Jornal da UFOP | Nº 194

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Jornal da Universidade Federal de Ouro Preto

Edição 194 - março e abril de 2014

Não contém glúten Página 3

Foto: Paula Bamberg

Projeto da Escola de Nutrição transforma receitas tradicionais em opções simples, saborosas e nutritivas para celíacos, substituindo a farinha de trigo por ingredientes comuns e baratos. Estudos apontam que 1% da população mundial tem intolerância ao glúten

Semana de Museus: conheça os espaços da UFOP Páginas 4 e 5

Cartilhas turísticas buscam novo olhar sobre Ouro Preto Páginas 6

Vida universitária: maternidade e estudos

Entrevista:

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Américo Córdula: Mais Cultura nas Universidades

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Foto: Isadora Faria

Alunos se mobilizam no Trote Solidário Flávia Gobato

Planejamento e futuros Os desafios de qualquer gestor passam necessariamente pelos caminhos do diálogo e da participação, efetiva e solidária, de uma comunidade no desenvolvimento de futuros melhores. A construção de cenários para diversos futuros nos desafia também a repensarmos nossos processos de ensino. Para tanto, lançamos, no início de abril – como fruto de diálogos com coordenadores de cursos de nossa Universidade, entre 2013 e 2014 – as premissas para a construção dos planos de ação pedagógica como meio de buscar caminhos para uma melhoria contínua de nossos cursos. Na oportunidade, lançamos os cadernos com orientações básicas para cada curso, a partir das necessidades levantadas em seminários. Cabe, agora, a cada colegiado organizar seu planejamento com autonomia sem, contudo, perder a dimensão da grandeza que é a nossa Universidade. Quando pensamos nessa grandeza, construída ao longo de vários anos pelas mãos de todos que por aqui passaram, somos provocados a repensar nossa zona de conforto pessoal e profissional, o nosso papel de educador, de estudante, de técnico e, até mesmo, de sujeitos da sociedade civil, diante de uma imposição comum oriunda da complexidade do mundo em que vivemos: a necessidade de uma avaliação constante sobre o que e como contribuímos para esses diversos futuros que se realizarão simultaneamente. Acredito que somente por meio de um esforço coletivo, com respeito às diferenças, à autonomia dos colegiados e dos órgãos que compõem a Universidade, é que teremos condições de fazer um planejamento capaz de alcançar a utopia da excelência como um tributo às novas gerações que precisarão viver simultaneamente em diversos futuros, conforme já ocorre em nosso presente. Marcone Jamilson Freitas Souza Reitor

Foto Alice Cantele

pertar nesses alunos o exercício da cidadania, através da prática de boas ações em prol da sociedade em que estão inseridos. Sendo assim, não somente a comunidade é beneficiada por essa ação, como também os estudantes devido à experiência de crescimento pessoal”. Na campanha realizada em abril, foram recolhidos aproximadamente seis mil itens, doados à Casa Lar e ao Lírios do Campo. O evento acontece todos os períodos e passa pelos bairros ouro-pretanos Barra, Pilar, Centro, Lajes, Antônio Dias, Rosário e Bauxita.

Coluna do Museu Semáforo Ferroviário Maquete de um semáforo ferroviário destinado a regular a circulação de locomotivas e vagões na via permanente, conhecida popularmente como estrada de ferro. A maquete representa um semáforo mecânico cuja indicação ao maquinista é fornecida pela posição do braço conjugado com o foco da luminária. Ambos são acionados manualmente por meio de um sistema de alavancas e cabos de aço. A maquete ficava à disposição dos professores e alunos no Gabinete de Pontes e Estrada para as aulas na Escola de Minas. Esse acervo pode ser visitado no Setor de Transporte Ferroviário do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da UFOP, localizado na Estação Ferroviária de Ouro Preto. O Setor de Transporte Ferroviário está aberto à visitação pública de terça a

Foto: Leonardo Homssi

EDITORIAL

O Trote Solidário é uma ação realizada pela Associação das Repúblicas Federais de Ouro Preto (Refop) e a Associação das Repúblicas Reunidas de Ouro Preto (Arrop). A iniciativa reúne dezenas de calouros que são divididos em grupos. Cada um fica responsável por um bairro para arrecadar itens como alimentos, produtos de limpeza e higiene, roupas, sapatos e livros. O grupo que conseguir arrecadar mais artigos é premiado. De acordo com Ricardo Panzera, diretor da Refop Solidária, todos os participantes saem ganhando nessa campanha. “De alguma forma, queremos agradecer aos ouro-pretanos e demonstrar o carinho e o respeito que temos pela cidade. Por isso, o Trote Solidário vem ganhando cada vez mais espaço e apoio da comunidade. No final, o resultado é sempre surpreendente. Esperamos que essa boa ação perpetue e ganhe cada dia mais força”, aponta. Camila Coelho Welerson, diretora de comunicação da Arrop, acrescenta que a iniciativa tem como objetivo promover a integração dos estudantes recém-ingressos na UFOP por meio da convivência saudável e do trabalho em equipe. “Além disso, temos a intenção de des-

domingo das 9h às 17h na Estação Ferroviária de Ouro Preto do Trem da Vale. Os Setores de Metalurgia, Química, História Natural, Mineralogia, Mineração, Física e Ciência Interativa estão abertos de terça a domingo, das 12h às 17h. Já o Observatório Astronômico funciona aos sábados, das 20h às 22h. O de Siderurgia, localizado no Parque Metalúrgico Augusto Barbosa - Centro de Artes e Convenções da UFOP -, atende ao público no mesmo período, mediante agendamento. Escolas e grupos podem agendar visitas em horários e dias a combinar pelo contato: Telefone: (31)3559-3118

E-mail: museu@ufop.br Site: www.museu.em.ufop.br

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Reitor: Prof. Dr. Marcone Jamilson Freitas Souza

Coluna do Museu: Prof. Gilson Nunes

Vice-reitora: Prof. Dr. Célia Maria Fernandes Nunes Coordenador de Comunicação Institucional: Chico Daher

Revisão: Ana Paula Martins

ACI: Verônica Soares, Adriana Moreira, Mariana Petraglia, Rondon Marques

Tiragem: 1.000 exemplares

Edição: Ana Paula Martins – MTb 12533 Projeto Gráfico: Mateus Marques Diagramação: Bruno Diniz, Ralf Soares Redação: Amanda Sereno, Ana Elisa Siqueira, Brunello Amorim, Caroline Antunes, Douglas Gomes, Fernanda Marques, Flávia Gobato, Tamara Pinho Colaboração: Aldo Damasceno, Fernanda Mafia, Júlia Mara Cunha, Mariana Borba, Paula Bamberg

em breve

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Impressão: MJR Editora e Gráfica Coordenadoria de Comunicação Institucional (CCI) Campus Morro do Cruzeiro, Ouro Preto – MG – CEP 35.400-000 Tel: (31) 3559-1222/1223 E-mail: aci@ufop.br Site: www.ufop.br

Núcleo Administrativo: Pedro Alexandre de Paula, Marco Antônio do Nascimento, Jeiniele Souza, Richard Dias

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Alimentação e Saúde: receitas isentas de glúten Projeto do Departamento de Alimentos desenvolve preparações simples para celíacos e com redução de sódio e calorias Ana Elisa Siqueira e Douglas Gomes

Com foco em questões relativas à alimentação dos celíacos, a Escola de Nutrição (Enut) da UFOP desenvolve o projeto “Formulação de preparações isentas de glúten”, que visa a formular e avaliar a aceitabilidade de alimentos sem glúten, complexo proteico que confere aos alimentos maciez e elasticidade. Orientado desde 2012 pela professora da Enut Simone de Fátima Viana, em parceria com estudantes que desenvolvem trabalhos de conclusão de curso (TCCs) no Departamento de Alimentos (Deali), o projeto tem o intuito de aumentar a variedade de preparações e a oferta de receitas apropriadas para a dieta de pacientes celíacos ou que tenham alguma outra restrição alimentar. Na primeira etapa, realizada em 2013, foram desenvolvidas, pelas ex-alunas da Enut Carolina Olivares e Karina Faleiro, três receitas: bolo de cenoura, torta de legumes e pão de batata com ervas, todas com ampla aceitação pelos 97 provadores. A segunda etapa, desenvolvida pelas alunas Natasha Anielle dos Santos e Regina Coeli Gomes Pereira da Silva, contou com 106 voluntários que provaram mais três receitas: torta de chuchu, pizza de brócolis e ricota e pizza de batata. As preparações são baseadas na receita original, com modificação ou redução de ingredientes. Nutricionista formada pela UFOP, Carolina Olivares, aponta que, ao longo do desenvolvimento das pesquisas, foi observada a necessidade de criar receitas que não fossem específicas apenas para celíacos, mas que contribuíssem para uma alimentação saudável. “Conseguimos reduzir o valor calórico das preparações, as quais apresentam menores teores de carboidratos, lipídios, sódio e outros componentes, além de maior teor de vitaminas”, afirma. Segundo dados do projeto, as receitas apresentaram redução no valor de calorias e de sódio. A porção de 60g do bolo de cenoura apresentou redução de 142,71kcal e 117,77mg de sódio. Já a torta de legumes, em uma porção de 85g, diminuiu 54,76kcal, e o sódio teve uma redução em 255,57mg. Uma porção de 60g do pão de batata com ervas reduziu 54,83kcal e 179,84mg de sódio. “O resultado pode contribuir para a prevenção e/ou controle de algumas doenças como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias e excesso de peso”, enfatiza Carolina.

Redução de Custos O baixo custo das preparações é outro

resultado importante alcançado pelas pesquisas. Segundo a nutricionista, geralmente os alimentos isentos de glúten não apresentam preço acessível. A substituição por ingredientes mais comuns, como milho, fubá, arroz, batata, mandioca, polvilho, soja, quinoa e suas farinhas, propicia o acesso por parte da maioria da população. Aos 25 anos, a administradora Andreza Faria de Paula foi diagnosticada com a doença celíaca. “Procurei um gastroenterologista com queixas de dores no estômago e gases. Após vários exames, recebi o diagnóstico de intolerância à lactose e suspeita da doença celíaca, confirmada por meio da biópsia via endoscopia”. Andreza explica que, no início, teve dificuldades para se adaptar à dieta: “em Ouro Preto, o comércio desses produtos é muito restrito, quando encontro, são poucas opções. Hoje, já tenho algumas marcas preferidas e encontro facilmente em lojas em Belo Horizonte”. Ela consome basicamente produtos industrializados, pois diz que as receitas caseiras rendem grande quantidade e sozinha não consegue consumir. Mas a administradora aponta a diferença entre os preços: “um pacote de farinha que substitui a farinha de trigo nas receitas custa em média R$18”. Sobre a pesquisa desenvolvida na UFOP, Andreza avalia que essa é “uma iniciativa muito valiosa, principalmente para difundir entre a população a importância da dieta isenta de glúten para celíacos. Muitos são leigos e não entendem a gravidade da doença. Além disso, o projeto pode viabilizar o consumo desse tipo de produtos a custos mais acessíveis”.

Etapas do projeto Os trabalhos são desenvolvidos por etapas. Na primeira, são escolhidas as preparações, dando preferência a receitas do cotidiano do brasileiro, como bolos e pães. As alunas preparam as receitas no Laboratório de Técnica Dietética, testando a melhor substituição dos ingredientes com glúten, com as modificações necessárias na quantidade dos componentes da receita original. “O desenvolvimento de alimentos e receitas atrativas, saborosas e de fácil execução proporciona mais facilidade na adesão ao tratamento com dieta isenta de glúten para indivíduos com

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Foto: Paula Bamberg

intolerância”, explica a professora Simone Viana. Concluída essa fase, estudantes e a docente avaliam as porções e, caso sejam aprovadas, é produzida uma ficha de custo para fazer um comparativo entre as receitas originais e as sem glúten. É elaborada também uma tabela nutricional, com as composições de cada receita. Após os testes no laboratório, o grupo segue para a análise sensorial, feita com cerca de cem voluntários. Os participantes degustam as porções em cabines individuais e preenchem um questionário que avalia sabor, aparência, consistência, cor e impressão global. A equipe analisa os dados, e as receitas com 70% de aceitação na análise sensorial são selecionadas.

Projeto busca substituir a farinha de trigo por ingredientes comuns e baratos, como milho, fubá, arroz, batata, mandioca, polvilho e suas farinhas.

Doença celíaca Segundo informações da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), é uma doença é autoimune que afeta o intestino delgado, interferindo diretamente na absorção de nutrientes essenciais ao organismo, como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. Define-se pela intolerância permanente ao glúten em pessoas com predisposição genética à doença, geralmente na infância, mas pode surgir em qualquer idade. A dieta contínua é a única forma de tratamento da doença, que atinge o funcionamento intestinal devido à inflamação crônica causada pela ingestão do glúten, uma proteína presente em alimentos que contêm em

suas preparações trigo, aveia, cevada, malte e centeio. As pessoas podem apresentar sintomas como: diarreia e prisão de ventre crônicas, distensão e dor abdominal, vômitos, desnutrição e anemia, doenças neurológicas, além de outros sintomas. Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial é celíaca. Sendo que, no Brasil, afeta em torno de 2 milhões de pessoas, mas a maioria ainda está sem diagnóstico. Segundo a Fenacelbra, a lei federal nº 10.674, de 2003, determina que todas as empresas que produzem alimentos precisam informar obrigatoriamente em seus rótulos se existe a presença ou não do glúten.

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Museus e p As Coleções criam Conexões são tema de ações direcionadas

A Semana Nacional de Museus acontece anualmente para celebrar o Dia Internacional de Museus (18 de maio). Convidados pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), os museus brasileiros desenvolvem uma programação especial em prol dessa data, com um tema norteador dos eventos propostos pelo Conselho Internacional de Museus (Icom). Neste ano, a 12ª edição ocorrerá entre os dias 12 e 18 de maio, quando instituições museológicas de todo o País promoverão atividades em torno da temática Museus: as Coleções Criam Conexões. O Sistema de Museus de Ouro Preto, em conjunto com a Prefeitura de Ouro Preto e a UFOP, prepararam uma programação especial a fim de valorizar a arte e a cultura local. Além de propor atividades que elucidem o elo existente entre as atividades realizadas na semana, o tema discutido “nos leva a pensar a questão do pertencimento patrimonial da comunidade com os acervos sob salvaguarda dos museus”, afirma a coordenadora executiva do Museu da Farmácia da UFOP, Raiany Silva. De acordo com o professor do Departamento de Museologia Gilson Nunes, a Universidade contribui para a difusão e a realização do evento, participando da programação com as ações dos Museus de Ciência e Técnica da Escola de Minas e da Farmácia, além das atividades do Departamento de Museologia e dos seus programas de extensão. “Vale a pena

a comunidade aproveitar a oportunidade e, principalmente, visitar as exposições que os museus promovem com as mais diferentes coleções dos moradores de Ouro Preto”, convida o professor. Durante a semana, os museus realizam, gratuitamente, uma programação de exposições, palestras, oficinas e apresentações culturais para a população ouro-pretana. “Nos anos anteriores, todos os museus de Ouro Preto relataram uma ampliação da visitação pública e da participação nas oficinas propostas. Para este ano, temos a perspectiva de aumentar o número de visitas bem como de participantes nas atividades programadas”, completa Raiany. Para acessar informações e programação, confira pelo site www.museusouropreto.ufop.br.

A UFOP e seus museus

Nas ações da Universidade Federal de Ouro Preto, estão o aperfeiçoamento e a busca por Entre as oportunidades e circuitos culturais, estão o Museu da Escola de Farmácia e o Mus

Exposições, palestras, oficinas e apresentações culturais movimentam a cidade durante o evento

Trajetória da Escola de Farmá Foto: Paula Bamberg

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O Museu da Farmácia, localizado no centro histórico de Ouro Preto, é uma das construções mais antigas do município. Com entrada gratuita, é uma interessante opção de lazer e também fonte de conhecimento. Os objetos em exposição vão desde tubos de ensaio e esterilizadores a grandes aparelhos. Há também quadros com fotos de formandos de diversos anos, curiosas matérias-primas e extratos de tintura originais. A Escola de Farmácia iniciou suas atividades no prédio em 2 de janeiro de 1893 e, desde então, preserva equipamentos, utensílios e documentos utilizados por alunos e professores no museu. “Como em toda a cidade, o que mais me chamou a atenção foi a forma como a história se mantém preservada.

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patrimônios para a população de Ouro Preto durante a Semana de Museus Fernanda Marques

pluralidade na diversificação da programação cultural da cidade ouro-pretana. seu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, ambos pertencentes à Instituição.

Acervo conta a história das ciências tecnológicas e naturais Brunello Amorim

Foto: Paula Bamberg

O Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas é uma das principais atrações turísticas da cidade de Ouro Preto. Um valioso acervo organizado em setores temáticos, abrangendo áreas de conhecimento científico, pode ser apreciado no local. Os visitantes podem descobrir a história e as curiosidades da mineração, da siderurgia e, ainda, sobre a astronomia, entre outras atrações. É uma oportunidade também de conhecer a história da tradicional Escola de Minas, os seus ex-alunos ilustres e o acervo bibliográfico da Biblioteca de Obras Raras. O professor Gilson Nunes, coordenador do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, garante que os visitantes podem se surpreender com o acervo. “Temos exposições interessantes como minerais de outros planetas, fósseis de animais pré-históricos e também humanos. Além disso, temos equipamentos antigos, vindos das primeiras pesquisas científicas das áreas de conhecimento”, destaca. A coleção da Mineralogia, por exemplo, tem sua origem em 1875 das amostras trazidas pelo cientista e fundador da Escola de Minas, Claude Henri Gorceix. No setor de Astrono-

ácia em roteiro museológico Além da história, como as coisas mudaram e se tornaram menores, mais manuseáveis, mais padronizadas e mais simples, desde móveis a frascos de remédios”, afirma o estudante Stênio Lima. O museu propõe justamente essa percepção de mudanças, com a mostra “Ensino e prática profissional de farmácia em Ouro Preto no final do séc. XIX e início do séc. XX”. A exposição é proveitosa não só para quem é formado ou estuda na área de farmácia, mas para qualquer pessoa interessada. O espaço funciona na rua Costa Sena, 171, Centro - Ouro Preto, no horário de 13h às 17h, de terçafeira a sexta-feira. Mais informações pelos telefones: (31) 3559-1628 ou 3559-1638.

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mia, a principal atração é o Observatório Astronômico, com um telescópio que é um dos maiores do Brasil. O acervo da história natural também chama atenção com uma coleção de aves empalhadas, esqueletos e ovos, mamíferos brasileiros e europeus, exemplares de répteis, anfíbios e de moluscos atuais e alguns fósseis. A visitante Consuelo Santos é da cidade de Pará de Minas e, em visita ao espaço, afirma ter sido uma ótima experiência, em especial por se inteirar de uma parte da história de Minas Gerais em Ouro Preto. “No Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, pude conhecer a história das ciências tecnológicas e naturais. Espero voltar mais vezes e encontrar mais novidades”. O Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas abre todos os dias da semana, no horário de 9h às 17h. Os moradores de Ouro Preto e Mariana, estudantes, professores e servidores da UFOP entram gratuitamente. As escolas e grupos de fora podem agendar visitas pelo telefone: (31)3559-3118. O museu está localizado na praça Tiradentes, 20, Centro, em Ouro Preto.

Amanda Sereno Foto: Paula Bamberg

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Ouro Preto em cartilhas turísticas Projeto desenvolvido pelo curso de Turismo busca nova abordagem sobre a cidade Ana Elisa Siqueira

Quem visita uma cidade pela primeira vez costuma encontrar dificuldades para se hospedar, utilizar o transporte público, conseguir informações turísticas, entre outras. No caso de Ouro Preto, os turistas também podem se perder em meio a tantos monumentos e museus. As turistas Verônica Garcia Simões e Eva Rodrigues Moreira receberam um panfleto com informações turísticas de Ouro Preto na rodoviária, mas disseram que o material traz poucas informações úteis. “Não encontrei uma pousada perto da rodoviária, nem consigo me localizar por este mapa”, aponta Eva. Com a intenção de oferecer informações mais detalhadas para os turistas, o projeto de extensão “Cartilhas Turísticas de Ouro Preto (Catop)” propõe um modelo de cartilha turística diferente. Segundo o coordenador do projeto, professor Marcos Knupp, do Departamento de Turismo (Detur), da Escola de Direito, Turismo e Museologia (EDTM), vários destinos do País já produzem materiais mais elaborados, como as cidades de Foz do Iguaçu e Paraty, que serviram de inspiração para o projeto. O Catop visa a fornecer informações aos visitantes e à comunidade local sobre Ouro Preto, por meio de três cartilhas com perspectivas diferentes: uma contendo informações turísticas, outra com dados sobre boas maneiras para os turistas, além de uma para a comunidade ouro-pretana sobre como receber bem o turista. O material terá três versões: em português, inglês e espanhol.

O projeto Quatro bolsistas do curso de Turismo da UFOP ajudaram o professor Marcos Knupp na elaboração das três cartilhas de bolso, que devem ser distribuídas ainda em 2014. A equipe é composta por Débora Alencar, Isabela Vieira, Igor Fraxino e Taciane Prado. O professor conta que haverá dois eventos para distribuição do material: primeiro, em algumas escolas municipais da cidade; já o segundo evento será direcionado aos turistas, com uma blitz na praça Tiradentes e distribuição das cartilhas nos principais pontos turísticos. Para redação das cartilhas, o grupo realizou uma pesquisa com um questionário com a população local e os turistas. Assim, eles puderam perceber as necessidades do público. “Buscamos não fazer o padrão, mas sermos criativos. Percebemos que nos guias da cidade quase não se fala dos distritos e dos personagens de Ouro Preto”, explica a bolsista Débora Alencar.

O Catop propõe um modelo de cartilhas turísticas diferentes, voltadas também para a comunidade ouro-pretana

Cartilha Turística Abrange informações gerais sobre Ouro Preto, história, atrativos naturais, patrimônio histórico, além dos eventos tradicionais como a Semana Santa e o Festival de Inverno. A novidade é o mapa dos distritos, uma opção diferente de passeios. O professor Marcos Knupp acrescenta que o grupo buscou colocar o máximo de informações nas cartilhas, incluindo ilustrações e mapas, além de tradução para o inglês e o espanhol para orientar de forma correta os turistas.

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Paula Bamberg

Cartilha para o turista Traz informações sobre o funcionamento da cidade, patrimônio histórico, trânsito, horários de ônibus e de visitações aos museus, além das recomendações de “bons modos”. Segundo Knupp, o diferencial desse material são os roteiros preparados. “Escolhemos os principais pontos de visitação da cidade e preparamos um guia que o turista consiga fazer em um dia. São três opções diferentes de roteiros autoguiados, incluindo sugestões de passeios aos parques de Ouro Preto. A belo-horizontina Luciene Andréa Bastos acredita que a iniciativa vai ajudar o turista a escolher os locais de visitação sem depender de um guia turístico profissional. Ela também elogia a tradução do material para outros idiomas, pois “os estrangeiros têm dificuldades de obter informações na cidade”.

Foto: Richard Dias

Cartilha para a comunidade Oferece para a população opções de passeios em família, com roteiros autoguiados, além de contar a história dos personagens famosos de Vila Rica, como Marília e Dirceu. O grupo observou a necessidade de trabalhar o bom relacionamento entre a comunidade e os turistas. A estudante Débora Alencar afirma que é “uma forma de despertar na comunidade um sentimento de posse” por Ouro Preto, pois a maioria não desfruta das opções turísticas e de lazer que a cidade dispõe. Para a ouropretana Marília da Silva Castro, a cartilha vai estimular, principalmente, os moradores dos bairros mais afastados do Centro Histórico a conhecerem a cidade. Ela espera que seja adotado um “linguajar da população”, segundo Marília os ouro-pretanos conhecem alguns pontos turísticos e ruas com outros nomes, como a rua das Flores oficialmente chamada de rua Senador Rocha Lagoa, ou a rua Conde de Bobadela, comumente conhecida como rua Direita. Edição 194 - março e abril de 2014


Desafios de conciliar gravidez e estudos O dia a dia de quem se divide entre a vida acadêmica e os cuidados com o bebê Caroline Antunes

A gravidez não planejada surpreende universitários que se deparam com uma nova rotina, em que o tempo é dividido entre a vida acadêmica e os cuidados com a gestação e, posteriormente, com o bebê. Eles se multiplicam para cumprir todas as tarefas. Com a possível implantação de uma creche, a existência do Cantinho da Amamentação e do programa de assistência estudantil Psicologia de Portas Abertas, a UFOP oferece suporte a esses estudantes. “Meu Deus! O que vou fazer agora?” foi a primeira coisa que Fernanda Lara (24), aluna do curso de Direito, pensou quando descobriu que estava grávida. Hoje, após nove meses, já com o bebê em mãos, ela conta que a notícia a surpreendeu. “Quando parei e pensei, vi que o melhor que eu poderia fazer era adiantar o curso. Eu consegui concluir todas as matérias, mas fiquei devendo a monografia para esse período. Acabei optando por me dedicar mais à prova da OAB, que deu certo, pois passei. Então farei a monografia em casa e minha orientadora vai monitorar tudo por e-mail”, explica a estudante que inclusive fez o pedido de quebra de pré-requisito das disciplinas que faltavam para conseguir terminar as matérias a tempo de o bebê nascer, expondo o motivo para o Colegiado do curso. Com o plano de se formar e voltar para sua cidade natal em Belo Vale, Minas Gerais, onde seus pais e noivo vivem, Fernanda confessa que a maior dificuldade encontrada para terminar o curso e cuidar da gravidez foi a agenda cheia. Sem tempo para cuidar das coisas do bebê, ela dependeu do apoio do noivo para ajudá-la na preparação do enxoval. “O tempo foi curto. Tive muitas consultas com o médico, provas e trabalhos da UFOP, monografia e, ainda, o exame da

Não queria estudar aqui e deixar minha filha com minha mãe, então eu e o pai dela decidimos que queríamos ficar perto, estamos segurando a barra”, descreve. Hoje, a filha fica na creche o dia todo, e ela aguarda a resposta da Universidade sobre a demanda de uma possível creche dentro da Instituição. “Nos primeiros meses, eu praticamente não dormia, pois, se dormisse, não estudava, e, sem o estudo, não conseguiria passar nas disciplinas. Agora, consigo administrar melhor o tempo, já que ela está maior e acorda menos à noite”, conta a universitária.

Apoio familiar

Foto: Alê Arantes

Débora Arles e sua filha Ágatha Elis Alves Cardoso

Ordem dos Advogados do Brasil”, admitindo que, apesar da correria, está feliz com o presente que recebeu.

Psicologia de Portas Abertas A coordenadora de Saúde da Universidade, psicóloga Marina Knaip Delôgo, relata que, enquanto realizou atendimentos no programa de assistência estudantil Psicologia de Portas Abertas, teve contato com dois casos de estudantes grávidas. Ela comenta que o suporte oferecido, na ocasião, foi o sistema de bolsas da Pró-reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace), liberada se comprovada a necessidade socioeconômica, além de disponibilizado acompanhamento psicológico. Outro apoio que a UFOP oferece é o Cantinho da Amamentação, um local com tranquilidade e aconchego para as mães. No espaço, é possível trocar informações com outras gestantes e ter acesso a esclarecimentos com profissionais sobre

o aleitamento materno. O Cantinho da Amamentação é uma forma de incentivar as mães a amamentarem os bebês mesmo após o período de licença-maternidade. A sala pode ser utilizada pelas servidoras da UFOP, professoras, alunas e moradoras do bairro Bauxita.

Regime de Exercícios Domiciliares Ir embora e trancar o curso foi o que Débora Alves de Souza, aluna do 8º período de Educação Física, cogitou fazer. Com 22 anos, natural de Piracicaba, interior de São Paulo, foi o suporte dos pais que a convenceu a continuar em terras mineiras. A estudante recebeu da Universidade o Regime de Exercícios Domiciliares (Retef) que concede às gestantes as prerrogativas de até 90 dias para fazerem todos os trabalhos e provas em casa. “Eu não sabia o que fazer, mas meus pais disseram que iam me ajudar a permanecer no curso e a cuidar do bebê.

Luis Gustavo Simão tem 22 anos e é pai, há dois anos, da pequena Lara Lis. Cursando o 7º período de Engenharia de Controle e Automação, ele lembra que, na época, não foi fácil, mas que o apoio da família fez toda a diferença para ele se adaptar à nova vida. Para a mãe do bebê foi mais difícil, ela estava começando a segunda graduação na UFOP e deixou os estudos para voltar a morar com os pais em Betim. Luis conta que vê a filha, em média, uma vez por mês. “Conciliar os estudos em relação ao tempo ficou fácil, o difícil é não estar por perto”. O estudante diz que, quando se encontra com a filha, pensa em largar os estudos para se dedicar totalmente à sua criação, porém pensa que o melhor é a sua formação acadêmica para proporcionar um futuro melhor para os dois. Para Luis, ter uma filha não mudou sua rotina com os estudos, mas quem mudou foi ele. “Tento sempre obter tempo para estudar e, ainda assim, cuidar dela. Mas o tempo não é dificuldade maior do que a distância, até porque existem questões financeiras em relação ao transporte, que acaba atrapalhando quaisquer tipos de planejamento para visitá-la”.

Implantação de Creche

Foto: Nathália Viegas

O cantinho da amamentação funciona no Centro de Saúde da UFOP.

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Na Pesquisa do Perfil do Estudante de 2010, foi apontado que, do universo total de estudantes, 1% demandava a implantação do auxílio creche como programa de assistência estudantil. Lucinea de Souza Pereira, assistente social membro da comissão de avaliação da proposta, explica que a Universidade está fazendo um levantamento com base em uma pesquisa sobre a demanda dos lugares em que a UFOP tem campus. Caso se torne realidade, o espaço atenderá à comunidade acadêmica e também à população do entorno. “Perante os alunos, a deman-

da não é muito grande, mas, para a comunidade em geral, houve pedido de 50%”, observa Lucinea. Sabrina Rocha, técnica em assuntos educacionais, revela que, na mesma pesquisa, 5,95% dos estudantes possuíam filhos. “Atualmente, após três anos da pesquisa, é muito difícil mapear uma porcentagem correta. A ampliação de vagas e as cotas podem ter atraído estudantes com maior faixa etária e com filhos, mas não se trata de algo que vivenciamos diariamente no atendimento da assistência estudantil”.

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ENTREVISTA

Investimento em Cultura na Educação Américo Córdula Tamara Pinho

O programa Mais Cultura nas Universidades tem o objetivo de ampliar o papel das universidades na difusão e na preservação da cultura brasileira e na construção das políticas culturais. O que seriam essas políticas culturais dentro da academia? Foto: Paula Bamberg

Com o intuito de ampliar a divulgação da cultura e das artes no ensino superior, o Ministério da Cultura em parceria com o Ministério da Educação lançou o Mais Cultura nas Universidades, um programa que visa a apoiar projetos que abordem a difusão e preservação da cultura brasileira. Ouro Preto sediou, em março, o I Encontro Nacional do Ensino Superior das Artes. Durante o evento, o Ministério da Cultura esteve presente representado pelo secretário de Políticas Culturais, Américo Córdula. Nesta edição do Jornal da UFOP, o secretário fala dos planos de cultura desenvolvidos pelo Brasil. Américo é bacharel em Ciências da Computação e ator, colabora com o Ministério da Cultura desde 2004. Entre 2008 e 2011, foi secretário de Identidade e Diversidade Cultural, atualmente, é diretor de Estudos e Monitoramento de Políticas Culturais, diretoria responsável pela coordenação Nacional de Cultura, Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais e pela coordenação de Cultura Digital.

As universidades têm um papel muito importante na construção de uma reflexão cultural. Isso sempre ocorre nos eventos culturais, nos equipamentos ou na promoção de grupos de linguagens artísticas. Agora, nós queremos ampliar esse esforço no sentindo que as universidades pensem em criar algum plano de cultura que não fique apenas focado nos eventos isolados, nos quais não são feitos com um planejamento maior. Isso acontece muito porque existe a falta de verba. Então, o objetivo do Mais Cultura nas Universidades é repassar recursos, que vão da ordem de R$500 mil a R$1,5 milhão para um projeto de dois anos. O programa é uma iniciativa parceira entre os Ministérios da Cultura e da Educação. Como será repassada a verba para as universidades? A universidade apresentará um projeto de dois anos de duração que aborde a cultura, tanto dentro da universidade, como na comunidade. Se ele for aprovado, o recurso é repassado. O Ministério da Cultura já tem políticas culturais voltadas para a educação básica e está criando as políticas culturais voltadas especificamente ao ensino superior.

As artes e a cultura são peças fundamentais no desenvolvimento da educação

Nós queremos atender todas as etapas da educação, inclusive já temos políticas para a cultura na infância. A gente quer trabalhar desde a creche até a pós-graduação.

Quando e por que a necessidade de criar políticas culturais no País?

chegar aos 42 milhões de trabalhadores contemplados.

O Ministério da Educação antigamente era Ministério da Educação e Cultura, quando ocorreu a separação, em 1985, nunca mais conseguimos trazer os aspectos da cultura para dentro da educação. Entendemos que a formação do nosso estudante deve vir com uma política direcionada para a cultura de modo que ele possa construir uma reflexão e um repertório que deem conta de colaborar com o processo educativo, mas quando aconteceu essa separação dos ministérios, a cultura ficou restrita às aulas de arte e educação. Ficou estabelecida a necessidade de ampliar esse imaginário do estudante e a possibilidade que ele tem, por exemplo, de participar de uma política de leitura, de formação de público na área do cinema, do teatro, da música, das artes visuais, até mesmo a questão de se construir possibilidades de grupos que nascem dentro da universidade. Portanto, agora, queremos recuperar, resgatar e trazer para que eles possam ter acesso ao Plano Nacional de Cultura, que é um plano nacional com metas a serem atendidas até 2020.

Além bacharel em Ciência da Computação, o senhor também é ator. As duas profissões, apesar de distintas (exatas e humanas), ajudam na hora de elaborar e divulgar programas culturais? Exatamente, acho que é importante uni-las, pois na área de exatas trabalhamos muito com planejamento, organização, informação. Eu fui administrador de banco de dados e sei que essa parte é muito relevante. A formação em teatro é fundamental, pois ela oferece a oportunidade de ampliar os seus horizontes em termos humanísticos e de desenvolvimento do ser humano por meio dessa reflexão crítica que buscamos com o Mais Cultura nas Universidades. É necessário, também, entender a importância das artes como uma peça fundamental para o desenvolvimento da educação.

Quais as outras estratégias do governo para fortalecer a produção cultural?

Recebemos o I Encontro Nacional do Ensino Superior em Artes em março. Assim como Salvador (BA) que sediou o evento semelhante no ano passado (Seminário de Cultura e Universidade), Ouro Preto é uma cidade histórica. Como avalia a realização de um evento cultural em um local que respira cultura?

Nós temos a lei nacional de incentivo à cultura, a famosa Lei Rouanet, que fomenta a produção artística. Além dessa, que foi por muito tempo a única forma de produção de cultura, hoje nós estamos fortalecendo a criação do Sistema Nacional de Cultura, que seria como o Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema no qual o pacto federativo entre o governo federal e os municípios fortaleça o fomento e desenvolvimento da cultura. Outra política importante e recém-lançada é o Vale Cultura que é maior programa de cultura do trabalhador já realizado, pretendemos

É muito importante descentralizarmos as discussões para que elas não fiquem concentradas apenas nos eixos já tão aclamados do Sudeste. Queremos, de fato, não apenas trazer para as capitais, mas principalmente para o interior do Estado. Precisamos fortalecer muito as experiências que já têm referências culturais como hoje é a UFOP. Vale salientar e acrescentar que essa é a primeira vez que realizamos um evento nacional com os cursos de artes no País, anteriormente eram encontros regionais e segmentados (artes visuais, música, dança, etc), dessa vez colocamos todo mundo junto.

Recebemos o I Encontro Nacional do Ensino Superior em Artes em março. Assim como Salvador (BA) que sediou o evento semelhante no ano passado (Seminário de Cultura e Universidade), Ouro Preto é uma cidade histórica. Como avalia a realização de um evento cultural em um local que respira cultura? É muito importante descentralizarmos as discussões para que elas não fiquem concentradas apenas nos eixos já

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Edição 193 - janeiro e fevereiro de 2014


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