Financeiro 41 - Novembro 2006

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Financeiro

A revista do crédito ano 4 nº 41 nov/2006

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES

©iStockphoto.com/Dar Yang Yan

A COBRANÇA EM DEBATE Especialistas avaliam novos desafios em tempos de aumento de crédito

Gestão

Artigo

O papel de estimular a ética empresarial

Cenário de deterioração da política fiscal

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27/11/2006, 14:43



editorial

Vamos rezar!

Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento

Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI

DIRETORIA Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Gilberto Caldart, José Arthur Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Ricardo Malcon, Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto e Wilson Masao Kuzuhara Secretários Daniel Capelo Pinheiro e José Dante Zanaga Neto Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Capella Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim (SP-Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Evanir Coutinho Ussier (SP-Capital), Félix Archanjo Bordin (PR), Leonel Dias de Andrade Neto (RJ), Paulo Aguiar (Montadoras), Renato Malcon (RS), Sergio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF e GO) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Adalberto Savioli, Álvaro Augusto Vidigal, Enílson Espínola de Souza, Felícitas Renner, Ivan Svitek, João Ayres Rabelo Filho, José Antônio Rigobello, Marcos Antonio Waideman, Moisés dos Santos Jardim e Sergio Antônio Cipovicci Diretores Conselheiros Humberto Casagrande Neto, Jerônimo Varalla Neto, Luiz Antônio Viana, Luiz Fonseca de Souza Meirelles Filho, Marcio Ronconi, Ricardo Annes Guimarães e Rodrigo Bacellar Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos e Manoel de Oliveira Franco. Membros: Elcio Aníbal de Lucca (SERASA), Guilherme Afif Domingos (ACSP), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC), Rogelio Golfarb (ANFAVEA), Sergio Reze (FENABRAVE) e Walter Machado de Barros (IBEF SP) Conselho Fiscal Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e Roy Martelanc. Suplentes: Abílio Abreu Neto, Massimo Tagliavini e Matias Nazari Puga Neto Presidente Honorário João Uchôa Borges (In memoriam) Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Conselheiro Econômico Prof. Istvan Kasznar

Financeiro

internacional extraordinariamente favorável, que implicou crescimento das exportações e superávits nas contas-correntes, permitiu a redução da dívida externa e melhora no perfil de vencimentos da dívida externa com acumulação de reservas e desatrelou o dólar da dívida pública. Com isso, o câmbio valorizou-se, e o número de exportadores está decrescendo, o que leva as vendas externas à concentração em poucas e grandes empresas, reduzindo o efeito de políticas públicas de comércio exterior. Exportamos cada vez mais commodities e cada vez menos manufaturados... Já se projeta, para 2007, um crescimento maior do que o deste ano, mas, infelizmente, muito menor do que o de 5% estimado pelo governo: seria algo na casa dos 3%, no máximo. Nem mesmo a queda gradual dos juros desde setembro de 2005 deve ajudar, já que a contribuição do setor externo continua negativa e os gastos públicos que estimulam renda e consumo devem parar de crescer, dadas as restrições fiscais que se impõem. Pior: o nível de investimento também não dá sinais de expansão para os sonhados 5% no ano que vem. Ou seja, para que o segundo mandato do presidente Lula seja tão favorável quanto o primeiro, a solução é rezar muito – e com fervor!

Nesta edição

ISSN 1809-8843 Conselho Editorial : Érico Sodré Quirino Ferreira, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial : Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável : Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfi ca: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Fabracor; Periodicidade: mensal Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.

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É preciso contar com Deus mais do que nunca nos próximos quatro anos. No início de seu primeiro mandato, o presidente Lula prometeu o “espetáculo do crescimento”, mas o termina com a mesma taxa média – insuficiente – da década, cerca de 2,7% ao ano. No segundo mandato, será necessário conciliar mais crescimento econômico com estabilidade macroeconômica, deixando de lado as políticas de curto prazo. Para isso, todo brasileiro precisa rezar muito, já que seria preciso manter o regime de metas de inflação e de câmbio flutuante, buscar a austeridade fiscal e fazer as reformas previdenciária, trabalhista e tributária para aumentar investimentos e produtividade. Além disso, o governo reeleito terá de fazer acordos bilaterais com grandes parceiros comerciais, como Estados Unidos e União Européia, em vez de manter parcerias como a com a Venezuela ou com a Bolívia. Também será preciso mudar a política de transferência de renda às camadas mais pobres da população. De 2003 a 2005, os 50% de brasileiros mais pobres foram os que mais ganharam com acréscimos anuais de 8,4% na renda. Porém, os níveis de pobreza no Brasil ainda são muito elevados e não houve promoção do crescimento durante o período de distribuição de renda. Nossas orações serão ainda mais importantes nos próximos quatro anos, porque a pauta de nossas importações está cada vez mais baseada em commodities, o que é preocupante. No primeiro mandato de Lula, a sorte do País foi poder beneficiar-se de uma situação

Flávio Roberto Guarnieri

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4 Encontro Acrefi

17 Variedades

8 Debate

18 Tendência

Soluções para uma cobrança eficiente

Judiciário e economia: uma discussão relevante

Os fabulosos vinhos de Bordeaux

O ajuste nos preços das commodities

10 Economia

20 Artigo

12 Gestão

22 Banco de dados

14 Artigo

30 Espaço do artista

A liquidez e o crédito

O papel de estimular a ética empresarial

Em busca do crescimento

Números robustos escondem deterioração fiscal

14 bis voou 60 metros, por Silvio Dworecki

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encontro Acrefi

Soluções para uma cobrança eficiente Em momento de maior oferta de crédito, executivos debatem novos desafios

Érico Sodré Quirino Ferreira Presidente da Acrefi

Depois de debater o crédito no Brasil, nada podia ser melhor do que colocar a “Cobrança em Debate”, seminário realizado pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento - Acrefi, em parceria com a Serasa. A coordenação dos debates foi realizada por Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), diretor superintendente da Acrefi. Uma importante oportunidade de conhecer as opiniões de importantes executivos das mais relevantes empresas do mercado na possibilidade de compatibilizar a maior oferta de crédito, o maior endividamento e a redução dos spreads e da alta da inadimplência, debateram para uma platéia que lotou o Auditório da Serasa, Adalberto Savioli, diretor de crédito e risco do Banco Panamericano; Ricardo Loureiro, diretor de produtos pes-

Adalberto Savioli Banco Panamericano

“O crédito não será dado indiscriminadamente por causa do cadastro positivo, mas terá um risco bem menor” Érico Sodré Quirino Ferreira

soa física da Serasa; Celso Amâncio, diretor presidente do Banco Carrefour; Álvaro Musa, diretor presidente da Partner Conhecimento; e Henrique Alves, diretor de cobrança da BV Financeira. Na abertura dos trabalhos, Érico Ferreira, presidente da Acrefi, deu o tom do que seriam os debates durante o seminário. Após um panorama da instituição, Érico Ferreira agradeceu a presença dos parceiros comentando que é o momento perfeito para discutir a cobrança pelo aumento da

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Ricardo Loureiro Serasa

oferta de crédito que o mercado apresenta, lembrando que o aumento do crédito depende estreitamente da eficácia da cobrança. “Uma das ferramentas mais importantes para o aumento consciente da oferta de crédito se dará pela implantação do cadastro positivo e essa é uma esperança de todos os players do mercado”, comentou Ferreira, completando “o crédito não será dado indiscriminadamente única e exclusivamente por causa do cadastro positivo, mas terá um risco bem menor, com metodologia adequada para todo o ciclo, diminuindo a inadimplência”. Ele destacou que uma das questões principais é o aumento da inadimplência e a colocou como importante causa do spread existente hoje. Para o presidente da Acrefi, o principal desafio das empresas de crédito e financiamento é ofertar FINANCEIRO


mais crédito, com taxas compatíveis para cada cliente e, ao mesmo tempo, diminuir a inadimplência. Crescente oferta Ao colocar isso, Érico Ferreira deixou que os debatedores discutissem essas premissas. A primeira apresentação foi realizada por Adalberto Savioli, do Banco Panamericano, que

Celso Amâncio Banco Carrefour

mostrou as tendências para o crédito, na visão do banco. “Uma das ferramentas que melhor irá agilizar o mercado é o bureau positivo, substituindo a análise cadastral pela comportamental. A oferta de crédito só vai continuar crescendo com maior utilização dos cartões de crédito, maior oferta de produtos ao mesmo cliente, expansão dos limites de crédito, com melhor entendimento do risco de crédito dos clientes, alongamento dos prazos e a redução dos spreads”, comentou ele. Para Savioli, essa crescente oferta terá como base a expansão dos limites para cada cliente em patamares que vão de 100% a 120% da renda para cartões de crédito e cerca de 200% no crediário. O alongamento dos prazos de pagamento já é uma realidade, como, por exemplo, no financiamento de ACREFI

automóveis, que chega a 60 meses, assim como a redução do spread e de taxas mais adequadas se dará pela adoção do bureau positivo. Em contrapartida, o executivo apresentou as tendências de cobrança no País. Para ele, várias ferramentas deverão ser utilizadas em conjunto. Ferramentas de scoring de cobrança, com maior automação dos processos, focando no maior risco, e com redução dos processos judiciais como meio de recuperação. “Esse é um ponto crucial para todo departamento de cobrança. Custa muito para a empresa a recuperação do bem financiado em caso de inadimplência”, comenta Savioli. Outras ferramentas são: custos de cobrança, prevendo total reavaliação da remuneração pela concentração, ganho de escala em função do aumento da oferta e da inadimplência, e a troca de dívida, que já está em crescimento ou pelo menos em estudo pelas empresas. A cobrança eletrônica visa dar mais agilidade ao processo com a conseqüente redução de custos, assim como as campanhas, tanto de recuperação quanto de renegociação, que há alguns anos eram realizadas apenas na época de final de ano, hoje se realizam constantemente. “Porém, a principal ‘arma’ das empresas é colocar a cobrança como negócio, dando maior atenção às receitas por ela geradas e maior foco para a conquista de receitas adicionais para o negócio”, finalizou Saviloli. Estratégias diferenciadas Quais as melhores estratégias para cobrança? Como otimizar os resultados obtidos? Quem cobrar primeiro e quem não cobrar? Com essas questões, Ricardo Loureiro, diretor de produtos pessoa física da Serasa, iniciou sua explanação no seminário. Para ele, existe a necessidade de diferenciar as estratégias de acordo com o perfil do cliente. “É preciso haver um compartilhamento de informações de mercado para se conhecer melhor o devedor.

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“A principal ‘arma’ das empresas é colocar a cobrança como negócio” Adalberto Savioli

As empresas precisam colocar a cobrança dentro dos custos gerais e perceber que isso vale a pena, pois haverá lucro com bons pagadores e boas cobranças”, comenta Loureiro. Segundo dados da empresa, 25,5% dos devedores da instituição têm como único credor a própria instituição. Esse fato revela melhores condições de negociação com o devedor, uma vez que este só deve para a própria empresa. Para clientes que têm um ou dois credores, a possibilidade de cobrança chega a 57%, portanto, quanto menor o número de dívidas, melhor será a possibilidade de pagamento. Quanto maior o tempo que a empresa leva para cobrar, maior será o valor e, conseqüentemente, menor a possibilidade de sucesso. Para Loureiro, clientes que pagam a outras instituições têm mais possibilidades de renegociação. Para isso, o bureau positivo poderá reverter as perdas, aumentando a atuação da cobrança. “As empresas devem aprimorar as estratégias de cobrança, com uso dos bureaux externos, informações completas de mercado sobre os devedores, compartilhamento de informações sobre títulos em atraso, utilização de scorings de recuperação [de mercado conjugados a proprietários] como ferramenta de suporte à aplicação de estratégias segmentadas de cobrança”, esclarece o executivo. Cobrança com planejamento O diretor presidente do recémcriado Banco Carrefour, Celso Amâncio, também se mostra totalmente favorável em colocar a cobrança como negócio dentro da empresa. “Aquelas empresas que fizerem isso irão tirar muito proveito. A inadimplência se torna boa quando se


encontro Acrefi “As empresas precisam de uma mudança de conceito e, principalmente, investir em gente. Cobrança, hoje, é inteligência” Celso Amâncio

coloca a cobrança em linha com todos os negócios da empresa”, enfatiza Amâncio. Para ele, o crédito hoje é uma commodity, é um segredo estratégico. Crédito é feito para realizar sonhos, porém, nos últimos tempos, compra-se mais por impulso e por status. “Hoje, podemos dizer claramente que o cliente tornou-se vítima da enorme oferta de crédito que passou a existir no País, e o mercado está pagando por isso”, afirma ele. Por isso, a cobrança, que um dia foi simples, tornou-se muito complicada pelo volume e, principalmente, pelo distanciamento que se manifesta entre as empresas e os clientes. Mas, já que a situação chegou a esse ponto, a cobrança precisa ter um planejamento, um macroobjetivo. O foco principal é trazer o cliente de volta à pontualidade dos pagamentos, prever e ter ferramentas para isso e conhecer a complexidade de cada cliente. Amâncio tem a certeza de que é preciso gerir os custos e os benefícios da cobrança, reavaliando se ela deve ser interna ou terceirizada. “Terceirização, nesse caso, não é abandono de carteira, mas a melhor gestão dessa carteira, mesmo nas mãos de terceiros”, enfatiza o executivo. Celso Amâncio trabalha, hoje, com terceirização de cobrança, e a empresa já obteve um aumento de quatro vezes, em menos de um ano, em reativação de clientes, podendo dar mais possibilidades de a empresa voltar-se ao seu core business. Para que a cobrança externa possa oferecer resultados satisfatórios, não

Álvaro Musa Partner Conhecimento

pode ser feita como no passado, quando era mal vista e trazia poucos resultados. Hoje, ela tem foco no cliente para que possa trazer benefícios para os três lados – empresa, cobrança e cliente. “O mercado de cobrança está em seu melhor momento para mostrar profissionalismo”, comenta ele. As soluções de cobrança não podem mais ser desiguais. As empresas precisam rever as remunerações com o aumento da inadimplência e dos resultados. O amadorismo, assim como o favorecimento, não tem mais espaço neste importante mercado. Para Amâncio, acima de tudo, deve haver ética nas relações. “Nós já temos muitos exemplos antiéticos neste país. Agora o que vence é o saber fazer e o saber aprender para fazer. Ninguém consegue sem parcerias, não dá mais para fazer sozinho. Portanto, as empresas precisam de uma mudança de conceito e, principalmente, investir em gente. Cobrança, hoje, é inteligência”, conclui. Mais eficiência Segundo dados do Banco Central (dez/2005), para um spread de 27 pontos percentuais, 9,2 p.p. vêm da inadimplência e apenas 5,4 p.p. fazem parte do lucro das empresas.

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Henrique Alves BV Financeira

Em agosto deste ano, a inadimplência de pessoa física (acima de 90 dias) alcançou 7,2% da carteira, o que representa cerca de R$ 20 bilhões a serem cobrados. Para conseguir isso, Álvaro Musa, da Partner Conhecimento, tem uma receita, que corrobora a opinião dos outros debatedores. “É importante que a cobrança faça parte do negócio da empresa. Antigamente, se colocava a cobrança no fim do processo, o que dava a característica muito ruim dos gerentes da área. Ao colocá-la como parte integrada da empresa, os resultados, fatalmente, serão substancialmente melhores.” Quando a cobrança era relegada a um segundo plano, os gerentes eram vistos como maus sujeitos que ameaçavam os bons velhinhos que não conseguiam pagar seu empréstimo, a única coisa a aprender era negociar com dureza. Essa visão foi completamente alterada com a inclusão da cobrança nos planos da empresa. Hoje, um gerente tem de ter resultados mensuráveis e representatividade em todo o negócio da empresa. Deve investir em tecnologia, gente e ferramentas de gestão cada vez mais sofisticadas e será mais eficiente no negócio. “Um gerente deve ver e ser visto como a área mais importante da FINANCEIRO


Profissionais do segmento de crédito acompanharam apresentações no auditório da Serasa

empresa. Fazer da cobrança parte integrante do crédito, um dos lugares mais sofisticados para se trabalhar, com tecnologia de ponta, tratamento estatístico de primeiro nível e engenharia financeira sofisticada. Assim, poderá obter mais eficiência no negócio, menor inadimplência, menores taxas no médio prazo”, complementa Musa. Para ele, uma proposta de solução também passa pela implantação do cadastro positivo, para se poder conhecer melhor o comportamento do consumidor. Outro ponto de real importância, para o executivo, é a produção de uma campanha educacional voltada ao consumidor final, que poderá produzir resultados positivos, como redução “intrínseca” da inadim-

plência e das taxas na origem. O profissional de cobrança é um perfeito malabarista. Deve equilibrar diversas metas e operações. Essa é a opinião de Henrique Alves, diretor de cobrança da BV Financeira. Segundo ele, ainda há muito espaço para o crescimento da oferta de crédito no País. O Brasil precisa crescer e uma forma para isso é o financiamento. Para isso, as empresas precisam se adaptar ao futuro, com a cobrança sendo parte da empresa, e vê-la como um todo. “Os profi ssionais da área precisam olhar o que existe no mercado, mas devem arrumar a casa. Identifi car o que é cliente inadimplente e o que é fraudador e insolvente. Ter foco nas operações de cobrança para não ter desperdícios”, diz Alves.

A impressão que o profissional deixava no mercado era de truculência e pouca, ou nenhuma, eficiência. Hoje há pessoal preparado e treinado para regular a relação custo-benefício. O mercado está “perseguindo” o profissional com visão de negócio; os melhores parceiros, em busca de melhores resultados; metas de recuperação realistas e, para isso, conhecer a fundo suas carteiras e promover uma constante revisão no processo operacional. Para finalizar o debate, Henrique Alves comenta que “a cobrança tem como missão contribuir para o negócio geral da empresa. Dessa forma, ela faz parte do ciclo de crédito, que vai desde a prospecção do cliente até a cobrança”.

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debate

Andrea Felizolla

Judiciário e economia: uma discussão relevante PIERPAOLO CRUZ BOTTINI, SECRETÁRIO DA REFORMA DO JUDICIÁRIO, MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

Muito se fala e pouco se estuda sobre a relação entre o funcionamento do sistema judicial brasileiro e o desenvolvimento da economia nacional. É quase lugar-comum ouvir que o desempenho do Poder Judiciário e a qualidade de suas decisões têm grande impacto no grau de investimento, na taxa de juros e no mercado de crédito, mas existem poucos textos ou artigos que se propõem a analisar, com base em dados e informações mais precisas, a existência dessa relação e sua extensão real. Nesse contexto, é natural que se proliferem idéias mistificadas sobre o tema que guardam muito mais impressões pontuais e preconceitos do que conhecimento de fato. A discussão sobre os reflexos do comportamento do sistema judicial para o crescimento da nação é relevante e imprescindível, no entanto, deve ser feita com bases mais sólidas e desprovida dos vícios corporativistas ou de idéias preconcebidas sobre o assunto. O diálogo entre economistas, administradores e juristas deve ser pautado por elementos mais concretos, que explicitem os verdadeiros problemas que a questão apresenta e permitam seu enfrentamento de maneira mais efetiva e estratégica. Certamente, o funcionamento da Justiça afeta, de alguma forma, determinados setores da atividade econômica, principalmente os investimentos e o mercado de crédito. Isso fica claro quando se verifica, por exemplo, o comportamento dos juros sobre empréstimos pessoais antes e depois do advento do crédito consignado. Como notou Goldberg, secretário de Direito Eco-

nômico do Ministério da Justiça, em janeiro de 2004, o valor cobrado sobre os empréstimos pessoais era de cerca de 7% ao mês. Com o advento do crédito consignado, esses juros caíram para cerca de 2% ao mês e o estoque de crédito cresceu 37%. A pergunta que surge é: qual a razão para tal queda no preço do crédito e para tamanho aumento do estoque se os tomadores e os financiadores são rigorosamente os mesmos? A resposta é clara: no crédito consignado, não há espaço para a inadimplência, logo, não há o risco de ter que se valer do Poder Judiciário para reaver os valores disponibilizados. Nesse exemplo, fica evidente que existe alguma relação entre o Judiciário e a economia, ao menos no que se refere ao mercado de crédito. Se o afastamento do risco de utilizar a Justiça foi capaz de reduzir os juros sem nenhum ato intervencionista estatal, mas pela mera lógica do mercado, significa que a necessidade de resolver litígios por meio dos mecanismos formais acaba por impor um ônus aos atores que operam essas atividades. No entanto, qualquer conclusão mais apressada pode comprometer a análise, que não se faz simples. O que o exemplo do crédito consignado demonstra é que existe, sim, um impacto econômico que decorre da atividade do Poder Judiciário, mas não evidencia qual a extensão desse impacto ou suas causas. O fato de haver um decréscimo de 5% de juros não pode levar à afirmação de que a solução dos problemas da Justiça é a única e grande chave para o desenvolvimento. Por outro lado, tal

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fenômeno não diz nada a respeito de qual aspecto do funcionamento da Justiça afeta o preço do crédito: seria a qualidade das decisões dos juízes ou a demora em tomá-las? A segunda questão me parece crucial para o debate, ou seja, compreender qual elemento específico da prestação jurisdicional afeta o desenvolvimento econômico e, em especial, o mercado creditício. A qualidade das decisões judiciais é freqüentemente apontada como um elemento importante para o funcionamento da economia. Esse discurso passa por uma crítica da falta de conseqüencialismo das decisões judiciais, ou seja, que os juízes não levam em consideração, ao tomar uma decisão e proferir uma sentença, os impactos que esta tem para o funcionamento de setores da economia. No exercício de suas atividades, o juiz deve aplicar a lei ao caso concreto, interpretando seu sentido literal, teleológico, histórico e político. Enfim, o magistrado, ao trazer o texto legal para resolver determinada situação, vai moldar seu sentido diante da realidade objetiva, de acordo com suas convicções e princípios. Nesse processo de aplicação do direito, é impossível retirar uma parcela de subjetivismo, pois é um processo humano e, como toda atividade humana, será pautado pela formação política e social do agente. E isso não representa problema algum de legitimidade, na medida em que essa atividade interpretativa é restrita e limitada pelo texto legal, ou seja, se dá dentro de parâmetros objetivos e estáveis. Qualquer extrapolaFINANCEIRO


ção poderá ser revista mediante recursos e outros instrumentos previstos em nossa legislação processual. Nesse processo decisório, é fundamental que aspectos do caso concreto sejam analisados, mas que também faça parte uma avaliação das conseqüências da decisão que extrapolarão o estreito rol das partes envolvidas e afetem todo um setor econômico ou social. Casos como o do leasing cambial1, que foram amplamente discutidos nos tribunais, são paradigmáticos, pois as decisões afetam as partes no processo, mas também todo um mercado que estará pautado e orientado por esses entendimentos judiciais. Isso não significa que devam prevalecer os interesses do mercado sobre outros elementos e princípios, mas a responsabilidade judicial exige que todas as conseqüências de sua decisão sejam levadas em consideração no processo de interpretação das normas, inclusive seus impactos econômicos. Mais uma vez friso que isso não significa que a decisão judicial deva ser pautada exclusivamente pelas suas conseqüências para o sistema econômico, mas apenas que essa consideração deve fazer parte do processo interpretativo da lei, ou seja, deve ser levada em conta pelo juiz dentre os inúmeros outros critérios que balisarão seu entendimento final. No entanto, e por mais que esse método interpretativo seja importante para a formação de uma responsabilidade econômica e social da magistratura, não parece que os critérios ou elementos que integram o processo decisório do juiz sejam fundamentais para o desenvolvimento econômico. É evidente que algumas decisões têm impacto maior sobre o funcionamento de determinado setor específico (como é o caso do leasing cambial e o mercado de crédito), mas, em geral, pode-se esperar a segurança jurídica necessária na medida em que a grande parte das decisões judiciais está pautada pela lei e na jurisprudência dominante fixada pelos tribunais.

A maior contribuição que a Justiça pode dar à economia é resolver os litígios que se apresentem O problema, portanto, está em outro aspecto da atividade judicial. Não está na forma como os magistrados decidem, mas no tempo exigido para a consolidação dessa decisão como parâmetro estável. Como já explicitado, a atividade de decisão do juiz tem como marco e como limite o texto da lei, mas a aplicação dessa lei ao caso concreto permite inúmeras interpretações, todas elas legítimas e razoáveis. Se o problema não está na qualidade dessas interpretações, ele está na morosidade com que elas se tornam definitivas, efetivas e orientadoras. Para ilustrar a questão, tomemos o exemplo da discussão sobre a assinatura básica cobrada pelas empresas de telefonia. Parte do Judiciário entende que a cobrança dessa assinatura é legal, outra entende que é ilegal. Ambos os entendimentos são legítimos, porque a lei não trata da questão de maneira clara, logo, essas decisões não pecam pela falta de qualidade (talvez a legislação peque por falta de qualidade nesse caso). O grande problema é que uma discussão como essa leva anos para chegar aos tribunais superiores e ser resolvida de maneira definitiva, ou seja, perpetua-se uma situação de desigualdade concreta e de conseqüente insegurança, não porque as sentenças judiciais são ruins, mas porque o processo judicial demanda muito tempo. Durante esse tempo, para parte dos consumidores vai valer a assinatura básica, e para a outra parte não. Isso não interessa nem aos consumidores nem às empresas, para quem falta uma regra clara que permita estabelecer sua

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Neste caso, os devedores de financiamentos de veículos com contratos fundados na variação cambial foram à Justiça pedindo a reavaliação dos termos contratados devido à desvalorização intensa do real e o conseqüente aumento da dívida em grandes proporções.

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estratégia e seu planejamento futuro. Dessa forma, o que falta é agilidade para que as questões sejam resolvidas em tempo razoável pelas instâncias judiciais definitivas e para que essas decisões tenham vigência e validade efetiva, criando regras e parâmetros que permitam o desenvolvimento seguro da atividade econômica. Importante frisar que não importa se a decisão final é favorável ou desfavorável aos agentes econômicos ou aos interesses do mercado, o que importa é a estabilidade do entendimento, que vai orientar a conduta dos operadores daquela atividade e construir um clima de segurança para a viabilidade do desenvolvimento econômico. Dessa forma, a discussão sobre Judiciário e economia deve estar mais atenta aos impactos oriundos da morosidade do que aos efeitos negativos da qualidade das decisões (ressaltando mais uma vez que isso não significa que as decisões não devam ser discutidas do ponto de vista econômico ou conseqüencialista). A construção da credibilidade da Justiça, necessária ao desenvolvimento das atividades econômicas, comerciais e financeiras, exige medidas voltadas para a agilidade no cumprimento de suas funções e para fortalecer a efetividade daquelas decisões já pacificadas e consolidadas, para que sirvam como parâmetros às atividades sociais. É com essa perspectiva que a reforma do Judiciário deve ser tratada. Ao apresentar 26 projetos de lei sobre a reforma processual, o Poder Executivo buscou superar os gargalos existentes no processo de decisão judicial e promover a efetividade dessa decisão para evitar a perpetuação de ações e recursos sobre os mesmos temas, que tomam o tempo dos juízes e das partes interessadas na solução final de seus litígios e na consolidação de um ambiente estável para desenvolver suas atividades. A maior contribuição que a Justiça pode dar à economia é resolver, de forma eficiente e conclusiva, os litígios que se apresentem, consolidando as regras necessárias às transações financeiras e comerciais que garantem o desenvolvimento de uma nação.


economia

A liquidez e o crédito CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, CHEFE DO DEPARTAMENTO ECONÔMICO DA CNC E EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL. MARIANNE LORENA HANSON, ASSESSORA ECONÔMICA DA CNC

Apesar das incertezas quanto à sustentabilidade dos desequilíbrios globais, o ciclo de liquidez internacional ainda perdura. O crescimento econômico mundial, a alta dos preços das commodities, especialmente do petróleo, e a política monetária expansionista dos principais bancos centrais do mundo refletiram na valorização de ativos imobiliários e financeiros, além do barateamento do crédito. No entanto, bancos centrais de vários países, preocupados com a elevação dos preços dos ativos e a liquidez de seus mercados, a exemplo de Suécia e Austrália, estão elevando as taxas de juros preventivamente, mesmo que no presente contem com uma inflação sob controle, resultante da credibilidade que possuem. Mas, mesmo em face de riscos inflacionários futuros, a resposta dos principais bancos centrais, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, tem sido prudente. A razão principal é que se espera uma desaceleração econômica que pode ser intensificada por uma mudança mais expressiva na política monetária. Um outro motivo seria a dificuldade das autoridades monetárias em determinar a taxa de juros neutra ou natural, aquela que não estimula nem desestimula a economia. Qualquer erro na calibragem da política monetária pode levar a flutuações indesejadas na atividade econômica. Na zona do euro, a política do Banco Central Europeu (ECB), que

vinha sendo acomodatícia desde 2001, já está próxima àquela considerada neutra. Uma política monetária mais restritiva nos Estados Unidos e na Europa causará impactos sobre o excesso de liquidez global. O desinflar da bolha imobiliária americana, atualmente em curso, e a queda do preço do petróleo também devem favorecer uma diminuição de liquidez internacionalmente. Por outro lado, esses dois últimos fatores amenizam as pressões inflacionárias, principalmente o petróleo no caso dos preços de energia, o que facilita uma política monetária menos agressiva. Os reflexos para o Brasil do cenário internacional em 2006 continuaram positivos pelo terceiro ano conse-

cutivo, favorecendo as contas externas e a condução das políticas econômicas. As condições de liquidez externa mantiveram o risco-país em patamares baixos e o câmbio apreciado. Assim como em 2005, a apreciação cambial foi o fator-chave para o controle inflacionário, muito embora o excesso de zelo do Banco Central do Brasil e o baixo dinamismo da economia doméstica tenham produzido surpresas inflacionárias positivas. As quedas maiores do que esperadas nos preços também produziram taxas de juros reais bastante elevadas, mesmo após os cortes promovidos da taxa Selic nominal. Porém, isso parece não ter prejudicado ainda o crescimento das operações de crédito.

Meios de Pagamento - M4 (% do PIB) 80 PROJEÇÃO 75 70

% 65 60 55

Jan

Jun 2004

Nov

Abr

Set 2005

Fev

Jul 2006

Dez

Fonte: Banco Central, Programação Monetária 2006. Elaboração Depec/Banco Central

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102,00

300

101,50

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100,00 220 99,50 200

99,00

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98,50 98,00

Massa Salarial Real MM 12 (base fev/02)

97,50

Crédito Real P. F. - Saldo (base jun/02)

97,00 jan/03 mai/03 set/03 jan/04 mai/04 set/04 jan/05 mai/05 set/05 jan/06 mai/06

160 140

CRÉDITO REAL À PESSOA FÍSICA

MASSA SALARIAL

Crédito Pessoa Física X Massa Salarial

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Fonte: Banco Central, IBGE e elaboração própria

O excesso de liquidez internacional tem repercutido nas condições internas e, dessa forma, o melhor acesso aos mercados externos tem facilitado a oferta de crédito pelas instituições financeiras atuantes no País. As compras de divisas estrangeiras no mercado pelo Banco Central contribuem para aumentar a liquidez dos bancos que, por sua vez, direcionam os recursos em parte para os mercado de ativos de crédito, mesmo em face de elevadas taxas de compulsório vigentes. Como mostra o gráfico da página anterior, houve uma forte expansão de liquidez (aqui representada pelos meios de pagamentos no conceito M4) oriunda de fatores externos, como já mencionado anteriormente, e internos, cujo principal constitui o crescimento dos gastos correntes do governo. Esse aumento de liquidez,

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porém, ainda não tem pressionado os preços na economia. Além dos impactos do câmbio, a eficácia do Banco Central em aumentar sua credibilidade tem exercido papel importante nesse aspecto, pois as expectativas inflacionárias estão bem coordenadas no Regime de Metas de Inflação. Ademais, as características do ciclo atual de crédito o tornam mais sensível ao nível de atividade e de renda, comparativamente aos juros. Cabe ressaltar que, embora os juros reais estejam realmente em patamares elevados, vistos sob uma perspectiva mais ampla, estão em trajetória de queda sustentável. O ciclo atual de crédito tem sido calcado na expansão dos empréstimos à pessoa física, cujos saldos reais acumulam crescimento de 23,6% nos últimos 12 meses até agosto, e na regulamentação do crédito consignado, que

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acumula expansão real de 46,4% no mesmo período e hoje já representa cerca de 24% do crédito à pessoa física com recursos livres. Novos produtos de crédito pessoal também têm aumentado o acesso para o tomador. Devido à grande demanda reprimida por crédito no passado, seu saturamento poderá ser prorrogado à medida que os indicadores econômicos continuem favoráveis, como, por exemplo, aqueles de solvência externa. O fator que mais preocupa na evolução do crédito à pessoa física é o atual descasamento entre crédito e massa real de salários. A massa salarial vinha apresentando bom crescimento até 2004, o que, juntamente com inflação baixa e novas modalidades de crédito, favoreceu o aumento do financiamento, sobretudo do consumo. A partir de 2005, entretanto, a massa salarial se estabilizou, enquanto o crédito continuou subindo. Esse fator deu margem ao crescimento da inadimplência, o que mostra uma redução da capacidade de endividamento das famílias. Devido a esse descasamento e ao dinamismo da economia, espera-se para 2007 renegociações e alongamentos crescentes do crédito. Em determinados momentos, a inadimplência poderá crescer de maneira a causar impacto negativo sobre os empréstimos. Contudo, o cenário mais provável é que o crédito continue sua trajetória de expansão, já que a inflação baixa e a melhora das contas externas impulsionaram um ciclo mais duradouro.


gestão

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O papel de estimular a ética empresarial

Cada dia mais as empresas assumem a missão de ser, por excelência, o agente de transformação social. Os valores, as atitudes e a filosofia corporativas passam a nortear a sociedade no cotidiano e se tornam referências comportamentais. A partir dessa constatação, o cenário corporativo global assume os critérios de sustentabilidade, tão bem expressos pela metodologia do Global Reporting Initiative (GRI), que define uma nova conduta para as organizações e promove a comparabilidade global entre elas. Conhecemos bem a importância da transparência nas empresas e seus reais benefícios nas relações com as partes interessadas e nos resultados. No entanto, a transparência é uma obrigação da empresa que, numa visão muito mais ampla, está contida no conceito de ética que, por sua vez, não é de fácil definição. Afinal, até o crime organizado possui ética e código de conduta.

ELCIO ANIBAL DE LUCCA, PRESIDENTE DA SERASA E DO FÓRUM DE LÍDERES EMPRESARIAIS GAZETA MERCANTIL E ADMINISTRADOR EMÉRITO PELO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRASP)

A ética nos negócios tem seus impactos diretos na marca, na imagem, no marketing, na estratégia, nos investimentos e, principalmente, na satisfação dos profissionais que trabalham na empresa O best-seller norte-americano A Empresa Transparente, de autoria de Don Tapscott e David Ticoll, ilustra bem como a era da transparência e da ética revolucionará os negócios num ambiente de informação abundante. Segundo essa obra, as empresas de hoje contam com outros riscos além dos de mercado que, em dimensões bem maiores, são os do julgamento coletivo de suas partes interessadas (stakeholders). Daí a oportuna justificativa do título. Na sociedade

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da informação, as empresas podem desaparecer da noite para o dia. O dueto transparência e ética passou a ser prática explícita e indissociável para o sucesso empresarial, principalmente a partir dos escândalos corporativos nos Estados Unidos e na União Européia, em 2002, e é determinante para a decisão de investidores institucionais. Nesse sentido, a edição da Lei Sarbanes-Oxley, nos Estados Unidos, busca restaurar a confiança pública nas condutas corporativas e em seus modelos de compliance. A ética nos negócios tem seus impactos diretos na marca, na imagem, no marketing, na estratégia, nos investimentos e, principalmente, na satisfação dos profissionais que trabalham na empresa. Esse conjunto é fundamental para se atingir os resultados econômico-financeiros da empresa, bem como sua perpetuação no mercado. Precisa ficar claro que esses atributos – transparência e ética – fazem

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parte do novo senso socioeconômico corporativo que, como agente de transformação social e não apenas uma imposição legal, nem modismo e nem discurso, é parte integrante da conscientização de que a empresa existe para servir ao homem e esta é sua finalidade precípua. As empresas são cúmplices da evolução da sociedade, dos costumes e da moral, e a tendência é que assumam um papel cada vez mais relevante nesse processo. Assim, as empresas têm um compromisso muito além da preservação do meio ambiente e da responsabilidade social. Há um compromisso moral, em que a ética é a base, e cada empresa tem muito a contribuir individualmente para se atingir uma conquista em conjunto. A Serasa, como empresa de informação, que segue rígidos princípios éticos, tem em seu modelo de gestão os principais referenciais internacionais de governança corporativa. A Cidadania Empresarial da Serasa é reconhecida como modelo, tendo inclusive o Programa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, que é uma de suas diversas iniciativas, considerado exemplo pelo United Nations Volunteers, o órgão das Nações Unidas (ONU) para o Voluntariado. Ademais, a Serasa estende às suas partes interessadas todos os seus processos de Cidadania Empresarial. É dever de toda empresa dar satisfação e ser transparente com seus stakeholders (partes interessadas), independentemente do perfil de seu capital – aberto ou fechado. O

EM BREVE NO AR www.acrefi.org.br

Arte Na edição de outubro último, iniciamos uma parceria com o renomado artista plástico Silvio Dworecki, que apresentará, na página “Espaço do Artista”, uma obra de sua autoria. Iniciou sua atividade artística em 1962 e participou de várias exposições em Coletivas e Salões. Ressalte-se que, em 1967, expôs na IX Bienal Internacional de S.Paulo - Seção de Pintura. Em 1977, inicia sua atividade didática na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Inicialmente, Dworecki está expondo em nossa revista uma série de ready mades, ou seja, reunião de objetos que jamais estiveram juntos. Bemvindo, Silvio Dworecki, ao grupo dos nossos colaboradores.

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Relatório de Administração da Serasa segue os critérios de sustentabilidade do GRI, os de excelência da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), os da Abrasca e os do Prêmio Balanço Social, que estão disponíveis no site da empresa (www.serasa.com.br) para consulta pública. Além disso, a Serasa trabalha para inserir em suas análises de empresas um volume maior de aspectos e parâmetros que expressem a transparência e a ética nos negócios. E isso não só pela demanda do mercado, mas também por sua filosofia e conduta. As empresas brasileiras estão se conscientizando para este novo contexto, mas ainda há muito a fazer. É necessário que mais e mais empresas adotem, como ponto de partida, a transparência de seus balanços. Destaca-se que seria muito bemvinda essa atitude pelas multinacionais, assim como o fazem em seus países de origem. Os exemplos de transparência empresarial, de indicadores de gestão e de informação pública e abrangente, entre tantos outros aspectos, devem ser extensíveis aos governos, em todas as esferas, para que possam transmiti-los, comunicá-los devidamente à sociedade. Isto não como propaganda de campanha política, em época de eleição. Mas sim como uma apresentação permanente ao cidadão, com prazos determinados e curtos, com informações compreensíveis e comparáveis, a partir de padrões políticos independentes, da mesma forma que as empresas fazem em seu cotidiano.

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artigo

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Em busca do crescimento

Segundo a professora Joan Robinson, de Cambridge: “Quando os alunos me perguntam se vale a pena estudar economia, eu digo que sim, mas não para encontrar respostas acabadas a respeito do que fazer na realidade. Vale a pena estudar economia ao menos para aprender a não sermos enganados pelos economistas...” Essa citação, muito lembrada pelo ex-ministro José Serra, é um bom caminho para uma reflexão sobre as dificuldades do Brasil para reencontrar o caminho do crescimento econômico que já grassa, em escala bem mais ampliada, em todos os cantos do resto do mundo. O País está ficando para trás justamente quando se experimenta o ciclo mais vigoroso de crescimento mundial no pós-guerra. Crescimento é o maior desafio da economia brasileira na abertura do novo século. Será defendido aqui que, para vencê-lo, serão necessárias duas mudanças básicas: no curto prazo, um rebalanceamento no manejo da política macroeconômica; no médio e longo prazos, um novo ciclo de reformas institucionais. Já é passada a hora de se encerrar um ciclo iniciado na derrocada da ditadura militar com o sucesso na abertura ao exterior, no controle da inflação, na desestatização da economia, no maior ativismo estatal nas políticas sociais e até mesmo na alternância de poder -

JOSÉ ROBERTO R. AFONSO, ECONOMISTA DO BNDES, A SERVIÇO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

O Brasil está ficando para trás quando se experimenta o ciclo mais vigoroso de crescimento mundial

sem ruptura de preços, contratos, ordem e propriedade. O amadurecimento democrático e institucional que permitiu ao País promover a alternância do poder político deveria nortear mudanças no campo da economia. É praticamente um consenso absoluto o que se busca: conciliar estabilidade de preços com crescimento a taxas mais elevadas; aumentar mais vigorosamente a produção, o emprego e, por conseguinte, o bem-estar social, de modo que o combate à pobreza e às desigualdades sociais seja efetuado com mudanças estruturantes e não apenas com paliativos assistencialistas. A nossa economia fi cou pequena dentro do mundo e até mesmo dentro de nosso continente. Até 2000, o Brasil ainda conseguia crescer mais do que a América Latina: desde 1960, uma expansão média anual de 2,4% do PIB per capita contra 1,4% da região. Esse resultado já

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era pífio diante do Leste Asiático: que cresceu 4,6% no mesmo período (dados de Eduardo Wiesner). Desde 2002, o quadro se deteriorou ao ponto de ficarmos para atrás em nosso pobre e retardatário continente: se naquele ano o Brasil respondia por 56,2% de tudo o que se produzia na América do Sul; até 2007 essa fatia encolherá para 46,8%, segundo as últimas projeções de organismos internacionais (FMI e OECD). O cúmulo da ironia foi comemorar a taxa de crescimento de 2005, que só foi maior do que a do Haiti entre países latinos – o que dizer de comparar com China, que cresce na casa de 10%. Qual o diagnóstico básico do problema? O crescimento é resultado de um conjunto de fatores dentre os quais podemos identificar dois como os mais relevantes no horizonte mais imediato: a adequação das políticas de juros e câmbio e o formato da presença do Estado na economia. Os dois principais preços da economia (juros e câmbio) estão evidentemente fora do lugar. Nenhuma outra economia aplica taxas de juros reais tão elevadas quanto as brasileiras. Se no passado foi necessário recorrer aos juros altos na implantação da nova moeda e, em seguida, para enfrentar várias crises externas, este cenário mudou radicalmente neste século, e as taxas despencaram FINANCEIRO


por todo o mundo, menos aqui. Segundo levantamento do Iedi (com base no Banco Mundial), a taxa real de juros do crédito no Brasil em 2005 foi de 45,4% ao ano, muito alta comparada a países como Coréia (2,7%), Chile (3,5%), México (5,9%) e Índia (6,5%). A taxa cambial também sofreu uma valorização como raras outras economias emergentes atravessaram. Entre 2000 e 2005, a taxa de câmbio real efetiva no Brasil foi a que mais se valorizou entre economias desenvolvidas e as principais economias em desenvolvimento, segundo estudo do Iedi. A taxa brasileira valorizou-se 30% neste período, enquanto no Chile, na Coréia, no México, na Colômbia, na Índia, entre outros, a valorização não chegou a 10%. Na zona do euro, essa variação foi em média 20%, e, em países como Venezuela, Peru, China e Israel, a taxa de câmbio efetiva ainda sofreu desvalorização real. A manutenção de juros reais em patamar demasiado elevado está potencializando a entrada de recursos externos e valorizando o real de forma desnecessária, prejudicando nossas exportações e minando as condições competitivas de diversos segmentos da indústria brasileira. Empregos estão sendo perdidos e oportunidades de florescimento de negócios estão sendo desperdiçadas em troca de nada. A política fiscal se tornou passiva e de certa forma sobrecarregada. Continuou-se produzindo superávits primários, mas à custa de novas elevações da carga tributária e de uma inconseqüente ampliação dos gastos correntes, relegando o investimento público a níveis insignificantes. A carga tributária no Brasil passou de 36,6% do PIB em 2002 para 38,9% em 2005. Segundo dados do Anuáio do FMI 2005, a carga brasileira iguala-se à carga tributária média de países industrializados, e é muito superior à carga média dos países em desenvolvimento (27,4% do PIB). A alta ACREFI

O problema não está nos instrumentos usados desde 1998, mas sim no uso indevido deles

carga tributária vem travando o crescimento econômico no Brasil, pois foi rompido o padrão histórico em que a tendência da receita tributária era a mesma do PIB, crescendo à frente na fase de expansão e se aproximando na fase de desaceleração; desde o final da década passada, a receita cresceu enquanto a produção declinava. Para completar, o formato da presença do Estado na economia, a falta de compreensão das relações entre o público e o privado só poderiam conduzir ao esfacelamento da estrutura da regulação antes montada. Observa-se ainda uma desastrada gestão das agências que perderam a capacidade e autoridade para a regulação setorial. Entende-se que o problema não está nos instrumentos de que a política econômica lança mão no Brasil desde 1998 – o tripé regimes de metas de inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal –, mas sim no uso indevido deles, errando na dosagem. Como diz o ditado popular, a dose faz o seu próprio veneno. Os regimes de câmbio flutuante e de metas de inflação foram acertadamente mantidos, porém a utilização de ambos nos últimos três anos foi marcada pela permanente reafirmação de uma autoridade sobre a moeda que ainda não está consolidada. O tripé regimes de metas de inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal, muito utilizado no passado, está sendo aplicado atualmente em doses exageradas, resultando em uma política econômica

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que freia o crescimento em vez de fomentá-lo. É preciso recuperar a capacidade do governo central de realizar uma política fiscal contracíclica por longo prazo e abrir espaços para a redução da carga tributária e o concomitante aumento de renda do setor privado. É necessário um melhor manejo desse instrumental econômico de curto prazo. As políticas e as práticas governamentais nas diferentes frentes de economia têm sido dispersas, quando não divergentes. Não se devem esperar soluções concentrando esforços em apenas uma só variável, a chave da mudança no curto prazo é promover uma maior consistência macroeconômica. O tema caiu em desuso no Brasil, a ponto de que até o colunista Elio Gaspari cada vez cita menos a famosa expressão ekipeconômica, que ele criou para criticar a condução da macroeconomia do País (em 2005, citou 32 vezes; até julho de 2006, apenas oito vezes). É frágil a institucionalização, seja da coordenação das autoridades monetárias, seja dos próprios instrumentos. Um órgão formado por diretores do Banco Central (Copom) tem mais peso político do que o órgão que lhe é hierarquicamente superior (o CMN), que, por sua vez, atua com base em uma delegação provisória do Congresso Nacional. Não existe um estado maior na economia como nas forças armadas. Até mesmo os regimes cambiais e de metas de inflação nunca foram disciplinados por leis. No campo da pesquisa, os exercícios econométricos de consistência macro, que foram famosos no passado, caíram em desuso, limitando-se basicamente a análises pontuais e setoriais. Eduardo Wiesner, que pesquisa na América Latina os mecanismos institucionais de coordenação da política econômica, alerta para a lição dos economistas Meltzer Allan e Charles Plosser (1993): “A busca de boas regras monetárias e fiscais depende não tanto de políticas,


artigo teorias ou evidências, mas da estrutura das instituições responsáveis pela política econômica e dos procedimentos através dos quais ela é criada, implementada e alterada.” Se recalibrar a política macro é pré-condição para o crescimento, não o é suficiente. Será preciso trilhar concomitante o caminho das reformas institucionais, a começar por redefinir o tamanho e as funções do Poder Público. Nos últimos anos, a máquina administrativa federal foi inchada e também perdeu funcionalidade, tornando-se mais cara e menos eficiente. Isso exige uma carga tributária exagerada e resulta em gastar muito e mal. A despesa de pessoal da União com servidores civis cresceu 24,3% entre o primeiro semestre de 2002 e o primeiro semestre de 2006. Isso é resultado do aumento nas admissões por concurso que vem elevando o estoque de

É preciso um novo balanceamento das políticas monetárias, cambial e fiscal e investimentos em infra-estrutura

servidores civis, aumentado o gasto com o funcionalismo público. O que o setor privado puder fazer, diretamente ou via parceria, deve ser a ele entregue, inclusive para estimular que invista particularmente em infra-estrutura; quanto ao Estado, cabe ação primordial na regulação, com agências fortalecidas, profissionais e modernas. Os serviços e as ações que os municípios, e depois os Estados,

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puderem executar, a eles devem ser transferidas, junto com recursos, de modo que o governo federal se concentre no planejamento e na coordenação nacional. É preciso que o gasto público federal seja reduzido e redirecionado, para privilegiar os investimentos. Outra questão imprescindível envolve a tributação: não é necessário uma reforma, mas sim um novo sistema tributário, extinguindo muitas contribuições e impostos e criando um sistema simples, com menor ônus tributário. Enfim, a estabilização econômica está consolidada. O Brasil está perdendo oportunidades. Agora é preciso crescer e, para tanto, é preciso um novo balanceamento das políticas monetária, cambial e fiscal e uma reestruturação estatal que induza a elevação rápida dos investimentos públicos em infraestrutura e privados em geral.

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variedades

Os fabulosos vinhos de Bordeaux OPIMIANO - ENOCULTOR - PHD - PROMOTOR DE HOMÉRICAS DEGUSTAÇÕES

Situado a aproximadamente 80 quilômetros do Oceano Atlântico, Bordeaux é a capital do vinho clássico e superior, da região sudoeste francesa e um dinâmico porto. Ele forma-se como um gostoso croissant, fazendo curva na Garonne a 20 quilômetros de Ambés, lá onde o rio se junta à Dordonha, para formar o amplo estuário da Gironde. E os vinhos de Bordeaux? Pois bem, tem de tudo, e conquistaram o mundo, assim como inebriaram e continuam exercendo seu hipnótico efeito sobre os britânicos. Bordeaux deve a sua prosperidade, riqueza, bem-estar e renome, antes de tudo, ao vinho regional. E soube aproveitar a vizinhança ao mar com as montanhas próximas para criar uma enogastronomia de renome ímpar. A cozinha local sabe oferecer combinações extraordinárias aos pratos e aos vinhos, convidando à apreciação sensorial de trufas do Perigord, foie gras e confeitos de ganso das Landes, ostras com gosto de maresia de Marennes e de Arcachon, presuntos de Poitou, cordeiros de Pauillac, camarões e mexilhões da Côte, caviar da Gironde, patos de Challans e pombas selvagens bem gordinhas dos campos. Com tantas opções para comer bem, naturalmente os bordaleses aprenderam a festejar a vida e brindar a toda hora. É de Bordeaux que provém o ato do toast, do brindar com efusão e levantar copos nas oportunidades de maior relevo social. Não que grandes saudações inexistissem na Grécia ou na Roma Antiga. Mas as regras modernas do saber-beber nasceram na corte francesa, no século XVI, no reinado de Henrique III. Naquela época, era costume colocar no fundo do copo um torrão de pão bem grelhado. Passava-se então o copo de mãos em mãos, até o convidado que se queria homenagear. Este bebia o vinho do copo e comia de uma talabascada só o crouton, fazendo com um gesto de contentamento uma saudação, logo um toast, a todos. É daí que se origina a palavra. Os vinhos da região bordalesa são robustos, fortes, alcoólicos. Ganham, freqüentemente, em sabor ao esperar-se seu amadurecimento. Pelo menos, ACREFI

em geral, de cinco a 12 anos após a prensa, conforme sua origem e o ano de colheita. Isso é especialmente verdadeiro para os Margaux; Saint-Julien e Moulis. Os Graves e Saint-Émilion podem bem esperar entre sete e nove anos. Já os vinhos brancos agem diferentemente: são espetaculares, soberbos, depois de dois a quatro anos de prensa e colocação em garrafa após três a quatro semanas. Visitar a área de Bordeaux é o sonho de todo amante de vinho. E não é para menos: em 2004, ela registrava 3.147 castelos e clos. Isso inclui desde pequenas chácaras e sítios com suas adegas modestas, mas com vinhos celestiais, até construções que receberam os reis da França e da Inglaterra, seus aristocratas e, atualmente, o maior contingente de turistas enológicos do mundo. E existe o que conhecer, sobretudo, em cinco microrregiões distintas, a saber: o Médoc, Graves, Saint-Émilion, Sauternais e Entre Deux Mers. No Médoc, os tintos fazem o marco da excelência. Prepare seus copos para degustar os Château Lafite; Château Latour e Château Margaux. A alguns passos do grande Château Lafite, encontra-se o Château Mouton Rothschild, valendo a pena perder-se nos labirintos de sua adega. Em Graves, os melhores tintos relembram os do Médoc. Ali, opera-se um aparente milagre: até nos anos mais ruinzinhos, o vinho permanece de ótimo a muito bom. Como se produz isso? Pois bem, o solo empedregulhado chega a ter até 15 metros de profundidade, dando vazão às águas das chuvas com facilidade. Com ótima drenagem, as uvas ganham em essência e minerais, que se integram no melhor dos paladares. O Château Pape Clément é antológico, tendo sido fundado no ano de 1300; o Château Smith Haut Brion é singular e histórico; o Château Haut Bailly e o Château Carbonnieux têm uma tradição única e seus sabores temperam carnes e trufas com distinção. Os tintos de Saint-Émilion são algo mais viris, rudes, ásperos, taninados e amargosos quando novos. Mas, quando envelhecem... se tornam

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emblemáticos vinhos superiores, altivos e altaneiros e, voluptuosamente, se abrem corpulentos. O Château Cheval Blanc é especialmente célebre e tornou-se um must mundial após sua participação central no filme Sideways, que foca a despedida de solteiro de um norte-americano mulherengo, cujo amigo escreve um livro que todas as editoras bombardeiam e recusam. Também merece destaque o Château Ausone, que lembra o célebre poeta latino, segundo os druidas do século V, o introdutor das videiras que levam o seu nome e tutor do gliscroide imperador Grassiano. Carnudos e coloridos, intensos e provocantes, perto de Pomerol, encontram-se em Fronsac o Côte-CanonFronsac e Côte de Fronsac. Uma típica baguete com patê de lebre, pato ou javali enaltece esses néctares. Em Entre Deux Mers, uma língua de terra pitoresca e vivaz produz vinhos brancos de alta qualidade. Eles são fenomenais para os amantes de frutos do mar, entre eles ostras, lagostins das pedras, caranguejos abissais, ouriços-do-mar e vôngoles. Nada como entre uma e outra ostra, sentir o frescor dos Loupiac, SainteCroix-Du-Mont, Sainte-Foy-Bordeaux e Vayres. Peixes brancos delicados, como o linguado, o michole, o namorado, o cherne e a garoupa, casam maravilhosamente com esses sumos divinos. Por fim, poucas vezes o homem e a natureza divina das serras, montanhas e campos conseguiram coincidir tão bem quanto nas colinas suaves e doces do Sauternais. As uvas amadurecidas de Sauternais chegam a ficar secas, acinzentadas, empretecidas, encarquilhadas, maculadas e sofridas, cobertas por uma fina camada esbranquiçada gerada por um cogumelo microscópico. E parecem, então, estar podres. E estão! Com a podridão nobre, provocada pela Botrytis cinerea. A Botrytis, que poderia ser condenada por algum inspetor de fitossanidade dos tempos modernos, é o segredo de estado que gera o grande vinho Sauternes, doce, licoroso, concentrado, meloso e douradinho. Para quem tem um bom dinheirinho no bolso, o grande vinho, neste caso, é o Château-Yquem, um grand cru de deixar lembranças para uma vida em cada garrafa aberta. e-mail: fazendaabn@ibci.com.br


tendência

Flávio Roberto Guarnieri

O ajuste nos preços das commodities TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS

Depois de um primeiro semestre em que os preços tiveram forte elevação, as commodities industriais começaram a apresentar desempenho distinto nos seus preços, com oscilação e volatilidade intensas. Aparentemente, 2006 deve estar sendo o ano de pico de preços no atual ciclo econômico, com elevação média de 180%1. Nesse período, o cobre e o zinco registraram máximas recordes, e o alumínio subiu para o seu maior nível em dez anos. A discussão em relação à sustentação do crescimento econômico mundial, com a sinalização da provável desaceleração da economia norte-americana, deu início a um processo de realização que tem provocado alguns ajustes importantes nessas cotações. A tendência de alta de 53 meses do Goldman Sachs Commodity Index foi rompida com a desaceleração do fluxo de investidores institucionais, apesar do fluxo para hedge seguir positivo. O CRB (gráfico II.1), cujo índice máximo foi atingido em 11 de maio de 2006 (365,4), apresentou uma desvalorização de 18% desde então. O processo não tem sido uniforme, com quedas mais fortes em algumas das várias commodities negociadas. Fatores como estoque, capacidade produtiva, problemas de greve e a

Gráfico II.1. Índice de preços de commodities (CRB) 1967 = 100 Maio 06

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própria demanda são agentes de ajustes. Soma-se aos fundamentos econômicos a maior importância dos agentes financeiros nesses mercados2, o que eleva o grau de volatilidade nessas cotações (gráfico II.2.). As cotações do petróleo e do gás natural, por exemplo, sofreram mais do que algumas das commodities metálicas até o momento. Com

a percepção da desaceleração da economia mundial e da redução da demanda de energia, o alto nível de estoques, que tem aumentado mesmo com redução da produção, tem provocado quedas significativas nas cotações desses produtos. O movimento de saída de posições de dinheiro especulativo parece ter sido, até o momento, o principal fator de

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Calculos do Fundo Monetário Internacional (FMI) entre o ano de 2002 e julho de 2006. A maior participação desses agentes – fundos de pensão, de hedge, fundações e pessoas físicas – é clara. Em 2003, existiam 29 fundos de hedge orientados para commodities nos EUA, hoje eles já são 68. Além dos multimercados e dos futuros administrados, que somam US$ 56 bilhões de investimentos (US$ 10 bilhões em 2003). 2

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Gráfico II.2. Volatilidade do CRB 7000,0 6000,0 5000,0 4000,0 3000,0 2000,0 100,0

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queda dos preços. No caso do petróleo, a queda em relação ao pico de meados de julho (quando se aproximou de US$ 80,00/barril) foi de 25%; no caso do gás natural, quando comparamos os preços atuais com os US$ 17 por milhão de BTU, em dezembro do ano passado3, a queda foi de 65%. Além disso, o anúncio da descoberta de petróleo no Golfo do México ajudou a derrubar as cotações, que já romperam em vários momentos os US$ 60/barril. As atenções estão voltadas para a decisão da Opep em relação ao corte de produção (redução de 1 milhão de barris/ dia) como maneira de sustentar os preços próximos aos US$ 60/barril. A insegurança também está presente nas chamadas commodities metálicas. Depois de seus preços crescerem 118% nos últimos cinco anos, impulsionados pelo crescimento asiático, em especial a China, hoje responsável por 40% do minério negociado no mundo, as dúvidas em relação ao desempenho futuro também apareceram. O alumínio já perdeu 25% em relação ao seu pico de maio (US$ 3.270/t), mesmo se estimando um crescimento de demanda de 6,2% para 2006, maior que a estimativa de crescimento de oferta (5,5%). Nesse caso, a existência de estoques nãodeclarados contribui para a desaceleração de preços. No caso do cobre, a solução do ACREFI

problema de oferta deverá ser mais lenta, visto não terem ocorrido descobertas importantes de minas de grande porte, além do fato de a exploração de novas minas já descobertas estar se dando de maneira lenta. Não fosse a atuação do SRB Chinês – State Reserve Bureau, o metal já estaria faltando fisicamente. Além disso, greves e acidentes têm diminuído a capacidade de oferta do metal bruto. Em 2007, com a reabertura de algumas minas, essa oferta pode aumentar pelo menos 4%. Mesmo com a cotação inferior ao pico de maio (US$ 8.783/t), o cobre ainda acumula uma alta de 60% em 2006, depois de ter valorizado pouco mais de 40% em 2005. Outro metal que teve problema de oferta ao longo de 2006 foi o níquel. A elevação da produção de aço inoxidável muito acima do previsto (20% contra uma expectativa de crescimento de 8%) teve forte impacto nos seus preços. Saindo de um nível de US$ 6.800/t em 2002, atingiu US$ 30.000 em 2006, devendo ceder em 2007, mas longe dos patamares anteriores, porque novas minas somente entrarão em operação em 2008, significando expansão de oferta entre 2009 e 2010.

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Por fim, o zinco entrou no ciclo de alta pela aceleração do consumo chinês a partir de 2002, depois de ter atingido o piso de preços dos últimos 15 anos, em 2002 (US$ 730/t). Atualmente, está cotado a US$ 3.770/t. Nesse caso, a previsão de aumento de oferta é de quase 10%, o que, somado ao processo de substituição do metal, deve contribuir para uma desaceleração mais forte nos seus preços no próximo ano. Na verdade, depois da elevação recorde dos preços da maioria da commodities industriais, três fatores poderão afetar de maneira mais ou menos intensa essas cotações: i) desaquecimento na economia norte-americana, mais ou menos profundo pelo comportamento do mercado imobiliário; ii) alguma desaceleração na economia chinesa; e iii) comportamento dos investidores institucionais, cuja participação nos mercados aumentou de maneira importante. As expectativas hoje, mesmo com a queda nas cotações, são de que os preços se mantenham, em média, acima dos patamares históricos. No Brasil, o setor mineral, incluindo a primeira transformação de seus produtos, respondeu por aproximadamente 7% do PIB em 2005, o que indica a sua importância na nossa economia. Além disso, juntamente com o agronegócio e o petróleo e gás, representa 57% das nossas exportações. Queda de preços pode significar impactos de monta na nossa balança comercial, que teve na elevação desses mesmos preços explicação para os resultados surpreendentes dos últimos anos 4. Nesse sentido, a expectativa de manutenção do preço do minério de ferro no mercado internacional pode minimizar o efeito negativo da queda das outras commodities na nossa balança comercial, visto que suas exportações deverão atingir, em 2006, aproximadamente US$ 9 bilhões.

Em outubro, as cotações do gás natural caíram a US$ 5,67 por milhão de BTU (City Gate New York). Esses novos níveis de preços devem reforçar a posição da Petrobras em relação às negociações com a Bolívia. 4 Se tiramos o agronegócio, esta participação cai para 28%.

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artigo

Números robustos escondem deterioração fiscal GUILHERME LOUREIRO, DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA

Os fatos dão a impressão de um menor comprometimento por parte do governo com a gestão da política fiscal. Diante da nossa situação fiscal ainda delicada, entretanto, qualquer afrouxamento é preocupante, especialmente porque não deve haver uma situação internacional tão favorável nos próximos anos

Os elevados superávits primários, nos últimos meses, afastaram a atenção do mercado para a deterioração fiscal. Contudo, estamos observando ao longo do ano uma piora significativa na gestão da política fiscal. Em especial, os fatos que chamaram a atenção foram: (a) a redução das contribuições dos governos central e regionais na meta de superávit primário; (b) a forte queda do superávit primário em 2006, a despeito da elevada receita de dividendos; e (c) o descontingenciamento de despesas tendo como fonte de recursos o primário de 2005. Embora o superávit primário do setor público consolidado tenha se mantido em 4,25% do PIB, houve uma importante mudança na composição da meta. Na verdade, as contribuições anteriores dos governos central e regionais, de 2,45% do PIB e 1,10% do PIB, respectivamente, foram reduzidas para 2,40% do PIB e 1,00% do PIB, com aumento do peso das empresas estatais federais. O problema é que, embora o setor público considere nas estatísticas o superávit total das estatais, na maioria das vezes, os entes da Federação não detêm 100% do capital social dessas empresas. Dois exemplos seriam a Petrobras, da qual a União detém apenas um terço do

capital social, e a Eletrobrás (46%). Na prática, a parcela das estatais que cabe unicamente à União já é contabilizada para o Tesouro Nacional, via receita de dividendos. Além disso, vale lembrar que as estatais federais não atingiram a meta quadrimestral estabelecida pelo decreto orçamentário por R$ 1,8 bilhão; e, mais importante, que parte dos recursos advindos da redução das metas foi gasta em despesas obrigatórias (como reajustes ao funcionalismo público e Previdência Social). Com isso, numa eventual necessidade de ajuste fiscal mais forte por parte do governo central, o espaço para corte de gastos torna-se ainda mais restrito. De qualquer maneira, excluindo as estatais do cálculo do primário, a conclusão é que o superávit caiu de uma média de 4,16% do PIB em 2005 para 3,61% do PIB em 2006 (figura). Já a dívida bruta (conceito internacional de apuração do indicador), que havia encerrado 2005 em 75%, atualmente está em 72% do PIB. Da queda, porém, 0,4 p.p. do PIB ocorreu via queda da dívida interna e 2,6 p.p., via recuo da dívida externa. Ou seja, por essa ótica, a situação fiscal não é tão favorável como aparenta. Um fato que piora esse retrato é o elevado volume de receitas de divi-

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dendos que o Tesouro recebeu do setor público financeiro ao longo de 2006. Com efeito, até agosto houve um crescimento de 32% das “demais receitas” do governo federal (conta que incorpora esse efeito). Em reais, isso representa cerca de R$ 6,3 bilhões de dividendos (advindos principalmente do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES), e o problema é que uma parte disso decorre de uma mudança normativa do CMN que permite a utilização de créditos tributários na hora da apuração do lucro dos bancos. A contrapartida desse crédito, contudo, é que o Tesouro Nacional tende a reduzir sua arrecadação no futuro. Desconsiderando essas receitas, o primário dos governos central e regionais, na verdade, está em 3,28% do PIB (ligeiramente inferior à meta conjunta desses entes, de 3,40% do PIB). Por último, após o corte de cerca de R$ 1,6 bilhão no último decreto orçamentário, o governo elevou novamente a programação de gastos para 2006 em R$ 1,5 bilhão (MP 324). Desse montante, cerca de R$ 190 milhões decorrem de um remanejamento de despesas, ou seja, não altera a programação de gastos do governo. Mas R$ 1,3 bilhão eleva a programação de gastos e está amparado no superávit FINANCEIRO


Excluindo as estatais do

Figura – Resultado primário dos governos central e regionais, acumulado em 12 meses, como porcentagem do PIB

cálculo do primário, o superávit caiu de uma média

4,5%

2006

para 3,61% em 2006

4,0% 3,5% 3,0% 2,5%

jul/06

jan/06

jul/05

jan/05

jul/04

jan/04

jul/03

jan/03

jul/02

jan/02

jul/01

jan/01

jul/00

jan/00

2,0%

Fonte: BCB (elaboração Tendências)

financeiro apurado no Balanço Patrimonial de 2005. O problema é que os orçamentos anuais são independentes, o que significa que o aumento de gasto só é possível via: (a) elevação da projeção

de receita; (b) realocação das despesas; ou (c) queda do superávit primário. Dito em outras palavras, o gasto líquido adicional, sem uma fonte de receita em 2006, significa que o primário ficaria abaixo da meta caso fos-

sem gastos todos os recursos previstos. A alegação do governo é novamente a margem aberta pelo Projeto Piloto de Investimentos Públicos (PPI). Parte desses recursos, em especial os gastos referentes ao Ministério dos Transportes, se enquadra nos quesitos exigidos pelo programa, o que permitiria o seu abatimento da meta. Em resumo, os fatos dão a impressão de um menor comprometimento por parte do governo com a gestão da política fiscal. Diante da nossa situação fiscal ainda delicada, entretanto, qualquer afrouxamento é preocupante, especialmente porque não deve haver uma situação internacional tão favorável nos próximos anos.

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ACREFI

Financeiro 41.indd

de 4,16% do PIB em 2005

21

22/11/2006, 16:49


banco de dados por INEPAD TAXAS MÉDIAS GERAL DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

48,1 48,2 47,1 45,9 46,1 46,2 45,7 45,0 43,8 43,2 42,2 41,9 41,5

0,7 0,1 -1,1 -1,2 0,2 0,1 -0,5 -0,7 -1,2 -0,6 -1,0 -0,3 -0,4

18,7 18,4 17,7 17,1 16,4 16,0 15,5 15,3 15,3 15,2 14,7 14,4 13,7

-0,2 -0,3 -0,7 -0,6 -0,7 -0,4 -0,5 -0,2 0 -0,1 -0,5 -0,3 -0,7

29,4 29,8 29,4 28,8 29,7 30,2 30,2 29,7 28,5 28 27,5 27,5 27,8

0,9 0,4 -0,4 -0,6 0,9 0,5 0,0 -0,5 -1,2 -0,5 -0,5 0 0,3

Variação set-set

-6,6

-5,0

-1,6

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA FÍSICA DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

62,1 61,7 60,4 59,3 59,7 59,2 59,0 57,8 56,1 55,8 54,3 53,9 53,8

1,0 -0,4 -1,3 -1,1 0,4 -0,5 -0,2 -1,2 -1,7 -0,3 -1,5 -0,4 -0,1

18,0 17,8 17,2 16,5 16,0 15,5 15,0 14,9 15,0 15,2 14,6 14,3 13,7

-0,2 -0,2 -0,6 -0,7 -0,5 -0,5 -0,5 -0,1 0,1 0,2 -0,6 -0,3 -0,6

44,1 43,9 43,2 42,8 43,7 43,7 44,0 42,9 41,1 40,6 39,7 39,6 40,1

1,2 -0,2 -0,7 -0,4 0,9 0,0 0,3 -1,1 -1,8 -0,5 -0,9 -0,1 0,5

Variação set-set

-8,3

-4,3

-4,0

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA JURÍDICA DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

33,3 33,4 32,4 31,7 31,3 31,6 30,7 30,6 29,7 28,8 28,3 27,9 27,3

0,1 0,1 -1,0 -0,7 -0,4 0,3 -0,9 -0,1 -0,9 -0,9 -0,5 -0,4 -0,6

19,2 18,9 18,2 17,7 16,8 16,5 16,0 15,8 15,7 15,3 14,9 14,5 13,8

-0,3 -0,3 -0,7 -0,5 -0,9 -0,3 -0,5 -0,2 -0,1 -0,4 -0,4 -0,4 -0,7

14,1 14,5 14,2 14,0 14,5 15,1 14,7 14,8 14,0 13,5 13,4 13,4 13,5

0,4 0,4 -0,3 -0,2 0,5 0,6 -0,4 0,1 -0,8 -0,5 -0,1 0,0 0,1

Variação set-set

-6,0

-5,4

-0,6

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

22

FINANCEIRO


SPREAD FINANCEIRO

CRÉDITO PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL Volum e R$ Milhões

53,0

Taxa de Juros

80.000

73,00

48,0

75.000

71,00

43,0

70.000

38,0

65.000

SPREAD FINANCEIRO

33,0 28,0

60.000

67,00

55.000

65,00

50.000

63,00 61,00 59,00

30.000

set/06

ago/06

jul/06

jun/06

mai/06

abr/06

fev/06

mar/06

35.000 jan/06

13,0 dez/05

40.000

nov/05

18,0

out/05

45.000

set/05

23,0

Aplicação

69,00

57,00

set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set 05 05 05 05 06 06 06 06 06 06 06 06 06

Captação

Volume

Taxa de Juros

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - PREFIXADOS

(R$ milhões)

MÊS / ANO

CHEQUE ESPECIAL

VARIAÇÃO EM %

CRÉDITO PESSOAL

VARIAÇÃO EM %

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

VARIAÇÃO EM %

CARTÃO DE CRÉDITO

VARIAÇÃO EM %

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

12 297 12 509 12 527 10 974 12 232 11 790 12 825 12 905 13 302 13 223 12 934 13 107 12 747

0,26% 1,73% 0,15% -12,40% 11,46% -3,62% 8,78% 0,62% 3,08% -0,59% -2,19% 1,33% -2,74%

60 531 61 650 63 255 63 444 65 010 66 658 68 391 70 675 71 794 72 973 74 571 75 972 77 049

2,57% 1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 2,60% 3,34% 1,58% 1,64% 2,19% 1,88% 1,42%

948 947 947 956 900 842 869 886 919 954 994 1 033 1 063

-8,53% -0,08% -0,03% 0,95% -5,91% -6,42% 3,20% 2,02% 3,71% 3,83% 4,15% 3,94% 2,85%

11 211 11 495 11 774 11 260 11 882 12 657 12 492 12 916 13 117 13 082 12 839 13 274 13 313

4,90% 2,53% 2,43% -4,37% 5,53% 6,53% -1,30% 3,39% 1,56% -0,27% -1,85% 3,38% 0,29%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação (R$ milhões) AQUISIÇÃO MÊS / ANO set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

VEÍCULOS

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

46 218 47 406 48 935 50 685 51 938 53 154 54 306 55 248 56 441 57 141 58 978 60 244 61 729

2,61% 2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,17% 1,74% 2,16% 1,24% 3,21% 2,15% 2,47%

9 471 9 621 10 031 10 229 10 241 10 161 10 115 9 965 10 136 10 102 10 139 10 114 10 048

0,58% 1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,45% -1,48% 1,71% -0,33% 0,37% -0,25% -0,65%

55 689 57 027 58 966 60 914 62 179 63 315 64 421 65 213 66 577 67 243 69 117 70 358 71 777

2,26% 2,40% 3,40% 3,30% 2,08% 1,83% 1,75% 1,23% 2,09% 1,00% 2,79% 1,80% 2,02%

8 016 8 144 8 414 7 643 8 386 8 545 9 102 9 380 9 791 9 707 10 005 10 396 11 101

4,09% 1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,52% 3,05% 4,38% -0,86% 3,07% 3,91% 6,78%

148 692 151 773 155 884 155 190 160 589 163 806 168 100 171 976 175 501 177 182 180 461 184 140 187 051

2,43% 2,07% 2,71% -0,44% 3,48% 2,00% 2,62% 2,31% 2,05% 0,96% 1,85% 2,04% 1,58%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

ACREFI

23


banco de dados por INEPAD VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO MÊS / ANO set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 Var. set-set

CRÉDITO PESSOAL* 60.531 61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 68.391 70.675 71.794 72.973 74.571 75.972 77.049 27,3%

CONSIGNADO Públicos

Privados

Total

Amostra**

25.787 26.507 27.209 27.902 29.166 30.396 31.513 32.680 34.001 35.185 36.732 38.005 38.904

3.898 4.014 4.082 3.802 3.913 4.107 4.288 4.501 4.605 4.915 5.178 5.341 5.503

29.685 30.522 31.291 31.704 33.078 34.503 35.801 37.181 38.606 40.100 41.910 43.346 44.407 49,6%

20.900 21.469 22.202 22.428 23.247 23.747 24.525 25.688 26.797 27.570 28.501 29.671 30.367 45,3%

% Consignado***

(R$ milhões)

Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença

49,0% 49,5% 49,5% 50,0% 50,9% 51,8% 52,3% 52,6% 53,8% 55,0% 56,2% 57,1% 57,6%

70,4% 70,3% 71,0% 70,7% 70,3% 68,8% 68,5% 69,1% 69,4% 68,8% 68,0% 68,5% 68,4% -2,9%

37,0% 37,2% 36,8% 36,4% 37,3% 36,6% 36,9% 36,1% 36,5% 35,7% 35,1% 34,9% 34,7%

70,6% 70,3% 68,7% 67,3% 68,9% 68,6% 67,8% 65,3% 62,3% 62,2% 59,8% 59,1% 58,9%

33,7% 33,1% 31,9% 30,9% 31,6% 32,0% 30,9% 29,2% 25,8% 26,5% 24,7% 24,2% 24,2%

FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.

INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)

Mês/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

53.827.919 54.713.121 55.990.494 56.136.655 57.103.577 58.527.677 59.660.482 61.932.644 63.062.362 64.474.611 65.812.042 67.054.399 67.908.506

1.353.921 1.362.100 1.455.906 1.224.611 1.486.653 1.250.243 1.620.295 1.600.424 1.594.681 1.552.548 1.688.134 1.648.722 1.698.512

2,24% 2,21% 2,30% 1,93% 2,29% 1,88% 2,37% 2,26% 2,22% 2,13% 2,26% 2,17% 2,20%

1.558.238 1.690.157 1.748.058 1.642.233 1.748.341 1.800.971 1.895.815 1.956.325 1.856.410 1.888.060 1.902.490 2.036.725 1.847.162

2,57% 2,74% 2,76% 2,59% 2,69% 2,70% 2,77% 2,77% 2,59% 2,59% 2,55% 2,68% 2,40%

3.397.809 3.547.908 3.723.372 3.782.350 4.011.591 4.406.296 4.532.764 4.498.935 4.590.579 4.400.917 4.576.685 4.692.313 4.887.296

5,61% 5,75% 5,89% 5,96% 6,17% 6,61% 6,63% 6,37% 6,39% 6,03% 6,14% 6,18% 6,34%

60.531.439 61.650.256 63.254.734 63.443.780 65.010.067 66.657.810 68.390.518 70.675.076 71.794.140 72.973.265 74.571.386 75.971.591 77.049.359

2,57% 1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 2,60% 3,34% 1,58% 1,64% 2,19% 1,88% 1,42%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)

Mês/Ano

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

Saldo

Com atraso

sem atraso

de 15 a 30 dias

42.259.001 42.968.220 44.340.233 46.288.603 47.112.849 48.294.307 48.895.358 49.487.651 50.457.496 51.319.627 52.249.884 53.553.141 54.974.810

1.510.645 1.733.980 1.697.635 1.613.661 1.777.919 1.638.047 1.908.730 1.896.390 2.001.947 1.941.002 2.231.678 2.248.030 2.131.337

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

3,27% 3,66% 3,47% 3,18% 3,42% 3,08% 3,51% 3,43% 3,55% 3,40% 3,78% 3,73% 3,45%

1.522.771 1.719.567 1.839.634 1.653.627 1.829.639 1.911.682 2.077.261 2.265.550 2.249.168 2.226.487 2.440.866 2.387.357 2.472.697

3,29% 3,63% 3,76% 3,26% 3,52% 3,60% 3,83% 4,10% 3,98% 3,90% 4,14% 3,96% 4,01%

917.115 974.016 1.046.108 1.115.317 1.214.632 1.307.080 1.421.339 1.595.453 1.729.468 1.824.950 2.052.774 2.052.942 2.147.890

1,98% 2,05% 2,14% 2,20% 2,34% 2,46% 2,62% 2,89% 3,06% 3,19% 3,48% 3,41% 3,48%

46.218.118 47.406.012 48.935.289 50.684.709 51.938.053 53.154.236 54.305.631 55.247.939 56.440.924 57.141.184 58.977.847 60.244.206 61.729.367

2,61% 2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,17% 1,74% 2,16% 1,24% 3,21% 2,15% 2,47%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

24

FINANCEIRO


INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

7.790.947 7.837.518 8.165.263 8.457.452 8.380.429 8.252.626 8.078.490 7.831.351 8.004.662 7.981.938 8.012.491 8.003.197 8.099.287

369.647 394.773 389.994 334.255 425.157 408.173 453.516 467.766 443.851 448.652 442.746 429.802 408.561

3,90% 4,10% 3,89% 3,27% 4,15% 4,02% 4,48% 4,69% 4,38% 4,44% 4,37% 4,25% 4,07%

424.936 446.640 461.045 398.093 407.308 477.311 553.878 562.063 518.331 505.674 481.681 460.141 454.929

4,49% 4,64% 4,60% 3,89% 3,98% 4,70% 5,48% 5,64% 5,11% 5,01% 4,75% 4,55% 4,53%

873.070 928.949 986.686 1.003.506 1.004.743 999.178 1.005.323 1.080.104 1.144.281 1.140.948 1.178.248 1.196.300 1.210.885

9,22% 9,66% 9,84% 9,81% 9,81% 9,83% 9,94% 10,84% 11,29% 11,29% 11,62% 11,83% 12,05%

9.470.618 9.621.180 10.030.622 10.229.173 10.241.441 10.160.748 10.115.085 9.965.038 10.135.589 10.101.677 10.139.316 10.114.085 10.048.048

0,58% 1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,45% -1,48% 1,71% -0,33% 0,37% -0,25% -0,65%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO Setembro/2006 (em R$ mil) 20,1% Atraso de mais de 90 dias 4.887.296

58,0%

21,9%

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO Setembro/2006 (em R$ mil)

Atraso de 15 a 30 dias 1.698.512

Atraso de 31 a 90 dias 2.131.337

Atraso de 31 a 90 dias 1.847.162

31,8%

19,7% 58,4%

21,9%

Atraso de mais de 90 dias 2.147.890

INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO Setembro/2006 (em R$ mil) Atraso de

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO Setembro/2006 (em R$ mil)

Atraso de mais de 90 dias 1.210.885

31,6%

36,6%

Atraso de 15 a 30 dias 2.472.697

15 a 30 dias 412.050

Atraso de 15 a 30 dias 408.561

13,6% Atraso de mais de 90 dias 1.845.174

Atraso de 31 a 90 dias 454.929

61,1%

25,2%

Atraso de 31 a 90 dias 761.544

OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

5.167.569 5.499.261 5.282.296 4.943.790 5.329.091 5.368.580 5.670.983 5.811.421 5.961.662 6.242.220 6.414.071 6.601.054 6.788.353

303.992 272.133 302.903 234.582 378.295 327.634 371.268 366.071 386.166 374.071 366.966 402.593 412.050

3,79% 3,34% 3,60% 3,07% 4,51% 3,83% 4,08% 3,90% 3,94% 3,85% 3,67% 3,87% 3,71%

510.861 484.888 570.142 470.671 528.368 602.266 654.249 662.153 636.771 670.479 689.085 674.757 761.544

6,37% 5,95% 6,78% 6,16% 6,30% 7,05% 7,19% 7,06% 6,50% 6,91% 6,89% 6,49% 6,86%

1.261.199 1.069.336 1.381.167 1.003.931 1.171.200 1.259.094 1.338.727 1.512.407 1.707.468 1.343.707 1.416.895 1.582.312 1.845.174

15,73% 13,13% 16,42% 13,14% 13,97% 14,73% 14,71% 16,12% 17,44% 13,84% 14,16% 15,22% 16,62%

8.016.385 8.143.922 8.413.988 7.642.768 8.386.089 8.545.025 9.102.409 9.380.074 9.791.110 9.706.886 10.005.297 10.396.389 11.101.405

4,09% 1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,52% 3,05% 4,38% -0,86% 3,07% 3,91% 6,78%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

ACREFI

25


banco de dados por INEPAD DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO (%) DATA

Brasil

Var. p.p.

SP

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

9,60 9,60 9,60 8,30 9,20 10,10 10,40 10,40 10,20 10,40 10,70 10,60 10,00

0,20 0,00 0,00 -1,30 0,90 0,90 0,30 0,00 -0,20 0,20 0,30 -0,10 -0,60

9,70 9,60 9,70 7,80 9,20 10,50 10,60 10,70 10,50 10,90 11,30 11,60 11,10

TAXA DE DESEMPREGO Taxa (%)

Var. p.p. 0,30 -0,10 0,10 -1,90 1,40 1,30 0,10 0,10 -0,20 0,40 0,40 0,30 -0,50

Fonte: IBGE/INEPAD

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

1,00

11,5 0,50

11,0 10,5

0,00

10,0 9,5

-0,50

9,0 8,5

-1,00

8,0 -1,50

7,5

set 05

out 05

nov 05

dez 05

Brasil

jan 06

fev 06

mar 06

abr 06

SP

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

Var. p.p. mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) DATA

Variação (p.p.)

12,0

Brasil

Var. %

999,59 985,58 989,26 1.006,78 995,88 1.006,70 1.012,10 1.016,19 1.029,78 1.036,31 1.029,22 1.036,20 1.030,20

0,0% -1,4% 0,4% 1,8% -1,1% 1,1% 0,5% 0,4% 1,3% 0,6% -0,7% 0,7% -0,6%

SP 1.120,89 1.090,45 1.114,56 1.141,07 1.121,89 1.156,88 1.155,57 1.172,69 1.191,30 1.195,27 1.171,13 1.176,10 1.151,30

Var. %

1.200

0,02

-1,2% -2,7% 2,2% 2,4% -1,7% 3,1% -0,1% 1,5% 1,6% 0,3% -2,0% 0,4% -2,1%

1.150

0,015

Fonte: IBGE/INEPAD

1.100 0,01 1.050 0,005

1.000 950

0

900

-0,005

850 -0,01 800 -0,015

750

-0,02

700

set 05

out 05

nov 05

dez 05

Brasil

jan 06

fev 06

mar 06

abr 06

SP

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

Var. % mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

COMÉRCIO VAREJISTA VOLUME DE VENDAS

VOLUME DE VENDAS Data

Hipermercados e Veículos,Motos, Índice Var. % Var. % Var. % Geral Supermercados Partes e Peças 170

ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 Variação ago-ago

113,75 109,29 115,46 114,98 162,59 112,02 102,68 114,67 115,79 120,59 114,49 117,19 120,88 6,27%

-0,8% -3,9% 5,6% -0,4% 41,4% -31,1% -8,3% 11,7% 1,0% 4,1% -5,1% 2,4% 3,1%

108,46 106,62 112,73 109,12 144,00 110,23 103,61 114,24 119,93 112,63 112,33 11642,0% 11747,0% 8,31%

-1,5% -1,7% 5,7% -3,2% 32,0% -23,5% -6,0% 10,3% 5,0% -6,1% -0,3% 3,6% 0,9%

128,55 118,91 119,61 129,54 138,57 119,14 100,16 130,11 107,65 130,31 112,83 130,52 141,65

13,9% -7,5% 0,6% 8,3% 7,0% -14,0% -15,9% 29,9% -17,3% 21,0% -13,4% 15,7% 8,5%

160 150 140 130 120 110 100 90 80

ago set 05 05

out nov dez 05 05 05

Índice Geral

10,19%

jan 06

fev mar abr mai jun 06 06 06 06 06

Hipermercados e Supermercados

jul 06

ago 06

Veículos, Motos, Partes e Peças

Fonte: IBGE/INEPAD

26

FINANCEIRO


PREVISÕES ECONÔMICAS Ano de 2006

PIB Total % a.a.

PIB Agropecuário % a.a.

PIB Indústria % a.a.

PIB Serviço % a.a.

Produção Industrial % a.a.

3,50 3,12 3,08 3,07

3,69 2,48 2,31 2,31

4,15 3,66 3,51 3,51

2,79 2,78 2,76 2,76

4,10 3,92 3,73 3,67

Selic Taxa anual

IGP-DI % a.a.

IPCA % a.a.

Taxa de Câmbio R$/US$

Saldo Comercial US$ bilhões

15,00 13,58 13,43 13,39

4,55 3,97 3,88 3,95

4,58 3,96 3,98 4,00

2,40 2,17 2,17 2,17

38,00 42,09 42,55 42,72

Var. p.p.

DATA

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral

Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 27/10

Ano de 2006 Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 27/10 Fonte: BC-Focus/INEPAD

ATIVIDADE ECONÔMICA DATA

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

ago/05

82,20

0,64

ago/05

113,27

0,2%

set/05

81,50

-0,70

set/05

111,69

-1,4%

out/05

81,97

0,47

out/05

111,29

-0,4%

nov/05

82,14

0,17

nov/05

111,02

-0,2%

dez/05

80,28

-1,86

dez/05

112,51

1,3%

jan/06

80,15

-0,13

jan/06

113,30

0,7%

fev/06

80,56

0,41

fev/06

114,09

0,7%

Var. %

mar/06

82,12

1,56

mar/06

113,78

-0,3%

abr/06

80,31

-1,81

abr/06

114,09

0,3%

mai/06

82,87

2,56

mai/06

114,62

0,5%

jun/06

82,39

-0,48

jun/06

114,77

0,1%

jul/06

81,80

-0,59

jul/06

115,20

0,4%

ago/06

82,48

0,68

ago/06

115,28

0,1%

Variação ago-ago

0,34%

Variação ago-ago

Fonte: CNI/INEPAD

1,77%

Fonte: IBGE/INEPAD

PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%) Capacidade (%)

Produção - Índice

83,5

116

83,0

115

82,5 82,0

114

81,5

113

81,0 80,5

112

80,0

111

79,5

Fonte: INEPAD

ACREFI

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

ago/06

jul/06

jun/06

mai/06

abr/06

mar/06

fev/06

jan/06

dez/05

nov/05

out/05

set/05

110 ago/05

79,0

Índice de Produção Física Média Móvel Trim estral

27


banco de dados por INEPAD INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS PRODUÇÃO

PRODUÇÃO

(em unidades) (em unidades)

Data

Produção

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

207.428 190.651 213.119 200.332 195.439 205.586 229.457 204.069 241.565 224.873 222.924 243.737 204.093

Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)

211.182 206.183 203.733 201.367 202.963 200.452 210.161 213.037 225.030 223.502 229.787 230.511 223.585

-13.041 -16.777 22.468 -12.787 -4.893 10.147 23.871 -25.388 37.496 -16.692 -1.949 20.813 -39.644

Variação set-05/set-06

-5,9% -8,1% 11,8% -6,0% -2,4% 5,2% 11,6% -11,1% 18,4% -6,9% -0,9% 9,3% -16,3%

245.000 235.000 225.000 215.000 205.000 195.000 185.000

set 05

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

Produção

-1,6%

mar 06

abr 06

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

ago 06

set 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

(em unidades)

Data

Vendas

Média Trim.

Variação

Variação(%)

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

138.873 131.588 145.900 152.111 129.215 134.822 166.141 145.706 167.042 155.294 161.206 175.060 163.449

140.125 139.338 138.787 143.200 142.409 138.716 143.393 148.890 159.630 156.014 161.181 163.853 166.572

-8.680 -7.285 14.312 6.211 -22.896 5.607 31.319 -20.435 21.336 -11.748 5.912 13.854 -11.611

-5,9% -5,2% 10,9% 4,3% -15,1% 4,3% 23,2% -12,3% 14,6% -7,0% 3,8% 8,6% -6,6%

Variação set-05/set-06

(em unidades)

185.000 175.000 165.000 155.000 145.000 135.000 125.000

set 05

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

Vendas

17,7%

mar 06

abr 06

mai 06

jun 06

jul 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

EXPORTAÇÃO TOTAL

EXPORTAÇÃO TOTAL

(em unidades) (em unidades)

Data

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

Exportações Média Trim.

74.057 61.827 66.078 68.704 57.844 70.996 72.397 71.446 77.376 71.424 78.184 73.134 71.929

73.366 69.232 67.321 65.536 64.209 65.848 67.079 71.613 73.740 73.415 75.661 74.247 74.416

Variação set-05/set-06

Variação

Variação(%)

2.246 -12.230 4.251 2.626 -10860 13152 1401 -951 5930 -5952 6760 -5050 -1205

3,1% -16,5% 6,9% 4,0% -15,8% 22,7% 2,0% -1,3% 8,3% -7,7% 9,5% -6,5% -1,6%

80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000

set 05

out 05

nov 05

dez 05

Exportações

-2,9%

jan 06

fev 06

mar 06

abr 06

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

28

FINANCEIRO


INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades) Data

Vendas

1000cc

% no Total

1000cc a 2000cc

% no total

>2000cc

% no total

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

115.297 111.001 129.274 149.113 107.085 103.485 125.092 104.340 131.326 118.815 134.732 144.167 128.637

63.759 63.584 73.190 83.361 60.215 57.587 70.405 56.043 72.534 68.001 79.212 81.785 74.003

55,3% 57,3% 56,6% 55,9% 56,2% 55,6% 56,3% 53,7% 55,2% 57,2% 58,8% 56,7% 57,5%

50.993 46.959 54.860 63.866 45.262 44.424 53.108 46.844 57.281 49.163 53.136 60.018 53.061

44,2% 42,3% 42,4% 42,8% 42,3% 42,9% 42,5% 44,9% 43,6% 41,4% 39,4% 41,6% 41,2%

545 458 1.224 1.886 1.608 1.474 1.579 1.453 1.511 1.651 2.384 2.364 1.573

0,5% 0,4% 0,9% 1,3% 1,5% 1,4% 1,3% 1,4% 1,2% 1,4% 1,8% 1,6% 1,2%

Fonte: Anfavea/INEPAD

LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS

80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000

set 05

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

mar 06

1000 cc

abr 06

SALDO TOTAL

TAXAS DE JUROS

SALDO TOTAL

60.531 61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 68.391 70.675 71.794 72.973 74.571 75.972 77.049

4,55 4,54 4,45 4,38 4,46 4,45 4,41 4,28 4,12 4,11 3,98 3,95 3,93

0,06 -0,02 -0,08 -0,07 0,08 -0,02 -0,04 -0,13 -0,16 -0,01 -0,13 -0,04 -0,01

70,60 70,30 68,70 67,30 68,90 68,60 67,80 65,30 62,30 62,20 59,80 59,10 58,90

1,10 -0,30 -1,60 -1,40 1,60 -0,30 -0,80 -2,50 -3,00 -0,10 -2,40 -0,70 -0,20

R$ milhões 46.218 47.406 48.935 50.685 51.938 53.154 54.306 55.248 56.441 57.141 58.978 60.244 61.729

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 2,59 2,57 2,53 2,52 2,55 2,55 2,49 2,48 2,42 2,42 2,38 2,40 2,40

0,01 -0,02 -0,04 -0,01 0,03 -0,01 -0,05 -0,02 -0,05 0,00 -0,04 0,02 0,01

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

ACREFI

jul 06

ago 06

set 06

(R$ milhões)

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS

% Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

jun 06

1000 cc a 2000 cc

TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL

mai 06

29

SALDO TOTAL

% Variação a.a. p.p 35,90 35,60 34,90 34,80 35,30 35,20 34,40 34,10 33,30 33,30 32,60 32,90 33,00

AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS

0,20 -0,30 -0,70 -0,10 0,50 -0,10 -0,80 -0,30 -0,80 0,00 -0,70 0,30 0,10

R$ milhões 9.471 9.621 10.031 10.229 10.241 10.161 10.115 9.965 10.136 10.102 10.139 10.114 10.048

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 3,99 3,95 3,80 4,27 3,92 3,69 3,82 3,96 3,89 3,86 3,97 3,96 4,05

0,34 -0,04 -0,15 0,47 -0,35 -0,23 0,14 0,14 -0,07 -0,03 0,11 -0,01 0,09

% a.a.

Variação p.p

59,90 59,10 56,40 65,20 58,60 54,40 56,90 59,40 58,10 57,50 59,60 59,40 61,00

6,20 -0,80 -2,70 8,80 -6,60 -4,20 2,50 2,50 -1,30 -0,60 2,10 -0,20 1,60


espaรงo do artista


Eventos 27/11/2006 – Perspectivas do Crédito para 2007

REALIZAÇÃO:

Local: Auditório da Serasa Alameda dos Quinimuras, 187 – Planalto Paulista – São Paulo, SP (altura do número 2.500 da Av. Indianópolis). Estacionamento gratuito com manobrista. Coordenador: Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Diretor Superintendente da ACREFI

Transmissão via web TV, com interatividade, para todas as associadas da Acrefi.

Programa 8h30 Café da Manhã 9h00 Abertura – Élcio Aníbal de Lucca – Presidente da Serasa 9h10 Aspectos Macroeconômicos – Carlos Thadeu de Freitas Gomes – Chefe da Divisão Econômica da CNC – Confederação Nacional do Comércio 10h10 Rafael Euclydes de Campos Cardoso – Presidente da Abel 11h10 Érico Sodré Quirino Ferreira – Presidente da Acrefi

PATROCÍNIO

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Assessoria em Cobranças

30/11/2006 – A Economia em 2007 Local: Auditório da Acrefi Rua Líbero Badaró, 425 – 28º andar Coordenador: Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Diretor Superintendente da ACREFI Programa 8h30 Café da Manhã 9h00 Abertura – Érico Sodré Quirino Ferreira – Presidente da Acrefi 9h10 Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) – José Antonio Marciano – Chefe Deban/ Bacen 10h10 Basiléia II – Amaro Luiz de Oliveira Gomes – Chefe do Denor/Bacen 11h10 Cenários para 2007 – Tereza Maria Fernandez Dias da Silva – Sócia da MB Associados Inscrições gratuitas pelo site da Acrefi : www.acrefi.org.br

APOIO INSTITUCIONAL:

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31

22/11/2006, 16:49


Seu evento no coração de São Paulo Lgo São Bento

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