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UMA , NOVA GESTÃO BUSCANDO NOVAS SOLUÇÕES.

É com muita satisfação que apresentamos, a seguir, nosso novo pacote de parcerias e benefícios!

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Visando sempre agregar conteúdo de valor aos nossos associados, além dos parceiros acima, a ABRAPAC também apoia as seguintes instituições: marketing verde e evitar multas (ou ganhar auxílios) junto ao Estado.

Mas, finalmente, estamos em 2021 e o contexto atual abriu uma nova realidade econômica mundial assim como uma quarta via de argumentação, alguns tipos de ações aderentes ao Desenvolvimento Sustentável são capazes de gerar resultados reais para as empresas. E não estamos falando de benefícios governamentais complexos ou contabilidade criativa baseada em economia futura de multas ou prejuízos de difícil tangibilidade Estamos falando de gerar ativos negociáveis e convertíveis em moeda, ou capazes de contrapartidas positivas. Temos, agora, a última peça do quebra-cabeça, o Crédito de Carbono. Mas por que em meio a logística reversa, créditos de reciclagem e outros ‘benefícios’ existentes para o Desenvolvimento Sustentável o Crédito de Carbono se diferencia?

Vivemos hoje uma realidade muito diferenciada onde a economia mundial passa por uma recessão e uma crise na percepção de valor de moedas nacionais, antes utilizadas amplamente para lastrear trocas. E em meio a esta crise, sendo um resultado e/ou mesmo um catalizador para tal, temos o avanço inexpugnável das criptomoedas que passam a criar um meio transversal de trocas em um mundo globalizado, indiferente as flutuações nacionais de câmbio, mas extremamente voláteis a especulação em nível mundial. Inclusive, segundo a revista InfoMoney, 48% dos brasileiros acreditam que o Brasil deveria adotar uma criptomoeda no lugar do Real.

Interessantemente dentre os países que mais adotam as criptomoedas temos os dois extremos do espectro, países com economia e moedas fortes que buscam serem protagonistas neste novo mercado e países com moedas fracas no qual a população busca a manutenção de seu poder aquisitivo ou uma garantia quanto as flutuações internas e câmbio desvantajoso. O que leva a uma situação curiosa onde a Venezuela com uma moeda completamente desacreditada se encontra em terceiro lugar nesta lista, atrás da Rússia em segundo e a frente da China em quarto, Kenya em quinto e dos Estados Unidos em sexto. E nesta lista temos o Brasil em décimo terceiro lugar, a frente do Reino Unido e seguido de perto pelo Paquistão.

Sem nos aprofundar no assunto, independentemente de suas forças e fraquezas e de seu futuro, as criptomoedas calçaram um caminho para a visão de valores de referência mundiais de trocas. E sobre este motor, diferenciadamente das primeiras iniciativas puramente especulativas, muitas moedas passaram a ser criadas com base em ativos rastreáveis, documentais e lastreáveis. O que agrega uma nova dimensão as criptomoedas que muitos ainda não percebem ou mesmo não conhecem, temos por exemplo hoje criptomoedas baseadas em soja e outros ativos do agronegócio já existentes no Brasil e acessíveis mundialmente.

Isso nos leva a uma segunda geração, ou um caminho alternativo, dos fundamentos solidificados pelas criptomoedas anteriores e de uma economia transversal globalizada. Ao se adotar um ativo real, e reconhecido mundialmente como lastro para nortear a flutuação cambial natural de oferta e demanda. Algo que na verdade já existe a décadas com o petróleo, mas que ainda não tinha a facilidade criada pelo mecanismo de moedas P2P (peer to peer) e uma visão blockchain que se torna acessível a qualquer indivíduo conectado a internet.

Segundo a revista InfoMoney, 48% dos brasileiros acreditam que o Brasil deveria adotar uma criptomoeda no lugar do Real.

E é neste cenário em que o Crédito de Carbono brilha, sendo um ativo reconhecido mundialmente, real, rastreável, documental, reconhecido por força de lei e instituições financeiras ao mesmo tempo que é 100% digital. Indo direto ao ponto, a qualquer momento você pode consultar o preço do Crédito de Carbono em uma instituição financeira confiável e obter uma cotação coerente com a oferta e demanda do ativo. Algo que minimiza a preocupação de 42% dos investidores quanto a criptomoedas no que tange a segurança de seu dinheiro investido, devido a golpes, falta de transparência e instabilidades artificiais das moedas.

O mais importante quanto a isso é que, pela primeira vez, as ações, tanto positivas quanto negativas quanto ao desenvolvimento sustentável das empresas podem ser capturadas em um ativo real, que pode então ser convertido em moeda internacionalmente e que pode ser utilizado em contrapartidas econômicas dos mais variados fins. Ou seja, uma empresa que impacta positivamente as dimensões sociais e ambientais de seus ecossistemas podem agora receber retorno econômico pelas suas ações E isso soluciona a grande barreira comportamental empresarial de busca pelo lucro e de falta de perspectiva em como converter ações positivas em resultados. Melhor ainda, falamos de gerar resultados além de minimizar penalidades, gerar marketing verde e potencialmente melhorar sua eficiência.

E quanto a Indústria Aeronáutica?

Porém quando analisado passageiro por quilômetro, a aviação gera 285 gramas enquanto o transporte rodoviário 158 gramas, quase o dobro do custo em CO2 por pessoa por km.

E existem apenas duas formas diretas de diminuir este impacto, produzir veículos mais eficientes ou alterar a o combustível utilizado. Desta forma vemos uma explosão de interesse quanto a veículos terrestres com energia alternativa ao combustível fóssil, especialmente o elétrico, mas ainda temos um longo caminho no desenvolvimento de aeronaves viáveis livres de querosene de aviação de forma abrangente. Embora muitos avanços tenham ocorrido quanto a melhoria de eficiência no consumo deste combustível recentemente e, inclusive, com o uso (ainda em teste) de querosene sustentável.

Inclusive quando pensamos em transporte terrestre existem diferentes modais disponíveis e uma grande possibilidade de avanços, desde sistemas ferroviários ao bom e velho caminhar. Sendo possível a economia com alterações urbanas, geográficas, econômicas e comportamentais, enquanto a aviação não possui tanta flexibilidade, e grosso modo, temos apenas o avião e esta realidade não deve se alterar tão cedo.

O transporte é hoje um grande vilão em produção de CO2 mundial, e a aviação tem crescido seu impacto ano a ano, especialmente em países onde se popularizou o transporte aéreo. Em um ano típico a aviação ultrapassa 2% das emissões mundiais de CO2. O que é bem menos que o impacto do transporte terrestre como um todo, mesmo na Europa a aviação corresponde a menos de 15% da produção total relativa ao transporte.

A realidade é que a indústria aeronáutica entrega um valor único e extraordinário, mas também possui um custo específico alto em relação ao seu impacto ambiental. Em estudos atuais desenvolvidos pela Consultoria Carboniun em parceria com a ABRAPAC no período entre janeiro e agosto de 2021, portanto período atípico em um ano de voos reduzidos, somente uma aeronave a reação de médio porte, emitiu o equivalente a 2.192.03 kg de CO2. Um grande impacto, em grande parte inevitável e continuamente crescente.

Como resultado do aumento constante da emissão de CO2 pelas companhias aéreas, cerca de 5% ao ano, a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) da ONU adotou em 2013 a meta de estabilizar as emissões de CO2 a partir de 2020. O que acabou levando ao desenvolvimento do plano para garantir a redução ou compensação de carbono das companhias aéreas a qualquer custo por força de acordo internacional. Assim surgiu o CORSIA, ou Compensação de Carbono e Plano de Redução para Aviação Internacional, que será implementado em três fases. Sendo as duas primeiras por aderência voluntária entre 2021 e 2026 (fase piloto e fase inicial) seguida pela terceira fase a partir de 2027 que marca a operação plena do acordo.

O que leva as companhias aéreas a uma corrida pela compensação de suas emissões em algo que podemos dizer que é ‘força bruta’. Multiplicam-se empresas e consultorias especializadas em compensar as emissões das companhias, das mais variadas formas, por um custo. Esta estratégia acaba desviando do real objetivo do acordo, afinal gera uma reação em cascata de um custo extra a ser repassado para os stakeholders das companhias, e isso incluem os pilotos e seus passageiros. Sendo inclusive motivo de conflito junto as companhias aéreas europeias por entenderem o CORSIA apenas como uma taxação de carbono. Afinal, conforme entendemos anteriormente, companhias aéreas como toda empresa, tem seu lucro como sua linha vital e, qualquer ação que gere custos a sua operação serão evitadas a todo custo. Mas se houvessem alternativas diferentes a disposição?

Mesmo o Brasil não participando voluntariamente das primeiras fases, temos desde o momento uma boa prática internacional que será obrigatória em 2027 (salvo para países isentos) a qual devemos gradualmente nos adaptar, e isso é na verdade positivo para nosso planeta, mas claro que para a companhias aéreas se torna uma preocupação crescente. Afinal, como reduzir e compensar suas emissões crescentes para atender o CORSIA?

Conforme levantamos anteriormente, existe um limite técnico quanto a redução de consumo de combustível e emissão de CO2 pelas aeronaves.

Na verdade existem, em ambas as pontas, são iniciativas inovadoras que ainda necessitam de tempo de maturação para poderem apresentar seus resultados, mas já podemos discutir suas estratégias e convidar companhias, comandantes e demais envolvidos a pensarem juntos por soluções mais arrojadas que agreguem resultados positivos empresariais as companhias aéreas.

Ubiratan S. Rocha

Piloto de Linha Aérea Presidente da Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil - ABRAPAC

Por exemplo a Carboniun (carboniun.com), uma startup de Florianópolis acelerada pela Bridge1o1, parte da Incubadora Celta, hoje já desenvolve estudos junto a duas das maiores companhias de aviação nacionais, buscando justamente a mentalidade de coparticipação e economia p2p (originarias das criptomoedas) em campanhas que não apenas compensam as emissões de CO2, mas dão propósito a com- pensação, assim como também, por meio de redes de parceiros e boas práticas conseguiu provar a capacidade de redução da emissão do CO2, diminuindo na origem uma parte da necessidade de compensação. Por exemplo, lembram daquela aeronave citada anteriormente e sua emissão até o momento, pois bem, por meio destas práticas inovadoras foi capaz de reduzir o equivalente ao consumo diário de combustível de 38 famílias em todos os dias do ano no mesmo período.

Oferecendo um vislumbre do futuro ótimo, imagine que dentro dos princípios da Proficiência Operacional e pautado na segurança de voo, todos aqueles envolvidos com o voo de uma aeronave farão tudo para minimizar a geração do CO2 por estarem pessoalmente engajados e alinhados neste propósito, assim como envolvidos diretamente e retroalimentados pelos impactos das compensações. Sim, isso é possível e já está acontecendo.

Devemos pensar neste nosso contexto com uma oportunidade, por mais que traga preocupações naturais. Afinal, toda inovação traz consigo o medo do desconhecido mas também a recompensa pela coragem daqueles que ousam pensar diferente.

Henrique Otte é empreendedor, consultor, autor, palestrante, professor e investidor anjo. Administrador, Mestre em Gestão da Inovação com foco em Comportamento e Desenvolvimento Sustentável. Diretor na Junta Comercial Brasil Portugal SC. Criador e coordenador do Master in Business Innovation na Católica de Santa Catarina e professor de pós graduação no SENAC/SC. www.linkedin.com/in/otte/

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