Financeiro 51 - Março 2008

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tendência internacional

Divulgação

Sinais do mercado financeiro, risco de crédito e a economia dos EUA

Empresas brasileiras exportadoras de bens e serviços para os Estados Unidos estão preocupadas em saber se seus importadores desfrutarão uma expansão na economia ou necessitarão conviver com uma recessão ao longo do próximo ano. Em parte, as futuras condições econômicas dependem do quão agressivamente o Banco Central dos EUA reduzirá o espectro comercial dos fundos federais (empréstimos overnight não-assegurados, de reservas interbancárias) a fim de evitar um período de mal-estar econômico. Apesar de divulgar um crescimento econômico mais lento do que muitos países em desenvolvimento, os EUA continuam sendo um importante país para os exportadores. Dependendo da medida adotada (ou seja, poder de paridade de compra da moeda ou pesos cambiais no mercado), o Produto Nacional Bruto (PNB) dos EUA abrange 25% dos resultados globais, tomando-se como base estimativas recentemente fornecidas pelo Banco Mundial (World Bank – WB). Bancos e fundos mútuos brasileiros que investiram em títulos denominados em dólar dos EUA têm demonstrado preocupação quanto à possibilidade de as obrigações previamente compradas ganharem ou perderem valor de acordo com

WILLIAM C. HANDORF, PH.D., PROFESSOR DE FINANÇAS NA ESCOLA DE NEGÓCIOS DA UNIVERSIDADE GEORGE WASHINGTON, EM WASHINGTON, DC. ALÉM DE ATUAR COMO PROFESSOR E CONFERENCISTA, ELE DÁ PALESTRAS COM FREQÜÊNCIA NO BRASIL, DIRETOR DO BANCO DE EMPRÉSTIMOS FEDERAIS DA HABITAÇÃO (FHLB – FEDERAL HOME LOAN BANK) DE ATLANTA E EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL DOS EUA (FED – FEDERAL RESERVE BANK) DE RICHMOND E TITULAR DA AGÊNCIA LOCALIZADA EM BALTIMORE

Apesar de divulgar crescimento mais lento do que muitos países em desenvolvimento, os EUA continuam um importante país para os exportadores

as tendências da taxa de juros norte-americana. Em parte, as taxas de juros reagem à política monetária elaborada pelo Banco Central. Estas também refletem mudanças na inflação. Os bancos brasileiros possuíam ativos externos iguais a US$ 125 bilhões e dívidas externas de quase US$ 60 bilhões em 2007, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais (BIS – Bank for International Settlements). A República do Brasil, bancos e outras empresas privadas que tomaram emprestados fundos denominados em dólares americanos sem coberturas cambiais estão preocupados em definir se o dólar irá valorizar ou desvalorizar durante o ano. A resposta depende parcialmente da tendência da taxa de juros e da inflação. No que tange a 2007, a dívida internacional emitida pela República do Brasil e por empresas e bancos brasileiros abrange quase

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um terço do passivo internacional de toda a América Latina. Especialistas freqüentemente fazem prognósticos aplicáveis às condições econômicas de muitas regiões do mundo, prevendo taxas de juros, índices de inflação, precificação cambial externa e aumento do PIB. Evidências empíricas mostram que: • O grau de acerto desses especialistas é muito alto quando as condições financeiras ou econômicas permanecem estáveis; • Os especialistas não identifi cam o ponto de inversão de tendência de uma economia, fato crucial para um exportador, investidor ou financista; e • Os mercados financeiros e mercados futuros fornecem previsões melhores e mais confiáveis do que as fornecidas pelos especialistas.¹ O presente artigo avalia as condições econômicas e as tendências do mercado financeiro norte-americano que possam ser de interesse para os executivos e criadores de políticas monetárias no Brasil, por meio do enfoque de indicadores do mercado financeiro prontamente acessíveis. Embora os mercados possam ser comprovadamente mais confiáveis do que os especialistas, as mensurações apresentadas não são, em hipótese alguma, perfeitas. FINANCEIRO


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