a média geral de inadimplência para todos os bens financiados é da ordem de 7,9%. Portanto, no momento, não há motivo para grande preocupação, pois o nível de inadimplência no crédito na carteira de veículos se mantém em um patamar estável.

Se somos o 4° maior mercado do mundo, é legítimo ao Brasil aspirar a ser também um dos maiores produtores automotivos mundiais, inclusive capacitar-se como centro global de desenvolvimento de produtos

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Financeiro Como o senhor analisa o novo Regime Automotivo, regulamentado pelo governo, que entra em vigor em 2013 e exigirá das montadoras mais investimentos no País? Belini O Inovar-Auto – regime automotivo para o período 2013–2017 – é um instrumento de política industrial que coloca a indústria automobilística brasileira em um novo ciclo tecnológico, de desenvolvimento da produção no País e de sustentabilidade. O novo regime automotivo permitirá o planejamento da indústria no longo prazo, objetivando preparar o setor para as demandas do mercado, nos próximos anos, em termos de produção, produtos e processos, inovação e tecnologia automotiva. Com um mercado interno projetado entre cinco e seis milhões de veículos anuais nos próximos anos e um

mercado internacional cada vez mais globalizado e competitivo, a indústria automobilística brasileira busca o adensamento de sua cadeia produtiva com inovação e incorporação de tecnologias, mais competitividade e atração de novos investimentos no País. O novo regime automotivo é um balizamento para o futuro, ao mesmo tempo em que estabelece um amplo arco de desafios para os fabricantes de veículos no País, exigindo investimentos e metas em nacionalização, inovação, engenharia automotiva, em valor agregado de produto e em eficiência energética dos veículos, visando à valorização da produção “made in Brazil”. Se somos o quarto maior mercado do mundo, é legítimo ao Brasil aspirar a ser também um dos maiores produtores automotivos mundiais, inclusive capacitar-se como centro global de desenvolvimento de produtos. Financeiro Como o novo regime irá impactar a produção automotiva no Brasil? Belini O programa Inovar-Auto impactará positivamente nos produtos e na produção automotiva no País, inclusive com o desenvolvimento de componentes de alta tecnologia e de eletrônica embarcada, buscando também maiores possibilidades para os veículos brasileiros no mercado internacional. A habilitação ao programa significará o compromisso das empresas e do setor para o fortalecimento e desenvolvimento da cadeia automotiva – montadoras, autopeças e matérias-primas – por meio de mais investimentos, desenvolvimento local e incorporação de tecnologias; aumento de compras locais de materiais, aumento da eficiência energética dos veículos e produtos de maior valor agregado. Financeiro Mesmo com os incentivos que o novo regime automotivo dará, as empresas serão obrigadas a produzir pelo menos 60% de seus veículos com sistemas de segurança ABS e airbags. Com o fim da isenção do IPI, a tendência é que os veículos fiquem mais caros e, consequentemente, as vendas caiam. Nesse cenário, qual a expectativa do setor para 2013? Belini Freios ABS e Airbag se tornaram obrigatórios para todos os veículos, como equipamentos de série;

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Financeiro Além da isenção do IPI, em sua opinião, quais as saídas para se manter o mercado automotivo aquecido? Belini O mercado de automóveis depende basicamente da macroeconomia (emprego, renda, expectativa de manutenção do nível de renda) e crédito adequado, em termos de juros e prazos de pagamento: cerca de 70% da comercialização depende do crédito. Isso é assim em todo o mundo. A disponibilidade de crédito é fundamental para girar o mercado de automóveis. Financeiro O Brasil ainda sofre com a falta de mão de obra qualificada; como o setor automotivo tem enfrentado o problema? Belini As empresas do setor têm

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estamos cumprindo o cronograma de implantação estabelecido pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito). Certamente são custos, mas sua produção em escala, viabilizada pela obrigatoriedade, não só deve atrair investimentos para o País como colaborar para certa diluição de custos; quanto ao mais, trata-se de assunto restrito à estratégia industrial e comercial de cada empresa. Os precedentes de equipamentos tornados obrigatórios ou exigidos mostram que o mercado reconhece o valor agregado de tais dispositivos. Nossas expectativas gerais para 2013 indicam que, graças aos macrofundamentos da economia brasileira, produção e mercado doméstico de veículos devem continuar em expansão.

Cerca de 70% da comercialização de automóveis depende do crédito. A disponibilidade de crédito é fundamental para girar esse mercado

historicamente complementado o treinamento do trabalhador em caráter permanente, seja por si, seja pelo sistema Senai. Porém o Brasil somente poderá chegar ao padrão de país global se vencer o desafio da educação e da qualificação. Financeiro Quais os maiores desafios à presidência da Anfavea? Belini A poucos meses de encerrar meu mandato na Anfavea (abril 2013), visto que os novos quadros dirigentes serão eleitos para o mandato abril/2012 a abril/2015, guardo a expectativa de entregar a Anfavea ao novo presidente com o regime automotivo Inovar-Auto totalmente regulamentado e em execução, porque dele sairá uma nova indústria automobilística brasileira, renovada em ordem global. Espero que na próxima gestão o Brasil continue entre os maiores mercados automotivos do mundo e também eleve seu status de produtor em nível global, em termos quantitativos e qualitativos. f dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 11

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notasmercado

IMPOSTO

R$ 130 bilhões

é a estimativa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) da quantia que será injetada na economia devido ao pagamento do décimo terceiro

35,31%

é a porcentagem correspondente no PIB referente à carga tributária em 2011, segundo dados divulgados pela Receita Federal, em novembro

Impostômetro chega à casa dos trilhões em 11 meses Em novembro, o Impostômetro registrou mais de R$ 1, 3 trilhões arrecadados nas três esferas de governo a título de tributos: impostos, taxas e contribuições, inclusive multas, juros e correção monetária. Só para ter uma dimensão dessa quantia, daria para construir mais de quatro milhões de postos de saúde equipados, mais de 38 mil casas populares de 40 metros quadrados, fornecer mais de nove milhões de Bolsa Família, entre outros dados, tudo segundo o site. Vale destacar que é o quinto ano consecutivo em que se ultrapassa R$ 1 trilhão em impostos e que, em 2012, essa marca foi alcançada 15 dias antes em comparação ao ano passado. RENDA

Desigualdade de renda no Brasil atinge o menor índice em 31 anos O IBGE divulgou, em novembro, dados da SIS (Síntese dos Indicadores Sociais) que mostram a menor disparidade de riquezas desde 1981. Foi registrado índice de 0,508 em 2011, a menor diferença até hoje. Apesar de ser um número expressivo, o País fica bem atrás de diversos países europeus. A Suécia, por exemplo, registrou em 2011 uma disparidade de 0,244. Outros números da pesquisa chamaram atenção. Segundo o SIS, de 2001 a 2011 a porcentagem mais pobre da população, 20%, registrou aumento de renda de 2,6% para 3,5%.

R$ 860 mil

é o valor da multa que a Casa da Moeda deverá pagar por despejar resíduos no Canal de São Francisco, segundo o IEMA (Instituto Estadual do Meio Ambiente) PARCERIA

Serasa Experian e Iovation fecham parceria mundial

74 anos e 29 dias

é a expectativa de vida do brasileiro em 2011, segundo dados do IBGE divulgados em novembro deste ano

As duas empresas decidiram fechar a parceria para aumentar o combate às fraudes em transações na internet. A Iovation é especialista na tecnologia de identificação e reputação de equipamentos eletrônicos que realizam transações na internet. Com essa parceria, o software da Iovation se unirá com as soluções da Serasa Experian, instituição reconhecida no mercado por oferecer serviços de informação para empresas na hora de tomar decisões.

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panoramacetip

Por Thiago Fernandes

Evento promovido pela Acrefi e Cetip apresenta estimativas para o segmento

Em evento promovido na sede da Acrefi, em novembro, o gerente sênior comercial da unidade de financiamentos da Cetip, Cristiano Dantas, apresentou os números do mercado de financiamento de veículos em setembro, a partir de levantamentos feitos pela empresa. Na comparação anual, o mercado apresentou redução de 27% do número de operações realizadas (gravames emitidos) na comparação com setembro de 2011. Foram 486 mil, entre financiamento de novos e usados, contra 666 mil um ano atrás. Em volume financeiro, a queda foi maior, de 28%, saindo de R$ 19,9 bilhões para R$ 14,4 bilhões. Apesar da queda em setembro, a quantidade de operaCristiano Dantas, da ções no terceiro trimestre de 2012 apresentou elevação de 7% Cetip ante o segundo trimestre do ano, passando de 1,67 milhões de “Em setembro, o financiamento operações para 1,79 milhões. Em volume, o aumento foi de representou 12%, indo de R$ 43,8 bilhões para R$ 49,2 bilhões. 55% das Desde janeiro, foram financiados no País em média vendas de veículos novos” 570 mil veículos por mês, entre autos leves, pesados e

motos, tanto novos quanto usados. Em volume financeiro, isso representou uma média mensal de R$ 14,3 bilhões emprestados para compra de veículos. Com relação aos autos leves, foi observada uma queda no volume financiado a partir de vendas de concessionárias na comparação mensal de 2012 com a de 2011. Em média, neste ano foram financiados R$ 6,1 bilhões por mês nesse tipo de revenda, contra R$ 6,8 bilhões no ano passado, redução de 10%. Nas revendas de seminovos, a queda foi menor, passando de R$ 3,3 bilhões para R$ 3,1 bilhões, ou 6%. Com relação ao ano de fabricação dos veículos, a única faixa que observou aumento neste ano foi o de seminovos (modelos de 2008 a 2013). Nessa faixa, foi observada uma elevação de 21% no volume médio mensal, que passou de R$ 3,06 bilhões em 2011 para R$ 3,7 bilhões neste ano. No caso de veículos novos, houve uma redução de 3%, passando de R$ 6,8 bilhões para R$ 6,6 bilhões. Em setembro, o financiamento representou 55% das vendas de veículos novos, com 153 mil inclusões de gravame no mês, em relação as 278 mil unidades vendidas. O número representa uma queda de oito pontos porcentuais com relação a agosto, quando foram financiadas 63% das 405 mil unidades vendidas (256 mil gravames). Entre as modalidades de financiamento, CDC vem se mantendo estável como principal opção de financiamento, com cerca de 90% das operações, contra 7% do leasing. Os números são constantes desde setembro de 2011. Com relação ao canal, em setembro se manteve o porcentual de operações efetuadas em agências da rede bancária, que respondeu por 16% dos financiamentos, contra 78% realizadas por financeiras especializadas no setor. f

Foto: Divulgação

Mercado automotivo em foco

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créditoperspectivas Por Thais Moreira e Alexandre Finelli

2013:

Apesar de o crédito ter crescido de forma moderada em 2012, o próximo ano tem cenário promissor e sustentável, segundo especialistas ouvidos pela revista Financeiro

Um ano de equilíbrio conta que é um momento em que o consumidor brasileiro está mais endividado que no ano passado, ou seja, o crescimento será menor”. A estimativa do economista para 2013 é de alta de 8,7% para pessoa física e 6,8% para pessoa jurídica. Loyola alerta que o crescimento do mercado de crédito não deve ser comparado ao que o mercado já cresceu nos anos anteriores a 2011. “As famílias hoje estão mais endividadas que no ano passado”. Ou seja,

para o economista, os espaços para crescer “vão diminuindo”, já que o poder de tomada de financiamento do consumidor é menor em comparação ao movimento que houve em 2009, por exemplo.

Fotos: Shutterstock/Divulgação

Financiar um carro ou uma casa nem sempre foi fácil no Brasil. Mas desde que as instituições bancárias – incentivadas pelo governo – facilitaram a tomada de crédito para o consumidor, a partir de 2009, esse sonho passou a se tornar uma realidade para muitos brasileiros. O resultado desta abertura foi o crescimento, a passos largos, do mercado de crédito na época. Porém a falta de informação e de educação financeira fez com que os níveis de inadimplência atingissem níveis preocupantes, levando bancos a restringirem novamente a liberação de empréstimos. Entretanto essas consequências não afetaram drasticamente o mercado de crédito no Brasil. Pelo contrário. Segundo os especialistas ouvidos pela revista Financeiro, estima-se que o mercado de crédito continue crescendo, mesmo que em proporções mais modestas. Essa é a expectativa de Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências, que é otimista em relação ao crescimento do mercado de crédito este ano, porém com uma margem não tão elevada, como já vista em 2009. “Deve-se levar em 14 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

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As estimativas de Roberto Vertamatti, conselheiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), são semelhantes ao de Loyola. Vertamatti também prevê um crescimento moderado. “Em 2012, acredito que o crescimento será de 10%. Para o ano que vem, será nessa mesma ordem”, complementa. “Hoje, o crédito representa 52% do PIB. Desse valor, aproximadamente 30% se destinam ao consumidor (pessoa física)”, finaliza.

Gustavo Loyola, ex-BC “Os bancos terão de avaliar o nível dos consumidores que utilizam empréstimo de maneira mais sofisticada, pesando o risco do crédito e a expansão das operações’’

Alerta vermelho

Segundo Samy Dana, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o mercado de crédito brasileiro ainda tem muito a crescer e está aquém de seu potencial. Porém Dana ressalta que não basta disponibilizar dinheiro, é preciso investir e ensinar as pessoas a utilizá-lo. O alerta tem como intuito combater um dos maiores obstáculos à oferta de crédito nos dias de hoje: o alto número de inadimplentes. Para se ter uma ideia, o porcentual das famílias brasileiras inadimplentes em outubro chegou a 59,2%, segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com o aumento da inadimplência do consumidor este ano, houve uma mudança de postura no que se refere às instituições bancárias do País, que tomaram a dianteira. “Os bancos privados assumiram, a partir daí, dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 15

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créditoperspectivas

Crescimento robusto A participação do mercado de crédito em relação ao PIB cresceu ano após ano. O gráfico abaixo mostra a evolução a partir de setembro de 2008 a setembro de 2012

Ano

2008

2009

2010

2011

2012

Total

39,1

43,6

44,3

47,4

51,5

Fonte: Banco Central

Samy Dana, professor FGV “O mercado de crédito brasileiro ainda tem muito a crescer e está aquém de seu potencial”

uma postura mais conservadora e os públicos, mais agressiva”, afirma Loyola. Mesmo assim, não dá para negar o empenho dos brasileiros em quitar suas dívidas. Tanto o comércio quanto os bancos fizeram um esforço inédito para renegociar as contas, aproveitando as taxas de juros reduzidas. A medida parece ter surtido efeito. Uma prova disso foi o número de pessoas que conseguiram limpar seu nome. De janeiro a setembro deste ano, cerca de 15 milhões de pessoas tiraram seus Cadastros de Pessoa Física (CPFs) da lista de inadimplentes, atingindo níveis recordes. O levantamento nacional, feito pela empresa de informações financeiras Serasa Experian, aponta que esse foi o maior número registrado em quatro anos. Segundo Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper, o mercado está se comportando de maneira natural. “Quando você analisa o mercado de crédito, você percebe que é um movimento cíclico, separado por etapas. E este é um ano em que as pessoas aproveitaram os juros baixos para renegociarem e quitarem suas dívidas”, explica. Em seguida, ele complementa, dizendo que 2013 deve ser de retomada de crédito para aquisição de bens.

Projeções otimistas

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na pesquisa “Projeções Macroeconômicas e Expectativas de Mercado” – que consultou 28 analistas de instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos em setembro –projeta que o saldo da carteira total de operações de crédito no País deve encerrar o ano com avanço de 16% em relação a 2011. Para 2013, o crescimento esperado da carteira total de crédito também avançou 0,1 ponto porcentual em relação a 2012, chegando a 15,9%. Projeta-se um aumento em praticamente todos os segmentos de crédito, mas a maior expansão continua sendo a dos empréstimos com recursos direcionados (financiamentos rural e habitacional, por exemplo), estimada em 17,2% para 2012 e em 16,6% para 2013 (na pesquisa de julho, esses números eram 17% e 16,5%, respectivamente). A LCA Consultores apresenta dados ainda mais otimistas. Segundo Wermeson França, economista da consultoria, o saldo total de crédito deve atingir 17% em 2013. França credita o bom desempenho à restrição que foi dada ao crédito por parte dos bancos e à menor capacidade de as famílias assumirem novas dívidas. “Notamos atualmente que a cada

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cem pedidos de financiamento, apenas 30% são aprovados.” França ressalta que antes de olhar para 2013, é necessário fazer uma análise de “comportamento” deste mercado em 2012. “O ano começou um pouco restritivo em virtude da desaceleração de 2011, quando o governo anunciou medidas para conter o endividamento do consumidor. No meio do ano, essas medidas foram afrouxadas e o crédito continuou a crescer, mesmo que de forma moderada”, comenta. A influência internacional

Um outro fator que tende a estimular a oferta de crédito no Brasil em 2013 é a realidade de um cenário internacional mais calmo. Com a Zona do Euro mais estável e a reeleição do presidente americano Barack Obama (vista como positiva pela Europa), os bancos internacionais passam a conquistar a confiança dos empresários brasileiros novamente, se tornando mais uma possibilidade para busca de crédito. “O cenário internacional influencia o mercado de crédito brasileiro, porque muitos bancos captam dinheiro lá fora, mesmo que ainda seja em proporções pequenas”, explica Samy Dana. Wermeson França também aposta na continuidade de crescimento da Europa e na recuperação dos Estados Unidos. “Esses fatores devem afetar a confiança dos consumidores, que vão impulsionar o crescimento do mercado de crédito no País.” Efeito dominó

França explica que o mercado de crédito ainda sofre com uma “ressaca”

em virtude da forte abertura de crédito ao consumidor em 2010, o que causou o aumento da inadimplência de tal forma que refletiu no balanço dos bancos que, naturalmente, restringiram o crédito ao consumidor, seja para comprar uma casa ou um carro, por exemplo. A consequência dessa restrição poderá ficar mais evidente a partir de 2013, especialmente no setor automotivo. Beneficiado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), prorrogada duas vezes pelo governo, espera-se que fabricantes e revendedores não contarão mais com a liberação do imposto a partir do ano seguinte. Consequentemente, o segmento deve operar com um crédito mais restrito. Já os fornecedores que desejam obter algum tipo de incentivo deverão se comprometer com uma série de metas fixadas pelo governo, lançado em outubro. Entre os objetivos está a redução de 12,08% no consumo de gasolina e etanol até 2017.

“Este é um ano em que as pessoas aproveitaram os juros baixos para renegociarem e quitarem suas dívidas”

Alexandre Chaia, do Insper Mas a “moderação” não será apenas para o crescimento do mercado de crédito. Segundo Gustavo Loyola, outro fator relevante em 2013 será o posicionamento dos bancos, que querem ter também o retorno dos empréstimos. “Os bancos terão de avaliar o nível dos consumidores que tomam empréstimo de maneira mais sofisticada, pesando o risco do crédito e a expansão das operações.” f

Perfil de quem procura o crédito no Brasil As camadas de baixo poder aquisitivo foram as responsáveis pelo maior crescimento das demandas dos consumidores em outubro: 16,3% entre os que ganham mensalmente até R$ 500; 17,4% para quem recebe entre R$ 500 e R$ 1.000 e 18,2% para os que têm entre R$ 1.000 e R$ 2.000 mensais. Devido ao aumento do salário mínimo, em 2012, apenas as camadas de renda mais baixas da população estão registrando crescimento na demanda por crédito. O Sudeste foi a que apresentou o maior crescimento da demanda por crédito do consumidor, com alta de 26,8%. Já o Nordeste vem logo em seguida, com uma procura de 16,2% na região. O Norte registrou índice menos expressivo, de 7,5%. Já as regiões Sul e Centro-Oeste foram responsáveis pelas demandas mais modestas (2,2% e 1,7%, respectivamente). No geral, as regiões que apresentam renda per capita mais baixa continuam representando os locais que mais demandam crédito. Fonte: Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito

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Já o Brasil, apesar da evolução econômica conquistada nos últimos anos (ver quadro), carece de reformas políticas e fiscais, de melhorias na educação e em sua infraestrutura para competir com mais astúcia no cenário econômico internacional. Foi com esse pensamento que Érico Ferreira, presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) deu início ao 7º Seminário Internacional Acrefi (Siac) – “Qual o futuro do consumo e do crédito no Brasil e no mundo?”, realizado em São Paulo, pela entidade. Ferreira aponta que, mesmo com os avanços, o Brasil ainda enfrenta problemas e precisa avançar em diversos pilares de seu acrescimento. Um deles, segundo ele, é a infraestrutura que deixa a desejar em estradas, em aeroportos e em diversos outros campos, ainda despreparada para sediar grandes eventos globais que se aproximam, como a Copa do Mundo de 2014. Além disso, existe uma elevada arrecadação tributária no País e outras situações que engessam o crescimento das empresas. A Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), por exemplo, é a mesma desde 1943, quando foi sancionada. E, ainda, não é novidade para ninguém que a educação pública é falha. No Brasil, são 195 mil escolas, 14 milhões de analfabetos, sendo que 27% deles são funcionais. “O Brasil só será um país de Primeiro Mundo quan-

do a educação for a nossa verdadeira prioridade”, aponta Ferreira. Para ilustrar a situação calamitosa do ensino brasileiro, o presidente da Acrefi mostrou uma foto de uma escola no Camboja – tirada por ele mesmo – e comparou com uma imagem de outra em São Paulo (SP), onde a aparência e a estrutura eram bem piores. Ao comparar as figuras, é possível notar que no Camboja – mesmo sem água encanada em algumas casas – a estrutura física da escola é melhor do que a situada em uma das cidades mais estrutura-

das do Brasil. “É assim que o País gastará 10% do Produto Interno Bruto em educação?”, questiona Ferreira. Consumidor cauteloso

O financiamento de veículos não desponta mais como a principal intenção de compra parcelada entre os consumidores brasileiros. Uma pesquisa efetuada pela Ipsos, no começo de outubro, com exclusividade para a Acrefi, aponta que no Brasil as pessoas pretendem utilizar crédito para comprar nos próximos meses bens de valor mais baixo do que os

Resultados do Brasil O presidente da Acrefi mostrou aos participantes os avanços que o País conquistou nos últimos anos, mas ressaltou que poderiam ser melhores. Confira: 4 Risco País atingiu 149 pontos 4 Taxa Selic 7,25% ao ano 4 Reservas internacionais – US$ 378 bilhões 4 Nível de desemprego – 5,39% (IBGE – agosto) 4 Hoje o País é considerado Grau de Investimentos 4 Conquistas de vendas recordes de veículos 4 Relação Crédito–PIB de 51,5% (dado de agosto do Banco Central do Brasil)

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capa7ºSiac inadimplente ou com algum tipo de parcela atrasada. E, ainda, 48% dos participantes estão “nada seguros” e 27% “pouco seguros” em adquirir um automóvel parcelado. O levantamento da Ipsos/Acrefi foi realizado em 70 cidades e nove regiões metropolitanas. A margem de erro é de três pontos porcentuais.

Érico Ferreira, presidente da Acrefi “O Brasil só será um país de Primeiro Mundo quando a educação for a nossa verdadeira prioridade”

automóveis, como eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Nos últimos 90 dias, 96% dos consumidores utilizaram esse serviço financeiro para comprar alimentos, 40% roupas e somente 4% adquiriram televisores, geladeiras e fogões. Já para o quarto trimestre e para o Natal o cenário se inverte e o sonho de consumo nos financiamentos é a geladeira. Dos que pretendem financiar algo nos pró-

ximos meses, 93% dizem que será um refrigerador. “Notamos uma tendência de o consumidor, principalmente o de baixa renda, financiar mais eletroeletrônicos do que carros. Isso se dá, pois ele terá mais cautela nas aquisições parceladas dos próximos meses”, assegura Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi. Mas nem tudo é perfeito. A pesquisa alerta que 48% da mostra está

Índice de propensão ao endividamento 13

13 28 geladeira

27

27

33

televisão

34

fogão

35

35 12 18

carro 27

25

34

34 0

1 22

48

13

11

13 16

roupas

Bear Stearns, Washington Mutual, Countrywide e tantos outros são nomes de bancos que deixaram de existir após o abalo econômico da crise de 2008, causada pelos subprimes, nos Estados Unidos. William Rayburn, CEO e Chairman da FNC, abordou com detalhes como ocorreu a crise com a apresentação “Bolhas imobiliárias: a experiência dos Estados Unidos”. De acordo com ele, o pressuposto que desencadeou tamanho problema para aquele país era que o preço das casas próprias sempre se manteria estável ou subiria e os gestores dos bancos acreditavam piamente nisso. “Nos lares americanos, as pessoas confiavam que estava tudo bem e que havia demanda para o mercado imobiliário. No entanto, com as bolhas de crédito, a crise trouxe um cenário bem diferente para a população”, reforça. Rayburn aponta que se os bancos naquela época tivessem adotado

16 muito seguro

alimentação

45 55

seguro pouco seguro nada seguro nenhum

Fotos: Shutterstock/Douglas Luccena

Bastidores da crise de 2008

Fonte: Ipsos/Acrefi 20 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

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sistemas que coletam melhores informações do mercado, – com modelos mais rigorosos de mensuração de perdas e riscos e com mais exigências de garantias para o crédito ofertado – a crise, da maneira que ocorreu, poderia ter sido evitada. “Com ferramentas de análise é possível avaliar melhor o escore de crédito de cada cliente e precificar a garantia dada na operação financeira”, assegura. O especialista aproveitou para analisar o cenário imobiliário brasileiro, no qual houve um boom verificado nos últimos anos, incentivado pelas políticas e facilidades criadas pelo governo para a compra da habitação. O programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal, é um exemplo de incentivo. Nesse cenário nacional, recorda ele, existe uma semelhança com o início da crise nos Estados Unidos. Por aqui, o preço dos imóveis também cresceu demasiadamente nos últimos anos – em alguns lugares a valorização chega a 300% – e as pessoas acreditam que existe nesse setor um cenário de investimento seguro. Casas, teoricamente, não perdem valor, só ganham. Todavia essa alta acompanha a demanda dos brasileiros por novos lares. “O Brasil está colocando o mercado imobiliário em um navio. Não haverá problema de naufrágio se esse setor operar com a análise de risco necessária”, encerra. Tendências globais

Aparentemente, a crise nos Estados Unidos passou, o país se recuperou e a sua economia está crescendo. O Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano apresentou elevação

Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi “Notamos uma tendência de o consumidor, principalmente o de baixa renda, financiar mais eletroeletrônicos do que carros. Isso se dá, pois ele terá mais cautela nas aquisições parceladas dos próximos meses”

Milton Santos, da Desenvolve SP “Nosso empresário trabalha com um horizonte de curto prazo nos investimentos, o que no final pode gerar problemas de administração de caixa”

De acordo com pesquisa global da Ipsos, o Brasil é um dos cinco países mais propícios para o mercado de crédito. Exemplo disso, 10% da população brasileira diz que comprará um imóvel no próximo ano e 32% apontam que assumirão algum financiamento nesse período

de 2% no terceiro trimestre deste ano, de acordo com a primeira estimativa do Escritório de Análise Econômica da região. Além disso, possui também um sistema bancário mais consolidado do que antes do abalo econômico. Marc Goudart, vice-presidente sênior da Experian Decision Analytics, colocou em pauta o que acontece ao redor do mundo com as economias que foram afetadas pela crise de 2008. O Norte da Europa está com a economia estagnada, o que é bom comparado ao Sul, onde há um cenário de declínio econômico. Já a Europa Central também apresenta crescimento. “Em momento de crise econômica é preciso aprender e encontrar oportunidades de crescimento. Temos de entender quais os clientes em que podemos apostar para crescer, mesmo nessa situação”, aconselha o especialista. Apesar do panorama diversificado nas diversas regiões, Goudart aponta que os quatro principais desafios dos negócios são os mesmos em todo o mundo: alcançar dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 21

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capa7ºSiac resultados, ter um bom controle de riscos, criar eficiência e compliance – com as regulamentações vigentes como Basileia III e a alocação de capital exigida. Esses elementos-chave aliados ao bom atendimento e a conquista do consumidor constituem o caminho para o sucesso do setor financeiro. Mas é preciso também aperfeiçoar outros processos nas corporações. Segundo Goudart, as novas gerações de consumidores demandam de mais informações, além de dados mais precisos. “Quem entender os clientes e suas necessidades fará parte dos grandes líderes de mercado”, conclui.

Marc Goudart, da Experian Decision Analytics “Em momento de incerteza econômica é preciso aprender e encontrar oportunidades de crescimento. Temos de entender quais os clientes em que podemos apostar para crescer, mesmo nesse cenário”

País do otimismo

O sorriso na face dos brasileiros estampa mais do que simpatia. Mais de 65% da população por aqui diz que a economia local irá melhorar dentro de seis meses, o que demonstra um nível de otimismo sobre a nossa economia. Na maior parte do mundo, todavia, as populações

não possuem grandes expectativas e acreditam que as suas economias vão se estabelecer no mesmo patamar em que já se encontram. Em outros dois países latinos, México e

Carteira total do sistema financeiro de crédito Recursos livres

R$ 1,4 trilhão

Recursos direcionados

R$ 800 bilhões

Pessoa física

Pessoa jurídica

BNDES

Outros

R$ 7 02 bilhões

R$ 7 09 bilhões

R$ 443 bilhões

R$ 357 bilhões

Prazo médio

Prazo médio

Curto prazo

Longo prazo (BNDES)

614 dias

408 dias

R$ 74 bilhões (16,7%)

R$ 369 bilhões (83,3%)

Fonte: BNDES e Banco Central (agosto de 2012)

Argentina, 41% da população aposta em uma economia mais vigorosa. O dado é de pesquisa feita mensalmente pela Ipsos Public Affairs em 25 países, que representam 75% do PIB global e 63% da população. Foi o próprio CEO global da companhia, Darrel Bricker, que a apresentou durante o encontro da Acrefi. “Se você acha que as coisas não estão indo bem no Brasil, dê uma olhada no que ocorre em outros países”, brinca o executivo. De acordo com o especialista, o Brasil é um cenário potencial para o mercado de crédito. O país está colocado entre os cinco mais propícios em termos de oportunidades para esse segmento. Cerca de 10% da população brasileira diz que comprará um imóvel no próximo ano e 32% aponta que assumirá algum tipo de financiamento nesse período. Quem lidera o ranking do otimismo, no entanto, é a Arábia Saudita, onde 84% da população classifica a economia como boa. Ao redor do globo, a minoria acredita em avanços econômicos. Em média, quatro em cada dez cidadãos no mundo veem a

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economia de seu país de forma positiva. “Falamos do que as pessoas pensam. Há muitas expectativas de que dias melhores virão, especialmente para o Brasil. No entanto a realidade é diferente da percepção”, considera o executivo. Nesse aspecto, o CEO da Ipsos alerta que é preciso que as grandes companhias se preparem para um novo cenário no qual as populações possuem menos filhos e os mercados podem crescer com velocidade reduzida. Além disso, é preciso, segundo ele, ter mais transparência em todas as ações, devido à entrada dos clientes das redes sociais e a exigência de rapidez em todos os sentidos das relações de consumo. Fomento da população

As micro e pequenas empresas precisam de mais do que recursos para a sua criação, continuidade e expansão no Brasil. Elas carecem também do apoio de quem entende de empreendedorismo. Nesse sentido, Milton Luiz de Melo Santos, presidente da agência de fomento paulista Desenvolve SP, abordou “O crédito e a importância para o crescimento econômico”. Segundo o executivo, as micro e pequenas empresas – que representam 90% das companhias no País – possuem ausência de garantias, assimetria de informações, ausência de gestão, pouca profissionalização e uma cultura de investimento de curto prazo, o que gera menos ganhos do que no longo prazo. Esses fatores, que demonstram despreparo, elevam os riscos de atuar no mercado. “Nosso empresário trabalha com

Octávio de Barros, do Bradesco “O Brasil cresceu em 2012 quanto o mundo permitiu. O globo é uma caixa”

um horizonte de curto prazo nos investimentos, o que no final pode gerar problemas de administração de caixa”, aponta Santos. Para ajudar nesse cenário, existem as agências de fomento que, assim como a Desenvolve SP, operam como um banco de desenvolvimento repassando os recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Elas proporcionam para as empresas o financiamento de longo prazo por tarifas vantajosas. A premissa é contribuir para a geração de renda e emprego no Estado de São Paulo e diminuir a desigualdade. As agências de fomento não possuem espaços físicos, mas atuam por meio de parcerias com órgãos de classe e entidades representativas. O funcionamento é simples. Por meio do portal da Desenvolve SP, o empresário dá entrada ao pedido de financiamento e encaminha a documentação para

Novo recurso O Banco Central irá aumentar em mais R$ 6,5 bilhões o volume de recursos disponíveis para os bancos pequenos emprestarem. Para isso usará as reservas do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Antônio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC, conta que, com a iniciativa, o fundo irá funcionar como um importante funding para os bancos pequenos, inicialmente e posteriormente para as demais instituições. “O FGC será uma nova possibilidade para o mercado do crédito, com uma série de facilidades”, assegura o executivo.

avaliação. Posteriormente, recebe a visita da equipe do órgão, que analisa os benefícios que aquele empresário pode trazer para a região com esse financiamento, por meio da geração de renda, emprego e desenvolvimento. Se verificado que o seu negócio fará “bem” para o desenvolvimento do entorno, o empreendedor é orientado e o crédito lhe é concedido. New Normal

Assim como mencionado no início desta matéria, o mundo de hoje apresenta um crescimento e um cenário diferentes para as empresas atuarem em que os ganhos são mais baseados em produtividade e investimento do que em consumo. Quem apresentou o tema, durante o 7º Siac, foi Octávio de Barros, economista-chefe e diretor do departamento econômico do Bradesco. “O Brasil cresceu em 2012 o quanto o mundo permitiu. O globo é uma caixa”, considera. De acordo com as expectativas desse “novo normal”, que a equipe dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 23

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econômica do Bradesco não compartilha, ficam para trás o forte crescimento do crédito, a pouca intervenção do Estado na economia, a baixa preocupação com o endividamento soberano, o alto crescimento da China e as elevadas taxas de retorno, que Mais de 65% acompanhavam o ritmo do consuda população mo. “O mundo vai virar um grande brasileira diz Japão?”, questiona o economista que a economia em sua apresentação, no sentido local irá melhorar de que o país está crescendo atualdentro de 6 mente abaixo das expectativas. meses, o que Mas Barros aponta que, apesar demonstra um nível de otimismo desse cenário, um conjunto de fatores atípicos retirou do crescimento sobre a nossa do PIB cerca 0,8% (ver quadro). E, economia. O dado é da Ipsos ainda, segundo o departamento

Antônio Carlos Bueno, do FGC “O FGC será uma nova possibilidade para o mercado do crédito, com uma série de facilidades”

Tempestade De acordo com o economista Octavio de Barros, um conjunto de fatores atípicos afetou o acrescimento do PIB brasileiro neste ano. Confira: - Pesada seca no Sul e Nordeste (PIB agrícola cai 8,5% no primeiro trimestre) - Crise do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), travando investimentos no setor - Implantação do “Euro 5” para caminhões, jogando para baixo a produção - Crise da construção residencial devido ao excesso de oferta - Crise do endividamento do setor alcooleiro reduzindo a produção de cana - Estagnação da produção e refino da Petrobras por razões de atrasos operacionais - Problemas com bancos pequenos e médios - Crise argentina diminuindo as exportações brasileiras de manufaturados Fonte: departamento econômico do Bradesco

econômico do Bradesco, o crédito vai crescer entre 12% e 13% no próximo ano. “O crédito e a inclusão social continuam sendo pilares do crescimento”, aponta. Segundo Barros, a maior parcela da população já se equipou com bens duráveis e agora quer a qualidade dos serviços prestados. Nesse cenário, as empresas e bancos devem estar de olho em como aperfeiçoar essa entrega. As análises sobre o cenário econômico global da atualidade apresentadas no Seminário Internacional Acrefi são muitas. Mas o que esperar de 2013? Para Barros, ainda há dúvidas sobre como a economia brasileira irá reagir aos novos patamares de juros reais baixos. Além disso, caso se confirme uma melhora no panorama da economia internacional – assim como esperado pela equipe do departamento econômico do Bradesco –, o Brasil voltará a acumular reservas e a controlar capitais para evitar a valorização do real. Já o Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) deverá encerrar 2013 em 5,5% e a taxa Selic em 8,5%. Mas essas são apenas previsões. Aos bancos e financeiras o ensinamento que fica diante do evento rico em informações para o mercado é o de que é preciso sempre operar com cautela na oferta de crédito, prezando as ferramentas apropriadas de análise de risco e de crédito e uma boa carteira. Assim, certamente, o mercado estará seguro diante das incertezas e das ondas trazidas pela economia global. f

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veículos

Mudar para crescer Mercado discutiu o cenário atual e as perspectivas futuras para o financiamento de veículos no Brasil e no mundo “Vivemos um momento novo. Não se pode insistir na concessão de crédito do mesmo jeito para um mercado diferente”, afirmou Danilo Nascimento, diretor do segmento de bancos da Serasa Experian, na abertura do encontro, promovido pela Acrefi e Serasa Experian, com patrocínio da Cetip. Ele destacou

que as empresas de crédito precisam reformular suas estratégias de acordo com os novos parâmetros do mercado, com menores patamares de juros, mas com um alto índice de inadimplência, apesar da queda da taxa de desemprego, fenômeno que é observado pela primeira vez nos últimos 12 anos. Nesse contexto, um dos elementos importantes para fundamentar as estratégias das instituições que atuam no mercado de financiamento de autos é o entendimento do funcionamento da indústria automotiva e sua relação com os agentes de crédito. Para apresentar um cenário do atual estágio desse segmento, o diretor do Centro de Estudos

Fotos: Shutterstock/Douglas Luccena

Thiago Fernandes

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Automotivos e ex-presidente da Ford Brasil, Luiz Carlos Mello, proferiu a palestra “Lógica e oportunidade: novos modelos para a indústria automobilística”, em que apresentou o ponto de vista do planejamento das montadoras nesse novo contexto. Ele destacou que a principal característica dessa indústria é a dificuldade para alterações de processos, motivada entre outros fatores pela força política e influência de toda a cadeia produtiva sobre a economia em geral. Com isso, as mudanças tendem a acontecer não de uma forma gradual e constante, mas em ciclos bem definidos. Num retrospecto histórico, Mello destacou três ciclos ocorridos desde os primórdios dessa indústria: a introdução da produção em massa, feita pela Ford, e que popularizou o acesso aos automóveis; a customização, introduzida pela GM, que passou a produzir diversos modelos de veículos para atender diferentes consumidores, e a Lean Manufactoring, conhecida como Sistema Toyota de Produção (TPS, na sigla em inglês), que determinou novos parâmetros de baixa tolerância a falhas e desperdícios na cadeia produtiva. Segundo Mello, a indústria está a caminho de um quarto ciclo de evolução em que as empresas buscam encontrar um equilíbrio entre a escala de produção e a diversidade de ofertas e opções de personalização num mundo que tem demonstrado uma alteração na forma como se relaciona com automóveis. “É nesse contexto, também pressionado por mudanças, que se encontra a indústria automotiva hoje. Todos têm de se adaptar”, afirmou.

Luiz Carlos Mello, da Ford Brasil “A cultura da comissão de venda faz com que o vendedor não selecione mais o comprador, já que ele está focado apenas em aumentar as vendas, sem se preocupar se o cliente vai ou não honrar o pagamento das prestações”

Além desse cenário de mudança, Mello destacou como grande desafio do setor o excesso de capacidade de produção, que historicamente vem sendo combatido por mecanismos que já dão sinais claros de exaustão, como medidas de estímulo ao consumo. “As montadoras já não buscam aumentar seu share, mas somente manter a sua participação.” dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 27

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veículos

Marcelo Buratto, do Santander “A classe C foi às compras e esqueceu que tinha que pagar IPVA, licenciamento, seguro. Com isso, acabou deixando de lado as prestações. Não tinha cultura de gastos extras”

Ele destacou nesse processo a importância de qualificação da concessão de crédito, que continua a ser crucial para o setor. Para Mello, a situação de inadimplência seria melhor administrada caso o primeiro momento de seleção de crédito voltasse a ser feito pelos vendedores de veículos nas lojas. Hoje, essa avaliação é feita já pelas financeiras. “A cultura da comissão de venda faz com que o vendedor não selecione mais o comprador, já que ele está focado apenas em aumentar as vendas, sem se preocupar se o cliente vai ou não honrar o pagamento das prestações.” Perspectivas

O contexto específico do financiamento de veículos foi analisado pelo diretor de crédito do Banco Santander, Marcelo Buratto, na palestra “Perspectivas para o crédito ao consumo”. Levando em consideração os dados atuais e as perspectivas econômicas, ele afirmou ser possível projetar um cenário positivo para o setor em 2013.

O executivo destacou o crescimento contínuo do mercado de veículos novos entre 2005 a 2011, com expansão anual média de 13,3% no período, o que atribui à maior diversidade de modelos e fabricantes no País, resultando na produção de carros mais baratos, associada ao aumento da renda média da população e da oferta de crédito. O mercado de usados cresceu em média 3,7% no mesmo período, alterando a relação de venda de usados em relação a carros novos. Em 2004, eram vendidos no Brasil 4,8 veículos usados para cada novo. A proporção caiu para 2,4 para um em 2011. O patamar é próximo àquele observado em países desenvolvidos. Ele atribui a isso a maior parte da contínua depreciação dos usados que vem sendo observada no País, o que deve se manter a partir de agora. No cenário atual, Buratto destaca duas influências que devem nortear o mercado durante o ano: a manutenção (ou não) da redução do IPI e a inadimplência. Em financiamentos de veículos, o atraso de mais de 90 dias cresceu de 2,5% em novembro de 2010 para 6% em setembro de 2012.

Em financiamentos de veículos, o atraso de mais de 90 dias cresceu de 2,5% em novembro de 2010 para 6% em setembro de 2012 Para 2013, ele aponta, no entanto, que a tendência é de queda nessa taxa, especialmente devido à forte correlação observada entre o aumento do PIB e o pagamento de dívidas. “Isso tem sido observado consistentemente ao longo dos anos. Quando o PIB cresce, mais pessoas pagam as contas em dia. Não há motivo para acreditar que haverá uma mudança desse padrão.” Buratto atribui o aumento da taxa nos últimos anos à pouca experiência de crédito por parte dos consumidores da chamada nova classe média. “A classe C foi às compras e esqueceu que tinha que pagar IPVA, licenciamento, seguro. Com isso, acabou deixando de lado as prestações. Não tinha cultura de gastos extras”, afirmou. Esse comportamento foi estimulado em grande parte pela oferta de operações de financiamento em 60 vezes

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sem entrada. Segundo o executivo, essa forma de crédito foi inicialmente pensada para atender o público que tinha dinheiro aplicado, mas não queria se descapitalizar, mas acabou mesmo sendo a opção para quem não tinha recursos suficientes nem mesmo para honrar as prestações. Ele destacou o fato de que o índice de inadimplência entre quem está comprando veículo pela primeira vez é 125% maior do que o comprador habitual de veículos. Outra tendência apontada é de manutenção ou até ampliação do tamanho da entrada dos financiamentos, influenciada principalmente pela queda no valor relativo do veículo usado. Nesse cenário, é cada vez mais comum que o valor de venda do bem eventualmente leiloado pela financeira não seja suficiente para garantir o pagamento do empréstimo. O novo cenário de juros mais baixos no País estimula novos patamares, mais modestos, de remuneração. Isso resultará em mais concorrência no setor, especialmente quando se considera que é crescente o número de pessoas que recorrem a agências bancárias para financiamento de veículos. “Esse é um canal que vem ganhando força na preferência do consumidor na hora de contratar um financiamento.”

Melinda Zabritski, da Experian “O mercado americano mudou muito nos últimos anos, motivado em especial pela crise, e hoje existe uma grande competição no setor pelos bons clientes”

Mercado mundial

pela crise, e hoje existe uma grande competição no setor pelos bons clientes, apesar das taxas de inadimplência estarem num patamar muito baixo, em torno de 0,4%. No pico da série histórica, ocorrido em 2009, logo após a crise de subprime, essa taxa chegou a 0,7%. Ela destacou que a China se mantém como o maior produtor global de veículos, devendo fechar 2012 com a produção de 18,4 milhões de unidades. Os EUA vêm em segundo, com 8,65 milhões, seguido de perto pelo Japão, com 8,4 milhões. O Brasil é o oitavo produtor mundial, com 2,41 milhões de veículos produzidos em 2012. f

A diretora de gestão automotiva para o mercado americano da Experian, Melinda Zabritski, apresentou o cenário mundial do setor na palestra “A situação do mercado financeiro automotivo global”. Na exposição, ela ressaltou a diferente perspectiva entre os mercados americano e europeu, devido aos efeitos da crise nesses continentes, que vêm provocando recorrentes reduções do mercado. Em setembro, o resultado anual de todos os países do continente apontou uma queda de 10,8% no registro de novos carros de passeio. Em contraste, há uma perspectiva de crescimento no mercado americano, não só em vendas e número de operações de financiamento, mas também no valor contratado. Desde 2008, o valor médio financiado para veículos novos vem subindo, passando de US$ 23,5 mil para US$ 25,7 mil no segundo trimestre de 2012. Melinda explicou que também lá o mercado mudou muito nos últimos anos, motivado em especial

O novo cenário de juros mais baixos no País estimula novos patamares, mais modestos, de remuneração. Isso resultará em mais concorrência no setor dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 29

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Bom para

a economia Estudos comprovam que o uso dos cartões de crédito traz diversos benefícios para toda a cadeia envolvida Por Juliana Jadon

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Fotos: Shutterstock/Divulgação

Uma compra feita com cartão de crédito pode impactar diversas áreas. Quando esse serviço financeiro é utilizado de maneira consciente, seu simples uso gera reflexos positivos para a economia do País. O efeito ocorre em cascata. A afirmativa é embasada por um estudo, encomendado pela Visa do Brasil a Tendências Consultoria, que mostra que os plásticos contribuem significativamente para o aquecimento econômico e para a formalização da atividade comercial, gerando maior arrecadação de impostos. “Os cartões têm papel importante nas economias porque facilitam as operações, aumentam o acesso ao crédito e, assim, geram mais empregos”, avalia Rubén Osta, diretor-geral da Visa do Brasil. Estima-se que a migração completa para meios eletrônicos de pagamento tem o potencial de gerar economia de cerca de 1% do PIB. No Brasil, essa migração contribui com US$ 65 bilhões para a economia entre 2003 e 2008. E, ainda, se 35% das vendas do comércio fossem pagas com os meios eletrônicos de pagamento, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e PIS/Cofins aumentaria quase 14%, o que representa um incremento de R$ 5,2 bilhões na economia. As principais bandeiras (Visa, Mastercard e American Express) também tendem a ganhar mercado. O setor no Brasil passa por um período de franca expansão. A Associação Brasileira das Empresas de Crédito e Serviços (Abecs) prevê concluir 2012 com crescimento de 21% em seu faturamento, chegando a R$ 812,8 bilhões. “Devemos atingir 9,7 bilhões em volume de transações, um aumento de 17%. E o número de cartões deve chegar a 746 milhões, alta de 9%”, aponta Claudio Yamaguti, presidente da Abecs, sobre os dados que contemplam cartões de crédito, débito e de redes de lojas. Com o resultado, o setor mantém o ritmo de crescimento dos últimos anos, sustentado pela entrada de novos consumidores no sistema financeiro e pela expansão da aceitação de cartões em nichos não tradicionais. Esses fatores permitem que os cartões sejam mais usados no dia a dia, em substituição aos demais meios de pagamento. Atração para vendas

O varejo e o consumidor também são beneficiados com o uso dos plásticos no dia a dia. De acordo com Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial

de São Paulo (ACSP), o lojista elimina o prejuízo com inadimplência, já que não existe “cartão sem fundo”, e passa a ter mais segurança, pois evita ter muito dinheiro em caixa. Já o consumidor, além da segurança de não andar com grande quantidade de dinheiro na carteira, tem acesso a milhares de estabelecimentos que aceitam diversas bandeiras. Além disso, o uso do cartão tende a ser mais rápido e pode ajudar no controle das finanças pessoais. Algumas bandeiras, como no caso da Mastercard, possuem ainda

Se 35% das vendas do comércio fossem pagas com cartões, a arrecadação de ICMS e PIS/Cofins aumentaria quase 14%, um incremento de R$ 5,2 bilhões na economia, diz estudo da Tendências Consultoria programas de pontuação, pelos quais o cliente troca seu acúmulo por produtos e serviços. “O consumidor escolhe a bandeira que, de fato, traz mais benefícios para ele”, diz Cristina Paslar, diretora de marketing da empresa. O estudo Visa mostra que os cartões exercem uma influência positiva no faturamento da atividade comercial, ou seja, o resultado das vendas do comércio é maior à medida que aumenta também o uso do dinheiro de plástico. Em 2004, os cartões representavam em torno de 16,5% do valor total de bens e serviços comercializados no Brasil. Até 2010, houve uma expansão de 64% e esses plásticos passaram a representar 27% desse valor. “Esse serviço financeiro ajuda o varejo dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 31

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Cláudio Yamaguti, da Abecs “A indústria apresentou incremento na casa dos 20% ao longo dos últimos anos, mas ainda há muito espaço para crescer antes de se tornar um mercado maduro”

a alavancar as vendas e a antecipá-las. Além disso, é um instrumento da compra realizada por impulso”, pondera Solimeo. “Além de ser um instrumento de pagamento moderno e eficiente, o cartão funciona como gerador de ganhos socioeconômicos, que, de forma direta e indireta, acabam beneficiando toda a sociedade”, aponta o presidente da Abecs. Mercado promissor

Segundo projeções da Abecs, o mercado deve dobrar o faturamento até 2016, chegando a cerca de R$ 1,6 trilhão. O crescimento da base de clientes do mercado, com a forte inclusão de pessoas no sistema

Perspectivas Para 2013, de acordo com a Abecs, o setor deverá faturar mais de R$ 970 bilhões, o que representa um crescimento em torno de 20% sobre 2012. Todavia a associação aguarda os dados consolidados do segundo semestre para definir melhor as estimativas. “Os indicadores mostram que os meios eletrônicos de pagamento se fazem mais e mais presentes no dia a dia dos brasileiros”, diz o presidente da associação.

Marcel Solimeo, da ACSP “O cartão de crédito ajuda o varejo a alavancar as vendas e a antecipálas. Além disso, é um instrumento da compra realizada por impulso”

financeiro, e a mudança de hábito, que faz as pessoas substituírem o dinheiro e o cheque pelos meios eletrônicos de pagamento, vão contribuir bastante para esse crescimento. “A indústria apresentou incremento na casa dos 20% ao longo dos últimos anos, mas ainda há muito espaço para crescer antes de se tornar um mercado maduro”, considera o presidente da Abecs. Vale lembrar que o cartão de crédito é o primeiro instrumento financeiro dos novos consumidores. Além disso, a expansão da aceitação de cartões em nichos não tradicionais, como médicos, advogados, taxistas, ajudará na substituição contínua dos meios de pagamento. “É uma ferramenta de crédito a mais para o consumidor e para o lojista. O crédito é fundamental para o varejo”, diz Solimeo. Dinheiro de plástico

Cada vez mais o brasileiro tem usado os cartões em seu dia a dia, muitas vezes em substituição a outros meios

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No primeiro semestre deste ano, os cartões movimentaram algo em torno de R$ 370 bilhões, revelando um crescimento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado de pagamento, como o dinheiro e o cheque. O cartão de débito, em especial, tem maior influência na substituição do papel-moeda. Segundo pesquisa da Abecs, a participação do cartão de débito nos gastos do mês do brasileiro pulou de 19%, em 2011, para 23%, em 2012. No mesmo período, a participação do dinheiro em espécie caiu de 43% para 38%. Mesmo assim, a penetração dos cartões no consumo das famílias gira em torno de 27%, o que indica que o dinheiro ainda é responsável pela grande maioria dos pagamentos no Brasil. Nesse cenário, aponta Yamaguti, alguns consumidores experimentam pela primeira vez o dinheiro de plástico. São as mesmas pessoas que mudaram o patamar de consumo no Brasil. Elas compram mais, viajam mais e querem desfrutar de suas conquistas. “É nosso objetivo que esses novos consumidores usem o crédito de forma consciente, equilibrada, para conquistar seus projetos de vida e também para que mantenham um relacionamento duradouro com o sistema financeiro”, considera o presidente da Abecs. Para isso, a associação possui uma campanha sobre o uso consciente do cartão, veiculada na televisão e que pode ser acessada também por meio do portal da entidade. A ideia é mostrar que não há segredo no manuseio do plástico. Pagando a fatura em dia, lembrando que o valor mínimo vai gerar juros acrescidos a conta do mês seguinte é uma das dicas básicas. A Visa trabalha na criação de diversos projetos de inclusão financeira no Brasil e no mundo. Por aqui, entre outras iniciativas, fechou recentemente parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a promoção da inclusão financeira de moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. “O meio eletrônico de pagamento é, muitas vezes, o primeiro passo para a inclusão financeira”, declara o diretor-geral da Visa do Brasil, Rubén Osta.

Rubén Osta, da Visa do Brasil “Os cartões têm papel importante nas economias porque facilitam as operações, aumentam o acesso ao crédito e, assim, geram mais empregos”

Segundo ele, o maior entrave para o mercado é o alto índice de pessoas desbancarizadas e, do lado do consumidor, a falta de informação de como gerir bem as finanças. “Acreditamos que a educação financeira é fundamental para a construção de uma economia saudável, que promova hábitos bancários responsáveis, contribuindo efetivamente para o crescimento da economia de um País”, conclui Osta. Ele aponta que a moeda digital promove a transparência e a responsabilidade, reduz os custos operacionais e diminui o tamanho da economia paralela ou informal. f

Maior adesão A participação do cartão de débito nos gastos mensais do brasileiro pulou de 19%, em 2011, para 23%, em 2012. No mesmo período, a fatia detida pelo dinheiro em espécie caiu de 43% para 38%. Mesmo assim, a penetração dos cartões no consumo das famílias gira em torno de 27%, o que indica que o dinheiro ainda é responsável pela grande maioria dos pagamentos no Brasil. Os dados são da associação representativa do setor.

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Agilidade na concessão Emilio Cominato, presidente da empresa de tecnologia e terceirização de serviços New Space, fala sobre a atuação da companhia Por Juliana Jadon

Em 2012, os grandes bancos brasileiros reduziram os juros das operações de crédito. Assim, no próximo ano, o momento para o segmento financeiro será o de buscar eficiência operacional – geração de segurança, agilidade e redução de custos, suportada pela tecnologia – e consumir cada vez mais tecnologia. De acordo com o Gartner, os gastos com tecnologia da informação no Brasil poderão somar US$ 133,9 bilhões em 2013, valor 6% superior à previsão feita para 2012. Somente os bancos deverão investir nessa área cerca de R$ 18 bilhões no próximo ano, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em entrevista à Financeiro, Emilio Cominato, presidente da empresa de tecnologia e terceirização de serviços New Space, analisa esse cenário e fala sobre o trabalho e as soluções. A trajetória de Cominato junto ao sistema financeiro é longa. O executivo trabalhou em diversos

bancos, além de ter sido durante dois mandatos o diretor de tecnologia da Febraban. Foi também diretor de tecnologia da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban) e presidente do Centro Latino-Americano de Automação Bancária (CLAB). A empresa de Cominato, na qual ele é o único sócio-proprietário, possui cerca de mais de 25 anos de experiência, fornecendo soluções de automação para o mercado financeiro. A New Space dispõe de 75 mil metros quadrados distribuídos em oito sites e 2,8 mil colaboradores. Para suportar as operações, possui dois data centers. O portfólio de clientes contempla mais de 60 empresas, entre elas, grandes bancos como Bradesco, Santander e HSBC. “Somos uma companhia que respira e trabalha para o mercado financeiro” diz o executivo. Como o mercado de Tecnologia da Informação (TI) está cada vez mais aquecido, Cominato se preocupa em levar aos funcionários motivação. Ele acredita que é importante manter a equipe e reconhecer os colaboradores que compõem a empresa. Confira: Revista Financeiro Quais as principais ferramentas e serviços oferecidos pela New Space? Emilio Cominato O grupo NS é composto pela New Space BPO Services, e pela New Space Tecnologia. A primeira vertente atua no segmento gestão de processos, gestão de conteúdo, guarda de caixas e, ainda, possui soluções próprias desenvolvidas (como, por exemplo, workflow e mobile) para processamento dos principais serviços financeiros com ênfase para as operações de crédito. Já a New Space é voltada para o desenvolvimento de soluções e fábrica de software na alta e baixa plataforma, no desenvolvimento e na aplicação de planos de continuidade de negócios, salas de contingência, hosting de alta disponibilidade etc. Somos uma empresa que respira e trabalha para o mercado financeiro. Temos um código de ética muito forte e atrelado à sustentabilidade. Não temos discursos nesse sentido, temos a prática e isso é algo que os bancos brasileiros buscam. dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 35

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Financeiro Como esses serviços podem ajudar o segmento de crédito a atuar de maneira mais segura e qualificada? Cominato É exatamente no segmento de crédito que a New Space se especializou nos últimos anos com a criação de soluções voltadas para as empresas que nele atuam, por meio de imagens, soluções móveis e plataforma de gerenciamento e acompanhamento das etapas do processo via internet, que fornece a interpretação ilustrada do desempenho, além de tecnologia por radiofrequência para rastrear e assegurar a localização de documentos. Financeiro Que novidades a companhia apresentou durante o Ciab Febraban 2012 – o principal evento de tecnologia da América Latina? Cominato Apresentamos três novidades durante esse encontro. A primeira é uma mesa de operações que integra diversas tecnologias para atendimento das empresas de crédito e também de clientes, quando se A tecnologia trata de abertura de contrato creditício, de cadastro, proporciona entre outras situações. O uso extingue a necessidade de emitir papéis e cria maior segurança. Também landiferencial no çamos uma solução de mobilidade, focada no iPad, atendimento integrada ao portal de serviços NS (solução de worke na oferta flow e gestão documentos/processos) para acomde produtos. panhamento e intervenções no processamento das É a forma operações de crédito. Na prática, de qualquer lugar mais eficiente que o operador de crédito estiver com o dispositivo, para agilizar ele pode acessar dados dos clientes, fazer a análise de os processos risco e ainda fechar o contrato de financiamento.

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e viabilizar a redução de custos e melhoria nos serviços

Financeiro Em sua opinião, atualmente é fundamental para o setor financeiro ter um bom Business Process Outsousing (BPO)? Explique. Cominato Sim, entendendo-se que um bom BPO deve ter soluções inovadoras em tecnologia para segurança e eficiência dos processos, além de infraestrutura para suportar as operações a qualquer hora ou momento com contingência (em que a empresa consegue viabilizar e suportar rapidamente os sistemas de bancos). Boas equipes de desenvolvimento e manutenção do hardware e software também são importantes. Financeiro A quais fatores você atribui o aumento do uso da tecnologia no setor financeiro? Cominato A tecnologia proporciona diferencial no atendimento e na oferta de produtos. É a forma mais eficiente para agilizar os proces-

sos e viabilizar a redução de custos, com melhoria na qualidade dos serviços. Parte desses investimentos é direcionada para a obtenção de maior segurança nas operações bancárias. Financeiro Quais os principais resultados da New Space? (número de clientes, ferramentas, resultados financeiros ou algo que possa ser divulgado). Cominato A New Space atua no segmento financeiro há 28 anos, conta com 2.800 colaboradores, possui 75 mil metros quadrados em áreas para serviços. A companhia atua por meio de oito sites que contam com infraestrutura e contingência elétrica e lógica, sendo três deles interligados por meio de fibra ótica. Possuímos também dois data centers que se suportam mutuamente, sendo o primário em Miami e o segundo em São Paulo. Em 2011 e 2012, o faturamento da empresa cresceu na ordem de 20% ao ano. Financeiro Quais as expectativas da New Space para o próximo ano? Cominato Com certeza 2013 será de adaptações para o segmento financeiro, em função das mudanças nos spreads e taxas de juros praticadas no decorrer do ano. A empresa acompanhará e atenderá a esse novo cenário, procurando proporcionar soluções inovadoras ao mercado bancário e que permitam o aumento da eficiência, com redução de custos. f

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mercadoimobiliário

Com déficit de milhões de unidades habitacionais no País, setor imobiliário só tende a crescer nos próximos anos Por Juliana Jadon

O sonho da casa própria faz parte da vida de todo o brasileiro. No intuito de realizá-lo com a aquisição desse bem de valor elevado, a maioria das pessoas opta por linhas de financiamentos. Somente no acumulado de 2011 a venda de residências aumentou 42%, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Já 2012 não foi um ano tão grandioso para o setor. O aumento dos financiamentos para pessoa física foi cerca de 20%. No entanto o de pessoa jurídica, que representa os novos lançamentos, foi negativo na

mesma proporção, 20%. “Esse é um mercado maduro, que passou a crescer de maneira mais sustentável. Apresentar um crescimento por volta de 40% todos os anos não seria saudável para o setor”, considera Octavio de Lazari Junior, presidente da Abecip. Em 2007, Juliana Moreira e seu noivo, Fernando Zamarioli Costa, passaram a compor o ranking dos usuários do crédito imobiliário. Eles optaram por um financiamento, ainda quando almejavam construir uma vida juntos. Um apartamento, ainda em fase de construção, chamou a atenção. Ficava próximo ao

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Tijolos e mais tijolos

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centro de São Bernardo do Campo – onde consideravam um bom lugar para morar – e possuía diversos comércios nas redondezas, como padaria, açougue, farmácia, etc. O tamanho também era ideal para os dois, com cem metros quadrados bem distribuídos e duas vagas na garagem. Além disso, a proposta da venda feita pela construtora na época foi atraente, com valores e condições de pagamento acessíveis. Não tiveram dúvidas em bater o martelo da compra. Dois anos depois, com o apartamento pronto, foram em busca de um financiamento. Contrataram o Itaú Unibanco. “Sem o crédito imobiliário, eu simplesmente não teria conseguido comprar o apartamento”, aponta Juliana. Incentivo

A casa própria deixou de ser sonho e virou realidade até mesmo para a baixa renda brasileira. Somente o programa de financiamento imobiliário Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal, possui uma carteira de R$ 195 bilhões, representados por 3,7 milhões de contratos ativos. A iniciativa prioriza quem possui menores ganhos. A expectativa do maior alavancador do mercado imobiliário no País é encerrar 2012 com quatro milhões de contratos. Os dados ilustram um forte crescimento para a instituição e para

Teotônio Rezende, da Caixa Econômica Federal “Multiplicamos por 20 nossa atuação em 10 anos e crescemos com qualidade”

mercado de financiamentos imobiliários. Foi há dez anos, em 2002, que a Caixa deu início a esse incentivo. Naquela época cedeu R$ 4,8 bilhões em empréstimos para essa área. Os números, contudo, cresceram de maneira exorbitante. “Multiplicamos por 20 vezes nossa atuação e crescemos com qualidade”, assegura Teotônio Costa Rezende, diretor-executivo de habitação. Ele aponta que o principal papel da Caixa é o de possibilitar que a população consiga adquirir o primeiro imóvel, assim como Juliana fez, com serviços de outra instituição. A inadimplência dessa oferta na Caixa está em 1,4%. O montante é relativamente baixo, segundo o diretor da instituição. Isso porque em meados de 1997 o Departamento de Risco

de Crédito (Geric) da Caixa desenvolveu um sistema de credit score, que avalia o risco representado por cada cliente. Sua confiabilidade e o seu rigor de análise são referências no mercado. O sistema é tão confiante que uma empresa que já foi “gericada”, termo utilizado no setor de financiamento imobiliário para as companhias que foram aprovadas pelo Geric, consegue ter crédito aprovado com mais facilidade em

O programa de financiamento imobiliário Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica, possui uma carteira de R$ 195 bilhões dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 39

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mercadoimobiliário Juliana Moreira, engenheira de telecomunicações “Sem o financiamento concedido pelo banco, eu simplesmente não teria comprado o apartamento”

outras instituições. Além disso, os funcionários orientam os usuários do financiamento a manter a boa prática do pagamento em dia. O principal público-alvo do programa é a população com ganhos familiares de, no máximo, R$ 1,6 mil por mês. Essa fatia de mercado é classificada como Faixa 1 e representa 38% da carteira de empréstimos da instituição voltada ao mercado imobiliário. Nessa faixa o subsídio pode chegar a 95%. “Independentemente do valor do imóvel, o cliente só poderá gastar até 120 parcelas que caibam no seu bolso”, conta Rezende. Os produtos da Caixa contemplam, no entanto, qualquer segmento de renda e atendem a qualquer demanda. Quem ultrapassa a primeira faixa e possui rendimentos de até R$ 25 mil já faz parte da Faixa 2. A procura é grande e o programa cada vez mais conhecido em todo o País. As famílias do interior dos Estados são assistidas por meio de correspondentes bancários. O ticket médio do programa Minha Casa, Minha Vida cresce ao longo dos anos. Isso se deve, segundo executivo da Caixa, à estabilidade econômica e ao crescimento de renda e do emprego do brasileiro. Possibilidades

Muito se fala que com o aumento demasiado do preço dos imóveis no Brasil pode existir uma bolha econômica no mercado. Todavia a maior parcela de 40 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

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economistas descarta essa possibilidade. Exemplo do que defendem esses especialistas, a representatividade do mercado imobiliário na relação crédito–PIB do País está em torno de 6% – uma porcentagem muito abaixo da verificada em mercados onde houve bolha (ver quadro). Essa comparação mitiga o risco de uma possível crise no País. Em uma economia muito parecida com a nossa, que é a mexicana, essa relação é de 16%. Nos Estados Unidos, em que houve a crise ocasionada pelos subprimes, por exemplo, essa relação ultrapassa 80%. De acordo com o diretor da Caixa, por lá o mercado financeiro não teve critérios na análise de risco adotada e trabalhava olhando somente para os volumes ofertados. Atuavam como se o valor dos imóveis fosse crescer continuamente. “O originador não tinha nenhuma preocupação com a qualidade do crédito ofertado”, aponta. Já no Brasil, a realidade é diferente. Rezende lembra que, além do maior controle de risco e da qualidade da oferta realizada pelas instituições financeiras, existe um déficit habitacional de quase sete milhões de unidades. “Com isso, houve uma expansão

muito grande da demanda. É natural que, consequentemente, ocorra o aumento do preço”, considera. Expectativas amenas

O mercado imobiliário no Brasil cresceu a altas taxas nos últimos anos. Em 2012, foi o período de arrumar a casa e no próximo ano o crescimento deverá ser moderado e acompanhar a evolução do mercado de crédito, entre 15% e 20%. “O crescimento do financiamento imobiliário não acon-

Relação entre crédito imobiliário/ PIB – Brasil* Ano

%

2002

1,83

2003

1,61

2004

1,45

2005

1,32

2006

1,38

2007

1,53

2008

1,72

2009

2,12

2010

2,87

2011

3,74

jul/12

5,62

“O crescimento do financiamento imobiliário não acontece da noite para o dia. Temos de olhar para a evolução renda per capta da população” Octavio de Lazari Junior, presidente da Abecip

tece da noite para o dia. Temos de olhar para a evolução renda per capta da população. Esse aumento deve ser conquistado de maneira equilibrada e madura, podendo se sustentar ao longo do tempo”, considera o presidente da Abecip. Juliana é uma ótima cliente para o Itaú Unibanco. Em uma oportunidade, amortizou a dívida, quitando de uma vez 16 parcelas. Agora, faltam pouco mais de 30 meses para concluir a aquisição. A expectativa do setor financeiro é que usuários de financiamentos como ela aqueçam esse mercado. Mas, para isso, será preciso ter uma boa gestão de risco e operar com cautela. No mercado imobiliário, cada tijolo possue sua importância. f

Comparativo do crédito imobiliário/PIB no mundo

106%

77%

66%

64%

46%

40%

19%

10%

3% *Fonte: CETIP

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O setor de crédito imobiliário deverá ganhar agilidade no próximo ano. No segundo semestre, o mercado terá de cumprir a Resolução 4088 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de estabelece a realização do registro das garantias das operações imobiliárias. Essa ação deverá ser realizada em uma entidade autorizada a operar pelo Banco Central (BC), como a Cetip. Atualmente, algumas etapas do crédito imobiliário brasileiro ainda levam dias para serem concluídas e fazem com que o processo seja longo e dure, em média, entre sete e 18 semanas. A Cetip, por meio de uma parceria com a companhia americana FNC, promete agilizar os tramites

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Nova e levar segurança para esse mercado, assim que a resolução entrar em vigor. A FNC processa 600 mil operações de crédito imobiliário por mês nos Estados Unidos, o que faz com que a companhia tenha a expertise necessária para operar no Brasil. Por aqui, a expectativa é de um milhão de operações por ano. Assim, todo o sistema de financiamentos imobiliários no Brasil deverá operar de maneira padronizada. “A parceria, fechada em 31 de agosto, foi muito

estudada. Passamos nove meses desenhando e estudando a adaptação do produto para o País”, ressalta Roberto Dagnoni, vice-presidente da Cetip. A Cetip possui uma longa história junto ao mercado financeiro. Nasceu em 1986, em uma década que marcou o Brasil com grandes transformações políticas e econômicas. A empresa, instituída pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), surgiu como o porto seguro das instituições financeiras e ajudou o Brasil a superar diversos desajustes econômicos. Em 2010, a Cetip adquiriu a GRV Solutions e praticamente dobrou de tamanho. Na época, Dagnoni, que era o CFO da empresa comprada, tornou-se o vice-presidente da companhia, responsável pela área de financiamentos.

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No terceiro trimestre deste ano, a corporação atingiu uma receita líquida de R$ 201 milhões. Acompanhe entrevista exclusiva à Financeiro com Dagnoni sobre a aposta no mercado de crédito imobiliário. Revista Financeiro Fale sobre a nova iniciativa da Cetip voltada ao mercado de crédito imobiliário. Roberto Dagnoni Estamos ampliando a atuação da Cetip nesse setor. A Resolução 4088 do CMN, que foi emitida em 27 de maio e que estabelece que os bancos terão de fazer o registro das garantias das operações imobiliárias, trará grandes mudanças. Esse registro deverá ser feito em uma entidade autorizada a operar pelo Banco Central (BC), como a Cetip. Para essa resolução entrar em vigor está faltando uma circular do BC, que determinará quais dados dessas garantias devem ser registrados, além do prazo da operação. Estamos nos preparando para criar um sistema de registros de garantias imobiliárias. Financeiro O que a parceria com a FNC agrega a esse projeto? Dagnoni A FNC é uma fornecedora de infraestrutura para os bancos nos Estados Unidos que possui dez anos de atuação e é líder de mercado. Ela processa 600 mil operações de crédito imobiliário por mês no seu sistema. No Brasil, a estimativa é de um milhão de operações por ano. Pelos números vemos o quão robusto é o sistema deles, comparado com a demanda que temos hoje. O nosso trabalho será o de tropicalizar a plataforma e não desenvolvê-la do zero. Algumas etapas do crédito imobiliário brasileiro ainda levam dias para serem concluídas e fazem com que o processo seja longo e dure, em média, entre sete e 18 semanas. Hoje, o pagamento da operação é a última etapa e só ocorre após o registro em cartório. Vamos trazer agilidade para esse cenário.

Financeiro Quais os benefícios que essa plataforma irá agregar para bancos e financeiras? Dagnoni Como a Cetip trabalha para o mercado financeiro, a nossa intenção é criar uma padronização nos processos de financiamentos imobiliários. Quando um banco funciona de forma padronizada, todos os envolvidos saem ganhando. Podemos gerar, assim, redução de custos operacionais para as instituições, além de capturar informações das operações de crédito imobiliário e ampliar o banco de dados sobre esse mercado no Brasil. Em resumo, o setor terá maior eficiência operacional. Quando cada player atua de maneira diversificada não é possível obter os benefícios da padronização. Financeiro Futuramente funcionará como um birô de informações sobre o mercado imobiliário? Dagnoni O birô é uma consequência muito futura dessa iniciativa. Na parte de veículos, por exemplo, levamos mais de dez anos para ter informações consistentes e úteis ao mercado. Por isso, inicialmente estaremos focados no workflow. O dado é algo que vamos acumular ao longo do tempo. Posteriormente, poderemos gerar índices e relatórios de mercado, porém o objetivo inicial não é esse, mas o de melhorar o processo. Financeiro No que a Cetip está trabalhando até o lançamento dessa plataforma? Dagnoni Nosso esforço é o de identificar exatamente o que o mercado imobiliário

“Algumas etapas do crédito imobiliário brasileiro ainda levam dias para serem concluídas. Vamos agilizar esse processo” Roberto Dagnoni

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brasileiro precisa e fazer as adaptações na solução americana. A análise inicial indica que isso é totalmente factível até pelo prazo que temos. No segundo semestre de 2011, contratamos a consultoria Oliver Wyman para fazer uma análise do mercado imobiliário como um todo. Tínhamos esse projeto de conectar os bancos aos cartórios, além desse mercado secundário que a Cetip já atuava. A consultoria olhou a cadeia imobiliária e identificou quais seriam os pontos de entrada ideal para a companhia. Assim, realizamos uma procura internacional nos Estados Unidos e na Europa e fizemos a escolha e a negociação com a FNC devido a sua expertise. Financeiro Quando a Cetip começou a olhar para esse mercado como um cenário oportuno? Dagnoni Iniciamos na GRV um projeto com o objetivo de conectar os bancos aos cartórios, em 2009. A unidade de financiamentos, que é o que se tornou a GRV na Cetip, já olhava para esse mercado desde aquela época. É um setor que cresce a altas taxas. Hoje, o crédito imobiliário representa só 6% do PIB brasileiro e tudo indica que continuará a crescer. Financeiro Quais as principais facilidades que o mercado financeiro irá ter com essa iniciativa? Dagnoni O processo de financiamento imobiliário é muito manual ain da, em papel, assim como era no passado com o mercado de veículos, quando demorava dias para uma proposta ser aprovada. Hoje, essa liberação ocorre no mesmo dia e até na mesma hora da compra de um automóvel. Essa é a jornada que o mercado imobiliário tem a percorrer. A meta é sair da demora de meses para uma ampla redução de tempo. Quando lançarmos o produto, poderemos falar exatamente quanto tempo durará cada etapa. Financeiro Quais as expectativas da Cetip com essa nova atuação? Dagnoni Esse será o primeiro produto da unidade de financiamentos para o mercado imobiliário. Especialistas dizem que esse é um cenário propício no Brasil. Todavia, com a infraestrutura atual, é impossível viabilizar esse crescimento. A automatização dos processos de crédito imobiliário dará a sustentação necessária. A nossa expectativa é boa olhando para os volumes. O Brasil

Roberto Dagnoni e equipe Trabalho conjunto da unidade de financiamentos para o lançamento da solução, que impactará o mercado de crédito imobiliário em 2013

processa um milhão de operações imobiliárias por ano. Esse projeto está sendo gerenciado e administrado pela unidade de financiamentos, pela similaridade do mercado de veículos. O envio padronizado e on-line ao Detran é feito por nós. Financeiro Em sua opinião, quais os principais desafios do mercado de crédito imobiliário? Dagnoni O problema hoje é que os processos dos bancos não são padronizados. Isso faz com que cada um tenha uma infraestrutura para resolver suas peculiaridades. Essa solução traz padronização e uma série de benefícios – segurança, transparência e inteligência. O que cria um ciclo virtuoso nesse processo. A Cetip já registra trilhões de reais dos bancos, o que demonstra a segurança que as instituições depositaram em nós. f

Agilidade A área de financiamentos da Cetip, comandada por Roberto Dagnoni, processa sete milhões de operações anuais de financiamentos de veículos e responde por cerca de 40% da receita da companhia. São, em média, 30 mil financiamentos processados pela Cetip por dia. O envio padronizado e on-line dos dados de veículos ao Detran é feito pela Cetip. A ideia, segundo o executivo, é que o mercado de crédito imobiliário funcione de maneira semelhante.

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artigotecnologia

Ousadia para combinar estratégias diferenciado para determinados perfis, SMS preventivo ou após X dias de vencido; e-mails; envio para escritório de cobrança ou call center etc. Já existem consultorias especializadas em definir estratégias de cobrança segmentadas por público, com a devida conjunção de ações e frequência de execução das mesmas para cada um deles. Trata-se, portanto, de romper as barreiras do conservadorismo e ir além de ações isoladas. A união de esforços entre elas pode ser a melhor solução para impactar perfis ainda não explorados, reduzir custos ou realocá-los para áreas de maior receita. Uma medida que vem sendo cada vez mais empregada são as campanhas de desconto em épocas do ano de maior probabilidade para quitação de dívidas, como nos meses de recebimento do 13º salário, restituição do imposto de renda e término de safra, esse último no caso de regiões agrícolas. O contato é feito com o cliente inadimplente por meio de boleto bancário com múltiplas opções de forma de pagamento e data de vencimento. Obviamente, nada é feito sem um amplo estudo prévio ou medições contínuas para atestar ou refutar a efetividade da combinação de estratégias. Afinal, o hábito de revisitá-las é o que garante ao gestor a liberdade para tomar decisões com a agilidade e a segurança que o cenário da inadimplência exige. Essa mesma disponibilidade para ousar é também o que lhe possibilita ajustar seus modelos, sempre que necessário, em prol da rentabilidade e da longevidade do negócio. f

Foto: Divulgação/Artigo enviado em novembro

por Almir Lima

Entrar em 2013 com maior arrecadamento, menos gastos e ações de recuperação de crédito assertivas é uma realidade possível para quem não tem medo de inovar. O segredo está em conhecer profundamente as melhores estratégias de cobrança para combiná-las num planejamento ousado, bem estruturado e alinhado ao perfil de inadimplente que se pretende atingir. O primeiro passo consiste em medir a efetividade das atuais práticas da empresa. Nessa hora, ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) tendem a ser extremamente úteis porque geram análises estatísticas que permitem ao gestor conhecer a resposta do cliente para cada ação de cobrança. Isso porque nem sempre o que consideramos mais adequado é o que realmente dá retorno. Num segundo momento, o marketing de relacionamento deve ser o protagonista da ação, com um benchmarking das práticas de recuperação de crédito mais bem-sucedidas do mercado. Conhecedor das estratégias campeãs e da situação socioeconômica do País, o gestor já tem plenas condições de partir para a terceira etapa. É chegada a hora de confrontar suas atuais estratégias com todo o potencial de cobrança que o mercado oferece. Surge, então, a inevitável encruzilhada: vou continuar reproduzindo o que, até hoje, considerei satisfatório ou estou pronto para alçar novos patamares de rentabilidade ao combinar estratégias desafiadoras e técnicas de Business Intelligence (BI)? Se a resposta para a segunda pergunta for sim, entra em cena a próxima questão: qual é a combinação ideal? Tantas são as opções que o gestor pode se ver perdido entre cartas com teor forte ou cores vibrantes; negativar com atraso

Almir Lima é administrador e diretor comercial da Vcom Tecnologia dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 45

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happyhour Por Flávia Corbó

Amigos decidiram levar um hobby a sério e hoje gerenciam diversas unidades de restaurante argentino

Profissionais do entretenimento

Ainda durante a adolescência, os amigos Cristiano Melles, Luiz Marsaioli e Rafael Valdivia encontraram na organização de festas e encontros o hobby preferido. Após passarem os primeiros anos da vida profissional atuando em outras áreas, decidiram transformar o passatempo em negócio. Em 2004, abriram um restaurante de culinária japonesa com outros sócios. Mas a parceria atingiu o auge com a decisão de investir em um espaço para saborear boas carnes assadas na grelha, em um ambiente agradável e sofisticado. Da ideia, os sócios fundaram o Pobre Juan, restaurante especializado em parrilla (grelha argentina) premium e cortes de carnes nobres especialmente selecionados.

Sofisticação Ofurô de cervejas e espumantes completa a decoração charmosa

“Durante nossas pesquisas sobre as melhores carnes e o modo de assá-las, encontramos na Argentina os melhores produtores de gado e a parrilla, que, combinados, produzem os cortes mais saborosos e suculentos, além dos típicos acompanhamentos produzidos na cozinha, como batatas e vegetais, perfeitos para a companhia da boa carne”, descreve Rafael Valdivia, sócioproprietário do Pobre Juan. As casas foram projetadas pelo arquiteto Walter Gola, que fez uso de materiais de demolição, vidro e vigas de ferro aparentes, além de peças de decoração personalizadas, para conferir um estilo rústico, sofisticado e contemporâneo ao Pobre Juan. Mas o ponto alto da decoração é a parrilla, instalada à vista de todos os clientes. Um ofurô de cervejas e espumantes, uma adega exposta no salão e um piano de cauda para programações ao vivo completam a decoração charmosa.

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Especialidade da casa As carnes nobres especialmente selecionadas e preparadas na parrilla (grelha argentina) compõem pratos suculentos. Os acompanhamentos, como batatas e vegetais dão o toque final

“O foco sempre foi um ambiente agradável, hospitaleiro e com excelência gastronômica para curtir com os amigos, a família e colegas de trabalho”, revela Valdivia. Hoje, ele e os sócios estão 100% voltados ao Pobre Juan e a dedicação mostra estar dando resultados. Atualmente, existem seis unidades do restaurante argentino e há planos de expansão. Além da recente casa em Campinas, localizada na nova área do Galleria Shopping, o Pobre Juan chega até o fim do ano em Recife (Shopping RioMar) e em dois endereços no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca e em São Conrado.

Hospitalidade O foco dos sócios sempre foi oferecer um ambiente agradável e com excelência gastronômica para curtir com os amigos e a família

Sabores argentinos

Fotos: Douglas Luccena

Entre os 30 mil comensais que frequentam as unidades do restaurante todo o mês, boa parte deles se rende ao bife Pobre Juan, corte exclusivo da parte nobre do ancho dianteiro. Outras sugestões que têm boa saída são o tapa de cuadril (tradicional picanha com 300 g ou 450 g) e a paleta de cordeiro patagônico. A maioria dos cortes servidos vem principalmente da Argentina, mas há também carnes de origem uruguaia e australiana. Entre os acompanhamentos mais tradicionais está o arroz biro-biro (arroz branco com linguiça, cebola, salsinha,

Por que “Pobre Juan”? O nome é uma homenagem ao parrillero (assador), que enfrenta o calor e o trabalho duro da parrilla, enquanto os comensais se deliciam com os pratos e bebidas servidos. “Pobre” em castelhano é uma expressão que significa “coitado”.

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happyhour

Menu executivo De segunda a sexta-feira, é servido o almoço parrilleiro, composto por courvert, salada, porção de carne (diretamente da parrilla), acompanhamento e sobremesa. A proposta é especialmente recomendada para executivos que desejam realizar um encontro de negócios

ovos picados e batata palha), as farofas Pobre Juan (farofa puxada com cebolas fininhas e empanadas fritas na manteiga) e huevos (farofa de mandioca tostada com ovos e cebolinha verde) e o palmito pupunha assado. Para sobremesas, o restaurante oferece o mil hojas de dulce de leche (folhas de massa leve intercaladas com doce de leite coberto com chocolate e sorvete de creme), os churros de dulce de leche (tradicional churros espanhol acompanhado de doce de leite Havanna) e a panqueque de dulce de leche (tradicional panqueca recheada com doce de leite acompanhada de sorvete de creme). Quem não abre mão do chocolate pode se deliciar com a tarta de chocolate (torta de chocolate acompanhada de sorvete de creme). Renovação

Recentemente, novas apostas passaram a fazer parte do cardápio das casas. Foram introduzidos novos peixes, como a pescada amarela (filé alto de pescada amarela acompanhado de arroz negro e tiras de palmito pupunha com molho de alcaparras), e a costilla de cordero desmontada na mesa, acompanhada de molho especial da casa e vegetais no forno e o risoto de aspargos com jamón ibérico.

Boa parte das novas ideias surge de viagens que a equipe do Pobre Juan realiza para pesquisar ingredientes, pratos e técnicas. Combinadas entre os sócios, a chef-executiva Priscila Oliveira, diretores e gerentes chegam a mais de 20 viagens por ano. “Nossa chef, este ano, foi convidada para um estágio de três meses no Arzak (restaurante três estrelas no “Guia Michelin” e eleito um dos dez melhores restaurantes pela lista “The World’s 50 Best”)”, conta Valdivia. Para harmonizar tanto com os sabores como com o conceito da casa, o restaurante oferece uma carta de vinhos de respeito, vencedora na categoria Excelência em Carta de Vinhos Prazeres da Mesa em 2009 e 2012. Com cerca de 200 rótulos vindos da Argentina, do Chile e de Portugal, a seleção de vinhos foca na qualidade aliada ao bom preço. É o caso do Catena Cabernet Sauvignon, da adega argentina Catena Zapata; e o Terranoble Reserva Carménére, da chilena Terranoble, rótulos expoentes da produção latino-americana e que apresentam bom custo–benefício. f Serviço Pobre Juan Vila Olímpia Rua Com. Miguel Calfat, 525. Tel.: (11) 3845–4965. Higienópolis Rua Tupi, 979. Tel.: (11) 3825–0917. Shopping Cidade Jardim Avenida Magalhães de Castro, 12.000, 3º piso. Tel.: (11) 3552–3150. Shopping Iguatemi Alphaville Alameda Rio Negro, 111. Tel.: (11) 4209–1700. Galleria Shopping Rodovia Dom Pedro I, Km 131,5, Campinas. Tel.: (19) 3766–5156. Shopping Iguatemi Brasília CA4 Lago Norte, 1º piso. Tel.: (61) 3577–5800.

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artigobancos artigononono

por Jairo Saddi

Não é esporte olímpico, mas, certamente, é um hobby mundial. Todos adoram bater em bancos. Governos, parlamentos, juízes, empresários, comerciantes e até mesmo banqueiros centrais têm agora um secreto prazer sádico em torturar a indústria financeiro-bancária. Além de tudo, é uma prática que vem se tornando cada vez mais popular. Assim como em qualquer arena de linchamento, há uma certa “canalização e canonização” do ódio, segundo o psicanalista e historiador Peter Gay, autor de um extraordinário ensaio sobre a violência e os instintos agressivos humanos (“O Cultivo do Ódio”, Companhia das Letras, 1995, tradução de Sergio Flaksman).

A atividade de falar mal de bancos é quase tão politicamente correta quanto a discussão de cotas raciais nas universidades públicas. E, finalmente, banqueiros são de fato um alvo fácil, em especial no Brasil, em razão dos juros altos. Mas o bank bashing (literalmente, “surrar os bancos”) é um esporte absolutamente equivocado e perigoso. Os juros no Brasil, por incrível que pareça, não dependem dos bancos, mas da política monetária. Mesmo o spread bancário, tão comentado em prosa e verso, é algo difícil de quantificar, já que depende de produto, cliente, mercado, enfim, de uma gama de variáveis que apenas refletem o custo do dinheiro no

Foto: Divulgação/Artigo publicado originalmente no jornal “Valor Econômico”, em 26 de novembro

Bank Bashing

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Foto: Divulgação/Artigo publicado originalmente no jornal “Valor Econômico”, em 26 de novembro

Brasil. Se alguém vai a um restaurante no eixo Rio–São Paulo, acha caro, critica a comida, o local e o serviço, geralmente, não sai por aí afirmando que todo restaurante é espoliador, usurpador, e outras coisas desse jaez, e que todos devem ser sumariamente abolidos. Os preços, numa economia moderna, refletem uma estrutura de custos (cara) e uma demanda (elevada) numa atividade repleta de incertezas (inadimplência). Vejamos o caso dos bancos brasileiros em 2012. A redução aos atuais níveis de taxas de juros, entre 7% e 8% para a taxa básica, ocorreu numa rapidez que ninguém – nem mesmo o Banco Central – poderia supor em janeiro deste ano. Uma redução de quase seis pontos porcentuais de juros fez com que a economia enfrentasse a crise econômica numa situação melhor – mas com um efeito indesejável do aumento da inadimplência. Inadimplência, com taxa de juros mais alta, é precificada e relativamente bem tolerada, mas, num regime a que os bancos ainda não haviam se adaptado e numa estrutura jurídica que ainda privilegia o devedor, custa boa parte da rentabilidade dos bancos – e os preços das suas ações na Bolsa apenas ilustram esse fato. No Brasil, os juros baixaram; entretanto, a inadimplência subiu de maneira drástica com a redução da atividade econômica. Além disso, as chamadas medidas macroprudenciais, que podem até funcionar num curto prazo, já que reduzem a capacidade de os agentes econômicos se endividarem (por exemplo, com a restrição ao prazo de financiamento

de veículos, limitações ao crédito consignado etc.) sem mexer na taxa de juros, resultam, porém, no crescimento da incerteza regulatória. Finalmente, os requisitos de capital (Basileia III) tornam os bancos inviáveis. Se um grande banco de varejo tiver que cumprir todos os requisitos planejados, e imediatamente, a necessidade de capital será de duas a três vezes o que existe hoje. Não há dúvida de que o governo quer ver a taxa de juros ao consumidor final mais baixa. Nada mais doce do que ir a um banco na esquina e contratar qualquer produto de financiamento bancário a 6% ao ano, como em economias desenvolvidas. Instituições financeiras públicas estão participando do processo de aumentar a concorrência e o aumento no volume de crédito se deve majoritariamente ao BB e a CEF. Mas o risco de inadimplência num regime de juros baixos ou se normaliza (e cai) ou o que teremos é mais do mesmo: empoçamento de liquidez com baixa oferta de crédito, pois banqueiro nenhum vai querer tirar suas barbas do molho. A figura simplista do bank bashing coloca em risco o objetivo de taxas de juros baixas, uma vez que, com certeza, a oferta de crédito se tornará rala. Há um consenso popular de que banqueiros ganham muito dinheiro. Sem considerar o fato de que são empresas abertas (ao menos, a maior parte deles), cujo objetivo é lucrar, a indústria bancária é a sexta na lista das indústrias mais lucrativas do País, atrás de muitas outras. Nem por isso há uma “Vale-bashing”, “Petrobras-

-bashing”, ou algo do gênero. Ao contrário, se deve combater monopólios e oligopólios que têm o único objetivo de manipular preços artificialmente visando lucros abusivos. Não é o caso dos bancos, pois, apesar de haver uma baixa mobilidade (e eventualmente problemas de prestação de serviço), ainda há uma certa concorrência estrutural (é possível manter relacionamento comercial em cerca de 120 bancos no Brasil). É claro que a atividade bancária não é

Há um consenso popular de que banqueiros ganham muito dinheiro. Sem considerar o fato de que são empresas abertas, cujo objetivo é lucrar, a indústria bancária é a sexta na lista das mais lucrativas do País, atrás de muitas outras entre nós uma indústria low-cost: há muito a ser melhorado em termos de eficiência e não é a toa que nossos custos operacionais superam em duas ou três vezes a média internacional. É certo que uma coisa é o discurso para a plateia e outra, a realidade. O Brasil precisa de juros baixos, mas também de bancos eficientes e rentáveis aos seus acionistas. Deve-se coibir o abuso ao poder econômico, mas demonizar uma atividade que traz desenvolvimento por meio do crédito não parece uma grande ideia. f Jairo Saddi Pós-doutor pela Universidade de Oxford e doutor em direito econômico (USP); é conselheiro do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP)

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Rigidez nos padrões financeiros Regras impostas pela Basileia III e pelo Fatca obrigam bancos brasileiros e estrangeiros a se reestruturar Por Patrícia Basilio As instituições financeiras brasileiras e estrangeiras estão trabalhando pesado para cumprir os novos padrões de exigências financeiras que irão vigorar com a Basileia III e com o Fatca (Foreign Account Tax Compliance Act). As regras têm como objetivo controlar o risco financeiro dos bancos após a crise do subprime e evitar a sonegação fiscal de norteamericanos que possuem contas em outros países, respectivamente. Rígidos, os acordos têm adesão prevista para 2013 pelo Banco Central (Basileia III) e pelos bancos (Fatca). Os temas, que ganham importância à medida que os prazos para execução se aproximam, foram destaque do seminário “Basileia III e Fatca – impactos da economia”, realizado pela Acrefi

Atualizações dos acordos Basileia I -> Basileia II 4 Inclusão de risco operacional 4 Alterações nas parcelas de risco de mercado (Brasil) e risco de crédito (global) 4 Introdução do ICAAP (Internal Capital Adequacy Assessment Process) 4 Requerimentos de divulgação externa Basileia II -> Basileia III 4 Melhorias na qualidade do capital 4 Medidas anticíclicas/capital buffers 4 Índice de alavancagem 4 Risco de liquidez

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(Associação Nacional das Instituições de Crédito Financiamento e Investimento), em novembro. Para embasar a discussão, Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, debateu a situação atual da economia brasileira. “Conseguir crescer é como fazer alpinismo. É preciso fazer muito esforço”, compara. Ele afirmou ainda que o mundo estaria vivenciando uma grande recessão se os bancos centrais não interferissem na economia da maneira que interferem atualmente. Em 2011, por exemplo, a economia cresceu 3,7%. Já em 2012, a expectativa é de 2,9%, segundo a DB Research. Segundo o economista, em 2013 a economia brasileira deverá crescer ancorada pelo consumo das famílias. “O grande dilema é que o país não pode crescer só pelo consumo das famílias. É preciso haver investimentos”, contesta Tinga. Basileia III

Diante da crise de 2008, o debate sobre a gestão do capital ganhou espaço junto com a necessidade de se controlar o risco financeiro, destaca Marcello De Francesco, sócio da Consultoria em Gestão de Riscos Empresariais da Deloitte. O resultado dessa discussão foi a criação da Basileia III. Segundo Francesco, as principais diferenças entre a Basileia III e as versões anteriores do acordo são: critérios mais rigorosos para que elementos patrimoniais sejam considerados como capital próprio da instituição, introdução de adicionais de capital, implementação de índices mínimos de liquidez de curto, médio e longo prazo, criação de índice de alavancagem e mudanças de regras para calcular a exposição de risco de crédito. Apesar da aprovação das medidas estar

Nicola Tingas, da Acrefi “Conseguir crescer é como fazer alpinismo. É preciso fazer muito esforço”

prevista para 2013 pelo Banco Central, os bancos têm até 2019 para colocar as normas em prática. “A Basileia III é um complemento à Basileia II, acrescentando requisitos mais rigorosos. Com essas mudanças, o acordo aperfeiçoa as regras que visam a dar estabilidade ao sistema financeiro global, reforçando a solvência (capacidade de cumprir com seus compromissos) e a resiliência das instituições financeiras”, afirma o executivo. O índice de Basileia, que mede o montante de capital que uma instituição deve ter disponível em função do risco que ela sofre, está atualmente em 11%. Até 2019, a taxa deve baixar para 0,08%, prevê Francesco. Fatca

Tão rígido quanto as regras da Basileia III, o Fatca tem como objetivo identificar e monitorar contribuintes norte-americanos que detêm ativos financeiros fora dos dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 53

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compliance

EUA ou contas no exterior. O ponto central é deter e desencorajar a evasão fiscal obrigando os bancos e outras entidades a divulgar informações financeiras dos contribuintes às autoridades norte-americanas. Segundo Antenor Castro Minto, gerente sênior da Consultoria Tributária Global Financial Services Industry da Deloitte, o

Regras do Fatca Quem deve aderir 4 Instituições financeiras 4 Entidades estrangeiras não financeiras 4 Agentes de retenção norte-americanos Desafios para implantação no Brasil 4 Sigilo bancário 4 Encerramento de contas de clientes recalcitrantes 4 Como a instituição brasileira vai reter pagamentos para pagar à outra nação 4 Elevada carga administrativa 4 Risco de contencioso administrativo e judicial 4 Revisão de contratos

desafio da regulamentação está no conflito gerado com a legislação de cada país. No Brasil, por exemplo, divulgar informações sigilosas de corr entistas é ilegal. ”O cliente investigado pode entrar com processo contra o banco que divulgou suas informações. Esse é um risco de as instituições financeiras têm que lidar ao assinar o Fatca”, complementa Minto. O brasileiro que tem Green Card também pode negar sua dupla nacionalidade para não ter seus dados compartilhados. Nesse caso, destaca Minto, os bancos só descobrem a mentira se o correntista fizer remessas constantes de dinheiro para os EUA. “A princípio, não há vantagem alguma (do Fatca) para o Brasil. É uma regulamentação que foi criada apenas para atender a demandas norte-americanas”, avalia o gerente sênior. No caso de os bancos não aderirem às regras, há retenção na fonte de 30% dos rendimentos obtidos em transações realizadas nos EUA. f

Marcello De Francesco, da Deloitte “A Basiléia III aperfeiçoa as regras que visam a dar estabilidade ao sistema financeiro global”

Fotos: Shutterstock/Douglas Luccena

Antenor Castro Minto, da Deloitte “O Fatca é uma regulamentação que foi criada apenas para atender a demandas norteamericanas”

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análiseeperspectivas

Oportunidades

à vista

Os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), destacam a relevância das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) para o Brasil. Segundo os dados, elas detêm cerca de 20% de participação no PIB, mais de 90% no total geral Por prof. dr. Alberto Borges Matias de empresas e 60% dos com colaboração de Renata Karoline Polo empregos formais. Assim, as MPEs são alvo de atenções não só dos especialistas financeiros, mas, também, do governo devido ao potencial de geração de empregos, renda e “fonte” de empreendedores. Essas empresas são fundamentais ao crescimento econômico, são geradoras de oportunidade e melhoram a qualidade de vida dos cidadãos, pois absorvem um grande e diversificado montante de mão de obra. O acesso ao crédito Para alavancar seus negócios ou mesmo para manter suas atividades produtivas, grande parte das empresas recorre ao crédito. A maioria dos pequenos empreendedores não tem o capital suficiente para suas operações diárias ou mesmo para aprimorá-las. Assim, para amparar o micro empresário, alguns bancos concedem crédito com alguns atrativos.

À vista disso, é necessário analisar as condições oferecidas pelo mercado, avaliando as taxas de juros, os prazos e as garantias exigidas em cada intermediador financeiro. Nesse sentido, os programas de crédito direcionado são uma das formas mais viáveis para a captação de recursos no sistema de crédito nacional com a finalidade de financiamentos de investimentos de médio e longo prazo. O BNDES é um exemplo de instituição que visa a apoiar os investimentos das empresas por meio do crédito direcionado via operações diretas (desembolsos feitos diretamente com o sistema BNDES) e indiretas (repasses por meio de bancos que atuam como intermediadores). Suas linhas de crédito apresentam taxas de juros relativamente mais baixas e prazos maiores do que os praticados via recursos livres do mercado financeiro. Para ter acesso aos programas especiais de crédito, os bancos que participam como agentes financeiros (diretos ou indiretos) têm algumas exigências além da análise dos dados cadastrais e dos riscos de crédito, como a apresentação de um projeto econômico-financeiro viável e demonstração da capacidade de pagamento do empréstimo. Tais exigências – consideradas muitas vezes excessivas – acabam por burocratizar a solicitações de crédito para investimentos. Algumas dessas barreiras vêm sendo contornadas por meio de fundos garantidores de crédito, como o Fundo de Garantia

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de Promoção da Competitividade (FGPC) – administrado pelo BNDES –, o Fundo de Aval para Geração de Emprego e Renda (Funproger) – administrada pelo Banco do Brasil – e o Fundo de Aval do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Volume direcionado pelo BNDES às MPEs A partir dos dados do BNDES sobre as operações de crédito contratas pelas PMEs – Micro, Pequenas e Médias Empresas – (tabela 1), nota-se que a captação de empréstimos feitos pelas PMEs tem aumentado nos últimos quatro anos consideravelmente – 22,2% em média real ao ano. No caso das micro e pequenas empresas, a participação média no desembolso do BNDES, entre 2008 e 2011, teve um aumento real de 39,5% a.a., enquanto que, as empresas de médio porte tiveram um aumento real da participação de 17%. Esses dados mostram que o dinamismo das MPEs está crescendo e cada vez mais recursos estão sendo captados. Aproveitar o momento Apesar dos obstáculos interpostos à sobrevivência das MPEs brasileiras, estão surgindo oportunidades para microempresário. A primeira delas foi a decisão do governo pela redução das taxas de juros gerais cobradas pelo sistema bancário nacional. E agora, no dia 13 de novembro, o projeto de criação de uma secretaria destinada apenas às MPEs foi aprovado pela Câmara de Deputados.

A Secretaria da Micro e Pequena Empresa vai empregar políticas direcionadas aos pequenos negócios, às empresas de artesanato e às cooperativas, sendo responsável pela implementação de políticas públicas – formalização dos empreendedores, apoio financeiro, aumento da participação das MPEs nas exportações nacionais – que fomentem a criação e manutenção das delas. A expectativa é que com a criação do órgão seja viabilizado o surgimento de novas MPEs e a sustentabilidade das já existentes, fazendo com que os obstáculos atenuem-se. O microempresário deve ficar atento, buscar mais informações para aproveitar as vantagens direcionadas a ele, como linhas de crédito e incentivos que serão disponibilizados pelo governo federal por meio da secretaria. f ELABORAÇÃO: Alberto Borges Matias –DiretorPresidente do Inepad. Professor titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto. Livre docente em finanças, atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da Universidade APOIO: Renata Karoline Polo – Pesquisadora do Centro de Pesquisas do Inepad – Núcleo CEPEFIN. Graduação em ciências econômicas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto

Desembolso anual do BNDES com micro, pequenas e médias empresas (em milhões de R$)* 2008

2009

2010

2011

PME

21.969,6

22.197,9

41.997,2

41.445,3

Micro e Pequena

11.371,56

13.671,47

26.729,79

27.450,20

Média

10.598,01

8.526,44

15.267,43

13.995,10

*corrigido IPCA Fonte: BNDES & Inepad

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bancodedadosinepad Taxas médias: geral Data

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

out/11

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0,6

10,64

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0,8

nov/11

38,47

-1,1

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-0,3

28,15

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dez/11

37,05

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26,87

-1,3

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27,80

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fev/12

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0,1

9,70

-0,5

28,40

0,6

mar/12

37,30

-0,8

9,30

-0,4

28,00

-0,4

abr/12

35,30

-2,0

8,80

-0,5

26,50

-1,5

mai/12

32,86

-2,44

8,22

-0,58

24,64

-1,86

jun/12

31,00

-1,9

7,94

-0,3

23,12

-1,5

jul/12

30,70

-0,30

7,70

-0,2

24,64

1,5

ago/12

30,10

-0,6

7,60

-0,1

23,12

-1,5

set/12

29,90

-0,2

7,60

0,0

22,30

-0,8

out/12

29,30

-0,6

7,30

-0,3

22,00

-0,3

Variação out/out

-10,2

-1,2

-3,3

0,0

-6,9

-1,1

Fonte: BC/Inepad

Taxas médias: pessoa física Data

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

out/11

47,10

1,4

10,48

-0,2

36,62

1,6

nov/11

44,73

-2,4

10,06

-0,4

34,67

-2,0

dez/11

43,75

-1,0

10,07

0,0

33,68

-1,0

jan/12

45,10

1,4

10,20

0,1

34,90

1,2

fev/12

45,40

0,3

9,60

-0,6

35,80

0,9

mar/12

44,40

-1,0

9,30

-0,3

35,10

-0,7

abr/12

42,10

-2,3

8,90

-0,4

33,20

-1,9

mai/12

38,84

-3,3

8,27

-0,6

30,57

-2,6

jun/12

36,47

-2,4

8,00

-0,3

28,47

-2,1

jul/12

36,20

-0,3

7,80

-0,2

28,40

-0,1

ago/12

35,60

-0,6

7,90

0,1

27,70

-0,7

set/12

35,80

0,2

7,90

0,0

27,90

0,2

out/12

35,40

-0,4

7,60

-0,3

27,80

-0,1

Variação out/out

-11,7

-0,6

-2,9

-0,1

-8,8

-1,7

Fonte: BC/Inepad

Taxas médias: pessoa jurídica Data

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

out/11

29,76

-0,2

10,80

-0,3

18,96

nov/11

29,79

0,0

10,57

-0,2

19,22

0,3

dez/11

28,23

-1,6

10,28

-0,3

17,95

-1,3

jan/12

28,70

0,5

10,20

-0,1

18,50

0,5

fev/12

28,60

-0,1

9,80

-0,4

18,80

0,3

mar/12

27,70

-0,9

9,30

-0,5

18,40

-0,4

abr/12

26,30

-1,4

8,80

-0,5

17,50

-0,9

mai/12

24,95

-1,4

8,18

-0,6

16,77

-0,7

jun/12

23,77

-1,2

7,88

-0,3

15,89

-0,9

jul/12

23,60

-0,2

7,60

-0,3

16,00

0,1

ago/12

23,10

-0,5

7,40

-0,2

15,70

-0,3

set/12

22,60

-0,5

7,60

0,2

15,00

-0,7

out/12

22,10

-0,5

7,10

-0,5

15,00

0,0

-7,7

-0,3

-3,7

-0,2

-4,0

-0,1

Variação out/out

0,1

Fonte: BC/Inepad

58 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

Finan78 INEPAD tabelas.indd 58

12/11/12 2:18 PM


Spread financeiro

Crédito consignado

45%

R$ milhões 190.000

40%

185.000

35%

180.000

29,0% 28,0% 27,0%

175.000

30%

26,0%

170.000

25%

165.000 20%

25,0%

160.000

15%

24,0%

155.000 23,0%

Aplicações

Captações

Consignado

out /12

set/12

ago/12

jul/12

jun/12

mai/12

abr/12

fev/12

mar/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

out /12

set/12

ago/12

jul/12

jun/12

mai/12

abr/12

21,0%

mar/12

0

fev/12

22,0%

140.000

jan/12

145.000

dez/11

5%

nov/11

150.000

out/11

10%

Taxa de juros % a.a.

Fonte: BC/Inepad

VOLUME PREFIXADOS –

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA

RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)

Mês/Ano

Cheque Especial

Variação em %

Crédito Pessoal

Variação em %

Financiamento Imobiliário

Variação em %

Cartão de Crédito

Variação em % 2,6%

out/11

21.504,53

3,5%

238.200,69

1,1%

41,7

3,5%

36.279,27

nov/11

20.972,07

-2,5%

241.596,96

1,4%

43,1

3,4%

36.433,21

0,4%

dez/11

18.882,41

-10,0%

241.653,11

0,0%

44,8

3,8%

35.637,97

-2,2%

jan/12

21.176,51

12,1%

244.757,84

1,3%

45,0

0,4%

36.756,87

3,1%

fev/12

22.012,75

3,9%

248.146,64

1,4%

46,8

4,1%

37.654,62

2,4%

mar/12

21.830,06

-0,8%

250.979,63

1,1%

45,4

-3,1%

37.374,42

-0,7%

abr/12

22.766,31

4,3%

255.260,22

1,7%

47,1

3,8%

37.653,60

0,7%

mai/12

21.891,63

-3,8%

260.152,16

1,9%

46,3

-1,7%

37.024,24

-1,7%

jun/12

21.193,06

-3,2%

265.355,75

2,0%

46,0

-0,7%

37.149,52

0,3%

jul/12

21.311,37

0,6%

267.862,89

0,9%

45,6

-0,9%

37.425,18

0,7%

ago/12

21.054,08

-1,2%

272.027,40

1,6%

44,9

-1,6%

37.421,80

0,0%

set/12

20.690,82

-1,7%

271.602,24

-0,2%

44,2

-1,4%

37.310,91

-0,3%

out/12

21.207,48

2,5%

275.049,10

1,3%

43,67

-1,3%

37.136,16

-0,5%

Variação em %

Total

Variação em %

Fonte: BC/Inepad

VOLUME

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA

PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –

RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)

AQUISIÇÃO Mês/Ano

Veículos

Variação em %

Outros

Variação em %

Total

Variação em %

Outros

out/11

168.657,89

0,8%

9.012,95

-2,1%

177.670,84

0,7%

7.303,74

2,7%

481.001

1,2%

nov/11

170.554,47

1,1%

9.179,58

1,8%

179.734,04

1,2%

7.386,58

1,1%

486.166

1,1%

dez/11

173.301,89

1,6%

9.348,56

1,8%

182.650,45

1,6%

7.769,86

5,2%

486.639

0,1%

jan/12

174.680,92

0,8%

9.291,31

-0,6%

183.972,22

0,7%

7.800,39

0,4%

494.509

1,6%

fev/12

176.191,48

0,9%

9.442,44

1,6%

185.633,92

0,9%

7.540,76

-3,3%

501.036

1,3%

mar/12

177.546,16

0,8%

9.339,87

-1,1%

186.886,02

0,7%

7.648,83

1,4%

504.764

0,7%

abr/12

178.076,90

0,3%

9.206,31

-1,4%

187.283,21

0,2%

7.823,74

2,3%

510.834

1,2%

mai/12

178.494,29

0,2%

9.326,84

1,3%

187.821,14

0,3%

8.139,16

4,0%

515.075

0,8%

jun/12

182.153,66

2,1%

9.244,58

-0,9%

191.398,24

1,9%

8.250,35

1,4%

523.393

1,6%

jul/12

183.913,74

1,0%

9.142,04

-1,1%

193.055,77

0,9%

8.355,71

1,3%

528.057

0,9%

ago/12

186.132,77

1,2%

9.344,74

2,2%

195.477,51

1,3%

8.469,08

1,4%

534.495

1,2%

set/12

186.393,41

0,1%

9.416,36

0,8%

195.809,77

0,2%

8.602,53

1,6%

534.061

-0,1%

out/12

186.441,61

0,0%

9.624,97

2,2%

196.066,58

0,1%

8.810,03

2,4%

538.313

0,8%

Fonte: BC/Inepad

dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 59

Finan78 INEPAD tabelas.indd 59

12/11/12 2:18 PM


bancodedadosinepad VOLUME

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO

CRÉDITO CONSIGNADO (R$

CONSIGNADO

Mês/Ano

Crédito Pessoal*

Públicos

Privados

out/11

267.306

134.635

22.366

157.002

114.143

nov/11

271.256

135.984

22.595

158.579

115.559

dez/11

271.810

135.836

22.792

158.628

jan/12

275.388

137.849

23.134

fev/12

279.185

139.863

mar/12

283.058

abr/12

% CONSIGNADO***

MILHÕES)

CONCENTRAÇÃO DO CONSIGNADO

TAXA DE JUROS % A,A,

Estimativa Inepad

Consignado

Pessoal

Diferença

58,7%

72,7%

27,8%

52,2%

24,4%

58,5%

72,9%

27,2%

48,6%

21,4%

115.333

58,4%

72,7%

27,0%

48,2%

21,2%

160.983

116.174

58,5%

72,2%

27,5%

50,3%

22,8%

23.920

163.783

118.299

58,7%

72,2%

27,6%

50,6%

23,0%

141.625

24.451

166.076

119.449

58,7%

71,9%

27,1%

48,8%

21,7%

287.790

143.796

24.909

168.705

121.342

58,6%

71,9%

25,9%

44,7%

18,8%

mai/12

292.964

146.913

25.287

172.200

124.005

58,8%

72,0%

25,3%

41,4%

16,1%

jun/12

298.228

149.160

26.078

175.238

125.270

58,8%

71,5%

24,6%

39,6%

15,0%

jul/12

301.035

150.985

26.658

177.643

127.048

59,0%

71,5%

24,6%

39,9%

15,3%

ago/12

306.169

153.523

27.385

180.908

129.302

59,1%

71,5%

23,6%

39,4%

15,8%

set/12

307.013

153.132

28.365

181.497

130.354

59,1%

71,8%

23,8%

39,7%

15,9%

out/12 Variação out/out

311.036

155.079

29.223

184.302

132.557

59,3%

71,9%

23,5%

39,1%

15,6%

16,36%

15,18%

30,66%

17,39%

16,13%

0,88%

-1,07%

-15,50%

-25,10%

-36,04%

Total

Amostra**

Fonte: BC/Inepad * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito ** Pesquisa com 13 das maiores instituições que operam com crédito pessoal *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal

INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre

Com atraso

CRÉDITO PESSOAL (R$ % Sobre

Com atraso

MIL)

% Sobre

Saldo total

Variação em %

5,16%

238.200.688

1,13%

5,40%

241.596.963

1,43%

13.167.555

5,45%

241.653.105

0,02%

2,45%

13.774.887

5,63%

244.757.839

1,28%

6.412.577

2,58%

13.941.885

5,62%

248.146.635

1,38%

2,36%

6.393.418

2,55%

13.263.639

5,28%

250.979.631

1,14%

6.434.358

2,52%

6.657.244

2,61%

13.914.798

5,45%

255.260.224

1,71%

232.353.188

6.375.340

2,45%

6.621.515

2,55%

14.802.116

5,69%

260.152.159

1,92%

jun/12

237.782.075

5.805.571

2,19%

6.621.516

2,50%

14.802.117

5,58%

265.355.751

2,00%

jul/12

239.123.083

6.003.783

2,24%

6.994.273

2,61%

15.741.752

5,88%

267.862.891

0,94%

ago/12

243.157.599

5.822.853

2,14%

6.752.405

2,48%

16.294.543

5,99%

272.027.399

1,55%

set/12

242.237.413

6.160.128

2,27%

6.938.320

2,55%

16.266.383

5,99%

271.602.244

-0,16%

out/12

245.004.081

6.034.364

2,19%

7.122.769

2,59%

16.887.887

6,14%

275.049.101

1,27%

Saldo sem atraso

Com atraso de 30 dias

saldo da carteira

de 31 a 90 dias

saldo da carteira

maior 90 dias

out/11

214.404.363

5.425.153

2,28%

6.085.228

2,55%

12.285.944

nov/11

217.550.528

5.050.272

2,09%

5.940.290

2,46%

13.055.873

dez/11

218.121.588

4.742.796

1,96%

5.621.166

2,33%

jan/12

219.312.227

5.670.345

2,32%

6.000.380

fev/12

221.943.486

5.848.687

2,36%

mar/12

225.408.614

5.913.960

abr/12

228.253.823

mai/12

saldo da carteira

carteira-Brasil

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre

AQUISIÇÃO DE BENS % Sobre

Com atraso

VEÍCULOS (R$

Variação em %

4,69%

168.657.891

0,81%

4,89%

170.554.465

1,12%

8.674.858

5,01%

173.301.894

1,61%

4,73%

9.181.932

5,26%

174.680.916

0,80%

8.867.484

5,03%

9.718.168

5,52%

176.191.480

0,86%

3,58%

8.890.296

5,01%

10.116.427

5,70%

177.546.157

0,77%

5.880.893

3,30%

9.321.380

5,23%

10.433.499

5,86%

178.076.901

0,30%

152.399.857

6.040.597

3,38%

9.168.149

5,14%

10.885.690

6,10%

178.494.293

0,23%

jun/12

156.624.704

5.740.064

3,15%

8.852.142

4,86%

10.936.746

6,00%

182.153.656

2,05%

jul/12

158.302.956

5.925.590

3,22%

8.673.636

4,72%

11.011.554

5,99%

183.913.736

0,97%

ago/12

160.792.538

6.131.662

3,29%

8.275.364

4,45%

10.933.209

5,87%

186.132.773

1,21%

set/12

160.695.372

5.859.420

3,14%

8.640.875

4,64%

11.197.737

6,01%

186.393.405

0,14%

out/12

161.355.422

5.765.483

3,09%

8.377.474

4,49%

10.943.229

5,87%

186.441.608

0,03%

Saldo sem atraso

de 15 a30 dias

saldo da carteira

de 31 a 90 dias

saldo da carteira

maior 90 dias

out/11

146.189.732

6.185.698

3,67%

8.370.147

4,96%

7.912.314

nov/11

147.989.270

5.841.417

3,42%

8.388.009

4,92%

8.335.769

dez/11

151.409.644

5.470.180

3,16%

7.747.212

4,47%

jan/12

151.295.533

5.944.994

3,40%

8.258.457

fev/12

151.730.673

5.875.155

3,33%

mar/12

152.189.861

6.349.573

abr/12

152.441.130

mai/12

% Sobre

MIL)

Saldo total

Com atraso

Com atraso

saldo da carteira

carteira-Brasil

Fonte: BC/Inepad

60 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

Finan78 INEPAD tabelas.indd 60

12/11/12 2:18 PM


INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre

AQUISIÇÃO DE BENS

OUTROS (R$

9.012.947

-2,08%

13,81%

9.179.576

1,85%

1.303.375

13,94%

9.348.556

1,84%

3,74%

1.308.392

14,08%

9.291.308

-0,61%

411.438

4,36%

1.288.245

13,64%

9.442.441

1,63%

492.722

5,28%

1.209.814

12,95%

9.339.865

-1,09%

3,79%

486.542

5,28%

1.238.906

13,46%

9.206.306

-1,43%

3,53%

464.977

4,99%

1.296.776

13,90%

9.326.844

1,31%

310.846

3,36%

453.064

4,90%

1.303.769

14,10%

9.244.584

-0,88%

7.111.907

307.859

3,37%

421.582

4,61%

1.300.690

14,23%

9.142.038

-1,11%

7.366.086

292.641

3,13%

401.493

4,30%

1.284.521

13,75%

9.344.741

2,22%

set/12

7.463.659

294.394

3,13%

403.609

4,29%

1.254.701

13,32%

9.416.363

0,77%

out/12

7.622.949

299.447

3,11%

457.355

4,75%

1.245.222

12,94%

9.624.974

2,22%

out/11

7.003.090

359.296

3,99%

nov/11

7.166.439

322.619

3,51%

dez/11

7.398.461

293.299

jan/12

7.281.585

fev/12 mar/12

% Sobre

MIL)

13,99%

saldo da carteira

% Sobre

Variação em %

de 15 a 30 dias

Com atraso

Com atraso

Saldo total

Com atraso

Saldo sem atraso

saldo da carteira

maior 90 dias

saldo da carteira

389.502

4,32%

1.261.059

422.377

4,60%

1.268.141

3,14%

353.421

3,78%

354.078

3,81%

347.253

7.395.159

347.599

3,68%

7.280.027

357.302

3,83%

abr/12

7.132.293

348.564

mai/12

7.235.833

329.259

jun/12

7.176.905

jul/12 ago/12

de 31 a 90 dias

carteira-Brasil

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre

OUTRAS AQUISIÇÕES (R$

saldo da carteira

carteira-Brasil

Saldo total

Variação em %

623.613

8,54%

1.522.548

20,85%

7.303.741

2,71%

691.743

9,36%

1.468.126

19,88%

7.386.579

1,13%

4,20%

915.590

11,78%

1.392.790

17,93%

7.769.857

5,19%

416.576

5,34%

659.418

8,45%

1.679.400

21,53%

7.800.394

0,39%

4.783.320

408.896

5,42%

674.097

8,94%

1.674.445

22,21%

7.540.758

-3,33%

mar/12

4.790.733

398.775

5,21%

723.609

9,46%

1.735.716

22,69%

7.648.833

1,43%

abr/12

4.871.860

410.234

5,24%

735.997

9,41%

1.805.651

23,08%

7.823.743

2,29%

mai/12

5.062.140

386.074

4,74%

662.663

8,14%

2.028.284

24,92%

8.139.161

4,03%

jun/12

5.348.052

390.441

4,73%

719.354

8,72%

1.792.499

21,73%

8.250.346

1,37%

jul/12

5.418.793

438.061

5,24%

681.941

8,16%

1.816.910

21,74%

8.355.705

1,28%

ago/12

5.558.268

416.627

4,92%

652.736

7,71%

1.841.446

21,74%

8.469.076

1,36%

set/12

5.612.939

441.155

5,13%

739.122

8,59%

1.809.318

21,03%

8.602.534

1,58%

out/12

5.847.625

463.614

5,26%

656.935

7,46%

1.841.858

20,91%

8.810.032

2,41%

saldo da carteira

out/11

4.782.825

374.755

5,13%

nov/11

4.917.007

309.703

4,19%

dez/11

5.135.116

326.361

jan/12

5.045.000

fev/12

de 31 a 90 dias

% Sobre

MIL)

maior 90 dias

de 15 a 30 dias

Com atraso

Com atraso

saldo da carteira

Com atraso

Saldo sem atraso

% Sobre

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA –

CRÉDITO PESSOAL

Com atraso de mais de 90 dias 16.887.887 Atraso de até 30 dias 6.034.364 Atraso de 31 a 90 dias 7.122.769

INADIMPLÊNCIA –

23% 53% 24%

AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS

Com atraso maior que 90 dias 10.943.229 Com atraso de 15 a 30 dias 5.765.483 Com atraso de 31 a 90 dias 8.377.474

Finan78 INEPAD tabelas.indd 61

23%

INADIMPLÊNCIA – Com atraso maior que 90 dias 1.245.222 Com atraso de 15 a 30 dias 299.447 Com atraso de 31 a 90 dias 457.355

INADIMPLÊNCIA –

35%

16%

62%

Com atraso de 31 a 90 dias 656.935

22%

OUTRAS

Com atraso maior que 90 dias 1.841.858 Com atraso de 15 a 30 dias 463.614

42%

AQUISIÇÃO DE BENS

13%

65%

22%

12/11/12 2:18 PM


bancodedadosinepad TAXA

DE DESEMPREGO SP

Var, %

-0,2%

5,6%

-0,01

5,2%

-0,6%

5,0%

-0,01

dez/11

4,7%

-0,5%

4,7%

0,00

jan/12

5,5%

0,8%

5,5%

0,01

fev/12

5,7%

0,2%

6,1%

0,01 0,00

Data

Brasil

out/11

5,8%

nov/11

Var, % - Brasil

10%

1,0%

9%

0,8%

8%

0,6%

7%

0,4%

6% 0,2% 5%

mar/12

6,2%

0,5%

6,5%

abr/12

6,0%

-0,2%

6,5%

0,00

mai/12

5,8%

-0,2%

6,2%

0,80

3%

jun/12

5,9%

0,1%

6,50%

0,00

2%

jul/12

5,4%

-0,5%

5,70%

-0,01

1%

-0,6%

ago/12

5,3%

-0,1%

5,80%

0,00

0

-0,8%

set/12

5,4%

0,1%

6,50%

0,01

out/12

5,3%

-0,1%

5,90%

-0,01

0,0% 4% -0,2%

Brasil

out /12

set/12

ago/12

jul/12

jun/12

mai/12

abr/12

mar/12

fev/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

-0,4%

São Paulo

Var.p.p

Fonte: IBGE/Inepad

MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) Var, %

4,50%

3,13%

0,00

4,00%

-0,05

3,14%

0,00

1,90%

0,00

3,15%

0,00

jan/12

1,90%

0,00

3,16%

0,00

fev/12

2,00%

0,05

3,17%

0,00

2,50%

mar/12

2,10%

0,05

3,18%

0,00

2,00%

abr/12

2,00%

-0,05

3,19%

0,00

1,50%

mai/12

2,00%

0,00

3,20%

0,00

jun/12

2,00%

0,00

3,70%

0,16

jul/12

1,90%

-0,05

3,60%

-0,03

0,50%

ago/12

2,00%

0,05

3,90%

0,08

0,00%

set/12

2,00%

0,00

3,80%

-0,03

out/12

2,10%

0,05

4,00%

0,05

3,50% 3,00%

SP

out /12

set/12

ago/12

1,00%

jul/12

dez/11

jun/12

1,90%

mai/12

nov/11

abr/12

0,00

mar/12

2,00%

fev/12

out/11

SP

jan/12

Var. % – Brasil

dez/11

Brasil

nov/11

Data

out/11

RENDIMENTO

Brasil

Fonte: IBGE/Inepad

CRÉDITO PESSOAL Data

Volume

Taxa de juros

Data

Volume

Taxa de juros

Data

Volume

Taxa de juros

jan/09

132.282,85

3,80

mai/10

180.849,11

3,03

set/11

235.550,20

3,42

fev/09

134.308,50

3,69

jun/10

183.608,92

2,97

out/11

238.200,69

3,56

mar/09

137.284,08

3,48

jul/10

186.715,25

2,98

nov/11

241.596,96

3,36

abr/09

141.064,96

3,37

ago/10

191.025,56

2,97

dez/11

241.653,11

3,33

mai/09

145.457,84

3,24

set/10

194.474,73

2,94

jan/12

244.757,84

3,45

jun/09

147.804,50

3,18

out/10

197.645,23

3,06

fev/12

248.146,64

3,47

jul/09

150.852,21

3,13

nov/10

201.482,21

2,97

mar/12

250.979,63

3,37

ago/09

154.003,98

3,10

dez/10

202.377,26

3,09

abr/12

255.260,22

3,13

set/09

156.472,41

3,13

jan/11

206.767,09

3,34

mai/12

260152,159

2,93

out/09

159.967,04

3,19

fev/11

209.078,62

3,32

jun/12

265355,751

2,82

nov/09

161.497,41

3,06

mar/11

212.600,86

3,28

jul/12

267862,891

2,84

dez/09

162.263,33

3,11

abr/11

216.453,86

3,43

ago/12

272027,399

2,81

jan/10

164.926,16

3,13

mai/11

220.807,56

3,42

set/12

271602,244

2,82

fev/10

167.772,83

3,07

jun/11

225.067,57

3,38

out/12

275.049,10

2,79

mar/10

172.371,66

3,01

jul/11

229.084,55

3,36

abr/10

176.505,45

3,02

ago/11

232.571,36

3,41

Fonte: IBGE/Inepad

62 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

Finan78 INEPAD tabelas.indd 62

12/11/12 2:18 PM


PREVISÕES

ECONÔMICAS

Ano de 2012

PIB Total % a.a.

PIB Agropecuário % a.a.

PIB Indústria % a.a.

PIB Serviço % a.a.

Previsão 29/10/2012

1,55

-0,04

0,02

2,34

-2,05

2 semanas antes 7/11

1,56

-0,15

0,02

2,34

-2,39

1 semana antes 16/11

1,54

-0,08

0,04

2,33

-2,43

Previsão 23/11

1,52

-0,19

0,02

2,32

-2,40

Ano de 2012

IPCA % a.a.

IGP–DI % a.a.

Selic Taxa anual

Produção Industrial % a.a.

Taxa de Câmbio R$/US$

Saldo Comercial US$ bilhões

Previsão 29/10/2012

7,28

8,74

5,56

2,02

248,85

2 semanas antes 07/11

7,25

7,86

5,48

2,03

249,15

1 semana antes 16/11

7,25

7,69

5,47

2,03

247,96

Previsão 23/11

7,25

7,69

5,45

2,04

247,32

Fonte: BC-Focus/Inepad

ATIVIDADE

ECONÔMICA Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

Var, p,p,

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral

Var, %

set/11

82,80

-0,70

out/11

83,30

0,50

set/11

128,65

-0,53%

out/11

127,60

nov/11

82,70

-0,82%

-0,60

nov/11

126,65

dez/11

-0,74%

79,40

-3,30

dez/11

126,88

0,18%

jan/12

79,60

0,20

jan/12

126,08

-0,63%

fev/12

80,20

0,60

fev/12

126,06

-0,02%

mar/12

81,10

0,90

mar/12

125,51

-0,44%

abr/12

80,60

-0,50

abr/12

125,64

0,10%

mai/12

81,40

0,80

mai/12

124,80

-0,67%

jun/12

80,70

-0,70

jun/12

124,40

-0,32%

jul/12

81,60

0,90

jul/12

124,27

-0,10%

ago/12

80,90

-0,70

ago/12

125,20

0,75%

set/12

80,90

0,00

set/12

125,64

0,35%

Variação set/set

-2,34%

Data

Data

-2,29%

Variação set/set Fonte: CNI/Inepad

Fonte: IBGE/Inepad

PRODUÇÃO X

CAPACIDADE

Capacidade (%)

Produção (índice)

85

133

84 129

83 82

125

81 121 80 117

79 78

113

77 109 76 105

Fonte: Inepad/CNI/IBGE

Taxa da utilização da capacidade instalada

set/12

ago/12

jul/12

jun/12

mai/12

abr/12

mar/12

fev/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

set/11

75

Índice de produção física média móvel trimestral

dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 63

Finan78 INEPAD tabelas.indd 63

12/11/12 2:18 PM


bancodedadosinepad IPCA MENSAL

BALANÇA

0,009

COMERCIAL (US$

MILHÕES)

30.000

0,008 25.000 0,007 20.000

0,006 0,005

15.000 0,004 10.000

0,003 0,002

5.000 0,001

IPCA

M.M 12 meses

Exportações

Fonte: Inepad/MDIC

out/12

ago/12

jun/12

abr/12

fev/12

dez/11

out/11

ago/11

abr/11

out/12

ago/12

jun/12

abr/12

fev/12

dez/11

out/11

ago/11

jun/11

abr/11 Fonte: Inepad/IBGE

jun/11

0

0

Importações

PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS. MISTOS. VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)

Produção

Média Trim.

out/11

265.600

284.033

4.400

1,68%

nov/11

274.500

267.100

8.900

3,35%

dez/11

262.000

267.367

-12.500

-4,55%

350.000

jan/12

211.764

249.421

-50.236

-19,17%

300.000

fev/12

217.848

230.537

6.084

2,87%

mar/12

308.500

246.037

90.652

41,61%

abr/12

260.800

262.383

-47.700

-15,46%

mai/12

280.800

283.367

20.000

7,67%

150.000

jun/12

273.600

271.733

-7.200

-2,56%

100.000

jul/12

297.800

284.067

24.200

8,8%

50.000

ago/12

329.300

300.233

31.500

10,6%

set/12

282.540

303.213

-46.760

-14,2%

out/12

318.701

310.180

36.161

Var. Mensal (%)

PRODUÇÃO –

250.000 200.000

abr/12

mai/12

abr/12

mai/12

out /12

mar/12 mar/12

set/12

fev/12 fev/12

ago/12

jan/12 jan/12

jul/12

dez/11 dez/11

jun/12

nov/11 nov/11

12,8%

out/11

0

19,99%

Variação out/out

AUTOMÓVEIS LEVES E PESADOS

Unidades

out/11

Var. Mensal

Data

Fonte: Anfavea/Inepad

EXPORTAÇÃO

UNIDADES)

52.249

47.258

7.603

17,03%

nov/11

54.950

50.615

2.701

5,17%

dez/11

48.403

51.867

-6.547

-11,91%

jan/12

33.075

45.476

-15.328

-31,67%

fev/12

36.461

39.313

3.386

10,24%

mar/12

42.225

37.254

5.764

15,81%

abr/12

48.700

42.462

6.475

15,33%

mai/12

26.700

39.208

-22.000

-45,17%

jun/12

36.000

37.133

9.300

34,83%

jul/12

29.700

30.800

-6.300

-17,50%

ago/12

42.900

36.200

13.200

44,44%

set/12

27.194

33.265

-15.706

-36,61%

out/12

41.797

37.297

14.603

Variação out/out

Var. Mensal (%)

53,70% -20,00%

Unidades 60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0

Exportações

out /12

out/11

set/12

Média Trim.

ago/12

Var. Mensal

Exportações

jul/12

Data

jun/12

DE AUTOVEÍCULOS MONTADOS (EM

Média Trimestral

Fonte: Anfavea/Inepad

64 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

Finan78 INEPAD tabelas.indd 64

12/11/12 2:18 PM


LICENCIAMENTO Data

DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM 1000cc

Total

UNIDADES)

% no Total

+1000cc a 2000cc

% no total

+2000cc

% no total

out/11

203.351

89.590

48,8%

110.731

54,5%

3.030

1,5%

nov/11

233.557

101.597

38,4%

129.034

55,2%

2.926

1,3%

dez/11

251.606

110.860

40,4%

137.344

54,6%

3.402

1,4%

jan/12

196.654

86.608

56,4%

107.608

54,7%

2.438

1,2%

fev/12

185.483

78.953

46,7%

104.784

56,5%

1.746

0,9%

mar/12

220.172

88.445

35,9%

129.404

58,8%

2.323

1,1%

abr/12

189.232

73.014

46,7%

114.158

60,3%

2.060

1,1%

mai/12

210.216

85.432

34,7%

122.532

58,3%

2.233

1,1%

jun/12

275.929

120.194

31,0%

153.905

55,8%

1.830

0,7%

jul/12

281.420

117.366

42,7%

162.179

57,6%

1.875

0,7%

ago/12

326.914

133.660

35,9%

191.167

58,5%

2.087

0,6%

set/12

214.351

90.205

62,4%

122.402

57,1%

1.744

0,8%

out/12

250.598

105.244

36,0%

143.910

57,4%

1.444

0,6%

Fonte: Anfavea/Inepad

LICENCIAMENTO

POR CATEGORIA

AUTOMÓVEIS

Unidades 250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

1000cc

Fonte: Anfavea/INEPAD

TAXA

DE JUROS PREFIXADOS

PESSOA FÍSICA (R$

CRÉDITO PESSOAL

% a.a.

3,87

0,40

57,80

7,20

3,75

-0,13

55,50

-2,30

4,31

0,56

65,90 10,40

4,11

-0,20

62,10

-3,80

9.442

3,90

-0,21

58,30

-3,80

-0,50

9.340

4,10

0,19

61,90

3,60

26,00

-0,50

9.206

4,17

0,07

63,30

1,40

-0,17

23,43

-2,57

9.327

3,98

-0,19

59,75

-3,55

1,58

-0,19

20,66

-2,77

9.245

4,02

0,04

60,50

0,75

1,60

0,02

20,95

0,29

9.142

3,92

-0,11

58,56

-1,94

186.133

1,57

-0,03

20,52

-0,43

9.345

3,94

0,03

59,06

0,50

186.393

1,59

0,03

20,90

0,38

9.416

3,85

-0,09

57,44

-1,62

186.442

1,58

-0,02

20,68

-0,22

9.625

3,78

-0,08

56,03

-1,41

a.a.

% a.m.

-0,01

28,40

-0,10

9.013

-0,08

27,20

-1,20

9.180

1,96

-0,07

26,20

-1,00

9.349

2,00

0,04

26,80

0,60

9.291

176.191

2,01

0,01

27,00

0,20

-1,80

177.546

1,98

-0,03

26,50

44,70

-4,10

178.077

1,94

-0,03

-0,20

41,41

-3,29

178.494

1,77

2,82

-0,11

39,58

-1,83

182.154

2,84

0,02

39,94

0,36

183.914

272.027

2,81

-0,03

39,43

-0,51

271.602

2,82

0,01

39,65

0,22

275.049

2,79

-0,03

39,09

-0,56

% a.m.

out/11

238.201

nov/11

241.597

dez/11 jan/12

Variação p.p.

Saldo total R$ milhões

% a.m.

Variação p.p.

52,20

2,50

168.658

2,11

48,60

-3,60

170.554

2,03

-0,02

48,20

-0,40

173.302

0,12

50,30

2,10

174.681

3,47

0,02

50,60

0,30

250.980

3,37

-0,10

48,80

abr/12

255.260

3,13

-0,24

mai/12

260.152

2,93

jun/12

265.356

jul/12

267.863

ago/12 set/12 out/12

Variação p.p.

% a.a.

3,56

0,14

3,36

-0,21

241.653

3,33

244.758

3,45

fev/12

248.147

mar/12

out /12

TAXA DE JUROS Variação p.p.

%

Saldo total R$ milhões

Saldo total R$ milhões

+ 2000cc

AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS

TAXA DE JUROS Variação p.p.

Mês/ ano

set/12

+ 1000cc a 2000cc

MILHÕES)

AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS

TAXA DE JUROS

ago/12

jul/12

jun/12

mai/12

abr/12

mar/12

fev/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

0

Variação p.p.

Fonte: BC/Inepad

dezembro/janeiro 2013 FINANCEIRO 65

Finan78 INEPAD tabelas.indd 65

12/11/12 2:18 PM


palavrafinal

Por Nicola Tingas

O crescimento econômico já está em recuperação em 2013, mas com intensidade e efetividade menor que a desejada. Tudo indica, por hora, que 2013 será um ano de desempenho moderado e servirá como ponte para o ano de 2014, que deverá, finalmente, atingir crescimento do PIB em ritmo de 5% ao ano ou mais. Ao longo de 2013, a probabilidade maior é que os riscos superem as surpresas positivas. Assim, o melhor a fazer é ter uma estratégia de negócios que vislumbre o biênio agregado de 2013– 2014 ao invés de uma atuação somente focada em 2013. Evitar a volatilidade do cenário é uma boa forma de mitigar riscos e focar em um desempenho superior no período agregado 2013–2014. A incerteza da recuperação mais forte e rápida do investimento na economia, a menor capacidade de incremento adicional do consumo por partes das famílias, as restrições orçamentárias do governo, a difícil superação da crise nos países centrais, tudo isso, conjuntamente considerado, limita as expectativas e projeções de um ritmo mais intenso de recuperação do crescimento econômico brasileiro em 2013. Mas, mesmo assim, a ação anticíclica do governo ainda poderá resultar em desempenho mais expressivo, principalmente no segundo semestre de 2013.

Há dois cenários básicos de expansão do PIB em 2013 e 2014 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0

O cenário PIB baixo prevê que consumo das famílias e gastos do governo ainda são utilizados ao máximo para alavancar o crescimento econômico; pois o investimento tem retomada mais lenta do que o desejado e a economia perde produtividade e dinamismo, resultando em um PIB da ordem de 2,8% ou pouco mais em 2013, e 3,5% ou um pouco mais em 2014. Esse é um cenário que pode ser considerado pessimista para muitos, mas é considerado possível por competentes analistas. Em outras palavras, o cenário PIB baixo alerta que o crescimento econômico, mesmo vindo a ser maior, poderá ter lento e incerto ritmo de recuperação, sacrificando estratégias de negócios imediatistas e de curto prazo. O cenário PIB alto conta com uma aceleração mais significativa do ritmo de investimento, inovação e produtividade na economia. Essa melhora na oferta agregada poderá impulsionar ainda mais o ritmo de crescimento do PIB que poderá atingir 3,7% ou mais em 2013 e 5,5% ou até mais em 2014. Certamente, esse cenário ainda parece otimista neste momento, mas pode ser almejado em função de estarmos em um ciclo de recuperação econômica, partindo de uma base baixa de giro de negócios, o que permite uma recuperação melhor em 2013. Contudo a virtuosidade do crescimento de 2014, certamente, será consequência de uma bem-sucedida maturação da agenda de investimentos e ganhos de produtividade no País. Esse é a premissa central que melhor define as projeções para o biênio 2013–2014. De qualquer forma, ter uma estratégia ponderada para o biênio 2013–2014, ao invés de focar somente em 2013, ainda parece ser a melhor forma de alcançar resultados sustentáveis e promissores para o médio e longo prazo nos negócios. f

1,0 0,0

2010

2011

2012

2013

2014 cenário PIB alto cenário PIB baixo

Nicola Tingas é economista-chefe da Acrefi

Foto: Divulgação/Artigo enviado em novembro

Cenários: 2013 moderado e 2014 virtuoso

66 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2013

Finan78_palavra final.indd 66

12/11/12 2:18 PM


01 5

12/11/12 1:02 PM


01 4

12/11/12 1:01 PM


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