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Reinaldo Domingos, autor de livros de educação financeira, ensina a poupar priorizando sonhos
Finanças em dia Aos 12 anos, Reinaldo Domingos queria ter uma bicicleta. Ele morava na cidade de Casa Branca, interior de São Paulo. O pai ferroviário e a mãe autônoma não podiam lhe dar o presente, que na época custava R$ 100. Para realizar o sonho, ele foi ser ajudante de camelô, ganhava R$ 15 por mês, dos quais guardava R$ 10. Em dez meses comprou um produto à vista e recebeu R$ 10 de desconto. No momento de sua primeira aquisição, Domingos aprendeu com o dono da loja que, toda vez em que tivesse todo o dinheiro da compra, poderia pedir desconto. Foi quando começou a adquirir certa consciência financeira. Hoje, Domingos é presidente do instituto DSOP de educação financeira e autor de diversos livros que disseminam o tema, entre eles, o “Terapia Financeira”, que explica a metodologia DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar). Uma das principais premissas desse método é poupar priorizando sonhos, assim 52 FINANCEIRO outubro/novembro 2012
como ele fez na infância. Para Domingos, por meio dos quatro passos dessa técnica qualquer pessoa pode se educar financeiramente. “Em tudo que se consome nas famílias brasileiras existe um excesso de aproximadamente 20%, até mesmo nas despesas essenciais como energia elétrica, água, telefone e alimentação”, coloca. No total, Domingos possui 25 obras e 15 livros didáticos representados pela “Coleção DSOP de Educação Financeira”, presente em centenas de escolas do ensino básico, públicas e privadas. “A educação financeira lida diretamente com o comportamento (hábitos e costumes). Planilhas, cálculos e matemática são apenas importantes ferramentas”, ressalta. Confira entrevista exclusiva com Domingos à revista Financeiro. Revista Financeiro Como o senhor analisa o cenário de endividamento no Brasil? Reinando Domingos Essa situação é muito preocupante. A população sofre as consequências da ausência de educação junto às famílias e escolas. E isso vem de gerações. Estar endividado não é um problema quando se tem o controle das parcelas, mas quando se perde esse domínio, aí, sim, tudo fica muito complicado, levando à inadimplência. Não podemos culpar o sistema financeiro nem o marketing publicitário. É necessário entender que a redução de juros por parte dos bancos pode ajudar, mas não resolverá o problema do crescimento sucessivo da inadimplência. É preciso combater a causa desse problema e, para isso, só tem um caminho: a educação financeira comportamental. Financeiro E, em sua opinião, o consumidor brasileiro carece de educação financeira? Domingos Sem dúvida. A maioria da população não é educada financeiramente. Não podemos culpar governo, empresas, entidades, escolas, porque se trata de um conhecimento que somente nos últimos anos foi deflagrado como um problema. Essa é uma disciplina que lida diretamente
Fotos: Douglas Luccena
Por Juliana Jadon