Jornal da UFOP | Nº 193

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Jornal da Universidade Federal de Ouro Preto

Edição 193 - janeiro e fevereiro de 2014

Cresce escolha pela Ufop no Sisu Página 3 Paula Bamberg

Somente na primeira chamada do processo seletivo 2014/1, a UFOP preencheu mais de 50% das vagas. A seleção da Instituição é feita integralmente por meio do Sisu desde 2011, exceto para os cursos de Artes Cênicas e Música. Confira os cursos mais concorridos e histórias de quem escolheu a UFOP.

Remop: universitários comemoram a volta do restaurante universitário Páginas 4 e 5

Atrações: confira os preparativos para o Festival de Inverno e o Fórum das Letras Entrevista:

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José Pacheco: fugindo do tradicional formato educacional Página 8


Isadora Faria

Parceria em prol da tecnologia UFOP firma acordo para a construção de um Instituto Tecnológico Vale Brunello Amorim

2014: Um ano especial 2013 foi um ano de bons resultados para a nossa Instituição! A UFOP foi recredenciada e bem avaliada pelo MEC, recebendo conceito final 4. Nas recentes avaliações de cursos, conseguimos notas 4 ou 5, com destaque para os cursos de Direito e Jornalismo, que obtiveram nota máxima no Enade. Inauguramos importantes instalações, dentre elas, o novo complexo esportivo e a nova Escola de Farmácia. Disponibilizamos históricos escolares em inglês para os nossos alunos, assim como a certificação digital de históricos e atestados de matrícula, dando um importante passo à internacionalização. Tivemos mais de 500 alunos fazendo intercâmbio em instituições estrangeiras em países como Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e no Reino Unido. Instalamos a Comissão Estatuinte, constituída de forma paritária por representantes eleitos dos três segmentos de nossa comunidade. Responsável pela elaboração do novo Estatuto para a Universidade, a comissão terá a desafiadora tarefa de refletir sobre a nova realidade da UFOP após seu processo de expansão. Enfim, mesmo com muitas contingências orçamentárias, avançamos graças, sobretudo, à garra de nossa comunidade acadêmica, ou seja, de nossos técnicos, professores, alunos e colaboradores. Tais resultados nos impulsionam ainda mais a seguir em 2014 com determinação, mesmo sabendo tratar-se de um ano atípico, por conjugar na relação espaço e tempo dois importantes eventos: a Copa do Mundo e as eleições gerais para presidente, senadores, governadores e deputados. Se o ano é atípico, os cenários que se desenham para o período precisam ser avaliados cuidadosamente, de forma a não permitirmos que paixões que nos envolvem facilmente – futebol e política eleitoral – tirem o foco de nosso trabalho e da nossa missão maior, que é a de formar cidadãos por meio de uma busca incansável do conhecimento, da pesquisa e da extensão. A programação de atividades do ano inclui a realização de dois importantes eventos que dão visibilidade internacional à nossa Universidade e garantem à UFOP uma inserção social e cultural fantástica: o Festival de Inverno e o Fórum das Letras. Aliado a isso, temos seminários, semanas acadêmicas, palestras, o Encontro de Saberes, dentre outros, que compõem a nossa rotina; enfim, todo um corpo de eventos e ações que nos garantem ser o que somos, ou seja, o espaço da diversidade. Portanto, em meio a tantas paixões, assim como a obrigações, é importante reforçar, nesse contexto, a força de nossa autonomia. Em nome dela, devemos pautar nossas interlocuções nas diversas instâncias, em especial no âmbito federal, no sentido de termos a garantia de financiamentos para a continuidade de nossos projetos.

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Issamu Endo, “o instituto é um marco na nossa Universidade, traz uma força enorme para o campo de pesquisa e facilitará o funcionamento das nossas engrenagens na gestão dos estudos”. O reitor Marcone Jamilson Freitas Souza acrescenta que os estudantes são a força motriz para desenvolver e produzir conhecimentos para a sociedade brasileira, a partir do instituto. De acordo com o diretor-presidente do ITV, Luiz Mello, a escolha pela Federal de Ouro Preto é estratégica e histórica pela tradição da qualidade do ensino da Escola de Minas. “O nosso instituto é a ponte que liga a academia com a empresa, um dos objetivos é um estreitamento de relações que podem contribuir entre si mutuamente.” A expectativa é de que, no início de 2015, os laboratórios estejam em pleno funcionamento.

Coluna do Museu Máquina centrífuga Aparelho constituído por uma base de madeira e duas engrenagens unidas por uma corrente. Assim é a máquina centrífuga. Na engrenagem maior, conecta-se uma alavanca, e, na menor, uma haste em que podem ser acoplados acessórios, esferas ligadas entre si ou tubos de vidro com um líquido no interior. Ao girar a alavanca, as engrenagens atingem uma determinada velocidade angular, demonstram os efeitos da força centrífuga nos acessórios do aparelho. O dispositivo, utilizado nas aulas da Escola de Minas, encontrase à disposição do público no Setor de Física/Ciência Interativa. Os Setores de Metalurgia, Química, História Natural, Mineralogia, Mineração, Física e Ciência Interativa estão abertos à visitação pública de terça a domingo, das 12h às 17h. Já o Observatório Astronômico funciona aos sábados, das 20h às 22h. O Setor de Transporte Ferroviário funciona de terça a domingo, das 9h às 17h, na Estação Ferroviária de Ouro Preto do Projeto Trem da Vale. O de Siderurgia, localizado no Parque Metalúrgico Augusto Barbosa – Centro de Artes e Convenções da UFOP –, atende ao público no mesmo período, mediante agendamento. Escolas e grupos podem agendar visitas por: • Telefone: (31)3559-3118 • E-mail: museu@ufop.br • Site: www.museu.em.ufop.br

Leo Homssi

EDITORIAL

A UFOP oficializou acordo com a empresa Vale para a construção de um instituto tecnológico de uso compartilhado no campus Morro do Cruzeiro, em um terreno de 680m². Com um investimento previsto de R$4 milhões, o Instituto Tecnológico Vale (ITV) visa a aliar pesquisa, ensino e empreendedorismo para as atividades de mineração. O ITV da UFOP é o segundo do Brasil e o primeiro em uma instituição de ensino. Além dos 20 profissionais da Vale que irão trabalhar no ITV, os laboratórios do instituto ficarão à disposição dos estudantes da UFOP para também realizarem estudos e pesquisas. Os projetos de pesquisa a serem desenvolvidos no local estão sendo discutidos com a equipe da Universidade. Para o diretor da Escola de Minas, professor

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Reitor: Prof. Dr. Marcone Jamilson Freitas Souza Vice-reitora: Profª. Drª. Célia Maria Fernandes Nunes Coordenador de Comunicação Institucional: Chico Daher ACI: Verônica Soares, Mariana Petraglia, Rondon Marques Edição: Ana Paula Martins – MTb 12533 Projeto Gráfico: Mateus Marques Diagramação: Rafa Buscacio Redação: Brunello Amorim, Caroline Antunes, Douglas Gomes, Flávia Gobato, Fernanda Mafia, Mariana Borba, Tamara Pinho, Verônica Soares Colaboração: Aldo Damasceno, Amanda Sereno, Ana Elisa Siqueira, Júlia Mara Cunha, Fernanda Marques, Paula Bamberg

Núcleo Administrativo: Pedro Alexandre de Paula, Marco Antônio do Nascimento, Jeiniele Souza, Richard Dias Revisão: Magda Salmen, Rosângela Zanetti Tiragem: 1.000 exemplares Impressão: MJR Editora e Gráfica Coordenadoria de Comunicação Institucional (CCI) Campus Morro do Cruzeiro, Ouro Preto – MG – CEP 35.400-000 Tels.: (31) 3559-1222/1223 E-mail: aci@ufop.br Site: www.ufop.br

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Sucesso no Sisu Foram oferecidas 1.228 vagas; a UFOP atingiu mais de 50% de matriculados somente na primeira convocação

Paula Bamberg

Os mineiros são a maioria entre os calouros da UFOP, seguidos de paulistas e espírito-santenses

(3.043 inscrições e 60,9 cand./vaga), Arquitetura e Urbanismo (2.023 inscrições e 56,2 cand./vaga) e Medicina (1.868 inscrições e 46,7 cand./vaga). A pontuação mínima para ampla concorrência foi do curso Ciência e Tecnologia dos Alimentos com a nota 651,89. Já o curso com a pontuação máxima para ampla concorrência foi Medicina com a nota 824,8. Os dados nacionais do Sisu foram de 2.559.987 estudantes inscritos, um aumento de 31,28% em relação ao ano passado, e Minas Gerais foi o estado com maior número de registros com 616.419 para 20.029 vagas ofertadas.

“Optei pela UFOP por uma junção do útil ao agradável. É o curso que eu quero em uma cidade agradável de morar. Espero também que a Universidade tenha estrutura adequada para propiciar um curso de alta qualidade aos alunos.” Sofia Sarmento (17) – natural de Brasília (DF) – caloura de Economia

chamada do Sisu para o ingresso do primeiro semestre de 2014, em um total de 1.228 vagas disponibilizadas. O processo seletivo da Instituição é feito integralmente por meio do Sisu desde 2011, exceto para os cursos de Artes Cênicas e Música que possuem editais exclusivos com provas de aptidão específica. O pró-reitor de Graduação, profes-

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Arquivo pessoal

João Pedro Tavares Perna tem apenas 17 anos e já está em uma universidade federal. Nascido em Goiânia, atualmente está morando em Palmas e, em março, mudará de estado mais uma vez. O ano de 2014 começou de forma positiva para ele, que passou na primeira chamada em Direito na UFOP. Como primeira opção no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a Universidade de Ouro Preto chamou sua atenção pelos bons resultados do curso. Antes de passar em Ouro Preto, ele fez um período do mesmo curso na Universidade Federal de Tocantins (UFT); resolveu mudar pela boa colocação do Direito no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e a alta aprovação dos alunos da UFOP na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Outro grande incentivo para a mudança foi a oportunidade da experiência de crescer morando fora de casa. “Espero uma boa relação com colegas e professores em um bom ambiente universitário, além de poder aprender muito. A sensação de fazer parte de uma Instituição de ensino pública gratuita e de altíssima qualidade é muito boa”, afirma João. Pela grande distância da sua cidade até Ouro Preto, ele confessa que seus pais ficaram um pouco receosos com a mudança. “Minha mãe ficou mais preocupada, mas os dois apoiaram minha ida porque entendem as vantagens de morar fora de casa e sor Marcílio Sousa, ficou satisfeito com estudar em uma boa universidade federal”. o desempenho da Universidade neste ano. “Somente na primeira convocação para matrícula, a UFOP atingiu Destaque no Sisu João é uma das 625 pessoas que fize- mais de 50% de matriculados. Em alram a matrícula na UFOP na primeira guns cursos, teve quase 90% das matriculas efetivadas na primeira chamada”. Os cursos que receberam mais matrículas em ampla concorrência foram Engenharia de Minas (89%) e Medicina (85%). Mais uma vez, os mineiros são a maioria nos registros na Universidade; em segundo lugar, São Paulo; e, em terceiro, Espírito Santo. Com 30.335 inscrições no Sisu (24,7 cand./vaga), os cursos da UFOP mais procurados pelos inscritos foram Direito

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Brunello Amorim e Caroline Antunes

“Escolhi a UFOP por ela ter boa fama em relação aos cursos de Engenharia. Espero tanto do curso quanto da Universidade coisas positivas, pois é uma área de que eu realmente sempre gostei.” Kaique Salvador Ventorim (19) – natural de Vitória (ES) – calouro de Engenharia Mecânica

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Remop: símbolo da

Após três anos em reforma, Restaurante Universitário l

A praça Tiradentes voltou a ser sede de um dos restaurantes universitários da UFOP. Em janeiro de 2014, o Restaurante da Escola de Minas (Remop) foi reaberto. O Remop serve, em média, 500 almoços e 250 jantares, mas tem capacidade para oferecer até 1260 refeições diárias. “A expectativa da coordenação dos Restaurantes Universitários (RUs) para o Remop é de fornecimento de refeição de qualidade a toda a comunidade universitária, dando maior ênfase ao atendimento daqueles que residem, estudam e/ou trabalham no centro histórico de Ouro Preto, propiciando maior comodidade e ganho de tempo para desenvolver as atividades diárias”, explica a coordenadora de RUs, Judith Gomes. Em dezembro de 2010, a Universidade interrompeu as atividades do local. A coordenação de RUs, a área de saúde ocupacional e a Prefeitura do Campus (Precam) apresentaram relatórios que confirmavam a necessidade do fechamento. A saúde ocupacional, as instalações físicas, os maquinários, as condições sanitárias e a segurança do trabalho estavam prejudicados, e o aumento de alunos da UFOP potencializou os problemas. Todas as pequenas reformas realizadas ao longo dos anos (desde 1959, quando foi inaugurado) não foram suficientes para manter o prédio em condições adequadas de uso. Durante a reforma, além dos problemas já constatados no relatório, a Precam ainda verificou a necessidade de reforma no forro, na parte elétrica e hidráulica do prédio, fatores que ajudaram na demora da reabertura do restaurante. O Remop foi totalmente reformado. Banheiros foram adaptados para deficientes físicos, e a cozinha ganhou equipamentos industriais de última geração. O estudante de Serviço Social Leandro Morais, que reside em Ouro Preto e estuda em Mariana, acredita que a reabertura do Remop foi um avanço para a assistência estudantil da UFOP. “Nós encontramos dificuldades no trajeto Ouro Preto-Mariana, saíamos muito cedo de casa para tentar pegar o refeitório de Mariana aberto e, muitas vezes, não conseguíamos. O Remop beneficia não somente quem mora em Ouro Preto e estuda em Mariana, mas toda a comunidade estudantil residente na área central da cidade.”

Paula Bamberg

Flávia Gobato

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Saiba mais sobre os RUs

Valores O valor da refeição para alunos de graduação, pós-graduandos e técnicos-administrativos é R$2,00 por pessoa. Visitantes de todas as universidades em viagem cultural, alunos de escola pública com autorização da Prace e pais de alunos podem usufruir da refeição universitária, pagando R$3,00. Horário de funcionamento dos RUs Almoço de segunda a sexta-feira Recam: 10h45 as 13h15 Remop: 11h00 as 13h Remar I (ICHS) e Remar II (Icsa): 11h as 13h Restaurante do Icea (João Monlevade): 11h40 às 13h40 Almoço de sábado e domingo Recam e Remop: 11h30 h as 13h Remar I (ICHS) e Remar II (Icsa): 12h as 13h Jantar de segunda-feira a sexta-feira Recam e Remop: 18h as 19h30 Remar I (ICHS) e Remar II (Icsa): 17h30 as 19h Restaurante do Icea (João Monlevade): 17h as 19h

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a história Ufopiana

localizado no centro histórico de Ouro Preto é reaberto Flávia Gobato

Assistência Estudantil O diretor de assistência estudantil do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Pedro Costa, descreve que o Remop além de fazer parte da história da própria Universidade, é um importante apoio a todos os estudantes que moram no centro histórico. “O restaurante estava em reforma desde o começo de 2011, obrigando os alunos a se deslocarem até o Restaurante Universitário do Campus Morro do Cruzeiro (Recam) ou buscar outras formas de alimentação. Toda a comunidade acadêmica já estava sentindo os efeitos da falta do restaurante, por exemplo, as filas no Recam. Com o Remop aberto, muitos problemas no Recam poderão ser minimizados. Para o DCE, foi uma grande conquista.” Durante o período em que o Remop permaneceu em reforma, a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace) disponibilizou aos moradores do centro histórico e aos estudantes do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (Ifac) uma “Bolsa Remop”. Os alunos em situação socioeconômica desfavorável precisavam entregar os documentos solicitados pela Prace e passar por um processo de avaliação. O pró-reitor da Prace, Rafael Magdalena, esclarece que os alunos recebiam a bolsa de acordo com a quantidade de vezes em que faziam refeições no restaurante. “Essa bolsa foi um auxílio ao estudante que morava no centro histórico e dependia do Remop para almoçar ou jantar. Na ocasião, a Escola de Minas, a Escola de Farmácia e o Ifac tinham muitos estudantes que ficavam na região histórica nesses horários e dependiam da refeição

Trajetória do Remop No ano de 1958, a chapa eleita para o Diretório Acadêmico da Escola de Minas (Daem), gestão 1958/1959, tinha como plataforma eleitoral a construção de um restaurante da Escola de Minas. O presidente da chapa na época, Francisco Faro, com o vice-presidente Euler Paula Bamberg

janeiro e fevereiro de 2014

Apolinário, o 1º secretário Aziz Assi, o 2º secretário Sergio Bastos de Azevedo e o tesoureiro Wilson Branco, empenharam-se pela proposta de um restaurante e entraram em contato com o reitor Pedro Calmon da Universidade do Brasil para ser o intermediário entre a Escola de Minas e o presidente da República. No dia 7 de novembro de 1958, a Escola de Minas anunciou um telegrama do presidente da República dizendo ter encaminhado à Câmara Federal um pedido de aprovação de todas as emendas que dissesse respeito à Escola de Minas. Sendo assim, a Escola recebeu uma verba para a construção do restaurante, que foi inaugurado em 12 de outubro de 1959. O Remop foi instalado e equipado no antigo prédio que pertencia ao Fórum da cidade, hoje conhecido como Centro Acadêmico da Escola de Minas (Caem).

O Restaurante foi totalmente reformado. Banheiros foram adaptados para deficientes físicos, e a cozinha foi reequipada

Paula Bamberg

Alemão: personagem da história do restaurante Alberto Carlos Rietberg, mais conhecido como Alemão, 86 anos, nasceu em Ouro Preto. Filho de alemães, depois do parto, seus pais o deixaram com uma família ouro-pretana, onde foi criado e vive até hoje. Alemão foi o primeiro funcionário do Remop. Assim que conseguiu o emprego no restaurante, mudou-se para o prédio do Remop onde morou quase 34 anos. “Eles deixaram um quarto nos fundos para mim, e, quando me casei, levei a minha esposa também. Morei no lugar todo o tempo em que trabalhei lá.” Ele conta que havia uma comissão responsável pelo restaurante. “O diretório nomeava os membros, podendo ser apenas alunos dos cursos de Engenharia. Foi assim até 2010, ano em que o Remop foi interditado”. De acordo com Alemão, nos primeiros anos, o RU só poderia ser frequentado pelos futuros engenheiros da Escola de Minas. “Os estudantes da Escola de Farmácia não puderam aproveitar o restaurante no início. Foram oito anos, até os alunos conseguirem um espaço nessa assistência estudantil”. Hoje, todos os discentes, técnicos-administrativos, pós-graduandos e professores têm direito à refeição em qualquer restaurante universitário. Figura conhecida pelos estudantes, Alemão fez muitos amigos no Remop. Ele é homenageado em quase todas as repúblicas federais do centro histórico, por ser estimado pela simpatia e amor pelo que fazia. Aposentou-se em 1996.

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Arquitetura para encostas Aluna da UFOP pesquisa maneiras mais adequadas de construir nas áreas de encostas Fernanda Mafia

Construir nas áreas de declive exige cuidados, sobretudo em Ouro Preto, em que, conforme a carta geotécnica da cidade, mais de 60% da área total possui risco de deslizamento. Com soluções simples, pensando na segurança dos moradores e na conservação das casas, a aluna do curso de Arquitetura da UFOP Damyana Silva desenvolve, como trabalho final de graduação, o projeto “Arquitetura para encostas: diretrizes para intervenções arquitetônicas em áreas geologicamente desfavoráveis”. A região escolhida para a aplicação do estudo foi o bairro ouropretano Padre Faria que, segundo a aluna, “reflete a realidade da cidade”. Moradora de Ouro Preto, Damyana explica que o interesse em realizar o projeto surgiu da percepção de que os bairros e as construções na cidade crescem de maneira desordenada. “Eu queria desenvolver um projeto que fosse interessante para Ouro Preto, principalmente porque eu sou moradora daqui. Percebo que muitas pessoas levantam casas sem projeto, por desconhecimento e por aumentar o custo das construções”, conta. Orientador da pesquisa, o professor Clécio Magalhães do Vale afirma que “o relevo é fator determinante na elaboração de um projeto”. Sendo assim, projetar para encostas envolve profissionais em áreas distintas: geólogos, engenheiros civis e arquitetos. A partir do estudo do relevo, é possível elaborar a maneira mais apropriada para as áreas de encostas, considerando também a estética das edificações, característica importante para a arquitetura. “O arquiteto trabalha elabo-

Paula Bamberg

rando tipologias arquitetônicas mais adequadas para as áreas de relevo acidentado. Na formação de arquitetos e engenheiros, ter conhecimento de como construir em encostas é fundamental”, esclarece.

Mais de 60% da área total de Ouro Preto é de área com risco de deslizamento

Legislação e fiscalização O crescimento desordenado dos bairros, a falta de vistoria por parte do poder público e o desconhecimento da população são fatores que favorecem a ocupação irregular das encostas. Para solucionar o problema, Damyana propõe algumas mudanças nas leis e na fiscalização efetiva por parte da prefeitura. “Por exemplo, o Instituto de Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan) proíbe a construção de

pilotis aparentes, o que dificulta a construção nas encostas”, explica. Ela ainda sugere um acompanhamento por parte da Prefeitura, principalmente nos bairros onde a população é de baixa renda. “A contratação de profissionais especializados onera os custos da construção, e a população carente geralmente não tem acesso a um projeto arquitetônico correto.”

Agilidade no cruzamento de dados georreferenciais Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFOP cria banco de dados georreferenciados para sistematizar informações sobre diagnósticos urbanos em Ouro Preto Mariana Borba

A partir da produção crescente de diagnósticos urbanos sobre Ouro Preto, verificados pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da UFOP, foi criado o banco de dados georreferenciado da cidade. As informações coletadas pelos alunos precisavam de uma plataforma própria que facilitasse o cruzamento de dados. Assim o banco de dados georreferenciado consiste na plataforma de obtenção das coordenadas de pontos de uma imagem ou de um mapa (pontos de controle) para que possam ser cruzadas, armazenadas e localizadas. O resultado se dá em qualquer forma de informação gráfica, principalmente mapas. A professora do curso de Arquitetura e Urbanismo e responsável pelo projeto, Monique Sanches Marques, explica que o banco de dados surgiu com base nos conteúdos produzidos nas disciplinas de

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Urbanismo I, Projeto II e do Pivic “Sistema de espaços livres de uso público em Ouro Preto, análise do centro histórico expandido”. Foi preciso reunir os dados e alimentar o banco com conteúdos dos diagnósticos produzidos pelos estudantes. Um dos alunos do curso de Arquitetura integrante do projeto Victor Estrela explica que o banco auxilia a prefeitura a resolver problemas recorrentes em Ouro Preto que foram identificados anteriormente.

A FERRAMENTA Como forma de sistematização dos dados, optou-se pela plataforma SIG (Sistema de Informação Geográfica). A Fundação Gorceix ofereceu o treinamento gratuito aos discentes para que pudessem realizar a primeira etapa do trabalho: a atualização

da base georreferenciada de Ouro Preto. Posteriormente, elaborou-se uma base de dados conforme os diagnósticos urbanos realizados por algumas disciplinas do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (Dearq). O projeto-piloto foi realizado no bairro ouro-pretano Antônio Dias. Para a professora, a agilidade com que é possível recorrer às informações do banco facilita o trabalho das pesquisas e incentiva a área acadêmica. “É possível organizar materiais coletados e estudar questões ambientais, problemas urbanos, tudo por meio de uma plataforma específica e importante para o curso.” O banco pode subsidiar intervenções e ações na cidade, “onde a maior beneficiada é a população”, comenta Monique.

O banco de dados poderá subsidiar intervenções e ações urbanas em Ouro Preto

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Festival explora a temática Entrecorpos Evento será de 8 a 27 de julho, movimentando as cidades de Ouro Preto e Mariana em prol da arte Tamara Pinho Naty Torres

Entre os dias 8 e 27 de julho, as ruas históricas de Ouro Preto e Mariana serão tomadas por música, cultura e arte. O Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana – Fórum das Artes 2014 é um espaço de envolvimento de artistas, moradores e turistas por meio de apresentações musicais e teatrais, exposições e oficinas. O evento tem como desafio mostrar, por meio da arte, diferentes formas e práticas que refletem a constituição do ser. O tema Entrecorpos permite uma ampliação daquele realizado no Festival de 2013, “Em tempos diversos”, pois pensar as culturas do corpo ajuda na projeção da diversidade na experimentação que é vivenciada por meio das atividades oferecidas pelo Festival.

O pró-reitor de Extensão, Rogério Santos de Oliveira, diz que a temática foi escolhida focando na reflexão que as relações entre o corpo e seus entornos cotidianos podem trazer. “Quando pensamos no tema, estamos tentando refletir sobre as relações entre o corpo humano, no seu sentido amplo, e seus entornos cotidianos. Entendemos que, a partir dessa ideia, possamos fazer uma reflexão ampliada do sujeito no mundo contemporâneo, tentando refletir sobre suas ações no universo das artes”. Sobre a proximidade entre a Copa do Mundo e o Festival de Inverno, Rogério Santos acredita que, neste ano, o evento atrairá ainda mais turistas para Ouro Pre-

to e Mariana, principalmente estrangeiros que estarão no País para o evento esportivo. Desde 2004, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana é realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto, por meio da Pró-Reitoria de Extensão, em parceria com a Fundação Educativa de Ouro Preto (Feop) e Prefeituras de Mariana e Ouro Preto. O evento visa valorizar as manifestações culturais, incentivando o diálogo entre a população local e os visitantes pela arte. Mais informações sobre as atividades podem ser obtidas no site do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana (www.festivaldeinverno.ufop.br/2014).

Tema Entrecorpos busca refletir as relações entre o corpo humano e o cotidiano, dentro do universo da arte

Fórum das Letras comemora 10ª edição Evento será em outubro com o tema Escritas em Transe Douglas Gomes

O Fórum O Fórum das Letras, realizado pela UFOP desde 2005, comemora sua décima edição, consolidando-se como plataforma de diálogos e debates entre jornalistas, escritores, profissionais do mundo editorial e estudantes. Neste ano, será realizado em outubro, como parte do calendário de eventos de Ouro Preto. Escritas em Transe é o tema escolhido e foi inspirado no título do filme Terra em Transe (1967), do diretor Glauber Rocha, produzido durante o período da ditadura militar no Brasil e premiado internacionalmente, retratando as transformações sociopolíticas na América Latina ocasionadas pelas contradições e ambiguidades do período. As relações entre escrita e psicanálise, criação e loucura são caminhos pelos quais os participantes também se enveredarão ao longo dos dias do evento.

O Fórum lembra os 50 anos do Golpe Militar de 1964 e os 30 anos do movimento Diretas Já O ano de 2014 relembra duas datas historicamente importantes para o Brasil: 50 anos do Golpe Militar de 1964 e o movimento Diretas Já, que, por sua vez, completa 30 anos. O debate partindo desses marcos na história nacional proporcionará aos participantes uma reflexão sobre os rumos e as transformações do mundo contemporâneo em diversas áreas, da arte

Edição Edição 193 193 - janeiro - janeiro e fevereiro e fevereiro de 2014 de 2014

à política. “Estamos nos organizando para um evento grandioso, em que contaremos com a presença de grandes escritores jornalistas brasileiros que retrataram esse período em suas obras”, enfatiza a coordenadora do Fórum, Guiomar de Grammont.

Com o objetivo de promover a valorização da identidade, da diversidade e da literatura produzida pelos países de língua portuguesa por meio da cooperação dos países que influenciam na construção e na formação da cultura brasileira, o Fórum das Letras já contou com a participação de diversos autores e agentes do universo literário. A programação tradicionalmente apresenta o Ciclo de Jornalismo, que reúne discussões sobre a relação entre jornalismo e literatura, a Via-Sacra Poética, que promove o encontro e a aproximação entre poetas com a população, e o Fórum das Letrinhas, que estimula o público infantil e a literatura por meio de oficinas e encontros com autores que propõem o aprendizado lúdico.

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Richard Dias

Novos desafios para o ensino José Pacheco

Criador da Escola da Ponte, em Portugal, o professor José Pacheco veio à UFOP na edição 2013 do Encontro Foto:Nathália Nunes de Saberes, quando palestrou sobre modelos de ensino que fogem ao tradicional conjunto de sala de aula, professores e alunos. A metodologia da Escola da Ponte consiste em uma quebra de paradigmas: não há espaços definidos para a aula, nem professores específicos para cada turma. O projeto incentiva a troca de conhecimentos entre todos os integrantes, em três núcleos: iniciação, consolidação e aprofundamento. Embora enfrente desafios, Pacheco acredita que o reconhecimento dos resultados demonstra que é possível trabalhar o ensino e a aprendizagem a partir de abordagens menos tradicionais e alerta: “criança não é cobaia”.

Quais foram suas motivações para o projeto da Escola da Ponte? Minhas motivações foram as mesmas de qualquer professor, porém, infelizmente, muitos não transformam em prática seus anseios. Quando alguém escolhe ser educador, é por uma destas duas razões: por amor ou por vingança. Eu fui por vingança, fiquei por amor. Fui por vingança porque uma das minhas maiores motivações era tentar, como professor, que nenhum aluno passasse por instituições de exclusão, como eu passei quando criança. A verdade é que eu não consegui essa vingança, pois, todos os anos, muitos alunos eram reprovados, e eu sentia uma grande angústia, porque não conseguia fazer com que aprendessem. Então, encontrei duas pessoas que comungavam das mesmas motivações que eu, e aí surgiu a Escola da Ponte. Há quase 40 anos, a Escola da Ponte, que é uma escola de rede pública, tinha saído de 48 anos de ditadura, a maior da história do mundo, a de Salazar. A escola não tinha sequer um banheiro, era um lugar onde ninguém queria trabalhar, por isso, eu fui pra lá. Os alunos mais velhos batiam nos professores. Era um analfabetismo crônico. As motivações eram as mesmas de quando eu comecei a ser professor: dar oportunidade a esses jovens de serem sábios e felizes, mas nós não sabíamos como. Eu confesso que, no início, devemos ter feito muita besteira, pois nós nos guiávamos muito pela intuição pedagógica. Somente mais tarde, fomos tendo alguma fundamentação teórica e científica. Mas, no início, com todo o cuidado que é preciso – porque criança não é co-

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baia, não podemos fazer experimentalismo e oba-oba – nós íamos perguntando: “Por que é que nós fazemos isso que nós fazemos? Por que nós damos aula? Por que há turmas? Por que há séries? Por que há horário? Por que há diretor?”. E não encontrávamos respostas, nada disso tem fundamento científico. A última proposta teórica que justifica a existência de aula, por exemplo, é do século XVII.

Sendo essa primeira experiência realizada em uma instituição pública, como foi a aceitação do governo português? As reações foram muito negativas, a começar pela própria prefeitura, que tentou destruir todos os recursos que tínhamos. Aí, eu fui obrigado a ser prefeito da cidade. Todavia, ainda hoje, o atual ministro continua a querer destruir aquela escola. Sempre foi uma história de sofrimento. As pessoas, tradicionalmente, enxergam o lado belo, mas há um lado da fragilidade humana, do sofrimento, porque desde sempre o governo ficou muito perturbado conosco. Outras dificuldades vêm das escolas ao redor. Nós tivemos calúnias e campanhas terríveis contra a nossa escola. Mas ela está lá, há quase 40 anos, cada vez melhor, os melhores alunos que Portugal tem são os nossos.

Qual o perfil dos alunos e dos pais que estão na Escola da Ponte? Existe um perfil de professor e de aluno e, hoje, mais da metade dos pais foram alunos da Ponte; são os pais que dirigem a escola. É a única escola pública no mundo em que não são professores a dirigir. Como os pais não têm dever de obediência hierárquica, podem discordar do ministro e dizer que não fazem como ele quer, é uma escola inteiramente autônoma. Mas não foi sempre assim. Uma escola que não tem aula, não tem série, não tem nada formal, pode ser confusa. Mas quando os pais observam que seus filhos estão sendo mais bem tratados, estão aprendendo mais do que os outros, eles compreendem e defendem o projeto. Sempre que houve crises criadas pelo Ministério da Educação, os pais agiram e resolveram as crises. E também as universidades portuguesas sempre estiveram ao nosso lado.

Os alunos podem seguir os estudos em qualquer outra instituição de ensino? Saem com o mesmo diploma, mesmo crédito, porém sabem muito mais do que os alunos das demais escolas. Quando eles vão para outra escola, levam a indicação da série e do ano em que devem ingressar, embora nós não tenhamos série nem ano. Eles levam as notas, embora nós não tenhamos nota, porque nós não queremos criar problemas aos alunos, nem aos pais, nem às escolas. Nós respeitamos muito o que os outros fazem.

Verônica Soares

Quando vocês recebem alunos que tenham tido uma experiência anterior em uma escola regular, ele passa por um processo de adaptação? Não apenas alunos, como professores e pais, quando chegam de outra escola, passam por uma fase chamada de Iniciação. Para os mais novos, eles têm que aprender, nesse núcleo de Iniciação, a ler, a escrever, a perguntar, a ter uma inserção social, linguística e matemática. Têm que saber fazer projetos, pesquisar, colher informação, analisar, criticar e sintetizar. Transformar informação em conhecimento, saber fazer portfólios de avaliação e trabalhar em equipe. As escolas tradicionais nunca ensinam isso, estão preocupadas em manter na cabeça das crianças o português e a matemática para depois esquecerem, porque elas fazem prova e esquecem.

“Estamos ensinando crianças do século XXI com técnicas do século XIX. A última proposta teórica que justifica a existência de aula é do século XVII.” E com relação aos professores, existe um perfil de profissional para a Escola da Ponte? Durante 25 anos, nós recebemos professores que eram convocados aleatoriamente, por concurso, e quando chegavam passavam por um período de adaptação. Depois criamos um protocolo com o Ministério e agora podemos escolher as pessoas, fazemos um concurso universal, todo mundo pode concorrer, mas nós fazemos a seleção em função do perfil que nós tentamos definir, porque, para determinados valores, precisamos de determinadas pessoas. O importante desse perfil é que ele nos orienta e, felizmente, houve poucos casos de desligamento.

Você faz uma crítica em relação à forma como o Brasil desenvolve seus projetos educacionais. Na sua avaliação, que equívoco a educação brasileira ainda comete? O problema não está apenas nos professores, mas também no poder público. A educação é desastrosa no Brasil, para não dizer miserável. É um desperdício de recursos, de gente. E os professores parecem sofrer da síndrome do vira-lata: o que vem de fora é que é bom, o que está aqui não presta, e isso é fatal. Eu vejo muitas vezes que importam modas. A Escola da Ponte pode ser mais uma

moda. Embora eu procure que não seja, porque quando eu vim pra cá, tinham criado um mito da Escola da Ponte e estou desmitificando, mostrando o lado belo e o lado horrível. É um projeto humano, feito por professores com suas limitações. Mas o problema da importação de modas talvez seja o que mais impede o desenvolvimento da educação, porque o brasileiro tem toda a base científica de que precisa para fazer essa mudança. É preciso que brasileiros estejam atentos ao fato de que têm tudo o que necessitam para fazer diferente, principalmente uma base teórica, que não embarquem nesses projetos que vêm do norte.

Por que essa opção de vir para o Brasil e investir na educação aqui? Foram três razões fundamentais: a primeira é porque eu estava há mais de 30 anos na Escola da Ponte e começaram a aparecer professores que tinham sido meus alunos. Eu me senti velho, e nada pior para uma escola com jovens do que um velho que sabe tudo. Então, eu precisava ir embora. Mas se eu me aposentasse e ficasse morando ali perto, estaria todo dia influenciando. A segunda razão é que, quando vim para o Brasil, descobri coisas que não imaginava: escolas degradadas, um ensino público degradado e professores mal pagos, mas que não desistem. São coisas que não vejo lá. Agora que estamos com um projeto amplo, me sinto muito mais útil, ou seja, estou contribuindo para melhorar a situação. A terceira razão é de ordem afetiva: conheci uma brasileira.

Como avalia o cenário educacional que se desenvolveu após a sua vinda para o Brasil? Não foi pela minha vinda, embora eu possa ter ajudado a promover encontros de pessoas. Estou ligado a algumas propostas no Brasil e acho que a gente aprende mesmo é com os projetos mal sucedidos. Em território brasileiro, eu acompanho mais de cem projetos e penso que novos tempos vêm por aí. Há diversas iniciativas que conseguem sair do ensino tradicional para fazer um trabalho melhor com as crianças. O Brasil tem tudo o que necessita, só precisa perceber isso. Esses projetos não querem instituir-se como exemplo, apenas mostram que é possível, com os recursos que temos, fazer um serviço melhor. Qualquer criança brasileira pode atingir uma avaliação positiva, apenas não atinge porque estamos ensinando crianças do século XXI com técnicas do século XIX. Isso pode ser alterado, devo dizer que não é com mais técnicas de gestão, mas com pessoas, com reflexão, com cursos de grandes teóricos brasileiros e com tempo e dedicação, sem fazer criança como cobaia, é possível. Como eu disse, é preciso responsabilidade e respeito pela criança, além de concretizar a Lei de Diretrizes e Bases.

Edição 193 - janeiro e fevereiro de 2014


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