Financeiro 62 - Fevereiro 2010

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artigogestão

Fraude sobre rodas Os maiores responsáveis pela prevenção às fraudes em operações de empréstimos e financiamentos, especialmente em veículos, uma das carteiras dos bancos e financeiras que mais cresceram nos últimos anos, não são as áreas de gestão de fraudes, análise de riscos, cobrança, compliance ou afins. Essas unidades são importantes na detecção das fraudes que foram incorridas, identificando e dando tratamento para minimiPor Antonio Glup zar ou recuperar os recursos que já deixaram a instituição. Elas colaboram também com a prevenção, na medida em que as situações constatadas e suas experiências servem para alertar os responsáveis em ajustar os sistemas de origem e avaliação de negócios, de modo que barrem casos semelhantes aos sofridos . Quem faz efetivamente a prevenção de fraudes são os operadores e/ou promotores encarregados do relacionamento com os lojistas e concessionários, além das áreas de decisão de crédito e de formalização dos negócios. Os primeiros, quase sempre influenciados pelas metas e pelo excesso de confiança em lojistas e seus funcionários, às vezes, não são treinados adequadamente para reconhecer comportamentos, documentos adulterados e situações de perigo. As áreas de crédito são a segunda tramela que se abrem com relativa facilidade e contribuem para a entrada das fraudes. Dentre diversas situações, citarei três apenas, para que não nos estendamos muito: 3 Analistas inexperientes que não foram alertados para isso ou não ligam o “desconfiômetro”. 3 Analistas que se deixam pressionar pela área comercial (que usam as frases clássicas: “olha, me ajuda, aí!”, “é o último dia do mês e só falta esse caso para eu bater a meta.”). 3 A falta ou o uso inadequado de bases de informações atualizadas e confiáveis. Quanto à formalização, que em muitas instituições é descentralizada, seus funcionários se mostram despreparados ou negligentes na conferência dos documentos que foram exigidos na aprovação do crédito versus o 48 FINANCEIRO fevereiro/março 2010

que está sendo apresentado pelo operador/promotor. Qual a instituição que não tem em seu histórico de fraudes, uma pelo menos, na qual o RG do proponente, emitido depois da Lei n° 7.116, de 29/08/1983, que instituiu alguns padrões para carteiras de identidades, contendo a frase totalmente falsa no verso “Validade em todo território nacional”, quando o correto é “Válida em todo o território nacional”? Portanto para que esses três elos fundamentais do fluxo de captura e avaliação de negócios da instituição funcionem, minimizando a ocorrência de fraudes em sua carteira, há de se investir em treinamento dos envolvidos e bases e sistemas de informações cruzadas. Os funcionários da área de crédito, antes de começarem a deliberar e a terem alguma alçada; os da formalização, antes de passarem a validar os dossiês e documentos recepcionados; e os da área comercial, antes de saírem às ruas para atenderem os lojistas e capturarem propostas, devem ser treinados por especialistas em fraudes . Todos eles têm de ser capacitados, pois vemos que as fraudes são recorrentes. Existem profissionais e empresas experientes nesse mercado oferecendo treinamento a um custo vantajoso. Os sistemas de decisão de crédito devem ser constantemente alimentados pelas situações passadas. Um simples número de telefone, obtido pelo cruzamento de bases, que foi utilizado em uma fraude antiga, pode servir para evitar uma nova e um grande prejuízo. Os birôs de informação não devem ser jamais desprezados. Aliando treinamento e sistemas adequados, as instituições se adequam aos novos tempos de taxas mais baixas e territórios muito disputados, proporcionando até uma melhor rentabilidade dessa carteira cujo mercado no qual quem ainda não entrou está estudando entrar em breve. É o caminho da ampliação dos negócios. Os congestionamentos que o digam! f Antonio Glup é gerente de prevenção a fraudes do Banco Sofisa


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