história viva
Maio de 1998
Com dedicação professoral, Cristovam Linero Sobrinho foi um defensor incansável das causas das micro e pequenas gráficas, disseminando ações e posturas muito antes de se falar em boas práticas. Tânia Galluzzi
Janeiro de 1990
Cristovam Linero, a voz da pequena gráfica
M
eu pai trabalhou em uma gráfica que atendia muita miudeza em cartões de urgência. Eram principalmente cartões e convites, feitos em processo tipográfico e de tiragens pequenas. Quem fazia a distribuição dos tipos nas caixas normalmente eram os aprendizes. Certo dia meu pai estava compondo um texto relativamente extenso e o garoto da distribuição estava com o serviço atrasado. Começaram, então, a faltar alguns materiais e ele pediu ao rapaz que os providenciasse. Como estava demorando meu pai foi ver o que estava acontecendo e, mostrando-lhe o texto, pediu um acento circunflexo caixa alta. Logo o aprendiz lhe passou os acentos e em seguida cochichou para outro funcionár io: Eu não encontrava a letra que o Sr. Linero me pediu, pois ele deu um apelido ao “E com chapeuzinho”. Chamou de circunflexo. Esse pequeno relato faz parte do livro Causos da Nossa Indústria Gráfica, coletânea com a qual Cristovam Linero Sobrinho homenageia os profissionais do setor, que, segundo ele, com bravura persistem nesta atividade desaf iadora, mantendo e gerando novos empregos e riquezas para o País. Ao afirmar isso, está falando de si próprio, empresário gráfico que é, há mais de 60 anos dedicando-se ao setor de forma séria, honesta e generosa.
Natural de Ponta Grossa e radicado em Curitiba, Cristovam Linero é filho de um dos gráficos pioneiros da cidade de Irati, Afonso Linero, que fundou a empresa no inter ior do Paraná em 1930. Aos 13 anos arranjou seu primeiro emprego com carteira assinada: auxiliar administrativo em uma tipografia, no mesmo per íodo em que o pai transferiu a gráfica para Curitiba. Durante o dia era empregado e à noite ajudava os negócios da família. Em 1953, Afonso e o sócio resolveram vender a Gráfica Linero, comprada por Cristovam e seus irmãos Pedro (já falecido), Arthur e Hilário. “Eram tempos difíceis. Na época, apenas a Paran aense tinha máquinas offset. Trabalhávamos com tipografia produzindo de tudo, principalmente impressos administrativos, com exceção de etiquetas. Até 1960 só a família trabalhava na gráfica”, conta Cristovam. A mudança aconteceu por conta da aquisição da Gráfica Vitória, que possuía oito funcio nár ios. O nome da adquirida foi adotado, Pedro deixou a empresa para montar sua própria gráfica e Luiz, o caçula, juntou-se à equipe. Mesmo assim Cristovam continuava fazendo de tudo um pouco. Mais ligado ao setor administrativo, não se fazia de rogado quando era preciso operar uma máquina. Porém, ele já começava a