Jornal da UFOP | Nº 195

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Jornal da Universidade Federal de Ouro Preto

Edição 195 - maio e junho de 2014

O Legado da Copa do Mundo Página 4

Pesquisadores de várias áreas do conhecimento falam sobre a herança que a realização da Copa poderá deixar no país.

Páginas 2

UFOP tem pesquisas com destaque nos cenários estadual e nacional. Páginas 6

Projeto desenvolvido no distrito de Antônio Pereira gera renda e conscientização ambiental. Páginas 7 Entrevista:

Monografia de ex-aluno da pós-graduação em Gestão Pública vira projeto de lei.

A professora Giulle da Mata fala sobre a Copa e a identidade do brasileiro. Páginas 8


EDITORIAL Em clima de Copa do Mundo, esta edição do Jornal da UFOP traz algumas reflexões sobre o tão comentado “legado da Copa”. Afinal, o que é isso e como a sociedade brasileira irá encarar as mudanças deixadas pela realização do megaevento? Especialistas de diferentes áreas de conhecimento, professores e pesquisadores da Universidade buscaram refletir sobre os impactos da realização da Copa do Mundo 2014 no País - não para fazer previsões ou julgamentos, mas procurando contextualizar e refletir sobre a realidade de um país de extremos movido por uma paixão nacional. Sobre esse assunto, conversamos também com a professora Giulle da Mata, cujas pesquisas em história da sociologia, sociologia da cultura e antropologia das sociedades contemporâneas contribuem para o entendimento da identidade nacional, marcada pelo “jeitinho brasileiro” e o mito do homem cordial. O Jornal da UFOP traz também reportagem sobre a necessidade de repensar as narrativas históricas, tomando como ponto de partida o Golpe de 1964 que, em 2014, completou 50 anos. A matéria é fruto do projeto multiplataforma UFOP Conhecimento, uma parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp) para a divulgação científica. Para assistir ao UFOP Conhecimento, visite o canal da TV UFOP no YouTube www.youtube.com/tvufop. A UFOP tem se destacado também em eventos e congressos acadêmicos. Projetos da Universidade formados por equipes de pesquisadores, pós-graduandos e bolsistas de iniciação científica foram premiados no Brasil e no exterior. Em Barão de Cocais, uma monografia do curso de Gestão Pública foi transformada em projeto de lei. Excepcionalmente, esta edição nº 195 do Jornal da UFOP não circulará em sua versão impressa, mas você pode acessar e compartilhar este e outros números do jornal no endereço issuu.com/aciufop e também no site institucional www.ufop.br. Sugestões e críticas são bemvindas e podem ser encaminhadas pelo e-mail aci@ufop.br.

Pesquisa inspira lei Monografia de ex-aluno do curso de Gestão Pública vira projeto de lei em Barão de Cocais Caroline Antunes

Com a ideia de fazer uma biografia oficial de Barão de Cocais, o sargento Robson César de Souza, do 26º Batalhão de Polícia Militar de Itabira, transformou seu pensamento em uma pesquisa de pós-graduação do curso de Gestão Pública da UFOP. Após a defesa de sua monografia, o trabalho chamou a atenção do município de Barão de Cocais que sancionou, no dia 12 de maio de 2014, a lei municipal nº 1677/2014 que reconhece como oficial a biografia do tenente coronel José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o Barão de Cocais. Bacharel em História, Robson conta que a ideia surgiu quando constatou que não havia uma biografia oficial do Barão de Cocais, somente artigos contraditórios e dados sem fontes. A pesquisa contou com a participação do jornalista e historiador Leonel Soares Marques. “Sinto-me honrado por ter sido aluno da UFOP, pelo excelente curso e professores. Estou orgulhoso e feliz pela sanção da lei municipal e pela divulgação da monografia na imprensa regional”, afirma Robson, destacando que o objetivo foi fazer com que as futuras gerações conheçam a importância do patrono do município no contexto político. O CURSO - Adriano da Gama Cerqueira, chefe do

Departamento de Gestão Pública do Centro de Educação Aberta e a Distância (Cead) da UFOP e orientador da pesquisa de Robson, afirma que o curso de Especialização em Gestão Pública do Cead é referência na região e que muitos municípios já fizeram convênio para aperfeiçoar o quadro de servidores. Por meio do curso, as populações dos municípios foram beneficiadas com a melhoria dos serviços. “De minha parte, como orientador, sinto-me realizado também, mas o maior mérito é do Robson, pois foi dele o projeto e a pesquisa estava bem adiantada, pois ele dedicou muitos anos na realização do projeto”, finaliza. Com a Lei, Barão de Cocais tem uma melhor representação do homem que deu origem ao nome da cidade. Para o vereador Sebastião Eustáquio dos Santos, presidente da Câmara e autor do projeto de lei, com esse trabalho, foi possível organizar melhor e de forma oficial a biografia do Barão de Cocais, sendo também uma forma de resgatar a história do município. “Reconhecer a biografia como oficial trata-se de ato extremamente importante para o município e incentiva a cultura e a leitura desta biografia aos jovens estudantes”, comemora o vereador.

Coluna do Museu Colorímetro Foto: Leo Homssi

Boa leitura! Equipamento que permite estimar a concentração de uma substância colorida em solução. A medida é feita comparando-se a intensidade da cor de uma determinada solução estudada à cor das soluções padrão de concentração previamente conhecida. O acervo encontra-se em exposição no Setor de Química do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da UFOP. Os setores de Química, História Natural, Mineração, Mineralogia, Metalurgia e Física/Ciência Interativa estão abertos à visitação pública de terça a domingo, das 12h às 17h. Já o Observatório Astronômico

funciona aos sábados, das 20h às 22h. O de Siderurgia, localizado no Parque Metalúrgico Augusto Barbosa Centro de Artes e Convenções da UFOP -, atende ao público mediante agendamento. O Setor de Transporte Ferroviário está aberto à visitação pública de terça a domingo, das 9h às 17h, na Estação Ferroviária de Ouro Preto do Projeto Trem da Vale. Escolas e grupos podem agendar visitas pelos contatos: Telefone: (31)3559-3118 E-mail: museu@ufop.br Site: www.museu.em.ufop.br

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Reitor: Prof. Dr. Marcone Jamilson Freitas Souza Vice-Reitora: Prof. Dra. Célia Maria Fernandes Nunes Coordenador de Comunicação Institucional: Chico Daher Coordenadora da Assessoria de Comunicação Institucional: Verônica Soares Equipe ACI: Adriana Moreira, Mariana Petraglia, Rondon Marques Edição: Ana Paula Martins (MTb 12533), Adriana Moreira, Verônica Soares Projeto Gráfico: Mateus Marques Diagramação: Mateus Marques e Bruno Diniz Redação: Adriana Moreira, Aldo Damasceno, Amanda Sereno, Ana Elisa Siqueira, Caroline Antunes, Douglas Gomes, Júlia Mara Cunha, Fernanda Mafia, Flávia Gobato, Tamara Pinho

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Colaboração: Fernanda Marques, Mariana Borba, Paula Bamberg Coluna do Museu: Prof. Gilson Nunes Núcleo Administrativo: Pedro Alexandre de Paula, Marco Antônio do Nascimento, Jeiniele Souza, Richard Dias Revisão: Magda Salmen e Rosângela Zanetti Coordenadoria de Comunicação Institucional (CCI) Campus Morro do Cruzeiro, Ouro Preto – MG – CEP 35400-000 Tel.: (31) 3559-1222/1223 E-mail: aci@ufop.br Site: www.ufop.br

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Narrativas relembram o Golpe de 64 Projeto UFOP Conhecimento reflete sobre as repercussões do golpe e como a web pode reunir e pluralizar os discursos em torno do tema Fernanda Mafia

Na foto, o professor Marcelo Abreu.

Em 2014, o Brasil debate os 50 anos do Golpe Militar. Relembrar datas como essa é uma importante manifestação social, que provoca reflexão sobre o assunto. O tema foi enfocado pelo UFOP Conhecimento, que contou com a participação do professor do Departamento de História da UFOP Marcelo Abreu. O docente faz provocações acerca das celebrações e das representações históricas do Golpe de 1964 e questiona: para além da história, como a literatura, o cinema e as novas mídias também dão conta da complexidade do acontecimento? Versões históricas consolidadas sobre o golpe se contrapõem no espaço público e esse processo é chamado de “Guerra de Memória”.

Na rede, o professor identifica esses confrontos em espaços como as linhas do tempo no Facebook e em verbetes na Wikipedia, por exemplo. “As novas mídias fragmentam a possibilidade de lembrar. No Facebook, você recorda com o seu grupo, com a sua rede e cada linha do tempo conta uma história”. O risco é que esse discurso seja constantemente reproduzido, sem a possibilidade de quebra, já que, geralmente, nos relacionamos com um mesmo grupo de pessoas que pensam de maneira semelhante. Para entendermos como a web pode reunir e pluralizar os discursos em torno de um assunto, o professor cria uma situação hipotética: Suponhamos que, para discutir o tema do Golpe de 64, fosse criado um chat com os seguintes personagens: um garoto de

“A internet permite que essas vozes estejam congregadas em um mesmo espaço de forma simultânea” 15 anos, interessado em história; um professor de história; pessoas de 80 anos de orientação política de esquerda e de direita; um general ou um coronel. “A internet permite que essas vozes estejam congregadas em um mesmo espaço de forma simultânea ao mesmo tempo em que amplia uma comunidade de conhecimento em torno de um determinado assunto”, explica Marcelo. Além da internet, o Golpe Militar de 64 é narrado em filmes, documentários,

livros, romances e novelas. Nesses casos, a realidade serve como cenário para narrativas ficcionais e esse processo de memória é importante na reelaboração dos episódios históricos. Porém, alerta Marcelo, “recordar insistentemente a violência da ditadura não garante que os problemas que repercutem até hoje vão se resolver, e pode ser que a gente não perceba que temos resquícios dela até os dias atuais”, finaliza.

Mais sobre o UFOP Conhecimento A fim de promover a divulgação científica a partir do depoimento de pesquisadores, o projeto UFOP Conhecimento é uma proposta de divulgação científica com o objetivo de produzir conteúdo em diversas plataformas. O conceito foi inspirado nas narrativas transmídia, que consistem na criação de conteúdos a partir do entrecruzamento

de diversas mídias, desde as mais tradicionais, como o rádio e a televisão, até a internet e seus dispositivos móveis. O objetivo é democratizar o conhecimento produzido na Universidade, além de dar visibilidade às pesquisas e a projetos desenvolvidos por docentes ou estudantes. Dentre os produtos do UFOP Conhecimento, estão um pro-

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grama da TV UFOP, que gera podcasts para a Rádio UFOP Educativa, conteúdos para o site da Universidade e para os veículos institucionais impressos, e a divulgação em redes sociais. Todo o conteúdo produzido é disponibilizado sob a licença creative commons, que permite a cópia e o compartilhamento com menos restrições, possibilitando, assim, a apro-

priação e a ressignificação do conteúdo pelos usuários. Essa é uma iniciativa da Coordenadoria de Comunicação Institucional e com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp). Pesquisadores da UFOP interessados em divulgar suas pesquisas podem entrar em contato pelo e-mail aci@ufop.br ou pelo telefone (31) 3559-1222.

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Olhares sobre a

Professores comentam a realização do Mundial no Brasi

Adaílton Eustáquio Magalhães Professor do Departamento de Educação Física e chefe do Cedufop

EDUCAÇÃO FÍSICA “Na parte esportiva, um evento desse porte é algo sensacional, porque além de envolver muitos países e seleções importantes, também incentiva a prática de esportes no País. Temos, como exemplo o tênis que, durante a geração Guga, teve maior destaque e, assim, conquistou muito mais adeptos brasileiros. Nesse sentido, podemos dizer que a Copa se torna muito interessante. Porém, pelo lado da coletividade, não é tão interessante assim, pois, para realizar um evento dessa proporção, é preciso grande investimento, principalmente financeiro. Acredito que tais investimentos poderiam ser feitos em setores que necessitam mais urgência, como a saúde e a educação. Outro problema é a dificuldade de acesso da população de baixa renda, que dificilmente poderá assistir aos jogos dentro dos estádios. Poucos vão ter R$500 para pagar em um ingresso. Com isso, até a seleção perde, porque não terá a participação popular dentro dos estádios. Ela tem como base torcedores engajados, acostumados a incentivar seus clubes com amor e entusiasmo.”

Alberto Fonseca Professor de Engenharia Ambiental da UFOP

MEIO AMBIENTE “A preparação para a Copa envolveu uma série de obras que aconteceram com rapidez, e não é necessário fazer um estudo científico para entender que ela não teve o cuidado ambiental que poderia ter tido se fosse devidamente planejada. O lançamento de efluentes sem tratamentos em cursos d’água e o assoreamento de córregos são alguns dos impactos ambientais causados. Outro ponto é que não foi feita uma consulta à população questionando o que eles queriam, não houve estudo para saber se a Copa é o melhor investimento para o País. As leis ambientais no Brasil são boas no papel e terríveis na prática. Então, com certeza, muitas foram atropeladas pelas obras. Seria necessário fazer uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) antes da Copa, para estudarem os impactos ambientais. Eu não sou contra a Copa, apenas acho que, em um país de desigualdade social e cheio de emergência de obras mais importantes, ela não é a prioridade.”

Aluisio Finazzi Porto Professor do Departamento de Turismo

TURISMO Rafael de Oliveira Alves Mestre em Direito e professor do curso de Administração Pública do Cead

DIREITO: Lei da Copa “Buscando atender exigências da Fifa, o Estado brasileiro vem se mobilizando, tanto por meio da aprovação de leis quanto por meio de investimentos públicos diretos e indiretos, por exemplo, as isenções fiscais e os financiamentos subsidiados via BNDES. A Lei Geral da Copa é apenas uma das normas de exceção, pois os estados e os municípios têm aprovados leis de exceção para favorecer o capital privado. Logo, o argumento de que a Copa vai trazer vantagens ao Brasil deve ser visto com cuidado, uma vez que os recursos financeiros movimentados serão gerados por setores específicos da economia e serão apropriados por agentes privados.”

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“O Brasil ainda não é destaque mundial no turismo, o País recebe menos de 10 milhões de turistas. Com a Copa do Mundo, será uma oportunidade de ser mais conhecido e de haver uma expansão do turismo cultural. Outra vantagem desse evento é a melhoria da infraestrutura turística, como no caso dos aeroportos, que vão gerar uma descentralização do eixo Rio - São Paulo, região que recebe cerca de 80% dos estrangeiros. O perfil dos turistas que virão ao Brasil é composto por 60% solteiros do sexo masculino, os quais vão poder ver que o País tem outras opções de entrada e como as outras regiões oferecem espaços e equipamentos de qualidade.”

Vicente José Peixoto de Amorim Professor do Instituto de Ciências Exa

TECNOLOGIA

“Sem o impulso d (Olimpíadas e princ do Mundo), a implan nologias viria de form nosso País. Tanto a i nibilizada agora em sedes dos jogos) quan ram um sensível impu O grande legado dei Mundo será na área parte de telecomunic ficar são estruturas m evento e incentivos n e desenvolvimento de Entretanto, o primeir tégias das empresas de o segundo da continu governamentais.”

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Copa do Mundo

il e o legado que a competição poderá deixar para o País

Thiago de Sousa Barros Administrador e professor do curso de Ciências Econômicas

ECONOMIA Jefferson Queler Professor do curso de História

HISTÓRIA

Nair Prata Pesquisadora de jornalismo esportivo e professora do curso de Jornalismo

“Comparando a Copa do Mundo de 1950 com o cenário atual, um novo torneio mundial no Brasil, o que chama bastante a atenção é o volume de gastos públicos envolvidos. Agora, ele é bem maior, e o grau de politização entorno dele também é mais amplo. Nossa história recente oferece algumas chaves explicativas desse último fenômeno. Durante os anos da ditadura militar (19641985), o futebol chegou a ser mobilizado pelo governo para legitimar sua política repressiva. O caso mais notório é o do período Médici. Nele, o Brasil se tornou tricampeão mundial, gerando uma onda de ufanismo. Tal sentimento foi capitalizado pelo governo, em momento em que procurava silenciar focos de dissenso. A politização atual em torno da Copa de 2014 parece responder contrariamente a esse uso do futebol e do seu espetáculo. Nesse momento, diversos grupos sociais pretendem transformá-la numa oportunidade para rediscutir a situação socioeconômica e os rumos do Brasil.”

“Os gastos na realização de um megaevento esportivo são financiados pela cidade ou país-sede, o dinheiro utilizado é proveniente dos impostos ou da redução dos serviços públicos. Ao sediar a Copa do Mundo, o gasto público investido cria ‘custos de oportunidades’, e a decisão por destinar parte do orçamento público em sua realização exclui a oportunidade de priorizar essa verba em outras áreas, notadamente em campos de demanda social, como saúde, educação, transporte e segurança. No Brasil, 92% dos investimentos em estádios vieram do financiamento público, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Se dividirmos em investimentos que ficarão como legado para a população como um todo (aeroportos, portos e mobilidade urbana) e aqueles que foram feitos exclusivamente para a realização da Copa (estádios, telecomunicações, segurança e turismo), verificamos que o percentual de gastos com obras que não são consideradas legados para os brasileiros ultrapassam aqueles que poderiam ficar como contribuição para a infraestrutura do País.”

COMUNICAÇÃO

atas e Aplicadas (Icea)

de grandes eventos cipalmente a Copa ntação de novas tecma mais tardia para internet 4G (dispopoucas regiões das nto a TV digital tiveulso de implantação. ixado pela Copa do infraestrutural. Na cações, o que podem montadas durante o na parte de pesquisa e tecnologias locais. ro depende de estrae telecomunicação e uidade de programas

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“O jornalismo já está sendo profundamente impactado pelos preparativos com a Copa do Mundo e, certamente, será ainda mais durante os jogos e no pós-evento. A imprensa brasileira é bem preparada para grandes coberturas, mas a realização de um mundial dentro de casa traz novos desafios, já que a mídia local será o espelho para os jornalistas internacionais. Temos tecnologia para as transmissões, pessoal qualificado, empresas que entendem a importância do evento, no entanto, é preciso uma preparação cuidadosa. O legado da Copa do Mundo para o jornalismo será, certamente, uma mídia mais experiente e qualificada, provavelmente mais gabaritada para enfrentar a cobertura das Olimpíadas de 2016.”

Alice Viana Mestre em Planejamento, urbanismo e dinâmica dos espaços e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo

ARQUITETURA “Quando acontecem mega eventos, dependendo da quantidade de turistas, não adianta apenas preparar a infraestrutura do esporte, é necessário fazer um planejamento como um todo, o que é super difícil. Com um evento desse porte, não podemos pensar apenas em um investimento imediato para resolver um problema da Copa, como fazer um estádio, que depois do Mundial não será utilizado. Tem que se pensar no depois, planejando a melhor forma de urbanização possível das cidades.”

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Pesquisas premiadas Trabalhos e projetos da UFOP são destaques no cenário nacional e internacional

Trabalhos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) têm se destacado significativamente no cenário estadual, nacional e internacional. No segundo trimestre de 2014, as áreas de exatas, biológicas e ciências sociais aplicadas foram reconhecidas em eventos acadêmicos. DECOM - Do Departamento de Computação, a equipe Alarme=True conquistou a medalha de prata na III Maratona Mineira de Programação. O evento ocorreu em maio na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e teve como desafio a resolução de problemas no menor tempo possível, sem o auxílio da internet ou de dispositivos eletrônicos. Na competição, o grupo também ganhou o Prêmio de Persistência por ter tentado resolver um problema por mais vezes. O professor Marco Antonio Carvalho, treinador do time, explica que a premiação é uma brincadeira entre os competidores. “Nossa equipe tentou resolver por 13 vezes um mesmo problema.” O estudante de mestrado em Ciência da Computação, Luciano Perdigão Cota, e o mestre em Ciência da Computação pela UFOP e doutorando pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Matheus Haddad, foram premiados com o melhor artigo de estudante na área de “Inteligência Artificial e Sistema de Apoio à Decisão”, no 16º Congresso Internacional de Sistemas de Informação Empresarial (Iceis 2014), realizado em Lisboa, Portugal. O Iceis é uma conferência Qualis B1 (classificação adotada pela Capes para avaliar a qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação), que tem como objetivo reunir pesquisadores, engenheiros e profissionais interessados nos avanços e aplicações de negócios de sistemas de informação.

FOTO: Arquivo Redemat

Equipe da Redemat na 10ª edição do AISTech, evento realizado em Indianápolis, nos Estados Unidos.

rial. “Os combustíveis propostos no trabalho foram biomassas: capim-elefante, casca de arroz e café. Esse processo trata da substituição de fontes não renováveis, como gás natural, por renováveis, que seriam resíduos de agricultura, já que o Brasil é rico nessas fontes”, explica o estudante Jaderson Ilídio.

CIÊNCIA E PESQUISA - As professoras Andrea Gomes Bianchi, do Laboratório de Polímeros e Propriedades Eletrônicas de Materiais (Lappem) do Departamento de Física (Defis), e REDEMAT - Outro grupo de pesqui- Cláudia Martins Carneiro, da Escola de sadores da UFOP, formado pelo professor Farmácia e do Núcleo de Pesquisas em do Departamento de Metalurgia e coor- Ciências Biológicas (Nupeb), em parceria denador da Rede Temática em Engenha- com a pesquisadora Daniela Ushizima, do ria de Materiais (Redemat), Paulo Assis, Lawrence Berkeley National Laboratorypelo estudante de Engenharia Metalúrgi- USA (LBNL), formaram a equipe campeã ca Jaderson Ilídio e pelo doutorando da de um desafio de programação voltado à Redemat, Tiago Luis de Oliveira, con- segmentação de células em imagens de quistou o 3º lugar na categoria Graduate citologia do colo do útero, que ocorreu Student Poster Contest, na 10ª edição do no International Symposium on Biomedical AISTech, evento realizado em maio, na Imaging (IEEE), em Beijing, na China. cidade de Indianápolis, nos Estados Uni- Segundo a professora Andrea Bianchi, os dos. O grupo da UFOP apresentou um responsáveis pelo desafio estão entre os pôster sobre o uso de biomassa na aciaria principais pesquisadores de segmentação elétrica, que busca a utilização de fontes de células cervicais e os concorrentes renováveis de combustível para geração são pessoas que também trabalham nessa de energia elétrica e aproveitamento dos área. “Ganhar o primeiro lugar significa gases de combustão na queima do mate- que a UFOP, juntamente com o LBNL,

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vem desenvolvendo pesquisas de alta qualidade, comparáveis aos melhores. O resultado do desafio nos mostrou que estamos no caminho certo e gerou uma motivação muito grande em todos da equipe.”

e pequenas empresas, que aconteceu em Brasília, e foi premiada em segundo lugar. “É o reconhecimento de um trabalho que estamos nos empenhando há um tempo. Além disso, essa premiação ajudará em meus planos futuros, que é seguir os estu-

JORNALISMO - O Jornal Lampião, do curso de Jornalismo, conquistou o primeiro lugar na premiação da Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) Sudeste, que seleciona as melhores produções experimentais dos cursos de Comunicação Social do Brasil. O Expocom faz parte do Congresso de Ciências da Comunicação da América Latina (Intercom) e foi realizado na cidade de Vila Velha, em maio. Janine Reis, aluna líder do trabalho e estudante do curso de Jornalismo da UFOP, explica que o Lampião “mantém o compromisso de promover reflexões críticas sobre problemáticas relevantes nas cidades de Mariana e Ouro Preto, além de manter o seu valor de um produto laboratorial e experimental, sem perder a qualidade que nos faz campeões pela terceira vez consecutiva”.

No segundo trimestre de 2014, trabalhos de diversas áreas foram reconhecidos em eventos acadêmicos

SUSTENTABILIDADE - Também em maio, a estudante Camila Sousa participou do Concurso de Artigos sobre iniciativas de sustentabilidade nas micro

dos no mestrado”. Idealizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), o concurso tem a finalidade de incentivar e estimular que as MPEs utilizem de processos sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e econômico no desenvolvimento de suas atividades.

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Investimento e geração de renda Projeto de Produção de Sabão Artesanal à Base de Óleo de Cozinha Usado gera renda e conscientização ambiental no distrito de Antônio Pereira Flávia Gobato

Valorização da comunidade A coordenadora do projeto, Ângela Leão Andrade, conta que hoje as mulheres se sentem importantes e valorizadas na comunidade. “O que mais chama atenção é que o projeto faz com que elas corram atrás dos objetivos e, mais que isso, acreditem que ele as tornarão independentes. O grupo de mulheres já tem planejamento e visão da empresa futuramente. Mesmo que os processos ainda estejam em andamento, elas já estão divulgando sua marca e evoluindo o mar keting dos seus produtos”, acrescenta. “Estamos aprendendo a lidar com pessoas. Quanto mais contato com o público, mais aprendemos. Os cursos foram ótimos. Ficamos um ano apenas trabalhando com cursos de capacitação. Aprendemos muito nesse período. Têm mulheres que nem saíam de casa, o marido morreu, teve uma vida sofrida no casamento... Hoje em dia, essas mesmas mulheres desenvolvem trabalhos com a gente, o que

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melhorou muito a autoestima de todas. A comunidade compra e gosta muito dos produtos, elogiam bastante”, comemora Maria Auxiliadora dos Santos (60), presidente da associação Mãos que Brilham. “O projeto da UFOP é extremamente importante, uma vez que proporciona melhoria de qualidade de vida dessas mulheres por meio de uma geração de renda. Além disso, ele visa à valorização da mulher na faixa etária de 30 aos 60 anos e trabalha aspectos socioeconômicos, psicológicos e busca conscientizálas do quanto é importante o papel da mulher para a comunidade e para o desenvolvimento local”, conclui Ângela. As trabalhadoras da associação estão aguardando ansiosamente pela assinatura do comodato sobre o espaço cedido pelo município de Ouro Preto já que, por causa da falta de sede, as mulheres não estão produzindo sabão de óleo, apesar de ter todo o maquinário comprado. Por enquanto, elas decidiram produ-

FOTO: Vera Guarda

zir detergentes, limpadores multiuso, amaciante de roupas e desinfetantes. Além da professora Vera Lúcia de Miranda Guarda, da Escola de Farmácia, os professores Ângela Leão de Andrade, da Escola de Minas, e Fábio de Moura, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, integram o projeto.

Projeto Desenvolvimento Socioeconômico das Mulheres de Antônio Pereira e Educação Ambiental: a Organização da Produção de Sabão Artesanal à Base de Óleo de Cozinha Usado O projeto em números A iniciativa beneficia cerca de 20 mulheres. De dezembro de 2013 a março de 2014, foram produzidos 244 litros de produtos, sendo 53,5l de amaciante, 72l de detergente, 58,5l de limpador multiuso e 60l de desinfetantes.

FOTO: Vera Guarda

O Núcleo Cátedra Unesco, Água, Mulheres e Desenvolvimento da UFOP (Nucat) conta com vários projetos de extensão com a comunidade de Ouro Preto e região. Um deles é o de Desenvolvimento Socioeconômico das Mulheres de Antônio Pereira e Educação Ambiental – A Organização da Produção de Sabão Artesanal à Base de Óleo de Cozinha Usado, que tem o objetivo de promover o desenvolvimento socioeconômico das mulheres de Antônio Pereira e a educação ambiental na região. No final de 2012, o projeto recebeu R$50 mil na premiação do Programa Santander Universidade Solidária. No início de 2013, o recurso foi utilizado para dar continuidade aos trabalhos da associação Mãos que Brilham, criado por mulheres do distrito de Antônio Pereira, em Ouro Preto, e gerido gratuitamente pela Fundação Gorceix. A idealizadora do projeto e coordenadora do Nucat, Vera Lúcia de Miranda Guarda, explica que todas as trabalhadoras receberam cursos de capacitação. Dentre eles, estabelecimento de preço, como montagem de uma cooperativa ou associação, elaboração de um estatuto, usos de equipamentos de proteção individual e segurança do trabalho. “Elas já trabalhavam com a produção de sabão; então promovemos um curso para que conseguissem desenvolver uma independência em cima de seu negócio, desde a compra dos ingredientes até o produto final.” Vera afirma que já conseguiu alcançar muitas metas em um ano e meio do projeto, como a capacitação do grupo de mulheres, uma equipe multidisciplinar para o projeto, a constituição da associação Mãos que Brilham, o lançamento de multiuso, amaciantes, desinfetantes e detergentes da marca Mãos que Brilham e o reconhecimento do projeto pela Unesco, Fapemig e Samarco S/A. “Ainda temos metas a alcançar, como a produção do sabão em barra, palestras para mulheres e uma sede definitiva para instalação da fábrica.” Felipe Numeriano, bolsista do projeto e aluno do curso de Química, conta que os bolsistas são responsáveis por acompanhar todo o processo de produção de saneantes. “Estamos tentando, também, desenvolver metodologias para análise desses produtos, pois para comercializálos, é necessário estar de acordo com todas as normas da vigilância sanitária.”

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ENTREVISTA

A Copa e a identidade cultural do brasileiro Giulle da Mata Ana Elisa Siqueira

Apesar do mito do homem cordial, recentemente vivemos uma série de manifestações populares, que em algumas cidades não foram pacíficas. Você acha que tais acontecimentos interferem na imagem que se tem do brasileiro? O problema que vejo é estratégico. Quando você vê o governo insistindo em propagandas e falas oficiais sobre essa passividade, essa coisa do brasileiro saber receber, ser hospitaleiro, é um discursopropaganda, está querendo moldar algo que não sabemos se realmente existe. Não seria politicamente inteligente não aproveitar esse momento de visibilidade para se expressar. É uma necessidade, temos problemas muito sérios aqui no Brasil, que vão além de 0,20 centavos das passagens de ônibus. O Brasil é, pela segunda vez, sede da Copa do Mundo. Após oito anos se preparando, o País recebeu os jogos de braços abertos, realizando aquela que já é considerada a “Copa das Copas”. Para compreender algumas polêmicas envolvendo o evento esportivo, o Jornal da UFOP entrevista a docente Giulle Adriana Vieira da Mata. Mestre em Antropologia e doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Giulle formou-se em Letras e Direito pelo Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm). Atualmente, é professora de Sociologia do Departamento de História da UFOP. Ela pesquisa temas como história da sociologia, estudos de gênero, sociologia da cultura e antropologia das sociedades contemporâneas. O “homem cordial” e o “jeitinho brasileiro” são características associadas ao povo brasileiro. Pensando no contexto da Copa, como essas características interferem nas relações sociais do brasileiro? Quando Sérgio Buarque de Holanda falava do homem cordial, ele não estava elogiando, referia-se a um ser culturalmente avesso à racionalização, ao planejamento, a tudo que associamos à razão, por isso, se fala cordial, é do coração. Então, ele valoriza muito mais a espontaneidade, que está metaforicamente associada a sentimentos, quando o ser humano se deixa ser governado por seus impulsos. Segundo Sérgio Buarque de Holanda, as consequências não são boas, porque isso dificulta a capacidade de prospecção da ação do outro. Já que esse homem cordial é movido pelo impulso, como eu vou decidir o que fazer em relação a ele? Não tem estabilidade, não tem condição de racionalização da conduta.

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Algumas campanhas publicitárias e a cartilha da Fifa (a reportagem foi retirada do ar após pedido do Ministério do Turismo), com dicas para os estrangeiros, confirmam o estigma do brasileiro de um povo mal-educado e desorganizado. O que essas campanhas evidenciam sobre a imagem? Essas propagandas revelam imagens que, em algum momento do passado, foram legitimadas, mas agora, a partir de outros termos usados para a construção de política de identidade, demandam revisão, em especial no que diz respeito a suas consequências públicas. Isso acontecer no período da Copa e das Olimpíadas é muito importante, porque é o momento no qual o Brasil é visto, é a hora de praticar essa política de identidade, atualizar os elementos e perceber o que funciona ou não. Tenho achado muito interessante algumas publicidades, inclusive propagandas nacionais de cerveja, por exemplo, sobre o brasileiro, e o que se percebe agora é certo temor com relação a essa imagem. Ver uma propaganda do tipo “imagina a festa” ou falas oficiais do estilo “o Brasil tem a maneira específica de fazer as coisas”, essa maneira específica que nega, por exemplo, a organização e a capacidade de prospecção como uma qualidade nacional ou uma habilidade que o brasileiro tenha. Então, não demonstrar essa habilidade gera um problema muito sério com relação à imagem do Brasil, como o País é visto culturalmente, essa identidade pesa ao avaliar todo o contexto no campo político, econômico e social. Daí esses problemas que estamos vendo agora de desajuste, existe toda uma legislação para viabilizar a Copa do Mundo, mas que entra em conflito quando se aplica a ideia do brasileiro como homem cordial, simpático, pacífico. Eu acho interessante que o processo esteja

provocando reações. Que esse tipo de propaganda aparecesse para a sociologia, isso não seria muito inesperado, o novo é a reação do público. Como a cultura determina o comportamento dos estrangeiros em relação ao brasileiro? Para o brasileiro, os limites são muito claros, faz parte da cultura identificar o tipo de comportamento adequado em determinadas situações. Mas o estrangeiro não conhece esses limites, a questão do topless, por exemplo, para um estrangeiro não funciona; como você anda com um biquíni micro e tem uma lei que multa você se fizer topless? Para eles, isso é dupla moral, existe um afastamento entre prática e teoria. Para os brasileiros não, a gente sabe qual é o limite. O problema é a hora que o estrangeiro vem e o limite não está claro. Quanto mais claros os limites, menos conflito, mais chances de adequar o comportamento. É preciso orientação para adaptar a conduta principalmente do estrangeiro. Porém, esse tipo de orientação (a cartilha da Fifa para estrangeiros), baseada nessas “verdades culturais”, é uma armadilha. O estrangeiro está sendo mal-equipado; se ele chegar ao Brasil e cumprir as instruções no atual contexto, pode ser rechaçado.

do consumo de bebida alcoólica sobre o comportamento individual e a conse quência disso sobre o sistema público, principalmente o sistema de saúde. É um conjunto de leis que está organizado dentro de uma lógica. Se, de repente, um regime de exceção flexibiliza as normas, corre o risco de causar um retrocesso, principalmente porque toca em um ponto cultural do brasileiro que é essa descrença nas instituições políticas, essa dificuldade de entender o sentido público das leis. O regime de exceção é sociologicamente malvisto exatamente porque tira essa estabilidade que é necessária para formar novos hábitos. O hábito é a institucionalização de uma conduta; e para formar um hábito é preciso tempo, prática e segurança institucional. A relação do brasileiro com a bebida está sendo revista há muito tempo, e o regime de exceção quebra justamente esse processo lento, difícil, que demanda muito engajamento da sociedade civil e energia política, tanto antes quanto depois. Na hora de colocar a coisa em prática, é uma interferência que não é uma coisa pontual, ela tem consequências sociológicas muito sérias.

“O brasileiro gosta de futebol, tem que se divertir, o esporte é importante. A questão é: o que está sendo sacrificado para viver isso?”

No Brasil, bebidas alcoólicas são proibidas nos estádios de futebol. Mas, durante os jogos da Copa do Mundo, o consumo dentro dos estádios foi liberado. Quais as consequências dessa medida? É uma pressão segundo interesses econômicos, é claro, e não é apenas no Brasil que há conflitos entre as esferas política e econômica, são esferas da vida humana que brigam pela nossa lealdade, interferem na nossa conduta, tentam legislar os conflitos. O que incomoda é exatamente a flexibilização de procedimentos e condutas anteriormente institucionalizadas e que estão em um processo longo e difícil de promoção da reflexão em relação ao comportamento, visto a Lei Seca e a proibição de bebida em estádio. Essas leis têm todo um esforço de minorar o impacto

No Brasil, a Copa do Mundo não é apenas um evento esportivo, as pessoas mudam sua rotina para acompanhar os jogos. O que a sociologia fala desse comportamento? Não há nada demais nisso, o brasileiro gosta de futebol, tem que se divertir, o esporte é importante. A questão é: o que está sendo sacrificado para viver isso. Por exemplo, moro em Mariana, longe de Belo Horizonte; por que na escola das minhas filhas não vai ter aula? Não haver aula nos dias dos jogos do Brasil é absolutamente compreensível, agora por que não pode ter aula nas datas das competições de outras seleções? A questão é que uma nação inteira para, a consequência é muito séria. Aí é o famoso “jeitinho”, que às vezes você não consegue distinguir de corrupção para resolver um problema. A fim de parar, é preciso ser organizado e para planejar tem que ter tempo.

Edição 193 - janeiro e fevereiro de 2014


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