Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

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EDIÇÃO 3 - JUNHO - 2013

Promova

o usoRacional daÁgua

É preciso encontrar formas sustentáveis, limpas, inteligentes e eficientes de usar a água!



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Sumário

Promova o uso racional da água!

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Embora seja a maior reserva hídrica do planeta, o Brasil já enfrenta conflitos pelo uso da água.

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Pesquisa trata de mercantilização da água e conflitos sociais

Estudo foca o Semiárido nordestino, especificamente o Estado do Ceará

Criação de Atmosferas A delicadeza na criação das aquarelas do artista japonês Abe Toshiyuki

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A sede do lucro

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A comunicação adequada

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Parque industrial paraguaio atrai investimentos do Brasil

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Unesp monitora variáveis climáticas do Noroeste Paulista

22 Franchini: as cores fortes e vibrantes desse artista português

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Água

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PodAcqua Unesp Este mês foram entrevistados uma cientista política, professores e um arquieto

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Expediente

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Reitor Julio Cezar durigan Vice-reitora Marilza Vieira Cunha rudge Pró-reitor de Administração Carlos Antonio Gamero Pró-reitor de Pós-Graduação eduardo Kokubun Pró-reitor de Graduação Laurence duarte Colvara Pró-reitor de Extensão Universitária Mariângela Spotti Lopes Fujita Pró-reitora de Pesquisa Maria José Soares Mendes Giannini Secretária-geral Maria dalva Silva Pagotto Chefe de Gabinete roberval daiton Vieira Assessor-chefe da Assessoria de Comunicação e Imprensa Oscar d’Ambrosio

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Coordenador Editorial Oscar d’Ambrosio Arte Marcelo Carneiro (Chello) Design Gráfico darlene Magalhães, Gustavo Sousa, Marcelo Correia (graduandos em design Gráfico pela FMU) Colaboradores imagens: Hannes Rinkl, jacsonquerubin, Jose Carlos Castro, Judy Baxte, martinak15, NASA Goddard Space Flight Center, PAC, pfly, Studio Cl Art, Team Dalog, Zilamar Takeda, Textos: Fernando Braz Tangerino Hernandez, Laís Naiara Honorato Monteiro, Marcela Sant´anna Cordeiro da Silva, Mariele de Souza Penteado, Nayara Fernanda Siviero Garcia, Oscar D’Ambrosio, Tatiane Ganassim Pinheiro, Ulisses Tavares, Vininha F. Carvalho Revisão Maria Luiza Simões Projeto Gráfico Marcelo Carneiro (Chello) Produção Mara regina Marcato Apoio administrativo Thiago Henrique Lúcio Endereço rua Quirino de Andrade, 215, 4° andar, CeP 01049-010, São Paulo, SP. Tel. (11) 5627-0323. Contato projetoacqua@reitoria.unesp.br Sites http://www.unesp.br/revistaacqua http://www.unesp.br/projetoacqua


Editorial

Zilamar Takeda — Instalação Garota de Ipanema

Q

uando pensamos nas questões envolvendo a gestão da água, cabe lembrar a diferença entre sistemas complicados e complexos. Ao se pensar num exemplo de um sistema complicado, mas não complexo, pode-se citar a situação de um homem perdido em meio a uma floresta de araucárias todas plantadas com a mesma distância entre si. Trata-se de uma situação tensa, é claro, mas a racionalidade auxilia a encontrar a solução. Basta escolher uma direção e marcar as árvores pelas quais se está passando para não correr o risco de dar voltas em círculos. Se houver serenidade, esta solução cartesiana e aristotélica resolve a questão. A adoção de um método equilibrado baseado na razão consegue oferecer uma resposta adequada, pois caminhando sempre na mesma direção será possível chegar a uma saída, seja uma estrada, uma cerca ou um curso de água, enfim, algo que permita sair da floresta. Um sistema complexo é a educação. Um professor oriundo de uma excelente universidade pública pode ter sucesso numa escola de periferia. Para isso, precisa, por exemplo, adequar sua visão de mundo ao local de trabalho, conhecendo os seus alunos e tomando a clara consciência de que pequenas ações

podem levar a grandes resultados. O chamado efeito borboleta manifesta-se em atitudes simples, como, por exemplo, ouvir, de verdade, o que os outros têm a dizer. Essa ação, aparentemente secundária para alguns, é um caminho seguro não só para conhecer a clientela, mas para se autoconhecer. Isso significa aprender com o passado dessas pessoas, mas sem ficar preso a ele, mantendo um olhar atento para o presente e, principalmente, uma perspectiva de futuro. O diálogo com os estudantes, franco, aberto e sereno, permite uma reflexão enriquecedora no sentido de detectar para onde é possível ir numa perspectiva realista. Isso significa fixar um objetivo e, a partir do conhecimento do grupo, verificar os melhores caminhos para se chegar onde se deseja. Para gerir decisões envolvendo a água, é preciso lembrar que se está perante um sistema complicado e complexo ao mesmo tempo. Somente assim será possível lidar simultaneamente com múltiplas variáveis, tema enfocado em nosso próximo editorial.

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Artigos

Promova o uso racional da água!

martinak15

VininHA F. CArVALHO

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pegada ecológica do ser humano, índice que mede a sustentabilidade ambiental com base na demanda de recursos naturais renováveis, aumentou em 70% desde 1970 (5% a mais do que o crescimento populacional) e é hoje de 2,2 hectares por pessoa num mundo que só dispõe de 1,8 hectare por pessoa, ou seja, consumimos 20% a mais do que temos, o capital natural está diminuindo e pode acabar. O Índice Planeta Vivo, que mede tendências populacionais de espécies silvestres, mostra que em 30 anos houve uma redução de 40% na fauna. As espécies aquáticas (água doce) reduziram-se pela metade, a s marinha s em 30% e a s terre stre s tamb ém em 30%. Segundo o WWF, isso é provocado pela crescente demanda por alimentos, fibras, energia e água, assim como pelos métodos não sustentáveis de produção. Componente bioquímico dos seres vivos e elemento presente em todas as etapas da evolução da civilização humana, a

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água compõe 70% da Terra. Apenas 3% são de água doce e, desse total, 12% estão no Brasil. A agricultura é o maior consumidor da água doce: 70% da água doce são usados para irrigação. O brasileiro tem cerca de 5% da sua pegada hídrica em casa, com consumo de água na cozinha e no banheiro, e 95% estão relacionados com o que compra no supermercado, especialmente com produtos agrícolas. Embora o Brasil seja o país com a maior reserva hídrica do planeta, em muitas regiões já existe conflito pelo uso da água. Além disso, o crescimento da economia brasileira deve aumentar significativamente o uso da água nas diversas atividades produtivas, o que demanda uma gestão ambiental mais comprometida com a preservação deste precioso líquido. A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução afirmando que a água e o saneamento são direitos essenciais e pediu que os governos intensifiquem os esforços para sanar essas carências. Ainda segundo o estudo da ONU, o futuro sem


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água já não está mais tão distante quanto pensávamos; se o desperdício continuar da maneira como está, 5,5 bilhões de pessoas poderão não ter acesso à água limpa em 2025. A maior parte da população não faz ideia da quantidade de água desperdiçada em hábitos diários, como escovar os dentes, tomar banho, lavar calçadas, jardins e carros. Um dos pontos que podemos destacar, por exemplo, é o hábito de lavar a casa e o quintal. Para se ter uma ideia do tamanho do desperdício, uma mangueira comum de uso residencial, com três quartos de polegada, gasta 600 litros de água a cada trinta minutos, o equivalente a mais de quatro vezes o que uma pessoa deveria consumir por dia.

Componente bioquímico dos seres vivos e elemento presente em todas as etapas da evolução da civilização humana, a água compõe 70% da Terra

Precisamos encontrar formas sustentáveis, limpas, inteligentes e eficientes de usar a água para produzir energia, e também de usar a energia para produzir água potável. Diversas ações em favor do melhor uso da água têm sido colocadas em prática, mas são insuficientes para garantir o abastecimento da população nas próximas gerações. Os consumidores devem, também, se preocupar com a origem dos produtos que consomem e com os procedimentos adotados na produção. Precisamos construir uma nova mentalidade, eliminando a percepção de que a água vem apenas da torneira e que simplesmente consertar um pequeno vazamento é o bastante para assumir uma atitude sustentável. Diversas são as soluções, como: fossas sépticas, fossas com filtro, sistema condominial, sistema misto, rede de esgotos, lagoa

de estabilização, oxidação laminar, estação de tratamento em grau crescente de depuração, até chegar ao reaproveitamento. Em todos os índices medidos, o consumo de recursos naturais da América Latina é superior ao da Ásia, do Oriente Médio e da África. O maior consumo é da população da América do Norte; a pegada de um norte-americano equivale à de dois europeus e a sete vezes o tamanho da pegada de um asiático ou de um africano. No ranking mundial, a pegada ecológica do brasileiro fica em 60º lugar na lista dos 149 países considerados no estudo. Quando se compara o consumo somente de alimentos, fibras e madeiras, no entanto, o Brasil sobe para 27º lugar. No item energia o Brasil fica em 82º lugar e em água fica em 70º lugar. É essencial que os responsáveis pela aprovação de leis em âmbito municipal, estadual e federal, vereadores, deputados estaduais e federais e senadores comecem a pensar com maior seriedade nessa questão e proponham textos legais que estimulem o uso racional da água e a captação de águas pluviais. A sociedade só terá a ganhar com essas medidas.

Vininha F. Carvalho é jornalista, administradora de empresas, economista, ambientalista e presidente da Fundação Animal Livre ( www.animalivre.org.br).

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Artigos

A sede do lucro ULiSSeS TAVAreS

Arte: Chello

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ocê conhece a cena, ao menos nos filmes: o norte-americano enche um copo de água de torneira e bebe tranquilo. Dá uma inveja danada em nós, brasileiros, que temos água sobrando e consciência faltando. Primeiro que, antes de chegar à torneira de nossa casa, a água potável passa por tubulações enferrujadas e cheias de sujeira e bactérias. Segundo que não dá para confiar nem um pouco na gestão pública da água. Agora mesmo, aqui em São Paulo, o Ministério Público está processando a Sabesp pelo absurdo de ela despejar esgoto in natura nos rios e represas. Isso é que se chama jogar merda no ventilador: ela antes joga cocô na água que tratará depois.

O Ministério Público está processando a Sabesp pelo absurdo dela despejar esgoto in natura nos rios e represas. Com um detalhezinho que pouca gente sabe: a água suja pode virar limpa, menos em hormônios e antibióticos. Não há tecnologia no mundo que consiga retirar o resíduo de milhões de remédios e hormônios derivados do sangue dos absorventes femininos, aqueles saindo pelas torneirinhas orgânicas de fazer xixi e estes descartados nos vasos sanitários. Dos vasos para os rios e dos rios para nossas torneirinhas metálicas. A consequência disso lá nos pântanos da Inglaterra e Estados Unidos se conhece (aqui no Bananão as nossas otoridades garantem que não há perigo): peixes, répteis e insetos trocando de sexo, machos virando fêmeas pela água contaminada. Tudo bem, dirá o esclarecido e abonado leitor, eu só bebo água

mineral. Ótimo, parabéns, você sabe se cuidar e se livrar do perigo. Chato apenas é que essa sua garrafinha de água provavelmente foi enchida, de graça, em alguma fonte natural e pública. Lá em São Lourenço uma multinacional suíça já secou dois poços. Lá em Cambuquira outra multi faz a mesma coisa. Se pesquisar (www.circuitodasaguas.org, por exemplo), vai ver que essa é a prática antiga dos “fabricantes” em quase todas as estâncias de águas minerais. Um negócio milionário e maquiavélico: afinal, quem fabrica a água é a natureza, basta engarrafar e vender. Mas nem sempre se retira a água para comercializar: às vezes joga-se a água fora e tira-se apenas o gás carbônico das fontes. E não estamos falando dos engarrafadores de fundo de quintal, que utilizam água de torneira mesmo. É briga de cachorro grande capitalista que, fora do Brasil, vira um poodle obediente às leis do meio-ambiente. Só existe um lugar onde os capatazes da escravidão das águas são uns anjinhos protetores ecológicos: na propaganda. Na vida real, eles mostram a face verdadeira de predadores, com plena conivência dos governantes de ontem e de hoje. Eles têm muita sede de lucro. E nós, de justiça.

Ulisses Tavares (Sorocaba, 1950) é poeta, professor, publicitário, jornalista, dramaturgo, compositor, roteirista e ator brasileiro. http://ulissestavares.com.br

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Artigos

A comunicação adequada LAÍS nAiArA HOnOrATO MOnTeirO, MArCeLA SAnT´AnnA COrdeirO dA SiLVA, MArieLe de SOUZA PenTeAdO, nAYArA FernAndA SiVierO GArCiA, TATiAne GAnASSiM PinHeirO e FernAndO BrAZ TAnGerinO HernAndeZ

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resposta à pergunta "Como a comunicação pode ajudar na modernização da agropecuária?" não é fácil e tampouco unânime; se assim fosse, não teríamos uma diferença tecnológica e de produtividade tão grande entre os diferentes sistemas de produção. Neste artigo, ousaremos expor nossa opinião sobre o que é essencial para o sucesso de qualquer atividade econômica e social: a comunicação. Em um mundo atualmente globalizado e estando frente a frente com a era da comunicação, muitas empresas ainda apresentam dificuldade em atingir seu público-alvo. É possível que a ausência de um profissional capacitado para a função seja a origem desta dificuldade, posto que o processo de comunicação ultrapassa a troca de informações, caminhando paralelamente ao processo de gestão, exigindo do gestor aptidão para uma postura de

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pesquisa, ou seja, técnica, buscando sempre apresentar-se metodologicamente, e deixar de lado o individualismo. O gestor deve expor a comunicação de maneira eficiente, ou seja, o públicoalvo deve entender a mensagem e se servir dela. Tratando-se do meio rural, a comunicação manifesta-se de forma importante e de certo modo mais complexa, considerando que é o setor mais afetado pelo comportamento do clima, que depende de inúmeros fatores técnicos inter-relacionados. Assim, os produtores têm a necessidade do conhecimento prévio de imprevistas intempéries, para que possam planejar suas atividades diárias, definindo estratégias de atuação a curto e médio prazo. Os irrigantes devem entender também os processos que levam ao maior ou menor consumo de água pelas plantas, a chamada evapotranspiração, e ainda executar


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a contabilidade entre esta, que representa a saída de água, e a chegada, representada pelas chuvas e irrigações, em um processo chamado de balanço hídrico. Neste contexto devem-se considerar as barreiras que a comunicação enfrenta no meio rural, como o próprio uso desta pelo produtor, uma vez que a divulgação de dados como um processo de incorporação social �� que garante ao cidadão a possibilidade de adquirir conhecimento e, assim, ter sua participação ativa nas discussões �� também se torna um desafio. A Internet tem a capacidade de fornecer o acesso à informação atual, instantânea e previsional, além de conceder dados históricos envolvidos com a produção e tornar públicos os trabalhos de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos; e as universidades e instituições públicas devem se esforçar para produzir e disseminar conteúdo livre e gratuito, fazendo com que seu usuário possa adquirir conhecimento sobre as tecnologias geradas. A agricultura irrigada exige informações complementares, que devem estar disponíveis para que se aumente a eficiência do uso da água. Assim, o produtor, através da Internet, pode ter acesso à informação sobre recursos naturais, evapotranspiração, qualidade da água, mercado, comercialização de produtos e serviços, entre outras. Também deve ser uma grande preocupação do produtor de conteúdo que, dados, ao serem disponibilizados, sejam acompanhados ou transformados em informações, e muitas vezes uma adequação de linguagem ao público-alvo deve ser feita para a aplicação correta das técnicas ou tecnologias disponíveis, e assim o produtor pode obter melhorias no campo, consequentemente na qualidade de vida e na sua renda. Embora a informação atualmente seja um grande e talvez o maior recurso da sociedade como instrumento para desenvolvimento, ela deve ser seletiva � adequada a cada público em linguagem e conteúdo, porque o fluxo é muito grande, e assim a comunicação

eficiente, capaz de produzir resultados mensuráveis depende de informações precisas, diretas e de fácil compreensão, e isto deve ser bem entendido por todos os profissionais que se propõem a produzir conteúdo e a divulgá-lo. Enfim, saber comunicar-se é uma questão de sobrevivência profissional e social!

Laís naiara Honorato Monteiro, Marcela Sant´anna Cordeiro da Silva, Mariele de Souza Penteado, nayara Fernanda Siviero Garcia e Tatiane Ganassim Pinheiro são alunas do curso de Agronomia da Unesp de Ilha Solteira. Fernando Braz Tangerino Hernandez é engenheiro agrônomo e professor titular da área de Hidráulica e Irrigação da Unesp de Ilha Solteira. fbthtang@agr.feis.unesp.br www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php

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Judy Baxte

Reportagens

Pesquisa trata de mercantilização da água e conflitos sociais Estudo foca o Semiárido nordestino, especificamente o Estado do Ceará

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processo de difusão da atividade agropecuária no Brasil, baseada no modelo capitalista de produção, se consolida, para Antonio Thomaz Junior, professor da Unesp de Presidente Prudente, enquanto agro-hidronegócio. Ele entende que esse processo se consolida no Polígono do Agronegócio, área compreendida pelo Estado de São Paulo, Leste do Mato Grosso do Sul, Noroeste do Paraná, Triângulo Mineiro e Sul-Sudoeste de Goiás. Esta área destaca-se pela produção dos monocultivos da cana-de-açúcar, do eucalipto e da soja para exportação. Embora em menores proporções, esse processo também é observado, a partir de meados da década de 1990, em praticamente todas as regiões brasileiras. Nesse sentido, a pesquisa de doutorado "Mercantilização da

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água, disputas territoriais e conflitos sociais no campo, no baixo Jaguaribe (CE)", de Cíntia dos Santos Lins, foca o Semiárido nordestino, especificamente o Estado do Ceará, como uma das regiões que mais têm respondido aos interesses do capital agropecuário (terras planas, férteis e com disponibilidade hídrica) pela produção de frutas tropicais para exportação. "A pesquisa tem como objetivo geral compreender as disputas territoriais e os conflitos de classe no espaço agrário cearense a partir do processo de expansão do agro-hidronegócio no Estado do Ceará. Assim, ainda, analisaremos a implantação de políticas públicas, bem como as condições de acesso à terra e à água pelas comunidades rurais atingidas pelo agro-hidronegócio, como também o papel dos movimentos sociais frente ao processo de crescimento


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do agro-hidronegócio no Ceará, e mapeando os conflitos por terra e água nas áreas de difusão do agro-hidronegócio", diz Cíntia. A pesquisa está organizada a partir de três eixos: 1. Expansão do agro-hidronegócio no Ceará; 2. Políticas públicas de acesso à terra e à água; 3. Conflitos e lutas por terra e água nas áreas de expansão do agro-hidronegócio cearense, concatenados por pesquisas bibliográficas, organização de banco de dados, mapas, gráficos, cartogramas e trabalhos de campo. O projeto parte da hipótese de que, no Estado do Ceará, o agro-hidronegócio se intensifica de forma territorialmente seletiva, já que “privilegia” apenas alguns pontos desse território, geralmente os dotados da infraestrutura e condições naturais adequadas à produção e que respondem com maior rapidez às necessidades de expansão do capital agrícola. Em contrapartida, ao mesmo tempo em que se expande, cria resistências e, em consequência, uma série de disputas pelos elementos fundamentais à produção de alimentos: terra e água. Nesse sentido, segundo a pesquisadora, é importante colocar que as disputas e os conflitos em torno das áreas de expansão do agro-hidronegócio constituem-se uma grande oportunidade para a continuidade das pesquisas que, de acordo com Thomaz Junior, permitirão estreitar um campo de investigação de muito significado teórico, político, estratégico e geográfico para a compreensão da nova divisão territorial do trabalho, no Brasil, e toda a ordem de desdobramentos da luta de classes, e para as ações políticas em torno da Reforma Agrária, da Soberania Alimentar e Energética etc., sendo, pois, a água agregada ao campo de disputas e de domínio de novos territórios. O trabalho foi apresentado no Simpósio Internacional Questões do Trabalho, Ambientais e da Saúde do Trabalhador, que ocorreu entre os dias 15 e 17 de maio na Unesp de Presidente Prudente. O evento foi organizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas do

Trabalho, Ambiente e Saúde (CETAS) e contou com professores da Universidade da Geórgia (EUA), do Centro de Estudos Ambientais Cienfuegos (Cuba) e da Universidad Nacional de San Juan (Argentina). A trajetória de pesquisa do coletivo CETAS expressa predomínio da compreensão dos impactos sobre trabalhadores, ambiente e a sociedade. O Centro é formado pelo Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/Laboratório CEMOSI/OTIM), pelo grupo de pesquisa Gestão Ambiental e Dinâmica Socioespacial (GADIS) e pelo Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde. Nesse sentido, o evento possui um eixo fundamental de discussão vinculado às atuações dos Grupos de Pesquisas que dão origem ao CETAS. O trabalho foi apresentado no Simpósio Internacional Questões do Trabalho, Ambientais e da Saúde do Trabalhador, que ocorreu entre os dias 15 e 17 de maio na Unesp de Presidente Prudente. O evento foi organizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Trabalho, Ambiente e Saúde (CETAS) e contou com professores da Universidade da Geórgia (EUA), do Centro de Estudos Ambientais Cienfuegos (Cuba) e da Universidad Nacional de San Juan (Argentina). A trajetória de pesquisa do coletivo CETAS expressa predomínio da compreensão dos impactos sobre trabalhadores, ambiente e a sociedade. O Centro é formado pelo Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/Laboratório CEMOSI/OTIM), pelo grupo de pesquisa Gestão Ambiental e Dinâmica Socioespacial (GADIS) e pelo Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde. Nesse sentido, o evento possui um eixo fundamental de discussão vinculado às atuações dos Grupos de Pesquisas que dão origem ao CETAS.

Cíntia dos Santos Lins lins0307@gmail.com

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jacsonquerubin

Reportagens

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Ouça a entrevista com Gustavo Codas http://bit.ly/12nUDIn

Parque industrial paraguaio atrai investimentos do Brasil Economista paraguaio Gustavo Codas participa de Seminário na Unesp

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s relações diplomáticas entre Brasil e Paraguai avançaram positivamente nos governos de Luis Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo, especialmente após a declaração intitulada “Construindo uma nova etapa da relação bilateral”, assinada em 25 de julho de 2009. Essa declaração, que trata principalmente da gestão da Itaipu Binacional, e suas consequências para o governo de Horacio Cartes, foi tema de debate com o economista paraguaio Gustavo Codas, em 20 de maio, na sede do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (Ippri) da Unesp, em São Paulo, SP. Segundo Codas, a assinatura do documento e a aproximação entre os dois países permitiu que o Paraguai pudesse obter compensação no preço da energia cedida ao Brasil, além da construção de 347 quilômetros de linhas de transmissão, com 759 torres, e a subestação de Villa Hayes, na Grande Assunção. Entre outros aspectos, esse empreendimento favoreceu o desenvolvimento do parque industrial de Hernandarias. “Durante anos os governos paraguaios não construíram linhas de transmissão, o que impediu o Paraguai de utilizar a energia de Itaipu”, disse o palestrante. Outro ponto destac ado no Seminário foi o interesse de empresários brasileiros no parque industrial do Paraguai. “O país oferece energia e mão de obra baratas, menos benefícios sociais, além de reduzida carga tributária, fatores que têm propiciado a migração de produção brasileira para o outro lado da fronteira”, destacou.

Com uma agenda econômica pragmática, Horacio Cartes vai se beneficiar dos resultados desse acordo, opina Codas. Cartes deverá estreitar os negócios com o Brasil e articular a volta do Paraguai ao Mercosul. Apesar dos avanços nessa relação binacional, Codas alertou para que o processo de integração em curso não seja apenas dos grandes capitais, mas também de pequenos negócios. “O desafio é evitar que o aumento dos negócios promova mais desigualdade”, avaliou. “Precisamos discutir também o estilo de desenvolvimento implícito nos processos de integração regional."

Assessoria de Comunicação e Imprensa do Ippri

Conheça o IPPRI: http://www.ippri.unesp.br http://www.facebook.com/IPPRIUNESP

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Reportagens

Unesp monitora variáveis climáticas do Noroeste paulista Safras do período não sofreram com a falta de água ASSeSSOriA de COMUniCAçãO e iMPrenSA

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deficiência hídrica reduz a produção, mas esta redução depende, sobretudo, do estágio de crescimento em que ocorre, da severidade e da duração da deficiência. No momento estão sendo cultivadas/ colhidas as "safrinhas". Segundo o balanço hídrico da região, elas não sofreram com a falta d'água, uma vez que nesta época do ano, é comum a presença de chuvas. O monitoramento da evapotranspiração e das chuvas torna-se mais importante a partir do início da implantação da nova safra de culturas anuais, pois as chuvas mais intensas, que ocorrem

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geralmente no início do ano, já passaram. Estas e as demais variáveis climáticas são monitoradas pela Área de Hidráulica e Irrigação da Unesp Ilha Solteira através da Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, que divulga os dados com atualização a cada cinco minutos através do canal CLIMA da Unesp Ilha Solteira, hospedado em http://clima.feis.unesp.br. Quatro cidades da região noroeste do Estado de São Paulo (Ilha Solteira, Itapura, Paranapuã e Pereira Barreto) tiveram seus balanços hídricos avaliados, para uma capacidade de água disponível (CAD) de 40 mm, que representa o armazenamento


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Jose Carlos Castro

SERVIÇO: Informações sobre agricultura irrigada e agroclimatologia no noroeste paulista são publicadas regularmente no blog da Área de Hidráulica e Irrigação da Unesp Ilha Solteira em: http://irrigacao.blogspot.com. Números e gráficos das estações agrometeorológicas no noroeste paulista estão em: http://clima.feis.unesp.br. Portal Área de Hidráulica e Irrigação da Unesp Ilha Solteira: www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php.

de água para a maioria das culturas anuais. Foi possível observar que houve excedente de água em todas as cidades avaliadas no período. Apesar do excedente, Itapura e Paranapuã ainda passaram por situação de deficiência. Saiba mais sobre balanço hídrico em: Chuva e evapotranspiração no noroeste paulista em 2012. A tendência é que se tenha um período seco, com pouca ou nenhuma chuva a partir deste mês de maio, e, assim, sistemas de irrigação deverão fazer o suprimento de água ao solo e garantir a produtividade das culturas em patamar elevado. Para os irrigantes, o acompanhamento da evapotranspiração é

Portal do Clima da Unesp Ilha Solteira: http://clima.feis.unesp.br. Pod IRRIGAR - O Pod Cast da Agricultura Irrigada: http://podcast.unesp.br/podirrigar. Informações: (018) 3743-1959

fundamental para que se possa fazer a aplicação da água no momento e na quantidade certa e assim alcançar maior lucratividade, além de preservar o meio ambiente. Para maiores informações sobre o clima na região acesse Canal CLIMA da Unesp Ilha Solteira.

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Artes

Abe Toshiyuki

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Criação de atmosferas

aquarela é uma técnica que tem duas c aracterístic as fundamentais. A primeira é a arte de lidar com as transparências. A segunda, a habilidade de criar atmosferas em que o observador possa penetrar. Cada imagem se torna uma espécie de portal, aberto a interpretações do mundo e a um progressivo desvendar de sensibilidades. Nascido em 1959, em Sakata, Japão, Abe Toshiyuki, preenche esses aspectos. A partir de 2008, depois de atuar por duas décadas como professor, passou a ser um criador de aquarelas em tempo integral. Seu amor e respeito pela natureza ganhou um progressivo espaço. Existe em seu trabalho um delicado sentimento de integração com o universo. Há na sua jornada visual o estabelecimento de delicadas realidades paralelas, que ganham força a partir do que conhecemos como realidade. Os principais sentimentos gerados pelas suas obras são de uma participação da existência em plena comunhão. Parece que o homem pode estar em contato com a natureza sem ser uma espécie de intruso ou invasor. Existe uma percepção de calma e de contemplação. Os detalhes que muitas vezes passam despercebidos ganham o protagonismo. Com técnica esmerada, composição precisa e intensa sutileza no manejo das situações apresentadas, os cenários bucólicos apresentados com maestria por Abe Toshiyuki preenchem a alma do observador.

OSCAR d'AMBROSIO 20

After the rain Contato http://www.abety-art.com/english/

Filtered Sunshine

Garden of Light


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Água Viva

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indiozinho Amanari olhou em volta para ver se tinha onça rondando. Não tinha. Então acocorou e, fazendo mãos de concha, bebeu gole das margens do rio. Gostou. E resolveu entrar na água para nadar. Curumim nadou, nadou, até chegar longe, no meio do rio. Fechava os olhos, mergulhava, subia, mergulhava de novo. No terceiro mergulho, ouviu a voz: ― Tá gostando, curumim? Amanari tomou um susto. Quem falava? Era demônio ou deus? Cuspiu água e perguntou: ― Quem chama curumim? ― Sou eu, curumim: a água… Amanari arregalou os olhos: ― Água não fala!... ― Fala sim, curumim, bicho homem é que não quer escutar… Foi quando medo de Amanari sumiu e curiosidade aumentou. Mas ele estava cansado e pediu: ― Me conta essa história. Mas me conta quando eu chegar na beira…

Água concordou e curumim, retornando até as margens, buscou uma pedra para sentar-se e ouvir. ― Tupã me mandou – prosseguiu a água – pra matar sede de planta e bicho. As árvores, os bichos tudo entendeu, mas teve um bicho que não entendeu. Esse bicho foi o homem. Com o tempo ele sujou água e até quis ser dono dela. Foi então que água gritou. Começou a deixar peixe morrer pra que homem não tivesse mais o que comer, encolheu rio pra que homem não tivesse mais o que beber… Mas de nada adiantou: homem continua sem escutar voz de água. Bicho homem continua sujando, matando água. Foi por isso que hoje vim conversar com curumim… O indiozinho estava confuso: ― Mas o que posso fazer pra ajudar água? Sou só um curumim! ― Curumim é o amanhã – respondeu a água. – Junto com outros curumins pode me salvar. É só não esquecer ensinamento mesmo quando virar guerreiro grande e forte… Amanari, escutando essas palavras, abaixou a cabeça, pensativo. A água, em silêncio, acariciou os pés do menino.

EDWEINE LOUREIRO nasceu em Manaus, em 20 de setembro de 1975. É advogado, professor de Literatura e Idiomas, e reside no Japão desde 2001. Em 2005, obteve o Mestrado em Política Internacional pela Universidade de Osaka (Japão). Premiado em diversos concursos literários no Brasil, no Japão, em Portugal, na Espanha e no México. Em 2012, tornou-se colunista das revistas Samizdat, Benfazeja e Alternativa, esta última no Japão. É membro correspondente da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências (RJ) e da Academia de Letras de Nordestina (BA). Além das diversas antologias de que participa, publicou, solo, os seguintes livros: Sonhador Sim

Senhor! (2000), Clandestinos [e outras crônicas] (2011) e Em Curto Espaço (2012). B l o g d o a u t o r : h t t p : // e d w e i n e l o u r e i r o . w o r d p r e s s . c o m /

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Artes

Raquel Camargo Correa Lopes — "O mergulho do dudado"

Maria Apparecida S. Coquemala Água

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tempo quente e seco já se prolongava por meses, contaminando o humor, gerando moleza do corpo, fazendo sonhar com o barulho da chuva batendo no telhado, o cheiro da terra molhada aos primeiros pingos, praias, rios, piscinas... Bastava o sol subir um pouco para a preguiça estender-se por toda parte. E naquela manhã de sábado, o sol ainda começando a levantar-se no horizonte, saí para uma caminhada antes que o calor a tornasse impraticável. Vi uma mulher lavando a calçada e meu coração se confrangeu, — Os moradores do Jardim Bela Vista invejam sua calçada. — Por que está me dizendo isso? — A água tem faltado lá diariamente, na verdade, só chega um pouco e de madrugada. É a parte mais alta da cidade. — E o que é que você quer que eu faça? Não sou São Pedro. — Sua calçada pode dispensar a lavação. A água poupada será preciosa para eles.

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— Mas é a minha patroa quem manda lavar. — Pois explique à sua patroa. Continuei caminhando, refletindo sobre o egoísmo que marca nossa civilização ocidental quando comparada com a consciência coletiva dos japoneses, chineses, coreanos, um por todos, todos por um. Então vi o homem lavando seu belo carro e novamente não me contive. — Seu carro é um privilegiado. Ele riu feliz. — Você quer dizer que eu sou o privilegiado por tê-lo, pois não? — Não, seu carro mesmo. Muitos na cidade adorariam tomar o mesmo banho com toda essa fartura de água. O homem percebeu. — Sim, sei que tem faltado água em vários pontos da cidade. É mesmo um erro o que estou fazendo. Sinto-me envergonhado. Mereço o puxão de orelha. Ainda conversamos um pouco sobre o tempo seco, as queimadas, a importância da água potável no mundo, as sinistras previsões de


Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

Tereza Yamashita — Água 1

carência para um futuro bem próximo tendo em vista a crescente poluição dos rios. — A água ainda se tornará uma mercadoria mais valiosa do que o petróleo, lembrou ele, na verdade, países árabes já compram água com seus petrodólares. E nós mesmos sofreremos os efeitos da escassez nas grandes cidades, se não formos previdentes e continuarmos a poluir nossos rios. As nascentes principalmente precisam ser protegidas. O paulista Tietê até já ganhou a fama de único rio sólido do mundo. Mergulhada em reflexões, continuei a caminhada, vendo ainda algumas calçadas sendo lavadas, alguns até empurrando o lixo delas com esguicho de água. Mas, como dialogar com todos? Faltava tempo, e sozinha não resolveria o problema. Pensei então numa ampla campanha envolvendo todas as escolas, clubes, associações, me lembrando do que dizia Sócrates, ou seja, o mal maior é a ignorância. As pessoas não estavam desperdiçando água por descaso, maldade, por leviandade... Desperdiçavam por não estarem conscientes do

problema. Assim como jogam lixo na rua pelo mesmo motivo. Havia, portanto que se buscar uma solução simultaneamente educativa e punitiva envolvendo toda a comunidade. Voltei animada, pensava nisso tão concentrada que nem me dei conta de que nuvens escuras tinham-se formado. Súbito, começou a chover. Maravilha! E desde então, como tem chovido. Meses chovendo... São Pedro, por favor, não exagere!

Maria Apparecida S. Coquemala,

é graduada em Letras pela PUC, Campinas, especializada em Linguística, cronista de O Guarani, jornal de Itararé, SP. Através de concursos nacionais, premiada com a medalha Harry Laus, 2º lugar, pela UBE, Rio, 2007, com a A Gruta Azul; e pelo Correio das Artes, jornal A União, Governo da Paraíba, com À Espera, 1º lugar, ambos coletâneas de contos. Participa de antologias no Brasil, no Uruguai, em Portugal e na Itália.

Contato maria-13@uol.com.br

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Artes

Franchini

Gestação de universos

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Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

Ouça entrevista de Franchini e do artista português radicado no Brasil Fernando Durão: http://bit.ly/10VLvku

C

ores fortes e vibrantes são uma característica essencial da obra de Franchini. O artista português vale-se delas, por exemplo, em seus trabalhos em técnica mista sobre madeira em que surgem cenários lusos num espetáculo de manchas que se multiplicam ao nosso olhar gerando um castelo de emoções. Atmosfera próxima, no sentido de uma imponência gentil, algo aparentemente contraditório, é cristalizada na série de desenhos sobre um tema complexo justamente pelas diversas maneiras como foi tratado por mestres da arte: Cristos. Os de Franchini são bem-humorados e densos, sutis na construção e próximos da humanidade. As características apontadas atingem seu ápice nos abstratos. O movimento e as tonalidades apresentadas têm como principal mérito uma gestualidade larga e explosiva. Encontra-se uma dinâmica expansionista marcada pela profusão de tramas e o estabelecimento de uma rede de universos complexos e sedutores. O conjunto visual que Franchini manifesta leva a uma reflexão da própria arte como uma densa expressão de um estar no mundo. Suas criações, tenham ou não a água como tema, não são reações passivas, mas propostas visuais ativas de interferência e de gestação de renovados universos regidos pela cor e alegria.

OSCAR d'AMBROSIO

Franchini nasceu no Porto, Portugal, em 1959. De ascendência

italiana, de Gênova, de família ligada às diversas áreas das Artes. Sofre uma grande influência a nível da pintura desde tenra idade, onde enquanto sua bisavó Judith Ghlama Franchini pintava, ele, sentado a seu lado com papel e pincel e muita cor, rabiscava os seus primeiros desenhos. Foi sócio fundador da Oficina 2000&5 — espaço dedicado à criação de projetos cerâmicos e escultóricos de autor, dos membros fundadores do grupo. Vive no Porto onde tem um ateliê no Porto (Antas) e outro na cidade de Bragança. Torna-se Membro da ANAP — Associação Nacional Artistas Plásticos de Portugal. É convidado para Diretor Cultural para Portugal da APAP — SP Associação Profissional Artistas Plásticos de São Paulo. É sócio de Ouro da Árvore Cooperativa de Atividades Artísticas.

Contato http://franchiniartista.blogspot.com.br/

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Podcast

PodAcqua Unesp entrevista cientista política, professores e arquiteto Conheça os entrevistados entre

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PodAcqua Unesp é um canal em que o ouvinte poderá conhecer um pouco do trabalho de pesquisadores dedicados ao tema que será, sem dúvida, um dos protagonistas deste século: a água. O produto, semanal, disponível às quartas-feiras, em http://podcast.unesp.br, na aba PodAcqua, traz trechos de entrevistas com especialistas da Unesp e de outras instituições sobre água, nas mais diferentes áreas do conhecimento, com atenção especialmente voltada à gestão responsável dos recursos hídricos. Cada edição tem cerca de 3min30s e pode ser baixada, reproduzida e veiculada livremente, mediante os devidos créditos. A jornalista responsável pelo projeto é Cínthia Leone. Formada pela Unesp de Bauru, integra a equipe da assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp. Especializada em Divulgação Científica pelo Núcleo José Reis da USP e em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP), é aluna de mestrado em Ciência Ambiental pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. Os interessados em divulgar seus projetos por meio do PodAcqua podem encaminhar e-mail para unesp.imprensa@reitoria.unesp.br

22 de maio e 19 de junho Ana Paula Fracalanza, cientista política da USPLeste, alerta para a pouca divulgação dos comitês de bacias hidrográficas. Wagner Ribeiro, professor da USP e pesquisador dos usos múltiplos das águas no Brasil, alerta que os recursos hídricos brasileiros estão sendo exportados para outros países por meio de commodities produzidas com uso intensivo de água. Denis Abessa, pesquisador e professor da Unesp em São Vicente, alerta para a necessidade de mudanças na legislação. Tsunao Matsumoto, especialista em hidráulica e análise ambiental da Unesp em Ilha Solteira, desenvolve técnicas de tratamento de esgoto que tenham um custo de manutenção reduzido. Alexandre Delijaicov, arquiteto e professor da USP, participa da segunda etapa do projeto que pode aliar mobilidade urbana e saneamento ambiental.

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PAC - Programa de Aceleração do Crescimento


Unesp Agência de Notícias - UnAN Voltado a jornalistas, difunde as principais atividades da Universidade http://www.unesp.br/agenciadenoticias Portal Unesp Divulga notícias de ensino, pesquisa, extensão e administração http://www.unesp.br Podcast Unesp Disponibiliza arquivos de áudio com pesquisas e opiniões de especialistas http://podcast.unesp.br Minuto Unesp Informativo diário em áudio e vídeo sobre diversas atividades http://unesp.br/agenciadenoticias/minutounesp Revista Unesp Ciência É a revista de divulgação científica da instituição http://www.unesp.br/revista Jornal Unesp Enfoca pesquisas e atividades de ensino e extensão http://www.unesp.br/jornal Unesp Informa Está voltado aos funcionários da Universidade http://www.unesp.br/unespinforma Guia de Profissões É destinado a orientar o estudante do Ensino Médio sobre os cursos oferecidos pela Unesp http://www.unesp.br/guiadeprofissoes Blog ACI Realiza cobertura on-line de importantes eventos nacionais ou internacionais http://blogaci.unesp.br Debate Acadêmico Publica artigos sobre os mais diversos temas http://www.unesp.br/debate-academico/ Infonomico Informação sobre as condições econômicas do interior paulista e da região metropolitana de São Paulo http://www.unesp.br/infonomico Você Sabia? Traz, de forma bem-humorada, dados inusitados da Unesp. http://www.unesp.br/vocesabia



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