Jornal Unesp - Número 351 - jan/fev 2019

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RecémCurso de Reitor analisa -aprovados no especialização 6 5 desequilíbrio 2 vestibular em 2019 orçamentário da Unesp em Paisagismo busca e aponta medidas adotadas

valorizar vegetação local

recebem e-mail próprio da Unesp

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA • ANO XXXV • NÚMERO 351 • JANEIRO/FEVEREIRO 2019

VALIDADE INTERNACIONAL

Acordo entre a Unesp e instituições de ensino superior da França permite que alunos de 25 cursos de tecnologia e de agricultura da Universidade possam cursar uma universidade francesa durante dois anos, e, ao voltarem ao Brasil para concluir os estudos, tenham o diploma validado nos dois países. As bolsas para o intercâmbio são concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio dos programas Brafitec (Brasil France Ingénieur Technologie) e Brafagri (Brasil França Agricultura). páginas 8 e 9 Empresa premia projeto que visa 7 adaptar o lúpulo ao clima brasileiro

Universidade mantém 10 desempenho em

ranking de economias emergentes

Encontro faz balanço do 12 convênio Unesp-

Santander e destaca benefícios

DESCONTINUIDADE O Jornal Unesp chega ao fim neste formato. Siga acompanhando as principais notícias sobre a Universidade no portal www.unesp.br


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Janeiro/Fevereiro 2019

Entrevista

‘A Unesp merece um futuro mais sustentável’

Reitor faz histórico e aponta causas do desequilíbrio orçamentário da Universidade Fábio Mazzitelli de Almeida

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á dois anos no cargo de reitor da Unesp, o professor Sandro Roberto Valentini perdeu a conta de quantas audiências agendou com secretários ou governadores para levar a eles um quadro fiel da situação da Universidade e dialogar em busca de uma saída para o reequilíbrio financeiro da instituição. Nesta entrevista, anterior à sessão extraordinária do Conselho Universitário de 22 de janeiro, Valentini faz um histórico e aponta as principais causas do desequilíbrio orçamentário e financeiro da Unesp. Jornal Unesp: Qual era a real situação da Unesp quando o senhor assumiu a gestão em janeiro de 2017? Sandro Roberto Valentini: Para explicar como estava a Unesp quando eu assumi, é preciso voltar um pouco no tempo. A partir do ano de 2013, ocorre uma estagnação na tendência de crescimento da cota-parte da Universidade, devido à redução da arrecadação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) no estado de São Paulo. Isso se deu em um momento em que a Unesp sentia os efeitos de sua grande expansão. Era um esqueleto de Universidade muito maior do que o da década anterior, pois havia criado oito câmpus novos e, naturalmente, tinha que atender a uma demanda crescente de despesas, inclusive referentes à permanência estudantil. No período de 2014 a 2016, na gestão anterior à minha, ocorreu uma redução significativa na reserva para cobrir as despesas da Universidade, que ultrapassavam as liberações financeiras, uma vez que o ritmo de crescimento das despesas não foi desacelerado a tempo. A redução da reserva nesse período, sem considerar recursos de convênio, foi de cerca de 70%. O dinheiro em caixa caiu de R$ 856 milhões para R$ 270 milhões. Essa era a situação financeira da Universidade quando assumi a gestão em 2017.

Reitor espera que governo do estado reconheça esforço da Unesp em levar desenvolvimento a várias regiões de São Paulo JU: Como estava a Universidade em termos orçamentários? Valentini: Quando assumi o cargo, havia um déficit de aproximadamente R$ 200 milhões. O orçamento herdado da gestão anterior não contemplava o pagamento do 13º salário daquele ano. Uma folha de pagamento da Unesp corresponde a cerca de R$ 175 milhões, incluindo os servidores ativos e os inativos. JU: Diante desse déficit, como equacionar a questão? Valentini: É uma questão de alta complexidade. Em 2017, como não houve crédito suplementar por excesso de arrecadação de ICMS – ao contrário, houve contingenciamento –, não tínhamos orçamento para

empenhar o 13º salário. Como dispúnhamos de uma reserva financeira de R$ 234 milhões na época, era um problema apenas de caráter orçamentário. A reserva era compatível com o pagamento do 13º salário. Importante salientar que, durante a nossa gestão, diminuímos a tendência de baixa da reserva financeira. Entre 2013 e 2016, caiu 70%; entre 2016 e 2018, caiu 44%. Isso só foi possível porque, além de um crescimento nominal da liberação financeira, houve contenção e redução de nossas despesas. Retomando, não dispúnhamos de orçamento para empenhar o 13º salário em 2017 e, desde o início da minha gestão, levei esse problema ao ex-governador Geraldo Alckmin e à sua equipe, mas

não contamos com qualquer crédito suplementar extralimite que pudesse contribuir para o reequilíbrio das contas da Universidade. Como disse anteriormente, é uma questão de alta complexidade. JU: Por que o problema persistiu em 2018? Valentini: Para 2018, pudemos construir um orçamento melhor, com 13 folhas de pagamento. Como dispúnhamos de reserva financeira, a decisão tomada foi a de pagar o 13º salário de 2017 no início de 2018 utilizando o orçamento de 2018. Ou seja, apenas postergamos o problema. Do ponto de vista financeiro, a decisão de honrar o pagamento do 13º salário dos estatutários,

além de ter interrompido os processos de mandados de segurança, resultou no uso de cerca de R$ 126 milhões das nossas reservas financeiras, reduzidas a aproximadamente R$ 150 milhões ao final de 2018. Essa decisão foi tomada porque, ao longo de 2017, durante as audiências realizadas com o então vicegovernador Márcio França, ele nos prometeu uma solução para o déficit orçamentário e financeiro da Unesp a partir do momento em que assumisse como governador, após a desincompatibilização do Geraldo Alckmin. Infelizmente, ele não cumpriu com a sua palavra e, dessa forma, o 13º salário dos servidores estatutários de 2018 não foi pago dentro do exercício fiscal.


Entrevista JU: E como está a situação atual? Valentini: Construímos um orçamento para 2019 com 13 folhas de pagamento e até poderíamos usar a mesma estratégia adotada em 2018, mas desta vez não dispomos mais de reserva financeira suficiente, que permita o pagamento do 13º salário de 2018 sem comprometer o pagamento de despesas correntes no segundo semestre de 2019. Os cerca de R$ 150 milhões de que dispomos em caixa formam nosso saldo financeiro bruto, sem descontar os restos a pagar. Assim, atingimos no final de 2018 um limite insustentável em nosso desequilíbrio orçamentário e financeiro e precisaremos contar com o apoio do governo do Estado na busca de uma solução. Se esse apoio não se materializar ou a arrecadação prevista não se concretizar, terão de ocorrer necessariamente novos cortes de despesas, como indicou a nossa comissão de orçamento. JU: Neste ano, em ofício enviado ao governador João Doria, a Unesp expôs causas para este

desequilíbrio orçamentário e financeiro. Poderia resumi-las? Valentini: Uma delas foi a nossa expansão acentuada. Nos últimos quinze anos, a Unesp criou cerca de cinquenta cursos de graduação e nove câmpus universitários em nove cidades diferentes, levando ensino superior de qualidade e contribuindo para o desenvolvimento de várias regiões do estado de São Paulo. Mas os valores gastos nesse processo de expansão superaram, de forma significativa, o aporte recebido, principalmente no que se refere à contratação de pessoal. O modelo multicâmpus da Unesp é um complicador, pois implica uma série de despesas adicionais que universidades menos dispersas, como a USP e a Unicamp, não têm. Espero que o governador reconheça o papel que a Unesp desempenha na transformação e no desenvolvimento dos 24 municípios em que está presente. JU: O senhor citou a demanda crescente por permanência estudantil. Qual é o custo social da inclusão na Universidade? Valentini: Essa é outra causa que apontamos para o nosso

desequilíbrio. O atual programa de inclusão da Unesp foi estabelecido em 2013 em razão de uma demanda do governo do estado. Criamos uma porta de entrada independente para egressos de escolas públicas. Hoje, 50% das nossas vagas são oferecidas para alunos de escolas públicas e, dessas vagas, 35% são destinadas a pretos, pardos e indígenas. Consequentemente, vem ocorrendo um aumento expressivo na quantidade de estudantes com perfil de vulnerabilidade socioeconômica, o que exige a ampliação dos investimentos em programas para apoiar esses estudantes. Investimos cerca de R$ 70 milhões em permanência estudantil em 2018, um recorde na história da Unesp. Hoje, essa é uma parte importante de nosso orçamento, atrelada a um investimento social que poderia ser assumido pelo governo estadual. JU: O crescimento da folha dos inativos também é uma causa do desequilíbrio orçamentário e financeiro da Universidade? Valentini: Sim, nossa insuficiência financeira, que é a diferença negativa entre os

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benefícios e as contribuições previdenciárias dos servidores, é a situação mais intensa, com grande impacto sobre nossas contas. Desde a criação da SPPrev, em 2007, os valores da insuficiência financeira vêm crescendo progressivamente e chegaram a R$ 700 milhões em 2018, o que representa 31% do total das liberações financeiras da cota-parte da Unesp. Esse não é um problema específico nosso, mas o número de inativos que permanecem na nossa folha é maior que os da USP e da Unicamp. O crescimento da folha de inativos e a insuficiência financeira estão comprometendo a nossa capacidade de contratação de pessoal, impedindo, portanto, o crescimento da folha de ativos. JU: Quantas vezes o senhor já pediu audiências e se reuniu para expor o problema da Unesp a secretários de estado e governadores nesses dois anos como reitor? Valentini: Inúmeras, perdi a conta. Mas não perco a fé nem a minha motivação para trabalhar. Mesmo que eu não usufrua dos benefícios de pôr as contas em ordem, quero

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que meus sucessores nunca mais passem por esta situação que estamos enfrentando. A Unesp merece um futuro mais sustentável. JU: E como foi a última gestão nesse sentido, no último dia 17, com a secretária de desenvolvimento econômico Patrícia Ellen? Valentini: Expusemos a ela a situação crítica em que a Unesp se encontra. Ela foi muito atenciosa e se mostrou uma pessoa aberta ao diálogo e disposta a contribuir com a busca de solução para o problema. Apresentamos as possibilidades que vinham sendo tratadas com os governos anteriores: o crédito suplementar extralimite, a antecipação de um duodécimo do orçamento atual e a antecipação de receita orçamentária. Demos à secretária um relatório com as economias que a Unesp tem feito e com as nossas propostas de reformas, planejadas para dar sustentabilidade à Universidade. Ela disse que trataria do assunto na Secretaria da Fazenda e Planejamento, na tentativa de ajudar a encontrar uma solução.

Desafios das universidades públicas brasileiras: gestão ou política? Universidades públicas representam um espaço vital de resistência ao obscurantismo político-cultural e ao neoliberalismo Murilo Gaspardo

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) atravessa uma profunda crise financeira, a qual se manifesta na ausência de reposição dos quadros de docentes e servidores técnico-administrativos que se aposentaram nos últimos anos, na defasagem salarial, na escassez de recursos para permanência estudantil e custeio das atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como para investimentos. Acrescenta-se, neste momento, o não pagamento do 13º salário dos servidores estatutários ativos e aposentados. Além dos efeitos da crise econômica sobre a arrecadação de ICMS – principal fonte de recursos da Universidade –, há três causas específicas reconhecidas por todos: (1) as despesas

do orçamento da Unesp com a “insuficiência financeira”, ou seja, “o valor resultante da diferença entre o valor total da folha de pagamento dos benefícios previdenciários e o valor total das contribuições previdenciárias dos servidores…” (Lei Estadual nº 1010/2007, Art. 27); (2) a expansão da Universidade com a abertura de novos cursos e unidades – por decisão própria, mas cedendo a pressões políticas externas e sem considerar adequadamente os impactos futuros; e (3) os custos da permanência estudantil, que deveriam ter sido assumidos pela administração direta do estado de São Paulo, mas não foram. Apesar de todas essas dificuldades, a Unesp e as demais universidades públicas são as principais responsáveis

pela formação de profissionais altamente qualificados e por quase toda a produção científica brasileira. Isso não significa que a universidade não precise de reformas de gestão para empregar de forma mais eficiente seus recursos, as quais, inclusive, encontram-se em debate. Todavia, essa crise e as alternativas para enfrentá-las têm natureza fundamentalmente política, de maneira que só pode ser compreendida considerando-se a dinâmica da mundialização financeira e os contextos políticos nacional e global. Após um tempo de significativos progressos políticos e socioeconômicos, tendo como marco inicial a criação da Organização das Nações Unidas e a Declaração Universal de Direitos Humanos, o mundo vive um momento de grandes incertezas

e retrocessos nas últimas duas décadas, com aprofundamento a partir da crise econômico-financeira de 2008. Na esfera política, avançam o autoritarismo, o nacionalismo e a xenofobia, em um processo de implicações recíprocas com impasses na governança global. No campo econômico-social, somos desafiados pelas transformações tecnológicas, pelo desemprego estrutural e pelo crescimento da desigualdade. Economistas como Joseph Stiglitz e Thomas Piketty demonstram que está em curso um processo de aprofundamento da desigualdade entre os indivíduos ricos e pobres, seja no interior de cada país, seja entre diferentes países. Com a mundialização financeira, fase atual do processo de dominação capitalista, nos deparamos com a formação de uma elite transnacional de

rentistas que submete a democracia a seus interesses – o que repercute no âmbito das universidades públicas. A desigualdade é uma função da disputa de forças e de sentidos travada entre os diferentes atores e classes sociais ao longo da História. Diante da estagnação econômica, do crescimento da inflação e da crise fiscal global dos anos 1970, assim como no Brasil contemporâneo, a opção política foi o neoliberalismo: privatizações, reduções de serviços públicos prestados diretamente pelo Estado, liberalização econômica e desregulamentação do mercado de trabalho, dos mercados financeiros e dos fluxos de capitais. Uma escolha especialmente importante é a forma de financiar as despesas do Estado e seus déficits fiscais:


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elitistas e muito onerosas e não considera seriamente seus resultados em termos de ensino e pesquisa (inclusive quando comparados com supostamente melhor geridas instituições privadas), nem o perfil social de seus alunos – particularmente após a adoção da política de ações afirmativas nos vestibulares. Fomenta-se a divisão entre uma suposta elite de servidores e estudantes das universidades públicas e as camadas mais pobres da população, afastando do debate a verdadeira e escandalosa desigualdade existente na sociedade brasileira: para usar a expressão de Stiglitz e do movimento Occupy Wall Street, aquela entre os “99%” (dos quais ambos fazem parte) e o 1% (ou, mais precisamente, 0,1%) – que constitui a verdadeira elite econômica que drena o resultado do trabalho do restante da sociedade. Da mesma forma, a contraposição entre investimento em educação básica ou superior é uma falsa questão: se o Brasil investe pouco em educação básica não é porque investe muito em educação superior, mas porque apresenta uma estrutura tributária injusta e transfere renda do

trabalho e da produção para o rentismo por meio dos altíssimos juros da dívida pública. Das referidas análises derivam projetos de privatização das universidades, fim ou restrição da gratuidade no ensino superior, radicalização do arrocho salarial e piora das condições de trabalho de seus docentes e servidores técnico-administrativos, precarização do ensino, da pesquisa e da extensão – com a concentração de investimentos apenas naquilo que interessa ao “mercado”. Tais propostas são incompatíveis com os direitos humanos, a justiça social e o desenvolvimento nacional, valores fundantes do Estado brasileiro nos termos da Constituição de 1988. Assim, mais do que as necessárias reformas de gestão, a solução para a crise financeira da Unesp e outras universidades públicas encontra-se na ampliação do aporte de recursos públicos (oriundos de uma tributação e de um orçamento mais justos) correspondente às exigências da expansão do ensino superior, da inclusão social, da formação de profissionais qualificados e da produção de ciência

de ponta – sem os quais o Brasil tenderá a ser um país cada vez mais dependente da produção de commodities, subalterno na economia global, desigual e submetido aos interesses das elites financeiras nacional e global. Mas os desafios contemporâneos das universidades públicas brasileiras não se limitam à questão financeira, atingem a essência de sua função. As escolhas metodológicas e de programas de ensino para responder às transformações tecnológicas, econômicas e culturais, bem como às demandas dos estudantes, assim como as estratégias de fomento à pesquisa e à extensão, os critérios de avaliação da qualidade da produção científica etc., também não apresentam natureza estritamente técnica: abrangem questões radicalmente políticas − em sua raiz estão os conflitos pela distribuição das riquezas da sociedade e pela hegemonia ideológica – e podem apresentar tanto um caráter emancipatório como de produção e reprodução da lógica de dominação posta pela mundialização financeira. O próprio conhecimento não é neutro. Como ressalta

Boaventura de Sousa Santos, depende da posição (geográfica, social, política) em que o sujeito se encontra. Além disso, há um ataque do campo político dominante à própria liberdade de produção e partilha de conhecimento crítico e plural, pois as universidades públicas representam um espaço vital de resistência ao obscurantismo político-cultural e ao neoliberalismo econômico. Em suma, mais do que de gestão, os desafios das universidades públicas são essencialmente políticos, em um quadro de forças extremamente adverso. Além de enfrentá-los, cabe à comunidade acadêmica cumprir um relevante papel na produção do conhecimento e no fomento do debate racional, em diálogo com outras formas de saber e outros espaços de produção do conhecimento além dos estritamente universitários.

Murilo Gaspardo é diretor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Unesp, Câmpus de Franca – SP e doutor em Direito do Estado pela USP.

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a tributação ou o endividamento público. A primeira, feita adequadamente, constitui o meio mais justo e eficaz. Já a segunda opção promove a transferência de renda do trabalho e da produção para o rentismo – sendo esta a dominante no Brasil. Embora a gestão seja relevante, a crise financeira da Unesp não pode ser reduzida a ela. Ocorreram erros no processo de expansão de cursos e unidades, mas havia e há uma demanda por mais vagas no ensino superior público. A permanência estudantil tem um custo, mas é uma questão de justiça social. Pesquisa e ensino superior de qualidade necessariamente custam caro e demandam grandes investimentos. Portanto, o montante do investimento público nas universidades e sua origem são questões políticas e, hoje, a importância disponibilizada é incompatível com suas dimensões e funções. Parte significativa da mídia e do campo político hegemônico no Brasil e no estado de São Paulo construiu um discurso falacioso que apresenta as universidades públicas como

Opinião

Parte da mídia e do campo político no Brasil e no estado construiu um discurso falacioso que apresenta as universidades públicas como elitistas e onerosas


Pós-graduação

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Especialização em Paisagismo Curso de pós-graduação lato sensu no câmpus de Registro oferecerá 25 vagas

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Unesp de Registro abrirá inscrições para uma especialização em Paisagismo no próximo semestre. O diferencial do programa oferecido pela unidade localizada no Vale do Ribeira é preocupação com o meio-ambiente e com o resgate da vegetação local nos ambientes urbanos. A pós-graduação lato sensu oferecerá 25 vagas com carga horária de aulas presenciais de 384 horas e elaboração de monografia com 100 horas. As aulas serão aos sábados. O curso é coordenado pelo professor Marcelo Vieira Ferraz, que leciona nas unidades da Unesp de Registro e Botucatu em nível de graduação e pós. Marcelo tem experiência na área de Agronomia, com ênfase

em Fitotecnia, atuando principalmente nos temas de arborização urbana, plantas ornamentais e pós-colheita de flores e folhagens. Na visão do docente, o Paisagismo está carente de um curso especializado na área, com conteúdos pulverizados entre diversas carreiras de graduação, como Agronomia, Arquitetura ou Biologia. “Existem muitos profissionais formados trabalhando na área, mas poucos são especializados em Paisagismo. É claro que são profissionais competentes, mas atuam no mercado com outros títulos”, explica. Outro ponto levantado pelo professor é a conjugação que o curso pretende fazer entre o paisagismo e a preocupação ambiental.

“A questão estética é fundamental no Paisagismo; porém, é importante também se preocupar com o meio-ambiente e a vegetação na área urbana. Nós temos, hoje, nas cidades uma vegetação urbana exótica, espécies que não pertencem à flora local. Uma das preocupações do curso é resgatar a vegetação urbana do local”, explica Ferraz, lembrando que entre as plantas ornamentais cerca de 90% são exógenas. A ideia é que o curso ofereça ao aluno uma visão ampla da macro e da micropaisagem, permitindo que o futuro profissional atue com qualidade tanto no setor público como no privado. Espera-se que, ao término do curso, o egresso seja capaz de

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Marcos Jorge

Uma das propostas do curso é aproximar paisagismo e ambiente executar projetos paisagísticos, fazer orçamentos e ter conhecimentos gerais sobre plantas ornamentais. Mais informações sobre inscrição, valor do

investimento e datas do curso podem ser obtidas no site da unidade: http://www.registro. unesp.br/#!/noticia/522/campus-aprova-pos-graduacao-lato-sensu-em-paisagismo/

Pós oferecida em inglês

Workshops preparam professores para dar aulas naquele idioma e atrair alunos estrangeiros

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Unesp começou no dia 4 de fevereiro o primeiro de uma série de workshops que visam preparar docentes da Universidade para ministrarem suas disciplinas de pós-graduação no idioma inglês. O programa Content and Language Integrated Learning (CLIL) é ministrado por especialistas da Universidade de Queens-

land, na Austrália, e está sendo financiado pelo convênio entre a Unesp e o banco Santander. O primeiro workshop foi oferecido no câmpus de Presidente Prudente entre os dias 4 e 8 de fevereiro. Outras edições idênticas aconteceram em Botucatu, Araraquara e São José do Rio Preto, ao longo do mês de fevereiro.

As atividades foram ministradas por professores da Universidade de Queensland que há mais de dez anos têm trabalhado no treinamento de professores na Ásia, Europa e América do Sul. A abordagem CLIL é utilizada em universidades no mundo todo e tem ênfase no ensino simultâneo de conteúdo e língua, por meio de estratégias dinâmicas de ensino e aprendizagem. iStock

Atividades enfatizam ensino simultâneo de conteúdo e língua, por meio de estratégias dinâmicas

“Nossos workshops são práticos e interativos. Nós apresentamos técnicas, propomos uma reflexão sobre essas experiências e, principalmente, demonstramos esse aprendizado na prática”, destaca Martin Dutton, um dos professores australianos responsáveis pelo curso. Ele lembra ainda que os docentes da Unesp são estimulados a levarem para o curso materiais e conteúdos que já utilizam em sala de aula. O objetivo da iniciativa é fortalecer o processo de internacionalização dos programas de pós-graduação da Universidade por meio da oferta de disciplinas em língua inglesa. Um edital lançado em outubro do ano passado selecionou 54 professores que participaram das atividades realizadas ao longo de fevereiro. “Isso quer dizer que a Unesp poderá oferecer 54 disciplinas em inglês em diferentes áreas de pesquisa. O que tornará nossos programas mais atrativos para os estudantes internacionais e encorajará nossos alunos a melhorar sua comunicação nesse idioma”, aponta a coordenadora do programa, professora Paula Tavares Pinto. “Eu decidi participar do CLIL porque esse curso vai me ajudar

bastante a dar aulas em inglês e também porque esse curso é baseado no fato de que o aluno não está apenas recebendo a informação, mas sim participando ativamente do seu aprendizado”, aponta o professor Rafael Henrique Nóbrega, de Botucatu, um dos 54 selecionados para participar do treinamento. O baixo domínio do idioma inglês nas universidades brasileiras é frequentemente apontado como uma das barreiras para a sua efetiva internacionalização. “Oferecendo disciplinas em inglês nós estaremos atraindo estudantes estrangeiros para serem parte do ambiente acadêmico da Unesp e ao mesmo tempo estaremos proporcionando aos estudantes brasileiros a oportunidade de desenvolver seu multiculturalismo”, afirmou o assessor-chefe da Assessoria de Relações Externas da Unesp, professor José Celso Freire Junior.

Mais informações sobre o programa podem ser obtidas no vídeo (em inglês) disponível em: https://www.youtube.com/ watch?time_continue=19&v= JrShZnI9-Pc


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Graduação

E-mail na matrícula

Ingressantes na Universidade recebem automaticamente endereço eletrônico próprio da Unesp Fábio Mazzitelli

Universitário, instância máxima da Universidade, e permite que os estudantes continuem com a conta de e-mail “@unesp.br” mesmo depois de formados. “O processo de migração e unificação das contas de e-mail começou alguns anos atrás, quando se chegou à conclusão estratégica de que seria importante a Unesp ter um único domínio. Por vários motivos: facilidade de gerenciamento da informática e para constituir uma ideia de identidade institucional mais forte”, explica o professor Ney Lemke, assessor-chefe da Assessoria de Informática da Unesp. A parceria com o Google abriu um horizonte que vai além da unificação das contas de e-mails da Unesp, que iniciou o ano de 2019 perto dos 30 mil e-mails “unesp.br”, sem contar os ingressantes deste

ano. O acordo permite que, uma vez dentro do sistema, o usuário possa utilizar as ferramentas disponíveis, como a comunicação à distância via aplicativo Hangouts, que possibilita conversas de textos e vídeos entre duas ou mais pessoas, e o uso do Google Drive com armazenamento em nuvem ilimitado de arquivos. “A gente está bastante esperançoso que isso vá agregar bastante valor à formação do aluno e introduzir toda uma nova dinâmica para atuação acadêmica”, afirma o professor Ney Lemke, reforçando as vantagens de implantação do novo sistema em uma estrutura física multicâmpus como a da Unesp. “As pessoas vão poder colaborar muito mais facilmente em toda a Universidade, vão poder realizar trabalhos, um em cada casa, um em cada câmpus.

Eventualmente, alguém vai voltar para a cidade de origem e vai poder operar com alguém que está em outro lugar”, lembra o docente. Além disso, a parceria com a gigante de tecnologia também resultou em um impacto considerável em termos de economia de recursos, tanto materiais quanto humanos.

“Antes, o que havia eram soluções locais que tinham um custo muito mais alto de manutenção, tanto no que concerne a recursos humanos como a recursos computacionais. Então, houve uma economia bastante significativa graças a essa parceria que a gente firmou”, diz o assessor-chefe da Assessoria de Informática da Unesp. Reprodução

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estudante recém-aprovado no vestibular 2019 da Unesp passou a “vestir a camisa” da Universidade já no ato da matrícula. Agora, no instante em que ele é integrado ao SisGrad (Sistema de Graduação), recebe automaticamente um e-mail com o domínio “unesp.br”, que vai acompanhá-lo por todo o período acadêmico e por toda a vida. Este é o primeiro ano em que todos os calouros já iniciam as atividades com o e-mail próprio da Unesp totalmente integrados ao sistema de informática, o que foi possível em razão do processo de migração e unificação das contas de e-mail, concluído por meio de parceria entre a Universidade e a gigante de tecnologia Google. O acordo se tornou viável e começou a operar em 2018 após aprovação no Conselho

Mapeamento da rede da Unesp integrada pelo Estado de SP

Comissão debate aspectos técnicos para averiguar autodeclarações

Grupo que avalia autodeclarações de alunos pretos e pardos se reuniu em SP nesta semana Fábio Mazzitelli

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Comissão Central de Averiguação das autodeclarações de estudantes pretos e pardos se reuniu nos dias 18 e 19 de fevereiro para debater aspectos técnicos do processo de verificação. O Sistema de Reserva de Vagas para a Educação Básica Pública destina metade das vagas da Universidade a egressos de escolas públicas e, desse conjunto, 35% são reservadas a estudantes que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas. A Comissão Central de Averiguação das autodeclarações foi criada no ano passado para acelerar a checagem das autodeclarações, apurando suspeitas de irregularidades e/ ou fraudes ocorridas durante o processo. Desde 2017, quando foi regulamentada a aferição da veracidade das autodeclarações dos estudantes, a Unesp faz esse trabalho.

Fabio Mazzitelli

“Queremos focar nas autodeclarações de 2019 e depois retomar os casos pendentes dos outros anos”, afirma a professora Maria Valeria Barbosa, do câmpus de Marília da Unesp, integrante da Comissão Central de Averiguação. Os membros da Comissão contarão com o apoio das unidades universitárias como parte do processo de aferição da veracidade das informações. Os alunos cujas autodeclarações forem consideradas inválidas poderão recorrer à Comissão de Avaliação Recursal, composta por docentes da vice-reitoria e da pró-reitoria de graduação e um professor da etnia negra. “Houve uma mudança no processo de verificação. Tínhamos um processo de redundância que foi positivo em determinado momento, mas que era muito lento. Fizemos uma mudança e os estudantes seguirão com todos os direitos

Da esq. par a dir.: o assessor da Vice-Reitoria André Rosa, o assessor da Prograd Fernando Putti, Juarez Xavier, o servidor Getúlio Mendes dos Santos, o vice-reitor Sergio Nobre, Maria Valeria Barbosa e Renato Diniz na reunião ao contraditório e à ampla defesa assegurados em um processo que mantém a maior discrição possível para evitar situações de constrangimento”, afirma o professor Juarez Xavier, do câmpus de Bauru da Unesp, presidente da Comissão Central de Averiguação.

“Vamos fazer o processo de verificação, sempre de forma redundante, e, caso a autodeclaração seja considerada inválida, o desligamento do aluno será solicitado à reitoria”, diz Juarez Xavier. Em 2018, pela primeira vez em sua história, a Unesp

desligou 27 alunos após considerar as autodeclarações deles inconsistentes do ponto de vista dos princípios estabelecidos em acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) que norteia a matéria e leva em consideração características fenotípicas para validar as autodeclarações, tais como pigmentação da pele e dos olhos, tipo de cabelo e forma do nariz e dos lábios. Integram a Comissão Central de Averiguação das autodeclarações de estudantes pretos e pardos, além dos professores Maria Valeria Barbosa e Juarez Xavier, os docentes Renato Eugênio da Silva Diniz, superintendente acadêmico da Fundação Vunesp (responsável pelo vestibular da Unesp), Dagoberto José Fonseca, do câmpus de Araraquara e o servidor técnico-administrativo Getúlio Mendes dos Santos, do câmpus de Ilha Solteira.


Ciências Agrárias

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Genética contra salmonela

Unesp estuda genes importantes de bactérias que podem causar infecção em humanos André Julião – Agência Fapesp, com informações do Portal Unesp

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m grupo de pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), câmpus da Unesp de Jaboticabal, investiga genes importantes para a sobrevivência de bactérias da espécie Salmonella no trato entérico de aves. O objetivo é prevenir a infecção alimentar em seres humanos. Existem mais de 2,6 mil sorotipos conhecidos de Salmonella. Alguns deles respondem por muitos casos de infecção em animais e em humanos. A presença de certos sorotipos em produtos de aves brasileiras já motivou a Europa a barrar contêineres exportados pelo país. “As salmonelas colonizam muito bem o trato digestório das aves e podem ou não causar doenças. Mesmo quando não afetam a galinha, podem infectar seres humanos que dela se alimentarem”, disse Angelo Berchieri Junior, professor da FCAV, durante palestra na Fapesp Week London, evento ocorrido nos dias 11 e 12 de fevereiro.

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INTERNACIONALIZAÇÃO O professor falou ao Portal Unesp sobre a participação no evento. “Foi gratificante. Entendo essa apresentação como uma maneira de expor de maneira positiva a Unesp, mostrando o que a gente faz e as parcerias que mantemos”, afirmou o professor, por telefone, ao Portal Unesp, logo depois de deixar Londres rumo a outra cidade britânica onde participaria de uma banca. “Já tenho um parceiro de trabalho inglês com quem vou me encontrar aqui e tenho contato com outro parceiro da Dinamarca. A gente tem um grupo de trabalho internacional. Só crescemos com isso”, diz Berchieri Júnior, valorizando as estratégias de internacionalização vigentes hoje na Universidade. O PROJETO Berchieri é responsável por um Projeto Temático apoiado pela Fapesp que vai testar o efeito da deleção dos genes ttrA e pduA em três sorotipos de salmonela: Salmonella Ente-

Salmonelas: objetivo da pesquisa é prevenir infecção alimentar ritidis, S. Typhimurium e S. Heidelberg. “Escolhemos essas três porque são frequentemente encontradas em aves e podem causar infecção alimentar em humanos”, disse Berchieri. O pesquisador explicou que, das três, S. Heidelberg é a menos comum em seres humanos. No entanto, foi encontrada em cargas brasileiras de aves que não foram aceitas na Europa. “Ela está disseminada no Brasil e pode comprometer as exportações brasileiras”, disse.

A legislação brasileira faz menção restritiva aos sorotipos Enteritidis e Typhimurium. Contudo, dependendo do país importador, outras salmonelas também não podem estar presentes nos produtos avícolas exportados. Participam do projeto o pós-doutorando Mauro de Mesquita Souza Saraiva e a bióloga Gabriele Tostes Gricio, que tem bolsa de treinamento técnico. Para testar quais genes tornam a bactéria resistente ao sistema imunológico das

aves, os pesquisadores infectam um grupo de pintinhos com a bactéria selvagem (sem modificação genética) e outro com salmonelas que tiveram os genes ttrA ou pduA deletados. Depois, comparam nos dois grupos a presença da bactéria nas fezes, no ceco (porção inicial do intestino grosso), no fígado e no baço. Ao identificar os genes que permitem a sobrevivência da bactéria, o pesquisador é capaz de gerar versões mutantes, que podem ser usadas como vacina. Quando o sistema imune entrar em contato com uma variedade que não mata o animal, mas que se mantém viva por algum tempo no organismo, é criada uma memória imune. Caso o animal seja exposto à versão nociva da bactéria, suas defesas estarão prontas para atacá-la. “Conhecer e combater os sorotipos que podem infectar aves é, portanto, fundamental para a saúde dos consumidores e para a balança comercial brasileira”, disse Berchieri.

Equipe visa desenvolver lúpulo brasileiro Empresa premia projeto de adaptação de trepadeira essencial na fabricação de cerveja Bruna Ferreira Alves, da FCAV

O

Núcleo de Estudos em Olericultura e Melhoramento (Neom) da Unesp, localizado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) do câmpus de Jaboticabal, desenvolve um projeto para obtenção de cultivares de lúpulo adaptadas às condições tropicais. O projeto foi iniciado pelo engenheiro agrônomo Renan Furlan, doutorando em genética e melhoramento de plantas, e pela professora Leila Trevisan Braz, com o objetivo de obter cultivares de lúpulo que se adaptem ao clima tropical. O Humulus lupulus, conhecido popularmente como lúpulo, é uma planta trepadeira que apresenta rápido crescimento. Pode alcançar de 20 cm a 30 cm ao dia, chegando a medir de 5

m a 7 m de altura em menos de cinco meses. A parte da planta que desperta o interesse comercial é a flor feminina, popularmente chamada de cone. Nele, são encontradas glândulas de lupulina, que contêm os alfa-ácidos, beta-ácidos e os óleos

essenciais, definidores das características de cada cultivar. O lúpulo é um dos quatro ingredientes básicos para a fabricação da cerveja, junto com a água, o malte e a levedura. Tem a capacidade de agregar amargor, sabor e aromas e, além disso, Divulgação

Proposta é obter cultivar adequado às condições tropicais

apresenta propriedades bactericidas que protegem a fermentação. Cerca de 98% da produção mundial dessa planta é destinada à indústria cervejeira, mas o lúpulo também tem sido utilizado na medicina tradicional, como agente antimicrobiano, anti-inflamatório, calmante e até mesmo em testes no combate ao Alzheimer. O lúpulo é uma planta dioica, ou seja, apresenta os sexos separadamente. Para se realizar os cruzamentos controlados, é necessário manter as plantas femininas e masculinas separadas, para que se saiba qual o pólen que fertilizou cada flor feminina. Após a polinização, obtêm-se sementes que precisam passar por um processo de quebra de dormência. São necessários cerca de dois meses em temperaturas em torno de 5º C para germinarem. Após

a germinação, as plantas já começam a ser avaliadas nas condições climáticas da região, o que ajuda a selecionar as que se mostrarem superiores. PROJETO PREMIADO Em setembro de 2018, o projeto do Neom foi premiado pela maior empresa da cadeia de lúpulo no mundo. O concurso se chama Barth Haas Grant e premia todo ano de 5 a 6 estudantes com projetos inovadores sobre lúpulo. O prêmio é decidido por um júri composto por sócios-gerentes da Barth Haas e membros da equipe científica.

Veja mais informações sobre o projeto no vídeo abaixo: https://bit.ly/2Vmi88p


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Janeiro/Fevereiro 2019 Reportagem de capa

Unesp oferece diploma europeu em 25 cursos

Acordo permite que estudantes das áreas de tecnologia e agricultura da Universidade recebam certificado com validade no Brasil e na França Reprodução

Jorge Marinho

Leonardi (esq.) ressalta importância da França para mobilidade de estudantes de graduação; Pereira (dir.) enfatiza experiência que aluno traz para o Brasil

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cordo entre a Unesp e instituições de ensino superior da França permite que estudantes de 25 cursos de tecnologia e de agricultura da Universidade possam cursar, durante dois anos, uma universidade francesa e, ao retornarem ao Brasil para concluir os estudos, tenham o diploma validado nos dois países. As bolsas para o intercâmbio são concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio de dois Programas: o Brafitec (Brasil France Ingénieur Technologie) e o Brafagri (Brasil França Agricultura). O Brafitec é direcionado aos cursos da Unesp em Ciência da Computação, Engenharia Aeronáutica, Engenharia Ambiental, Engenharia Biotecnológica, Engenharia Cartográfica, Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologica, Engenharia de Biossistemas, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Energia, Engenharia de Materiais, Engenharia de Pesca, Engenharia de Produção, Engenharia de Telecomunições, Engenharia Elétrica, Engenharia Industrial Madeireira, Engenharia

Mecânica, Engenharia Química e Sistemas de Informação. Foi o Brafitec que permitiu a Gabriel Mantovani, no último semestre de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Unesp, câmpus de Ilha Solteira/ SP, graduar-se em Engenharia de Performace Automotiva (Ingénieur Performace Automobile) na Escola Nacional de Engenheiros (École Nationale D’Ingénieurs de Metz – ENIM), em Metz, França. “O Brafitec é um programa que permite que os alunos da Universidade, aqueles da área tecnológica, possam conseguir o duplo diploma na França. Ou seja, o aluno fica três anos, ou dois anos e meio, inicialmente em uma unidade da Unesp, e depois de aprovado no concurso, com o financiamento da CAPES, faz mais dois anos na França. Volta para o Brasil no último semestre e termina o curso. Acaba obtendo o diploma tanto na França quanto no Brasil”, explica o assessor da Assessoria de Relações Exteriores da Unesp (AREX), professor Renato de Toledo Leonardi. Na 53ª Cerimônia de Diplomação dos Engenheiros da ENIM, Gabriel foi surpreendido com a mensagem em vídeo da família, que não pôde ir à

solenidade. “Gostaríamos de agradecer à ENIM e à Unesp por esse convite e oportunidade. Estamos muito orgulhosos de você [Gabriel] e sabemos de todo seu esforço diante de todos os obstáculos que você enfrentou e venceu! Parabéns! Te amamos! Beijo”, anunciaram os familiares do mais novo engenheiro brasileiro formado na ENIM. “Eu fui pego de surpresa. Meus pais e minha irmã falaram, depois meu avô e minha avó; realmente não estava esperando. Depois veio minha namorada, já sabia que falaria, depois que visse minha família. Eu sabia que ela estava lá, me apoiando também. Foi muito legal”, declara Mantovani. Ele destacou ainda que, no caso de uma graduação sanduíche, é muito difícil avaliar o quanto essa experiência é enriquecedora para uma pessoa. “Nós somos expostos a muitas dificuldades, a muitas experiências novas, a uma nova cultura, e conseguimos nos graduar. Foi muito bom para mim em um curto período ter dois diplomas”, desabafa o estudante, que tem mais um semestre pela frente na Unesp.

“A França oferece educação gratuita para alunos do mundo todo que têm competência e capacidade de falar francês, de ter um currículo que permita que ingressem nas universidades francesas e formem-se da mesma forma que um nativo francês. É por isso que a França é um grande parceiro nesse quesito específico do Brafitec e do Brafagri. É o parceiro que nós temos mais importante em termos de mobilidade para alunos de graduação, na obtenção de duplo diploma”, esclarece Leonardi. Júlia Correa é aluna de Engenharia Elétrica na Faculdade de Engenharia da Unesp, câmpus de Guaratinguetá, e embarcou em 2018 para Grenoble, França, onde se graduará em Engenharia de Computadores e Eletrônica de Sistemas Embarcados (Informatique et Électronique de Systèmes Embarqués) na Escola Politécnica de Grenoble Alpes (École Polytechnique de L’Université Grenoble Alpes). “Logo que cheguei na França foi um pouco complicado, principalmente por causa da língua. É muito diferente você ter estudado o idioma no Brasil, por exemplo, e chegar aqui. Você se vê completamente imerso na cultura, tendo

que usar a língua no dia a dia. Os professores da faculdade e todo o pessoal que nos recepciona aqui são bem preparados. Eles tentam entender o que estamos falando, os nossos questionamentos. Tirar todas nossas dúvidas. Os professores, principalmente. Eles sabem da dificuldade de você estudar fora, em um país que não fala a mesma língua que a sua”, diz Correa. Assessor da AREX, o professor Marcelo Pereira ressalta a bagagem que o aluno unespiano traz de volta ao Brasil, após passar dois anos num país estrangeiro. “Ele traz toda uma experiência pessoal, da cultura, da língua, e traz ainda toda a experiência técnica da vivência dele na universidade e em um estágio realizado na França. Isso acaba trazendo informações importantes, que nos últimos seis meses pode agregar muita coisa à sua formação”, esclarece. “O crescimento profissional e pessoal é gigantesco. Pessoal porque nos vemos obrigados a cuidar de todas as nossas coisas aqui na França. Temos que correr atrás de abrir conta em um banco, resolver as coisas da faculdade e tudo isso falando um outro idioma e dependendo só de nós


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Programa Brafitec permitiu que Mantovani (dir.) se graduasse em Engenharia de Performance Automotiva em instituição francesa um grande crescimento para nosso país”. Os alunos dos cursos Engenharia de Alimentos, Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária e Zootecnia só podem aplicar ao Programa Brafagri – Brasil França Agricultura. “Considero que a Unesp está se tornando uma instituição melhor com programas interinstitucionais e internacionais como o Brafagri. É uma experiência que permite ao estudante estar preparado e melhor qualificado para o mercado globalizado; dá maior visibilidade ao estudante e à universidade e, de modo geral, a pessoa aprende a respeitar as diferenças e torna-se um cidadão do mundo. Do ponto de vista institucional, o programa proporciona um incremento na condição de internacionalização da Unesp por meio da vinda de estudantes e professores ou pesquisadores estrangeiros para a Universidade”, disse o coordenador do Programa

Brafagri na Unesp, professor Roger Darros-Barbosa. Audrey Le Du e Juliette Cohu fizeram o caminho inverso. Vieram de Rennes, França, para São José do Rio Preto/SP conquistar o duplo diploma em Engenharia de Alimentos pela Instituto Superior de Ciências Agrárias, Agronegócio, Horticultura e Paisagem – Agrocâmpus Oeste e pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp (Ibilce). “Porque eu achei o Brasil vantajoso? Primeiro, porque é um país muito importante na produção alimentícia mundial e, também, porque as aulas no Brasil são bem complementares com aquelas da França. São mais aulas práticas e turmas menores. O que me trouxe esse duplo diploma? Muita coisa. Primeiro, a capacidade de adaptação, que vou conseguir valorizar muito bem no meu currículo, e o orgulho de ter validado as aulas iguais ao de um aluno local, em uma língua que

não é a minha. Essa experiência me trouxe muita força pra atacar desafios ainda maiores”, contou Le Du. Cohu confessa que a vivência no Brasil mudou sua vida pessoal. “Eu acabei encontrando alguns amigos um pouco mais próximos e encontrei o meu marido. O que adicionou um pouco mais de prazer às aulas. Eu gostei bastante, principalmente, dos dois últimos semestres. Eu tive, realmente, mais do que uma experiência de aulas, tive experiência de vida que nunca vou esquecer. Agora moro no Brasil, mas acredito que todo mundo que passa por esse intercâmbio percebe que temos essa experiência também para aprender a se conhecer e a conhecer outra cultura. Acho que isso nos faz crescer de um jeito especial que a gente não conseguiria ficando em nosso país”, exprimiu Cohu. Os estudantes interessados podem escolher entre 54

instituições francesas parceiras da Unesp para candidatar-se a qualquer um dos dois programas. Os requisitos principais são estar regularmente matriculado na graduação; ter concluído 20% dos créditos do curso; ter conseguido nota 600 no ENEM após 2009; apresentar o curriculum lattes comprovado; responder a todos os questionamentos da reitoria; ter desempenho acadêmico maior ou igual a 6,5; estar apto no primeiro semestre do ano da candidatura e apresentar todos os documentos exigidos. Quem tiver interesse em estudar na França pode se inscrever para a seleção até o dia 28 de fevereiro de 2019. Já os editais podem ser consultados no Portal Unesp na internet, no website da AREX: https://www2.unesp. br/portal#!/arex/intercambio/ graduacao/ Outras informações também podem ser obtidas pelo telefone (011) 5627-0600 Fotos divulgação

mesmos. O crescimento profissional também é gigantesco, uma vez que aqui conseguimos ver diferentes carreiras que, às vezes, não temos a possibilidade de ver no Brasil. O Brasil, muitas vezes, é muito focado só na indústria, e aqui eles têm a possibilidade de ir trabalhar em um laboratório, ou até mesmo ir para uma indústria e fazer pesquisa dentro dessa indústria”, informou Correa. Pereira destaca ainda a importância do estágio internacional. “O aluno que realiza o duplo diploma tem a possibilidade de fazer um estágio no exterior, um estágio dentro de um escritório de pesquisa, dentro de uma indústria. O que, certamente, quando o estudante retornar ao Brasil, vai abrir portas em função do conhecimento adquirido e pela forma diferente de produzir que aprendeu”. De Grenoble, onde está Júlia, para Metz, onde Bárbara Pardinho está desde o ano passado: ela interrompeu o curso de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Unesp, em Guaratinguetá/SP, no quarto semestre, para tornar-se também engenheira civil pela Universidade de Lorena – Matemática, Ciência da Computação, Mecânica (Université de Lorraine – Mathématiques, Informatique, Mécanique). “Minhas expectativas são poder aproveitar ao máximo essa experiência, aprimorar o idioma, estudar bastante e levar o conhecimento daqui para o Brasil. Eu, realmente, acredito que a educação pode mudar o mundo e, para mim, é uma honra fazer parte dessa mudança. Sou de uma família bastante humilde e foi uma grande surpresa para todos ser selecionada para o Brafitec. Sem a bolsa não teria condições de vir até aqui. É realização de um grande sonho”, expressou Bárbara. Júlia, colega de câmpus de Bárbara, salienta que estudar fora é uma grande ocasião. “É uma boa oportunidade para desenvolver-se pessoalmente e profissionalmente. Aprender com os desafios que enfrentamos nessa vida nova e como isso pode colaborar para sermos um melhor profissional, para ajudar a trazer

Janeiro/Fevereiro 2019

Divulgação

Reportagem de capa

Francesa Le Du veio estudar em São José do Rio Preto

Bárbara está cursando Engenharia Civil em Lorraine

Julia: na Escola Politécnica de Grenoble Alpes


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Janeiro/Fevereiro 2019

Avaliação

Posição consolidada

Unesp mantém desempenho em ranking de economias emergentes, obtendo melhor resultado no indicador Ensino, que subiu 3,4 pontos ante 2018 José Augusto Chaves Guimarães e Helber Holland, da Comissão para Avaliação Institucional dos Rankings

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oi publicado no dia 15 de janeiro, durante o evento Times Higher Education Emerging Economies Summit 2019, em Doha, Qatar, a 6ª edição do ranking universitário internacional Emerging Economies University Rankings 2019. O ranking inclui 442 universidades, ante 350 instituições no ano passado, de 43 países em quatro continentes. Ou seja, houve um aumento de 26% no número de instituições de ensino em relação à edição anterior. O Brasil mantém o status de terceiro país mais representado, mas quase todas as universidades perderam posições, em grande parte por causa da turbulência econômica e política no país. Na América Latina, em 2018, foram avaliados apenas dois países, Brasil e Argentina, respectivamente com 32 e um representante. Em 2019, mais países latinos passaram a figurar na classificação, como Chile e Colômbia. O Brasil continuou como maior representante, com 36 instituições, seguido de Chile, com dezesseis, Colômbia, com sete e Argentina, com cinco. Esse ranking inclui apenas instituições em países classificados pela FTSE (The Financial Times Stock Exchange) como emergentes avançados, emergentes secundários ou “frontier” e conta com os mesmos 13 indicadores de desempenho que o THE World University Rankings para julgar instituições sobre seu ensino, pesquisa, transferência de conhecimento e perspectivas internacionais, mas eles são recalibrados para refletir as prioridades de desenvolvimento das universidades em economias emergentes. Os indicadores de desempenho são agrupados em cinco áreas: Ensino (o ambiente de aprendizagem – peso de 30%); Pesquisa (volume, renda e reputação – peso de 30%); Citações (influência da pesquisa – peso de 20%); Perspectiva Internacional (pessoal, estudantes e pesquisa – peso de 10%); e Renda da Indústria (transferência de conhecimento – peso de 10%). Boa parte dos dados provêm da Pesquisa de Reputação Acadêmica, realizada entre janeiro e março de 2017, a partir de 10.568 respostas. Para todos

os indicadores, exceto para a Pesquisa de Reputação Acadêmica, calcula-se a função de distribuição cumulativa de uma distribuição normal usando pontuação Z para realização dos cálculos. A metodologia pode ser acessada em detalhes no endereço https://www. timeshighereducation.com/ world-university-rankings/ emerging-economies-university-rankings-2018-methodology. A Unesp é classificada nesse ranking desde sua primeira edição, em 2014. Em 2019, sua classificação ficou no mesmo estrato, com um pequeno decréscimo de quatro posições em relação a 2018. A Universidade vem mostrando consolidação em termos de desempenho, pois os resultados de seus indicadores são praticamente constantes, conforme observado na Tabela 1. Importante destacar que a Unesp obteve melhor desempenho em praticamente todos os indicadores, sobretudo no indicador Ensino, que aumentou 3,4 pontos em relação ao ano anterior. O único indicador que não aumentou foi o de Pesquisa, com uma pequena queda de 1,7 ponto. No entanto, como esse indicador possui maior peso, isso refletiu na classificação da Unesp. Vale acrescentar, no entanto, que nessa edição foram adicionadas 64 universidades, o que demonstra que essa pequena variação da posição da Unesp revela, ainda assim, um resultado positivo. A Figura 1

Tabela 1 – Informações da Unesp no ranking THE Emerging Economies

Fonte: Elaborada pelos autores. Dados extraídos de: FTSE Country Classification Process March 2018 <https://bit.ly/2T4DgSZ> e THE World University Rankings 2018 <https://bit.ly/2wpSUyh>. apresenta as variações nos indicadores em relação às duas últimas edições do ranking. Dentro da esfera nacional, entre as universidades estaduais públicas paulistas, a Unicamp foi a que mais perdeu posições, caindo da 33ª posição para a 40ª. A USP teve decréscimo de uma posição em relação ao ano anterior. A Figura 2 mostra a comparação das três coirmãs. Assim como ocorreu com a Unesp, Unicamp e USP também tiveram um pequeno decréscimo no indicador Pesquisa. No caso da Unicamp, além do decréscimo em Pesquisa, também foi indicada uma pequena redução na pontuação de Receita Industrial. A Figura 3 apresenta o resumo das pontuações das universidades. Destaca-se a importância de não se avaliar uma universidade apenas a partir dos resultados de um ranking, pois vários fatores devem ser levados em consideração, tais como adaptações sobre

Figrura 1 – Comparação dos score da Unesp nas edições 2018 e 2019 do ranking THE Emerging Economies

a metodologia, inclusão de novas universidades e reformulação dos cálculos. Colocando de lado esses fatores supracitados, é muito importante destacar que a Unesp não tem “caído” nos rankings, pois os resultados comprovam que seu desempenho científico-acadêmico se mantém basicamente constante ao longo dos anos. Se considerarmos que o sistema brasileiro de custeio das universidades públicas tem sofrido com as recorrentes crises que acometeram o país, é notável que a pesquisa, o ensino e a extensão – apesar de esta última (ainda) não ser considerada nos rankings – tenham-se mantido fiéis à sociedade e ao que se espera de uma universidade moderna: atualização das carreiras, internacionalização das pesquisas, recorrentes prêmios em pesquisas e trabalhos publicados, destaques em congressos e eventos

científicos, tanto nacionais quanto internacionais, fatos esses que mostram que a Unesp, apesar dos entreveros financeiros, continua uma universidade atual, moderna e focada em excelência. Outro fator a ser levado em conta é a visão múltipla de instituição utilizada para fazer os rankings. A classificação é realizada da mesma forma para universidades voltadas para o ensino, para as voltadas para a pesquisa e para os institutos estritamente especializados. Esses fatores aumentam por si só o distanciamento das universidades públicas brasileiras das primeiras colocações.

Acesso ao ranking completo e reportagens relacionadas https://www.timeshighereducation.com/news/emerging-economies-university-rankings-2019-results-announced

Figura 2 – Comparação das classificações das universidades estaduais paulistas de 2018 e 2019 do ranking THE Emerging Economies


Avaliação Portanto, faz-se necessário utilizar uma abordagem mais técnica e aprofundada, aspecto que vem sendo objeto de preocupação da Unesp ao realizar sistematicamente o acompanhamento dos rankings sobre seu próprio desempenho. Um exemplo é a Tabela 1, em que se apresentam os resultados dos últimos anos no ranking THE Emerging Economies. Observa-se que o desempenho da Unesp ao longo de todos os anos é praticamente o mesmo, ou seja, ela continua atuando em todas as esferas avaliadas: ensino, pesquisa e reconhecimento

internacional. A justificativa para uma posição menos privilegiada no presente ano, nesse ranking, é devida basicamente a alterações de metodologia do próprio ranking e não propriamente por um menor desempenho na execução de suas atividades. Como exemplo, verifica-se, entre 2018 e 2019, um decréscimo de 4 posições no ranking, quando se tem um universo ampliado em 64 instituições. Isso evidencia que, de forma geral, a universidade manteve-se em seu estrato ante o número extra de universidades adicionado.

Figura 3 – Informações de UNICAMP e USP no ranking THE Emerging Economies, edição 2019

DEMAIS INFORMAÇÕES Sobre o desempenho da Unesp em outros rankings, é relevante destacar que em muitos rankings a Universidade passou a figurar pela primeira vez nas últimas edições, sobretudo aqueles que avaliam as áreas de pesquisa, como são os casos dos rankings World University Rankings by Subject da THE e da QS. Na última edição do ranking THE Latin America, a Unesp revelou melhora em sua classificação, saltando da 12ª para a 11ª posição. Isso é muito importante se considerado o fato de a edição de 2017 ter 82 instituições avaliadas, enquanto em 2018 foram 129. Assim, apesar do aumento da ordem de 57% no número de instituições, a Unesp ainda se manteve entre as melhores avaliadas. A Unesp vem desenvolvendo ações indutoras para aumentar a internacionalização e a visibilidade de sua produção científica. Exemplos disso são:

Janeiro/Fevereiro 2019

a) os editais de apoio às revistas científicas da Unesp, com forte apelo à internacionalização, à inserção em bases de dados internacionais (que são fonte de coleta de dados nos rankings) e à produção em inglês; b) a série Propetips, disponível em https://www2.unesp.br/ portal#!/prope/apoio-ao-pesquisador/propetips/, que visa dotar os pesquisadores da Universidade de informações estratégicas para uma maior visibilidade de sua produção científica; c) a atuação da Comissão para Avaliação Institucional dos Rankings, que realiza o monitoramento dos rankings analisando o desempenho da Unesp em cada quesito de avaliação, em séries históricas, procurando alertar os pesquisadores sobre eventuais alterações de posicionamento e as razões para tal; d) a realização de eventos voltados para os editores das revistas científicas da Unesp com informações sobre DOI, ORCID, inserção em bases

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de dados internacionais, per reviewing etc.; e) eventos para a comunidade acadêmica para apresentar e discutir os objetivos e a metodologia dos principais rankings nacionais e internacionais; f) investimento na capacitação de servidores na área de bibliometria e cientometria; g) participação de docentes em projetos, sobretudo o projeto Fapesp de indicadores, para desenvolvimento de métricas e sensibilização de rankings sobre a questão social da Universidade; h) investimento em internacionalização, como convênios com universidades da Austrália e da China; i) participação efetiva no programa Capes/PrInt.

Visite a página da Comissão de Rankings da Unesp https://www2.unesp.br/portal#!/ rankings

Workshop discutiu rankings Marcos Jorge do país onde nascem. Uma das primeiras instituições a ranquear instituições de ensino superior no mundo, a Universidade de Jiao Tong de Xangai, lembra o pesquisador da USP, criou seu ranking em 2003, momento em que a China havia criado uma liga de universidades para competir com a tradicional Ivy League norte-americana. Para os especialistas, a situação fica mais crítica quando esses rankings, apesar de não avaliarem apropriadamente universidade pública brasileira, são usados como critérios em políticas públicas. “No lançamento do programa Ciência sem Fronteiras, a posição das universidades estrangeiras envolvidas no programa foi usado como critério e, em 2016, um dos argumentos do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo para reprovar as contas da USP foi a queda no Times Higher Education”, lembrou a jornalista Sabine Righetti, uma das criadoras do Ranking Universitário da Folha (RUF).

DADOS E INDICADORES NO BRASIL Tendo em vista que os rankings internacionais não são capazes de transmitir as especificidades da universidade pública brasileira, a solução talvez fosse criar nossas próprias metodologias e métricas. Para Sabine, isso não é tão fácil. A jornalista relata que, desde a criação do RUF, em

2012, encontra dificuldade em levantar dados sobre as universidades brasileiras. “No Brasil, nem a universidade, o Estado ou o Ministério da Educação sabem onde estão os egressos. Isso coloca dificuldades para avaliar, por exemplo, a empregabilidade do aluno”, lembra. Diante da dificuldade em obter dados com as universidades,

Daniel Pimentel Neves, juntamente com a Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior), buscou junto aos estudantes material para criar o ranking Universidades Empreendedoras. “Trabalhamos com embaixadores em diversas instituições brasileiras, que coletam dados e assumem o protagonismo na elaboração do ranking”, aponta Neves. Marcos Jorge

A Unesp organizou, no dia 18 de dezembro, um workshop para aproximar a comunidade universitária dos rankings globais de universidades e apresentar, de forma mais clara, como a instituição tem usado essas métricas de forma estratégica. Organizado pela Comissão Institucional para Avaliação dos Rankings da Unesp, o evento recebeu na reitoria, em São Paulo, representantes da academia e do mercado que trouxeram suas experiências e discutiram a elaboração de rankings de alcance nacional. A primeira mesa foi composta pelos pesquisadores Solange Santos e Justin Axel-Berg. Ambos chamaram a atenção para uma leitura dos rankings globais que vai além dos resultados. “É preciso estar atento aos critérios usados na metodologia e qual a visão que eles têm da universidade”, destaca a doutora pela USP, que integra o Colegiado de Gestão do Programa SciELO. Na mesma linha, Axel-Berg relacionou o histórico de alguns dos principais rankings mundiais ao contexto político

Representantes da academia e do mercado apresentaram suas experiências no encontro


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Geral

Parceria vigorosa Encontro promove balanço do Convênio Unesp-Santander e detalha atividades em prol da comunidade unespiana Fábio Mazzitelli Fábio Mazzitelli

E

m encontro marcado pelo balanço das atividades promovidas ao longo do ano de 2018, realizado na sede do Banco Santander, na Vila Olímpia, zona oeste da capital paulista, gestores dos programas do Convênio Unesp-Santander deram no dia 19 de dezembro uma demonstração de solidez e vigor em relação ao andamento da parceria. Todas as atividades dos cinco eixos norteadores do convênio foram apresentadas, tanto aos executivos do banco – Steven Assis, diretor do Santander Universidades, Afrânio Pereira, superintendente do Santander Universidades, e Alessandra Jorge de Mendonça, gerente do Santander Universidades –, quanto ao reitor da Unesp, professor Sandro Valentini, e ao vice-reitor da Universidade, professor Sergio Nobre. “Este convênio está alinhado ao nosso Plano de Desenvolvimento Institucional e, portanto, destina recursos que são estratégicos para a nossa Universidade, em benefício de programas

Evento: recursos de convênio são essenciais para Universidade que conversam tanto com a nossa comunidade interna quanto com a comunidade externa”, afirmou o professor Valentini. Anfitrião do encontro, Assis falou do compromisso assumido pelo banco com instituições de ensino superior e salientou, em documento entregue ao reitor Valentini, a concessão à Unesp de bolsas de estudo dos programas TOP Espanha e Santander Graduação, além de apresentar o programa Empreenda Santander, que está com inscrições abertas.

EXEMPLO DE PARCERIA O detalhamento das ações do Convênio Unesp-Santander, feito pela Universidade durante o encontro, trouxe números de atividades desenvolvidas, metas atingidas e pessoas envolvidas nos eixos de valorização da educação para a diversidade; incentivo à aprendizagem da língua inglesa; promoção da cultura do empreendedorismo e da inovação; promoção do bem-estar e da qualidade de vida; e estímulo a uma gestão

energética sustentável. Todas as ações realizadas giram em torno dessas linhas de atuação. Estiveram presentes a professora Cleópatra da Silva Planeta, pró-reitora de Extensão Universitária, e o professor Leonardo Theodoro Büll, pró-reitor de Planejamento Estratégico e Gestão, que também são gestores dentro dos programas do convênio. Além deles, os professores Juarez Tadeu de Paula Xavier e Leonardo Lemos de Souza, gestores do programa Educando para a Diversidade; as professoras Paula Tavares Pinto e Giséle Manganelli Fernandes, gestoras do programa Língua Inglesa na Unesp; os professores Wagner Cotroni Valenti e Guilherme Wolff Bueno, gestores do programa Empreendedorismo e Inovação; o professor Paulo Celso Moura, o servidor Márcio Alexandre Cardoso e a regente de coral Sandra Mendes Sampaio de Souza, gestores do programa Bem Viver para Tod@s; e o engenheiro Arthur Francisco de Moraes Júnior, gestor do

programa Sustentabilidade e Gestão Energética. “A Unesp é um case nos projetos que a gente apoia”, afirmou Afrânio Pereira, superintendente do Santander Universidades. “Realmente, vocês cuidaram de maneira bastante responsável (do convênio), envolvendo toda a Universidade em projetos relevantes e com resultados claros.” PERSPECTIVA A abertura das apresentações coube ao professor Carlos Eduardo Vergani, chefe de gabinete da reitoria e responsável pelo convênio na Unesp. “Claro que já colhemos bons frutos desse convênio, mas pessoalmente penso que esta parceria ainda vai colher os melhores e os maiores frutos nos anos que estão por vir”, afirmou Vergani. Firmado há mais de dez anos, o convênio Unesp-Santander foi renovado em 2017 e prevê o investimento de R$ 11 milhões ao longo de quatro anos.

Unesp contemplada em mais uma chamada de eficiência energética

Desde 2012, projetos já prospectaram mais de R$ 4 mi junto a concessionárias de energia Marcos Jorge outras novas de tecnologia LED, o descarte das lâmpadas substituídas e a troca de aparelhos de ar-condicionado por outros mais modernos e eficientes. As chamadas fazem parte de uma obrigação estipulada por lei para que as concessionárias invistam 1% de seu lucro em projetos de pesquisa e desenvolvimento (0,5%) e programas de eficiência energética (0,5%). Nos últimos oito anos, projetos elaborados pela Coordenadoria de Engenharia e Sustentabilidade da Unesp prospectaram cerca de R$ 4,328 milhões em investimentos nas chamadas do programa de eficiência energética, gerando uma redução no consumo energético dos sistemas de iluminação

que melhoraram sua eficiência em até 80% e obtiveram uma economia da ordem de R$ 1,5 milhão na conta de energia. “O que nós temos diagnosticado nas unidades da Universidade é que os nossos grandes vilões são os sistemas de ar-condicionado e a iluminação”, explica Cláudio Roberto Vieira, engenheiro da Coordenadoria de Engenharia e Sustentabilidade e integrante da equipe que participa dos projetos enviados às concessionárias. Vieira explica que o projeto é elaborado em parceria com uma empresa de eficiência energética contatada que o inscreve na chamada e, se for contemplado, assina o contrato. “Nós apenas firmamos um termo de

cooperação técnica sem repasse, para colaborarmos na execução e recepção desses projetos”, detalha. Desde 2012, as unidades contempladas foram Botucatu (cerca de R$ 2 milhões, em 2012), Rio Claro (cerca de R$ 400 mil,

em 2013), São José do Rio Preto (cerca de R$ 967 mil, em 2015), Marília (cerca de R$ 175 mil, em 2016), Sorocaba (cerca de R$ 86,9 mil, em 2016), Presidente Prudente (cerca de R$ 400 mil, em 2017) e Tupã (cerca de R$ 460 mil, em 2018). Divulgação

N

o início do mês de dezembro, a Unesp foi contemplada em duas chamadas para projetos de eficiência energética propostas por concessionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica que atuam no estado de São Paulo, beneficiando os câmpus de Presidente Prudente, Franca e Assis. Os três projetos envolveram principalmente eficiência no sistema de iluminação, permitindo investimentos de R$ 1.014.605 para Presidente Prudente, R$ 1.204.151 para Assis (ambos em chamada proposta pela Energisa Sul e Sudeste) e R$ 714.849 para Franca (chamada proposta pela CPFL paulista). Entre as iniciativas dos projetos está a troca de lâmpadas antigas por

Tupã teve processo de modernização de equipamento e lâmpadas


13 Docente é editor associado em revista O

Indicação também ajuda a divulgar Unesp, afirma Sidney

professor Sidney José Lima Ribeiro foi indicado como editor associado da Frontiers in Chemistry – Inorganic Chemistry, revista publicada pela Royal Society of Chemistry, do Reino Unido. “A participação de docentes da Universidade como editores de revistas desse nível é uma ferramenta importante para divulgação e internacionalização da nossa Unesp”, destaca o professor vinculado ao Departamento de Química Geral e Inorgânica do Instituto de Química (IQ), Câmpus da Unesp de Araraquara.

A Frontiers in Chemistry é um periódico multidisciplinar e de acesso aberto. Está na vanguarda da disseminação e comunicação de conhecimento científico, publicando e dando visibilidade a pesquisas rigorosamente revisadas por pares em todas as ciências químicas, além de projetar descobertas impactantes para acadêmicos, líderes da indústria o público de todo o mundo. Ribeiro também é membro do corpo editorial dos periódicos Journal of Sol-Gel Science and

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Technology e Journal of Non-Crystalline Solids, entre outras publicações. Pesquisador 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), além de ser Fellow da European Academy of Sciences. Coordena a área de Química da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e é vice-coordenador do Instituto Nacional de Fotônica (InFO), além de ser

assessor científico das principais agências do país, da National Science Foundation (Estados Unidos) e do Consiglio Nazionale delle Ricerche (Itália). Tem pós-doutoramento na Ecole Centrale Paris (1994) e no Centre National d’études des télécommunications (CNET-France Telecom) (1995), trabalhando com vitrocerâmicas transparentes e lasers. Atua na área de Química Inorgânica e suas implicações em Ciência de Materiais, Espectroscopia e Ensino de Química.

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ma solenidade realizada no dia onze de dezembro na nova sede do 1º Batalhão Ambiental no bairro da Casa Verde, em São Paulo, marcou os 69 anos de criação da Polícia Militar Ambiental do Estado. Durante o evento, que contou com a presença de autoridades estaduais e federais, várias personalidades foram homenageadas, entre elas o professor Carlos Roberto Teixeira, coordenador do Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (Cempas) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, câmpus de Botucatu. Teixeira recebeu a medalha do “Cinquentenário da Policia Ambiental”, a mais alta condecoração da instituição. Em comunicado, a Polícia Militar Ambiental de Botucatu justificou a distinção: “O ‘professor

Carlinhos’ é um grande colaborador da Polícia Ambiental de Botucatu e demais órgãos de segurança da cidade, desenvolvendo cursos de qualificação e aperfeiçoamento junto a esses órgãos, além de colaborar na destinação e recuperação de animais silvestres apreendidos e vítimas de acidentes”. O professor tem mais de quarenta anos de experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Técnica Cirúrgica Animal. Coordena o Cempas, que presta atendimento a animais selvagens em situação de risco; capacita profissionais responsáveis pelo resgate desses animais; devolve, sempre que possível, esses animais à natureza; obtém dados para pesquisas na área; e informa e educa crianças, jovens e adultos em relação a esse tema, a fim

de conquistar parceiros para a preservação da fauna silvestre. Criada no dia 3 de dezembro de 1949, a Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo é considerada pioneira na América Latina em, seu setor, somando quatro batalhões em todo o Estado e 116 unidades de atendimento. O efetivo da corporação reúne mais de 2.200 homens e mulheres para policiamento ambiental, que contam com 400 viaturas, embarcações e motocicletas, além de um helicóptero destinado à fiscalização da Serra do Mar e litoral. Para acompanhar as condições de regiões de interesse e locais de difícil acesso, dispõe ainda de monitoramento por satélites e de veículos áereos não tripuláveis. (Com informações do Acontece Botucatu)

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Polícia Ambiental homenageia coordenador do Cempas

Teixeira na cerimônia: mais de 40 anos de experiência na área

Professor ministra aula em instituição francesa

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rofessor associado de Direito Internacional Público da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da Unesp, câmpus de Franca, Daniel Damásio Borges ministrou em dezenove de dezembro no Instituto de Estudos Políticos de Rennes, na França, uma aula intitulada “O caso Cesare Battisti no Supremo Tribunal Federal: a política externa diante do pretório”. Em sua apresentação, o docente da Unesp falou sobre as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca da extradição de Cesare Battisti e

discorreu sobre as normas brasileiras a respeito de extradição, além de analisar o papel do STF em assegurar o cumprimento legal da medida. Em dezembro, o governo brasileiro autorizara a extradição de Cesare Battisti, condenado por quatro homicídios na Itália. Considerado foragido, ele voltou ao seu país em quatorze de janeiro, após ser preso dois dias antes na Bolívia. Em sua palestra, o professor Daniel explicou a decisão do STF, que negou a Battisti o status de refugiado político e salientou a influência das recentes

mudanças de orientação política no governo federal sobre a situação jurídica de Battisti no Brasil, onde o italiano viveu de 2004 a 2018. O Instituto de Estudos Políticos de Rennes, também conhecido como Sciences Po Rennes, é uma universidade fundada em 1991 em Rennes, capital regional da Bretanha, na França. O Instituto figura entre as “grandes écoles” do sistema universitário francês – as instituições universitárias de mais alto nível daquele país. A aula do docente da Unesp ocorreu no quadro de suas

atividades de pesquisa no Instituto de Estudos Avançados de Nantes, no qual o professor atualmente ocupa a cadeira “França-OIT”. Trata-se da cadeira de pesquisador-visitante financiada pelo Ministério do Trabalho francês e pela Organização Internacional do Trabalho. O Instituto de Nantes recebe anualmente cerca de 30 professores, de diferentes países, para que eles possam aprofundar suas pesquisas e estabelecer laços acadêmicos entre si. A instituição está entre os oito melhores institutos de estudos

avançados do mundo, segundo o Some Institutes for Advanced Studies consortium.

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Gente

Borges abordou caso Battisti


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Graduação

Trabalhos de alto impacto Disciplinas na graduação de Guaratinguetá dão origem a artigos em revistas internacionais Jorge Marinho

Jorge Marinho

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ara conseguirem o diploma, os alunos do curso de Engenharia de Materiais da Faculdade de Engenharia, Câmpus da Unesp de Guaratinguetá (FEG), têm duas opções. A primeira é realizar o tradicional Trabalho de Conclusão de Curso, o TCC. A outra é publicar um artigo em revistas de alto impacto, classificadas pelo Sistema Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O coordenador do curso, professor Miguel Ángel Ramírez Gil, ressalta que essa iniciativa nasceu da decisão de creditar a pesquisa como disciplina. Assim, o aluno pode realizar investigações científicas ao cursar disciplinas presentes no currículo. A primeira disciplina relacionada a essa área é Pesquisa e Desenvolvimento em Ciência dos Materiais, oferecida no segundo ano; a segunda é Pesquisa e Desenvolvimento em Processamento dos Materiais, no terceiro ano; e, no quarto, Pesquisa e Desenvolvimento em Caracterização de Materiais. “Assim, quando o aluno chega no quinto ano, tem um volume de informação muito interessante, que lhe permite publicar em revista de alto impacto”, argumenta Gil. Os indicativos de qualidade pelo Sistema Qualis são A1, o mais elevado, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, com peso zero. Formado no ano passado pela FEG, Bruno Hangai conseguiu emplacar, em abril de 2017, um artigo na publicação Journal of Materials Science: Materials in Electronics, da Universidade de Southampton, classificada como Qualis A2 Capes, na área Engenharias II (Engenharia de Materiais). Na investigação que originou o artigo, intitulado “Superparamagnetic behaviour of zinc ferrite obtained by the microwave assisted method” (Comportamento superparamagnético da ferrita de zinco obtida pelo método assistido por micro-ondas), Hangai teve como orientador o professor Alexandre Zirpoli Simões. De acordo com Hangai, o artigo aborda a produção de nanopartículas que, após um processo de aquecimento, conseguem anular a atividade as células cancerígenas. “O que

O professor Ramirez Gil, entre Rossi (esq.) e Hangai: curso de Engenharia de Materiais credita pesquisa como disciplina seria isso? É fazer com que elas [as células com câncer] não atuem mais no organismo: ao invés de nós termos que retirar o tecido celular, essas células são inativadas”, explica, acrescentando que esse processo pode originar um tratamento contra o câncer auxiliado por essas partículas infinitamente pequenas. “Eu pensava que não seria possível, que [o texto] seria negado, que poderia retornar várias vezes, mas fui surpreendido. Também entendo que, graças a muita dedicação, nós conseguimos. A única coisa que não esperava é que isso fosse acontecer na graduação”, orgulha-se Hangai. Embora tenha adiado sua formatura a fim de realizar estágio, Fabrício Rossi teve seu artigo publicado em julho de 2017 pela Journal of Thermal Analysis and Calorimetry, revista húngara em língua inglesa, considerada pela Capes como Qualis A1, para a área Engenharias II. Sob a orientação do professor José Marques Luiz, ele foi o autor do artigo “Synthesis, characterization and thermal behavior

of some trivalent lanthanide 4-amino-benzenesulfonate salts” (Síntese, caracterização e comportamento térmico de alguns sais de 4-amino-benzeno-sulfonato de lantanídeos trivalentes). Rossi recorda que, em 2016, após ter feito todas as caracterizações necessárias da sua amostra, o orientador lhe disse que seu trabalho estava mais completo do que muitas investigações de mestrado e doutorado. O professor Luiz propôs então publicar os resultados numa revista científica. Inicialmente, o estudante pensou que se tratava de um periódico nacional ou de pouco impacto. Mas o orientador assinalou que a publicação seria na revista mais importante do mundo na área de análise térmica. “Tive que gastar as minhas férias trabalhando, mas, no momento em que ele falou que eu conseguiria publicar, só corri atrás”, garante. O graduando esclarece que sua pesquisa envolve os metais lantanídeos, também chamados de terras raras. Segundo ele, os lantanídeos têm diversas

aplicações, principalmente na área de fotoluminescência, que é a emissão espontânea de luz de um material sob excitação óptica. No caso, esses produtos pesquisados poderiam aplicados em indústrias que utilizam metal e precisam de eletroímãs muito fortes. Outra aplicação, de acordo com Rossi, seria na produção de detectores de gás. “Por exemplo, você pode usar o elemento Cério (Ce), que é o segundo elemento da série dos lantanídeos, para saber se está ocorrendo um vazamento de gás, porque, se estiver, ele pode mudar seu estado de oxidação”, explica. MEDIDA FLEXÍVEL O professor Gil ressalta que não existe rigidez nessa opção entre TCC e pesquisa, criada pelo Conselho de Curso de Graduação em Engenharia de Materiais da FEG, porque o estudante pode fazer uma escolha sobre como realizará dia graduação. “O aluno pode defender de forma tradicional, com um texto que deve ser entregue e posto na biblioteca, e também existe a escolha de ele poder

publicar [num periódico de impacto]”, assinala o coordenador do curso. “O aluno que conseguiu evoluir nas disciplinas e chegar no quinto ano com um volume adequado de resultados poderá publicar. Incentivar esse aluno é muito gratificante. Aumenta a visibilidade do curso, aumenta a visibilidade da Universidade como um todo e ajudamos na formação do aluno, o que é o mais importante”, explica. Segundo Gil, o curso permite ainda que o aluno escolha entre a pesquisa científica, com ênfase mais teórica, e a pesquisa tecnológica, mais voltada para a aplicação e obtenção de resultados concretos. Ele destaca que, atualmente, há inclusive estudantes que estão envolvidos em processos de patenteamento dos resultados de sua pesquisa. “O Brasil precisa melhorar essa parte de criação de patentes, de parcerias com indústria, o que também estamos trabalhando nessa disciplina de pesquisa, porque tem os dois vieses, pesquisa científica e pesquisa aplicada, pesquisa tecnológica”, afirma.


Geral

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Workshop sobre propriedade intelectual e patentes

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tem como objetivo capacitar os participantes a darem primeiros passos na redação de patentes, incluindo a realização de buscas, identificação e leitura de documentos relacionados. Henry Suzuki, sócio-diretor da Axonal Consultoria Tecnológica e palestrante das oficinas, reservou o primeiro dia de evento para revisão de aspectos conceituais sobre patentes e seu impacto na estratégia de redação e de tramitação. No segundo dia, foram realizadas atividades práticas guiadas para exercitar a

lógica de leitura e redação. Para auxiliar na prática diária, Henry realizou oficinas de busca de patentes e mapeamento de segmentos tecnológicos. No mês de março, o workshop também será oferecido nas unidades de Assis e Guaratinguetá. As inscrições para o evento em Assis, nos dias 14 e 15 de março, podem ser feitas no endereço https:// www.axonal.com.br/inscricoes. php?evento=147. Já as inscrições para o workshop em Guaratinguetá, nos dias 25 e 26 de março, no endereço https:// www.axonal.com.br/inscricoes. php?evento=150

GOVERNADOR: João Doria SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SECRETÁRIA : Patricia Ellen da Silva

REITOR: Sandro Roberto Valentini VICE-REITOR: Sergio Roberto Nobre PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO: Leonardo

Theodoro Büll PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO: Gladis Massini-Cagliari PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: João Lima Sant’Anna Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:

Cleopatra da Silva Planeta PRÓ-REITOR DE PESQUISA: Carlos Frederico de Oliveira Graeff SECRETÁRIO-GERAL: Arnaldo Cortina CHEFE DE GABINETE: Carlos Eduardo Vergani ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA : Fabio Mazzitelli de Almeida ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA :

Ney Lemke ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA JURÍDICA :

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os dias 14 e 15 de fevereiro, a Agência Unesp de Inovação (AUIN) promoveu o Workshop sobre Propriedade Intelectual e Patentes. O evento, realizado na Faculdade de Medicina, câmpus da Unesp de Botucatu, reuniu 118 professores, pós-graduandos, profissionais da área de inovação e empresários. Entre as instituições que participaram do evento estavam Unesp, ESALQ, Unicamp, Fatec, escritórios de advocacia e outras empresas da região. Iniciativa da AUIN junto à Axonal Consultoria, o curso

Edson César dos Santos Cabral ASSESSOR-CHEFE DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO:

José Roberto Ruggiero ASSESSOR-CHEFE DE RELAÇÕES EXTERNAS:

José Celso Freire Júnior ASSESSOR ESPECIAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:

Rogério Luiz Buccelli DIRETORES/COORDENADORES-EXECUTIVOS DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS:

Encontro atraiu professores, pós-graduandos, profissionais da área de inovação e empresários

Físico Juan Maldacena apresenta palestra sobre buracos negros Malena Stariolo

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evolução da Ciência é um exercício da curiosidade e da insistência humana para encontrar respostas às perguntas mais fundamentais que uma pessoa pode fazer. Entretanto, para encontrar a solução para uma grande pergunta é preciso fragmentar o questionamento em outros menores, capazes de criar uma trajetória de erros e acertos entremeados. Para Juan Maldacena essa pergunta é simples: Como desvendar a singularidade do big bang? Porém, a resposta é responsável por fazer físicos no mundo inteiro empreenderem pesquisas e experimentos com o objetivo de se aproximarem, um pouco mais, da solução final. Maldacena é um físico argentino que busca a resposta para essa pergunta no abstrato mundo da teoria de cordas e buracos negros. Em 2013, foi considerado o cientista argentino mais importante na última década ao receber o prêmio Diamond Konex Award. Entre suas diversas contribuições

está a teoria da correspondência AdS/CFT, responsável por resolver algumas inconsistências entre a teoria quântica e a teoria da gravidade de Einstein. Uma das ideias centrais dessa teoria é conseguir descrever objetos (como buracos negros) em um universo com partículas fundamentais que estão na fronteira. Nessa descrição, dimensões extras emergiriam das partículas que estão na fronteira, resultante da dinâmica dessas partículas. Esse conceito seria capaz de fornecer uma imagem de como é a geometria do espaço-tempo. No dia 12 de fevereiro, o pesquisador lotou o auditório do quarto andar do Instituto de Física Teórica (IFT), câmpus da Unesp de São Paulo, ao apresentar a palestra “Buracos negros e a estrutura do espaço tempo”. Maldacena assinalou como buracos negros passaram de detalhes de pouca importância nos estudos do universo para a chave central do processo de desvendar

a natureza do espaço tempo na teoria quântica. “Quando um buraco negro se forma, ele tem uma região em seu interior que parece com um mini Big Crunch – que representa a contração do universo, ao contrário do Big Bang. Então, a ideia é que, ao entender essa singularidade, nós seríamos capazes de compreender a singularidade no início do Big Bang”, comentou. Assim, o estudo dos buracos negros, em particular do que acontece em seu interior, se tornou fundamental na busca do entendimento da singularidade do Big Bang. Através deles, físicos tentam entender o funcionamento do espaço-tempo em um nível fundamental, ou seja, no nível quântico. Da mesma maneira que a matéria é composta por átomos, imagina-se que o espaço-tempo seja composto por algum tipo de partícula elementar. A empreitada é descobrir sua origem para poder continuar buscando respostas para perguntas maiores.

Wilson Roberto Poi (FO-Araçatuba), Iveraldo dos Santos Dutra (FMV-Araçatuba), Luis Vitor Silva do Sacramento (FCF-Araraquara), Elaine Maria Sgavioli Massucato (FOAraraquara), Cláudio César de Paiva (FCL-Araraquara), Eduardo Maffud Cilli (IQ-Araraquara), Andréa Lúcia Dorini de Oliveira (FCL-Assis), Marcelo Carbone Carneiro (FAAC-Bauru), Jair Lopes Junior (FC-Bauru), Luttgardes de Oliveira Neto (FE-Bauru), Carlos Frederico Wilcken (FCA-Botucatu), Pasqual Barretti (FM-Botucatu), Maria Dalva Cesario (IB-Botucatu), José Paes de Almeida Nogueira Pinto (FMVZ-Botucatu), Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (FCAT-Dracena), Murilo Gaspardo (FCHS-Franca), Mauro Hugo Mathias (FE-Guaratinguetá), Enes Furlani Junior (FE-Ilha Solteira), Antonio Francisco Savi (Itapeva), Pedro Luís da Costa Aguiar Alves (FCAV-Jaboticabal), Marcelo Tavella Navega (FFC-Marília), Edson Luís Piroli (Ourinhos), Rogério Eduardo Garcia (FCT-Presidente Prudente), Patrícia Gleydes Morgante (Registro), Cláudio José Von Zuben (IB-Rio Claro), José Alexandre de Jesus Perinotto (IGCE-Rio Claro), Guilherme Henrique Barris de Souza (Rosana), Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira (Ibilce-São José do Rio Preto), Estevão Tomomitsu Kimpara (ICT-São José dos Campos), Valerie Ann Albright (IA-São Paulo), Marcelo Takeshi Yamashita (IFT-São Paulo), Marcos Antonio de Oliveira (IB/CLP-São Vicente), Eduardo Paciência Godoy (ICT-Sorocaba) e Danilo Fiorentino Pereira (FCE-Tupã).

EDITOR: André Louzas REDAÇÃO: Fabio Mazzitelli, Marcos Jorge e Jorge Marinho REVISÃO: Junior Silva | Tikinet

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Bruna Ferreira Alves, José Augusto Chaves Guimarães, Helber Holland e Malena Stariolo (texto) DIAGRAMAÇÃO: Maurício Marcelo | Tikinet APOIO ADMINISTRATIVO: Thiago Henrique Lúcio Este jornal, órgão da Reitoria da Unesp, é elaborado mensalmente pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI). A reprodução de artigos, reportagens ou notícias é permitida, desde que citada a fonte. ENDEREÇO: Rua Quirino de Andrade, 215, 4.º andar, Centro, CEP 01049-010, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5627-0323. HOME PAGE: http://www.unesp.br/jornal E-MAIL: jornalunesp@reitoria.unesp.br

VEÍCULOS Unesp Agência de Notícias: <http://unan.unesp.br/>. Rádio Unesp: <http://www.radio.unesp.br/>. TV Unesp: <http://www.tv.unesp.br/>.


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Livros

O salto da Feira do Livro da Unesp Diretor-presidente da Fundação Editora Unesp fala da preparação do evento e da superação das atuais dificuldades do mercado livreiro no país

“V

amos ter um salto de qualidade.” É com essa previsão otimista que o professor Jézio Hernani Bomfim Gutierre, diretor-presidente da Fundação Editora Unesp, avalia a realização da segunda edição da Feira do Livro da Unesp. O evento, que acontecerá entre os dias 10 e 14 de abril, em um espaço de 2.500 m2 no câmpus de São Paulo, promove o livro e a leitura com a oferta de títulos com descontos de, no mínimo, 50% do valor de capa. Este ano, a feira terá 234 mesas, um aumento de 34% em relação ao ano passado. “Nós temos aproximadamente 150 editoras já inscritas e todas as mesas do evento já foram compradas”, comemora Gutierre. A expectativa é que haja um expressivo aumento do público que visitará a feira. Em 2018,

realizado em um tempo mais curto e em um espaço menor, o evento atraiu aproximadamente 20 mil pessoas. Em 2019, a feira também terá como novidade uma programação cultural paralela, promovida pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária (Proex), em parceria com as duas unidades presentes no câmpus: o Instituto de Artes (IA) e o Instituto de Física Teórica (IFT). O professor Gutierre ressalta que a programação deverá incluir filmes, espetáculos de música, palestras e sessões de autógrafos com autores indicados pelas editoras participantes, entre outras iniciativas. “Nós acreditamos que isso vai permitir à população ter acesso a uma programação que não é comum em São Paulo”, comenta o dirigente. “Todos estão realmente muito

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Fábio Mazzitelli e André Louzas

Evento, que recebeu 20 mil pessoas em 2018, já registra 150 editoras inscritas este ano entusiasmados e com a expectativa de que nós consigamos fazer uma programação cultural de primeiríssima linha.”

Gutierre acrescenta que a feira já integra o calendário cultural paulistano. “Os editores já testaram a primeira versão, aprovaram,

e agora temos a possibilidade de aprofundar e aperfeiçoar esse evento com uma programação cultural acoplada”, assinala.

Assim como todo o mercado livreiro, a Editora Unesp enfrentou muitas dificuldades em 2018, segundo o seu diretor-presidente, Jézio Hernani Bomfim Gutierre. No entanto, apesar dos problemas, houve diversas razões para comemorar. “Se levarmos em conta que mantivemos um patamar de aproximadamente 200 lançamentos, além de garantir nossas atividades com a Universidade do Livro (UNIL) e nossas fatias de mercado, temos que concluir que foi um ano profícuo e benéfico, apesar de tudo”, acentua Gutierre. Para reforçar sua visão positiva, o dirigente cita algumas das premiações recebidas pela editora no ano passado. Uma delas foi o prêmio literário Paulo Rónai 2018, concedido pela Biblioteca Nacional para a tradução feita pelo professor Maurício Mendonça Cardozo, da Universidade Federal do Paraná, para a autobiografia de Johann Wolfgang von Goethe, publicada pela Editora Unesp. Outro destaque foi o livro Alzheimer:

a doença e seus cuidados, de autoria da jornalista Marisa Folgato e do médico Alessandro Jacinto, primeiro lugar no Prêmio Abeu 2018, na categoria “ciências da vida”. Gutierre aponta ainda o livro O coração da Pauliceia ainda bate, de José de Souza Martins, professor da USP, menção honrosa do Prêmio Abeu e finalista do Prêmio Jabuti em 2018. “Ou seja, em mais de um setor, seja na área literária ou na área científica, nós conseguimos receber prêmios que são muito almejados e cada vez mais concorridos”, enfatiza. Ele também focaliza as recentes mudanças no funcionamento da Livraria Móvel da Unesp (LUM). Antes, segundo o dirigente, a LUM atendia a demandas como a de organizadores de um evento científico em uma determinada cidade, deslocando-se então para esse local. No ano passado, a estratégia mudou, levando mais em consideração aspectos mercadológicos,

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Editora Unesp, avanços apesar da crise

Jézio Gutierre destaca solidez do catálogo de obras, prêmios recebidos e expansão no mercado avaliando as cidades, eventos e períodos em que seria mais vantajoso a livraria móvel estar presente. E, antes de cada viagem, é selecionado o acervo a ser transportado. “É preciso conhecer a cidade e ter a expectativa comercial do movimento que vai ter para aquela praça especificamente”, explica. Essa decisão dá trabalho, mas traz recompensas. “Hoje eu posso dizer que a LUM representa uma história de sucesso, que persistirá não

só no estado de São Paulo, mas inclusive no norte do Paraná e no sul de Minas”, conclui. Em relação a 2019, Gutierre reconhece que, como no ano anterior, existem muitos desafios a serem superados. “Temos um mercado em transição para modelos de comercialização com os quais não estamos ainda adaptados”, alerta. Mesmo assim, ele está otimista. “Nós temos um catálogo extremamente robusto, que talvez seja o mais

prestigioso entre as editoras universitárias e o mais reconhecido pelo mercado livreiro brasileiro, nós mantivemos todas as nossas redes de distribuição intactas durante esse período, e nós estamos avançando comercialmente também, alcançando mercados e compradores que anteriormente nós não tínhamos”, relata. “Então, sob esse aspecto, me parece que, mesmo em meio à tempestade, vamos cavar um lugar de bonança.”


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