Financeiro 32 - Fevereiro 2006

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Os rumos da taxa de juro para o ano de 2006

Divulgação

análise setorial

PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, PRESIDENTE DO INEPAD - INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO

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Comitê de Política MoneCorrelação entre Taxa de Juro Operações de Crédito e Selic tária (Copom), no dia 18 INEPAD & BC 27,0 60,0 de janeiro, decidiu redu58,0 CORRELAÇÃO 95% zir a taxa base da economia em 25,0 56,0 0,75 pontos percentuais, levando 54,0 23,0 a taxa Selic a 17,25% a.a. Sem 52,0 50,0 21,0 dúvida nenhuma o corte na taxa 48,0 de juro desta vez foi maior do 19,0 46,0 que vinha sendo praticado pelo 44,0 17,0 comitê, entretanto não foi sur42,0 presa para o mercado a redução. 40,0 15,0 Já era esperado o corte diante do fraco desempenho da indústria que ainda não conseguiu se Taxa Média Mensal das Op. Crédito SELIC recuperar da queda de 2,2% em um aumento da inflação, prejudicando portanto, a política suas atividades em setembro de 2005 e do desempenho econômica nacional. abaixo do esperado pelo varejo neste final de ano. Evidentemente, um corte na taxa de juro de forma brusca Sendo dessa forma, muitos varejistas tiveram seus planão seria o recomendado e nem o ideal, até porque, não é nos de vendas frustrados devido à queda na renda do somente a Selic a variável determinante dos juros cobrados brasileiro e consequentemente nas compras no varejo pelas instituições financeiras, mas também há o fator da inafazendo com que este comerciante ficasse com uma condimplência, que os bancos, financiadoras e cooperativas se siderável quantia de recursos parados nos estoques, obrinorteiam para calcular qual seria a melhor taxa a cobrar sem gando-os ao fomento de promoções (reduzindo portanto ter prejuízo, garantindo o retorno do capital investido. a rentabilidade do empresário) para poderem desovar Não se pode esquecer que as reuniões do Copom são todo o estoque. Pelo menos é o que tudo indica que vá agora de 45 em 45 dias (a próxima está marcada para acontecer, caso o varejista não queira amargar prejuízos os dias 7 e 8 de março), diminuindo assim, o número de ou tenha um poder de fogo suficiente para financiar suas vezes que o colegiado se reúne e, consequentemente, próximas vendas. diminui-se o número de vezes que se pode mexer na taxa Outro aspecto que explica a redução da taxa de juro é a de juro. Daí o motivo de não ter sido uma surpresa o corte economia brasileira que no último trimestre de 2005 sofreu de 0,75 ponto, o comitê preocupado com o andamento um desaquecimento em seu crescimento, fechando o ano da economia e com a própria pressão do poder executivo com crescimento do PIB estimado em torno de 2,5%, bem nacional (em ano eleitoral) decidiu realizar um corte além abaixo do programado pelo governo e o esperado pelo do que vinha sendo feito, mas não deixando de ser ainda mercado. Foi um desempenho pífio se compararmos com uma medida conservadora. estimativas de outros países no mundo, como a China que Não há dúvida que para haver crescimento da econotem um crescimento estimado entre 9% a 10% e até mesmo mia, é preciso de crédito. E uma das armas que o governo a Rússia com crescimento em torno de 7% mesmo depois possui é atuar na taxa de juros base, para que assim, as da crise econômica que sofreu em 1998. instituições consigam oferecer taxas menores para o merUma alternativa do ponto de vista prático para impulcado e a economia consiga crescer e propiciar um melhor sionar o crescimento econômico nacional seria incentivar padrão de vida para todos os brasileiros a concessão de crédito na economia, tanto para pessoa jurídica como para pessoa física. Entretanto é preciso cuidado, pois aumentando a concessão de crédito, pode-se ter Colaborou o Analista Financeiro Edson Vicente Carminatti Jr. FINANCEIRO


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