Revista Abigraf 317

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R E V I S TA

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A R T E & I N D Ú S T R I A G R Á F I C A • A N O X L V I I I • J U L / S E T 2 0 2 3 • N º- 317

Gabriel Corrêa: o Brasil está indo na contramão do que precisamos para uma educação básica de qualidade formando professores a distância

Ex-presidente das entidades gráficas nacionais, Mário César Martins de Camargo vai assumir presidência do Rotary International para 2025–26

Fazer apenas o que sempre fizemos não é mais o suficiente: é chegada a hora de mudar a cabeça e adotar uma cultura empresarial atualizada


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PRODUTO

BRASILEIRO


EDITORIAL

A evolução tecnológica pressupõe a evolução humana Não existe inteligência artificial sem a participação da inteligência humana. Tecnologias são ferramentas, meios, mas dependem daqueles que as desenvolvam e conduzam.

T

ive o prazer de visitar mais uma constantes. A percepção dos meandros e nuances, edição da Bienal do Livro no Rio tão típicos de nossa indústria, ainda mais num país de Janeiro. Além de estar lado a lado continental e diverso como o Brasil, só podem ser com grandes players do mercado captados pela visão do homem, por sua sensibilidade editorial de todo o Brasil e do mundo, e empatia — coisas que algoritmos, soft­wares e a experiência também me trouxe uma reflexão. máquinas nunca terão. Tecnologias são ferramentas, Explico: fui questionado inadvertidamente meios, e não se resumem a uma finalidade por si. por uma pessoa sobre o futuro dos livros diante Sendo assim, minha posição como empresário, da tecnologia da inteligência gestor e, acima de tudo, ser artificial de plataformas como humano, é a de que toda e ChatGPT que, com algumas qualquer evolução deve ser bemSE QUEREMOS QUE diretrizes apenas, pode criar vinda em nosso setor, mas nunca NOSSAS EMPRESAS SEJAM romances inteiros. O mesmo deve substituir a capacidade valeria para campanhas em humana de interagir, decidir e COMPETITIVAS E TENHAM mídias sociais, processos e outras criar. Mesmo entre as associações SEU LUGAR AO SOL, atividades anteriormente ligadas e entidades representativas, TEMOS QUE INVESTIR à criatividade, nas quais, com é o trabalho humano que leva EM TECNOLOGIA, apenas poucas diretrizes, a AI nos projetos adiante — inclusive, MODERNIDADE E entregaria um conteúdo pronto. aqueles ligados à necessidade SUSTENTABILIDADE. Dito isso, esclareço que sou de atualização tecnológica um entusiasta da tecnologia e e planejamentos de ESG. da evolução. Elas (a tecnologia Vida longa à inovação. e a automação) facilitam nossas vidas em vários Ela move o mundo! Mas se não considerarmos aspectos, e em nossa indústria não é diferente. Porém, o ser humano em toda e qualquer etapa desse me preocupa a tendência de enxergar novidades processo, não alcançaremos o principal objetivo de como Metaverso, AI (Inteligência Artificial) e toda e qualquer tecnologia disruptiva: assegurar tantas outras, como opções para substituir o fator um mundo melhor e o bem-estar às pessoas. humano nos processos criativos e gerenciais. A crescente automação de tudo o que nos cerca www.juliao@graficapontual.com.br (da SmartTV às impressoras, celulares, computadores, parques inteiros de pré-impressão e acabamento), bem como a crescente demanda por soluções ligadas à responsabilidade socioambiental, são realidades Presidente da Associação inevitáveis e importantes divisores de água entre a Brasileira da Indústria Gráfica competitividade e a falência para empresas de todos (Abigraf Nacional) os portes, em muitos casos. Ou seja, se queremos que nossas empresas sejam competitivas e tenham seu lugar ao sol, temos que investir em tecnologia, modernidade e sustentabilidade. Não há negociação ou espaço para amadorismos. Mas, e o ser humano? Toda a qualquer inovação tem uma mente humana trabalhando em prol de melhorias

Julião F laves Gaúna


REVISTA ABIGRAF ISSN 0103-572X Publicação trimestral Órgão oficial do empresariado gráfico, editado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica/Regional do Estado de São Paulo, com autorização da Abigraf Nacional Rua do Paraíso, 529 (Paraíso) 04103-000 São Paulo SP Tel. (11) 3232-4500 Fax (11) 3232-4550 E-mail: abigraf@abigraf.org.br Home page: www.abigraf.org.br Presidente da Abigraf Nacional: Julião Flaves Gaúna Presidente da Abigraf Regional SP: João Scortecci Gerente Geral: Wagner J. Silva Conselho Editorial: Bruno Mortara, Fábio Gabriel, João Scortecci, Plinio Gramani Filho, Rogério Camilo, Tânia Galluzzi e Wagner Silva Elaboração: Gramani Editora Eireli Administração, Redação e Publicidade: Tel. (11) 3887.1515 E-mail: editoracg@gmail.com Editor: Plinio Gramani Filho Redação: Tânia Galluzzi (MTb 26897) Colaboradores: Bruno Mortara, Hamilton Terni Costa, João Scortecci, Jorge Maldonado, Montserrat Petit e Roberto Nogueira Ferreira Edição de Arte: Cesar Mangiacavalli Editoração Eletrônica e Fechamento de Arquivos: Studio52 Papel fornecido pela Blendpaper: Capa, Finezza Naturale 170 g/m². Miolo, Markatto Opalina 120 g/m²

BLENDPAPER Enobrecimento da Capa: GreenPacking, aplicação de hot stamping com fitas da MP do Brasil Impressão e acabamento: Leograf Gráfica e Editora ERRATA O papel utilizado na impressão do miolo da Revista Abigraf nº 316 foi o Markatto Edition 140 g/m² Acesse: www.abigraf.org.br/revista-abigraf Apoio Institucional

Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Indústria Gráfica

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FUNDADA EM 1965

Membro fundador da Confederação Latino-Americana da Indústria Gráfica (Conlatingraf)

REVISTA ABIGRAF

julho/setembro 2023

NATALÍ DE PAULA. A artista da capa

Natalí de Paula, artista plástica e muralista, iniciou sua arte em meio ao tratamento contra o câncer de mama em 2015, aos 30 anos, em São José dos Campos, SP. Até então, nunca havia pintado. Formada em Letras e Comércio Exterior e atuante no Comportamento, da série The Highway/O Caminho, acrílica sobre tela, 130 × 120 cm, 2023 mundo corporativo por mais de 14 anos, estudou no ateliê de pintura de Fabrisia Rivera para aprender técnicas de tintas, já que gostava de criar seus próprios trabalhos. Durante algum tempo, devido às cinco cirurgias realizadas, não era possível estar toda semana no ateliê. Passou então a pintar todos os dias em seu próprio espaço e nesse caminho segue desenvolvendo até hoje suas novas séries. Atribui a cura da doença a esse renascimento nas artes, pois mesmo quando pensou que pudesse ser o fim, sua vida se transformou levando-a a lugares jamais imaginados, alcançando uma nova oportunidade de viver com qualidade e principalmente fazendo o que ama. Participou de várias exposições brasileiras e está ganhando o mundo espalhando suas expressões em cores. Natalí acredita que em tudo há um propósito, até nos maiores enfrentamentos e desafios que a vida coloca diante de si, basta olhar para dentro e deixar florescer. A obra que ilustra a capa desta edição — da série The Highway / O Caminho — retrata momentos em que é preciso pensar nos nossos caminhos, escolhas, enfrentamentos, decisões e também em seguir adiante, independente do que esteja acontecendo. Ele pode ser longo, cheio de alegrias, oportunidades, desafios, superações inimagináveis, mas somente cada um trilha o seu próprio caminho. Natalí tem paixão pelo abstracionismo, a liberdade de poder criar e desenvolver sua arte de acordo com o que pensa, aquilo que não precisa ser explicado e sim sentido com a alma. Cada obra é um pedaço de sua vida, sem limites, pura liberdade. www.natalidepaula.com.br

Revista PAN, expressão livre do pensamento

O editor e gráfico José Scortecci criou e comandou a revista PAN, que circulou entre 1935 e 1945. Além de matérias jornalísticas, contou com a colaboração de Clarice Lispector, Menotti Del Picchia e Monteiro Lobato, entre outros.

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Mar­ke­ting online e impresso devem caminhar juntos Você sabe o que é mar­ke­ting sensorial? A expert Montserrat Petit aborda a produtiva estratégia de mesclar mar­ke­ting digital com o offline, capaz de atingir todos os cinco sentidos, tornando as campanhas mais impactantes.


Na contramão da educação básica de qualidade

Em entrevista exclusiva, Gabriel Corrêa, diretor de políticas públicas do Todos Pela Educação fala sobre a equivocada e polêmica decisão do governo paulista de abrir mão do PNLD 2024 e sobre o uso de conteúdos digitais.

Mário César de Camargo presidirá o Rotary International

A ideia inicial era ser diplomata, mas ele se transformou em um dos principais líderes da indústria gráfica nos anos 1990 e 2000. Agora, Mário César se prepara para assumir a presidência do Rotary International na gestão 2025/26.

Está na hora de mudar a cultura empresarial

O consultor Hamilton Costa fala da necessidade da mudança como estratégia de enfrentamento dos desafios atuais no mercado gráfico. Ele defende que é preciso repensar a forma de atuação, captação e manutenção dos clientes.

Ao livro, com total carinho e paixão

Jorge Maldonado, presidente da Afeigraf, faz uma emocionada declaração de amor ao livro, pontuando sua relação com a leitura em várias etapas de sua vida, nas quais os livros impressos foram fundamentais.

Cenários inóspitos e belos nas fotos de Marina Klink Fotógrafa de natureza e defensora da pauta ambiental, Marina Klink gera imagens impactantes de grande beleza, que levam o observador a lugares praticamente inacessíveis, enfatizando a necessidade da preservação.

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Vem aí a nova versão da ISO 12647‑2

Para abarcar as novas e crescentes aplicações da impressão, em 2024 será publicada a nova versão da norma mais importante do TC‑130, em substituição à atual, de 2013. Confira as novidades no artigo de Bruno Mortara.

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CONTEÚDO DESTA EDIÇÃO Editorial/Julião Flaves Gaúna ����������������������������3 Rotativa/Noticiário Geral �����������������������������������6 Sistema Abigraf ��������������������������������������������������� 14 Entrevista/Gabriel Corrêa �������������������������������� 16 Escolar Office Brasil ������������������������������������������� 18 História Viva/Mário César de Camargo ����� 20 Especial Drupa/Montserrat Petit ����������������� 24 Heidelberg 100 Anos ���������������������������������������� 26 Gestão/Hamilton Terni Costa ������������������������ 28

Livros/Jorge Maldonado ��������������������������������� 32 Tecnologia/NSG01 Ecologic ��������������������������34 Norma ISO 12647-2/Bruno Mortara ����������� 36 Revista PAN �����������������������������������������������������������40 Podcast/Ondas Impressas ������������������������������ 42 Fotografia/Marina Klink �����������������������������������44 Conexão Brasília/Roberto N. Ferreira ��������48 Raízes/Livraria Teixeira ������������������������������������� 49 Mensagem/João Scortecci ����������������������������50 julho/setembro 2023

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ROTATIVA

Jandaia Cadernos aumenta automação na produção

Dando importante passo para

Nova máquina Bobst de hot stamping para hologramas Há dois anos, a Bobst lançava a Novafoil 106, sua primeira máquina de hot stamping em linha, uma opção avançada de crossfoiling. Agora, a fabricante apresenta uma nova versão do mesmo modelo, destinada à aplicação de hologramas. Compacta, com um sistema de aplicação completamente redesenhado, a Novafoil 106 H oferece aos convertedores máxima flexibilidade e eficiência para a transferência de hot stamping com hologramas. Consciente das necessidades específicas da aplicação de hologramas, a Bobst desejava oferecer uma opção para os convertedores especializados na área de transferência a

VinilSul inaugura nova unidade em Blumenau 6

quente. O resultado é um novo sistema com módulos de holograma individuais, que podem ser montados em trilhos na Novafoil 106. Com até dois trilhos e cinco módulos cada, dez bobinas de holograma com largura máxima de 100 mm agora podem converter trabalhos que antes exigiam duas passadas, em uma única. Para assegurar uma qualidade perfeita e zero defeitos, a Novafoil 106 H foi equipada com um registro para cada bobina. O avanço do filme é controlado por um sistema eletrônico e os eixos de avanço com rolos de pressão garantem a perfeita tensão do filme. www.bobst.com

Distribuidora de equipamentos e suprimentos para comunicação visual, estamparia digital e refletivos, a VinilSul anunciou em 30 de agosto a inauguração da sua nona unidade no País, na cidade de Blumenau, Santa Catarina. Trata-se da segunda unidade no Estado (já há uma estrutura em Florianópolis) e

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maior automação na sua linha de produção, a Jandaia Cadernos, pertencente ao Grupo Bignardi, amplia o seu parque gráfico com o primeiro modelo DA 370 Kolbus instalado em nosso país. O inédito equipamento foi fornecido pela Müller Martini Brasil, representante exclusiva da Kolbus no território nacional. Com a aquisição, a Jandaia pretende incrementar ainda mais a fabricação das suas

capas de cadernos e livros, incorporando a automação avançada, alta velocidade e versatilidade proporcionadas pela DA 370. Os principais recursos garantidos pelo equipamento são: ajuste de formato durante a produção em execução; fluxo de trabalho digital através de interfaces; ajuste flexível do fluxo de trabalho digital; e gestão de resíduos como parte integrante da máquina. www.mullermartini.com.br

Envelope de proteção de papel facilita e-commerce Produtora mundial de embalagens e soluções de proteção, a See, indústria que criou o sistema de plástico bolha, ampliou seu portfólio no Brasil com o lançamento do Paper Bubble Mailer, envelope de proteção com bolhas internas para amortecimento, feito 100% em papel e totalmente reciclável. A nova solução une o potencial sustentável do papel reciclável com a tecnologia de amortecimento Bub­ble Wrap, desenvolvida pela See há mais de 60 anos. Os novos envelopes são uma alternativa ao uso de caixas de papelão para segmentos como vestuário, saúde, beleza, eletrônico e outros. Solução

tem como objetivo atender o segmento de sinalização e de confecções do interior catarinense e sobretudo do importante polo têxtil existente na região de Blumenau. A nova unidade possui estrutura comercial, técnica, logística e estoque para fornecer suprimentos e equipamentos de comunicação

de fácil manuseio, segundo a fabricante, o uso desses envelopes de papel, com sua estrutura acolchoada, elimina a necessidade de materiais de preenchimento, reduz o custo do frete e eleva a eficiência operacional nos centros de fulfillment, exigindo menos etapas de embalagem, em comparação às caixas de papelão. www.sealedair.com

e estamparia digital. Está dotada também de showroom, para demonstração e testes de equipamentos de tecnologia solvente, sublimática e direta em tecido (DTG/DTF) das marcas Epson e Lyiu, com suporte direto das equipes técnica e comercial. www.vinilsul.com.br


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ROTATIVA

Folhas de papel antiderrapante substituem filme stretch

Blendpaper lança Colorplus Egito na Mega Artesanal Uma das maiores feiras de arte- dos Embaixadores da Marca, sanato do mundo, a Mega Artesanal recebeu 120 mil visitantes, de 28 de julho a 2 de agosto, no São Paulo Expo, e foi palco do lançamento do papel Colorplus Egito, produzido pela Blend­ pa­per na centenária Fábrica de Salto, no Estado de São Paulo. No estande da Blendpaper, com uma decoração temática da terra dos faraós, a beleza da instalação, com cores vibrantes e peças exclusivas, atraiu grande número de visitantes, que puderam vivenciar toda a magia e mistério do antigo império egípcio. Ao longo dos seis dias do evento, a empresa realizou 37 oficinas em seu estande, proporcionando aprendizado e entretenimento para mais de 800 pessoas. Conduzidas por profissionais experientes, as oficinas contaram com a participação

Roland DG entra no mercado de papel de parede Fabricante de impressoras jato de tinta de grandes formatos e equipamentos de corte, a japonesa 8

que compartilharam técnicas e dicas especiais para a utilização do Colorplus Egito. Durante o evento, a fabricante teve a possibilidade de estabelecer novas conexões e parcerias, particularmente, no mercado de papelaria e artesanato. “A Mega Artersanal é sempre um momento especial para nós, e este ano não foi diferente. Levar o ambiente do Egito para o evento e apresentar o papel Colorplus Egito foi uma experiência inesquecível. Estamos encantados com a receptividade do público e empolgados com as parcerias firmadas durante o evento. Isso nos motiva a continuar inovando e oferecendo produtos que inspiram a criatividade”, afirmou Arnaldo Padulla, gerente de Mar­ke­ting da Blendpaper. www.blendpaper.com.br

Roland DG Corporation adquiriu 50,1% da UAB Dimense Print, subsidiária da UAB Veika, com sede em Vilnius, Lituânia, detentora de tecnologia química e de solução de estampagem de impressão digital para a indústria de papel de parede. A crescente demanda por personalização e o potencial de crescimento desse tipo de produto atraíram a Roland DG para entrar no segmento.

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Mais de 100 empresas na América do Sul estão usando uma tecnologia que garante ganhos expressivos em desempenho e sustentabilidade, substituindo toneladas de plástico (filme stretch) por folhas de papel antiderrapante. A solução foi desenvolvida para movimentação de cargas dentro de armazéns, centros de distribuição ou até mesmo no transporte externo, situações que exigem estabilidade para as pilhas unificadas de produtos em paletes. “Quando o palete é transportado, os itens podem se deslocar, por isso as grandes empresas usam o filme stretch para estabilizar a carga. As nossas folhas dispensam o uso do plástico porque são antiderrapantes e não deixam a carga deslizar ou virar”, explica Márcio Fritz, diretor da CGP

Fundada em 1991, a Veika começou fabricando ampla gama de materiais para a indústria de papel de parede. Em 2012, mudou o foco para a impressão digital, com a produção de impressoras jato de tinta solvente e papel de parede em PVC. Tendo em vista a proteção ambiental, passou a produzir sem PVC, criando o Ecodeco, uma base sem plastificante para a elaboração de papel de parede gravado

Coating Innovation Brazil, unidade brasileira criada há quatro anos e fabricante das folhas, que faz parte do grupo da indústria francesa CGP, fundado em 1918. O diretor acrescenta: “As folhas são reutilizadas diversas vezes no processo de logística e, quando descartadas, são recicláveis, a exemplo de 85% das embalagens de papel no Brasil. Por outro lado, a reciclagem do plástico não chega a 25% na média e boa parte do stretch descartado no trabalho diário será transformado em lixo. Em um grande centro de distribuição no Sul do País, o uso das folhas antiderrapantes proporcionou uma economia de 46 toneladas de filme, ou mais de R$ 500 mil ao ano para o cliente”. www.cgp-coating.com

em relevo a quente. Dispõe também da impressora de grande formato Dimense, que utiliza tintas e substratos ecológicos. Parceiras desde 2015 e unidas agora societariamente, a experiência da Roland DG na fabricação de impressoras, com sua rede de distribuição em todo o mundo, se soma ao know-how da Veika no desenvolvimento de tintas e mídias. www.rolanddg.com.br


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ROTATIVA

Congraf integra Pacto Global da ONU no Brasil Em agosto, a Congraf Embalagens

Com apoio da Papirus, Limeira recebeu o Pimp My Carroça Conduzido pela ONG do mesmo nome, o “Pimp My Carroça” é um programa criado em 2012 com o objetivo de apoiar os catadores de materiais recicláveis e aumentar sua renda por meio da arte, sensibilização, tecnologia e participação coletiva, através da reforma de suas carroças. No dia 19 de agosto, no Parque Cidade Limeira, a prefeitura municipal promoveu o “Vem Cuidar”, ação realizada para conscientizar crianças e adultos sobre atitudes sustentáveis. Durante o evento, cinco carroças foram tratadas e pintadas por cinco artistas e entregues em boas condições aos catadores para que possam realizar melhor seu trabalho no recolhimento de materiais recicláveis. Na oportunidade, os catadores também receberam um kit com diversos itens de equipamentos de segurança, incluindo vestimentas com faixas refletivas, par de luvas, máscaras, cordas, balança de mão, cadeado e capa de chuva, entre outros itens. Pela quarta vez, a Papirus deu seu apoio ao programa, tendo já contribuído para reformar 15 carroças em ações realizadas nas cidades de Limeira e Americana, ambas no interior paulista. “A Papirus e os catadores são elos importantes da economia circular, cujo trabalho conjunto é fundamental para evitar que o material reaproveitável se perca nos aterros”, declara Amando Varella, CoCEO e diretor Comercial e de Mar­ke­ting da Papirus. O “Pimp My Carroça” já ajudou mais de 5.900 catadores, em 55 cidades, de 16 países. No Brasil, a ação já aconteceu também em São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Curitiba/PR, Jacareí/SP, Recife/PE, Salvador/BA, Bragança Paulista/SP, Cuiabá/MT, Manaus/AM, Brasília/DF e Recife/PE. Em outros países, o evento já teve lugar nas cidades colombianas de Cali, Bogotá e Medellin, e em Quito, Equador. www.pimpmycarroca.com

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como missão engajar o setor pritornou-se signatária do Pacto Glo- vado diante dos Objetivos de Debal da ONU no Brasil. O Pacto Glo- senvolvimento Sustentável (ODS). bal da ONU, criado em 2000, está “Estar entre as empresas signatápresente em 170 países. No Bra- rias do Pacto Global da ONU, inisil, desde 2003, está consolidado ciativa fundamental para o desencomo a terceira maior rede local, volvimento da nossa sociedade, com mais de 1.600 participantes e contempla todos os nossos esformais de 40 projetos relacionados a ços nas diversas áreas de sustentópicos como Água e Saneamen- tabilidade. Estamos inseridos em to, Alimentos e Agricultura, Ener- uma grande cadeia produtiva e tegia e Clima, Direitos Humanos e mos consciência que nossas ações Trabalho. Anticorrupção, Engaja- reverberam diretamente no resulmento e Comunicação. O objeti- tado global dessa cadeia. Agora, vo da ONU é mobilizar a comu- temos a responsabilidade de ennidade empresarial na adoção e gajar parceiros e demais lideranpromoção de iniciativas dentro ças corporativas nesse sentido”, redesses princípios universais. Ou- lata Sidney Anversa Victor Júnior, tro aspecto importante do Pac- diretor de Operações da empresa. to Global é que ele também tem www.congraf.com.br

EFI apresenta nova impressora Nozomi

D isponível ainda neste ano,

foi anunciada na Fespa Global Print, em Munique, Alemanha, a EFI Nozomi 14000 ‑SD, impressora jato de tinta de passagem única, em modelo básico flexível de 4 cores e 1,40 metro de largura. Ela imprime em papel, mídia sintética e placas, em velocidade de até 30 metros lineares por minuto, o que possibilita uma produção de até 740 folhas de 1,40 × 2,40 metros por hora. De acordo com a EFI, as gráficas de comunicação visual e sinalização podem ganhar a capacidade

e velocidade necessárias para substituir vários dispositivos com cabeçote de digitalização, que geralmente exigem um ou dois operadores em cada dispositivo, por uma única linha de produção Nozomi manejada somente por duas pessoas. Havendo aumento na demanda, poderá ser acelerado e automatizado totalmente o carregamento com um sistema de visão e inspeção, aumentando a produtividade para cerca de 70 m/min, ou 1.845 folhas por hora. www.efi.com



ROTATIVA

MP28 impulsiona capacidade produtiva da Klabin

Principal marco da segunda eta- da Klabin, a MP28, máquina de papa do Projeto Puma II, que contou com um investimento de R$ 12,9 milhões, o maior da história

pel-cartão mais moderna do mundo, teve o início de operações em julho. Projetado com tecnologia

Quadrinhos da Mônica comemoram 60 anos

Personagem criada há seis décadas por Mauricio de Sousa, Mônica ultrapassa gerações e se tornou referência de força, amizade e coragem para as crianças do Brasil. Como parte das comemorações, o autor participou da mesa de abertura da Bienal 12

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Internacional do Livro do Rio de Janeiro, para celebrar os 40 anos do evento, ao lado de autores que fizeram parte dessa história. Entre outras ações, como atividade especial, a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro escolheu seis escolas para receberem tiras em comemoração aos 60 anos da Mônica. Cada escola coloriu uma década da personagem, representada em dez tiras. Todas as 60 tirinhas ficaram expostas na Bienal. A Mauricio de Sousa Produções esteve representada pelas editoras parceiras Boa Nova Livros Espíritas, Ciranda Cultural, Cortez Editora, Ediouro, Editora Ave-Maria, Editora Melhoramentos, Estrela Cultural, Faro Editorial, Girassol Edições, Grupo Editorial Record, Hapercollins Brasil, Lion Editora, Online Editora e Panini. www.turmadamonica.com.br

avançada e elevado grau de automação, o equipamento foi instalado na Unidade Puma, no Paraná, para produzir cartões com mais resistência e qualidade, como os das embalagens longa vida, de cervejas em latas e garrafas e de alimentos industrializados. Com a MP29, a empresa amplia sua atuação no setor de food service e passa a atender também novos mercados a partir da produção de papel-cartão branco. A nova máquina eleva a capacidade produtiva da Klabin para 4,7 milhões de toneladas anuais de celulose e papel, consolidando a companhia como uma das maiores produtoras globais de papel-cartão. www.klabin.com.br

A jornada dos livros em campanha da FSC Brasil Campanha “A Floresta que me Habita”, desenvolvida pela FSC Brasil, celebra o manejo florestal sustentável na cadeia produtiva dos livros. O primeiro vídeo da campanha foi apresentado no dia 8 de agosto e desvenda como são feitos os livros. O objetivo é mostrar como as florestas estão conectadas ao nosso dia a dia e aos grandes prazeres da vida, como a leitura. Com ajuda da poetisa Renata Dalmora, o FSC Brasil conta a história do papel, da floresta até as nossas mãos. No Brasil, a produção de papel não causa desmatamento, tendo como principal matéria-prima a celulose extraída de árvores cultivadas e materiais reciclados. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores, Ibá, a produção de celulose no nosso país, em 2022, bateu recorde de 25 milhões de toneladas, assim como a produção de papel, que atingiu 11 milhões de toneladas. Atualmente, são quase 10 milhões de hectares de árvores cultivadas, seis milhões dos quais certificados pelo FSC Brasil. Além disso, o Brasil tem uma das maiores taxas de reciclagem de papel do mundo (66,7%) e, com relação à água, já houve uma queda de 75% no uso do recurso desde a década de 1970. www.br.fsc.org/br-pt/a-floresta-que-me-habita


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Eficiência pura e simples Acabamento de livros em lombada quadrada com alto nível de automação e maior rentabilidade. O mercado de livros em lombada quadrada está mudando: Tiragens estão diminuindo drasticamente! Ao mesmo tempo títulos impressos de modo digital estão ganhando espaço, pedindo nova tecnologia em acabamento: Finishing 4.0 com “Motion Control”.

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REGIONAIS EM AÇÃO

Abigraf Regional Rio Grande do Sul Voltamos a realizar o Prêmio Gaúcho de Excelência Gráfica, na sua 16ª edição, após 3 anos de hiato devido à pandemia, com mais de 350 impressos inscritos, de 17 empresas. No dia 1º de setembro, ocorreu a Mostra de Produtos Concorrentes e cerimônia, na Federação das Indústrias no Estado do Rio Grande do Sul. Foram 40 categorias em disputa, em 10 segmentos gráficos, cujo troféu ganhou um novo lay­out. O projeto Conexão Gráfica (que unificou a comunicação das nossas entidades em 2020) fornece muito conteúdo nas redes digitais, informativo, newsletters e muito mais. Por meio de convênio com o Senai‑RS, os alunos aprendem na prática todos os processos gráficos ao fazerem a impressão do nosso informativo. No dia 28 de julho, a Abigraf‑RS completou 56 anos de fundação e, em 29 de agosto, o Sindigraf‑RS celebrou 82 anos de muito trabalho, para o desenvolvimento e o bem comum de nossas empresas associadas. Sigamos unidos, pois juntos podemos mais!

Gerar conexões para uma indús-

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roque@graficatriangulo.com.br

Foto: Jorge Scherer/Abigraf‑RS

tria gráfica cada vez mais forte é o intuito da gestão 2023–2025 da Abigraf‑ RS e do Sindigraf‑ RS, na qual sigo como presidente desde 2020. Ainda sentimos os reflexos da pandemia da Covid-19, além das estiagens, dos ciclones e das enchentes no Rio Grande do Sul, mas o associativismo nos move, em prol do setor. Retomamos as programações presenciais no dia 9 de março, apresentando um evento inédito: o Empresários em Conexão, com o painel “Mulheres na Indústria Gráfica: desafios e conquistas”, reunindo as diretoras Fernanda Saenger, da Caeté Embalagem (Campo Bom), Eleonora Duarte, da Gráfica Centhury, e Andrea Paradeda, da River Print (ambas de Porto Alegre). Com 30 participantes, de 20 gráficas de diversas regiões do Estado, realizamos uma caravana rumo à Fespa 2023, em São Paulo, nos dias 21 e 22 de março. Empresas associadas tiveram um pacote exclusivo, com transporte aéreo e hospedagem, entre outros benefícios, e desconto especial, graças ao subsídio ofertado pelas entidades. Ainda fechamos a negociação coletiva de trabalho 2023, em abril, garantindo a defesa de interesses e a segurança jurídica necessárias à categoria. Nos cursos da Abitec, além dos 50% de desconto destinados às gráficas associadas, quem faz três capacitações ganha a quarta de graça. Também há reembolso de até 90% em qualificações do Centro de Formação Profissional Senai de Artes Gráficas Henrique D’Ávila Bertaso e 15% de desconto em consultorias técnicas.

ROQUE NOSCHANG Presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica – Regional Rio Grande do Sul (Abigraf‑RS) e do Sindicato da Indústria Gráfica no Rio Grande do Sul (Sindigraf‑RS)

REVISTA ABIGRAF julho/setembro 2023

A energia do associativismo

remoto irá refletir em nossas decisões como associação. Ano após ano, temos nos preocupado em proporcionar condições para que os empresários gráficos catarinenses tenham condições de participar dos mais diversos eventos e feiras direcionados ao nosso setor, através de caravanas, promoção de parcerias, oferta de cursos e muito mais. Por fim, quero destacar a realização da quinta edição do nosso Prêmio Catarinense de Excelência Gráfica Vitor Mário Zanetti. Uma das mais jovens premiações regionais do Brasil, tem projetado o parque gráfico catarinense pelo alto nível de qualidade, independentemente do porte da empresa, mostrando a força da indústria gráfica catarinense e a excelência empregada em tudo o que faz! Diante disso, só posso parabenizar a todos os envolvidos e agradecer à Abigraf Nacional e às regionais que sempre nos apoiaram, contribuindo para a construção de um setor mais competitivo, atualizado com as tendências do mercado e consciente de sua importância para a economia e a sociedade.

O

ser humano é sociável por natureza e atua em grupo desde as origens das civilizações. No início, os objetivos eram melhorar a segurança, a obtenção de alimentos, moradias e a elevação das condições de vida. Nos tempos modernos, uma das propostas do associativismo é integrar empresas e empreendedores para fortalecer segmentos, compartilhar conhecimento, buscar soluções conjuntas para problemas comuns e ampliar sua representatividade perante o mercado e as autoridades, consolidando-se como um princípio essencial para o desenvolvimento sustentável das indústrias e dos negócios. O associativismo também permite o fortalecimento da cadeia produtiva como um todo, possibilita a criação de redes de colaboração e incentivo à competitividade saudável entre os membros, que acabam impulsionando a inovação e o aperfeiçoamento contínuo, acelerando conquistas. Em momentos de crise e incertezas, quando as organizações precisam superar contextos desafiadores, somar forças e ideias com aqueles que têm objetivos semelhantes pode fazer toda a diferença. A Abigraf Santa Catarina iniciou sua história há 54 anos. Foram muitas as conquistas que, inclusive, resultaram em um livro de mais de 200 páginas. Mas, dentre tantas, gosto de destacar a representatividade das diversas regiões do Estado, através da participação de todos os presidentes dos oito sindicatos empresariais em nossa diretoria. Nada passa despercebido e o que acontece no recôndito mais

evandro@graficavolpato.com.br

Foto: Verum Fotografia

Juntos, somos mais fortes

Abigraf Regional Santa Catarina

EVANDRO VOLPATO Presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica – Regional Santa Catarina (Abigraf‑SC)


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ENTREVISTA Por: Tânia Galluzzi

Gabriel Corrêa

“A formação de professores é uma agenda urgente”

N

o dia 31 de julho, uma notícia co‑ locou o mercado editorial e os pro‑ fissionais da educação em polvo‑ rosa. O governo do Estado de São Paulo decidiu dispensar os livros do Progra‑ ma Nacional do Livro e do Material Didáti‑ co, PNLD 2024, para o Fundamental 2. E mais. Os alunos da rede estadual do 6º ao 9º ano só usariam conteúdo digital, produzido pelo próprio governo paulista. O anúncio provocou uma forte reação ne‑ gativa, que escalou nas duas semanas seguin‑ tes, com intensa movimentação das entidades representativas da cadeia produtiva do livro, em especial a Abigraf, a Abrelivros (Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais),

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a CBL e o Ibá. Depois de idas e vindas, no dia 16 de agosto, após decisão da Justiça obrigan‑ do a permanência do Estado no PNLD, o gover‑ no paulista voltou atrás e anunciou a desistên‑ cia de sair do programa. O imbróglio colocou o livro impresso em evidência, suscitando dis‑ cussões. Esse é o mote de nossa conversa com Gabriel Corrêa, diretor de políticas públicas do Todos Pela Educação, uma das principais orga‑ nizações do terceiro setor no País, focada no aprimoramento das estratégias governamen‑ tais de educação. Com graduação e mestrado em Economia, Gabriel trabalhou na Secreta‑ ria de Educação do Estado de São Paulo, e fala nesta entrevista sobre o uso de conteúdo digi‑ tal, sobre o PNLD e a formação de professores.


Qual a sua avaliação do episódio dos livros didáticos em São Paulo? Foi um extremo equívoco. O grande objetivo da Secretaria de Educação deveria ser garan‑ tir a aprendizagem de todos os estudantes, e o primeiro erro foi achar que isso aconteceria substituindo o material impresso pelo digital. E um segundo erro foi acreditar que, para ali‑ nhar elementos pedagógicos, como o currículo, as avaliações e a formação dos alunos, é preciso renunciar ao PNLD. Quantas escolas estaduais em São Paulo têm acesso à internet? O acesso à internet nas escolas paulistas de fato evoluiu muito nos últimos anos. Entre as esco‑ las da rede pública, 97,2% afirmaram ter aces‑ so à internet em 2022. Só que isso não deveria ser o indicador utilizado para assumir que esta‑ mos todos preparados para ir para um modelo digital, porque o estudante não acessa aos ma‑ teriais pedagógicos só na escola. A gente sabe que, por mais que a população esteja conecta‑ da, as possibilidades de uso de aparelhos tec‑ nológicos ainda são muito limitadas. Além dis‑ so, é preciso pensar de que forma esse material será utilizado, quanto tempo o estudante vai passar na frente das telas. Temos de avançar com uma visão de complementariedade. O im‑ presso é muito importante. A tecnologia tem que vir para somar, para apoiar o trabalho do professor, para melhorar o aprendizado. Como o Todos Pela Educação enxerga o uso de novas tecnologias nas escolas? As experiências positivas mostram, especial‑ mente as internacionais, que em primeiro lugar você tem que definir o currículo, o que se quer ensinar para os estudantes. E, a partir daí, ana‑ lisar como a tecnologia pode ajudar. Por exem‑ plo, antes de oferecer dispositivos móveis aos alunos, é necessário formar o professor para que ele use os recursos como um apoio para alcançar suas metas. O governo estadual argumentou que o material exclusivamente digital possibilitaria o controle e unificação do conteúdo. Essa estratégia traria algum benefício? A gestão educacional baseada em comando e controle não dá certo. É comprovadamen‑ te ineficiente e ineficaz. O que é preciso fa‑ zer é dar coesão, coerência. Não podemos ter cada escola ou cada professor decidindo o que

trabalhar com seus estudantes. Por isso, um currículo para toda a rede é fundamental. Mas articulação não significa comando e contro‑ le. Os professores deveriam ter a liberdade de, conhecendo os materiais e as habilidades que eles precisam desenvolver, adaptar suas dife‑ rentes estratégias pedagógicas para chegar ao objetivo traçado. Em entrevista ao podcast Estadão Notícia, a presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, ressaltou a importância de se investir na formação dos professores, criticando o uso indiscriminado do ensino à distância. Qual a situação hoje? Qua ndo fa la‑ mos na forma‑ ção de profes‑ ANO APÓS ANO TEM sores , temos AUMENTADO A PARCELA de lembrar que DE PROFESSORES est a mos pre ‑ FORMADOS EM CURSOS pa ra ndo pro ‑ EXCLUSIVAMENTE A fissionais para uma atuação DISTÂNCIA. OU SEJA, que t em u m NA FORMAÇÃO DE caráter prático PROFESSORES, O muito impor‑ BRASIL ESTÁ INDO tante, que atua‑ NA CONTRAMÃO DO rão em sala de QUE PRECISAMOS aula. As expe‑ riências ao re‑ PARA GARANTIR UMA dor do mundo EDUCAÇÃO BÁSICA têm mostrado DE QUALIDADE. que, para de‑ senvolver nos f utu ros pro‑ fessores competências de como dar uma boa aula, os elementos práticos são fundamentais e têm de ser desenvolvidos ao longo da gradua‑ ção. Quando olhamos para o Brasil, ano após ano tem aumentado a parcela de professores formados em cursos exclusivamente a distân‑ cia. Ou seja, na formação de professores, o Bra‑ sil está indo na contramão do que precisamos para garantir uma educação básica de qualida‑ de. São cursos de baixíssima qualidade, em que os estudantes ficam assistindo vídeos online e fazendo provas em PDF. Hoje, mais de 70% dos alunos que ingressam em cursos de formação de professores estão na modalidade EAD. Essa é uma agenda urgente, que precisa avançar no Brasil, porque diz respeito ao futuro da nossa educação e aos profissionais que estarão nas escolas formando crianças e adolescentes. julho/setembro 2023

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ESCOLAR 2023

Público recorde na 35ª- Escolar Office Brasil

V

erdadeira vitrine dos segmentos de papelaria, materiais escolares, de escritórios e organização, a 35ª Escolar Office Brasil recebeu, de 6 a 9 de agosto, no Expo Center Norte, em São Pau‑ lo, 22 mil visitantes, número 40% superior ao registrado na edição de 2022. Do públi‑ co total, 66% eram varejistas, entre os quais a sensação dominante foi de um clima positivo para o fechamento de negócios. Como sempre acontece, um dos des‑ taques da feira foi a Rodada de Negócios, que reuniu em um espaço privativo 65 em‑ presas vendedoras e 26 compradoras. A ex‑ pectativa é que as reuniões e acordos fe‑ chados nesta programação gerem mais de R$ 12,5 milhões em volume de negócios nos próximos 12 meses. “O sucesso de público e os resultados da Rodada de Negócios desta Escolar Office mostram que o segmento de papelaria está se reestruturando e acom‑ panhando as mudanças de mercado, por meio da criação e oferta de soluções para as novas demandas que surgiram depois da pandemia. A feira existe para gerar bons negócios e, neste ano, atingimos esse obje‑ tivo com bastante êxito”, afirma Fernando Ruas, diretor de Negócios da Francal Fei‑ ras, realizadora e organizadora do evento.

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Além do recorde de visitantes, Fernan‑ do Ruas também comemora o crescimento no número de expositores, de 138, em 2022, para 190, em 2023, com lista de espera de aproximadamente 30 marcas interessadas em participar da edição de 2024, além do retorno de grandes protagonistas ao even‑ to. “Para o próximo ano, prepararemos uma nova configuração da feira para abraçar to‑ das as empresas que quiseram estar conos‑ co, mas não foi possível por uma questão de espaço físico”, comenta Ruas. Considerada a principal feira desses seg‑ mentos, a Escolar Office Brasil tem apoio institucional da Abigraf‑SP, Abiacav, Abfiae, Anpop Brasil, Brasil Escolar e Simpa.

Abigraf promove Cartão Material Escolar A Abigraf, como acontece todos os anos,

marcou presença na Escolar Office Brasil 2023. Em parceria com a prefeitura de São Paulo e a Secretaria da Educação, a entidade colaborou na promoção do Cartão Material Escolar, iniciativa que funciona na capital paulista há dois anos e vem ganhando espaço em outras cidades, inclusive de outros Estados. Grande destaque no estande da Abigraf, ele possibilita à família dos alunos a aquisição dos materiais escolares para seus filhos, por meio de um cartão aplicativo, diretamente nas papelarias cadastradas pela Secretaria da Educação. O apoio da entidade, em razão da sua representatividade, é fundamental para impulsionar o programa, segundo Vanessa Carvalho, coordenadora dos programas de Uniforme e Material da Secretaria da Educação. Durante os quatro dias do evento, as profissionais da Secretaria estiveram presentes no estande, explicando aos visitantes como funciona o Cartão e orientando lojistas do ramo de papelaria da capital e de outros municípios em como

No dia 8 de agosto, no Palco Escolar Experience, a Abigraf promoveu um grande painel para discutir o Cartão Material Escolar. Participaram (E/D): João Scortecci, presidente da Abigraf‑SP; Sidnei Bergamaschi, CEO da Tilibra e presidente da Abfiae; Eduardo Castro, da Adispa‑RJ; Fernando Alves de Campos, proprietário da Femapel Papelaria; Vanessa Conde Carvalho, coordenadora dos programas de Material e Uniforme da Secretaria da Educação da Cidade de São Paulo; e Marcia Alves, executiva da Adispa e mediadora dos debates

implementar a iniciativa em suas cidades. Ricardo Marques Coube, João Scortecci e Julião Flaves Gaúna, presidentes, respectivamente, do Sindigraf‑SP , Abigraf São Paulo e Abigraf Nacional, estiveram presentes, fortalecendo a parceria das entidades com a feira, que dura desde a primeira edição da Escolar, em 1987.



HISTÓRIA VIVA Texto: Tânia Galluzzi

Mário César de Camargo

Um dos principais líderes da indústria gráfica nas décadas de 1990 e 2000, Mário César Martins de Camargo usou suas habilidades naturais a favor do desenvolvimento do setor. Agora, ele se prepara para colocar todo o seu repertório a serviço do bem coletivo como presidente do Rotary International.

Diplomata da letra impressa

Foto feita para o Yearbook da High School Mounds View, Minnesota/EUA, em 1975, aos 18 anos, ainda com fartos cabelos

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M

ário César Martins de Camargo queria ser diplomata. Atri‑

butos não lhe faltavam. Com o avô, Manuel Martins, funcioná‑ rio público com dupla formação, aprendeu a valorizar o trabalho, a correção e o respeito ao próximo. Com a mãe, a professora Maria José, desenvolveu a capacidade de se comunicar de forma precisa e atenta. Mas nesse rol de boas influências, falta uma figura determinante: o pai, Mário de Camargo. Do fundador da gráfi‑ ca Bandeirantes, Mário César herdou a paixão pela letra impressa e pelos estudos. Para seguir os passos dele e ajudar o patriarca na condu‑ ção da empresa da família, Mário César aban‑ donou a ideia de representar oficialmente seu país e tornou-se gráfico.

Só que a diplomacia nunca desistiu de Mário Cesar. A liderança natural, a articulação e a ha‑ bilidade de motivar as pessoas fizeram dele um dos principais líderes do setor, respeitado nacio‑ nal e internacionalmente. Essas mesmas com‑ petências, aliadas a décadas de experiência no trato com grupos diversos, colocaram-no numa posição muito semelhante à de um diplomata. Aos 66 anos, Mário César será o próximo presi‑ dente do Rotary International no ano 2025–26. Mais velho de quatro irmãos, em 1974 Má‑ rio estava prestes a entrar para a Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janei‑ ro, encadeamento natural para os que cursam a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas, quando optou pelo programa de intercâmbio de jovens promovido pelo Rotary


em Minnesota, nos Estados Unidos. Mário de Camargo havia sido rotariano e apontou o caminho para o primogênito. Um ano depois, já de volta a São Paulo, Má‑ rio César entrou para o curso de Administra‑ ção de Empresas na Fundação Getúlio Vargas, FGV, formando-se em 1979. Nesse ínterim hou‑ ve tempo para uma estadia na Alemanha. Para fazer o filho esquecer de vez o sonho de ser di‑ plomata, o pai incentivou-o a fazer um estágio no país europeu, na fábrica da Manroland, em Offenbach. A estratégia deu certo. Concluída a faculdade, aos 22 anos Mário César tornou-se sócio do pai na Bandeirantes, gráfica de 40 fun‑ cionários em São Bernardo do Campo, na Re‑ gião Metropolitana de São Paulo, ingressando na área de custos. “Em 1980, o diretor de vendas pediu demissão e meu pai falou: ‘aqui dentro só tem custos, as receitas estão todas lá fora, você tem de fazer contato com os clientes’ ”, conta o ex-candidato à vida diplomática.

Na solenidade de inauguração da sede própria do Sindigraf-SP/Abigraf, na Rua do Paraíso, (E/D): Hamilton Terni Costa, presidente da ABTG; Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente licenciado da Fiesp/Ciesp; Max Schrappe, presidente da Fiesp/ Ciesp e do Sindigraf‑SP/Abigraf Nacional; e Mário César, presidente da Abigraf‑SP

Com os irmãos (E/D): Antônio de Pádua e Manoel Carlos

Foi o pai, Mário de Camargo, que o inspirou e incentivou para entrar na indústria gráfica e fez dele seu sócio na gráfica Bandeirantes, em São Bernardo do Campo/SP, aos 22 anos

Também no início da década de 1980, Má‑ rio César casou-se com Denise e começou a fre‑ quentar o Rotary Club de Santo André, moti‑ vado pelo desejo de retribuir à sociedade um pouco do que dela recebia. Logo assumiu o pos‑ to de dirigente de Intercâmbio de Jovens do seu clube, exercendo uma série de funções e galgan‑ do a hierarquia de uma instituição centenária. Mário César levou para a vida, como em‑ presário, o espírito do trabalho voluntário e da responsabilidade compartilhada, participan‑ do das entidades do Sistema Abigraf. Em 1988 foi eleito para o seu primeiro mandato no se‑ tor, como presidente da ABTG, função exercida até 1992. Três anos depois assumiu o coman‑ do da Abigraf Regional São Paulo, cargo que

Os pais, Mário e Maria José de Camargo, no Tamoyo Hotel, em Águas de Lindoia, por ocasião do 1º Congresso Brasileiro da Indústria Gráfica, no qual foi fundada a Abigraf Nacional. Junho de 1965.

cumpriu até 2001, quando tomou as rédeas da Abigraf Nacional. Em 2004 passou a acumular a função com a de presidente do Sindigraf‑SP, gestão encerrada em 2010. Mário César deixou a presidência da Nacional em 2008, porém vol‑ tou em 2009 em razão da saída do então presi‑ dente, Alfried Plö­ger, encerrando em 2011 uma série de profícuas gestões. julho/setembro 2023

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Posse como governador do Distrito 4420 do Rotary Club, em solenidade realizada no dia 1º de julho de 1999, no Clube Atlético Aramaçan, em Santo André

Na ABTG, entre outras iniciativas, Mário foi um dos incentivadores do Prêmio de Exce‑ lência Gráfica, cuja primeira edição aconteceu em 1991. Como dirigente setorial e empresá‑ rio (em 1992, o pai vendeu sua participação na Bandeirantes aos sócios: os filhos Mário César, Antônio de Pádua e Manoel Carlos, e o genro Roberto Takara), ele vivenciou todas as trans‑ formações tecnológicas pelas quais a indústria gráfica e a mídia impressa passaram. Apostan‑ do na produção de guias e manuais, fez a gráfi‑ ca saltar de um faturamento anual de R$ 8 mi‑ lhões, em 1992, para R$ 66 milhões, sete anos mais tarde. Respondendo pela Abigraf Nacio‑ nal e pelo Sindigraf‑SP, abraçou temas pouco discutidos na indústria gráfica até então, como sustentabilidade, gestão e exportação.

Mário César e Denise com o filho, André César, na solenidade de posse da governadoria do Rotary, no Aramaçan

Inspirado pela onda de consolidação de grá‑ ficas na Europa e nos Estados Unidos, em 2001 Mário César comprou a W. Roth, que atuava no mercado editorial. A empresa, contudo, carre‑ gava pendengas jurídicas que, em consonân‑ cia com a digitalização da comunicação, mi‑ naram a saúde financeira da Bandeirantes, que fechou as portas em 2018. “Era a empresa certa, nas condições erradas. Eu estava tão entusias‑ mado com a ideia de criar uma holding que dis‑ pensei uma pesquisa aprofundada. Foi um erro tático”, lembra Mário César. 22

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Com a esposa Denise, eterna e sempre presente companheira

Figura emblemática, Max Schrappe abriu as portas do sistema Sindigraf‑SP/Abigraf para Mário César. E foi com seu apoio e estímulo que Mário César tornou-se presidente da ABTG, da Abigraf Regional São Paulo e, depois, do Sindigraf‑SP/Abigraf

Em paralelo, o líder rotariano manteve-se firme. Depois de presidir o Rotary Club de San‑ to André em 1992, Mário César foi curador da Fundação Rotária, e diretor do Rotary Interna‑ tional entre 2019 e 2021. Escolhido em agosto de 2023 para a presidência do Rotary Internatio‑ nal, Mário tem pela frente quase dois anos de preparação. Seu grande desafio é rejuvenescer a imagem de uma organização de 118 anos. “So‑ mos 1,4 milhão de rotarianos no mundo, 100 mil na América Latina. Há 25 anos o contingente não se altera. Precisamos atrair novas lideran‑ ças, alcançar um público entre 30 e 40 anos, e para isso temos de nos comunicar melhor e descobrir o que cada região necessita.” Os próximos meses serão dedicados à ela‑ boração de seu plano de trabalho, para o qual conta com um orçamento anual de 125 milhões de dólares. Isso soma-se aos 500 milhões de dó‑ lares, voltados a projetos que promovam o de‑ senvolvimento econômico, a educação, o com‑ bate a doenças, a paz e a proteção do meio ambiente. Mas Mário César faz questão de su‑ blinhar: “sempre estive e continuarei disposto a trabalhar em prol da indústria gráfica”.


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DRUPA

MONTSERRAT PETIT

A autora deste artigo é fundadora, em 2021, e diretora administrativa da agência de marketing Mond – Marketing on Demand, com sede em Barcelona, Espanha. Ela tem mais de 20 anos de experiência em marketing, trabalhando em empresas de tecnologia e serviços financeiros nos EUA, América Latina, Reino Unido, França, Malta e Espanha.

N

o mundo de hoje, somos cons‑ tantemente bombardeados com todo tipo de informação em to‑ dos os formatos, formas, cores e sons possíveis. Nossos cérebros recebem milhares de mensagens todos os dias e es‑ tão constantemente mudando de um as‑ sunto para outro. No trabalho, lidamos com videoconferências, mensagens instan‑ tâneas, e-mails, telefonemas e reuniões pre‑ senciais, além de ficarmos de olho em nos‑ so telefone caso algo urgente surja e precise de uma resposta imediata. Em questão de anos, as gerações passaram de assistir a fil‑ mes para vídeos do YouTube, para clipes do TikTok e para anúncios do Instagram em seus momentos de lazer. Nesse ambiente agitado de escolhas in‑ finitas, as marcas que pretendem durar e ser lucrativas devem encontrar maneiras de se destacar da multidão. Revoluciona‑ do pela internet, o mar­ke­ting tornou-se um elemento crucial de qualquer plano de ne‑ gócios, com as empresas dedicando recur‑ sos significativos a ele. Contudo, nem todo tipo de mar­ke­ting pode cumprir os objetivos de uma empre‑ sa. Hoje, os clientes estão mais conscien‑ tes em relação ao mercado, mais exigentes

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REVISTA ABIGRAF julho/setembro 2023

Mais do que apenas online e menos leais à marca, o que significa que as empresas devem ser muito inteligentes com sua abordagem de mar­ke­ting e proje‑ tar uma estratégia eficaz que reflita ver‑ dadeiramente seus valores e produtos, di‑ ferencie-se dos concorrentes e, finalmente, o mais importante, impulsionar as vendas. Por “mar­ke­ting eficaz” não queremos dizer que devemos privilegiar o mar­ke­ting digital (ou moderno) — rápido de implemen‑ tar — e esquecer o mar­ke­ting offline (ou tra‑ dicional). Em vez disso, mar­ke­ting eficaz significa definir uma estratégia poderosa com ideias originais, criativas e pondera‑ das que causarão impacto em nosso públi‑ co-alvo, apoiadas por mensagens consisten‑ tes, coerentes e inteligentes, seguidas por um plano de ação bem definido e oportuno.

O MARKETING SENSORIAL É UMA FORMA DE MARKETING QUE VISA AOS SENTIDOS DOS CLIENTES PARA CRIAR UMA CONEXÃO EMOCIONAL COM UM PRODUTO OU MARCA. AO ENVOLVER MÚLTIPLOS SENTIDOS, AJUDA AS MARCAS A CRIAR UMA IMPRESSÃO DURADOURA NOS CONSUMIDORES E INFLUENCIAR NO SEU COMPORTAMENTO.

Agora que sabemos o que é necessá‑ rio para alcançar um mar­k e­t ing eficaz, vamos falar sobre como implementá-lo. Grandes ideias de mar­ke­t ing muitas ve‑ zes morrem porque as empresas falham

em implementá-las adequadamente. Por outro lado, boas ideias de mar­ke­t ing po‑ dem se tornar um sucesso incrível quando são implementadas sem falhas. Por motivos que variam consoante o tipo de empresa ou produtos, hoje em dia muitas marcas focam-se exclusivamen‑ te no mar­ke­ting digital. Elas investem, de orçamentos modestos a milhões de dóla‑ res, em anúncios do Google e do YouTu‑ be, vídeos do Instagram, clipes do TikTok, banners da web, SEO e SEM, contratando influenciadores para promover seus pro‑ dutos etc. Para sobreviver, essas marcas precisam de uma presença constante no mercado online, entregando continua‑ mente novos conteúdos e sendo cada vez mais criativas e atraentes. Caso contrário, é apenas uma questão de tempo até que desapareçam e morram. Em princípio, o mar­ke­ting digital pode parecer divertido, moderno e menos cus‑ toso do que o mar­ke­ting impresso. No en‑ tanto, há um grande risco em anunciar sua marca exclusivamente por meio do mar­ke­ ting digital: devido ao volume de conteúdo disponível na internet e ao geralmente cur‑ to período de atenção dos clientes online, sua marca estará competindo com inúme‑ ras outras e poderá ser rapidamente esque‑ cida e substituída por alguma mais ativa, mais difundida ou mais moderna. Sempre dizemos aos nossos clientes que o mar­ke­ting online é como uma lareira: no momento em que você começar a quei‑ mar menos toras do que seus concorren‑ tes, seu fogo acabará se extinguindo antes. Marcar seu produto online é uma batalha constante para queimar mais e mais logs! Portanto, embora o mar­k e­t ing online seja necessário e possa trazer benefí‑ cios significativos, não devemos ignorar a enorme influência do mar­ke­ting impresso em ajudar a moldar o comportamento do consumidor e as vantagens ampliadas de combinar os dois tipos de mar­ke­ting.


MARKETING SENSORIAL COMO FORMA DE INFLUENCIAR O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Enquanto o mar­ke­ting digital atinge ape‑ nas a visão e a audição dos clientes, ao usar uma combinação de mar­ke­ting impresso, físico e offline, as marcas conseguem atin‑ gir todos os cinco sentidos: olfato, visão, paladar, audição e tato. Devido à grande quantidade de informações que recebemos todos os dias, nossos cérebros só podem re‑ ter o que nos causa uma forte impressão, criando uma experiência memorável. Claro, as emoções desempenham um papel muito importante em tornar uma experiência me‑ morável. Quanto mais sentidos estiverem envolvidos nessa experiência ou evento, mais impactante será. O mar­ke­ting sensorial é uma forma de mar­ke­ting que visa aos sentidos dos clien‑ tes para criar uma conexão emocional com um produto ou marca. Ele utiliza uma va‑ riedade de estímulos sensoriais para in‑ fluenciar o comportamento do consumi‑ dor. Ao envolver múltiplos sentidos, ajuda as marcas a criar uma impressão duradou‑ ra nos consumidores e influenciar no seu comportamento. Por exemplo, é sabido que certos aromas podem aumentar as ven‑ das, enquanto certas cores podem influen‑ ciar a percepção do consumidor sobre a qualidade de um produto. MATERIAIS DE MARKETING IMPRESSOS AJUDAM A ALCANÇAR O MARKETING SENSORIAL

No geral, o mar­ke­ting sensorial tornou-se uma ferramenta cada vez mais importan‑ te para as marcas que buscam criar expe‑ riências memoráveis para os clientes e im‑ pulsionar as vendas. Em muitos casos, ele só pode atingir seus objetivos com a ajuda de materiais impressos, como um anúncio de revista que inclui uma amostra de uma loção para as mãos ou um perfume, ou uma empresa de serviços financeiros de alto nível que envia a seus clientes potenciais

EMBORA O MARKETING ONLINE SEJA NECESSÁRIO E POSSA TRAZER BENEFÍCIOS SIGNIFICATIVOS, NÃO DEVEMOS IGNORAR A ENORME INFLUÊNCIA DO MARKETING IMPRESSO EM AJUDAR A MOLDAR O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E AS VANTAGENS AMPLIADAS DE COMBINAR OS DOIS TIPOS DE MARKETING.

uma cópia de seu novo folheto corporati‑ vo impresso em um substrato especial que reflete riqueza e prestígio. Materiais impressos como brochu‑ ras, catálogos e folhetos são itens físicos que permanecem nas mãos de clientes em potencial, são fáceis de serem consul‑ tados ou recordados em qualquer lugar, li‑ dos nos momentos de lazer, ou até mesmo compartilhados com outras pessoas. Por exemplo, quando uma empresa está ex‑ pondo em uma feira, distribuir folhetos impressos ou cartões postais (em vez de um PDF ou e-mail) convidando um clien‑ te em potencial para um evento em outra oportunidade pode fazer a diferença entre ele simplesmente esquecer a marca que o convidou, ou se fazer presente. Os materiais de mar­ke­ting impressos podem ser muito econômicos, produzidos digitalmente a um custo acessível e colo‑ cados estrategicamente em locais onde o público-alvo tem maior probabilidade de estar. Um caso típico: uma imobiliária colo‑ cando panfletos sobre um novo empreendi‑ mento habitacional em cafés ou mercearias locais para atingir seu público-alvo. A sua utilização também pode contri‑ buir para construir o reconhecimento da marca usando substratos, designs, fontes e esquemas de cores distintos que as pessoas associam à empresa. Essa estratégia é al‑ tamente eficaz na criação de uma base de clientes fiéis com maior probabilidade de se lembrar da empresa, de seus produtos e serviços no futuro.

Por fim, ele é fator importante para uma empresa estabelecer credibilidade e confiança aos olhos de clientes em poten‑ cial. As empresas que investem em mar­ke­ ting impresso de qualidade dão uma de‑ monstração de que levam seus negócios a sério e geralmente são vistas como mais confiáveis do que aquelas que dependem apenas do mar­ke­ting digital. Isso, por sua vez, pode levar ao aumento da confiança de clientes em potencial e também a um maior reconhecimento da marca. Em conclusão, apesar da ascensão do mar­ke­ting digital, o mar­ke­ting offline con‑ tinua sendo uma parte essencial de qual‑ quer estratégia de mar­ke­ting eficaz, pois muitas vezes envolve “tocar” os cinco sen‑ tidos dos clientes. As marcas que decidem incluir o mar­ke­ting impresso em seu mix de mar­ke­ting para fornecer um meio tan‑ gível de acesso à informação estão um pas‑ so à frente no estabelecimento de credibili‑ dade e confiança junto ao seu público-alvo. A Drupa é o exemplo perfeito de uma atividade de mar­ke­ting dos cinco sentidos fortemente apoiada pelo mar­ke­t ing offline. Nela, novas tecnologias são apresenta‑ das de forma a impactar os cinco sentidos do consumidor, criando uma experiên‑ cia memorável e significativa. Só online, não basta!

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COMEMORAÇÃO Por: Tânia Galluzzi

Heidelberg celebra seus 25 anos de Brasil Uma das marcas mais icônicas do setor gráfico comemorou a data junto com clientes e parceiros.

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a noite de 4 de julho, a Hei‑ A maior alta está prevista para delberg do Brasil recepcio‑ a América Latina, com aumento de nou cerca de 200 pessoas 3% ao ano até 2027, seguida pelo Oriente Médio/África, com 2,3%, no Palácio Tangará, em São Paulo, entre clientes, fornecedores e par‑ e China, com acréscimo de 2% no ceiros, para comemorar seus 25 mesmo período. anos. O evento contou com a pre‑ Os convidados assistiram tam‑ sença de Sascha Donat, diretor glo‑ bém a palestra de Romeo Busarello, bal de Serviços, e de David Schmed‑ executivo de negócios nas áreas de ding, diretor global de Vendas, que mar­ke­t ing, inovação e ambientes aproveitou a oportunidade para fa‑ digitais. Busarello apresentou um lar sobre tendências de mercado e panorama sobre as mudanças no estratégias da companhia para os mercado e a importância de ter um próximos anos. olhar inovativo para o futuro, que Após mensagem de Silvia Mon‑ será bem tecnológico. tes, presidente da Heidelberg do No editorial da revista come‑ Brasil, que enfatizou o apoio dos Silvia Montes, presidente da empresa morativa Nós, lançada pela Heidel‑ clientes e parceiros — “estamos aqui por vocês e para berg em abril, Silvia Montes também destacou a proxi‑ vocês” —, o diretor de vendas apresentou alguns núme‑ midade da companhia com os clientes. “É um imenso legado construído. Presenciamos a profissionalização ros. Segundo David Schmedding, o volume de produtos impressos continuará crescendo lentamente no mundo, do mercado, o crescimento das empresas e uma mu‑ impulsionado pelos mercados emergentes, pela China e dança tecnológica voraz. Entre tentativas e acertos, to‑ pela produção de embalagens. A estimativa da Heidel‑ dos progredimos. Chegamos aonde chegamos porque berg é de uma elevação de 0,7% ao ano até 2027, sain‑ fomos e somos um todo. Uma indústria forte, resiliente do de € 366 bilhões em 2022 para € 379 bilhões em 2027. e com um papel importantíssimo na sociedade.”

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GESTÃO

A hora de mudar a cabeça.

HAMILTON COSTA

Ou você não precisa mudar a cultura de sua empresa?

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onsultor é assim mesmo, quer sem‑ pre mudar tudo”, disse o presidente de uma associação gráfica após uma ex‑ planação que fiz em uma reunião de diretoria dessa entidade falando do processo de mudança pelo qual o setor está passando e onde sugeri também uma mudança de atitudes da própria entidade. Uma reação normal. Afinal, poucos gos‑ tam de mudanças, de alterar rotinas ou hábi‑ tos arraigados. Nunca é simples, fácil e pouco trabalhoso. Especialmente quando se trata de organizações que envolvem várias ou muitas pessoas. Mudar o jeito de ser de uma empre‑ sa é, sem dúvida, um trabalho difícil que re‑ quer muita dedicação, persistência e atitude. E atitude é o passo um. Muitas vezes em palestras e aulas, quando falava de tendências e mudanças, fui pergunta‑ do por onde começar esse processo. Sempre res‑ pondi que ter a atitude de mudar é, na verdade, o pontapé inicial de uma jornada da qual, mui‑ tas vezes, não sabemos todo o caminho, mas

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que vai sendo descoberto ao caminhar, como diria o poeta espanhol Antonio Machado (Caminante, no hay camino, se hace camino al andar). Não se deve pensar, com isso, que é algo aleatório. É preciso, sim, planejamento, algu‑ ma metodologia e muita determinação. Mas, a vontade de fazer decidida pelo líder ou líderes do negócio é fundamental. Não tem jeito, esse é um processo top-down. Tem que ser de cima para baixo, tem que ter as pegadas dos donos ou gestores principais, tem que ter envolvimen‑ to deles. Ou não funciona. A cultura da empre‑ sa não vai mudar. Aliás, como bem dizia Peter Drucker, guru da administração moderna, a cultura come a estratégia no café da manhã . . . Nesse caso, o que significa a cultura da em‑ presa? A essência da empresa, seu jeito de ser, de como se resolvem as coisas, de como as deci‑ sões são tomadas. De como as pessoas são lide‑ radas ou como elas se envolvem, ou não, nas de‑ cisões. Pelo que as pessoas fazem, mais até do que dizem. São regras escritas e, principalmen‑ te, as não escritas, que emanam dos líderes à


organização como um todo. E não importa seu tamanho. Todas têm um jeito específico de ser. Mudanças mais radicais acontecem quan‑ do a empresa é comprada ou se junta a outras para um novo negócio. Se o estabelecimento da cultura que deve ser dominante não se dá de forma adequada, a chance de fracasso é gran‑ de, gerando aumento de custos e dificuldade de implantação de programas ou ações. Já teste‑ munhei empresas que, ao comprar outras e in‑ corporá-las ao seu negócio, acabaram por fra‑ cassar e tiveram sérios problemas financeiros. Basicamente em decorrência de não conseguir estabelecer sua cultura à nova empresa. Trabalhei em multinacional do setor cuja expansão se deu pela aquisição de empresas. Mais de 80 em 15 países diferentes, em um pe‑ ríodo não superior a 10 anos. Um crescimen‑ to extraordinário e rápido, como um proje‑ to baseado em aquisições costuma ser. E que foi bem-sucedido enquanto mantinha os an‑ tigos donos no negócio, e que enfrentou enor‑ mes dificuldades quando passou a ser dona única desses negócios algum tempo depois. Na maioria dos casos a adaptação a uma nova cultura resultou em descompromisso dos co‑ laboradores e extrema dificuldade de manter eficiência e crescimento. Eu mesmo liderei, naquela empresa, um processo desses na aquisição de uma imensa planta fabril no México, com mais de 400 cola‑ boradores. Com um cronograma absolutamen‑ te apertado em tempo — apenas 6 meses — para a implantação de um projeto que visava atender, em solo mexicano, toda a produção local das listas telefônicas que eram, naquele momento, impressas nos Estados Unidos. Uma planta que vivia de imprimir livros didáticos para o governo mexicano, e outros trabalhos eventuais, em dificuldades finan‑ ceiras, com equipamentos de porte, mas que exigiam uma revisão completa. Além disso, a necessidade da incorporação de vários outros equipamentos, tecnicamente mais avançados, incluindo uma pré-impressão filmless, com re‑ cebimento de arquivos por rádio (a banda da internet era insuficiente naquele tempo). Até aí era uma questão técnica. Tínhamos recursos, fornecedores e equipes especializa‑ das para revisar e instalar novos equipamen‑ tos. Mas, e gente capacitada para operá-los? Além disso, gerencialmente, todo um time te‑ ria que ser avaliado, novos componentes teriam que ser recrutados, mesclados e treinados já

dentro de uma nova cultura, de uma nova visão, de uma nova perspectiva. Não vou dizer que foi um trabalho fácil, por‑ que não foi. Nem quero ficar gastando este es‑ paço para falar de realizações pessoais. Não é esse o sentido. Só quero ilustrar a questão da implementação de uma cultura de negócio com um caso prático. Como ser ouvido e gerar empatia? Com presença, muita comunicação e empatia. Mostrar a todos que os “gringos” — como todos os “gringos” — não acreditavam na gente e que, portanto, era essa a nossa oportu‑ nidade. Passado um tempo, pessoal avaliado, gerentes contratados, impressores mexicanos repatriados, vários na planta aproveitados, os trabalhos tinham que começar. E a í tivemos um caso emblemático. No início dos testes a PARA ADEQUAR A produtividade estava EMPRESA A NOVOS baixa. As rotativas es‑ tavam sendo comanda‑ SEGMENTOS DE MERCADO, das por canadenses ou PARA REPENSAR A FORMA norte-americanos e os COMO CAPTAMOS E operadores mexicanos NOS MANTEMOS NOS ajudando, olhando, “em CLIENTES HOJE, PARA treinamento”, segundo DIMINUIR CUSTOS nosso pessoal técnico. Quando vi os núme‑ ADMINISTRATIVOS E ros mandei parar tudo. AGILIZAR PROCESSOS, Chamei todos e ordenei PARA A MELHORIA DE que invertessem tudo. PRODUTIVIDADE, E MUITAS Que os mexicanos as‑ COISAS MAIS, PRECISAMOS sumissem a operação NOS REPENSAR. desde aquele momen‑ to, pois eles, posterior‑ INDEPENDENTE mente, é que iriam ser DO NOSSO PORTE. os responsáveis. Tivemos uma incrí‑ vel curva ascendente de produtividade nos dias e semanas seguintes porque a mensagem era clara: sabíamos fazer as coisas e agora teríamos uma empresa orga‑ nizada de acordo com os manuais, mas que era latina, caliente e empoderada. Tive essa certeza quando o meu gerente de recursos humanos en‑ trou na minha sala e disse com orgulho: “señor, las cuadrillas están listas y están todos mancomunados”. Fantástico, respondi, mas sem deixar de pensar que se essa frase fosse em português eu estaria danado: quadrilhas? mancomuna‑ dos? Mas fiquei satisfeito, porque ele queira di‑ zer que as equipes de máquinas estavam pron‑ tas e estavam todos coesos, acordados entre si. julho/setembro 2023

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O que quero ressaltar aqui é que a trans‑ missão de cultura se dá muito através de men‑ sagens. Com diz a Carolyn Taylor, especialista em transformação cultural nas organizações, no seu livro Walking the talk: a cultura através do exemplo (Ed. Labrador, 2022, pag. 39 – edi‑ ção Kindle): “cultura é relacionada a mensa‑ gens — o gerenciamento da Cultura tem a ver com o gerenciamento de mensagens. Se puder‑ mos identificar, e mudar, uma quantidade sig‑ nificativa das fontes dessas mensagens, modi‑ ficaremos a cultura . . . Cultura tem a ver com o que é realmente valorizado — ou seja, o que é demonstrado pelo que as pessoas fazem, e não pelo que elas dizem. Quando o CONTINUAR A FAZER ‘dizer’ e o ‘fazer’ não estão O QUE SEMPRE alinhados, é o ‘fazer’ que FIZEMOS NÃO SERÁ modela a cultura.” Importante isso. As O SUFICIENTE PARA mensagens são funda‑ NOS MANTERMOS NO mentais, mas elas têm de NEGÓCIO. O TEMPO ATUAL ser autênticas e têm de EXIGE ADEQUAÇÕES, ser respaldadas pelas ati‑ MOVIMENTOS E, tudes, pelas ações dos que EM MUITOS CASOS, têm liderança na empresa. Por que falar sobre A ESTRATÉGIA DA isso agora? Porque esta‑ MUDANÇA DA CULTURA mos em mais um daque‑ ORGANIZACIONAL. les momentos de quebras de paradigmas. Talvez o mais forte das últimas dé‑ cadas, em que o setor gráfico atravessa um pe‑ ríodo de transição bastante complicado. Já não bastasse o avanço do digital sobre o material impresso, a pandemia e a mudança de hábi‑ tos dos consumidores, que, mais do que nun‑ ca, são os senhores dos mercados, temos que achar nosso espaço e adequar nossas empre‑ sas. Não só tecnologicamente, mas animica‑ mente. Ter equipes engajadas e compenetra‑ das na visão e nos sonhos de quem as constrói. Segmentos do nosso mercado foram seria‑ mente afetados, outros, ao contrário, se benefi‑ ciam desses novos tempos, como o de rótulos e embalagens, mas com solicitações e exigências cada vez maiores relativas a sustentabilidade, tempo de produção, atendimento, desenvolvi‑ mento de produtos, personalização e outros. Além disso, há toda uma transformação fa‑ bril e ferramentas de gestão e de comunicação que avançam rapidamente em todos os lados. A tão ultimamente falada Inteligência Artifi‑ cial, por exemplo, segundo pesquisa recente 30

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divulgada pela IBM, com dados de 2022, mos‑ tra que 41% das empresas no Brasil já a imple‑ mentaram ativamente em alguns setores, sen‑ do que na América Latina ela vem sendo usada principalmente para detecção de segurança, no atendimento a clientes, mar­ke­ting e vendas. Esses números não se referem especifica‑ mente ao setor gráfico, mas sua utilização já é ampla nos novos equipamentos de impressão, sejam offset ou digitais, assim como em fluxos de trabalho que aperfeiçoam os projetos recebi‑ dos e, em muitos casos, engolem a pré-impres‑ são, como já escrevemos aqui anteriormente. Sei que essa ainda não é a realidade da maioria das empresas gráficas, mas a tendência é inevitável e, mais cedo ou mais tarde, todos serão atingidos de alguma maneira por toda essa onda de automação, de digitalização de processos e busca de eficiência operacional. Ou a sobrevivência estará comprometida. E aqui entra o cerne desse artigo. Para ade‑ quar a empresa a novos segmentos de merca‑ do, para repensar a forma como captamos e nos mantemos nos clientes hoje, para diminuir cus‑ tos administrativos e agilizar processos, para a melhoria de produtividade, e muitas coisas mais, precisamos nos repensar. Independente do nosso porte. E isso exige o passo um que es‑ crevi antes: a atitude de fazer. A decisão de con‑ tinuar a fazer o que sempre fizemos não será o suficiente para nos mantermos no negócio. O tempo atual exige adequações, movimentos e, em muitos casos, a estratégia da mudança da cultura organizacional. Ter só a atitude, claro, não é o bastante. É necessário se informar, entender o que está se passando, buscar referências em artigos, conversar — e muito — com clientes e forne‑ cedores, participar de eventos, debates e tro‑ cas de ideias. É preciso conversar internamen‑ te. É preciso se questionar e questionar os que participam e os que participarão dessa jorna‑ da. Mudar a forma de ser, é uma jornada. Que se descobre ao caminhar. É hora, portanto, de mudar a cabeça e, com isso, a cultura e o próprio negócio da empresa, se for o caso. Já pensou nisso? Hamilton Terni Costa

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AFEIGRAF Por: Jorge Maldonado

A minha declaração de amor ao livro

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omo amante de livros e representante da Afeigraf, tomo a liberdade de compartilhar com você, leitor da Revista Abigraf, a minha declaração de amor pelos livros. Foi numa feira de antiguidades, no centro do então peque‑ no município de Maipú, em Santiago do Chile, que me encon‑ trei pela primeira vez com um sebo. Foi uma surpresa enxergar uma grande quantidade de títulos com preços convidativos, o que provocou a minha longa estada na lojinha, folheando, len‑ do e pulando de uma obra para outra na grande variedade de exemplares expostos. Foi ali que descobri o livro que mais me impressionou na época: Práticas da não violência, que descrevia a vida de Mahatma Gandhi. Eu, então com 15 anos, e meu país, o Chi‑ le, em plena ditadura. Nesse ambiente o impacto do conteú‑ do do livro foi ainda maior, considerando que Gandhi expres‑ sava suas posições via manifestações pacíficas, no caso dele contra o império inglês, enquanto no Chile vivíamos dias de muita instabilidade, violência e medo. Nesse cenário, pela primeira vez um livro me transportou para uma ilha. Conforme lia suas páginas, eu era tirado do mo‑ mento presente e conduzido para um outro tempo, outra po‑ sição geográfica. Situações similares aconteceram durante a pandemia do covid-19, quando os leitores eram transportados para outras realidades, nas quais a incerteza de ter a morte

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por perto era esquecida. Isso explica o aumento de vendas de livros impressos durante esse período. Esse fenômeno foi per‑ cebido pelo mesmo Santo Agostinho no século IV, quando ele anotou em suas Confissões, que “quando alguém lê em silêncio, ele não está ali, ele se encontra num mundo livre e mais flui‑ do por opção, ele está viajando sem sair do lugar nem revelar para ninguém onde pode ser encontrado”. O livro adquirido naquele sebo me proporcionou mais be‑ nefícios. Foi o primeiro comprado com meu dinheiro e esco‑ lhido por conta própria, sem a imposição da escola, o que foi o início de outro grande descobrimento: os escritores latinoame­ri­ca­nos. Eles explicavam que as penúrias dos nossos povos eram as mesmas, só mudavam as pessoas e a geografia. Cada um deles enriquecia e potencializava, com seu estilo, as rea‑ lidades existentes em suas obras. Esses autores e seus livros impressos me levavam às grandes cidades da América Lati‑ na e à Floresta Amazônica, de Vargas Llosa; outras fictícias e tão reais como os Macondos, do “Gabo’ Garcia Márquez; tam‑ bém ao calor escaldante de Ilhéus, de Jorge Amado; à exube‑ rante Cordilheira dos Andes, às alturas de Machu Picchu, nos poemas de Pablo Neruda; às estranhezas, de Borges. É de Bor‑ ges a afirmação que das invenções do homem, sem dúvida, a mais impressionante foi o livro, já que ele “é uma extensão da memória e da imaginação”.


Na época de faculdade, ler alguns livros se recebeu o exemplar não com muito entusias‑ converteu num ato de temeridade, pois muitos mo, não era o presente que mais chamava sua deles eram proibidos pelas autoridades da épo‑ atenção. Ficou no seu quarto por dois anos até ca. Porém, o espírito juvenil e de transgressão que, finalmente, ela abriu a primeira página e a que todos vivenciamos era mais forte, e colo‑ magia aconteceu com a descoberta do mundo camos em risco a nossa integridade para con‑ de Harry Potter, que não a largaria nunca mais. seguir exemplares, velhos e maltratados, com Hoje, minha filha tem toda a coleção impressa, as páginas soltas, amarelas, muitas vezes man‑ cada título lido mais de uma vez, fomentando chadas, mas que ainda assim exerciam a magia um sentimento que estou certo será eterno, a de nos transportar para outras realidades, con‑ cumplicidade com o objeto livro. livro impresso tem Nestas breves linhas manifestei o significa‑ ceitos e sensações. Porque a proibição não era sido testemunha só de textos políticos como também eróticos, do emotivo e pessoal sobre minha relação com por tantos séculos do prática comum em regimes autoritários. o livro impresso, mas além disso são várias as acontecer da humaniAssim como o livro é muito amado, também provas de autoridades de reconhecido conhe‑ dade. Precisamos lutar durante toda a história ele tem sido persegui‑ cimento em educação, de que a leitura desde a para que isso seja perpédo, como o triste episódio da queima da biblio‑ tenra idade provoca uma maior capacidade cog‑ tuo. Com este meu mateca de Alexandria. Após o ano 640, milhares nitiva. Não é de surpreender que lideranças de nifesto de amor ao livro de exemplares, tesouros da imaginação e sabe‑ países escandinavos, reconhecidos pela quali‑ fica explícita a minha doria, foram distribuídos pelas 4 mil casas de dade na educação, estejam voltando aos livros declaração de que conbanho públicas da cidade para serem utiliza‑ impressos para recuperar o nível de aprendi‑ tinuarei combatendo dos como combustível das estufas. Em seis me‑ zagem que foi perdido quando os livros foram até o fim de meus dias ses, todas essas joias do conhecimento humano substituídos por mídias digitais. para que o livro impresforam sepultadas. Aqui não se trata de eliminar a tecnologia so continue sendo parte No século XX também arderam fogueiras dos processos educativos. Sobretudo de minha das nossas vidas. tendo como combustíveis os livros, seja na épo‑ parte, que trabalho, admiro e vibro com a tec‑ ca do nazismo, na revolução cultural chinesa, nologia desde minha formação na faculdade no na revolução russa, nas ditaduras da Europa e da nossa Amé‑ século passado, no início dos anos de 1980. O objetivo que deve rica Latina. E só faz um par de meses que na Suécia foram au‑ direcionar a futura educação do país é que ambas as mídias torizadas queimas intercaladas da Bíblia e do Torá, solicitadas sejam um complemento para potencializar o conhecimento. por religiosos radicais. Principalmente agora, com os grandes processos disruptivos Apresento aqui o manifesto do jornalista Arturo Pérez-Re‑ que estão acontecendo com uma velocidade impressionante, verte. Em 1992 ele presenciou o bombardeio da cidade de Sara‑ como é o caso da inteligência artificial, IA. Mas, para que tudo jevo, atingindo diretamente a biblioteca da cidade que ele vi‑ isso aconteça, é necessário estudar, debater, trocar ideias e che‑ sitava após a destruição. Suas fortes e emocionadas palavras gar a acordos com diálogos abertos, para que a própria popula‑ dizem: “quando um livro se queima, morrem as vidas que o ção e seus líderes cheguem a consensos sobre um assunto tão tornaram possível, todas as vidas nele contidas e todas as vi‑ sensível quanto é a educação das gerações futuras. das as quais esse livro poderia nesse futuro dar calor e conhe‑ Para nós, que trabalhamos na indústria gráfica e que temos cimento, inteligência, prazer e esperança. Destruir um livro é, a satisfação de observar a elaboração de um livro, desde sua literalmente, assassinar a alma do homem”. impressão, agrupamento de cadernos, serrilhado, colagem, co‑ Agora, o meu raciocínio é que não só por bombardeios locação de capa e finalização, a materialização desses tesou‑ os livros podem ser destruídos, eles também são sensíveis ros oriundos de uma ou mais mentes é um momento sublime, que precisa continuar sempre! aos decretos . . . Ainda assim, o legado que me enche de orgulho foi o de deixar esta minha paixão pelo livro impresso para minha fi‑ Jorge Maldonado lha quando, numa viagem aos Estados Unidos, comprei uma Presidente da Associação dos Agentes de versão em espanhol de um livro que fazia muito sucesso en‑ Fornecedores de Equipamentos Gráficos e tre os jovens leitores do país do norte. Ela, com seus oito anos, Insumos para a Indústria Gráfica – Afeigraf

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TECNOLOGIA

Nova tecnologia para uso de água no processo de impressão sem adição de químicos Indústria sediada em São Gonçalo, RJ, a NSG01 Ecologic desenvolveu, com tecnologia 100% nacional, equipamento que realinha a estrutura molecular da água e elimina o uso de produtos químicos nocivos ao meio ambiente.

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e tempos em tempos o mercado evolui pressionado por mais produ‑ tividade, economia, qualidade, mas, ultimamente, o tema de ordem é a ecolo‑ gia. Uma das principais dores no processo de impressão é o uso do álcool e da solu‑ ção de umectação que, além dos problemas sociais, provocam muitas dificuldades na estabilidade da impressão. O desafio estava lançado. O químico industrial Antônio Pedro Vergete e seus sócios foram buscar soluções para este problema, com a certeza de que estariam prestando um valioso serviço ao segmen‑ to de impressão offset e ao equilíbrio verde tão necessário para o setor. Com oito anos de estudos e elevados investimentos, o equipamento NSG01 Eco‑ logic foi desenvolvido, já está presente em mais de trinta clientes no Brasil e conta com mais de setenta unidades instaladas. O conceito da nova tecnologia da NSG01, que tem como missão colaborar na me‑ lhoria do conceito ESG (Environmental, Social and Governance), proporciona ga­ nhos reais mensuráveis no momento que o equipamento é ligado e amplia seus bene‑ fícios ao longo dos meses, na medida que o sistema de água vai ficando cada vez mais

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limpo e o cliente vai se ajustando ao novo e avançado conceito do sistema NSG. “O equipamento atua diretamente no sistema de água. Quebrando paradigmas e contrariando tudo que se aprendeu ao longo de décadas, a nossa tecnologia, úni‑ ca no mundo e devidamente patenteada, permite imprimir sem o uso do álcool iso‑ propílico e solução de fonte. Dependendo das condições da impressora e dos traba‑ lhos a serem impressos, um pequeno per‑ centual de solução pode se fazer necessá‑ rio. Em todas as unidades em que temos o equipamento, nossos clientes experi‑ mentaram uma redução do consumo de tinta. O NSG01 Ecologic ainda filtra o re‑ torno da água e com isso retira impure‑ zas e estabiliza o fluxo de realimentação”, esclarece Antônio Pedro. BENEFÍCIOS DO USO DO EQUIPAMENTO

Ao imprimir sem álcool, com pouquíssi‑ ma solução, automaticamente se reduz o filme água sobre a chapa, exigindo menos tinta, o que resulta em um menor emul‑ sionamento. Segundo o empresário, “a uti‑ lização do NSG01 proporciona setups mais rápidos, com menor ganho de ponto, mais brilho, melhor secagem e definição da ima‑ gem. Mas, não para por aí. Como o sistema também é filtrado, as lavagens de banhei‑ ras e geladeira são muito menos frequentes, e o PCP percebe os ganhos de produtividade. Ao longo do tempo, mais benefícios são per‑ cebidos como a descalcificação de rolarias”. Os ganhos ecológicos são relevantes quando se contabiliza que, além de redu‑ zir a utilização de químicos na impressão, diminui de forma substancial o desperdício e despesas de coleta de água contamina‑ da, pois uma vez que não há necessidade de

O equipamento NSG01 Ecologic já tem mais de 70 unidades instaladas em um número superior a 30 clientes no Brasil

lavagem de banheiras e geladeiras o NSG01 Ecologic se torna um grande fator na busca do equilíbrio verde. A empresa consolidou os ganhos sociais para toda a fábrica ao retirar o álcool iso‑ propílico do ambiente, sabendo que, além dos problemas de saúde pública, o álcool gera a necessidade de certidões e contro‑ les específicos por órgãos federais. Resol‑ veu, assim, o problema da armazenagem de um produto altamente inflamável e volá‑ til que deixa o ar nocivo aos colaboradores. Com uma simples planilha, conseguiu colo‑ car todas as reduções diretas de despesas com insumos e, ao mesmo tempo, contabi‑ lizar os ganhos de produtividade, estabili‑ dade, qualidade e melhora de rentabilidade. “O NSG01 Ecologic tem se tornado um grande aliado das gráficas no aspecto ecológico, social e de governança em fun‑ ção dos enormes ganhos absolutamente mensuráveis, O nosso sistema é autossus‑ tentável e, por isso, avança de forma con‑ solidada cuidando da natureza, do ser hu‑ mano e da sua empresa”, reforça Antônio Pedro Vergete. NSG01 ECOLOGIC www.nsg01ecologic.com.br


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Qual é a importância da nova

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12647‑2?

indústria gráfica mundial teve um percurso complexo no século XXI, sofrendo com a competição de processos e produtos digitalizados e, mais recentemente, durante a pandemia de Covid‑19, esta influência se acelerou intensa‑ mente. Na tentativa de se posicionar adequa‑ damente na conjuntura tecnológica do século XXI, a indústria gráfica se qualificou como in‑ dústria de comunicação impressa, com subs‑ tratos, processos gráficos e tipos de tintas se multiplicando de forma espantosa: da impres‑ são de pisos, telas de televisores, roupas, tecidos, embalagens flexíveis para alimentos, embala‑ gens semirrígidas de cartão, até os tradicionais livros ou folhetos em papel. Neste novo cenário, a capacidade de ges‑ tão dos custos e eficiência industrial através de controle de processo se tornou essencial para as empresas gráficas que se mantiveram ativas e protagonistas no setor. Para isso, é indispensá‑ vel a padronização dos materiais, processos e resultados baseados em boas práticas interna‑ cionais consagradas em normas técnicas, ela‑ boradas com a participação do Brasil, com o apoio do Sindigraf‑SP, no âmbito do ISO TC130,

comitê técnico de tecnologia gráfica. É impor‑ tante esclarecer que a aplicação de métodos e tecnologias da indústria 4.0 somente é possível em processos calibrados e controlados! Em se tratando de controle de processo, as normas do TC130 que enfocam o tema perten‑ cem à “família ISO 12647”: a parte 1, é de Termos Gerais; a 2, de Impressão Offset Plana ou Heat-set; a 3, de Offset Coldset (utilizada em jornais); a 4, de Rotogravura Editorial (já não mais exis‑ tente no Brasil); a 5, de Serigrafia; a 6, de Flexo‑ grafia; a 7, de Provas Contratuais (muito utiliza‑ da); a 8, de Provas de Design; a 9, de Metalgrafia; e a parte 10 (em elaboração), de Rotogravura em Materiais Flexíveis (para embalagens). Este artigo traz as novidades da nova ver‑ são da ISO 12647‑2, a ser publicada em 2024, que substituirá a atual, de 2013. Essa é a norma mais importante do TC 130 e foi publicada inicialmen‑ te em 1996. A segunda versão foi feita em 2004, com o estabelecimento de 8 tipos de substratos e de novas curvas de TVI (Tone Value Increased, ganho de ponto). Em 2013, a norma sofreu diver‑ sas modificações, principalmente para refletir as novidades em medições derivadas da atua‑ lização da ISO 13655, introduzindo os modos de


VISÃO DOS GAMUTS OBTIDOS COM A IMPRESSÃO DE CADA UM DOS 12 TIPOS DE PAPEL DA NOVA ISO 12647‑2, PROJETADA NOS EIXOS A* E B*

PC1

b*

a*

medição M0, M1, M2 e M3. Isso foi reflexo do sur‑ gimento no mercado de papéis com muito alve‑ jante ótico, o que disparou a necessidade de con‑ trole dos componentes UV de instrumentos (ISO 13655) e das cabines de iluminação (ISO 3664). Mas o mercado queria mais: enquanto na Europa, na Ásia e nas Américas (exceto os EUA) predominava o uso da ISO 12647‑2:2013, nos EUA e na China o modo de calibração de equipa‑ mentos offset mais adotado era o G7, ou Near Neutral Calibration. Na ISO, os países não eu‑ ropeus, inclusive o Brasil, pressionaram o WG3 para que uma nova versão da norma incluísse a calibração NNC e assim a norma teria uma adoção realmente universal. Após uma dura batalha, conseguimos apro‑ var a edição de uma nova versão com os dois métodos e ainda incluindo uma nova metodo‑ logia (falaremos mais sobre isso nas próximas partes deste artigo) denominada CTV. Durante mais de um ano um grupo de especialistas do TC130/WG3, no qual estou incluído, trabalhou na proposta de uma nova versão da ISO 12647‑2.

Foram feitos testes de impressão na Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e China. As impressões em papel revestido premium (PC1) foram avaliadas na última reunião do TC130 em Londres. Alguns testes foram feitos com a tradicional metodologia de calibração de curvas de TVI; outros, com a nova metodo‑ logia similar ao G7 da Idealliance, NNC (Near Neutral Calibration); e um terceiro grupo uti‑ lizou a tecnologia de calibração derivada do SVTV (Spot Color Tone Value), usada para ca‑ libração de cores especiais, mas que na nova versão da norma estará presente, a CTV (Color Tone Value). As impressões foram comparadas e ficou demonstrado que os métodos de calibra‑ ção TVI e NNC levam a resultados visualmente comparáveis para o PC1, couché premium, em offset plana. Esse seria um ótimo argumento para adoção da nova ISO 12647‑2, já que o clien‑ te dono de marca pode enviar arquivos para duas gráficas diferentes (até em diferentes con‑ tinentes), uma calibrada com TVI e outra com NNC e conseguir os mesmos resultados! julho/setembro 2023

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OS 12 TIPOS DE PAPEL/CARTÃO DA NOVA ISO 12647‑2 CONDIÇÃO DE IMPRESSÃO

CONDIÇÃO DE MEDIÇÃO

PROCESSO TÍPICO

TIPO DE SUPERFÍCIE

BRILHO/ GLOSS

COR CIELAB

PC1

M1

Offset plana Offset rotativa com forno

Revestido premium

10 a 80

95 / 1 / –6

PC2

M1

Offset rotativa com forno

Revestido melhorado

25 a 65

93 / 0 / –1

PC3

M1

Offset rotativa com forno

Revestido brilho padrão

60 a 80

90 / 0 / 1

PC4

M1

Offset plana Offset rotativa com forno

Revestido matte padrão

7 a 35

91 / 0 / 1

PC5

M1

Offset plana Offset rotativa com forno

Não revestido sem pasta mecânica

5 a 15

95 / 1 / –4

PC6

M1

Offset rotativa com forno

Super calandrado

30 a 55

90 / 0 / 3

PC7

M2 (ou M1)

Offset plana Offset rotativa com forno

Não revestido melhorado

10 a 35

89 / 0 / 3

PC8

M2 (ou M1)

Offset rotativa com forno

Não revestido padrão

5 a 10

85 / 1 / 5

PC9

M2 (ou M1)

Offset plana Offset rotativa com forno

Revestido premium

10 a 80

95 / 1 / 0

PC10

M1

Offset plana Offset rotativa com forno

Cartão L1

10 a 80

95 / 1 / –1

PC11

M1

Offset plana

Clay Coated News Back (CCNB)

10 a 60

89 / 1 / –3

PC12

M1

Offset plana Offset rotativa com forno

Não revestido padrão

5 a 15

94 / 2 / –10

OS NOVOS TIPOS DE SUBSTRATO

A nova versão, que deverá ser publicada prova‑ velmente em 2024, apresenta 12 tipos de subs‑ tratos, 4 a mais que a versão de 2013. A tabela acima apresenta os 12 tipos de papel, obser‑ vando que alguns da versão 2013 foram excluí‑ dos e novos foram introduzidos. A boa notí‑ cia é que há diversos novos tipos de substrato com características de cartão para embala‑ gens, setor muito importante no contexto atual da indústria gráfica. OS PAPÉIS E SEUS GAMUTS

Dependendo da capacidade da superfície do papel em suportar uma carga de tinta e da sua brancura (eixo L* de sua cor Cielab, quan‑ to maior mais branco), a capacidade de repro‑ dução de cores ou gamut de cada condição de impressão muda. Isso é muito importan‑ te, pois papéis de melhor qualidade e brancu‑ ra conseguem reproduzir mais cores, e papéis menos brancos, ou com superfície mais ru‑ gosa, tendem a reproduzir menos cores. Por que temos que saber o gamut de nosso proces‑ so/tinta/papel? Isso é fundamental, já que os clientes da indústria gráfica constantemente 38

REVISTA ABIGRAF julho/setembro 2023

trabalham com ferramentas de criação Pho­to­ shop ou Illustrator/InDesign; ou visualizando suas artes em RGB, com espaços muito gran‑ des, como AdobeRGB ou sRGB. Quando uma arte vai ser impressa, a quantidade de cores se reduz e isso aparece de forma evidente na saturação ou luminosidade das cores. Um es‑ paço AdobeRGB consegue mostrar no moni‑ tor até 1.200.000 cores diferentes, enquanto o melhor substrato na ISO 12647‑2, PC1, alcança aproximadamente 400.000 cores. Neste primeiro artigo trouxemos uma pers‑ pectiva histórica da norma ISO 12647‑2 e sua importância para o setor industrial gráfico e uma primeira visão das novidades que a ver‑ são 2024 trará, começando pelos papéis (subs‑ tratos) e seus gamuts. No próximo, vamos nos deter nos três métodos de calibração propostos pela nova versão: TVI, NNC e CTV. Não percam!

Bruno Arruda Mortara Superintendente do CB-27 Representante do Brasil no TC130 da ISO superintendente.cb27@abigraf.org.br


SÃO PAULO SERÁ PALCO DA 18ª EDIÇÃO DO CONGRAF, CONGRESSO BRASILEIRO DA INDÚSTRIA GRÁFICA. Um evento que irá reunir os principais líderes e especialistas nacionais e internacionais da Indústria de Impressão para discutir tendências de mercado, estratégias e o futuro do setor. 23 e 24 de novembro de 2023 • Espaço CIEE: Itaim Bibi - SP

R e al i z aç ão

Pa t ro c ín i o O u ro

Pa t ro cí n i o P ra t a

C o o rd e n aç ão O p e rac i o n a l


PUBLICAÇÃO Texto: João Scortecci

José Scortecci, Clarice Lispector e a

A

revista PAN

revista PAN – Semanário de Cultura Mundial, no formato 24 × 32 cm, circulou no Brasil de 1935 até 1945, totalizando 241 edições. O primeiro número do sema‑ nário chegou às bancas em 26 de dezem‑ bro de 1935, com selo da Editorial Novida‑ des, de propriedade do editor e gráfico José Scortecci (23/10/1902–13/5/1988), natural da cidade de Dois Córregos, interior do Estado de São Paulo, onde seu pai, Esaú Scortecci — imigrante italiano, natural de Arezzo, Tos‑ cana — era marceneiro, comerciante de loja de secos e molhados e vereador.

José Scortecci

O escritório e a redação do semanário ficavam na Avenida Rio Branco, nº 91, 7º andar, sala 2, na cidade do Rio de Janeiro. Adotando o slogan “Expressão livre do pen‑ samento mundial”, seu objetivo era ser uma revista popular, aberta aos mais diversos ideais, procurando refletir em suas colunas a fiel expressão do pensamento contempo‑ râneo. O mundo vivia os embates da Segun‑ da Guerra Mundial, e a PAN se propunha consultar e traduzir jornais estrangeiros, trazendo a seus leitores problemas e inquie‑ tações decorrentes daquele conflito bélico. 40

REVISTA ABIGRAF julho/setembro 2023

A publicação não se limitou à reprodu‑ ção de matérias jornalísticas. Gerou tam‑ bém, em menor escala, seus próprios con‑ teúdos, com a colaboração de destacados escritores: Menotti Del Picchia, Benjamin Costallat, Silveira Bueno e Monteiro Lo‑ bato. Divulgava também sobre outros as‑ suntos: viagens, curiosidades, biografias, religião, medicina, naturismo, descobri‑ mentos, biologia e novelas. Em 24 de se‑ tembro de 1936, um incêndio — na época, considerado criminoso, a mando do em‑ presário Assis Chateaubriand — destruiu a sua novíssima máquina de rotogravu‑ ra. A revista perdeu qualidade por algum

tempo. Coincidência ou não, na reestreia se apresentou com uma capa incendiada: uma charge com a representação da Deu‑ sa da Guerra, de tocha na mão, a tocar fogo na Espanha. É dessa época a ajuda inesti‑ mável do empresário e jornalista Cásper Líbero (1889–1943), que, gratuitamente, so‑ correu a PAN, imprimindo alguns números. Na edição de 25 de maio de 1940, a então emergente e desconhecida escri‑ tora Clarice Lispector publicou o conto “Triunfo”, considerado por especialistas o seu texto de estreia na literatura brasilei‑ ra. Clarice Lispector morreu jovem, em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de


de fascista; e, em outro momento, de na‑ zista, em função das várias matérias so‑ bre o Führer, incluindo capas com a sua caricatura e muitas fotos do líder alemão. SERIEDADE EDITORIAL

A então desconhecida Clarice Lispector estreou na literatura brasileira com o conto “Triunfo”, na edição de 25 de maio de 1940

completar 57 anos de idade. Nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, com o nome de batismo de Haia (“Vida”, em hebraico) Pinkhasovna Lispector. De origem judai‑ ca, chegou ao Brasil com apenas dois me‑ ses de idade, tendo fugido com seus pais e irmãs da Guerra Civil Russa (1918–1921). A revista PAN chegou às bancas em pe‑ ríodo de conturbação política, com o gover‑ no brasileiro então empenhado em debelar a Intentona Comunista — movimento ar‑ mado da Aliança Nacional Libertadora —, decretando estado de sítio e ordenando a prisão em massa dos envolvidos no levante e supostos simpatizantes. Foi o suficiente para Assis Chateaubriand, em editorial pu‑ blicado no Diário da Noite, acusar a revista de ser um órgão comunista. José Scortecci, proprietário da revista, defendeu-se, com elegância, das acusações: “Permita-nos o senhor Chateaubriand que lhe observemos a inconveniência de exagerar e citar dados falsos. Os proprietários da PAN foram, são e serão contrários a toda ideia política ou social que preconize a violência.” Ao longo de sua existência, a PAN nun‑ ca se livraria de ser apontada como revis‑ ta a serviço de uma ideologia. Inicialmen‑ te, acusaram-na de comunista: mais tarde,

A leitura do semanário afiançava a decla‑ ração de imparcialidade do seu editor e a liberdade de expressão apregoada em seu slogan. Simpatias à parte pelas ideologias europeias em evidência, a revista soube se manter equidistante daquele clima contur‑ bado. Ajustou seu noticiário quando o Es‑ tado Novo estabeleceu um patamar de cen‑ sura mais rígido e trafegou incólume pela política “morde e assopra” do presidente da República Getúlio Vargas, com a dubieda‑ de que marcou o seu governo até o bom‑ bardeio do navio Baependi por submari‑ nos alemães na costa da Bahia. A PAN se justificou enquanto pôde, sempre reafir‑ mando sua imparcialidade. No recrudescer da guerra, diante de ânimos mais exalta‑ dos e da caça às bruxas (alemães, italia‑ nos, japoneses e seus descendentes), José Scortecci entregou os pontos e encerrou a publicação da revista. O que a tornava especial era seu con‑ teúdo, um diferencial que o seu fundador, José Scortecci, vislumbrou nos idos de 1935. Ao lançar um semanário que reunia arti‑ gos e reportagens publicados em jornais e revistas pelo mundo afora, o filho de imigrante italiano se antecipou em sete anos ao que seria o modelo de Seleções da Reader’s Digest no Brasil. A PAN exagerava no dimensionamen‑ to de suas fontes, chegando a estampar na primeira página a informação “Milhares de jornais estrangeiros são consultados e tra‑ duzidos para esta revista”. A partir de 1939, dimensionou as fontes em mais de 5 mil pu‑ blicações. Era um tempo em que, para se‑ duzir os leitores, superestimavam-se as ti‑ ragens e, nesse caso, também a quantidade de fontes. De qualquer forma, a revista era diferente de outras publicações brasileiras da época. Na sua fase inicial, reproduzia somente charges, artigos e reportagens de periódicos, em especial da Argentina e da Itália, mas também da França, Inglaterra, Estados Unidos, Espanha e, em menor es‑ cala, da Rússia, Suécia, Suíça, China, Japão e Portugal, entre outros países.

Esse tipo de conteúdo fez a PAN tor‑ nar-se a melhor referência de informação sobre a Guerra Civil Espanhola, a expan‑ são do comunismo, a consolidação do fas‑ cismo e a ascensão do nazismo na Euro‑ pa, a ditadura de Salazar em Portugal e a política internacional do período que an‑ tecedeu a Segunda Guerra Mundial. Ne‑ nhuma outra publicação brasileira dispo‑ nibilizou informações sobre esses assuntos com a qualidade e diversidade de fontes que Scortecci proporcionou. Para a geração de conteúdos próprios, a revista contou inicialmente com a cola‑ boração de dois destacados escritores: Me‑ notti Del Picchia, o poeta titular da página “O imperativo da hora”, que comentava po‑ lítica e costumes, e Benjamin Costallat, o autor de Mademoiselle Cinema, livro reco‑ lhido sob a acusação de pornográfico e es‑ candaloso, depois de vender 60 mil exem‑ plares. Costallat, com a sua verve ácida e ao mesmo tempo bem-humorada, era a pena que melhor retratava, naquele tempo, as contradições da vida social e mundana do Rio de Janeiro. Silveira Bueno também foi colaborador assíduo, com a coluna “Car‑ tas de amor”, assinada sob o pseudônimo de Frei Francisco da Simplicidade, além de responder a perguntas dos leitores, no es‑ paço “Lições de Português”, numa parceria com a Rádio Difusora de São Paulo. A partir de 1937, a PAN convidou outro nome polêmi‑ co para colaborar nas suas páginas, o escri‑ tor Monteiro Lobato, já então engajado na luta a favor da nacionalização do petróleo. Aos poucos, a revista se popularizou, conforme previsto no seu editorial de es‑ treia, introduzindo as seções “Horóscopo”, “O mundo do cinema” e até as tirinhas do Pafúncio, personagem também presente em jornais do Rio de Janeiro e de São Pau‑ lo. Em 19 de março de 1936, José Scortec‑ ci reafirmava a sua imparcialidade: “No‑ vamente nos vemos obrigados a declarar que a revista PAN é completamente inde‑ pendente; não pertence ela a nenhum par‑ tido político, não defende, nem ataca ideias de nenhuma índole”. José Scortecci morreu em São Paulo, em 13 de maio de 1988, aos 85 anos de idade. João Scortecci

Escritor, editor, gráfico e livreiro. julho/setembro 2023

REVISTA ABIGRAF

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PODCAST

Do PDV aos livros Da polêmica decisão do governo paulista de dispensar os livros do PNLD à importância do impresso para o visual merchandising, podcast Ondas Impressas explora os assuntos mais relevantes do setor.

O

s quatro episódios de julho e agos‑ to do Ondas Impressas cobrem três segmentos da indústria gráfica: comunicação visual, embalagens e edito‑ rial. E de quebra falam de um aspecto que permeia toda a indústria, que é a busca pela produtividade. O programa lançado no dia 19 de ju‑ lho aborda o investimento contínuo de duas marcas em comunicação visual no ponto de venda e como novas soluções e substratos vêm incrementando a oferta de aplicações, permitindo às equipes de cria‑ ção irem muito além de uma bela vitrine. Os convidados, Bruno Santos, gerente de mar­ke­ting e visual merchandising da Ima‑ ginarium, e Aline Sousa, coordenadora de trade mar­ke­ting na Chilli Beans, falam so‑ bre o desenvolvimento de campanhas que devem atender centenas de PDVs em todo o Brasil e no exterior, sobre a regionalização das peças, e como o impresso pode ser de‑ terminante para o sucesso de um produto. O enobrecimento e a atratividade dos impressos é o título do episódio seguin‑ te, lançado em 2 de agosto, com a parti‑ cipação de Paulo Gonçalves, sócio-dire‑ tor da P+E, e de Waldemar Oliveira, da Sei Laser. O objetivo é mostrar como a evolu‑ ção da tecnologia digital no acabamento tem contribuído para tornar o embeleza‑ mento das peças gráficas mais rápido e com resultados ainda mais impactantes. Eles discutem o uso desses recursos como

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instrumentos poderosos para as marcas e seus times de mar­ke­t ing desenvolverem campanhas de sucesso. Como não poderia deixar de ser, o pod­ cast repercutiu a atabalhoada decisão do governo paulista de abrir mão dos livros do Programa Nacional do Livro Didático, o PNLD 2024, destinado aos alunos do 6º ao 9º ano, e, a reboque, de utilizar apenas conteúdo digital em detrimento do mate‑ rial impresso. A decisão, já revogada, afe‑ taria mais de um milhão de alunos e todo o universo do livro didático. Para discu‑ tir o assunto, a jornalista Tânia Galluzzi e o consultor Hamilton Costa conversam com Ângelo Xavier, presidente da Abre‑ livros, Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais, e João Scortecci, presidente da Abigraf-SP. Fechando o período, no 11º episódio da quarta temporada e o 75º desde o lança‑ mento do canal, Tânia Galluzzi e Hamil‑ ton Costa refletem o estudo inédito da CNI sobre a idade média e o ciclo de vida dos equipamentos no Brasil. A sondagem mos‑ trou que a média de durabilidade das má‑ quinas no setor gráfico é de 17 anos. E que 28% das empresas estão com equipamen‑ tos acima do ciclo de vida indicado pelo fa‑ bricante, o maior percentual entre todos os segmentos analisados. Para falar sobre o assunto, o programa conta com a participação de Maria Caroli‑ na Marques, gerente de Estratégia e Com‑ petitividade da CNI e uma das responsáveis pela elaboração da pesquisa. Ela detalha os impactos desse cenário, os entraves para o aumento da produtividade e aborda uma outra pesquisa, desta vez mundial, sobre a qualidade da gestão dos negócios. Os episódios estão disponíveis nas principais plataformas de podcast: Spoti‑ fy, Amazon Music, Apple Podcasts, Goo‑ gle Podcasts, Deezer, Overcast e Stitcher. E também no YouTube. Ou então no site: www.ondasimpressas.com.br.


de onde vem o papel

04


Marina Klink Imagens que nos fazem amar o mundo

A

fotografia sempre esteve presente na vida da

carioca Marina Bandeira Klink. O pai, enge‑ nheiro, era um fotógrafo amador tão dedicado que aos sábados todos já sabiam: tomar banho só pela manhã, porque no restante do dia, o único banheiro com chuveiro da casa estaria interditado. O cômodo se transformava em laboratório, onde Mário Bandeira passava o dia fazendo testes e ampliações. Além da convivência com a fotografia, desde mui‑ to jovem Marina pratica atividades out­door como vela, voo livre, equitação e mergulho autônomo. Incomodada com a pouca cobertura da im‑ prensa aos esportes náuticos, Marina começou a registrar as competições das quais participa‑ va e a bater na porta das redações de jornais e revistas na tentativa de romper a hegemo‑ nia do futebol. Não foi preciso muito tem‑ po para ela perceber que havia assumido uma missão inglória. Ao invés da foto‑ grafia, ajustou seu foco e optou pela

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FOTOGRAFIA

Dez anos, 48 países, cinco livros, duas exposições. Milhares de imagens impactantes a nos lembrar o quão precioso é o nosso mundo e o quão importante é preservá-lo. Assim é a produção da fotógrafa de natureza Marina Klink. Por: Tânia Galluzzi

formação em Relações Públicas, abrindo as portas para 30 anos de uma profícua carreira na área de eventos. Foi na organização de um deles que Marina conheceu Amyr Klink. Em 1984, um cliente questionou-a sobre a possi‑ bilidade de ter um dos maiores exploradores marítimos do Bra‑ sil como palestrante. Marina procurou o número dele na lista telefônica, entrou em contato e se surpreendeu com a simplici‑ dade de Amyr. Anos depois se casaram e as viagens a lugares de beleza singular tornaram-se mais e mais frequentes. MUDANÇA DE FOCO

Em uma das idas a Antártica, essa com as três filhas, Laura, Tamara e Marina Helena, a fotógrafa ouviu de Amyr a frase que mudaria sua vida. Ela estava no topo do mastro do veleiro clicando a paisagem quando Amyr, cansado de esperá-la, segurando os cabos disparou: “Marina, desce daí, as fotos que você faz não servem pra nada”. Marina sen‑ tiu o golpe, mas depois entendeu que ele estava certo. “Se as ima‑ gens não são compartilhadas elas perdem a sua função”, afirma a fotógrafa. Ela entendeu que um ciclo havia se encerrado e que era hora de dedicar-se integralmente à fotografia.

Antártida (E) e Ártico (D), polos com os quais Marina Klink se identifica, extremos que representam bem o trabalho da fotografa de natureza.

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Acima e ao lado, o esplendor do Pantanal. Abaixo, Uganda.

Aos 49 anos, fechou sua empresa de eventos e partiu para a organização dos registros feitos durante as várias passagens ao continente gela‑ do. Um ano depois, em 2013, já estava lançando o livro Antártica – a última fronteira, pela Edi‑ tora Brasileira. “É um livro lindo, grande, com 202 páginas, e aí decidi fazer um menor, mais acessível, que lancei em 2016, também pela Editora Brasileira, o Antártica olhar nômade.” Antes dele, em 2014, saiu o infantil Férias na Antártica, com autoria das filhas e coedição de Marina. A agenda de viagens se intensificou, cli‑ cando a natureza exuberante de locais como Noruega, Índia, Uganda, Vietnã, Lapônia, além, claro, de cenários brasileiros como o Pantanal e a Amazônia. Vieram as exposições e mais livros: Contravento – além da convergência Antártica, em 2018, igualmente pela Edito‑ ra Brasileira; e, no mesmo ano, o infantil Vamos dar a volta ao mundo?, no qual as fotos de Marina foram transforma‑ das em aquarelas pelo ilustrador Cárcamo, com edição da Companhia das Letrinhas. O próximo já está nos planos. Marina está no Ceará fo‑ tografando a faina dos pescadores. O objetivo é documen‑ tar o trabalho dos jangadeiros, uma ocupação que cor‑ re sério risco de desaparecer. Ainda este ano deve sair um título paradidático sobre o Pantanal, projeto toca‑ do pela filha Laura. Designer gráfica, ela está transfor‑ mando as fotos da mãe com a técnica da colagem.

MARINA KLINK www.marinaklink.com

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o pini está de casa nova, encontro marcado para a

grande festa da

indústria gráfica Ce rimôn ia d e Prem iação

24 de n ovem bro de 202 3 Es paço Villa Lo b o s • Sã o Pa u l o

31 º P R Ê M I O B R A S I L E I R O D E E X C E L Ê N C I A G R Á F I C A

R e aliz a ç ão

Co o rd e n a ç ã o Té c n i c a

Ap o i o Té c n i c o

Pa t ro c ín i o O u ro

Pa t ro c ín i o P ra t a

Pa t ro c ín i o B ro n ze

Ap o i o O p e ra c i o nal


Foto: Joanna Marini

CONEXÃO BRASÍLIA

A

DE TÉDIO, O EMPRESÁRIO GRÁFICO NÃO MORRE

cada dia um novo desafio. Me‑ lhor seria, a cada dia uma ameaça que se transfigura em desafio. As‑ sim tem sido a rotina do empresário gráfi‑ co. Seria bem mais fácil, seguro, tranquilo e natural que fosse como deveria ser: pro‑ duzir, prestar serviços, comercializar, en‑ tregar as encomendas, cumprir as obriga‑ ções legais, remunerar o capital investido, pagar os funcionários e voltar ao começo do ciclo. Mas já não é assim. Impresso ou digital? Certo dia um ilus‑ tre parlamentar entra em um restaurante, pede o cardápio, e o garçom o ensina a di‑ recionar seu celular com câmera para um código de barras que a “modernidade” po‑ pularizou como QR Code. O parlamentar se extasia quando na tela surge um car‑ dápio descritivo e imagético. Já que o filé com fritas se apresenta garboso, ao lado sabe as duas), a presença de livro de outras especiarias, porque não um QR escolar impresso, que daria lugar a Code para lhe descortinar uma bula medi‑ meios eletrônicos como computado‑ camentosa? Assim nascem as ameaças, os res, tablets, aplicativos e plataformas tec‑ desafios, e lá vamos nós voltar aos tempos nológicas. Como se o Brasil fosse líder do de criança, quando, em casos assemelha‑ IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos, se confundia a “tomada elétrica” com mundial, o secretário justifica a mudança: alguma particularidade animal, o que nos “A aula é uma grande TV, que passa os slipermite concluir: medicamento não é um des em Power Point, alunos com papel e caelemento gastronômico. neta anotando e fazendo exercícios. O livro Em respeito ao avanço tecnológico, a tradicional sai.” A sociedade reagiu, o livro vontade parlamentar de matar a bula im‑ não saiu, nem o secretário, mas sua justi‑ pressa não prosperou. Os serviços de pro‑ ficativa entrou para o folclore educacional. teção ao consumidor, Procons, em relação Eis que entra em debate a proposta de aos medicamentos, não se afastam da ver‑ Reforma Tributária, que põe fim ao ISS – dade verdadeira que lhes movem: é direi‑ Imposto Sobre Serviços. Durante anos a in‑ to fundamental do consumidor a obtenção dústria gráfica foi obrigada a conviver com de informação adequada, com a especifi‑ o célebre conflito ICMS ou ISS, sujeitando‑ cação correta de quantidade, caracterís‑ -se a autos de infração estaduais e/ou mu‑ ticas, composição, qualidade, incluindo nicipais e a incursões judiciais. Até que as os eventuais riscos que os medicamen‑ Leis Complementares 116/2003 e 157/2016 tos podem causar a quem os ingere, o que desanuviaram o tema. Em síntese, o que não se vislumbra com a disponibilização sai da gráfica e se agrega como parte de al‑ de bula apenas em formato digital. Salve guma cadeia produtiva se sujeita ao ICMS. a bula impressa! O resto se situa no campo do ISS. A nova Quando menos se espera, eis que sur‑ ameaça/desafio é saber qual será a dimen‑ ge outra ameaça, desafiadora. Um secretá‑ são da alíquota do futuro IBS (Imposto so‑ rio estadual de Educação dispensa, por al‑ bre Bens e Serviços) que funde ICMS e ISS guma razão (política ou econômica, quem e incidirá sobre a produção gráfica. Hoje,

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as alíquotas do ISS só podem va‑ riar entre 2% e 5%. E o IBS deverá situar-se na faixa de 20%. O empresário gráfico pensa com seus botões: “Ah!, como seria bom se fosse só produzir e vender, gerar emprego e renda”. Ele bem sabe que ameaças travestidas de novidade sempre o persegui‑ ram, desde Johannes Gutenberg. Já está na hora de deixar o em‑ presário gráfico trabalhar em paz. Ler faz bem à saúde. Ler livros impressos, faz melhor. Como dizia o mestre Millôr Fer‑ nandes, “livros não engui‑ çam”. Sem leitura, cami‑ nhamos para inaugurar uma nova Escola Lite‑ rária pós-Modernismo: o IGNORANTISMO!

wayhomestudio – www.freepik.com

ROBERTO NOGUEIRA FERREIRA

Roberto Nogueira Ferreira

é consultor da Abigraf Nacional em Brasília. roberto@rnconsultores.com.br


RAÍZES Texto: João Scortecci

Livraria Teixeira

F

e a caixa registradora

oi o escritor cearense Caio Porfírio Carneiro ainda, no cenário do teatro brasileiro, como um im‑ (1928–2017), secretário-geral da UBE – União portante teatrólogo. Vieira Pontes dirigiu a casa por Brasileira de Escritores, na época com sede na 50 anos, até sua morte em 1952. Em 1944, os colabo‑ Rua 24 de Maio, nº 250, 13º andar, próxima da Praça radores Dorival Lourenço da Silva e Horácio Contier da República, centro da capital paulista, quem me Lomelino, na casa desde 1928 e 1929, respectivamen‑ levou para conhecer a então centenária Livraria Tei‑ te, tornaram-se também sócios da então Livraria xeira, na Rua Marconi, nº 40. Teixeira, Vieira Pontes & Isso no final dos anos 1970. Cia. Ltda. Em 1952, como só‑ A Livraria Teixeira, que tam‑ cio majoritário, assumiu Ar‑ bém era editora e publicava thur Ferreira Girão e, mais livros, foi fundada em 1876, uma vez, houve mudança de razão social, passando pelos imigrantes portugue‑ ses Antonio Maria Teixeira para Livraria Teixeira, Fer‑ e José Joaquim Teixeira. reira Girão & Cia. Ltda. Com Em sua história teve a morte de Ferreira Girão, em 1959, entraram na so‑ herdeiros, sócios e sofreu, ao longo das décadas, diversas ciedade os também colabo‑ alterações de razão social. radores Mário Chistovam e A livraria Teixeira & Irmão Carlos Cardoso Filho, desde nasceu na Rua São Ben‑ 1933 e 1939, respectivamen‑ to, nº 52, e funcionou tam‑ te, formando o quadro so‑ bém nos endereços: Aveni‑ cietário da Livraria Teixeira, da São João, nº 8, Rua Libero Lomelino, Silva & Cia. Ltda. Badaró, nº 491, e, a partir de Na década de 1990, a li‑ 1955, na Rua Marconi, onde vraria entrou em crise, não permaneceu por mais de 40 conseguindo pagar nem mesmo os aluguéis. Lem‑ anos. Como casa editorial, lançou Poesias (1888), pri‑ bro-me de ter participado meiro livro de Olavo Bilac, e colaborado em várias ini‑ a primeira edição de A car‑ ciativas para tentar salvar a ne (1888), de Júlio Ribeiro, e casa, sem sucesso. Em 2000, Espumas Flutuantes (1889), fechou as portas. Em uma de Castro Alves, além de li‑ Sede da Livraria Teixeira, fundada em 1876, das vezes que visitei a Livra‑ vros didáticos e jurídicos. em foto da década de 1920 ria Teixeira, apaixonei-me Na lista de frequentadores assíduos, constam o pela caixa registradora, do início do século passado, Imperador Dom Pedro II, o presidente da Repúbli‑ que ficava num balcão, à esquerda. Poucos meses ca Washington Luís, o prefeito da capital paulista depois, encontrei num antiquário uma caixa regis‑ Prestes Maia, o jurista Rui Barbosa e os escritores tradora, também do início do século XX, da mar‑ Jorge Amado, Érico Veríssimo, José Mauro de Vas‑ ca Rena. A máquina foi restaurada — hoje faz parte concelos, Procópio Ferreira, Mário Lago, Lêdo Ivo, do memorial da Scortecci Editora — e, vez por ou‑ Lygia Fagundes Telles, entre outros. tra, ilustra o estande da editora, durante as bienais Atribui-se à Livraria Teixeira uma novidade no do livro de São Paulo. Brasil, na época: as tardes de autógrafos, seguidas de palestras e debates. Depois da morte dos irmãos Teixeira, a livraria teve, ao longo do tempo, vários João Scortecci sócios. Em 1910, o caixeiro José Vieira Pontes tor‑ Editor, gráfico e livreiro. nou-se gerente e sócio majoritário, destacando-se, scortecci@gmail.com julho/setembro 2023

REVISTA ABIGRAF

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MENSAGEM

Dias de luta de um ano difícil Aprovado o Arcabouço Fiscal, o Brasil precisa urgente das reformas Tributária e Fiscal, queda dos juros e segurança jurídica. Sem isso, o futuro é incerto.

O

ano de 2023 não tem sido nada O setor gráfico, nos últimos meses, tem sofrido fácil para a indústria gráfica ataques, alguns desleais, outros, impensados, que brasileira. A economia global está tentam desacreditar o setor e a importância do perdendo força — os números não impresso na vida das pessoas reais. Há tentativas de mentem — e sinaliza que crescerá substituição dos livros didáticos do Plano Nacional menos em 2023 e 2024 do que em 2022. do Livro Didático — um dos programas do MEC mais bem-sucedido, premiado No Brasil, a inflação, o e importante para a educação desemprego e até os juros estão pública do País —, por livros em queda, prevendo-se, ainda, o COMPROMETIDA COM eletrônicos, no Estado de São aumento do PIB. Sinais positivos, A CREDIBILIDADE DO Paulo; e de substituição de a princípio. Parte se deve ao PRODUTO IMPRESSO, bula impressa e até cardápios, aperto das políticas monetárias A ABIGRAF TEM AGIDO de restaurantes, bares e na luta contra a inflação, COM FIRMEZA, EQUILÍBRIO lanchonetes, por QR Codes. que fragiliza economias e E DETERMINAÇÃO Continuemos lutando por provoca o desequilíbrio social. NA DEFESA DOS isso! E por tudo. Comprometida Mas não nos esqueçamos INTERESSES DO SETOR com a credibilidade do da máxima — usual e, vez por outra, lembrada — do impresso em embalagens, livros, dicionário do economês: “A dose cadernos, rótulos, etiquetas, do remédio não pode matar o doente!”. bulas, documentos de segurança, promocionais e O cenário presente é preocupante, incerto e cheio de comunicação visual, a Associação Brasileira de desafios. Esse cenário se deve principalmente da Indústria Gráfica – Abigraf, junto às entidades a problemas estruturais e fiscais, que assolam do setor, tem reagido com firmeza, equilíbrio e o País e travam a economia, ao desequilíbrio determinação e, até agora, tem vencido batalhas herdado do período da pandemia de Covid‑19 e desafios. E assim há de continuar, em nome e dos conflitos bélicos e ideológicos mundo afora do legado de Gutenberg e da importância do e à voracidade do mundo virtual, imaginário e impresso para o mundo real das pessoas. E talvez falso, que tem levado a humanidade, sem volta, ao tudo isso fique, com o tempo, como um registro abismo da ignorância, do imediatismo e, pasmem, histórico de dias de luta de um ano difícil. ao desprezo pela ciência e pelo conhecimento. scortecci@gmail.com Viva a tecnologia! Precisamos, com firme sutileza e muita clareza, separar o joio do trigo e distinguir uma coisa da outra: o mundo virtual imaginário, onde tudo é possível, e o mundo real, sofrido e mortal, que são a vida e seus mistérios. Presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica O Brasil aguarda, em estado de pendência, pelo Regional São Paulo (Abigraf‑SP) novo Arcabouço Fiscal, pela Reforma Tributária, pela Reforma Administrativa, pela queda dos juros, pela regulação do crédito e pela segurança jurídica.

João Scortecci

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REVISTA ABIGRAF julho/setembro 2023


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