Financeiro 65 - Setembro 2010

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Redescobrimento do Brasil setembro/outubro 2010 edição 65

ARTUR SILVA FERNANDES, PRESIDENTE DO PORTUGUÊS BANIF INVESTMENT BANK, FALA SOBRE OPORTUNIDADES EM SOLO BRASILEIRO

MAIS OS BANCOS INTERNACIONAIS DESEMBARCAM SUAS ESTRATÉGIAS

ALEXANDRE TOMBINI E O ALICERCE DO BANCO CENTRAL



conteúdofinanceiro

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Capa – Entrevista do Mês

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Mercado em Ascensão

Presidente do Banif Investment Bank fala

Saiba mais sobre o 5º Seminário

sobre o Brasil como mercado estratégico

Internacional Acrefi

Especial Bancos Estrangeiros Bancos internacionais encontram oportunidades para crescer no País

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Meios de Pagamento Plataformas on-line afastam o medo na hora de consumir

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Vida Pessoal

seções 14 Rápidas Tudo o que acontece no mercado 16 Livros Obras que você não pode deixar de ler

Presidente do banco Indusval

artigos

mostra sua coleção de carros

40 Carlos Thadeu de Freitas Gomes Política Monetária

Raio X

50 Alberto Fishlow Universo Financeiro 58 Alexandre A. Tombini Convidado Especial

Walmart cresce mais em

64 Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas

mercados fora dos EUA

74 Conrado Engel Última Palavra

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editorial

A

A Europa sob ameaça de recessão (até um Nobel já alertou) e o Brasil apontando crescimento de 7% este ano. O ministro Guido Mantega já prevê média de 6% até 2014. A combinação desses e outros fatores nos oferece um cenário único na história brasileira. A atração desse cenário para os bancos internacionais e as oportunidades e inovações que podemos buscar neste momento é o tema deste 5º Seminário Internacional Acrefi, que acontece em 30 de setembro. As boas notícias não param de vir. No final de agosto, o Brasil consolidou a posição de oitava economia global, passando de vez a Espanha. Para o futuro, as perspectivas são ainda melhores. Pré-sal, megaeventos esportivos, crescimento do crédito imobiliário, tudo permite supor mais e mais fluxo de capital vindo para o Brasil. Tudo somado significa centenas de bilhões de reais. Como resultado, os bancos internacionais correm para cá e nos fortalecemos na disputa global por recursos para investimentos. O Brasil deixa de ser secundário ou apenas uma das diversas prioridades. Agora é prioridade entre duas, no máximo três opções. O objetivo é conseguir no Brasil um retorno que se mostra distante em outros lugares. É a conhecida máxima de que o “O dinheiro vai para onde há crescimento econômico”. Agora é preciso evitar o comodismo. O Brasil precisa corrigir problemas e buscar oportunidades. Nesse aspecto, o 5º Seminário Internacional Acrefi incluiu um painel para abordar a inovação tecnológica nos meios de pagamento, na conectividade, enfim, para um mundo novo e no qual as instituições e os executivos precisam estar preparados. É a chance de conhecer ameaças e oportunidades na internet.

Sob o olhar do mundo No que se refere ao desafio fiscal, o País precisa estar preparado para lidar com o crescente déficit em conta corrente. Em parte, o problema é minimizado pelo investimento externo. Mas também nesse caso não é possível ficar parado. Em breve, iremos conhecer o novo governante brasileiro (acompanhado de governadores e do legislativo renovado), que irá usufruir deste momento positivo singular da nação e enfrentar seus desafios. Sem dúvida, a principal agenda política será a do investimento. Entre as áreas principais, três se destacam: infraestrutura, mercado de consumo e commodities. Que nossos futuros governantes tomem as decisões certas. Estamos sob o olhar do mundo.

Adalberto Savioli Presidente da Acrefi 4 FINANCEIRO setembro/outubro 2010



expediente financeiro ISSN 1809-8843

Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br Presidente Adalberto Savioli Vice-Presidentes Arnaldo Alves Vieira, Érico Sodré Quirino Ferreira, José Renato Simão Borges, Marcio Ronconi de Oliveira, Marco Ambrógio C. Bonomi, Sérgio Antonio Cipovicci, Aquiles Leonardo Diniz, Odílio Figueiredo Neto, Bartholomeu Ribeiro e Ricardo Annes Guimarães Secretários Paulo Tabaquim e Sérgio Marra Pereira Capella Tesoureiros Cláudio Messias Ferro e Marcus André de Oliveira Diretores Regionais Athaide Vieira dos Santos, Carlos Alberto Samogim, Elcio Antonio de Azevedo, Felicitas Renner, José Antonio Rodrigues, José Newton Lopes de Freitas, Laécio Barros Junior, Leonardo Marcondes Dadalto, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Pedro Costa Carvalho e Teófilo Newton Mattos Diretores-Executivos Gunnar Murillo, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Edson Froes Castilho, Luis Felix Cardamone Neto , Marc Camp, Mateus Affonso Bandeira, Rubens Bution e Leonel Dias de Andrade Neto Diretores Conselheiros Eduardo Tavares Nobre Varella, Élcio Jorge dos Santos, Giovani Cataldi Neto, Roberto Bronzere, Paulo Sérgio Borsatto, Nelson Aguiar Junior, Marcelo Barp, Odilon Pereira Guerra e Joelcyr Carmello Filho Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon Membros: Alencar Burti, Ricardo Loureiro, Jorge Hilário Gouveia Vieira, Luiz Horácio da Silva Montenegro, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Sergio Antonio Reze e Ilídio Gonçalves dos Santos Conselho Fiscal Efetivos: Domingos Spina, Edson Ueda, David Figueiredo Suplentes: Elpídio Hoffmann, Maria Madalena Américo Marinho, Gilson de Oliveira Carvalho Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultor Jurídico Cassio M.C. Penteado Jr. Planejamento de marketing Connexa Consultoria de Gestão e Marketing Estratégico Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial

Rua Novo Horizonte, 311 – Higienópolis – São Paulo – SP Tel.: (11) 3125–2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br Publisher Roberto Meir REDAÇAO Editor-executivo Rogério Godinho Editora-assistente Juliana Jadon Repórteres Felipe Floresti e Juliana Gonçalvez Fotografia Douglas Luccena Arte Editora de Arte Marina Martins Diagramadores Alexandre Braga e Érika Bernal Pré-Impressão Alexandre Lima Revisora Dora Wild

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Publicidade Gerente Comercial – Marco Góes – mgoes@gpadrao.com.br Gerentes de Negócios Adriana Próspero e Fabiana Zuanon Facilitadoras Ana Chiesi, Fabiana Martins e Patrícia Pinheiro Impressão IBEP Gráfica Ltda.



capaentrevistadomês

Artur Silva Fernandes, presidente do português Banif Investiment Bank, fala sobre como o País se tornou um mercado de oportunidades para a instituição e conta como pretende expandir os negócios em solo brasileiro

Descobrimento do

mercado bra Por Juliana Jadon É com conversa e proximidade dos clientes que Artur Silva Fernandes, presidente do português Banif Investment Bank, fecha grandes negócios. Mensalmente vem ao Brasil acompanhá-los de perto neste mercado o qual chama de “prioritário”. No País são 600 funcionários e o mercado representa cerca de 15% dos resultados totais do grupo. Ele segue os passos do fundador do Banco Internacional do Funchal (Banif) que deixou como herança ao grupo financeiro seus melhores funcionários e suas andanças pelo globo, além de quase R$ 1,5 bilhão de ativos somente no Brasil. Fernandes acredita também que é preciso contratar as pessoas mais capacitadas para atuarem no grupo. É um dos sete componentes do board do grupo. Fernandes é chamado de exigente pelos funcionários do Banif Investment Bank, mas também recebe elogios por premiá-los quando as coisas ocorrem bem. “Sou determinado e acho que consegui inspirar os outros a serem também, seduzindo mais do que obrigando”, conta. Exemplo recente foi quando indicou seu vice-presidente ao cargo de Chief Financial Officer (CFO) do grupo. O executivo, que atuava junto a ele há dez anos, o apoiando ajudando em decisões importantes. Foi uma perda para 8 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

Fernandes, mas ele segue a filosofia de que precisa se cercar de gente competente. E depois deixá-los seguir seu caminho. Antes do ingresso no Banif, Fernandes atuou em bancos como JPMorgan e Grupo Espírito Santo. Com apenas 27 anos, foi diretor do Deutsche Bank. Acompanhe entrevista exclusiva com o executivo: Revista Financeiro O que o Brasil representa para o Banif ? Artur Silva Fernandes O mercado brasileiro é um mercado prioritário para nós. Representa um potencial de crescimento futuro muito grande para o grupo, pelas condições econômicas do País e pelo fato de termos apostado há 11 anos na aquisição do antigo banco Primus aqui no Brasil. Era uma época de crise por aqui e ninguém acreditava ainda na economia brasileira. Nós sempre confiamos no potencial que existe de fazer negócios entre Brasil e Europa ou Brasil e Estados Unidos, porque essa economia possui muitas grandes e médias empresas. Também podemos dar suporte e orientação aos nossos clientes que estão nos outros 26 países nos quais estamos presentes e que querem fazer negócios e investir no Brasil. Hoje já não somos apenas um banco. Somos um conglomerado com 600


sileiro colaboradores em solo brasileiro. O grupo possui aqui no País cerca de R$ 400 milhões em patrimônio líquido. No total são cerca de € 15 bilhões de ativos e gerencia € 4 bilhões. Desse valor, a gestão de € 3 bilhões provém de Portugal. Somente no Brasil são cerca de R$ 800 milhões sob nossa gestão e mais € 500 milhões na Espanha. Hoje existe um banco comercial com uma financeira e um banco de investimento que possui uma asset (empresa de gestão de ativos) e uma corretora. Temos 30% da corretora Banif, pois vendemos cerca de 70% ao Grupo Caixa Geral de Depósitos, no sentido de ter uma parceria forte para essa área. Financeiro Quais as áreas mais importantes para vocês no Brasil? Fernandes Temos como foco uma área em que chamamos de cross-boarding. Para nós, isso significa desenvolver negócios no eixo Brasil–Europa com enfoque especial em Portugal e Espanha. Nesse processo, apoiamos as empresas em procedimentos como fusões e aquisições, expansão para a Europa e viceversa. Orientamos empresas de pequeno


capaentrevistadomês e médio porte, pois somos um banco de médio porte, embora tenhamos feito recentemente uma operação para a BR Distribuidora, que é grande. Muitas empresas aqui no Brasil são muito grandes, mas não são internacionalizadas, e internacionalizar uma companhia é um processo complicado. Também as ajudamos nisso, pois implica enviar os melhores profissionais para o estrangeiro e significa se preparar com os documentos necessários exigidos pelo país em que for aberta a empresa. É preciso ter pessoas aqui capazes de fazer negócios em qualquer ambiente. Financeiro Recentemente vocês efetuaram alguma operação em que considera exemplar nesse serviço?

Financeiro Quais os setores do mercado nos quais estão as oportunidades? Fernandes Existem quatro setores que são muito importantes para nós e, dada a fase em que se passa o País, são igualmente relevantes ao Brasil. São eles: o imobiliário, infraestrutura, energia e meio ambiente. No Brasil, óleo e gás, e energias renováveis vão muito bem. Só a área de infraestrutura, li num jornal que precisa de R$ 120 milhões da iniciativa privada. Bom, nós temos o exemplo de atuação nisso. Em Portugal, somos o maior do país em Parcerias Público-Privadas (PPPs) de project finance. Eu participei, e os bancos portugueses estão entre os primeiros que criaram expertise em project finance. Praticamente todas

Fernandes Num leilão de eólicas nós apoiamos um consórcio de vencedores, que é uma empresa chamada Martifer Renováveis Geração e Comercialização de Energia. Esse é um exemplo de cliente português que está investindo por aqui. Tem o caso da BR Distribuidora, quando fizemos uma operação de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) para essa empresa local. Portando é por isso que passamos a mensagem de “global reach local approach”. Fazemos negócios globais, mas locais também. E isso é tanto no banco de investimento quanto no banco comercial, que apoia muito as exportações e as importações.

as infraestruturas são desenvolvidas nesse exemplo, em que há um recurso gradativamente pequeno aos condutores. O próprio projeto deve se pagar e mostrar de várias formas que mitigou o risco. E há uma expertise no desenvolvimento desses estudos diferenciada, pois eles tratam de diferentes setores. Há, por exemplo, um project finance em que o condutor é pago por disponibilidade de serviço, a disponibilidade de uma autoestrada ou um hospital, por exemplo. Outros precisam passar pelo risco de ter usuários ou trafego de carros. No caso de uma autoestrada com um pedágio é preciso ter disponibilidade da rodovia e o governo paga para manter essa disponibilidade. Então é preciso

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estudar cada situação como única. E isso é uma realidade tanto numa rodovia quanto numa usina eólica, por exemplo. Essa última depende de ver não sei quantas medições para saber se o Sol vai ou não brilhar em x dias do ano para aquecer o tanque das termoelétricas, por exemplo. Esses processos exigem expertise e nós temos. Acreditamos que o fato de sermos um banco de pequeno e médio porte na Europa e aqui pequeno faz com que esse tipo de expertise as empresas reconheçam. E há uma demanda boa. Financeiro Que tipo de negócios vocês possuem relacionados ao meio ambiente? Fernandes Em meio ambiente nós temos empresas

que apoiamos em Portugal e um fundo de créditos de carbono. Temos também a única corretora de carbono que existe na Europa Continental chamada Ecotrade, na qual também sou o presidente e, assim, já temos expertise na área de sustentabilidade e meio ambiente. Financeiro E infraestrutura? Fernandes Na área de infraestrutura, somos os maiores acionistas, com 30% do maior fundo de private equity chamado Finpro, que significa financiar projetos ou ou project finance. O Finpro tem vários negócios no mundo. O segundo maior acionista é o Caixa Geral de Depósitos, com

20%. Em Portugal administramos cerca de € 1 bilhão no setor imobiliário. Esse montante contempla todo o tipo de negócios e todo o tipo de fundos: equity, gerencial, comercial, shopping. Também temos investimentos imobiliários no Estados Unidos. E aqui estamos lançando um imobiliário com R$ 200 milhões. Esses ativos são constituídos por meio de alguns que gerenciamos aqui por meio de um fundo imobiliário, que conta com cerca de dez projetos. Temos também uma área de logística e finalmente uma participação importante de 10% na AL, antiga construtora Lindemberg. O capital citado é inicial, pois pretendemos crescer mais R$ 100, depois passar para R$ 500 milhões e aumentar para R$ 1 bilhão muito rápido.

Financeiro Das áreas citadas, quais vocês consideram ter maior potencial de crescimento? Fernandes Acredito que infraestrutura e energia. Energia, pois acompanha a área de infra. Hoje já somos parceiros de Furnas, na Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, por meio de um fundo que criamos com o Santander. Somos parceiros da CCR aqui no metrô de São Paulo por meio da Montgomery Participações, que é controlada pelo Fundo Banif Primus Infraestrutura. E por isso eu digo que infraestrutura e energia são o nosso foco aqui, sem esquecer que o setor de energia está ligado à questão ambiental. Aqui as empresas fazem projetos que muitas vezes geram créditos setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 11


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de carbono, porque geram energia limpa e elas não sabem. O Brasil, então, é um mercado com esse tipo de demanda que podemos atender. Podem ser novos projetos limpos ou projetos que substituam os que não eram e que contribuem para melhorar o índice de poluição. A logística também, pois tudo isso precisa de transporte e o imobiliário, seja por meio da AL ou da Centauros. Financeiro Os grandes eventos esportivos interessam ao Banif ? Fernandes Temos interesse e temos experiência nesse setor. Na Copa em Portugal participamos da construção de vários estádios. O que acontece é que os estádios são feitos mais uma vez por meio de project finance. São infraestruturas de fato e existem entidades como a nossa que em principio são convidadas para fazer uma avaliação da viabilidade. A nossa experiência mostra que os estádios devem ser mais do que somente estádios, com mais espaços, escadas, devem ser uma casa de espetáculos e estar bem localizados. Hoje, quanto maior a flexibilidade que o projeto do estádio tiver, melhor. Temos uma experiência rica em Portugal. Junto à outra entidade fizemos uma pesquisa para analisar a viabilidade da construção do estádio e quais os clientes que esse local teria futuramente para rentabilizar essa construção. Pode ser que tenha lojas, um centro comercial, estacionamento pago para gerar uma receita adicional, venda de bilhetes, camarotes e outras coisas. Quanto mais flexibilidade, mais parceiros e, portanto, mais receita e agilidade para construir, melhor será um empreendimento como um estádio. Não basta construir o estádio, é preciso pensar em algo que seja rentável dentro de 30 ou 50 anos depois da conclusão da obra. Hoje para que se possa fazer é preciso olhar todos esses ângulos. Financeiro Já houve casos em que o Banif prestou esse serviço de project finance e manteve um equity? Fernandes Sim. Isso é um caminho que leva ao outro. Normalmente gostamos de ter uma participação. É normal que os bancos participem um pouco mais. Isso é muito bom porque mostra que fazemos aquilo que acreditamos. Participamos, às vezes, com 10% ou 15% de nosso próprio equity.

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Financeiro Por que venderam a corretora? Fernandes A venda da corretora ocorreu para encontrar um parceiro. Havia oito concorrentes e sobraram dois. Para nós é muito importante ter a Caixa Geral de Depósitos nessa parceria. Não nos importa ter menos capital se formos muito maiores. A corretora faz parte de um mercado muito competitivo e maduro. É preciso diferenciar o produto e, com o mercado aquecido, os profissionais estão mais caros, com toda a demanda surgem os grandes competidores e, por isso, para nós, apesar de termos ficado com 30% de nossa corretora e o CGD com 70%, acreditamos que era preciso. Agora, vamos continuar a ganhar mercado. Antes, a corretora tinha uma dimensão pequena e agora, certamente, será maior. O próprio asset também é pequeno. Temos R$ 800 milhões geridos o que para nós não é nada num País que é um mercado estratégico e que vamos crescer no banco de investimentos e no asset.


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Nossa meta é crescer rapidameNte e alcaNçar r$ 500 milhões em curtíssimo prazo – até o fiNal do aNo

Financeiro Como você acompanha o andamento do Banif Investment Bank pelo mundo? Fernandes Na Eslováquia, Polônia e Hungria estamos presentes por meio de um banco que adquirimos, que é o banco Plus. Como membro do board devo sempre visitar esses lugares e temos um local onde podemos fazer uma reunião. Em Buenos Aires, por exemplo, temos três representantes do Banif Investimentos pelo parceiro Prisma Investments. No México, também temos apoio que faz conosco juntamente pesquisas. Na Índia também temos. Na Europa pertencemos a uma associação de bancos, chamada European Banking Group. Nos Estados Unidos, em Miami e em Nova York, também estamos presentes. Financeiro O grupo começou numa pequena ilha em Portugal, há cerca de 20 anos. Na sua opinião, qual a razão desse crescimento relativamente rápido do Banif? Fernandes O mentor do grupo, Horácio Roque, faleceu há pouco tempo, em maio deste ano. Era meu amigo pessoal e quem me convidou a ser membro da equipe há dez anos. Tínhamos na empresa orgulho, admiração e respeito por ele, que era um grande empresário e banqueiro. Ele foi muito jovem para Angola onde fez uma fortuna no setor imobiliário. Era um homem do mundo e foi uma grande perda para nós. Ele deixou o grupo com uma equipe tão boa que o grupo conseguiu, apesar de uma perda dessa grandeza, continuar as operações e o desenvolvimento. Compramos uma companhia de seguros e o banco Mais, gerando a BanifMais. Passamos de € 600 milhões para € 1 bilhão. Isso significa que as pessoas estavam no lugar certo em suas posições de comando. Estou convicto de que poderemos continuar a obra dele. Ele deu uma coesão grande ao grupo. No Brasil, iremos continuar nossa atividade. Pretendemos crescer por meio de alguma aquisição. No mundo, abrimos um escritório em Hong Kong.

Financeiro Cite duas áreas prioritárias para aquisição aqui no Brasil? Fernandes Precisamos desenvolver o nosso asset, mas falando pelo grupo eu diria que também queremos crescer no banco de investimento. Poderíamos adquirir um banco comercial ou múltiplo. O que temos é uma holding imobiliária e estamos constituindo aqui uma holding financeira aqui, e vamos colocar os dois bancos, tanto o comercial quanto o de investimentos por baixo dessa holding que será a Banif Holding Brasil ou algo do tipo. Isso vai ser bom para nós, pois vamos publicar resultamos por aqui e nos apresentar de maneira mais firme ao mercado. O risco será vislumbrado de uma forma mais eficaz. Com capital maior, poderemos utilizar a holding para fazer aquisições. No Brasil queremos aproveitar as oportunidades do mercado e sabemos que há uma janela de grandes delas. Não temos ainda capacidade de aproveitá-las em sua plenitude. Por isso, devemos adquirir algo aqui no Brasil. Financeiro Com a holding, qual a meta de crescimento no Brasil? Fernandes Nossa meta é crescer rapidamente e alcançar R$ 500 milhões em curtíssimo prazo – até o final do ano. No próximo ano queremos dobrar para R$ 1 bilhão e no próximo dobrar novamente para R$ 2 bilhões. Entendemos que precisamos ter um porte maior para atender ao mercado. As empresas por aqui cresceram e hoje se faz um IPO de no mínimo R$ 500 milhões. As operações aumentaram por vias de desenvolvimento do País, as próprias empresas cresceram e os bancos devem seguir esse caminho. É natural que nos queremos fazer parte desse crescimento. Financeiro Há alguma aquisição em curso? Fernandes Não. Só estamos olhando atentamente o mercado. O mercado brasileiro é hoje porta de saída para a economia espanhola. O contrário também vale. Portugal e Espanha também são oportunidades para a economia brasileira. Temos de aproveitar essa ocasião que ocorre de cem em cem anos. A Europa está com preços baixos, por isso os empreendedores daqui devem olhar para aquele mercado também. Porque um dia as coisas vão valorizar por lá. f setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 13


notasmercado

CréDito imoBiliário

BNDES

Casa própria em alta

Desembolso atinge R$ 72,6 bi no ano

O financiamento imobiliário com recursos das cadernetas de poupança atingiu R$ 23,8 bilhões no primeiro semestre deste ano. É um crescimento de 77% e o melhor resultado da história. A informação é da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). O número de unidades financiadas subiu de 123,9 mil, nos primeiros seis meses de 2009, para 187,6 mil, de janeiro a junho deste ano. Em número de imóveis, representa um crescimento de 51,5%. Somente no mês foram financiados 40,8 mil imóveis.

Os desembolsos do BNDES atingiram R$ 72,6 bilhões nos primeiros sete meses deste ano. O anúncio foi feito pelo presidente da instituição Luciano Coutinho. Em relação aos sete primeiros meses de 2009, as liberações registram queda de 3%. A variação é explicada pelo efeito do empréstimo de R$ 25 bilhões concedido em 2009 à Petrobras, cujos desembolsos se encerraram em junho. A maior participação nos empréstimos coube ao setor de infraestrutura, com R$ 28,2 bilhões (39% do total). Em seguida está a indústria, com 33% e R$ 23,8 bilhões em liberações.

FiNaNçaS BriCS

Entre BRICs, Índia tem câmbio mais livre A crise econômica internacional expôs as diferenças na forma como Brasil, Rússia, Índia e China – os BRICS – conduzem a política de câmbio. Nos últimos dois anos, entre maio de 2008 e maio de 2010, a Índia foi o único entre esses países a a presentar um câmbio com pouca interferência do governo para promover a valorização ou a desvalorização da moeda. As informações estão na Nota Econômica intitulada Regimes Cambiais dos BRICs, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice médio de intervenção no câmbio da Índia foi de 0,048 ponto nos últimos 24 meses. No mesmo período, o do Brasil foi de 0,514 ponto, enquanto o da Rússia foi de 0,708 ponto e o da China foi de 0,886 ponto. O indicador varia de zero, quando a flutuação é totalmente livre, a um, quando o câmbio é fixo.

maiS rECurSoS

Caixa aumenta capital em R$ 2,5 bilhões A Caixa Econômica Federal expandirá a capacidade de crescimento dos negócios em, aproximadamente, R$ 50 bilhões, depois de receber aporte de R$ 2,5 bilhões do Tesouro Nacional. Com a capitalização, publicada no “Diário Oficial da União”, a carteira de crédito da instituição ganha potencial para dobrar nos próximos anos e alcançar os R$ 300 bilhões. A medida reflete o fortalecimento da estrutura de capital da empresa, iniciado com emissões dos instrumentos híbridos de capital e dívida em 2007 e 2009, nos valores de R$ 5,2 bilhões e R$ 6 bilhões, respectivamente. Os recursos permitirão à Caixa, principal agente de políticas públicas, atuar no crescimento da renda, do emprego e da atividade econômica.

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Para onde vai o dinheiro do brasileiro?

Os consumidores brasileiros não lembram como gastaram aproximadamente US$ 23 em dinheiro por semana, ou cerca de US$ 1.200 por ano. A informação é de estudo encomendado pela Visa e realizado pela Ipsos Mori. Os consumidores afirmam estar mais propensos a esquecer gastos relacionados a produtos alimentícios (43%) e compras relacionadas com lazer e/ou itens não essenciais (35%). Além disso, 50% dos consumidores brasileiros acreditam que parte das pequenas compras em dinheiro é difícil de controlar. A pesquisa foi realizada em três mercados da América Latina (Argentina, Brasil e México) e em 12 países.

ComérCio

Paulistano compra mais O primeiro semestre de vendas no comércio varejista da região metropolitana de São Paulo registrou aumento de 6,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados da Fecomercio. Os melhores desempenhos ocorreram por conta de eletrodomésticos e eletroeletrônicos (17,7%), vestuário, tecidos e calçados (11,7%) e farmácias e perfumarias (11,2%).


teCnologIa

Inovação

São Paulo é a cidade mais digital

Seguro no caixa automático

A informação é de estudo divulgado pela Motorola e engloba 150 cidades da América Latina, em 15 países da região. O motivo pelo qual a capital paulista ocupa a primeira posição da lista são os serviços prestados às pessoas pela internet e pelo compromisso com a inclusão digital. A pesquisa considerou fatores como infraestrutura, serviços e o uso de tecnologias digitais por empresas, instituições públicas e cidadãos. Das 25 cidades escolhidas, o México lidera com sete. Já o Chile teve seis cidades selecionadas como digitais, enquanto o Brasil, a Colômbia, o Peru e a Venezuela ficaram com duas, e o Uruguai com uma.

Cartões

CEF, Bradesco e BB juntos Após o anúncio feito em março por Bradesco e Banco do Brasil sobre a intenção de criar uma bandeira de cartões brasileira denominada Elo, recentemente mais um gigante financeiro entrou na jogada. Agora é a vez da Caixa Econômica Federal, dirigida por Maria Fernanda Ramos Coelho. A nova marca será focada inicialmente nas classes C, D e E. Somente a Caixa assiste mais de quatro milhões de famílias por meio do programa de incentivos do governo Bolsa Família e abre cerca de seis mil novas contas bancárias da classe C por dia. O primeiro plástico com a bandeira Elo deve ser emitido ainda este ano. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, ressalta que mais de cem milhões de brasileiros são clientes dessas três instituições, mas que o plástico poderá ser utilizado por qualquer pessoa, seja essa cliente ou não. O novo memorando de entendimento também prevê o compartilhamento dos terminais de autoatendimento (ATMs) e a participação igual de um terço das ações da Elo para cada um dos bancos.

O HSBC permitirá em breve que se contrate apólice de seguro de vida nos terminais de autoatendimento (ATMs). O banco já aproveita seus os canais de serviços e distribuição para oferecer apólices de seguros, pelos quais se pode contratar um título de capitalização ou um seguro de proteção ao crédito. O trabalho é feito para aumentar a eficiência nas vendas, alinhando o canal de distribuição de acordo com o produto. Na oferta de seguro para automóvel, por exemplo, o banco começou em abril deste ano um processo de migração das vendas das agências para um call center especializado. . InadImplênCIa

Cartões de crédito puxam alta O consumidor tem enfrentado dificuldades na hora de honrar seus compromissos. O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor registrou alta de 3,9% em julho na relação ao mesmo mês do ano passado. A elevação representa a terceira alta consecutiva. Segundo os economistas da Serasa, além das compras feitas nas datas comemorativas em maio e junho e as constantes promoções do varejo, com prazos mais alongados para diluir a elevação dos juros, o consumidor também carrega dívidas desde março, quando aproveitou a redução do IPI para comprar veículos e eletrodomésticos da linha branca. As dívidas com os cartões de crédito foram as principais responsáveis pelo crescimento (com alta de 4,4%), contribuindo 1,4% no resultado total.

Internet

Santander lança canal no Youtube Já está no ar, o canal do banco Santander Brasil no Youtube: www.youtube.com/santanderbrasil. O espaço irá reunir, além de filmes institucionais e comerciais de TV, notícias sobre a unificação das marcas Santander/ Real, cursos de sustentabilidade e filmes sobre orientação financeira. O novo canal é uma extensão do relacionamento e diálogo que a instituição estabelece com seus clientes, compartilhando ideias, resultados e conhecimento. O canal ainda traz links das redes sociais Twitter e Formspring.

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livros

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A mente de um líder

O que move o jovem presidente dos Estados Unidos Barack Obama? Essa é a questão central que o autor da obra, Sasha Abramsky, se dispõe a responder. Como Obama enfrenta problemas? Que ideias e teorias compõem seu pensamento político? Como ele se comunica com amigos e adversários? O jornalista entrevistou mais de cem pessoas, entre amigos antigos e atuais de Obama, professores, companheiros de ativismo em Chicago e outros para descobrir o que se passa na mente do presidente. Livro “A Cabeça de Obama” Autor Sasha Abramsky Editora Agir Negócios Páginas 264 Preço sugerido R$ 34,90

Lições de um bilionário

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Próximo ao colapso

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A obra de Henry Paulson, ex-secretário do Tesouro Nacional americano, expõe os bastidores da crise econômica que abalou o mundo. O olhar é de quem viveu os piores momentos na história financeira dos EUA. Paulson descreve de maneira detalhada fatos em que a análise pode trazer lições importantes para a política econômica, mesmo para quem discorda das decisões tomadas pelos agentes envolvidos. O ex-secretário narra até mesmo, como em um desabafo, os próprios erros. Ele previu, por exemplo, a possibilidade de uma crise cíclica e mesmo assim deixou de mencionar os riscos das hipotecas imobiliárias no país. Livro “À Beira do Abismo Financeiro” Autor Henry Paulson Editora Campus-Elsevier Páginas 456 Preço sugerido R$ 89,90

O magnata americano Warren Buffett, dono da terceira maior fortuna do mundo em 2010, foi aluno e usou as teorias do “pai da análise financeira moderna” (Benjamin Graham) para acumular U$ 47 bilhões. A obra trata da revolução na filosofia do investimento provocada pelas ideias de Graham, ao criar o conceito de análise de segurança que minimiza os riscos do investidor, e a teoria conhecida como “investimento em valor”, que prevê a identificação de ações potencialmente rentáveis, mas com preços depreciados no mercado. Anos após a sua morte, em 1976, as ideias de Graham continuam atuais e ele ainda é constantemente citado pelo multibilionário. Livro “Benjamin Graham – Lições de Investimento do Mentor de Warren Buffett” Autora Janet Lowe Editora Gente Páginas 296 Preço sugerido R$ 79,90


Uma das maiores fabricantes de motos do mundo com fábrica no Brasil.

Fábrica Em Manaus

A Moto Traxx da Amazônia instalou-se no Brasil há 6 anos trazendo a tecnologia do China Jialing Group, um dos maiores e mais famosos fabricantes de motocicletas da China, administrado pelo China South Industry Corporation Group (CSICG). Para dominar o mercado doméstico de motocicletas o Jialing Group mantém as seguintes fábricas na China: Chongqing Headquarter Factory, Chongqing Jiapeng Factory, Guangdong Jialing Factory, Shanghai Jialing Factory e Henan Jialing Factory. Juntas, as fábricas da China podem produzir até 2 milhões de unidades. Até hoje, a Jialing comercializou cerca de 18 milhões de motocicletas. Fora da China a Jialing tem fábricas na Indonésia, Estados Unidos e Brasil, onde as motos são produzidas com a tecnologia da Jialing e comercializadas com a marca Traxx. Em território brasileiro, a Traxx – inicialmente - investiu em pesquisas e análises de mercado e desenvolveu estratégias que atendam aos anseios do público brasileiro. Essas pesquisas resultaram na criação de uma linha de montagem de produtos exclusivos para o mercado nacional.

Sede Administrativa Em Fortaleza

A Traxx mantém sua sede administrativa e pós-vendas em Fortaleza e escritório em São Paulo. A fábrica foi inaugurada em dezembro de 2007 em Manaus, e em pouco tempo será o polo de exportação de motos para o Mercosul. A unidade conta com duas linhas de produção. A linha de motores possui diversos pontos de inspeção, em que são feitas medições com equipamentos certificados, de acordo com os mais rígidos padrões internacionais e a linha de montagem de motos foi especialmente dimensionada para a produção de 100 mil motos por ano. E isto é só o inicio. Com 8 modelos sendo comercializados no país, a Traxx já é líder no segmento das 50 cilindradas e estará lançando modelos exclusivos em 2010, que priorizam um baixo custo de comercialização e manutenção aliados a excelente qualidade de quem fabrica motocicletas a mais de 30 anos. Em outras palavras, a Traxx é garantia de um excelente investimento em um dos segmentos mais promissores do mercado nacional. Entre em contato com a Traxx Motos e venha conhecer de perto a marca que vai revolucionar o mercado de motocicletas no Brasil.

Traxx, uma empresa do China South Group, um dos maiores fabricantes de motocicletas do mundo.

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País se tornou um local indispensável para as estratégias de crescimento dos bancos internacionais

Brasil oportuno Por Juliana Jadon

O Brasil é hoje um enorme ímã de capital. Gigantesco. A exploração de petróleo na camada do pré-sal na costa fluminense, as obras para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 atraem os olhares e os bolsos dos dirigentes das instituições financeiras internacionais. Somente a preparação para a Copa do Mundo irá exigir cerca de R$ 100 bilhões em investimentos. Sem contar os R$ 35 bilhões previstos para o trem de alta velocidade. Os dados foram levantados pela consultoria Deloitte e o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). Se fosse só isso, já seria suficiente para seduzir os investimentos e os olhares do sistema financeiro do mundo inteiro. Mas há mais. O Brasil está a caminho de se tornar na próxima década um dos mercados mais atrativos do mundo e alcançar um crescimento sustentável do PIB acima de 5% ao ano. A informação é de estudo sobre o Brasil, patrocinado pelo HSBC e feito pela Economist Intelligence Unit, braço de pesquisas da revista “The Economist”. No HSBC, no qual Helio Duarte é diretor-executivo, a previsão é de um crescimento de 7,2% do PIB em 2010. De acordo Duarte, que também pre-

side a Associação Brasileira de Bancos Internacionais (ABBI), os bancos de capital estrangeiro veem neste momento oportunidades para o crescimento de seus negócios no Brasil. “O Brasil é um dos países emergentes mais importantes para as estratégias globais dessas instituições”, aponta. O economista Paulo Rabello de Castro reforça: “Qualquer banco que queira fazer negócios não pode deixar de estar aqui.” Independentemente da opinião do mercado, que aponta os extremos sorte ou capacidade, e até a mistura dos dois, o Brasil se sobressaiu na última e na atual crise financeira mundial sendo um dos únicos locais nos quais as instituições financeiras estrangeiras puderam continuar a crescer. E mais, o País é hoje o porto seguro para muitas instituições que buscavam emergir de um oceano de incertezas e respirar. Em vista disso, Duarte avalia o setor financeiro brasileiro como um dos mais sólidos do mundo, devido também ao equilíbrio entre bancos públicos, privados de capital nacional e de capital estrangeiro. Para ele, foi essa estrutura que permitiu ao País passar pela turbulência causada pela crise econômica munsetembro/outubro 2010 FINANCEIRO 19


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dial deflagrada pela quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008. A estrutura do sistema financeiro era propícia à adoção de medidas anticíclicas pelo governo. Entretanto o

Pequenos empreendedores O mexicano banco Azteca quer como clientes a classe mais carente. Diferentemente da maioria das instituições de capital estrangeiro que atuam no Brasil – focada no segmento corporate e em grandes operações de fusões e aquisições – o Azteca veio para cá com uma meta: conceder crédito para a baixa renda do País. E, para isso, não é preciso que o possível cliente comprove nem mesmo sua renda mensal. Com apenas R$ 5 qualquer um abre uma conta e, com mais cem, investe em CDB. Com o público principal da instituição sendo vendedores ambulantes e trabalhadores informais, o modelo de aprovação de crédito é baseado na visita na casa do cliente. Um funcionário do banco, denominado chefe de crédito e cobrança, agenda a visita ou bate na porta das casas das regiões periféricas do Nordeste para oferecer o benéfico. Ele avalia as condições de vida, quantas pessoas e dependentes há na família e quanto o interessado ganha, em média, mensalmente. Esse processo é o mesmo em todos os países em que a instituição está presente. O banco Azteca nasceu, em outubro de 2002, a partir da oportunidade gerada pela baixa bancarização do México e está orientado para o público de menor renda – cerca de 70% da população que não é atendida pelos bancos tradicionais. Faz parte do grupo mexicano Salinas, que conta com TV Azteca, Iusacell, Unefon, Salinas y Rocha e Elektra, entre outras. Como a terceira maior rede bancária do México, conta com mais de 1.400 filiais e cerca de 15 milhões de clientes. No Brasil, a primeira e única agência se estabeleceu em 2008 na capital de Pernambuco (Recife). Aqui o padrão de negócios deveria ser o mesmo e, para conhecê-lo, o presidente da instituição no País, José Francisco Cordeiro, visitou agências e foi até as casas de clientes no México e no Peru – onde se concentra a segunda maior fatia de clientes da instituição. O banco possui, além dessa agência, 16 correspondentes instalados em cada uma das lojas Elektra, rede de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, e cerca de 500 funcionários. O cartão Azteca possui 28 mil usuários ativos e contempla um ticket médio de R$ 400. É possível abrir uma conta no banco com apenas R$ 5 e ainda investir em CDB a partir de R$ 100. A atuação é pequena, mas tem muito a crescer. Já autorizada pelos dirigentes mexicanos, a subsidiária brasileira vai investir cerca de US$ 16 milhões na expansão da rede num projeto que deverá ser concluído em 2011. Serão cerca de 25 novos pontos de vendas. Neste ano, seis novos locais terão, no mínimo, um atendente do banco. “A idéia é que o crescimento acompanhe a rede varejista Elektra no País e que o banco se estabaleça em outras regiões, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas”, almeja José Francisco.

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País não teria alçado vôo rumo à retomada do crescimento sem a firme condução da política monetária pelo Banco Central. O diretor do MBA da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Tarcisio Bierrenbach concorda: “Temos um sistema financeiro que funciona muito bem regulado pelo Banco Central do Brasil. O resultado dessa eficiência se percebe de cara.” Para Bierrenbach, o mercado financeiro nacional é mais regulado, mais cuidadoso e mais seguro do que em muitos países. Quando um banco de fora chega aqui encontra profissionais capacitados para dar o apoio necessário nesse âmbito. Dessa maneira, a discrepância da regulação do sistema financeiro entre países não se torna um obstáculo. “Nosso mercado, bem regulado pelo Banco Central, estimula os bancos a crescerem. Os bancos de capital estrangeiro veem no País a possibilidade de dar o retorno esperado ao acionista”, ressalta. Setores em expansão Atualmente, parece que tudo dá certo na nação verde e amarela. Os setores relacionados ao consumo doméstico seguem favorecidos; a renda real cresce 3,5% ao ano, em média, desde 2006. Além disso, o aumento do trabalho formal com carteira assinada facilita a bancarização e o acesso ao crédito, com efeitos multiplicadores do consumo. E isso faz os olhos dos gestores globais mirarem o País. Como exemplo, Duarte lembra que o plano estratégico do HSBC, apresentado há dois anos, elegeu três regiões como prioritárias para alcançar 60% de seus resultados nos países emergentes. Na Ásia os destaques são China e Oriente Médio e na América Latina o principal mercado-alvo é exatamente o Brasil. Duarte também aposta que o setor imobiliário será beneficiado pelas tendências demográficas, com a população jovem em transição para adulta. Em 2030, cerca de 125 milhões de pessoas estarão na faixa de 20 a 60 anos, em comparação com 108 milhões deste ano. Isso significa que não só a renda média do brasileiro melhora, como vai haver uma população significativamente maior para consumir.



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Os setores exportadores de commodities também devem seguir em franca expansão, seja pela competitividade do Brasil, seja pela tendência de alguma depreciação do câmbio, que, os economistas acreditam, se estabelecerá a partir de 2011. Não há nuvens no céu. Descoberta do País Dessa vez não foi de caravelas que eles chegaram. Entretanto mais uma vez os portugueses descobrem que investir por aqui é lucrar. Exemplo disso o leitor encontra na entrevista de capa com o presidente do Banif Investment Bank, nesta edição da Financeiro. Outros portugueses também encontram no solo brasileiro uma terra fértil e cheia de riquezas e consolidaram suas instituições financeiras e bancos de investimento. Foram ambiciosos e quiseram conquistar somente as grandes companhias como clientes. Para isso, se especializaram em áreas como fusões e aquisições e ‘‘project financial’’. Ricardo Espírito Santo, atual presidente do Espírito Santo Investment Bank Brasil foi um deles. Em 1980, o jovem Espírito Santo se formava numa faculdade por22 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

tuguesa e vinha ao Brasil para ficar próximo ao tutor e encontrar um emprego. Por aqui trabalhou em bancos como Mercantil e Bank of América para, somente anos depois, ingressar no negócio da família. O banco teve como sócios outros gringos controladores dos bancos JPMorgan e do francês Credit Agricóle. Em 97, surgiram oportunidades de crescer no Brasil com as privatizações e o Interatlântico se fundiu com o banco Boa Vista. Veio a crise da Ásia; em 98, a da Rússia; em 99, a do Brasil. O banco precisava de mais capital. Além disso, os gestores acreditavam que o banco era muito pequeno para o potencial de crescimento que vislumbravam no Brasil. Eram duas opções, ou Ricardo e a família colocavam dinheiro na instituição ou desistiam. Os outros acionistas deixaram a aliança e seguiram o seu próprio caminho. Mas Espírito Santo e a família não queriam jogar fora os anos de relacionamento com o mercado nacional que haviam conquistado. O banco passou a ter assim o nome da família. Na época ele e os acionistas do Banco Espírito Santo (BES) no Brasil conversaram com dirigentes do Bradesco,

Helio Duarte, do HSBC, plano global de crescimento elegeu o País com um dos principais


como Lázaro Brandão e Mario Teixeira. Eles toparam e compraram 20% das ações do BES. Como pagamento, Espírito Santo recebeu 8,2% das ações ordinárias do Bradesco. Naquela época o banco possuía somente R$ 50 milhões em capital. “Como não queríamos sair do Brasil, vendemos o banco Boa Vista para o Bradesco por troca de ações do banco. Mantivemos essa participação e até aumentamos”, conta. “Tanto que o Bradesco é hoje o nosso banco de varejo parceiro em todas as operações.” Agora, no Brasil, entre banco, corretora e gestora de recursos (asset) 200 pessoas compõem o Espírito Santo Investment Bank. Todo ano entram dez ou 15 pessoas a mais para o time. Espírito Santo chega ao escritório do banco, num dos andares de um edifício comercial na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, entre 8 e 8h30 da manhã. Suas atividades terminam cerca de 12 horas depois, às 8 horas da noite. Almoça praticamente todos os dias com clientes ou possíveis clientes. Outro grupo português que se estabeleceu por aqui foi o Caixa Geral de Depósitos, chamado no Brasil de banco Caixa Geral. Em Portugal, o Banco Caixa Geral de Depósitos é o maior grupo financeiro existente. Atua em quase todos os setores da economia, com uma estrutura semelhante a Caixa Econômica Federal, pois é do Estado. A diferença é que lá não é preciso, por exemplo, prestar concurso público para trabalhar na instituição. Presente em 24 países, se estabeleceu no Brasil no ano passado exatamente pelas oportunidades que surgem nos setores acima citados. Em seus primeiros oito meses de operação, o português faturou R$ 40 milhões. Agora, um espaço na Rua Joaquim Floriano, em São Paulo é o ponto de encontro de Diogo Castro, diretor da instituição, com os clientes. Eles são dirigentes de grandes empresas e construtoras nacionais, além de companhias

da Península Ibérica com interesses comerciais no Brasil e grupos brasileiros com negócios na Europa, nos Estados Unidos, na África e no extremo Oriente. Atua como banco de investimento, corporate e tesouraria. A ideia é estabelecer uma unidade do Caixa Geral também no Rio de Janeiro para não ficar por fora das oportunidades que surgem no setor petrolífero e na exploração da camada do pré-sal. No ano passado em nove meses de atividade, o Caixa lucrou R$ 40 milhões. Já para Ricardo Espírito Santo, do BES, o mundo ficou pequeno. No acumulado deste ano até o início de agosto, Espírito Santo esteve duas vezes em Angola, quatro nos Estados Unidos, seis vezes em Portugal. Como acionista, fica cerca de dois dias fora para acompanhar o desempenho do grupo do mundo. Ele sabe de cor cada detalhe do plano de expansão global e conta que a ideia

Diogo Castro, do Caixa Geral, aposta em investimentos, corporate e tesouraria

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especialbancosestrangeiros é abrir mais uma agência na Venezuela, onde mais de 500 mil portugueses residem na Ilha da Madeira. “O grupo estuda negócios na Argélia, possui 40% de um banco na Líbia e um private banking em Dubai. A meta é conquistar mercado também na China Continental e na Índia”, diz. Em terra firme Apesar de terem se especializado, a área de fusões e aquisições traz desafios para Espírito Santo e para Diogo Castro. Se uma empresa quer se vender, por exemplo, mas o valor está muito acima do que o interessado em comprar espera, Espírito Santo conversa com ambas as partes para que cheguem num acordo ou busca outras possibilidades. Mas, às vezes, se depara com negócios em que não é uma questão de utilizar artimanhas para convencer. Há operações que esbarram além de valores, em entrada no mercado, posicionamento estratégico, sinergias que aquele negócio pode criar. “O meu principal desafio é trazer os negócios para o banco e num segundo momento, fazer com que dê certo”, aposta Espírito Santo.

O espanhol Ele é o maior grupo bancário estrangeiro no Brasil. Somente no primeiro semestre do ano, o Grupo Santander, maior instituição financeira da Espanha, cresceu cerca de 34,7% no Brasil. Devido a isso, o lucro total do banco atingiu US$ 2,81 bilhões no período na América Latina, 19,6% a mais que no mesmo período de 2009, graças, principalmente, ao crescimento de 34,7% no Brasil. Em junho, o banco comunicou ao mercado a construção de um polo de tecnológico na cidade de Campinas (SP). O projeto prevê um investimento no valor de R$ 450 milhões, que será realizado ao longo de sua construção com término previsto para o primeiro trimestre de 2012. “A construção está alinhada com as práticas de sustentabilidade do banco e reflete a estratégia de expansão dos negócios”, aponta relatório. A meta do Santander é ser o melhor banco no Brasil em termos de lucratividade e reconhecimento de marca, conquistando a satisfação dos clientes, acionistas e funcionários. Os dirigentes da instituição acreditam que podem alcançar essas metas por meio das seguintes estratégias: Melhoria de eficiência por meio de sinergias e implementação das melhores práticas no processo de integração. Expansão da oferta de produtos e canais de distribuição no banco comercial. Capitalização da posição de mercado do banco no negócio de atacado. Desenvolvimento de uma plataforma de negócios transparente e sustentável.

24 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

A aposta do momento é o “project financial” – projeto de longo prazo que precisa de uma estruturação adequada e no qual as garantias são dadas pelos próprios ativos. Os outros bancos portugueses como o Banif (na matéria de capa) e o Caixa Geral também tentam conquistar mercado para esse tipo de serviço. Exemplo disso é a construção de portos e estradas, onde o BES concede a assessoria necessária ao projeto até o final da construção. No ano passado, o Caixa Geral, por meio desse serviço, estruturou o projeto do Rodoanel Oeste e outros e já possui como clientes grandes empresas de infraestrutura, como o Grupo Camargo Corrêa e o Grupo Votorantim. A corretora do BES também está crescendo. Está em 30º lugar no País, mas já esteve 50º. Na Espanha está entre as três primeiras. Já o Caixa Geral comprou 70% da corretora Banif no Brasil e o Banif vê o Caixa Geral como um parceiro estratégico. Hoje, o total de ativos do banco de Ricardo no Brasil ultrapassa R$ 500 milhões – valor dez vezes maior do que no início. O Bradesco comprou também 6% do Espírito Santo em Portugal, além de ter anunciado recentemente uma parceria com o grupo para efetuar negócios em países africanos. O banco de investimento no Brasil representou cerca de 10% do resultado global. No Brasil estão também 50% dos clientes do BES Investments. Espírito Santo também representa o BES nas reuniões de conselho no Brasil. Além do banco, o grupo possui hotel, empresa de incorporação imobiliária, participações no Grupo Monteiro Aranha, na empresa BHG, na BradesPar e na ERB – empresa de bioenergia em conjunto com a CaixaPar. O executivo considera Portugal um mercado pequeno e que satura rapidamente. Já os países africanos onde desenvolvem atividades são importantes, mas crescem devagar e isso coloca o Brasil como um dos principais mercados para o banco. Para os portugueses, terras a conquistar não vão faltar. País da vez No HSBC, Duarte julga que ainda há muito a fazer por aqui. As especialidades do banco são as operações de câmbio e comércio exterior e há também uma participação em operações de mercados de capitais – nas ofertas



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de abertura de capital (as IPOs) e nas fusões e aquisições. Duarte também quer participar mais fortemente do financiamento do comércio exterior brasileiro e oferecer linhas de crédito para a expansão das empresas e dos negócios no mercado interno. Ele conta que atividades dos bancos internacionais já recuperaram o ritmo de expansão pré-crise. Isso porque as características estruturais da economia –fechada e pouco alavancada – ajudaram a atenuar o impacto inicial da crise. Ultrapassado o pior momento, a recuperação que ocorre desde o segundo trimestre de 2009 é consistente e conheceu seu ápice no inicio de 2010. Duarte acredita que, com a retirada de boa parte dos estímulos, a economia tende a se estabilizar em patamar de crescimento por volta de 5% a partir de 2011, assim como no estudo apresentado no início desta matéria. É evidente que as oportunidades são muitas no Brasil, e os dirigentes dos bancos participantes dessa matéria já decidiram em que apostar. Agora, cabe aos líderes das outras instituições internacionais escolherem quais os setores que querem explorar. Mas, para isso, será preciso conhecer o mercado brasileiro.

Ricardo Espírito Santo, do Espírito Santo Investment Bank, 50% dos clientes estão no Brasil

entrevista Paulo Rabello de Castro

Economia do povo Diferentemente das principais agências de classificação de risco internacionais, como Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s, a SR Rating não atribui ao Brasil o mérito de “Grau de Investimento”. Para o fundador e presidente da primeira agência brasileira que atua no contexto, Paulo Rabello de Castro, o Brasil ainda precisa subir um degrau. Nos anos 60, a desigualdade social era o centro dos debates e das rodinhas estudantis, inclusive, das conversas de Rabello. Para aquele garoto, com apenas 13 anos, parecia simples demais atribuir toda culpa aos ricos e isso o fez se interessar pela economia e estudar e pesquisar o tema. Atualmente, em parceria com o economista Raul Velloso, ele propaga o Movimento Brasil Eficiente (MBE). Um estudo efetuado pelos dois indica que a carga tributária pode ser 26 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

reduzida, em dez anos, de 40% para 30% do PIB brasileiro. Isso, se o governo seguir os caminhos apontados na análise. A proposta garante o crescimento sustentado da economia na média de 6% ao ano, sem ameaçar o controle da inflação. Para ele, o País deveria democratizar o capital e, inclusive, a Bolsa de Valores. Acompanhe entrevista exclusiva com ele: Financeiro A sua agência, a SR Rating, ainda não classifica o Brasil como “Grau de Investimento”, posição que já foi alcançada pelo País na avaliação de outras agências, como Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s. Por quê? Paulo Rabello de Castro Classificamos o Brasil um grau abaixo do “investment grade” não porque não tenha reservas razoavelmente volumosas e uma redução da sua


vulnerabilidade externa. Não, isso tudo correu bem por aqui. Mas, o País não pratica uma política de taxa de juros que seja amigável em relação aos encargos financeiros do Brasil. E essa política de juros sobrecarrega toda a estrutura financeira doméstica, aumentando a vulnerabilidade caso o Brasil tenha um solavanco decorrente do agravamento da situação econômica mundial. Financeiro Qual a saída para resolver esse problema? Rabello Uma reestruturação fiscal mais corajosa do que a que é empreendida. Com isso, reconhecemos o que é feito. Mas não é o bastante para atingir uma etapa de consolidação própria de um país do grau de investimento, porque a caracterização própria dessa classificação é a baixa vulnerabilidade a solavancos externos. O Brasil, por acaso, demonstrou que tem uma estrutura de defesa. E isso foi evidenciado em 2009. Mas o teste ácido dessa resistência só ocorreria se o preço das commodities tivesse ido lá para baixo; o que não aconteceu. As agências americanas têm

uma tendência a interagir com a opinião do mercado e nós buscamos, às vezes, se proteger dessa ideia momentânea com absoluta independência e com uma visão de longo prazo, olhando os cenários mais adversos e não apenas repetir a moda. Se olharmos as empresas que caíram, o grave problema delas foi repetir mais do mesmo. E não só a área soberana – em que deram notas altíssimas para países europeus que hoje estão quase quebrados. A SR Rating foi a primeira agência classificadora de risco a, por exemplo, atribuir um nível BB, em 2004. Nesse momento a nossa nota era mais elevada do que a das estrangeiras. Na área financeira e hipotecária, o que tem de rating AAA sendo degradado, não é preciso nem falar.

Paulo Rabello, da SR Rating, “Brasil serve como um amparo para os bancos internacionais”

Financeiro Como o País se coloca como um mercado oportuno para os bancos internacionais? Rabello Os bancos internacionais precisam rentabilizar o conjunto de suas operações para reviver o seu valor de mercado que desandou e, em muitos casos, se arrasta no chão. setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 27


especialbancosestrangeiros O Brasil serve como um amparo para eles nesse âmbito. De modo geral não há notícias de subsidiárias de bancos estrangeiros que foram atingidas pelas últimas crises. Financeiro Como o Brasil poderia crescer de maneira madura? Rabello Nós estamos fazendo hoje propaganda de um estudo denominado “Movimento Brasil Eficiente” (MBE), que tem como núcleo um estudo feito por mim e pelo economista Raul Velloso, dedicado ao diagnóstico fiscal brasileiro com uma proposta de ação. Ou seja, um diagnóstico e uma proposição muito prática para atacar a isenção fiscal dos dois lados: das receitas e da despesa corrente. Se fizer essa abordagem mútua, o Brasil pode emergir como uma das nações mais importantes do mundo – já o é politicamente – mas pode ser economicamente em 20 anos. Seria possível, assim, ganhar uma projeção capaz de deslocar o PIB brasileiro dos atuais R$ 3,4 trilhões para cerca de R$ 10 trilhões. Seriam praticamente dois Brasis a mais. Nessa de todo mundo fazer mais do mesmo, o Brasil vai crescer também, mas vai parar no meio do caminho. Esse projeto preza pela transparência dos impostos. Achamos que essa é uma maneira de introduzir a cidadania por meio do âmbito tributário. O MBE reúne representantes da sociedade civil brasileira e mais de 70 entidades de diversos setores da economia, que respondem por quase 90% do PIB. Financeiro Quais serão os principais desafios do Brasil nos próximos anos? Rabello Além da condução da política fiscal, uma educação eficiente supera todos os demais. Estamos na era do conhecimento e não há notícias de um país cujo povo seja despreparado do ponto de vista de conhecimento e que tenha destaque, por mais que possuia riquezas naturais. A olimpíada nesse caso é da matemática, da leitura e não do futebol. Em segundo lugar, o Brasil tem o desafio de democratizar o capital. Isso significa abrir o mercado de capitais ao grande público por meio de um sistema de fundos de pensão que complemente a previdência social brasileira, mas não só para os 2,5 milhões de pessoas que participam do sistema de fundos atual. Essas já são, digamos, privilegiadas dentro de um universo de carentes. O Brasil hoje ainda está 28 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

na fase de defender a renda básica via Bolsa Família. Então, muita gente não pensa no passo seguinte. Mas esse passo seguinte é o que viabilizará a taxa de poupança necessária para dar o salto no PIB nos próximos 20 anos. É preciso democratizar o capital no percurso do crescimento. Não queremos que esses R$ 10 trilhões estejam somente na mão de milionários. Democratizar o capital é tornar diversas parcelas da população totalmente viáveis. Financeiro Uma pesquisa do Ipea destaca a desigualdade territorial na geração de riqueza do País. Um número reduzido de municípios responde pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. É possível aliar crescimento a desenvolvimento? Rabello Sim. Mas o conceito de desenvolvimento passa por quatro portas de acesso, conforme defendo no Instituto Atlântico – entidade sem fins lucrativos que presido e que hoje ajuda a coordenar o Movimento Brasil Eficiente. A primeira é a porta de acesso via propriedade dos imóveis, com a democratização da casa própria, não só com o programa do governo em parceria com a Caixa Econômica Federal “Minha Casa, Minha Vida”, mas também com a democratização das propriedades irregulares. Para isso, fazemos um trabalho na comunidade Canta Galo, no Rio de Janeiro, e estamos próximos a obter do Estado o título da propriedade para mais de mil famílias que lá residem. A segunda porta é o acesso ao capital na Bolsa e em outras formas de títulos. A terceira é ao conhecimento. E a quarta e última é utilizar a biodiversidade para uma economia de baixa emissão de carbono. Estamos longe disso, mas é fundamental, pois significa ter o acesso a continuidade planetária. Financeiro Quais as suas metas? Rabello Considero-me um bem-sucedido profissional e isso já me preenche, acrescentado a uma família especial. Isso me abre espaço para me dedicar mais as grandes causas da juventude, plantadas desde o colégio. Por isso me dedico ao Movimento Brasil Eficiente e entidades como o Instituto Atlântico e o Instituto Maria Stella, que atua na luta por uma educação melhor. Muitos colegas daquela época e que hoje concorrem a cargos no governo aparentemente pensam diferente e talvez por isso tenham mais destaque e poder. Mas eu busco estar mais perto da sociedade. Prefiro Brasil a Brasília. f



meiosdepagamento

Vitrine virtual Por Juliana Jadon

Promoção imperdível: TV de plasma de 52 polegadas a R$ 4 mil. Era a primeira vez que o internauta acessava aquele site, mas uma oferta daquelas não se despreza. Informou os dados solicitados, inclusive a senha do cartão de crédito. Pagamento à vista, algo perdoável considerando o superdesconto. A entrega seria efetuada em até sete dias úteis. Dez dias depois, nada de a televisão chegar. Mais um a cair no conto do vigário eletrônico. Quem a relata a história já comum no comércio eletrônico é Wanderson Castilho, especialista em crimes digitais e detetive virtual. Nesses casos, o dinheiro é embolsado por aqueles que especialistas em crimes virtuais chamam de “fantasma”. Eles assombram a internet. Comprar em lojas on-line pode ser um medo constante para muita gente. O risco é justamente esse: pagar e 30 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

nunca receber. Segundo Castilho, são dois os principais receios dos internautas. Primeiro o produto não chega como prometido. Segundo o risco de abrir dados pessoais e financeiros. A empresa de segurança Symantec aponta o Brasil em terceiro lugar na lista de países com atividades “malévolas” na internet, como spam, tentativas de trapaça on-line e outros tipos de crimes virtuais. E isso abre as portas para um mercado potencial para as provedoras de plataformas de pagamento seguro. No caso das plataformas Pagamento Seguro (do Uol) e Mercado Pago, por exemplo, nenhum dado confidencial do comprador pode ser visto por quem vendeu. Esse receio não é gratuito. A Polícia Federal estima que os golpes na web somam um rombo de R$ 500 milhões por ano. O número de fraudes na internet cresceu 6,5% no País entre

Foto: Douglas Luccena

Plataformas on-line disputam mercado do comércio eletrônico brasileiro de olho na expansão do consumo


2004 e 2009, de acordo com o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil. Castilho mesmo solucionou mais de 500 crimes virtuais, dentre eles 60 são financeiros. Isso não ocorre com internautas mais cautelosos como o designer Pedro Fontana. Sentado no chão do jardim de casa, rodeado de plantas e com o notebook sobre as pernas cruzadas, ele compra no eBay, maior shopping virtual do mundo. Busca mensalmente equipamentos para seu trabalho que não encontra no País. Na Amazon, outra loja virtual dos Estados Unidos, adquire livros usados com 10% de desconto. No Mercado Livre, portal de comércio eletrônico nacional, também barganha artigos. Tudo isso com a segurança de que os produtos vão chegar conforme o acordado com o vendedor. Caso contrário, ele não precisará pagar a conta ou terá seu dinheiro de volta, pois utilizou nas compras uma das plataformas de pagamento seguro. Em aquisições fora do País, Pedro utiliza a plataforma de pagamento seguro Paypal e no Brasil o Mercado Pago. Ele faz parte dos 17,6 milhões de internautas brasileiros que compraram produtos pelo canal on-line em 2009 e representam 26% dos navegantes virtuais do País. É essa fatia de consumidores que as grandes empresas que processam os pagamentos eletrônicos na internet querem como clientes e os lojistas virtuais também. No ano passado, o comércio eletrônico no Brasil alcançou faturamento de R$ 10,6 bilhões, um crescimento de 30% ante os R$ 8,2 bilhões de 2008. O resultado faz parte do relatório “WebShoppers”, realizado pela empresa especializada em informações de e-commerce e-bit. De acordo com a pesquisa, o principal fator que contribuiu para esse crescimento é exatamente a maior confiança dos consumidores em adquirirem produtos on-line. O Índice de Confiança aponta que 86,3% das pessoas que fizeram compras pela rede durante o ano de 2009 sentiram-se satisfeitas. Neste ano, a previsão é ainda maior e aponta que cerca de 23 milhões de brasileiros comprem pelo canal. A primeira experiência de compra de Pedro na internet foi no lançamento do eBay, em 1995. Na época, para não correr o risco de pagar por algo que não chegasse em casa,

optou pelo cartão de crédito, conciliando a data da entrega do produto para antes da do pagamento. Ele fez exatamente o que Castilho aconselha para quem ainda hoje não usa plataformas de pagamento seguro nas compras pela internet, seja pelo custo do uso ou por falta de costume. Assim, se o produto não chegar no prazo certo ou conforme o acordado, é possível cancelar o pagamento.

Pedro Fontana, designer, compra mensalmente em lojas na internet

Compras seguras

Se internautas brasileiros como Pedro se sentem seguros em comprar na web, parte dessa confiança foi proporcionada pelas plataformas de pagamento seguro, disponibilizadas setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 31


Marcelo Coelho, do Mercado Pago, no ano passado, foram realizados mais de 3,1 milhões de transações por meio da plataforma

pelas lojas. No ano passado, foram realizadas mais de 3,1 milhões de transações no Mercado Pago, movimentando um volume superior a US$ 383 milhões, cerca de 15% da movimentação total de pagamentos do Mercado Livre no ano. Para Marcelo Coelho, diretor do Mercado Pago no Brasil, o crescimento do número de transações processadas pela empresa é orgânico e acompanha a alta na demanda pelo comércio eletrônico nacional. Só no primeiro semestre deste ano o volume de transações processadas via Mercado Pago cresceu 132,9%. No ano passado foram cerca de 29,5 milhões de itens vendidos para pessoas como Pedro por essa vitrine virtual, uma alta de 39% sobre 2008. A taxa de crescimento no volume de produtos comercializados é quase o dobro da apresentada no ano anterior. Em abril deste ano, o Mercado Pago soltou as amarras do Mercado Livre e passou a ser utilizado em outros portais,

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a maioria deles era de vendedores que expunham seus produtos no próprio Mercado Livre, mas que já possuíam sua própria venda na web. Somente no primeiro dia de liberdade, a plataforma processou cerca de 800 mil transações. Com isso, os lojistas proporcionaram aos clientes, além de segurança na compra, a facilidade de poder pagar em dez diferentes opções de pagamento – entre cartões, depósito e em até 18 parcelas. Para esses lojistas, o custo é de 4,99% sobre o valor da venda. O comprador que quita a aquisição no ato da compra não paga valor adicional ao Mercado Pago. Esse benefício é recente e está disponível desde 16 de julho. Caso o consumidor não quite as parcelas até o final do contrato, quem paga pela inadimplência é o Mercado Pago. Para o comerciante (ou destinatário do dinheiro), a liberação dos valores poderá ocorrer a partir de dois dias, dependendo da atuação. Dessa maneira, Coelho segue a política que a empresa já adotava em países como Chile e Argentina, nos quais já podia ser utilizado por outros canais de comércio eletrônico. Já Ricardo Dortas, diretor da PagSeguro, solução de pagamentos on-line do Uol, comemora mais de 60 mil lojas cadastradas e cerca de seis milhões de usuários. A maioria são micro e pequenas empresas instaladas no universo virtual. Em novembro do ano passado, a plataforma foi relançada após mais de um ano e meio de projeto. Uma equipe própria de desenvolvimento reescrevia os códigos da plataforma e praticava uma série de testes. Tudo para garantir que a plataforma funcionasse da forma adequada. Um grupo especializado acompanha qualquer caso de compra com problemas. Dortas lembra que de todas as reclamações que o PagSeguro recebe – tanto de produtos que não foram entregues, quanto em desacordo do combinado –, quase 80% se resolvem de maneira amigável do comprador com o vendedor. “Recomendamos que o comprador fique atento ao que a loja informa sobre o prazo de entrega”, diz. Dortas é responsável por outras unidades de negócios no Uol. Como todo gestor, passa parte do tempo checando relatórios e o andamento das vertentes sob seu comando. Na


outra metade, elabora estratégias, conversa com as equipes e ajuda outros gestores. Ele trabalha com metas mensais, em função de receitas ou da combinação de resultados. Quando os resultados não são o esperado, Dortas procura entender onde está o problema para retraçar novos planos. Outra possibilidade de uso dessas plataformas é o envio e recebimento de dinheiro por e-mail. O internauta pode, por exemplo, fazer pagamentos diretamente no site do Mercado Pago para outros usuários da plataforma, sem precisar compartilhar dados cadastrais ou financeiros com terceiros. Brasil promissor

O mercado de plataformas de pagamento eletrônico deve ser aquecer mais por aqui ainda em 2010. Até a PayPal, empresa de mais de 200 milhões de clientes no mundo que nasceu no eBay instalou um escritório no Brasil neste ano. A PayPal tem atualmente 84 milhões de contas ativas em 190 mercados e operações com 24 moedas. No Brasil, mesmo sem nenhuma presença em portais brasileiros, a companhia atingiu a marca de mais de dois milhões de clientes em 2009 que compraram cerca US$ 200 milhões em produtos no exterior. O presidente da companhia no Brasil, Mário Mello, promete ainda em 2010 lançar uma plataforma de pagamento para competir com os principais players do mercado nacional.

Mello ingressou no comando da Paypal Brasil em maio deste ano. Antes, ele foi vice-presidente do banco Safra e ocupou diversos cargos na Visa América Latina e no banco Real. Também foi membro do conselho da Cielo, CBSS e Fidelity Sistems. Uma das missões de Mello é conversar com lojas virtuais para que adotem a plataforma no lançamento. A gigantesca empresa no País funciona com uma estrutura de startup. Diferentemente dos 1.440 funcionários do Mercado Pago espalhados pelos seis países na América Latina, Mello deverá ter uma equipe com 20 funcionários até o final do ano no Brasil. Reúne-se quase que diariamente com o RH para abordar esse assunto e conversa com a área de tecnologia para saber como anda a estrutura da plataforma nacional. Mello baseia-se na experiência internacional. Em pesquisa efetuada pelo eBay no ano passado, a empresa levantou que 18% americanos só compram na web devido ao uso do Paypal. No mercado inglês, esse montante é mais expressivo e chega a 36%. Tudo que Pedro compra no eBay passa pelo Paypal e é pago à vista. Os vendedores o pontuaram como um comprador “excelente”. Com a subsidiária brasileira, acredita que ocorrerá o mesmo.

Ricardo Dortas, da Pague Seguro, possui mais de 60 mil lojas virtuais como clientes

Protegido até demais

A segurança em comprar é tamanha que Pedro obteve por impulso itens que nunca utilizou. Além de setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 33


Mario Mello, do PayPal Brasil, irá lançar ferramenta no País

designer ele desenha prototípicos de produtos. Há três anos, solicitou por US$ 60 um assessório de um piloto de avião do Estado de Washington (EUA). Era uma espécie de compasso escolar gigante que servia para cortar madeira em círculos e ovais. Com aquilo, ele pode fazer uma mesa redonda, um porta-copo, ou algo circular. Mas até hoje só lhe serviu para fazer volume em casa. Comprou também um scanner USB usado por US$ 49. A ideia era digitalizar as imagens dos mais de cinco mil slides guardados num armário de casa e colocar em um HD externo. Um novo sairia por US$ 150. Pedro pede que a entrega da maioria dos itens comprados no exterior, seja feita por United States Postal Service (USPS). O serviço custa 25% do preço de um Sedex nacional. As miudezas, prefere que cheguem como carta e o custo fica mais baixo. A próxima compra lá fora já está programada. Vai comprar uma peça grande que serve para moldá-los. Por coincidência, um amigo vai se mudar de lá para o Brasil. Pedro já pensou até mesmo em colocar no mesmo contêiner da mudança do colega o artefato. Com a chegada oficial do PayPal, o designer Pedro não terá de se cadastrar novamente e a disputa por clientes vai aumentar. Dortas, da PagSeguro, considera essa competição saudável. “Surgirão novos participantes, mas isso faz com que o comércio eletrônico seja mais seguro”, considera. O shopping de Pedro é a internet, e neste ano, no Brasil, deverá crescer na mesma intensidade do ano passado. Pedro poderá ter 30% a mais de lojas para encontrar produtos. f 34 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

Butique O mostruário virtual de Natan Sztamfater, diretor da PortCasa, é de cama, mesa e banho e decoração. No final de 2007, o executivo enxergou oportunidades no plano virtual. Antes de criar o quiosque na internet, ele conversou com a Visa e Redecard e fechou acordos para que os clientes pudessem comprar por esses canais. Mas muitos erros ocorriam no processamento dos pagamentos. Sztamfater também perdia clientes que reclamavam que seus cartões não eram aceitos. Seis meses depois, ele reestruturou o portal, lotou as prateleiras de produtos com marcas conhecidas e outros artefatos – como coisas para bebês – e fechou a parceria com a Braspag para ser a porta de pagamento. Sztamfater inseriu no portal o gateway internacional de pagamentos “O pagador”, pelo qual os clientes podem usar diversos meios de pagamento on-line, como cartão de crédito (todas as bandeiras), débito, boleto bancário, parcelamento, entre outros. A Braspag também fornece relatórios diários que concentram os dados das compras. Além disso, a própria empresa ajuda na venda de produtos. Atualmente, a Braspag possui cerca de 1.100 clientes, entre eles: Carrefour, Votorantim, Sky, Netshoes e B2W (Americanas. com, Submarino, Shoptime). Em agosto promoveu a quinta edição do Saldão na internet, portal no qual os principais varejistas virtuais brasileiros expõem produtos com gordos descontos. Ele ficou no ar por cerca de 15 dias e Sztamfater aproveitou para colocar itens em liquidação no canal. Renan Fortes, gerente de projetos da Braspag no Brasil, estima que a venda das soluções da empresa cresça cada vez mais na América Latina. Já a PortCasa registra um crescimento anual de 100%. Hoje são cerca de cem mil clientes cadastrados no PortCasa. Os concorrentes dele são os grandes lojistas virtuais, como o PontoFrio.com, por exemplo. Para se diferenciar, Sztamfater colocou à disposição dos compradores telefonistas especializadas em decoração, prontas para falar coisas como a cor da colcha a ser colocada na cama e dar sugestões de presentes, além de apontar os pontos positivos em cada um dos produtos. Há também um setor financeiro, uma logística e uma montanha de pedidos que não param de chegar. A loja virtual de Sztamfater virou uma empresa real.



vidapessoal

Dono do banco Indusval Multistock, Manoel Cintra divide suas atenções entre o mundo dos negócios e sua paixão por carros. Nem só de lucro vivem os homens do mercado financeiro Por Felipe Floresti

O motor rugia potente, estremecendo a bela carroceria azul do Mustang Fastback 1968. De dentro do carro sai alguém decidido a pagar os US$ 25 mil exigidos pelo dono daquela raridade. Era o ano de 2000 e se tornava oficial o relacionamento de paixão entre um homem e seus bólidos. Bem-vindo à coleção de carros antigos do banqueiro Manoel Cintra. Mesmo sem saber, a coleção começou já no início dos anos 70, com um Fusca branco. Ou melhor, dois Fuscas brancos. Quando se casou, o carro dele e da mulher eram iguais, com diferença de um ano. Não era seu primeiro veículo, mas Manoel se apegou à dupla. O tempo passou, o sa36 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

lário aumentou, e surgiu a oportunidade de trocar por um melhor. Precisava vender e resolveu fazer negócio com sua irmã. A condição era que quando ela fosse revender, seria ele o comprador. O outro foi para seu sogro. Apaixonado por carros, ele queria somar aquele exemplar à sua coleção, que já contava com figurinhas premiadas, como um Opel 67, um Oldsmobile 62 e Fairlane 66. Ao falecer, sabendo que o genro compartilhava o gosto por carros, o sogro deixou os itens com quem iria cuidar bem deles. A herança se juntou ao Fusca que já havia readquirido junto à sua irmã, e assim,

Foto: Douglas Luccena

A vida no banco.


... do carro

quase sem querer, começou a coleção. Com o sogro, os carros estavam envelhecendo ao natural, com cuidados básicos, mas sem grandes restaurações. “Eu gosto de manter o carro como se fosse zero, para usar quando preciso, viajar com ele”, diz Cintra. “Então tem de deixar com todas as borrachas, tudo intacto.” Contou com especialistas em restauração e ficaram todos impecáveis. Mais ou menos na época que comprou o Mustang, Manoel decidiu montar um lugar especial para sua coleção. Para abrigar os carros, construiu um galpão no final de uma rua residencial sem saída, não muito longe de sua casa, onde

teria segurança e não chamaria atenção. Ele tinha sua própria festa particular no mundo dos motores. Munidos de espaço próprio e do desejo de Manoel, a coleção cresceu. Depois do Mustang veio um Corvair 64 amarelo, um Opala dos primeiros sempre solicitados pela GM em exposições, um Porche Carrera 94 e até um Escort 84. Mas os xodós estão em um período específico do tempo. Há um Rolls Royce. que, mesmo sendo de 1969, traz confortos como banco com regulagem elétrica e ar condicionado. E um MG 67 preto de interior cor de vinho, considerado um dos melhores exemplares da marca inglesa no País.

Manuel Cintra, do Indusval, “o pessoal leva cachorro para passear, eu levo meus carros”

setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 37


vidapessoal Manoel explica a preferência pela década de 60. “Havia aqueles carros que eu tinha desejo de ter aos 18, 20 anos e não tinha condições”, conta. “É uma época muito marcante, quando se começa a ganhar dinheiro e ter acesso ao mercado de consumo. Quando você tem mais ambição de ter.” Agora, ele pode ir atrás da realização dos seus sonhos. Para satisfazer os anseios mais particulares tem de estar sempre atento às oportunidades. É parte do hobby procurar. Fazer contatos, encontrar aqueles que mais deseja, cobiçar a coleção dos outros. Em uma dessas oportunidades, conquistou sua maior relíquia: um Fusca. A história do Fusca no Brasil começou em 1950. Naquele ano, a Volks importou os primeiros 30 exemplares do que mais tarde seriam modelos-símbolo do Brasil. Para Manoel, o desejo começaria uns cinco anos depois de o Fusca chegar por aqui, quando ele ainda era um garoto na cidade de Presidente Prudente. A maioria dos carros era pesada e quadrada como Ford Perfect preto. Um dia surgiu rodando pela praça da cidade um pequeno, charmoso e redondo Fusca. “Era uma coisa diferente de tudo que eu conhecia.” Em 1959, o Fusca passou a ser produzido no País, mas o menino guardou aquele primeiro na memória. Cinquenta anos depois da cena em Presidente Prudente, Manoel caçava um fusca parecido com aquele que tinha visto. Foi quando soube que um dos donos de uma dessas raridades havia falecido. Manoel foi até a missa de sétimo dia e avisou a viúva: “Se quiser vender, eu compro”. Não era qualquer Fusca. Manoel só queria um Fusca semelhante ao primeiro que viu e acabou comprando um dos primeiros que o País todo viu. Um dos 30 primeiros. A viúva vendeu o Fusca, mas segurou o outro alvo da avidez do banqueiro, uma Mercedes Pagoda 1970. Queria deixar para o filho. Depois disso, Manoel ainda não encontrou algum que valha a pena investir. “Com o passar 38 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

do tempo você fica mais exigente. É igual quando começa a namorar. Qualquer mulher é mulher. Você vai ficando mais velho, conhece mais e fica mais exigente”, compara. “Fica mais detalhista. Encontra um carro e vê que é irrecuperável, está com a lataria comprometida, com muita massa”. Mesmo restaurados não dispensam cuidados constantes. Cada um com sua peculiaridade. Para ligar o Corvair amarelo precisa esperar esquentar bastante. Já o MG requer quase um pequeno manual para funcionar. Liga, espera encher o sistema de gasolina, puxa o afogador até o fim com uma pequena girada para a direita, só então coloca o motor para funcionar. Quem sabe de tudo isso, com cada carro, é o Wilson Rodrigues. Há nove anos divide seu tempo entre as funções de motorista da Indusval e no cuidado com os carros. É ele que os movimenta, limpa, cobre com a lona e deixa para dormir. Todos sempre impecáveis, como zero-quilômetro. Para Manoel sobra a função de passear com os carros, visitar clubes de colecionadores, levar para exposições, ralis de regularidade. “Tenho feito grandes amizades nesse meio. Pessoas completamente diferentes. Você não precisa ser rico para ter uma coleção. Pode fazer o seu carro, compra barato e vai montando”, comenta. “Só um e você já é colecionador. Tem gente que gosta de cachorro, mas não precisa ter 20. Se você gosta de carro tem de ter carro. O pessoal leva cachorro para passear, eu levo meus carros.” Se aquele US$ 25 mil do Mustang fosse investido, Manoel teria hoje muito mais do que vale toda a coleção. Com a experiência na presidência da BM&F, cargo que ocupava na época, e no comando do banco Indusval Multistock atualmente, poderia fazer esse capital render e multiplicar. Se a aposta fosse as ações da Petrobras, por exemplo, o rendimento de 1.200% ao longo da década o deixaria com mais de US$ 8 milhões. Nada mal, mas Manoel Cintra optou por um retorno diferente. Hoje são 18 carros colecionáveis que, juntos, valem “míseros” R$ 2,5 milhões. Foi preciso muito mais que os US$ 25 mil iniciais para chegar a essa quantia. “Eu costumo dizer que tudo que eu tenho está à venda, com exceção do meu filho e mulher. É tudo material. Mas pelo carro você cria um sentimento e eu tenho muita dificuldade de vender”, confessa. “A parte sentimental você não vende. Não tem preço.” f



artigopoliticamonetária

Expansão e contração A política monetária restritiva iniciada em abril deste ano teve como objetivo reduzir o estado de excesso de demanda no qual a economia se encontra. Na última reunião, o Banco CenPor Carlos Thadeu de Freitas Gomes tral optou por diminuir o ritmo do aperto monetário à medida que a inflação apresenta alguma moderação na margem e a incerteza sobre a recuperação das economias avançadas se eleva. No entanto, dado o déficit em conta corrente e a volta da dependência de capitais voláteis na sustentação do balanço de pagamentos, as perspectivas para a política monetária vão depender, dentre outros fatores, do nível da taxa de juros nos países desenvolvidos. No primeiro trimestre de 2010, a expansão da economia gerou pressões de demanda nos preços ao consumidor e nas importações. A política monetária expansionista do ano de 2009 facilitou as condições de crédito, que junto a expansão da renda, emprego e estímulos fiscais, resultaram no aumento da demanda agregada acima da capacidade produtiva da economia, fazendo com que crescesse a uma taxa duas vezes maior que seu potencial. Os últimos dados refletem uma acomodação da produção industrial, e o consumo das famílias mostra um crescimento a taxas mais sustentáveis. Entretanto o déficit em conta corrente e o câmbio real valorizado ainda dão indícios de uma situação de excesso de demanda, fazendo com que esses dados pareçam mais uma desaceleração pontual do que permanente. No cenário do Banco Central, que contempla a taxa Selic estável em 10,25% e taxa de câmbio em R$1,75, as projeções continuam acima da meta de inflação ao longo de todo o ano de 2011, convergindo a 4,5% somente em 2012. No cenário de mercado, que assume a taxa Selic a 12% no final de 2010, as projeções para o IPCA em 2011 se situam ao redor da meta, ficando abaixo dela no primeiro semestre de 2012. A incerteza nas economias desenvolvidas, a elevação dos déficits fiscais e a expectativa de aumento das taxas de juros de longo prazo nesses países podem afetar negativa40 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

mente o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil. Portanto, apesar da alta atratividade brasileira, não há garantias de que os investimentos diretos poderão compensar os déficits em conta corrente, caso eles se tornem crescentes. O real tornou-se uma das commodities monetárias mais desejadas, dada a sua trajetória esperada de valorização. Entusiasmado pelo interesse dos investidores pelo real, o Tesouro alongou a dívida interna, mesmo sem a existência de mercados secundários líquidos. Logo, quando da ocorrência dos primeiros sintomas da desvalorização dos ativos denominados em real, sem portas de saídas imediatas, a ansiedade dos investidores é potencializada pelos aumentos da cotação do dólar e das taxas de juros. Os investimentos dos não residentes em títulos públicos já alcançam 8,95% do total da dívida pública mobiliária. Apesar de os títulos serem nominalmente de longo prazo, sua liquidez os transforma em ativos de curto prazo. Qualquer sinal de aumento das taxas de juros que recaem sobre os títulos da dívida pública americana pode estimular a saída de capitais investidos nesses ativos, como consequência as taxas de juros que recaem sobre os títulos emitidos pelo Tesouro do Brasil voltariam a subir e a saída de recursos acarretaria volatilidade cambial. Dessa forma, apesar das incertezas no cenário externo que mudaram o conjunto de informações do Banco Central, a expectativa de que a inflação levará mais tempo até convergir para a meta pode sinalizar novos aumentos na taxa de juros nos anos seguintes, caso a política fiscal não seja mais contracionista. Além disso, os déficits em conta corrente estão financiados pelo ingresso de capitais voláteis, que podem ficar escassos no caso de uma elevação das taxas de juros de longo prazo dos títulos americanos, forçando o Banco Central a subir novamente a Selic. f

Carlos Thadeu de Freitas Gomes é economista-chefe da CNC e ex-diretor do Banco Central



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Por Juliana Gonçalves

O Walmart demorou para entender o jeito brasileiro. Com o tempo, descobriu a forma de fazer negócios por aqui. Agora, os números no balanço e as vendas nas gôndolas mostram que conseguiu

O futuro da maior varejista do mundo já não está nas mãos dos americanos que vivem no país no qual tudo começou. A lucratividade do Walmart em outros países supera os números da matriz americana. O lucro nas unidades internacionais avançou 17% neste segundo trimestre fiscal. Já as lojas americanas tiveram queda de 0,2% na lucratividade e de 1,8% nas vendas. Entre as filiais, o Brasil se destaca pelos resultados positivos. Em 2009, a rede americana vendeu R$ 19,7 bilhões por aqui, um crescimento de 16% sobre 2008. É o país do futuro e do presente do Walmart. 42 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

O desempenho impressiona até mesmo em comparação com a média internacional da rede de varejo, de 11%. Para não falar da média americana, de 2%. Por isso, é natural pensar que quem cresce mais ganha mais investimento também. Os recursos aplicados pela empresa no Brasil podem ultrapassar os R$ 2 bilhões em 2010, mais do que o recebido por outros países, excluindo os EUA. Em agosto deste ano, a rede promoveu o Fórum de Varejo 2010, que também marcou os 15 anos de atuação da gigante do varejo no Brasil. Durante o evento, Héctor Núñez revelou que o País é o que mais

Fotos: iStockphoto / Divulgação

Walmartv erde. E amarelo


recebe investimentos da empresa fora dos Estados Unidos. “Os dados divulgados pelo IBGE mostram que o setor varejista cresceu 10%, 11% este ano”, afirmou. “O Walmart Brasil cresceu bem mais que isso.” Os resultados financeiros brasileiros positivos fazem com que a maior varejista do mundo e também a empresa mais poderosa dos EUA, segundo estudo conduzido pela Kantar Retail, volte cada vez mais seus recursos para o Brasil, já que o país assumiu papel fundamental na consolidação global. Jeitinho que deu certo

O ponto de interrogação que brota na cabeça de muitos investidores quando fala-se em clima, sociedade e costumes dos brasileiros leva empresas de diversos setores a cometer pequenos (ou imensos) deslizes. Em 1995, o Walmart desembarcava no Brasil. Nessa época, quem poderia dizer que o País já havia perdido seus mistérios? Ou que o mercado tropical havia sido completamente desbravado? A maior rede varejista do mundo demorou para entender o Brasil. Quem fosse ao Walmart nesse período de descoberta do mercado brasileiro, encontrava lojas com teto reforçado contra neve. E poderia adquirir modelos variados de tacos de golfe, que aliás eram o carro-chefe dos estoques do empreendimento. O estilo de consumo brasileiro não estava refletido nos negócios e as vendas que mal começaram já estavam caindo. Logo a rede percebeu que não adiantava simplesmente dar um Ctrl+C Ctrl+V no modelo de operação que fez sucesso mundo afora. “Têm de customizar, aprender a atender o consumidor local e o quê ele quer”, disse Hector Nuñez, presidente da rede no Brasil, ao relembrar a história durante fórum que reuniu empresários do LIDE ( associação que reúne lideranças do mundo corporativo) na segunda quinzena de agosto deste ano.

Hector fez sua lição de casa, pois esse é justamente o segredinho de sucesso revelado por Sam Walton, que fundou a rede em 1962. Em sua autobiografia ele afirma: “Se você pensar o negócio do ponto de vista do consumidor, também vai querer ter tudo: uma grande variedade de mercadorias de qualidade, os preços mais baixos, satisfação garantida, serviço simpático e reconhecido; horários convenientes e viver uma experiência de compra agradável. Você ama sempre que uma loja supera as suas expectativas e odeia quando ela é inconveniente, proporciona uma experiência desagradável, ou finge que você é invisível.” Ao revisitar os ensinamentos de Walton, o Walmart deu a volta por cima. Reviu conceitos, incorporou mercadorias mais brasileiras em suas gôndolas, adaptou lojas ao clima brazuca e começou, de fato, a se envolver com a população local por meio de ações e programas voltados à comunidade. Hoje, 15 anos depois dos primeiros funcionários do Walmart pisarem em terras tupiniquins, a rede é a terceira maior do Brasil, investe pesado na sustentabilidade e implementa ideias testadas no

Hector Nuñez, “tem de customizar, aprender a atender o consumidor”


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Flavio Dias, “queremos vender produtos mais sustentáveis e com apelo social”

exterior aqui sempre, claro, sem tirar os olhos do gosto do consumidor local. Em rede

Conhecer e entender, conquistar para crescer. Essa seria uma definição adequada para o trabalho que o Walmart desempenha no Brasil. A rede faz questão de se

Prêmio C.K. Prahalad O Prêmio Prahalad foi criado para homenagear a visão e o trabalho do indiano C.K. Prahalad, influente pensador do mundo dos negócios falecido este ano, que foi ícone da discussão da sustentabilidade no setor privado. A atuação do Walmart no Brasil foi reconhecida por meio do prêmio que levou em considerações diversos projetos desenvolvidos pela rede. Desde 2008, por exemplo, em parceria com a ONG Conservação Internacional, o Walmart desenvolve o projeto “Floresta Nacional do Amapá (Flona)” que pretende conscientizar sobre o uso sustentável dos recursos da Amazônia brasileira. Além disso, o “Pacto pela Sustentabilidade” com fornecedores de toda a sua cadeia produtiva, feito em 2009 pelo Walmart, também foi destaque.

44 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

envolver com as comunidades e assim vai conhecendo e sendo conhecida por milhares de brasileiros. O projeto “E-Commerce Solidário” reflete bem o pensamento defendido pela rede. Realizado em parceria com a Solidarium (empresa social que tem como objetivo promover um comércio mais justo), a loja virtual do Walmart criou a categoria E-Solidário que oferece cerca de cem itens de decoração e design produzidos artesanalmente por diversas comunidades brasileiras. Iniciado em junho deste ano, o projeto configurase como a primeira parceria no Brasil entre uma rede varejista e um negócio social para criar um canal de vendas na internet. Com o apoio do Walmart, produtores artesanais podem pensar na ampliação de suas vendas, uma vez que passam a ter alcance nacional e contam com um forte esquema de logística. A cada encomenda feita, os fornecedores têm 50% do pagamento antecipado. O projeto beneficia 13 empreendimentos localizados nos Estados do Paraná, de São Paulo, do Maranhão e


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Verde do começo ao fim

Em junho deste ano, o Walmart Brasil recebeu nos EUA o Prêmio C.K. Prahalad de Liderança Global em Sustentabilidade. (Saiba mais no box 1). Sem dúvida, o prêmio reforça o fato de que a operação brasileira está à frente da norte-americana no quesito sustentabilidade. Segundo o presidente da rede no Brasil, o Walmart brasileiro não vê o assunto como mais um mero 46 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

projeto. “Não podemos mais tratar de assuntos como esse (sustentabilidade) como projeto, pois no caso de uma crise será imediatamente cortado”, brincou Núñez. “E se torna apenas mais um power point.” Núñez acredita que a sustentabilidade hoje deva fazer parte do orçamento das empresas. Atualmente, as 436 lojas da rede espalhadas por 18 Estados brasileiros, além do Distrito Federal, contam com diversos

Dados referentes ao segundo trimestre

Aumento das vendas

11%

2,8%

Vendas internacionais líquidas

Vendas líquidas no mundo

Participação no mercado internacional

Dados referentes ao segundo trimestre

de Minas Gerais, e amplia a rede de atuação do Walmart. “Vender produtos mais sustentáveis e com apelo social e, com isso, contribuir para o desenvolvimento das comunidades se encaixa perfeitamente na nossa maneira de ver a sustentabilidade de maneira ampla”, afirma Flávio Dias, diretor de e-commerce do Walmart Brasil. “Completamente inserida no negócio.” Ainda na área social, o Instituto Walmart financia hoje 43 projetos no País, fruto de investimentos da ordem de R$ 8,5 milhões este ano. Entre eles está a Escola Social do Varejo que atua em São Paulo, na Bahia, em Pernambuco, em Alagoas, no Rio Grande do Sul e em Ceará. O programa, que recebe um investimento de R$ 3 milhões, tem o objetivo de promover a formação profissionalizante de jovens de baixo poder aquisitivo para o mercado de trabalho com foco nas diferentes ramificações do varejo e conta com a parceria técnica do Instituto Aliança. Até o final do ano, mais de mil jovens entre 17 e 24 anos devem se formar com um treinamento que leva 18 meses, sendo oito para o período de inserção no mercado de trabalho e monitoramento das atividades dos jovens absorvidos. Ao se envolver intensamente com a realidade dos brasileiros, a rede está cada vez mais próxima do seu mercado consumidor. Os tacos de golfe foram definitivamente descartados.

US$ 25,9 bilhões

US$ 103 bilhões

Vendas líquidas totais

Vendas internacionais líquidas


Marcos Ambrosano, “reduzimos o uso de sacolas em nossas lojas em 10% desde 2007”

As marcas da rede Os multiformatos do Walmart no Brasil atendem diversos públicos e necessidades. w Hipermercados Walmart Brasil, Big e Hiper. w Supermercados Bompreço, Mercadorama e Nacional. w Atacado Maxxi Atacados. w Loja de vizinhança Todo Dia. w Clube de Compras SAM’S Club.

programas voltados à bandeira verde. Assim, o Walmart desponta como um defensor do verde do Brasil. Um bom exemplo está nos descontos para quem não usa sacola plástica do Walmart e a instalação, em todas as unidades, de um caixa preferencial para clientes que usam alternativas à sacola para levar suas compras. “Estamos satisfeitos com os resultados obtidos até agora. Junto a outras iniciativas, como a nossa sacola retornável e o apoio à campanha ‘Saco é um Saco’, já reduzimos o uso de sacolas em nossas lojas em 10% desde 2007”, constatou Marcos Ambrosano, vicepresidente executivo do Walmart Brasil. “São 138,9 milhões de sacolinhas a menos no meio ambiente.” O Walmart sempre foi admirado pelo seu forte poder de persuasão diante dos fornecedores. A rede percebeu que para viabilizar com mais força suas práticas sustentáveis a cadeia desde o início deveria ser “verde”. Dentro desse contexto, a iniciativa “Ponta a Ponta” do Walmart incentiva os fornecedores a criarem produtos 100% sustentáveis. “Já temos 30 fornecedores envolvidos”, revela Núñez. “Queremos que isso se torne uma cadeia, com aumento de participantes a cada edição.” Nesse mesmo sentido, em agosto deste ano a rede se engajou no controle de origem de carne bovina, pescados e frutos do mar. O primeiro projeto de rastreamento de carnes é encabeçado pela marca própria Campeiro Novilho Precoce que informa ao consumidor a origem do produto (fazendas que não são de áreas de desmatamento) e ressalta a não utilização de mão de obra escrava. Recentemente a rede decidiu antecipar uma tendência mundial e suspender a venda de termômetros setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 47


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Carlos Fernandes, “quando o consumidor compra comigo, eu fico com os dados dele, o e-mail e o telefone”

de mercúrio em todas as suas 263 unidades de farmácias nos 18 Estados brasileiros em que está presente. Mais uma vez, conseguir um bom acordo com o fornecedor foi fundamental. Embora permitido no Brasil, o uso do termômetro de mercúrio vem sendo abolido gradualmente em todo o mundo, devido à sua substância extremamente nociva à saúde e ao meio ambiente. Para incentivar o consumidor a aderir a mais essa atitude em busca da sustentabilidade, com ajuda do fornecedor, o Walmart levou às farmácias a opção do produto no formato digital pelo preço mais baixo do mercado, R$ 9,98. A conquista de novos territórios

Mais da metade dos R$ 2 bilhões de investimentos para a expansão da rede no próximo semestre ficará na região nordeste. É o que afirmou Núñez, ressaltando que até o final do ano o ritmo de inaugurações será acelerado. “Vamos carregar as inaugurações no segundo semestre, focando na bandeira Todo Dia (voltada à classe C)”, revelou. O crescimento do poder de compra dos consumidores da classe C acarreta esse posicionamento da rede. Estão previstas cerca de 110 lojas, até o momento apenas 30 delas já foram abertas. Além do nordeste, o território on-line também está sendo demarcado aceleradamente pelo Walmart. Quando, em 2008, a rede lançou sua loja virtual, a ideia era oferecer o preço mais baixo sempre e o mesmo nível de satisfação do consumidor da loja física para a compra virtual. Em dois anos de investimentos constantes, a loja on-line é hoje uma das 15 que levam o selo Diamante concedido pela e-bit, empresa especializada em comércio eletrônico, num universo de três mil lojas 48 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

virtuais. Para ganhar o selo a loja precisa ter avaliação positiva dos clientes em quesitos como facilidade de compra, preço, cumprimento do prazo de entrega e informações sobre produtos. A rede orgulha-se da rápida fidelização conseguida em ambiente on-line. “Quando o consumidor compra comigo, eu fico com os dados dele, e-mail, telefone. O canal de comunicação está aberto, inclusive para eu me relacionar com ele no pós-venda”, revelou Carlos Fernandes, vice-presidente administrativo do Walmart. “A questão da fidelização on-line passa também por essas vias.” De olho no consumidor 2.0, a rede varejista criou o perfil no Twitter @varejoverdewm no qual ocorrem discussões, dicas e fatos sobre consumo consciente. Além do @WalmartAtende. Por meio dele o consumidor segue esse perfil até sua solicitação ser atendida. “Foi algo ousado, mas que se torna um viral caso o assunto seja bem resolvido”, comenta Fernandes. Ousar e se permitir mudar foi o que salvou o Walmart no Brasil dos tetos com reforço contra neve e coloriu cada vez mais o engessado modelo de negócios cinza para um adaptado e vibrante verde e amarelo. f



artigouniversofinanceiro

Olho no futuro Prever o próximo estágio da recuperação global após a Grande Recessão, ou mesmo se um avanço vai mesmo ocorrer, tem se tornado problemático nos últimos meses. Por Albert Fishlow As previsões não se concretizaram. Talvez ler as entranhas do Óraculo de Delphi ajudasse. Exceto que todo mundo quer esquecer a Grécia: apenas três meses atrás, enquanto ela rumava direto para o calote, o resto da União Europeia ameaçou seguir o mesmo destino. Os mercados europeus se recuperaram, com boas notícias recentes, apesar de as taxas de juros permanecerem altas para o padrão de países mediterrâneos. Os países desenvolvidos não são mais a maior fonte de estímulo econômico. Na verdade, essa tem sido a realidade para a Europa e o Japão há bastante tempo. Desde os anos 90, esses países têm encolhido, enquanto os países asiáticos e, mais recentemente os latino-americanos, crescem. Um fato torna esse fenômeno claro: China, Índia e Brasil devem ser responsáveis por algo em torno de 40% do crescimento mundial nos próximos anos; adicionando-se todos os demais países em desenvolvimento, essa contribuição quase dobra. Os Estados Unidos são uma exceção. Sua explosão de crescimento nos anos 90 e a recuperação depois de 2001 contribuíram para o desempenho global, em parte por encorajar importações.

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Hoje, países desenvolvidos foram prejudicados em relação ao desenvolvimento. E, ainda por cima, emergiram da desaceleração global com sérios déficits fiscais – em parte por causa das políticas para conter a recessão e enormes dívidas do setor público. Isso se transformou numa corrida para reduzir os déficits – como discutido no encontro dos G-20 em Toronto por todos, exceto Estados Unidos – e desacelerar o crescimento do endividamento. As políticas monetárias seguem muito frouxas. Os juros reais estão negativos. Projeções sugerem que não subirão tão cedo. Governos intervêm para salvar o setor financeiro do colapso. Mas a desalavancagem (redução da dependência do crédito) continua. Existem lucros corporativos acumulados, mas pouco incentivo para investir. Especialmente agora, com incerteza crescente e um mercado financeiro volátil, as empresas preferem esperar para ver. Enquanto isso, nos Estados Unidos o desemprego cresceu rapidamente e continua alto demais. Vai levar tempo – menos, com crescimento econômico – antes que os governos consigam um superávit primário alto o suficiente para reverter a escalada na relação entre dívida e renda. Um cenário positivo depende de uma resposta rápida por parte do setor privado em investimentos e consumo. Se isso não acontecer, déficits públicos reduzidos vão se traduzir


em estagnação e deflação. Alguns se preocupam com a alta da taxa de juros e preços decorrentes da excessiva expansão monetária, além do ciclo de desequilíbrio na ponta oposta. Há uma linha tênue entre os dois. Exportações podem ajudar na recuperação, mas alguém tem de comprar. A Alemanha se beneficia das vendas na periferia sulista da União Europeia. Os Estados Unidos, com comércio interno deficitário, almejam crescimento de dois dígitos. O objetivo lógico é o Sul em expansão, com expectativas de taxas de crescimento três vezes maior que o Norte. Há resistência. Com o retorno do crescimento econômico, existe o foco no eixo Sul– Sul. As discussões se afastam da globalização das últimas décadas, enfatizando uma abertura seletiva e gradual nos países em desenvolvimento. Para complementar o mercado interno predominante, há a possibilidade de comércio entre economias de peso semelhante. Deveria haver proteção diferenciada contra importações do Norte, favorecendo as do Sul. A China, que dependia do crescimento controlado de exportações para países desenvolvidos, sofre uma reviravolta. Também procura assegurar o futuro fornecimento das matérias-primas que sua rápida expansão demanda. A China progressivamente se tornou o maior parceiro comercial do Brasil. Por sua vez, o Brasil reforça o mercado latino-americano para exportações industriais, e se movimenta para a África, assim como para a Índia. A África do Sul se torna um elo importante. IBSA (Índia, Brasil e África do Sul) e BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) ficam para trás.

Agora, BASIC (Brasil, África do Sul, América do Sul, Índia e China) se tornou o acrônimo do futuro. Fazer desse ascendente Sul compatível com a globalização é a rota preferencial. Eles não são inconsistentes. O Brasil, retórica política à parte, tem seguido esse caminho há mais de uma década. Apesar de ter rejeitado a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), investimentos norte-americanos são procurados e bem-vindos. Assim como os itens de primeira necessidade de empresas norteamericanas que provêm avanços tecnológicos com baixos preços. Um exemplo é o recente acordo diplomático sobre os subsídios ao algodão, válido até 2012. O mesmo desejo brasileiro de ampliar vínculos se estende, talvez ainda mais intensamente, para a União Europeia. Um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, depois de anos fora das negociações, está de volta à agenda. Igualmente, a China é crescentemente vista como uma competidora, não um simples complemento, com seus impostos domésticos e políticas salariais que impactam no Brasil. Os brasileiros se beneficiarão da diversidade de caminhos e conteúdo do comércio internacional no futuro. Um retorno para um crescimento alto nos países desenvolvidos só pode ajudar. f Albert Fishlow é diretor de estudos latino-americanos e diretor do Centro para o Estudo do Brasil, ambos departamentos do Columbia Institute

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mercadoemascensão

Um País na ribalta O Brasil chama a atenção de economistas do mundo inteiro. Este ano, o Seminário Internacional Acrefi reflete essa situação privilegiada. Anualmente, o evento aborda a economia brasileira dentro do contexto mundial. Nesta quinta edição, o encontro ocorre no Renaissance Hotel São Paulo, em 30 de setembro. No evento estarão renomados presidentes de instituições financeiras multinacionais de capital estrangeiro. Entre eles, estão Louis Bazire, presidente do BNP Paribas, Conrado Engel, presidente do HSBC, e Artur Fernandes, presidente do Banif. A abertura do evento contará com a presença do presidente da Acrefi, Adalberto Savioli, que fará uma análise geral do crédito no Brasil e falará sobre o papel da associação. Em seguida, Albert Fishlow, professor emérito da Universidade de Colúmbia (USA), apresentará a “Análise do contexto global e do Brasil como uma alternativa prioritária e estratégica para as instituições internacionais”. Eles veem no Brasil um importante mercado para atuar e já se posicionam aqui de maneira consolidada. Estão atraídos pelos altos níveis de crescimento e um dos melhores locais do globo para fazer negócios. Há interesse em todas as áreas do País, desde o mercado consumidor – que desponta com 200 milhões de potenciais clientes – até a indústria e serviços. 52 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

Por outro lado, algumas instituições internacionais sofreram perdas nos países de origem ocasionadas pela crise financeira ocorrida nos Estados Unidos e a atual na Europa. Essas situações fizeram com que os dirigentes de alguns bancos e empresas europeias, por exemplo, pensassem estrategicamente no Brasil como uma alternativa importante para investimentos ou de recomposição de alguma perda. Na ocasião, o mercado poderá prestar atenção a esse movimento. Durante o seminário serão abordadas, ainda, inovações na área de tecnologia, como a atuação das plataformas que processam pagamentos eletrônicos na web, os meios de pagamentos utilizados no canal, o crescimento do comércio eletrônico e todas as partes envolvidas no universo virtual. Durante o Painel Interativo de Tecnologia, os participantes irão acompanhar quais são as estratégias das multinacionais que atuam na web com relação ao Brasil. A cada mês, dezenas de lojas saem do mundo real e migram para a internet. Novas tecnologias surgem no mercado para atender a essa atividade. No encontro, também será levantado o papel do meio de pagamento nesse contexto e de que forma as instituições financeiras estão se preparando para essa nova

Fotos: Divulgação

Executivos do setor financeiro do mundo inteiro vêm ao Brasil em setembro. É o 5º Seminário Internacional Acrefi, este ano ainda mais relevante devido à situação privilegiada do País


Albert Fishlow, da Universidade de Colúmbia (USA)

realidade virtual. Diversas provedoras de plataformas de pagamento não são bancos, mas fazem o papel de uma financeira. “Este painel é uma chance para conhecer as ameaças e oportunidades na internet”, aponta Marcelo Borges, sócio-diretor da Connexa Consultoria de Gestão e Marketing Estratégico.

Há seis meses, a Acrefi contratou a Connexa para ajudar no novo posicionamento da marca. A ideia é que a associação seja ainda mais eficaz e efetiva naquilo em que se propõe a fazer: informar o mercado e os associados de maneira adequada. Segundo ele, esse novo modelo irá diferenciar de maneira positiva o 5° Seminário Internacional Acrefi das edições anteriores. Para finalizar, em vias de mudar o presidente do País, haverá um debate com economistas, como Rubens Sardenberg e José Roberto Mendonça de Barros, que falarão quais as expectativas do mercado financeiro com o próximo mandato de governo. O 5º Seminário Internacional Acrefi contará com um público seleto de cerca de 400 pessoas. “Quem atua no mercado financeiro não deve deixar de comparecer. Além do conteúdo explorado na ocasião, será também um bom momento para fazer networking”, ressalta Borges.

Painel Interativo de Lideranças

Conrado Engel, do HSBC

A crise financeira internacional continua e a Europa é o foco. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha – que formam o chamado grupo dos PIIGS – são os que se encontram em posição mais delicada dentro da zona do euro e têm sido os epicentros de mais uma onda de turbulências. Por sua vez, as grandes empresas e instituições financeiras internacionais têm experimentado perdas significativas que as forçam a buscar alternativas. Nesse contexto, o Brasil se coloca como um mercado oportuno e já é possível identificar movimentos estratégicos em nossa direção. Neste painel, presidentes de grandes corporações e especialistas farão uma análise das estratégias de negócios, avaliando as oportunidades. Será o caso do líder do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa. Sua carreira se iniciou na Nestlé, na qual trabalhou por 12 anos na Suíça e nos EUA. Também atuou no Citibank na LTCB Latin America, subsidiária brasileira do The Long Term Credit Bank do Japão, além do banco holandês ABN Amro. setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 53


mercadoemascensão

Fabio Barbosa, do Santander Brasil

Louis Bazire, do BNP Paribas

Em 2007 tornou-se presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), sendo o primeiro presidente de um banco estrangeiro com a posição. Em 2007 empossou a cadeira de presidente do Grupo Santander Brasil. O vice-presidente sênior para a América Latina da Moody’s, Mauro Leos, será um dos participantes. A Moody’s é uma das maiores agências de classificação de risco do mundo.

Participantes Mediador: Francisco da Silva Coelho Presidente da Ordem dos Economistas do Brasil Fabio Colletti Barbosa – Presidente do Banco Santander Mauro Leos – Vice-presidente – senior credit officer de risco soberano da Moody’s Conrado Engel – Presidente do HSBC Louis Bazire – Presidente do BNP Paribas Artur Fernandes – Presidente do Banif

54 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

Mauro Leos, da Moody’s

Outro nome será Conrado Engel, que assumiu a cadeira de presidente e CEO do HSBC Bank Brasil em junho do ano passado. Desde 2007, Engel é responsável pela área de varejo bancário das operações do HSBC na Ásia e Oceania, englobando 19 países. Antes desse cargo em Hong Kong, foi diretor-executivo do HSBC Bank Brasil desde agosto de 2004. O executivo catarinense, formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), tem mais de 27 anos de experiência no setor financeiro. Louis Bazire, presidente do maior banco da França, o BNP Paribas, dará seu parecer sobre o mercado brasileiro. Ele é graduado na École des Hautes Études Commerciales de Paris, a HEC. Com passagens pela Espanha, pela Bélgica, pela Suíça e pelo México, tornou-se especialista em América Latina, o que o levou a acumular a direção dos negócios do banco de investimento na região com o comando da operação brasileira.


informe publicitário

AULA INAUGURAL DE MBA EM CRÉDITO E COBRANÇA

FOI UM SUCESSO A aula inaugural do MBA executivo IGEOC / ACREFI em Créd to e Cobrança, estágio mais alto na formação dos profissionais do setor, realizada na sede do Instituto GEOC, teve lotação completa no auditório da entidade. A apresentação do curso coube aos presidentes do IGEOC, Adilson Sil Melhado, da ACREFI, Adalberto Savioli e do Grupo IBMEC Eduardo Wurzmann, que ressaltaram a importância em promover a reciclagem e a formação de novos profissionais em um mercado de mudanças e atualizações tão constantes. O CEO do Groupe BPI no Brasil, G lberto Guimarães, proferiu a aula inaugural para a primeira turma que participa da iniciativa inédita. Durante a idealização do curso contamos com a participação e envolvimento da ACREFI, que aportou ao projeto as necessidades do mercado financeiro, construindo uma visão desafiadora e ampla sobre o ciclo de crédito e cobrança. A entidade de ensino escolhida para ser a responsável pela viabilidade do projeto educacional foi o Grupo IBMEC. “O MBA executivo IGEOC em Crédito e Cobrança é o primeiro passo de um projeto muito mais abrangente. O convênio entre o IGEOC, a ACREFI e o Grupo IBMEC levara cursos à distância e presenciais para todo o Brasil, com previsão de turmas em Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Recife. O dinamismo, a competitividade e a alta performance das empresas de crédito e cobrança estão representadas em sala de aula, na presença de professores, alunos e palestrantes, promovendo, dessa forma, o debate em alto nível de temas que vão desde a criação e concessão de produtos de crédito até a recuperação do crédito e cobrança, passando por todas as etapas. SELO DE QUALIDADE DO INSTITUTO GEOC COMPLETA QUATRO ANOS. O MODELO DE QUALIDADE É “EXPORTADO” PARA AMÉRICA LATINA E EUROPA O Instituto GEOC apresentou no 3º Intercâmbio das Associações de Crédito e Cobrança da América Latina, realizado no México pelo Latincob, o Selo de Qualidade da entidade que certifica as empresas do setor de cobrança. A entidade

brasileira comemora os quatro anos de sucesso da certificação, que agora serve de modelo para outros países. Em agosto, diretores do IGEOC apresentaram o Selo de Qualidade no 71º Congresso da ACA (American Collectors Association) – considerada a maior associação de crédito e cobrança do mundo, com cerca de 3.500 membros – realizado em Washington, nos Estados Unidos. O mesmo acontecerá, no final do ano, com o mercado europeu, onde a certificação será apresentada no 1º. Congresso de Crédito e Recuperação em Portugal. A Certificação – criada sob a coordenação da Fundação Getúlio Vargas e a certificação da Fundação Vanzolini – USP – avalia a experiência da empresa , a visão estratégica, o portfólio de clientes, os processos de cobrança administrativa e judicial, a obediência à legislação e os códigos de conduta, tecnologia e resultados, entre outros. “O Selo é requisito básico para ser um associado do IGEOC, instituto criado para assegurar a qualidade em todas as etapas do processo de recuperação de crédito”, afirma o presidente do Latincob e do Instituto IGEOC, Adilson Sil Melhado.

As turmas de março de 2011 já estão abertas. Os interessados podem entrar em contato pelo site www.igeoc.org.br ou pelos telefones (11) 3666-5031 / 3369-3800


mercadoemascensão

Painel Interativo de Tecnologia O comércio eletrônico nacional cresce cerca de 30% ao ano. Com essa alta, os consumidores exigem cada vez mais que as soluções bancárias e plataformas de pagamento sejam seguras e inovadoras. Neste painel, profissionais experientes de mercado debaterão sobre as oportunidades, ameaças e novas fronteiras da internet. O encontro terá a presença do presidente das unidades pessoa física e pessoa jurídica da Serasa Experian, Laércio de Oliveira Pinto. A Serasa Experian, parte do grupo Experian, é o maior birô de crédito do mundo fora dos Estados Unidos, detendo o mais extenso banco de dados da América Latina sobre consumidores, empresas e grupos econômicos. Há

Participantes Mediador: Ethevaldo Siqueira – Colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”, da revista “Época” e da rádio CBN Laércio de Oliveira Pinto – Presidente das UNs pessoa física e pessoa jurídica da Serasa Experian Cláudio Oliveira – Diretor comercial da Redecard Rodrigo Borges – Vice-presidente de produtos e novos negócios/ co-founder BuscaPé Eduardo Pontes – Diretor de tecnologia da Braspag Carlos Vianna – Líder em consultoria para área financeira da Accenture

mais de 40 anos presente no mercado brasileiro, participa da maioria das decisões de crédito e negócios tomadas no País, respondendo on-line e em tempo real a quatro milhões de consultas por dia, demandadas por 400 mil clientes diretos e indiretos. O vice-presidente do portal BuscaPé, Rodrigo Borges, irá para representar o canal. O BuscaPé não é uma loja, mas uma ferramenta que ajuda o consumidor a fazer a melhor compra de um produto ou serviço por meio de informação rápida. O serviço é gratuito e faz com que o cliente não perca tempo entrando e saindo de lojas (físicas ou na internet), pois o portal busca e entrega numa página uma lista com o que ele procura. Todos os dias, milhões de ofertas são capturadas nas lojas pelo canal. Eduardo Pontes, diretor de tecnologia da Braspag, participará do debate. A companhia processa pagamentos para e-commerce e call center na América Latina. A Braspag integra todos os meios de pagamento e consolida o processo de contas a receber das principais lojas virtuais do Brasil. Fornece a empresas de todos os portes uma solução consolidada para processamento de transações no Brasil e também em países como México, Colômbia, Argentina e Chile.

Painel Interativo – Novo Governo O que mudará na economia brasileira após a eleição do novo(a) presidente(a)? Durante o painel, o economista-chefe da Federação Brasileira de Ban-

Participantes Christiane Pelajo – Jornalista Cristiana Lobo – Jornalista Rubens Sardenberg – Economista da Febraban José Roberto Mendonça de Barros – Economista

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cos (Febraban), Rubens Sardenberg, e o economista José Roberto Mendonça de Barros, farão uma análise completa das perspectivas políticas e econômicas do novo governo. Sardenberg é ex-diretor da Nossa Caixa e ex-secretário-adjunto do Tesouro Nacional, e Mendonça de Barros foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998, e secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior da Presidência da República. f



especialdiscurso

Banco Central

Alicerce bem sedimentado

Discurso de Alexandre A. Tombini, em 23 de agosto, no recebimento do prêmio de Economista do Setor Público de 2010, concedido pela Ordem dos Economistas do Brasil

Caro Francisco Coelho – presidente da Ordem dos Economistas do Brasil –, demais conselheiros aqui presentes, senhoras e senhores, é para mim uma enorme satisfação receber, nesta celebração, o prêmio de Economista do Setor Público em 2010. Agradeço à ordem pelo privilégio de ter sido lembrado para essa importante honraria. Acredito que tal distinção reflete na realidade um trabalho conjunto e integrado de toda uma equipe, muitos aqui dos meus colegas de Banco Central, diretor Carlos Hamilton, e vários outros do corpo funcional aqui presentes, eu entendo que este prêmio é um prêmio que revela o resultado de um trabalho institucional e eu aproveito este momento para agradecer o empenho de todas essas pessoas que colaboraram na minha instituição com meu trabalho de economista. Quero agradecer ainda ao presidente Henrique Meirelles pela confiança e, sobretudo, pela oportunidade que me proporcionou de integrar a diretoria colegiada do Banco Central do Brasil, onde venho exercendo a função de economista. Para um economista de Banco Central, os desafios da economia, especialmente da economia mundial, têm sido muitos nos últimos anos. No entanto, a atuação eficiente e organizada, com o envolvimento e comprometimento de todos, permitiu que o Banco Central do Brasil agisse no momento adequado e com as respostas certas aos desafios impostos pelo novo cenário mundial, e também pelas demandas internas que se avolumaram como resultado de uma sociedade brasileira que se transformou para melhor nos últimos anos. Creio que tal evolução exitosa não se verifica por mero acaso: resultou de alicerce bem sedimentado em termos de políticas macroeconômicas. Referindo-me à minha insti58 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

tuição eu creio que é sempre bom lembrar essa última estrutura básica de pilares que tem permitido conciliar, para o País, estabilidade com crescimento: me refiro ao Sistema de Metas para a Inflação, à taxa de câmbio flutuante, à Política de Acumulação de Reservas Internacionais, tudo isso aliado a uma regulação e supervisão financeiras equilibradas e eficientes, tudo concentrado em uma única instituição, o Banco Central do Brasil. Além do baixo, e previsível, nível de inflação alcançado – que traz tantos benefícios para a população –, temos procurado garantir a continuidade do processo de expansão do crédito. Tal expansão, verificada de maneira consistente ao longo do tempo, tem possibilitado às empresas e aos consumidores alongar seus horizontes de decisão e realizarem suas aquisições a prazos mais dilatados. Esse tem sido mais um dos grandes méritos da regulação do banco central, a qual tem buscado equilibrar modernidade com cautela, ampliando os níveis de transparência, de concorrência, e da chamada inclusão financeira. É consenso atualmente na comunidade financeira, e na academia em geral, que muito do êxito alcançado pela economia brasileira no enfrentamento e na superação da crise financeira internacional decorreu do nível de solidez evidenciado em nosso sistema financeiro, como foi definido pelo governador Lauro Natel. Portanto gostaria também de aproveitar a oportunidade para destacar o alto nível da regulação e da supervisão bancária brasileira – fruto do mencionado trabalho coletivo a que me referi inicialmente, e objetivo ao qual tenho buscado me dedicar sempre com visão de economista. Se no exterior as normas permitiram a realização de empréstimos com base em créditos de natureza duvidosa, no Brasil o ambiente regulatório desenvolvido pelo


sabilidades. Na arena externa, o Brasil desempenha no momento papel ativo e fundamental seja nas discussões da nova arquitetura financeira internacional gestada no G–20, seja nos outros fóruns internacionais, nos quais defendemos com firmeza nossos pontos de vista com respeito às regras prudenciais. Creio que muito já avançamos na matéria, mas acho bom que ainda existam vários desafios e muito trabalho pela frente. Isso certamente nos estimula na nossa determinação de termos um sistema financeiro cada vez mais exemplar ao mundo, mas, sobretudo, um sistema financeiro que sirva a nós brasileiros. Eu queria antes de encerrar reconhecer a visão da Ordem dos Economistas do Brasil, que sempre trouxe a matéria da regulação prudencial para perto dos economistas. Nos últimos anos muito se investiu na profissão, seja pelos profissionais que atuam diretamente no mercado de trabalho, seja na academia, os economistas investiram muito nos aspectos macroeconômicos, na política fiscal, na política monetária, quando a área de regulação prudencial, e essa crise nos demonstrou é fundamental que a nossa profissão se dedique tanto na academia, quanto no mercado de trabalho, a essa matéria. É uma matéria rica, é uma matéria que merece a atenção dos economistas, e a Ordem dos Economistas do Brasil foi pioneira, sempre trazendo expoentes da área financeira e da área de regulação, e isso sob a liderança do meu amigo Francisco Coelho. Por fim, aproveito para cumprimentá-lo pelo septuagésimo quinto aniversário da Ordem dos Economistas. Mais uma vez o meu muito obrigado a todos e tenham um ótimo jantar. f

Alexandre A. Tombini, do Banco Central, recebe o prêmio de Economista do Setor Púbico 2010 de Adalberto Savioli, presidente da Acrefi, e do economista Antônio Delfim Neto

Banco Central, por vezes dito como sendo excessivamente conservador, mas que eu qualificaria mais como cauteloso, eficiente e avançado, impôs regras firmes que mantiveram a estabilidade do sistema financeiro nacional. No enfrentamento da crise, dessa recente crise, fizemos uso, no momento correto, do nosso amplo ‘colchão de liquidez’ para assegurar a continuidade das operações de crédito, e ampliarmos a disponibilidade de recursos para instituições menores, sem utilizarmos recursos públicos, fato que ocorreu com frequência no exterior em várias jurisdições. Estamos agora trabalhando, de forma coordenada com nossos parceiros internacionais no BIS, em novas medidas que objetivam resguardar o sistema financeiro internacional de possíveis intempéries futuras. Esse processo sendo conduzido no âmbito do ‘comitê de Basiléia’ promoverá, a meu ver, importantes ajustes para tornar o sistema financeiro mundial mais seguro, aspecto muito importante para o Brasil no momento em que um número crescente de instituições financeiras nacionais se expande no exterior. No tocante a esse ambiente regulatório moderno, não se pode esquecer a importância de se ter uma supervisão que soube se aprimorar rapidamente, e que passou a incorporar, entre outras coisas, uma visão moderna no processo de licenciamento de novas instituições financeiras, mediante exigência de planos de negócios e uma visão proativa em relação ao ‘interesse público’, contribuindo de forma consistente para garantir a saúde e ampliar a robustez do sistema financeiro. Se o Brasil se modificou muito, o Banco Central – importante gestor desse processo evolutivo – passou a assumir, por consequência, novas e importantes respon-

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Em defesa do setor A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) tem o objetivo de congregar as empresas do setor, defender seus legítimos interesses, fortalecer as relações entre os associados e promover o desenvolvimento de suas atividades. Por isso, a Acrefi criou Comissões com temas distintos para debater os assuntos relevantes desse mercado. Conheça um pouco sobre cada uma delas: Veículos A Comissão de Veículos, criada em julho, tem como principal objetivo, além dos debates referentes ao crédito de veículos, suas oscilações, tendências e novidades. A criação de uma nova ferramenta de consulta em parceria com os principais bureaus de informações do País é uma das iniciativas. A idéia, com isso, é unificar todos os dados referentes ao bem concedido em garantia à solicitação e ao perfil do solicitante. “Esperamos, com isso, uma maior agilidade e segurança em nossas inúmeras decisões diárias em nossas mesas de crédito sejam elas automáticas ou manuais”, aponta o Coordenador Comissão de Veículos Acrefi, Fernando Ruiz.

Crédito & Cobrança

Assuntos Jurídicos

Coordenada por José Renato Simão Borges, vice-presidente do banco Sofisa, a comissão se reúne mensalmente. Os participantes, entre representantes das outras comissões e associados da Acrefi, apresentam a experiência de crédito e cobrança de suas instituições no mês anterior, bem como são convidados a falar sobre cenários e perspectivas.

Na última edição, falamos sobre a Comissão Jurídica, que discutiu o modelo de formulário que esclarecerá os clientes o custo total de uma operação de financiamento para ser utilizado por todas as instituições financeiras signatárias da autorregulação bancária. Iniciativas como essa fazem a comissão ter um papel fundamental para os bancos.

Sandro Almeida, diretor-executivo do banco Carrefour, coordena a nova Comissão Outros Produtos, focada em produtos e serviços financeiros que não são relacionados ao tema veículos. A ideia é adicionar na agenda da Acrefi a discussão sobre temas como crédito pessoal, cartão de crédito, CDC e cartão lojista. No dia 5 de agosto ocorreu o primeiro encontro. Também será tratado, durante as reuniões, o quesito custo versus serviços. Com isso, Almeida espera que os participantes, após uma saudável discussão alcancem ganho de eficiência, por meio de redução de custos. “Essa é uma oportunidade de trocar experiências e melhorar a performance por meio de banchmarck”, ressalta. Almeida também pretende colocar em pauta o papel dos associados na educação financeira da sociedade. “Com o aumento da classe C, queremos posicionar a Acrefi como facilitadora também dos clientes, possibilitando a inclusão da classe C de maneira sadia. Se tratarmos de educação financeira, certamente vamos perpetuar o período de vida dos clientes nas instituições”, estima Almeida.

Foto: Douglas Luccena

Outros Produtos


Publieditorial

Comissão do Cadastro Positivo Acompanhe entrevista com o coordenador Wellington Santos

Financeiro Quais os temas tratados por essa Comissão? Wellington Santos Debatemos a questão da utilização das informações do comportamento\habito de pagamento para uma melhor decisão de crédito, do ponto de vista da instituição que aumentará suas taxas de aprovações com menor risco e do ponto de vista de clientes com baixo risco de inadimplência que gozarão de juros menores e também dos clientes que hoje não tem acesso ao crédito que poderão ter. Financeiro Qual a finalidade dos debates? Santos Primeiramente, a finalidade dos debates é mostrar por meio de estudos e cases, os beneficios de um cadastro positivo, que são muitos, desde a redução do valor na consulta a bases da Serasa Experian quanto numa maior e mais assertiva decisão de crédito.

Financeiro Quem participa? Santos Hoje temos 20 bancos\financeiras trocando informações e mais 18 prospects analisando questões jurídicas e de tecnologia e também fazendo back test na Serasa Experian para poder mensurar o tamanho do beneficio para as decisões de crédito. Financeiro Considerações Finais? Santos Estudos do Banco Mundial e dos principais bureaus de crédito do Brasil mostram grandes benefícios na utilização do cadastro positivo, tais como: Redução da Inadimplência, em consequência redução dos spreads bancários e, assim, aumento na concessão de crédito, mais pessoas tomando crédito e sendo atendidas.


relacionamentodireto

Mais perto Eles querem estar perto de você. Discutindo e apontando temas relevantes do mercado. Por isso, para se aproximar dos colaboradores, a Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) criou o evento “Encontros Regionais”. Desde julho deste ano a entidade realiza esses encontros para acabar com a barreira da distância. A ideia de criar esse tipo de evento surgiu após a realização de pesquisas em 2009 junto aos associados de diversas partes do Brasil para o desenvolvimento do novo Planejamento Estratégico da Acrefi. Durante 62 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

a fase do diagnóstico, entre as muitas oportunidades percebidas na relação da entidade com eles, chegouse à conclusão de que a distância física era um fator que contribuía para os baixos níveis de participação e interesse dos associados. Os que estavam fora de São Paulo interagiam somente com a entidade quando se deslocavam para essa cidade – onde fica a sede da Acrefi – ou por meio de e-mails e publicações. Com a conclusão da pesquisa, ficou óbvio e urgente que, seguindo a orientação da nova administração de aproximar mais a Acrefi de seus associados,

Fotos: Divulgação

Acrefi realiza “Encontros Regionais” para se aproximar dos associados de fora de São Paulo


seria necessário mover a entidade para perto deles. O primeiro movimento nesse sentido foi testado com sucesso este ano e, até o fechamento desta edição, foram realizados três “Encontros Regionais”. Os locais escolhidos para essas primeiras ocasiões foram Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, Estados com maior concentração de instituições associadas. O modelo pensado apontava para um evento de curta duração, que permitisse uma apresentação objetiva do presidente da entidade, Adalberto Savioli, sobre o novo modelo estratégico da Acrefi, que preza por estar cada vez mais presente. Em seguida, um economista apresenta algo sobre contexto do crédito na região e mostra indicadores e expectativas de mercado. No final ainda sobra um tempinho para fazer networking durante o almoço ou jantar. Ao todo, esses encontros duram cerca de três horas. Para esses eventos foram convidados associados e não associados. A integração entre os representantes das instituições presentes foi extremamente posi-

tiva e, para Acrefi, uma oportunidade de ampliação de seu quadro de associados. O sucesso do evento foi tanto que será incorporado ao calendário de eventos oficiais da Acrefi em 2011. A ideia é que tenham abrangência nacional. Ainda em 2010, Brasília será a sede do próximo Encontro Regional, que ocorre em outubro. Mais 40 instituições estarão presentes por meio de seus representantes e presidentes. Os eventos também são uma oportunidade para as instituições não associadas conhecerem o papel da associação e também para passarem a fazer parte. Atualmente, a Acrefi conta com mais de 70 instituições associadas e prepara também o 5º Seminário Internacional Acrefi (mais sobre o evento em matéria nesta edição). Tudo isso para alcançar o objetivo de congregar as empresas do setor, defender seus legítimos interesses, fortalecer as relações entre os associados e promover o desenvolvimento de suas atividades. E você, vai ficar de fora? f

Adalberto Savioli, da Acrefi, Kátia Rabello, do banco Rural e Aquiles Diniz, do banco Intermédium (ao lado). Executivos debatem temas relevantes em encontro no Rio de Janeiro (abaixo)

setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 63


artigoanáliseeperspectivas

A rentabilidade líquida Passada a crise financeira que afetou o mundo entre o final de 2008 e início de 2009, é um bom momento para se anaPor prof. dr. Alberto Borges Matias lisar o comportamencolaboração de Lucas Saura e to da rentabilidade dos Matheus J.N.A Costa Figo bancos no Brasil, visto que o setor bancário representa um importante setor para o desenvolvimento do País. A amostra dessa análise contém bancos múltiplos, comerciais e a Caixa Econômica Federal durante o período que vai de 2000 até 2009, em que será analisada a rentabilidade líquida do patrimônio líquido final do setor, calculada por meio da mediana das rentabilidades individuais dos bancos. Vale destacar, primeiramente, na Tabela 1, que a mediana é uma medida estatística mais apropriada, já que, diferentemente da média, ela não leva em consideração valores extremos que podem distorcer a análise. Mesmo assim, colocamos a média e o desvio-padrão para comparação.

Analisando-se o Gráfico 1, observa-se rentabilidade maior dos grandes bancos. Entre 2001 e 2004, tanto os maiores bancos como os outros

Rentabilidade líquida do patrimônio GRÁFICO 1 líquido final 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Os 10 maiores bancos

Outros bancos Fonte: Inepad & Visionarium

Rentabilidade líquida do patrimônio líquido final (%) Estatística Mediana Média Desvio-padrão

TABELA 1

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

11,3 6,2 26,6

14,9 12,1 24,7

15,5 6,3 83,8

17,9 14,9 14,1

14,1 12,8 15,0

15,9 14,7 21,8

17,4 19,2 13,1

19,5 21,2 19,0

13,5 11,4 23,2

10,5 8,4 15,9

Maiores rentabilidades do PL no período Os 10 bancos com maiores rentabilidade Banco do Estado de São Paulo S.A. Paraná Banco S.A. Banco Citibank S.A. Banco Credit Suisse S.A. Banco BMG S.A. Banco Pecúnia S.A. Banco Fator S.A. Itaú Unibanco Banco Múltiplo S.A. Banco Investcred Unibanco S.A. Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A.

64 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

Mediana da rentabilidade líquida do PL final 35,336 31,791 30,125 27,602 27,125 27,013 26,558 26,532 25,864 25,412

TABELA 2

Desvio-padrão 59,813 17,638 21,318 26,202 12,959 5,258 24,414 5,615 3,661 7,153


do setor bancário Desempenho dos 10 maiores bancos Os 10 maiores bancos

Mediana da rentabilidade líquida do PL final

Banco do Brasil S.A. Itaú Unibanco Banco Múltiplo S.A. Banco Bradesco S.A. Banco Santander S.A. Banco Santander S.A. HSBC Bank Brasil S.A. – Banco Múltiplo Banco Votorantim S.A. Banco Safra S.A. Banco Citibank S.A. Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A.

tiveram uma queda de aproximadamente 2,5 pontos porcentuais na rentabilidade do PL; a partir daí apresentaram uma tendência de crescimento e elevaram a sua rentabilidade em 4,5 pontos porcentuais até 2007, quando alcançaram o máximo de rentabilidade no período. Com a crise financeira em 2008, a tendência de crescimento se inverteu, sendo que os grandes bancos diminuíram a sua rentabilidade do PL em 7,1 pontos porcentuais até 2009 e os demais bancos em 6,6 pontos porcentuais. A Tabela 2 apresenta os bancos com maior rentabilidade nos últimos dez anos, utilizando como critério a mediana da rentabilidade do patrimônio líquido final do período analisado para cada instituição. Notase na tabela que a maioria dos bancos de maior destaque no período é de pequeno porte. A Tabela 3 contém os dez maiores bancos do País no período, em que foi utilizado como critério de tamanho o valor do ativo total de cada banco. O Gráfico 2 compara a rentabilidade líquida do patrimônio líquido final dos bancos e das empresas de capital aberto registradas na CVM. Nota-se que os bancos possuem rentabilidades líquidas maiores do que as empresas em quase todo o período analisado. O único ano em que as empresas superam os bancos foi em 2009, ano em que os bancos se recu-

TABELA 3

Desvio-padrão

21,743 26,532 21,010 19,384 17,212 19,685 19,609 20,360 30,125 25,412

6,739 5,615 3,476 45,577 49,449 7,031 5,750 3,179 21,318 7,153

peraram mais lentamente em relação à crise do que as empresas. f Prof. dr. Alberto Borges Matias Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto, e diretor do Inepad Lucas Saura, aluno da FEA–USP de Ribeirão Preto e analista financeiro do Inepad Matheus J. N. A. Costa Figo, aluno da FEA–USP de Ribeirão Preto e analista financeiro do Inepad

Bancos x empresas

GRÁFICO 2

25%

20%

15%

10%

5%

0% 2000

2001

2002

2003

Bancos

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Empresas de capital aberto Fonte: Inepad & Visionarium

setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 65


bancodedadosinepad Taxas médias: geral Data

Aplicações % a.a.

jul/09

36,00

ago/09

35,40

set/09

Captações

Var. p.p.

-0,6

9,20

-0,6

26,80

-0,4

-0,6

9,10

-0,1

26,30

-0,5

35,30

-0,1

9,30

0,2

26,00

-0,3

out/09

35,60

0,3

9,60

0,3

26,00

0,0

nov/09

34,90

-0,7

9,80

0,2

25,10

-0,9

dez/09

34,30

-0,6

10,00

0,2

24,30

-0,8

jan/10

35,10

0,8

10,00

0,0

25,10

0,8

fev/10

34,30

-0,8

10,00

0,0

24,30

-0,8

mar/10

34,20

-0,1

10,20

0,2

24,00

-0,3

abr/10

34,30

0,1

10,50

0,3

23,80

-0,2

mai/10

34,90

0,6

11,00

0,5

23,90

0,1

jun/10

34,60

-0,3

11,10

0,1

23,50

-0,4

jul/10

35,40

0,8

11,10

0,0

24,30

0,8

Variação jul/jul

Var. p.p.

Var. p.p.

-2,5

1,9

-0,6

Spread % p.p.

Fonte: BC/Inepad

Taxas médias: pessoa física Data

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

jul/09

44,90

0,7

9,70

-0,1

35,20

-0,6

ago/09

44,10

0,8

9,80

0,1

34,30

-0,9

set/09

43,60

0,5

10,20

0,4

33,40

-0,9

out/09

44,20

0,6

10,70

0,5

33,50

0,1

nov/09

43,00

-1,2

10,80

0,1

32,20

-1,3

dez/09

42,70

0,3

11,10

0,3

31,60

-0,6

jan/10

43,00

0,3

11,20

0,1

31,80

0,2

fev/10

41,90

-1,1

11,10

-0,1

30,80

-1,0

mar/10

41,00

0,9

11,30

0,2

29,70

-1,1

abr/10

41,10

0,1

11,60

0,3

29,50

-0,2

mai/10

41,50

0,4

11,90

0,3

29,60

0,1

jun/10

40,40

-1,1

11,80

-0,1

28,60

-1,0

jul/10

40,50

0,1

11,60

-0,2

28,90

0,3

Variação jul/jul

Aplicações % a.a.

-6,3

1,9

-4,4

Fonte: BC/Inepad

Taxas médias: pessoa jurídica Data

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread % p.p.

jul/09

26,70

-0,7

8,80

-0,4

17,90

-0,3

ago/09

26,40

-0,3

8,60

-0,2

17,80

-0,1

set/09

26,30

-0,1

8,60

0,0

17,70

-0,1

out/09

26,50

0,2

8,80

0,2

17,70

0,0

nov/09

26,00

-0,5

8,90

0,1

17,10

-0,6

dez/09

25,50

-0,5

9,00

0,1

16,50

-0,6

jan/10

26,50

1,0

9,00

0,0

17,50

1,0

fev/10

25,90

-0,6

9,00

0,0

16,90

-0,6

mar/10

26,30

0,4

9,20

0,2

17,10

0,2

abr/10

26,30

0,0

9,50

0,3

16,80

-0,3

mai/10

26,90

0,6

10,10

0,6

16,80

0,0

jun/10

27,30

0,4

10,40

0,3

16,90

0,1

jul/10

28,70

1,4

10,60

0,2

18,10

1,2

Variação jul/jul

2,0

Fonte: BC/Inepad

66 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

1,8

0,2

Var. p.p.


Spread financeiro

Crédito pessoa física

Volume R$ milhões 200,000

40,00 35,00

Taxa de juros 46.00

180,000

30,00

45.00

160,000

25,00

140,000

20,00

120,000

15,00

100,000

44.00 43.00

VOLUME

Volume

jul/10

jun/10

abr/10

mai/10

fev/10

mar/10

dez/09

jul/09

Captação

jan/10

40.00 nov/09

60,000 set/09

41.00

jul/10

jun/10

mai/10

abr/10

mar/10

fev/10

jan/10

dez/09

nov/09 Aplicação

Fonte: BC/Inepad

PREFIXADOS –

out/09

set/09

ago/09

jul/09

5,00

80,000

out/09

SPREAD FINANCEIRO

ago/09

10,00

42.00

Taxa de juros

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA

RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)

MÊS/ANO

CHEQUE ESPECIAL

VARIAÇÃO EM %

CRÉDITO PESSOAL

VARIAÇÃO EM %

jul/09

17.156

-3,8%

146.452

-0,9%

ago/09

17.475

1,9%

149.604

2,2%

set/09

17.479

0,0%

152.072

out/09

17.335

-0,8%

nov/09

17.341

dez/09

15.748

jan/10

16.532

fev/10

16.987

mar/10

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

VARIAÇÃO EM %

CARTÃO DE CRÉDITO

VARIAÇÃO EM %

799

2,9%

25.151

-0,9%

821

2,8%

25.307

0,6%

1,6%

846

3,0%

25.635

1,3%

155.567

2,3%

859

1,4%

25.519

-0,5%

0,0%

157.097

1,0%

873

1,7%

26.574

4,1%

-9,2%

157.763

0,4%

900

3,1%

26.292

-1,1%

5,0%

160.526

1,8%

908

0,8%

26.845

2,1%

2,8%

163.364

1,8%

918

1,2%

27.755

3,4%

17.526

3,2%

172.372

5,5%

935

1,9%

26.976

-2,8%

abr/10

17.695

1,0%

176.495

2,4%

949

1,5%

27.436

1,7%

mai/10

17.904

1,2%

180.849

2,5%

976

2,8%

28.307

3,2%

jun/10

17.873

-0,2%

183.785

1,6%

993

1,7%

28.558

0,9%

jul/10

17.319

-3,1%

187.147

1,8%

1.036

4,3%

28.930

1,3%

Fonte: BC/Inepad

VOLUME

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA

PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –

RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)

AQUISIÇÃO VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

8.642

-0,8%

291.403

-0,5%

8.752

1,3%

296.180

1,6%

2,9%

8.705

-0,5%

301.662

1,9%

99.256

2,4%

8.668

-0,4%

307.204

1,8%

0,3%

100.997

1,8%

8.644

-0,3%

311.527

1,4%

9.595

4,9%

103.511

2,5%

8.484

-1,8%

312.699

0,4%

1,9%

9.278

-3,3%

104.952

1,4%

8 282

-2,4%

318.045

1,7%

97.805

2,2%

9.139

-1,5%

106.944

1,9%

8.135

-1,8%

324.103

1,9%

mar/10

101.941

4,2%

9.066

-0,8%

111.008

3,8%

8.142

0,1%

336.959

4,0%

abr/10

105.048

3,0%

9.028

-0,4%

114.076

2,8%

7.985

-1,9%

344.636

2,3%

mai/10

108.254

3,1%

9.115

1,0%

117.370

2,9%

7.891

-1,2%

353.297

2,5%

jun/10

111.452

3,0%

9.183

0,7%

120.635

2,8%

7.968

1,0%

359.812

1,8%

jul/10

115.177

3,3%

9.268

0,9%

124.445

3,2%

7.408

-7,0%

366.286

1,8%

MÊS/ANO

VEÍCULOS

VARIAÇÃO EM %

OUTROS VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

jul/09

84.226

1,2%

8.977

ago/09

85.324

1,3%

8.897

-0,4%

93.203

1,1%

-0,9%

94.221

1,1%

set/09

87.955

3,1%

8.970

0,8%

96.924

out/09

90.136

2,5%

9.120

1,7%

nov/09

91.852

1,9%

9.145

dez/09

93.916

2,2%

jan/10

95.674

fev/10

OUTROS

Fonte: BC/Inepad

setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 67


bancodedadosinepad VOLUME

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO

CRÉDITO CONSIGNADO (R$

CONSIGNADO

MÊS/ANO

CRÉDITO PESSOAL*

PÚBLICOS

jul/09

165.023

ago/09

168.531

set/09

% CONSIGNADO***

MILHÕES)

CONCENTRAÇÃO DO CONSIGNADO

TAXA DE JUROS % A.A.

ESTIMATIVA INEPAD CONSIGNADO

PESSOAL DIFERENÇA

PRIVADOS

TOTAL

AMOSTRA**

82.596

12.750

95.346

65.104

57,8%

68,3%

28,0%

44,8%

16,8%

85.407

12.991

98.398

66.979

58,4%

68,1%

27,6%

44,3%

16,7%

171.260

87.577

13.263

100.839

68.238

58,9%

67,7%

27,1%

44,7%

17,6%

out/09

175.182

90.150

13.616

103.766

69.782

59,2%

67,3%

27,2%

45,7%

18,5%

nov/09

177.113

91.678

14.800

106.478

71.880

60,1%

67,5%

27,0%

43,6%

16,6%

dez/09

178.131

92.970

14.923

107.894

72.568

60,6%

67,3%

27,2%

44,4%

17,2%

jan/10

181.180

94.765

15.032

109.796

73.959

60,6%

67,4%

27,2%

44,8%

17,6%

fev/10

184.145

96.455

15.182

111.906

75.312

60,8%

67,3%

27,3%

43,8%

16,5%

mar/10

193.386

100.367

15.429

115.613

77.907

59,8%

67,4%

27,2%

42,7%

15,5%

abr/10

197.984

102.193

16.116

118.309

79.886

59,8%

67,5%

26,9%

42,9%

16,0%

mai/10

202.453

104.271

16.822

121.000

81.672

59,8%

67,5%

26,9%

43,0%

16,1%

jun/10

205.627

105.830

17.578

123.233

84.119

59,9%

68,3%

27,1%

42,0%

14,9%

jul/10 Variação jul/jul

209.223

107.606

18.072

125.678

85.447

60,1%

68,0%

26,8%

42,2%

15,4%

26,78%

30,28%

41,75%

31,81%

31,25%

3,97%

-0,43%

-4,24%

-5,80%

-8,40%

Fonte: BC/Inepad * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com 13 das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.

INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO

OPERAÇÕES PREFIXADAS % SOBRE

COM ATRASO

2.803.291

1,91%

3.001.242

2,01%

137.893.252

2.888.166

out/09

141.066.139

nov/09

CRÉDITO PESSOAL (R$

MILHÕES)

% SOBRE

COM ATRASO

MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA

CARTEIRA-BRASIL

SALDO TOTAL

VARIAÇÃO EM %

3.065.117

2,09%

7.871.132

5,37%

146.452.207

-0,91%

3.111.469

2,08%

8.021.523

5,36%

149.603.980

2,15%

1,90%

3.285.453

2,16%

8.005.536

5,26%

152.072.408

1,65%

2.934.272

1,89%

3.340.514

2,15%

8.226.112

5,29%

155.567.037

2,30%

142.821.930

2.802.029

1,78%

3.235.617

2,06%

8.237.832

5,24%

157.097.408

0,98%

dez/09

144.189.909

2.556.501

1,62%

2.987.982

1,89%

8.028.402

5,09%

157.762.794

0,42%

jan/10

146.638.980

2.833.489

1,77%

3.103.111

1,93%

7.950.578

4,95%

160.526.158

1,75%

fev/10

149.465.410

2.983.387

1,83%

3.217.325

1,97%

7.697.499

4,71%

163.363.621

1,77%

mar/10

157.676.488

3.317.146

1,92%

3.516.573

2,04%

7.861.453

4,56%

172.371.660

5,51%

abr/10

161.743.837

3.349.196

1,90%

3.549.077

2,01%

7.852.788

4,45%

176.494.897

2,39%

mai/10

165.635.590

3.446.750

1,91%

3.461.197

1,91%

8.305.570

4,59%

180.849.107

2,47%

jun/10

168.571.617

3.529.729

1,92%

3.539.512

1,93%

8.144.624

4,43%

183.785.482

1,62%

jul/10

171.603.286

3.530.925

1,89%

3.482.385

1,86%

8.530.315

4,56%

187.146.911

1,83%

COM ATRASO

SALDO SEM ATRASO

DE 15 A 30 DIAS

jul/09

132.712.667

ago/09

135.469.746

set/09

SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS

SALDO DA CARTEIRA

% SOBRE

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO

OPERAÇÕES PREFIXADAS

AQUISIÇÃO DE BENS

% SOBRE

COM ATRASO

3.109.076

3,69%

3.149.781

3,69%

76.776.879

3.060.911

out/09

78.832.640

nov/09

% SOBRE

COM ATRASO

3.856.605

4,58%

3.911.192

4,58%

3,48%

3.805.709

3.270.284

3,63%

80.588.964

3.158.438

dez/09

83.014.671

jan/10

VEÍCULOS (R$

MILHÕES)

% SOBRE

SALDO TOTAL

VARIAÇÃO EM %

4.496.687

5,34%

84.226.412

1,21%

4.381.271

5,13%

85.324.267

1,30%

4,33%

4.311.278

4,90%

87.954.777

3,08%

3.777.116

4,19%

4.255.461

4,72%

90.135.501

2,48%

3,44%

3.864.630

4,21%

4.239.705

4,62%

91.851.737

1,90%

3.130.897

3,33%

3.637.146

3,87%

4.133.704

4,40%

93.916.418

2,25%

84.458.430

3.238.848

3,39%

3.830.188

4,00%

4.146.294

4,33%

95.673.760

1,87%

fev/10

86.797.381

2.966.277

3,03%

3.923.946

4,01%

4.117.314

4,21%

97.804.917

2,23%

mar/10

90.274.037

3.469.715

3,40%

4.078.636

4,00%

4.118.820

4,04%

101.941.208

4,23%

abr/10

93.650.833

3.307.494

3,15%

4.007.709

3,82%

4.081.638

3,89%

105.047.673

3,05%

mai/10

96.687.205

3.596.153

3,32%

3.898.220

3,60%

4.072.547

3,76%

108.254.125

3,05%

jun/10

99.858.444

3.576.420

3,21%

4.022.138

3,61%

3.994.608

3,58%

111.451.610

2,95%

jul/10

103.526.383

3.723.733

3,23%

3.978.840

3,45%

3.948.073

3,43%

115.177.029

3,34%

COM ATRASO

SALDO SEM ATRASO

DE 15 A 30 DIAS

jul/09

72.764.044

ago/09

73.882.023

set/09

Fonte: BC/Inepad

68 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS

SALDO DA CARTEIRA MAIOR DE 90 DIAS

SALDO DA CARTEIRA CARTEIRA-BRASIL


INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO

OPERAÇÕES PREFIXADAS % SOBRE

AQUISIÇÃO DE BENS

OUTROS (R$

COM ATRASO

% SOBRE

COM ATRASO

% SOBRE

3,59%

401.997

4,48%

1.365.508

3,47%

374.510

4,21%

1.321.058

295.626

3,30%

372.910

4,16%

7.163.042

310.964

3,41%

362.269

nov/09

7.270.337

291.618

3,19%

dez/09

7.814.322

277.329

jan/10

7.654.514

fev/10 mar/10

MILHÕES)

CARTEIRA-BRASIL

SALDO TOTAL

VARIAÇÃO EM %

15,21%

8.976.738

-0,38%

14,85%

8.897.067

-0,89%

1.319.554

14,71%

8.969.722

0,82%

3,97%

1.284.034

14,08%

9.120.309

1,68%

370.785

4,05%

1.212.677

13,26%

9.145.417

0,28%

2,89%

343.283

3,58%

1.159.871

12,09%

9.594.806

4,91%

281.069

3,03%

328.046

3,54%

1.014.348

10,93%

9 277.977

-3,30%

7.518.569

291.939

3,19%

370.756

4,06%

957.992

10,48%

9.139.256

-1,50%

7.435.241

295.211

3,26%

405.327

4,47%

930.541

10,26%

9.066.320

-0,80%

abr/10

7.449.577

289.658

3,21%

388.877

4,31%

900.336

9,97%

9.028.447

-0,42%

mai/10

7.443.906

314.129

3,45%

379.754

4,17%

977.651

10,73%

9.115.440

0,96%

jun/10

7.523.160

313.589

3,41%

375.355

4,09%

970.944

10,57%

9.183.048

0,74%

jul/10

7.578.814

324.382

3,50%

371.750

4,01%

993.482

10,72%

9 268.428

0,93%

COM ATRASO

SALDO SEM ATRASO

DE 15 A 30 DIAS

SALDO DA CARTEIRA

jul/09

6.887.234

321.999

ago/09

6.893.004

308.495

set/09

6.981.632

out/09

DE 31 A 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA

MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA – AQUISIÇÃO DE OUTROS – PREFIXADO – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)

INADIMPLÊNCIA – AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS – PREFIXADO – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)

BENS

ATRASO DE 15 A 30 D AS: 324 382

ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 3.723.733

19% ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 993.482

59%

22%

ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 3.948.073

ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 371.750

32%

34%

34%

INADIMPLÊNCIA – CRÉDITO PESSOAL – – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)

INADIMPLÊNCIA – OUTRAS OPERAÇÕES – PREFIXADO – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)

PREFIXADO

23% ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 8.530.315

INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO

ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 3.978.840

ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 3.530.925

12%

55% 22%

ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 1.679.850

ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 3.482 385

OPERAÇÕES PREFIXADAS % SOBRE

65%

OUTRAS OPERAÇÕES (R$ % SOBRE

COM ATRASO

740.735

8,57%

2.198.661

707.826

8,09%

2.362.881

7,26%

630.299

7,24%

378.123

4,36%

760.105

304.235

3,52%

703.707

5.115.534

376.951

4,44%

jan/10

4.947.367

283.610

fev/10

4.804.513

mar/10

COM ATRASO

ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 320.910

23%

ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 610.136

MILHÕES)

% SOBRE

SALDO TOTAL

VARIAÇÃO EM %

25,44%

8.641.605

-0,76%

27,00%

8.751.673

1,27%

2.163.296

24,85%

8.705.096

-0,53%

8,77%

2.396.709

27,65%

8.667.932

-0,43%

8,14%

2.395.790

27,72%

8.644.207

-0,27%

608.761

7,18%

2.383.221

28,09%

8.484.467

-1,85%

3,42%

639.116

7,72%

2.412.374

29,13%

8.282.467

-2,38%

353.756

4,35%

637.094

7,83%

2.339.214

28,76%

8.134.577

-1,79%

4.803.492

334.578

4,11%

602.876

7,40%

2.401.245

29,49%

8.142.191

0,09%

abr/10

4.792.555

335.107

4,20%

650.057

8,14%

2.206.901

27,64%

7.984.621

-1,94%

mai/10

4.703.489

330.725

4,19%

635.052

8,05%

2.221.879

28,16%

7.891.145

-1,17%

jun/10

4.774.705

355.008

4,46%

644.970

8,09%

2.193.631

27,53%

7.968.314

0,98%

jul/10

4.797.204

320.910

4,33%

610.136

8,24%

1.679.850

22,68%

7.408.100

-7,03%

COM ATRASO

SALDO SEM ATRASO

DE 15 A 30 DIAS

jul/09

5.334.315

367.894

4,26%

ago/09

5.313.499

367.467

4,20%

set/09

5.279.740

631.761

out/09

5.132.995

nov/09

5.240.475

dez/09

SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS

SALDO DA CARTEIRA MAIOR DE 90 DIAS

SALDO DA CARTEIRA CARTEIRA-BRASIL

Fonte: BC/Inepad

setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 69


bancodedadosinepad TAXA

DE DESEMPREGO

DATA

BRASIL

VAR. % - BRASIL

SP

VAR. %

jul/09

8,0

-0,1

8,9

-0,1

11,0

1,50

ago/09

8,1

0,1

9,1

0,2

10,5

1,20

set/09

7,7

-0,4

8,7

-0,4

10,0

0,90

out/09

7,5

-0,2

8,6

-0,1

9,5

0,60

nov/09

7,4

-0,1

8,1

-0,5

9,0

0,30

-0,6

8,5

0,00

8,0

-0,30

7,5

-0,60

7,0

-0,90

0,2

8,2

0,1

6,5

-1,20

abr/10

7,3

-0,3

7,7

-0,5

6,0

-1,50

mai/10

7,5

0,2

7,8

0,1

jun/10

7,0

-0,5

7,4

-0,4

jul/10

6,9

-0,1

7,2

-0,2

São Paulo

out/09

ago/09

Brasil

jul/10

7,6

jun/10

mar/10

mai/10

0,1

abr/10

0,5

8,1

mar/10

8,0

0,2

fev/10

0,4

7,4

jan/10

7,2

fev/10

dez/09

jan/10

nov/09

-0,6

set/09

6,8

jul/09

dez/09

7,5

Var. p.p. – Brasil

Fonte: BC/Inepad

RENDIMENTO

MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)

1.521,72

1,3%

0,6%

1.538,01

1,1%

out/09

1.403,69

0,0%

1.550,21

0,8%

nov/09

1.402,50

-0,1%

1.565,24

1,0%

dez/09

1.389,89

-0,9%

1.556,62

-0,6%

jan/10

1.404,54

1,1%

1.549,27

-0,5%

fev/10

1.420,76

1,2%

1.554,04

0,3%

mar/10

1.425,83

0,4%

1.564,21

0,7%

abr/10

1.426,60

0,1%

1.553,22

-0,7%

mai/10

1.413,91

-0,9%

1.535,29

-1,2%

jun/10

1.421,52

0,5%

1.535,15

0,0%

jul/10

1.452,50

2,2%

1.568,40

2,2%

1,0% 0,5% 0% -0,5% -1,0% -1,5%

Brasil

SP São Paulo

jul/10

0,9%

1.403,91

jun/10

1.395,72

set/09

1,5%

mai/10

ago/09

1.650 1.600 1.550 1.500 1.450 1.400 1.350 1.300 1.250 1.200 1.150 1.100 1.050 1.000 950 900 850 800 750 700 abr/10

-1,9%

mar/10

1.502,46

fev/10

0,5%

jan/10

1.382,61

dez/09

jul/09

nov/09

VAR. %

out/09

SP

set/09

VAR. % – BRASIL

ago/09

BRASIL

jul/09

DATA

Var. % – Brasil

Fonte: BC/Inepad

VOLUME

DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA

145,27

3,2%

199,75

5,0%

-2,6%

139,77

-3,8%

240,48

20,4%

161,55

8,0%

152,01

8,8%

203,78

-15,3%

157,89

-2,3%

145,42

-4,3%

193,78

-4,9%

dez/09

213,24

35,1%

185,01

27,2%

208,25

7,5%

jan/10

158,87

-25,5%

147,54

-20,3%

181,01

-13,1%

fev/10

147,30

-7,3%

142,89

-3,2%

181,54

0,3%

mar/10

166,54

13,1%

157,83

10,5%

274,57

51,2%

abr/10

158,35

-4,9%

150,42

-4,7%

193,88

-29,4%

mai/10

167,98

6,1%

151,94

1,0%

199,58

2,9%

jun/10

162,18

-3,5%

148,56

-2,2%

207,31

3,9%

out/09 nov/09

Variação jun/jun

11,3%

Fonte: IBGE/Inepad

70 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

11,5%

9,3%

Índice geral

Hipermercados e supermercados

jun/10

1,7%

149,52

set/09

mai/10

153,45

ago/09

abr/10

-16,8%

mar/10

190,22

fev/10

5,7%

jan/10

140,81

150,95

nov/09

22,2%

3,6%

jul/09

VAR. %

dez/09

228,65

out/09

-5,4%

set/09

133,26

145,69

ago/09

-4,4%

DATA

jun/09

280.00 270.00 260.00 250.00 240.00 230.00 220.00 210.00 200.00 190.00 180.00 170.00 160.00 150.00 140.00 130.00 120.00 110.00 100.00 90.00 80.00 jul/09

VAR. %

VEÍCULOS, MOTOS, PARTES E PEÇAS

jun/09

VAR. %

HIPERMERCADOS E SUPERMERCADOS

ÍNDICE GERAL

Veículos, motos, partes e peças


PREVISÕES

ECONÔMICAS

ANO DE 2010

PIB TOTAL % AA

PIB AGROPECUÁRIO % A.A.

PIB INDÚSTRIA % A.A.

PIB SERVIÇO % A.A.

PRODUÇÃO INDUSTRIAL % A.A.

Previsão 04/01/2010

5,14

4,19

5,90

4,33

7,62

4 semanas antes 27/07

7,15

4,92

9,56

5,36

11,81

1 semana antes 20/08

7,11

5,07

9,45

5,34

11,44

Previsão 27/08/2010

7,09

5,07

9,43

5,43

11,38

SELIC TAXA ANUAL

IGP–DI % A.A.

ANO DE 2010

IPCA % A.A.

TAXA DE CÃMBIO R$/US$

SALDO COMERCIAL US$ BILHÕES

Previsão 04/01/2010

10,92

4,47

4,48

1,76

10,69

4 semanas antes 27/07

11,75

5,32

4,84

1,80

15,55

1 semana antes 20/08

10,97

5,55

5,01

1,80

15,30

Previsão 27/08/2010

10,90

5,57

4,98

1,79

15,15

Fonte: BC/Inepad

ATIVIDADE

ECONÔMICA TAXA DA UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA

VAR. P.P.

ÍNDICE DE PRODUÇÃO FÍSICA MÉDIA MÓVEL TRIMESTRAL

VAR. %

jun/09

79,70

-0,30

jul/09

80,50

0,80

jun/09

113,27

0,96%

jul/09

114,75

ago/09

81,10

1,31%

0,60

ago/09

116,53

set/09

1,55%

81,40

0,30

set/09

119,01

2,13%

out/09

82,70

1,30

out/09

121,18

1,82%

nov/09

82,40

-0,30

nov/09

122,71

1,26%

dez/09

80,10

-2,30

dez/09

123,94

1,00%

jan/10

78,70

-1,40

jan/10

124,23

0,23%

fev/10

78,80

0,10

fev/10

125,40

0,94%

mar/10

81,80

3,00

mar/10

127,70

1,83%

abr/10

82,50

0,70

abr/10

129,33

1,28%

mai/10

83,30

0,80

mai/10

130,31

0,76%

jun/10

82,70

-0,60

jun/10

129,36

-0,73%

Variação jun/jun

3,76%

Variação jun/jun

14,20%

DATA

DATA

Fonte: BC/Inepad

Fonte: BC/Inepad

PRODUÇÃO 85,0

(ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)

Capac dade %

Produção (índ ce) 133

84,0 129

83,0 82,0

125

81,0

121

80,0 79,0

117

78,0

113

77,0

109

76,0

105

Taxa da utilização da capacidade instalada

jun/10

mai/10

abr/10

mar/10

fev/10

jan/10

dez/09

nov/09

out/09

set/09

ago/09

jul/09

jun/09

75,0

Índice da produção física média móvel trimestral

setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 71


bancodedadosinepad PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)

-7,3%

44.150

16,2%

nov/09

291.500

293.883

-25.650

-8,1%

dez/09

252.800

287.150

-38.700

-13,3%

jan/10

245.900

263.400

-6.900

-2,7%

fev/10

250.500

249.733

4.600

1,9%

mar/10

339.700

278.700

89.200

35,6%

abr/10

292.100

294.100

-47.600

-14,0%

mai/10

323.900

318.567

31.800

10,9%

jun/10

306.200

307.400

-17.700

-5,5%

jul/10

315.900

315.333

9.700

Produção

3,2%

jul/10

-21.400

294.850

jun/10

283.133

317.150

mai/10

273.000

out/09

abr/10

set/09

350.000 330.000 310.000 290.000 270.000 250.000 230.000 210.000 190.000 170.000 150.000 130.000 110.000 90.000 mar/10

4,4%

fev/10

12.400

jan/10

286.933

dez/09

294.400

nov/09

-0,8%

ago/09

out/09

VAR. MENSAL (%)

-2.400

set/09

VAR. MENSAL

278.433

ago/09

MÉDIA TRIM.

282.000

jul/09

PRODUÇÃO

jul/09

DATA

Média trimestral

12,0%

Variação jul/jul Fonte: Anfavea/Inepad

VENDAS

INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS,

290.652

17.048

5,9%

350.000

out/09

309.995

301.434

4.317

1,4%

300.000

nov/09

278.976

298.216

-31.019

-10,0%

250.000

dez/09

261.059

283.343

-17.917

-6,4%

200.000

jan/10

225.488

255.174

-35.571

-13,6%

150.000

fev/10

241.067

242.538

15.579

6,9%

100.000

mar/10

348.344

271.633

107.277

44,5%

50.000

abr/10

277.008

288.806

-71.336

-20,5%

0

mai/10

295.176

306.843

18.168

6,6%

jun/10

282.451

284.878

-12.725

-4,3%

jul/10

282.024

286.550

-427

-0,2%

Vendas

jul/10

400.000

305.678

jun/10

4,0%

set/09

mai/10

10.982

abr/10

288.648

mar/10

288.630

fev/10

-7,3%

ago/09

jan/10

VAR. (%)

-22.018

dez/09

VARIAÇÃO

279.570

nov/09

MÉDIA TRIM.

277.648

set/09

VENDAS

jul/09

DATA

out/09

VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)

Média trimestral

1,58%

Variação jul/jul Fonte: Anfavea/Inepad

EXPORTAÇÃO

TOTAL –

AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS,

MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)

EXPORTAÇÕES

MÉDIA TRIM.

VARIAÇÃO

VAR. (%)

jul/09

37.200

38.600

-2.200

-5,6%

70.000

ago/09

45.800

40.800

8.600

23,1%

65.000

set/09

40.400

41.133

-5.400

-11,8%

60.000

out/09

48.600

44.933

8.200

20,3%

55.000

nov/09

49.800

46.267

1.200

2,5%

dez/09

52.700

50.367

2.900

5,8%

jan/10

48.300

50.267

-4.400

-8,3%

fev/10

53.000

51.333

4.700

9,7%

30.000

mar/10

69.400

56.900

16.400

30,9%

25.000

abr/10

49.300

57.233

-20.100

-29,0%

20.000

mai/10

73.800

64.167

24.500

49,7%

jun/10

63.600

62.233

-10.100

-13,8%

jul/10

64.900

67.433

1.300

Variação jul/jul Fonte: Anfavea/Inepad

72 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

2,0% 74,5%

80.000

50.000 45.000 40.000

Exportações

Média trimestral

jul/10

jun/10

mai/10

abr/10

mar/10

fev/10

jan/10

dez/09

nov/09

out/09

set/09

ago/09

35.000

jul/09

DATA


LICENCIAMENTO

DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM

TOTAL

1000CC

% NO TOTAL

% NO TOTAL

+2000CC

jul/09

226.275

124.746

55,1%

ago/09

204.291

113.612

55,6%

98.838

43,7%

2.691

1,2%

87.988

43,1%

2.691

set/09

249.120

133.648

1,3%

53,6%

112.810

45,3%

2.662

out/09

230.526

1,1%

120.137

52,1%

107.777

46,8%

2.612

nov/09

1,1%

192.138

99.431

51,7%

90.522

47,1%

2.185

1,1%

dez/09

222.649

111.025

49,9%

108.383

48,7%

3.241

1,5%

jan/10

159.294

80.188

50,3%

77.136

48,4%

1.970

1,2%

fev/10

168.618

85.111

50,5%

81.918

48,6%

1.589

0,9%

mar/10

274.487

145.109

52,9%

126.938

46,2%

2.440

0,9%

abr/10

207.959

105.911

50,9%

99.404

47,8%

2.644

1,3%

mai/10

191.598

90.726

47,4%

88.736

46,3%

2.526

1,3%

jun/10

181.988

98.668

54,2%

90.498

49,7%

2.432

1,3%

jul/10

191.598

120.289

51,5%

101.257

52,8%

2.916

1,5%

DATA

+1000CC A 2000CC

UNIDADES)

% NO TOTAL

Fonte: Anfavea/Inepad

LICENCIAMENTO

POR CATEGORIA

AUTOMÓVEIS

110.000

90.000

70.000

50.000

1.000cc

TAXA

DE JUROS PREFIXADOS

PESSOA FÍSICA (R$

CRÉDITO PESSOAL SALDO TOTAL R$ MILHÕES

% VARIAÇÃO A.M. P.P.

MILHÕES)

AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS TAXA DE JUROS

TAXA DE JUROS

% A.A.

VARIAÇÃO P.P.

SALDO TOTAL R$ MILHÕES

jul/10

jun/10

mai/10

abr/10

+1.000cc a 2.000cc

AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS

TAXA DE JUROS MÊS/ ANO

mar/10

fev/10

jan/10

dez/09

nov/09

out/09

set/09

jul/09

ago/09

30.000

% VARIAÇÃO A.M. P.P.

% VARIAÇÃO A.A. P.P.

SALDO TOTAL R$ MILHÕES

% VARIAÇÃO A.M. P.P.

% VARIAÇÃO A.A. P.P.

-1,40

jul/09

146.452

3,13

-0,05

44,80

-0,80

84.226

2,01

0,00

26,92

0,07

8.977

3,66

-0,08

53,85

ago/09

149.604

3,10

-0,03

44,30

-0,50

85.324

1,96

-0,05

26,21

-0,71

8.897

3,69

0,03

54,42

0,57

set/09

152.072

3,13

0,02

44,70

0,40

87.955

1,87

-0,09

24,94

-1,27

8.970

3,52

-0,17

51,41

-3,01

out/09

155.567

3,19

0,06

45,70

1,00

90.136

1,91

0,04

25,56

0,62

9.120

3,44

-0,08

50,01

-1,40

nov/09

157.097

3,06

-0,12

43,60

-2,10

91.852

1,90

-0,02

25,30

-0,26

9.145

3,54

0,10

51,78

1,77

dez/09

157.763

3,11

0,05

44,40

0,80

93.916

1,90

0,00

25,37

0,07

9.595

3,71

0,17

54,83

3,05

jan/10

160.526

3,13

0,02

44,80

0,40

95.674

1,89

-0,01

25,20

-0,17

9.278

3,53

-0,18

51,70

-3,13

fev/10

163.364

3,07

-0,06

43,80

-1,00

97.805

1,82

-0,07

24,10

-1,10

9.139

3,49

-0,05

50,90

-0,80

mar/10

172.372

3,01

-0,07

42,70

-1,10

101.941

1,78

-0,04

23,51

-0,59

9.066

3,45

-0,04

50,20

-0,70

abr/10

176.495

3,02

0,01

42,90

0,20

105.048

1,78

0,00

23,53

0,02

9.028

3,42

-0,03

49,71

-0,49

mai/10

180.849

3,03

0,01

43,00

0,10

108.254

1,86

0,09

24,82

1,29

9.115

3,54

0,12

51,89

2,18

jun/10

183.785

2,97

-0,06

42,00

-1,00

111.452

1,78

-0,08

23,61

-1,21

9.183

3,54

-0,01

51,75

-0,14

jul/10

187.147

2,98

0,01

42,20

0,20

115.177

1,81

0,02

23,96

0,35

9.268

3,50

-0,03

51,19

-0,56

Fonte: Anfavea/Inepad

setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 73


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Emergentes são

fundamentais Até 2016 já se espera que a Ásia contribua com a maior parte do PIB mundial, ultrapassando a União Europeia e os EUA. Isso pode ser uma novidade para muitos, mas não é surpresa para nós, do HSBC. O processo de fortalecimento das economias emergentes se intensificou no início desta década e muita gente nos países desenvolvidos não se deu conta. Com a eclosão da crise financeira Por Conrado Engel mundial em 2007, houve congelamento dos mercados de crédito e uma freada dos negócios. Hoje as evidências nos mostram que o mundo está em processo de recuperação e, mais que isso, que países emergentes estão liderando essa volta a uma economia mais saudável. Mas o que torna essa recuperação é o fato de que, durante as crises econômicas anteriores, o restante do mundo tinha de esperar os países desenvolvidos se reabrirem para o mercado. Desta vez, estas economias ainda estão se recuperando, enquanto os países emergentes já deram a partida no motor. Parte da explicação está no menor endividamento dos países emergentes, cujos consumidores estiveram muito mais protegidos da destruição de riqueza durante a crise do que seus homólogos nos países desenvolvidos. Mas isso acontece também porque as nações emergentes estão se tornando cada vez mais interdependentes em termos de negócios e serviços, e esse maior fluxo de comércio atenua o efeito negativo da recessão nos países desenvolvidos. Nesse cenário, a grande protagonista é a China. O investimento em infraestrutura e o consumo doméstico na China geraram uma demanda por commodities e outros bens, o que, por sua vez, reforçou os ganhos de exportação de outras nações emergentes. Isso representou segurança para as nações produtoras de commodities, enquanto os desenvolvidos ainda se recuperam gradualmente. 74 FINANCEIRO setembro/outubro 2010

Os altos preços das commodities continuam a dificultar a recuperação dos países ricos. No passado, as quedas nos preços das commodities permitiram que os países ocidentais aliviassem suas eventuais perdas. Desta vez, o alto custo das matérias-primas está destruindo gradualmente o poder de compra nas economias desenvolvidas. Claro que, embora a perspectiva para os países emergentes seja muito positiva, ainda há desafios pela frente. A maior parte deles está ligada a limitações de capacidade nas maiores economias desse bloco. As pressões sobre os custos, a dificuldade dos fornecedores para cumprir compromissos de entrega e a dos fabricantes em lidar com o acúmulo de pedidos podem ser potenciais problemas. Eles podem ter como consequência uma elevação muito rápida das importações e do déficit de conta corrente desses países. Também podem significar pressões de demanda não atendidas, que se transformarão em pressões inflacionárias mais à frente. Não é a toa que os bancos centrais dos países emergentes estão vigilantes, aumentando pontualmente os juros. Nada disso, porém, é capaz de afetar o otimismo do HSBC no futuro dos países emergentes. Como líder financeiro mundial nos mercados emergentes, estamos investindo em países como o Brasil precisamente porque acreditamos que o crescimento mundial virá de economias como a nossa. Enquanto as nações desenvolvidas se preparam para uma década de austeridade, no Sul e no Oriente estamos nos preparando para uma década de desafios e mudanças estimulantes na economia. f Conrado Engel é presidente do HSBC Bank Brasil



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