Edição 57 - Março 2009

Page 6

Evento Acrefi: condições e prazos diferenciadas para os bons pagadores. “O cadastro positivo é uma quebra de paradigma para a economia e não haverá exposição do consumidor, pois o sigilo se mantém em qualquer situação. O que vai contar é o comportamento do consumidor na hora em que ele solicitar um financiamento dos mais variados tipos”, esclareceu Savioli. O ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola, por sua vez, traçou um panorama do crédito no Brasil e procurou mostrar quais são os desafios em tempos de transição. Segundo ele, o Álvaro Musa, sócio-diretor da João Carlos Douat, chefe do departamento mundo está em transformação e esta é a Partner Conhecimento de finanças da Fundação Getulio Vargas crise mais grave desde 1930, com origem no sistema financeiro. “Era uma política macroeconômica conhecida como próFalando especificamente do crédito no País, Loyola foi cíclica. Hoje, temos a crise externa, forte pressão cambial, mas claro: “Antes dessa crise, o Brasil crescia à taxa média de 6% ao também um grande espaço para uma política contracíclica, ano, o que era acima da taxa de crescimento potencial, acima com bastante espaço para a queda dos juros sem pressão camda capacidade da economia, tanto que o BC aumentava a taxa bial. Vale verificar que as contas externas e internas do Brasil de juro para tentar reduzir um pouco o ritmo de crescimento. estão com dívidas em dólar bastante saudáveis”, esclareceu. Porém, era um crescimento bastante robusto, sustentável, com No tocante à relação entre crédito e PIB, Gustavo Loyola investimentos empresariais fortes.” mostrou que, em 2002, ela era de 21,9% e passou para 41,1% Para ele, três pilares eram tidos como a força do cresciem 2008, já com a crise instalada. Para ele, a projeção para o mento da economia: o aumento da disponibilidade de crédito, final deste ano é estar em 45,6%. da renda real do brasileiro e do emprego formal, que gera Além disso, segundo Loyola, o crédito não é apenas o banmassa salarial maior. cário, mas inerente às transações econômicas. Existe um crédito Esses três pilares podem ser agrupados em um só, que é o informal, ineficiente e mais caro. A partir de 2002, houve forte crescimento do crédito, em função de vários fatores: a matuformalização desse crédito e ainda há mais espaço para isso. ração das reformas microeconômicas, em que o ambiente de Além disso, em paralelo, houve a formalização do emprego, da crédito e regulatório foi melhorado, tornando todo o sistema renda e, consequentemente, o aumento da bancarização. mais sólido; o surgimento de novos produtos, como o consignado, por exemplo, para pessoa física; a liquidez abundante no mercado financeiro; e o processo de queda das taxas de juros, mais em linha com as internacionais, entre outros. “Vale lembrar que a queda das taxas de juros se deveu a uma situação macroeconômica bastante estável, bem ancorada e que não gerava inflação, como resultado de um grande esforço que o Brasil fez por muitos anos”, comentou Loyola. Sobre esse ponto, o economista ressaltou que, a pretexto de conter a crise e seus reflexos, não se pode desorganizar a macroeconomia do País. Ele lembrou, ainda, os padrões das crises anteriores pelas quais o Brasil passou. Eram crises de financiamento externo, que provocavam pressão sobre a taxa de câmbio, o que gerava depreciação cambial e levava a um endurecimento da política econômica interna, com restrição monetária, aumento de juros, corte de gastos ou aumento de impostos. Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central

A relação entre crédito e PIB, em 2002, era de

21,9% e passou para 41,1% em 2008, já com a crise

instalada. A projeção para o final deste ano é de 45,6%

FINANCEIROACREFI


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.