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Figura 23 - Painel publicitário realizado por um letrista. Zona Norte do Rio de Janeiro, 2018 Fonte: Arquivo pessoal
De modo geral, mesmo que mensagens e textos possam ficar na memória coletiva dos cariocas e que o grafite, que contém escrita, permita em muitos casos a leitura direta da mensagem, este tipo de grafite tem menos aceitação que o grafite que inclui figuras e personagens. Alguns grafiteiros, como o Marcelo Jou, se mantêm ainda dentro dessa forma do grafite: “No grafite a letra é essência”. São poucos os artistas que se mantêm na intervenção com letras. Outros misturam letras e palavras como o grafiteiro Marcelo Ment, que faz uma mistura de letras e palavras com seus desenhos, ou o grafiteiro Airá Ocrespo, que inclui textos como texturas na composição dos trabalhos. Mesmo assim e, apesar de ser a maioria das intervenções, as escritas são menos aceitas, especialmente quando não permitem a leitura. A comunicação entre observador e arte é mais fluida quando há desenhos figurativos. Alguns grafiteiros entenderam que existe uma aceitação muito maior deste tipo de pintura mais do que com a letra, e que isso gera maior possibilidade de renda para quem sobrevive com o trabalho a partir do grafite, então o autor deixa de fazer e se dedica mais às artes com personagens e figuras. Segundo Marcelo Jou “Fazer letra não dá dinheiro, quem faz letra é porque gosta e porque quer, mas não tem a mesma aceitação nem possibilidades de trabalho”24.
3.5. O consumo do grafite além dos muros na rua Independentemente de falarmos nas formas diferentes de fazer grafite, o fato de as pinturas estarem expostas na rua faz com que elas estejam à disposição do espectador. Atualmente, grafites e pichações ultrapassam o espaço físico dos muros
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Entrevista realizada ao no dia 12/12/2018