Edição 62

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A primeira revista brasileira de pragas urbanas

ISSN 1982-4262
2 29 MARÇO Presencial MANEJO INTEGRADO DE BARATAS 26 ABRIL Presencial MANEJO INTEGRADO DE ROEDORES 31 MAIO Online MANEJO INTEGRADO DE CUPIM 28 JUNHO Presencial LIMPEZA DE RESERVATÓRIOS 26 JULHO Online REPONSABILIDADE TÉCNICA 30 e 31 AGOSTO Presencial FORMAÇÃO DE OPERADORES 27 SETEMBRO Presencial MANEJO E CONTROLE DE PERCEVEJOS DE CAMA 29 NOVEMBRO Presencial MANEJO INTEGRADO DE MOSQUITO 8 DEZEMBRO Presencial ENCONTRO DE EMPRESÁRIOS 2023

EXPEDIENTE

Vetores&Pragas é uma publicação quadrimestral da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas - ABCVP Av. Pastor Martin Luther King Jr, 126 Torre 3000 - 15º andar - sala 1.504 Office Nova América - Del Castilho - RJ Tels.: (21) 2577-6433 / 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br / www.abcvp.com.br

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© Os textos assinados são de responsabilidade de seus autores. Para entrar em contato com algum deles envie um e-mail para a ABCVP. É vedada a reprodução dos artigos e reportagens, em quaisquer meios, sem autorização prévia da Associação e, mesmo quando autorizada, será obrigatória a citação da fonte.

Ano XXIV | Nº 62 | Dezembro de 2022

NOSSA MISSÃO RENOVADA PARA 2023

Encerramos o ano com a convicção de que cum primos o nosso papel de proteger lares, hospitais, estabelecimentos comerciais e até produções agrícolas e industriais, além de trazer informações e propor diálogos através da Vetores & Pragas.

Em 2023, o nosso desafio de ajudar a pre servar a saúde humana continuará. Justa mente por isso, nesta edição, trazemos uma reflexão sobre a segurança dos alimentos, já que a presença de pragas na cadeia produti va de alimentos, bebidas e embalagens é sem pre preocupante e causa diversos prejuízos, como contaminações, desperdícios e doenças.

Além disso, preparamos um material completo sobre a limpeza de reservatórios de água, que também tem impacto direto na saúde huma na. Toda água destinada ao consumo do ho mem deve ser objeto de controle e vigilância da qualidade, por isso órgãos ambientais nacio nais, estaduais e municipais estabelecem leis, portarias e resoluções para manter um padrão na qualidade da água usada pela população.

Fechamos 2022 pensando ainda na melhor for ma de nos comunicar com clientes e possíveis clientes e administrar as nossas empresas. O artigo “Vale o que está escrito!” nos mostra es tratégias imprescindíveis na composição de uma proposta comercial: histórico ou introdução, de talhamento da metodologia, condições gerais de fornecimento, condições comerciais, garantias, apresentação da empresa e remate. Dicas valiosas para expandir nossos negócios no próximo ano.

Juntos seguiremos com a responsabilidade de de senvolver ainda mais o nosso setor em 2023! Até lá!

A ABCVP deseja a todos um excelente ano novo!

A diretoria

Toda a referência bibliográfica dos artigos da revista pode ser consultada através da ABCVP

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ISSN 1982-4262

SUMÁRIO

Carrapatos - Quando eles representam perigo?

Higienização de reservátorios de água potável 11

O manejo integrado de pragas e a segurança dos alimentos 18

Atendimento a grandes contas: um desafio para a controladora de pragas 22

Aumento dos riscos - Controle integrado de pragas contra interrupções futuras 25

Vale o que está escrito - A importância da escrita formal nas empresas 28

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ROSA DUARTE

ALFRED MÖLLER E O JARDIM DE FUNGO DAS FORMIGAS CORTADEIRAS

Alfred Möller (1860-1922) tinha 30 anos quando chegou em Blume nau/SC para visitar o parente mais velho, Fritz Müller (1822-1897), então com 68 anos. Eles eram primos distantes, por parte de mãe (a mãe de Fritz Müller e a avó paterna de Alfred Möller eram irmãs). O jovem engenheiro florestal, formado na Escola Supe rior de Silvicultura em Eberswalde (atual Uni versidade para o Desenvolvimento Sustentável Eberswalde) desejava conhecer pessoalmente o famoso naturalista e aprimorar seus conhe cimentos científicos na exuberante vegetação subtropical da antiga colônia, que desde 1880 fora elevada à categoria de município. Ele se es pecializara em fungos, sendo discípulo do mi cologista Julius Oscar Brefeld (1839-1925), cuja técnica de cultivo desses organismos adotou em Blumenau.

Naquela época as viagens transoceânicas eram realizadas em navios, já modernizados com propulsão a vapor. Mesmo assim, eram travessias demoradas, portanto, a permanência no local de destino costumava ser longa. Não foi diferente para o jovem visitante, que residiu em Blumenau por quase três anos, de setem bro de 1890 a agosto de 1893, em casa da filha mais velha do Fritz, onde ele organizou um la boratório para cultivo de fungos. O prolonga do convívio com o experiente primo naturalista resultou em farta produção científica sobre a região explorada, na forma de cinco extensas publicações sobre fungos, contribuindo para o conhecimento da diversidade desses organis mos em Santa Catarina.

Quero destacar três aspectos da obra cientí fica de Alfred Möller, sendo duas no campo da micologia e uma em biografia.

Formigas cortadeiras, também chamadas de carregadeiras, são pragas agrícolas expressivas e é natural que os cultivos de Fritz Müller e de outros colonos sofressem com essa interferên cia. Em 1869, Fritz escreveu ao irmão Hermann (1829-1883) acerca dessas formigas e disse suspeitar que elas armazenavam as folhas cor tadas nos ninhos, para nelas cultivarem fungo como alimento. Por sugestão de Charles Darwin (1809-1882), em 1874, Fritz Müller examinou o conteúdo estomacal de algumas formigas e verificou a presença de estruturas globulares semelhantes a esporos de fungos, e nenhum

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Alfred Möller. Foto de Ralf Roletschek. Fonte: Wikimedia Commons.

sinal de fibras vegetais das folhas cortadas. Isso falava fortemente a favor da hipótese de cul tivo de fungos pelas formigas cortadeiras. Da rwin recebeu a carta e a encaminhou para ser publicada na revista Nature, volume 10, onde esse e outros comentários aparecem sob o tí tulo “Os hábitos de vários insetos”. Finalmente, o visitante e micologista Alfred Möller realizou dezenas de ensaios de cultivos, de novembro de 1890 até setembro de 1892. Ele conseguiu cul

tivar e identificar os fungos obtidos das formi gas cortadeiras do gênero Acromyrmex, assim como, conforme ele as denominou, de formigas peludas do gênero Apterostigma e de formigas corcundas do gênero Cyphomyrmex. Os resul tados foram publicados em 1893, sob o título “Os jardins de fungo de algumas formigas sul -americanas”, no volume 6 do periódico alemão Botanische Mittheilungen aus den Tropen (Co municações botânicas dos trópicos), com quatro

estampas de fotografia e três de desenhos. As sim, ele esclareceu a biologia alimentar dessas formigas. Mais tarde, esse importante trabalho foi traduzido para o português e publicado no Rio de Janeiro em 1941, com o título “As hortas de fungo de algumas formigas sul-americanas”, no Suplemento 1 da Revista de Entomologia.

De volta a Eberswalde, Möller tornou-se pro fessor de botânica em uma unidade do instituto em que se formou. Ele prosseguiu no estudo dos fungos do ecossistema florestal, especialmente sua ação no solo integrada com as plantas, e tornou-se um pioneiro na proposta de susten tabilidade dos ecossistemas florestais implan

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tados para fins de exploração comercial. Ele passou a ver a floresta e o solo como uma uni dade, como se fosse um único organismo. Com isso, ele lançou a ideia da “floresta permanente”, em que a sustentabilidade ou continuidade flo restal não é uma questão de simples matemá tica relacionada aos custos de produção, e sim de atitude em relação à sua exploração. Para alcançar esse objetivo, ele combateu o “corte raso” (ou manejo raso) e propôs que o manejo florestal equilibrado deve se basear na compo sição de espécies arbóreas específicas do local, na sanidade permanente do solo e na omissão de todas as intervenções repentinas que inter rompam o desenvolvimento normal da floresta para perpetuar a autorregeneração e a autorre gulação da floresta. Mantém-se, assim, a dinâ mica florestal, com estabilidade, produtividade, diversidade e continuidade da floresta. Apesar das muitas posições contrárias de silvicultores, esse pensamento levou a uma mudança de pa radigma no manejo florestal. Certamente, na construção dessa visão moderna de equilíbrio florestal, ele assimilou, mesmo que inconscien temente, as lições recebidas de Fritz Müller, o grande mestre das interações dos organismos vivos, tanto entre si como em relação ao am biente, durante as andanças e estudos realiza dos por ambos na Mata Atlântica catarinense.

O terceiro e último aspecto das atividades de Möller que pretendo destacar é que logo após a morte de Fritz Müller, em 1897, ele se pôs a reunir informações para compor uma biografia completa do primo famoso, que em 1864 havia comprovado a Teoria da Evolução proposta por Charles Darwin em 1859, no livro Für Darwin e, também, realizou inúmeras descobertas inédi tas sobre animais invertebrados e plantas, di vulgadas em quase 270 publicações científicas, as quais contribuíram para consolidar a biolo gia como um ramo autônomo da ciência. Após quase 20 anos dedicados à biografia, reunindo documentos e informações obtidas por cartas dirigidas aos correspondentes de Fritz Müller, finalmente veio à luz a coleção Fritz Müller: Werke, Briefe und Leben (Fritz Müller: obras,

cartas e vida), publicada de 1915 a 1921. Nessa coletânea de três volumes, com 2340 páginas e 84 pranchas com ilustrações, o mundo pode co nhecer toda a produção científica do naturalista: volume I, Obras (1915), em dois tomos, repri sando 248 produções científicas, número que neste ano, com novos achados, elevamos a 270; volume II, Cartas (1921), divulgando a corres pondência com muitos naturalistas, repleta de descobertas científicas então inéditas; volume III, Vida (1920), com os feitos do naturalista em solo europeu e em sua nova pátria. É graças ao esforço monumental de Alfred Möller que hoje conhecemos tanto sobre a vida e a obra do Fritz.

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Luiz Roberto Fontes Biólogo (entomólogo) Consultor

CARRAPATOS:

Quando eles representam perigo?

Os carrapatos possuem quatro fases de de senvolvimento (OVO – LARVA – NINFA - ADUL TO) e a reprodução geralmente ocorre quando as fêmeas que estão no corpo do hospedeiro vão para o solo e depositam seus ovos. A quan tidade de ovos varia conforme a espécie. De pendendo da temperatura e umidade, as larvas eclodem entre duas semanas a alguns meses. No primeiro estágio, as ninfas possuem três pares de pernas. Essas ninfas procuram um hospedei ro para a primeira refeição e em seguida retor nam ao chão e fazem a primeira ecdise, quando eclodem com quatro pares de pernas e procu ram o segundo hospedeiro. Larvas de espécies que utilizam apenas um hospedeiro geralmente continuam aderidas indo ao solo apenas para postura. Por terem baixa mobilidade, os carra patos geralmente sobem em grama alta, troncos

de árvores ou mesmo construções para acessar o hospedeiro. Adultos precisam estar bem ali mentados antes de conseguirem reproduzir.

Amblyomma sp.

É um carrapato trioxeno, ou seja, necessita de três hospedeiros para completar seu ciclo de vida. Apresenta apenas uma geração anual, pois as larvas apresentam um comportamento de nominado de diapausa comportamental. Nesse período de diapausa, as larvas permanecem ina tivas até que fatores climáticos, particularmente o fotoperíodo, deem condições favoráveis para essas larvas saírem da diapausa e começarem a busca por hospedeiros. As fases imaturas des se carrapato ocorrem nos períodos de outono e inverno, e nos adultos ocorrem com maior fre quência nos meses mais quentes do ano.

Algumas espécies de carrapatos são vetores de doenças como a febre maculosa, doença de Lyme, babesiose, tifo, entre outras. Essas do enças podem ter sérias complicações caso não sejam identificadas precocemente, levando ao resultado morte.

1. Febre maculosa

A febre maculosa é popularmente conheci da como doença do carrapato e corresponde a uma infecção transmitida pelo carrapato-estre la infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii.

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Ciclo biológico de Amblyomma sculptum. Fonte: Museu do Carrapato, Embrapa Gado de Corte

A transmissão acontece quando o carrapato se fixa no hospedeiro, transferindo a bactéria dire tamente para a corrente sanguínea. No entanto, para que haja de fato a transmissão da doença, o carrapato precisa ficar de seis a 10 horas em contato. Principais sintomas: aparecimento de manchas vermelhas que não coçam nos punhos e tornozelos, febre acima de 39 graus, calafrios, dor abdominal, dor de cabeça intensa e dor muscular constante.

2. Doença de Lyme

A doença de Lyme afeta a América do Norte, especialmente os Estados Unidos da América e a Europa. Ela é transmitida pelo carrapato do gênero Ixodes, que pode transmitir a bactéria Borrelia burgdorferi para as pessoas. Princi pais sintomas: inchaço e vermelhidão local, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, fe bre, calafrios e rigidez na nuca.

3. Doença de Powassan

A doença de Powassan é uma doença rara que também pode ser transmitida pelo carrapato do gênero Ixodes. Principais sintomas: o vírus na corrente sanguínea pode ser assintomático ou causar sintomas leves como febre, dor de cabe ça, vômitos e fraqueza. No entanto, esse vírus é mais conhecido por ser neuroinvasivo, resultan do no aparecimento de sinais e sintomas gra ves, como a inflamação e inchaço do cérebro, conhecida como encefalite, ou inflamação do tecido que envolve o cérebro e a medula, re cebendo o nome de meningite. Além disso, a presença desse vírus no sistema nervoso pode causar perda de coordenação, confusão mental, problemas para falar e perda da memória.

4. Babesiose

A babesiose é uma doença infecciosa trans mitida através da mordida do carrapato in fectado pela bactéria do gênero Babesia spp. Principais sintomas: a maioria dos casos são assintomáticos ou sintomáticos leves, de forma que muitas vezes a pessoa não sabe que esteve infectada. Nos casos em que existem sintomas, podem surgir até quatro semanas após o conta

to com o carrapato e a bactéria, havendo febre, dor de cabeça, calafrios, suor frio, dor muscular, cansaço excessivo e fraqueza. Em pessoas com o sistema imunológico debilitado, os sintomas podem ser mais graves, podendo ser notados aumento do fígado e do baço e anemia hemo lítica.

5. Erliquiose

A erliquiose, também chamada de erliquio se humana monocítica, é causada pela bactéria Ehrlichia chaffeensis, que afeta diretamente as células sanguíneas, principalmente os mo nócitos e os macrófagos, interferindo no fun cionamento do sistema imunológico. Principais sintomas: os sintomas de erliquiose podem surgir até 12 dias após a mordida do carrapato, resultando em febre, dor de cabeça, calafrios, dor muscular, cansaço excessivo, náuseas, vômitos e mal-estar geral.

6. Tularemia

Apesar de ser pouco frequente, a tularemia também pode ser transmitida pela mordida do carrapato infectado pela bactéria Francisella tularensis Principais sintomas: os sintomas costumam aparecer de três a 14 dias após a mordida do carrapato, sendo notados a presen ça de uma pequena ferida na pele que demora para cicatrizar, febre alta, calafrios, dor no pei to, dor de garganta e mal-estar geral.

Manejo ambiental

O calor acelera todas as fases de vida livre do parasita. Durante o inverno, o deslocamento da fêmea é maior para a procura de locais apro priados para a oviposição. A umidade relativa do ar abaixo de 70% prejudica especialmente o período de embriogênese. As larvas possuem o corpo frágil e translucido após a eclosão, preci sando de exposição ao ar para que após quatro a seis dias subam na vegetação atraídas pela luz em busca de seus hospedeiros. Embora bus quem a luz, evitam a luz solar direta, preferindo ficar no lado abrigado das folhas.

Algumas técnicas permitem a coleta de car rapatos, como as armadilhas de CO2, arrasto

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de flanela e visualização no ambiente. As arma dilhas de CO2 consistem em um tecido branco com gelo seco. Ao sublimar o gelo, há a emissão de CO2 de forma constante, atraindo assim os carrapatos que estiverem por perto. A técnica de arrasto é feita com o auxílio de um pano bran co (flanela) de aproximadamente um metro de largura por dois metros de comprimento. Esse pano é arrastado no solo sobre a vegetação, e na passagem, os carrapatos ficam presos ao tecido sendo posteriormente coletados. A visualização no ambiente consiste em andar por trilhas com especial atenção às pontas das folhas de plantas de pequeno porte e capim onde os carrapatos ficam à espreita de um hospedeiro.

Com base nesse conhecimento, fica fácil de terminar protocolos para o controle da popula ção de carrapatos. O primeiro passo em todos os serviços é verificar minuciosamente cada canto. Para isso podem ser utilizadas as técni cas de coleta mencionadas acima. Em seguida, é necessário limpar adequadamente todo o am biente (construções) e eliminar as condições e

estruturas que facilitem a proliferação. Vedar adequadamente trincas nas paredes, fendas e todas as frestas onde eles possam se abrigar, além de lavar todos os itens de decoração, como tapetes, forros de móveis, almofadas, casinha de cachorros etc.

Animais domésticos devem ser encaminha dos para tratamento médico veterinário visando eliminar os carrapatos. É preciso ainda procu rar por eventuais doenças que possam ter sido transmitidas. Em paralelo, devem ser aplicados produtos químicos específicos para o manejo de carrapatos nos locais onde forem encontrados, seguindo as indicações de rótulo do fabricante. Evite o excesso de pesticidas e lembre-se de ga rantir um intervalo de segurança entre o serviço e o retorno de pessoas e animais.

Heloísa Kuabara Bióloga. Especialista em Entomologia Urbana

Chegou a época do ano com maior incidência de moscas. É a hora de intensificar o controle desse inseto!

Com ação letal e efeito desalojante, não deixa resíduos no ambiente e pode ser utilizado com segurança!

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HIGIENIZAÇÃO

DE RESERVATÓRIOS

Água é o recurso natural mais im portante da Terra. Sem comida po demos viver uns 30 dias; sem água, uns sete dias. É conhecida como solvente universal, visto que pode dissolver - ao menos em pequenas quantidades - quase todas as substâncias que entram em contato. Cobre cerca de ¾ da superfície da Terra e compõe aproximadamente 72% do corpo humano (WEIS SHEIMER, 2002).

Embora haja uma enorme quantidade de água, não se pode ter a falsa ideia de que seja infinita. Cerca de 97,22% das águas estão nos mares e oceanos, portanto impróprias para o consumo humano. Apenas 2,78% correspondem à água doce, sendo que 2,18% encontram-se em geleiras e icebergs, ficando à nossa disposição somente 0,6%, sendo a maior parte encontrada no subterrâneo, em rios e lagos, o que dificul ta sua utilização pelo homem (TORRICO, 2001; VARNIER, 2008).

Por isso é muito importante cuidar da “pouca” água à nossa disposição. Além disso, aspectos sociais e econômicos fazem com que cerca de 2,5 bilhões de pessoas no mundo não tenham acesso às instalações sanitárias adequadas e usem água de má qualidade, sem tratamento, com sérios riscos sanitários. (UNICEF, 2015)

No Brasil, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), milhares de pessoas também usam água de má qualidade e sem tratamen to. Especialistas são unânimes em afirmar que o maior problema da má qualidade da água no país é a falta de saneamento adequado, além da falta de água potável. (REYMÃO E SABER, 2007).

Apenas 45% dos esgotos brasileiros passam por tratamento, o restante (residenciais/ indus triais/ agrícolas) é despejado bruto nos ecos

DE

ÁGUA POTÁVEL

sistemas, o que corresponde a 5,2 bilhões de m³ por ano (cerca de seis mil piscinas olímpicas por dia).

Todo ano, milhões de pessoas morrem por água poluída/contaminada no mundo – uma criança a cada 15 segundos, mais do que por todas as formas de violência juntas, inclusive as guerras. Segundo relatório da ONU, 3,7% de todas as pessoas que sofrem com doenças re lacionadas à água ocupam mais da metade dos leitos hospitalares do mundo.

Muitos locais que não possuem água forne cida por uma Estação de Tratamento de Água (ETA) acabam usando água de poço, impactando nos sistemas de saúde público e privado, com consequências na produtividade do país. (CE TESB, 1997).

Tratar essa água é um processo caro e com plexo, por isso muitos acabam usando com pouco ou sem tratamento algum.

O uso de água não potável pode causar 80% dos atendimentos de infecções hospitalares e 65% das internações, causados por micro-orga nismos transmitidos, direta ou indiretamente, pela água (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Décadas de exploração irracional da água le varam ao péssimo hábito do desperdício. Dados do IBGE afirmam que 40 milhões de pessoas no Brasil não recebem água em casa e mais de 100 milhões não são atendidas por sistema de es goto.

Em muitas partes do Brasil ainda não se per cebe a escassez de água, assim, para a maio ria, a preocupação não é o quantitativo, mas o qualitativo. Assim, além das autoridades, cada indivíduo deve se preocupar com a qualidade da água; porque a variedade de micro-organismos

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que pode ser encontrada no abastecimento é grande: algas, fungos, bactérias, vírus, protozoários, microcrustáceos, helmintos, quironomídeos (larvas de insetos), etc. Felizmente, a maioria é de vida livre e inofensiva à saúde. Porém, a presença destes indica uma “porta aberta” para micro-organis mos nocivos.

Para evitar doenças de origem ou veiculação hídrica, é preciso tomar providências: proteção de mananciais, de reservatórios de abastecimento, tratamento da água, sistemas de abastecimento projetados para receber manutenção e não permitir que resíduos eliminados inadequadamente in fluenciam na qualidade da água.

As doenças provocadas pela água imprópria ao consumo humano se dividem em dois grupos: Doenças de origem hídrica – são aquelas causadas pela presença de substâncias quími cas em concentrações superiores aos limites máximos permitidos.

Doenças de veiculação hídrica – são aque las em que a água atua como veículo do agente infeccioso, sendo as mais frequentes doenças como amebíase, giardíase, gastroenterite, fe bres tifoide e paratifoide, hepatite infecciosa e cólera.

Muitos vetores responsáveis por graves doen ças, por exemplo, os mosquitos que transmitem malária, febre amarela, dengue, chikungunya e zika, têm a fase larvária em meio aquoso, o que é imprescindível ao seu ciclo biológico. Assim, tais doenças indiretamente estão relacionadas com a água.

Portanto, não só por causa de lei, mas prin cipalmente para evitar doenças, promovendo bem-estar e saúde, os reservatórios precisam ser higienizados regularmente. Não limpar os reservatórios pelo menos a cada seis meses pode gerar acúmulo de matérias orgânicas que alimentam bactérias, contaminam os reservató rios e ainda produzem ácidos que comprome tem a estrutura.

Abaixo vemos um reservatório em que a tam pa não apresentava vedação correta e permitia a entrada de micropartículas que se acumularam lentamente, formando uma camada de limo, ambiente propício para formação de biofilme.

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Toda água destinada ao consumo humano deve ser objeto de controle e vigilância da quali dade, por isso órgãos ambientais nacionais, es taduais e municipais estabelecem leis, portarias e resoluções para manter um padrão na qualida de da água usada pela população: água potável é aquela que pode ser consumida pelos seres humanos, sem prejuízo à saúde. Para tal, ela deve apresentar características organolépticas,

sanitárias e toxicológicas adequadas, a fim de prevenir danos à saúde e favorecer o bem-estar das pessoas.

Qualquer água destinada ao consumo huma no deve ter tratamento adequado: ser límpida, agradável ao paladar, de temperatura razoável, não corrosiva, isenta de minerais de efeitos fi siológicos indesejáveis e de micro-organismos patogênicos.

Nesse contexto é que se faz necessária a im portância da higienização (limpeza mecânica + desinfecção) de reservatórios de água potável, que deve ser realizada a cada seis meses ou sempre que houver suspeita de contaminação da água, tanto por substâncias químicas, quan to por animais que podem se abrigar em seu interior, como roedores, baratas, pombos...

Épocas de chuvas são períodos de risco para a manutenção da qualidade da água dos reser vatórios, tanto pelo risco de entrada de água de enchentes, quanto pela possibilidade de conta minação por meio de águas oriundas de tubu lações de esgotos e galerias pluviais rompidas. Especialistas sugerem que, nesses casos, os responsáveis pela manutenção dos estabeleci mentos devem higienizar imediatamente os re servatórios, mesmo que ainda esteja dentro da validade (MIRANDA E MONTEIRO, 1989).

Essa necessidade pode ser aferida com aná lise de colimetria, procedimento eficaz para se verificar a qualidade da água. Deve ser provi denciada sempre após cada higienização ou se houver suspeita de sua qualidade.

A presença de coliformes totais e/ou ter motolerantes indica falha no sistema, o que normalmente ocorre depois da distribuição, especialmente falha na manutenção dos reser vatórios, que muitas vezes ficam mais de seis meses sem higienização ou não são correta mente vedados, por exemplo.

A péssima condição do reservatório e qualidade da água por falta de manutenção

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Esta análise indica a contaminação ou não da água por germes do grupo co liforme. Os coliformes constituem um grupo de bactérias que, por reunirem um conjunto de características próprias, foram internacionalmente consagradas como indica dores bacteriológicos de contaminação da água. São encontrados em grande quantidade nas fe zes humanas e de animais de sangue quente, podendo algumas espécies ser encontradas em ambiente natural. A presença de coliformes na água indica que a mesma, em algum momento, foi assim afetada.

A manipulação de produtos químicos só pode ser feita por funcionários treinados da empresa de higienização, utilizando equipamentos de proteção individual de acordo com as normas do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Com exceção das residências unifamiliares, todo estabelecimento, público ou privado, que mantenha reservatório de água para o consumo

humano, deve contratar empresa especializada e credenciada em órgão ambiental para execu tar esse serviço.

Os gestores das higienizadoras são os res ponsáveis em providenciar que os operadores recebam treinamento específico para essa fun ção, certificando-se de capacitação contínua, com reciclagens anuais, para que saibam que este tipo de trabalho é perigoso, porém possível de ser executado com segurança se feito com responsabilidade.

Também é importante treinamentos de NRs específicas, como NR 6 (EPI – Equipamentos de Proteção Individual), NR 33 (procedimentos em espaços confinados), NR 35 (procedimentos para trabalhos em altura), NR 10 (segurança em instalações e serviços em eletricidade), entre muitas outras. Trabalhadores treinados, certi ficados e comprometidos minimizam os riscos inerentes à atividade, protegendo a empresa e os clientes de danos físicos e financeiros.

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Uso de EPIs minimiza o risco de acidentes

Procedimento Operacional Padrão (POP) simplificado

Existem especificidades na legislação em cada estado (até municípios), po rém a metodologia preconizada é a seguinte:

1- Para evitar o desperdício de água e energia elétrica, o abastecimento deve ser interrompi do com antecedência. O tempo varia de acordo com o estabelecimento e o consumo, o que deve ser verificado pelo cliente.

2- A recomendação é iniciar pelos reserva tórios inferiores (cisternas) e depois tratar os reservatórios superiores (caixas d’água), procu rando, se possível, evitar o máximo a interrup ção do abastecimento, tratando cada unidade isoladamente.

3- Em caso de reservatório dividido, com compartimentos independentes, selecionar um deles, interromper o abastecimento e manter o abastecimento pelo outro compartimento.

4- Existem casos complexos como em sho ppings, hospitais, hotéis, em que o abaste cimento dificilmente pode ser interrompido, exigindo alguma modificação na metodologia empregada.

5- Os reservatórios devem ser esgotados até restar aproximadamente 20/30 centímetros de água, que deve ser usada para vigorosa escova ção vertical e horizontal para a retirada total de limo, lodo, biofilmes (possível colônias de bac térias) que se acumulam.

6- Para não afetar impermeabilizações, os

reservatórios de alvenaria devem ser escovados com escovões de fios de nylon; reservatórios de amianto (sugerir substituição destes), de fibra ou de polietileno devem ser esfregados com esponjas. Nunca utilize sabão, detergente ou qualquer produto semelhante.

7- Remover detritos, enxaguar, secar e desin fectar totalmente os reservatórios. Todo mate rial utilizado deve ser previamente desinfectado para garantir assepsia no serviço. O material deve ser de uso exclusivo.

8- O processo de desinfecção química é fei to com hipoclorito de sódio, que não apresen ta contraindicações se usado nas quantidades indicadas (tempo de contato de pelo menos 30 minutos). É comumente usado e aceito por órgãos sanitários como bactericida eliminador de micro-organismos causadores de doenças como CÓLERA, HEPATITE A, DISENTERIAS, AME BÍASE e outras doenças veiculadas pela água.

9- As empresas devem emitir um Compro vante de Execução de Serviço (CES), descreven do na frente e no verso as condições das boias, registros, válvulas, tubulações; se a tampa veda corretamente contra poeira e vetores; estado das impermeabilizações ou qualquer anoma lia na integridade física do reservatório, como fissuras, fendas, emboço saturado e caindo; in filtração, vazamento, ferragens expostas e oxi dadas nas paredes e, principalmente, no teto, indicando ao responsável pelo estabelecimento se há necessidade de alguma medida preventiva e/ou corretiva.

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Válvulas de pé muito oxidadas Caixa superior com vazamento Emboço saturado e soltando

Nesse caso, a água fica em constan te contato com o produto imper meabilizante, que tende a liberar substâncias químicas que podem comprometer a potabilidade da água.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os Hidrocarbonetos Aromáticos Policí clicos (HAPs) contidos nessas partículas são tó xicos e o consumo dessa água pode acarretar diversas complicações de saúde, como irritações na pele, nariz e garganta. Além disso, o ben zopireno se manifesta fortemente na toxicologia humana, podendo entrar em contato com o or ganismo por inalação e pelo contato com a pele. O contato pode ocasionar diversos problemas de saúde, como câncer de pulmão, brônquios, pele e bexiga. Os Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos representam risco à saúde huma na, pois alguns já são comprovadamente can cerígenos (GUIMARÃES, 2004; ALGRANTI et al., 2010). Mais uma vez, essa situação exige reparo urgente, pois pode afetar drasticamente a saúde dos usuários.

10- É obrigação da empresa que faz higieni zação fornecer ao contratante o CES, indepen dente de sua solicitação, que deve ser emitido em duas vias, assinadas pelo operador encar regado pela execução do serviço e pelo contra tante – ou alguém que lhe represente: a via do contratante deve ser fixada em local visível ao público ou a condôminos, junto com o Boletim para Medição de Potabilidade (BMP), que vai in dicar a qualidade bacteriológica da água após o serviço. A via da empresa deve ser arquivada pelo menos por dois anos, para possível fiscali zação de órgão ambiental.

11- O CES e o BMP são considerados válidos somente se juntos, e se houver identificação de responsáveis técnicos registrados em seus con selhos de classe. Além disso, as higienizadoras

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Reservatórios revestidos com impermeabilizante betuminoso (obtido a partir do refino do petróleo)

bem como o laboratório precisam possuir um Termo de Responsabilidade Técnica (TRT), indi cando que tanto os responsáveis técnicos como a empresas estão ali registrados e são compe tentes para execução dos serviços que se pro põem.

12- É interessante fazer um laudo fotográfico das condições gerais dos reservatórios e seus sistemas para apresentar ao contratante.

Valdir Viana Biólogo, pós-graduado em Gestão Ambiental, com ampla experiência em Controle de Vetores e Pragas

OBS: anualmente a ABCVP providencia o curso de higienização de reservatórios de água potável. Inscreva-se e adquira informações adicionais.

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O MANEJO INTEGRADO

DE PRAGAS E A SEGURANÇA DE ALIMENTOS

A presença de pragas na cadeia produtiva de alimentos, bebidas e embalagens é sempre preocupante, em virtude dos diversos prejuízos acarretados. Dentre eles, destacam-se:

contaminações, desperdícios e perdas; doenças transmitidas por alimentos (DTA); parada de produção; interdição e/ou fechamento do estabelecimento por ações fiscalizatórias; perda de pontuação em auditorias; ações indenizatórias; recall; perda de lisura da marca; perda da confiança do consumidor.

Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agri cultura (FAO) apontam que mais de 600 milhões de pessoas adoecem em virtude de alimentos contaminados com bactérias, vírus, parasitas, toxinas ou produtos químicos. Cerca de 420 mil morrem em todo o mundo. Desse modo, sobrecarregam os siste mas de saúde, prejudicando atividades econô micas e o turismo.

As pragas mais comuns nas áreas de alimen tos são baratas, formigas, moscas, carunchos, traças, roedores e pássaros (pombos e pardais).

O MIP ou CIP (manejo integrado de pragas ou controle integrado de pragas) é um dos progra mas de pré-requisito obrigatório (PPR), conhe cido também como boas práticas de fabricação (BPF), que deve ser gerenciado em conjunto com o APPCC (Análise de perigos e pontos críticos de controle), estabelecidos em regulamentações da ANVISA e do MAPA.

Quando o tema se refere à segurança de ali mentos, é importante esclarecer conceitos que algumas vezes são interpretados de modo con fuso.

Segurança alimentar (food security): é a garantia de alimentos para todas as pessoas do mundo, em qualquer época do ano, através de políticas públicas, com qualidade nutricional e quantidades apropriadas para uma vida saudá vel e ativa.

Segurança dos alimentos (food safety): refere-se à garantia da qualidade de alimentos seguros do campo à mesa, por meio de procedi mentos e medidas capazes de controlar agentes contaminantes (físicos, químicos, microbiológi cos e radioativos).

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“Não há segurança alimentar sem segurança dos alimentos.”

Perigo: agente biológico, químico ou físico nos alimentos com potencial para causar um efeito adverso à saúde.

Risco: probabilidade de ocorrência de um efeito adverso à saúde e a severidade deste efeito.

Tais conceitos estabelecem o quão relevante é o trabalho das empresas especializadas na implantação de programas de gerenciamento de pragas, pois como é sabido, além dos perigos físicos, são vetores importantes de diversos microrganismos patogênicos.

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Foto: Segurança alimentar x segurança dos alimentos (insira.com.br)

No mercado mundial, os fornecedo res de produtos de bens de consu mo e os players do varejo adotam padrões normativos reconhecidos pelo GFSI (Iniciativa Global de Segurança de Ali mentos), organização privada responsável pelo desenvolvimento de um esquema de padrões de segurança de alimentos do campo à mesa, com foco na melhoria contínua dos sistemas de ges tão de segurança de alimentos visando entre gar, de modo confiável, produtos seguros aos consumidores no mundo inteiro.

As certificações dessa organização com maior adesão são a BRCGS, FSSC 22000, IFS, além do Global Gap para a produção primária. No Brasil, são também as mais adotadas pelas organizações.

Cada norma acima é composta por um esco po abrangente, contemplando sistemas capazes de identificar e controlar os principais perigos com gestão focada na redução de riscos que comprometem a segurança de alimentos.

Para atender aos padrões estabelecidos no escopo, os profissionais do controle de pragas precisam se apropriar de conhecimentos espe cíficos, procedimentos, além de estar sempre atentos às atualizações dessas normas.

No quesito pragas, deve-se implantar pro gramas com base de dados levantados na aná lise de perigos e avaliação de risco associados que esses animais representam, considerando sempre os quatro elementos facilitadores: água, acesso, abrigo e alimento. Neste contexto, é fundamental que as controladoras de pragas di recionem as ações para o monitoramento, para as medidas preventivas e corretivas, de forma sistematizada com informações devidamente documentadas.

Estamos na era onde o menos é mais. Os ho lofotes do controle de pragas não estão voltados apenas para uso e aplicação de produto, mas no trabalho conjunto, interdisciplinar e com as res ponsabilidades compartilhadas entre as partes interessadas.

A estruturação do programa de manejo inte grado deve contemplar as etapas abaixo:

1. Diagnóstico ambiental (visita técnica)

1.1. Avaliar a presença de pragas, identificar espécie, presença dos 4 A´s, com foco principal no acesso e possíveis abrigos, analisar o entor no da planta, os processos, rotinas operacionais dos colaboradores e evidenciar os riscos asso ciados em cada área inspecionada.

1.2. Emissão de relatório: descritivo de pra gas, medidas preventivas e corretivas, crono grama de atividades (instalação de armadilhas luminosas, porta-iscas, túneis com placas de cola, armadilhas com feromônio, implantação de planilhas de ocorrência de pragas, plano de controle, periodicidade, frequência do monito ramento e envio de relatórios consolidados).

2. Implantação

2.1. Instalação de dispositivos: armadilhas luminosas, com feromônios e túneis com placas de cola instaladas em pontos estratégicos. São imprescindíveis no monitoramento e na geração de dados para auxiliar na tomada de decisão e analisar tendências. Caixas porta-iscas devem formar um anel sanitário externo. Após a ins talação, todos os dispositivos são devidamente mapeados e identificados.

2.2. Planilha de ocorrência de pragas: preenchida pelos colaboradores de cada setor sempre que as pragas forem avistadas. Base de dados para avaliação e/ou execução de medidas de controle.

2.3. Medidas preventivas: instalação e manutenção de barreiras físicas com foco nos procedimentos de recebimento, armazenamen to, limpeza, higienização e gestão de resíduos.

2.4. Medidas corretivas: identificação da não conformidade e plano de ação corretiva.

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2.5. Controle químico: executado de acor do com parâmetros especificados na norma e aprovação das fispq´s dos produtos. Emissão de relatório consolidado das intervenções quí micas.

3. Monitoramento: sistemático de acordo com frequência estabelecida para inspecionar instalações, armadilhas (limpeza, manutenção, número de insetos capturados, troca de re fil, lâmpada), porta-iscas (limpeza, reposição/ avaliação de consumo de raticida), túneis (re posição das placas e capturas), falhas nas boas práticas, coleta de dados registrados nas plani lhas de ocorrências de pragas, ações corretivas ou preventivas.

“O monitoramento é a base de dados para estabelecer planos de controle e analisar tendências.”

4. Registros: todas as verificações, ob servações, tratativas e ações executadas são obrigatoriamente registradas pelo técnico no comprovante de execução de serviço e compi lados em relatórios gerenciais conforme esta belecido no escopo do referencial normativo e ajustes contratuais entre as partes interessadas e enviadas para o contratante.

5. Avaliação de resultados: análise crí tica dos resultados para a melhoria contínua e tendências de ocorrências e infestações confor me sazonalidade das pragas e desvio nas boas práticas.

6. Treinamento semestral ou anual: eta pa importante para abordar os pilares do MIP, pragas, ações de prevenção, além de fomentar o engajamento e esclarecer as responsabilidades.

É de competência da organização nomear um colaborador para acompanhar e gerenciar o programa, bem como estabelecer canais de co municação com a controladora de pragas.

As empresas do setor que almejam atender grandes contas devem estabelecer um plane

jamento estratégico, envolvendo investimento em pessoas com qualificação técnica, em ferra mentas e tecnologias para gerenciar dados e em cursos para prover expertise sobre as diretrizes estabelecidas em normas certificadoras e pelos órgãos reguladores.

Praticar MIP é ter a compreensão que o controle químico é apenas uma ferramen ta complementar às estratégias de prevenção, monitoramento e eficiência na gestão de dados consideradas chaves do sucesso para a segu rança de alimentos.

Ana Mary Amorim Bióloga/Diretora Técnica da Amorim Consultoria

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ATENDIMENTO A GRANDES CONTAS:

UM DESAFIO PARA A CONTROLADORA DE PRAGAS

Cada vez mais, devido ao aumento de competitividade do mercado, as em presas buscam a melhoria contínua dos serviços prestados pelas controla doras de pragas. Isso se vê de uma maior forma com as empresas de grande porte e que pos suem em seus sistemas o conceito estabelecido de qualidade e melhoria de processos.

Atualmente, as empresas além de buscarem prestadores de serviços e fornecedores que entreguem trabalhos de máxima qualidade, esperam também ser atendidas com excelên cia e agilidade. Portanto, é importante que as controladoras sempre tenham isso em mente e busquem atender os clientes com qualidade e fazendo de tudo para prover suas expectativas.

Quando pensamos nesse conceito, é impos sível não nos arremetermos a certas certifica ções que trazem muito claramente essa ideia. Uma delas é a ISO 9001:2015. A ISO 9001 nada mais é do que um sistema de gestão da qua lidade que tem como objetivo a garantia da otimização de processos, maior agilidade no desenvolvimento de produtos e serviços e uma prestação de serviços mais ágil a fim de satisfa zer os clientes e as normas.

Não é obrigatório que toda empresa con troladora de pragas que queira prestar atendi mentos a grandes contas seja certificada nessa norma, mas é importante que ao menos tenha conhecimento sobre ela e aplique seus concei tos.

Atualmente, poucas controladoras mantém o controle da informação documentada ou, quan do o fazem, possuem dificuldade. Este é requi sito fundamental para colaborar nos casos de auditorias e que sabemos que esses tipos de clientes sofrem. Somente assim é possível ga rantir a eficácia e a segurança dos processos. Hoje, temos a responsabilidade de facilitar a

forma com que a informação é encontrada bem como descrever todas as ações da organização e prever possíveis não conformidades e formas de evitá-las.

Existem inúmeras formas de manter a infor mação documentada, no entanto, esse ainda é um assunto que gera muitos enigmas no siste ma de gestão.

Muitas vezes, devido a processos manuais, falta de centralização e controle de informações por meio de planilhas dificultam a gestão e a vi sibilidade de dados, o que pode acarretar perda de informação.

Por isso, é importante que ao estabelecer um contrato, a controladora centralize as in formações em um gestor que tenha consciência da importância da agilidade de atendimento e, principalmente, que mantenha todas as infor mações documentadas e com relatórios claros e estatísticos de fornecimento para o cliente.

Um bom sistema pode facilitar e muito a transmissão desses dados, entretanto, muitas vezes há a necessidade de realizar a personi ficação de relatórios e dados para os clientes. Quando realizamos atendimentos a grandes contas, isso deve ser feito de prontidão. Deve -se ter em mente qual o tipo de segmento que o seu cliente pertence, quais as certificações e normas que a empresa está sujeita e quais as suas reais necessidades. Devemos pensar que temos que precaver situações adversas e evitar que nossos clientes sofram não conformidades por causa de falhas nossas.

Por isso, realizar treinamentos e manter as fichas de treinamentos bem como os POPs (procedimento operacional padrão) e documen tos da empresa e de funcionários atualizados anualmente é um dos itens para atendermos adequadamente esses tipos de clientes.

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Quando falamos em POP, devemos lembrar que este deve ser feito para a controladora e para o cliente da controladora. Por isso, muitas vezes, o POP fornecido para o cliente deverá conter as suas particularidades. Devemos sempre também, ao iniciarmos um contrato desse tipo, realizar uma reunião operacional de alinhamento, na qual devemos documentar todas as particularidades do cliente com os operadores e gestores que irão atendê-lo a fim de que o atendimento ocorra da melhor maneira possível evitando falhas graves que possam prejudicar o cliente.

Outra informação que deve ser documentada, mas que constantemente notamos falhas, é o mapeamento dos dispositivos. Tal mapeamento pode ser realizado através da obtenção das plantas baixas do cliente ou na falta delas, através de desenhos representativos das áreas. Todos os tipos de dispositivos devem estar mapeados e mantidos no mesmo local indicado no mapeamento. Por isso, além de fornecer o mapeamento atualizado anualmente para o cliente, deve-se realizar a con ferência deles em cada monitoramento.

Figura 1. Exemplo de mapeamento utilizado em clientes.

(Fonte: próprio autor)

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Por falar em monitoramento, todos os dados referentes a essa atividade devem ser anotados para posteriormente serem analisados para a realização de relatórios mensais ou conforme solicitação do cliente. Quando pensamos em que dados devem ser coletados, necessita mos verificar o tipo de dispositivo utilizado e qual a finalidade dele. Devemos levantar dados pertinentes sobre as ocorrências das pragas, situação das iscas e dos dispositivos. Muitas empresas pensam que algumas informações solicitadas são desnecessárias e complicadas de serem obtidas, mas, na verdade, a dificuldade pode estar na cultura dos operadores e gestores que não pensam em quais informações essas anotações podem nos trazer. Um exemplo clás

sico está nas observações dos insetos captura dos nas armadilhas luminosas. Através delas, podemos nos antecipar a futuras infestações e quais as portas de entrada de certas pragas. Além de também conseguirmos observar a fal ta de boas práticas operacionais/fabricação de nossos clientes e assim os orientar em relação a formas de evitar a proliferação de determinadas pragas no ambiente.

Por isso, a confecção de relatórios estatísti cos e de tendências são tão importantes, não só para o cliente, mas para a controladora também, visto que através deles pode-se prever possíveis infestações em determinadas épocas ou situa ções e com isso se antecipar a uma possível so licitação do cliente.

Outro relatório que não pode ser esquecido é o de elementos facilitadores de pragas, no qual itens referentes a proliferação, atração ou abrigo de pragas devem estar relatados, além de sugestões de melhorias para sanar essas não conformidades.

Tal relatório deve estar atua lizado constantemente. Esta é uma ferramenta que protege a empresa controladora de pra gas de infestações que não são sanadas por causa dessas não conformidades. Além disso, é responsabilidade da controla

dora orientar o seu cliente em relação a esses itens.

Também são primordiais as ordens de serviços que devem ter informações pertinentes a realização do serviço bem como informações fidedignas dos produtos utilizados de acordo com a praga alvo e a metodologia de aplicação.

Deste modo, o bom aten dimento a grandes contas resume-se em: manter as do cumentações da controlado ra e dos funcionários em dia, manter todas as informações

documentadas pertinentes aos serviços realizados, saber rea lizar a gestão dos dados cole tados durante o atendimento, interessar-se pelo cliente, es tudar sobre as normas e certi ficações que ele está sujeito e assim prestar um atendimento de qualidade.

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Uiara

AUMENTO DOS RISCOS

CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS CONTRA INTERRUPÇÕES FUTURAS

AOrganização das Nações Unidas (ONU) lançou mundialmente 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que abrangem todos os setores da so ciedade para se mobilizarem de forma a garantir que haja recursos adequados, soluções mais in teligentes, marcos regulatórios e compromissos de governos, instituições, do setor privado e de outras partes interessadas. Cada empresa tem um papel a desempenhar para garantir que os objetivos sejam alcançados até 2030.

Trazendo isso para as empresas controlado ras de pragas, o ODS 14 é sobre a vida debaixo d’água. O objetivo é a conservação e o uso sus tentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Isso significa que proteger a vida na terra e na água inclui evitar o uso de produtos químicos tóxicos, sempre que possível, prevenir a po luição ambiental, prevenir o envenenamento de espécies não-alvo, boa gestão de resíduos e implementação de uma política de sustenta bilidade em toda a empresa para proteger os ecossistemas globais a longo prazo.

Em 2020, no evento GFSI (Global Food Safety Initiative), realizado na cidade de Seattle (EUA), uma empresa controladora de pragas apresen tou a novidade dos dispositivos de controle de pragas digitais. Ou seja, armadilhas luminosas e de roedores controladas através de sensores e comunicações sem fio. A ideia era prototipar esses dispositivos nas empresas de alimentos durante o decorrer do ano de 2020 e eles acre ditavam que, em 2023, esse tipo de solução estaria disponível nos países da América do Sul.

No entanto, essa transformação digital virou realidade logo após o evento ocorrido em fe vereiro de 2020. E, de acordo com Dave Hall (diretor de operações de uma empresa de con trole de pragas de UK), a situação da covid-19 forçou inúmeras mudanças emergenciais nas empresas de alimentos. Afinal, como continuar visitando as empresas de alimentos num cená rio crítico com restrições de acesso de pessoas nas organizações e lockdown?

Uma empresa multinacional de controle de pragas surgiu com um sistema de dispositivos conectados que detectam, capturam ou elimi nam uma variedade de pragas. As armadilhas monitoram continua mente as instalações e oferecem monitoramento e resposta em tempo real de controle de pragas 24 horas por dia.

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Foto do sistema dos dispositivos de monitoramento

As informações seguem o seguinte fluxo: assim que uma unidade ligada é acionada, o dispositivo envia um alerta para a empresa con troladora de pragas com a hora e localização da atividade da praga. A notificação de atividade de pragas é enviada ao cliente ao mesmo tem po. Todas as atividades de pragas e o histórico de serviços são registrados, fazendo com que as informações estejam acessíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, em tempo real, in cluindo avaliações de risco, recomendações e tendências, oferecendo total transparência.

Em 2021, no GFSI, houve um painel de dis cussão com o tema central da transformação digital no Controle Integrado de Pragas. Os par ticipantes foram Jessica Burke (gerente de rela cionamento – BRCGS), Dr. John Donaghy (head of food safety at corporate quality- Nestlé S.A.), Dave Hall (diretor de operações – empresa con troladora de Pragas UK), Lizi Jenkins (diretor do grupo de inovação – empresa controladora de pragas) e Giovanna Ordonez (gerente técnica sênior GFSI – The Consumer Goods Forum).Lis tei abaixo as mudanças positivas compartilha das pelo grupo durante as discussões:

#1 Práticas de higiene e limpeza mais rigorosas

Devido à covid-19, a Nestlé e outras empre sas do segmento de alimentos adotaram práti cas de higiene e limpeza ainda mais rigorosas. Ou seja, com os estabelecimentos mais limpos e organizados, houve um impacto positivo na redução de pragas nas fábricas, o que favorece também o controle de pragas nas localizações das empresas e toda vizinhança.

#2

Monitoramento sem interação humana

O uso de dispositivos digitais no controle integrado de pragas foi algo totalmente dis ruptivo e foi ao encontro das necessidades das empresas. Uma das preocupações da Nestlé era reduzir ao máximo atividades que tivessem in terações humanas, de forma a minimizar o risco de contaminação das pessoas pela coronavírus. E o monitoramento por sensor fez com que as visitas dos técnicos (controladores de pragas) não fossem mais necessárias.

#3 Informação em tempo real

As informações em tempo real possibilitam um olhar no cenário dentro das 24h/dia, sete

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dias por semana. Ou seja, quando o sensor aciona a entrada de um roedor ou identifica a presença de um inseto voador, é possível iden tificar o momento exato daquela ocorrência de praga. O dispositivo envia uma mensagem nos aparelhos remotos da empresa contratante e dos controladores. Se a empresa possui outros recursos digitais como câmeras, a identificação da causa daquele desvio será com base em evi dências factíveis.

#4 Olhar para o futuro do ecossistema

Utilizar esses dispositivos digitais gerou uma redução de 40% no consumo de pesticidas, o que significa também uma redução no consumo de embalagens plásticas. Durante muitos anos, as empresas controladoras de pragas trabalha vam apenas para combater as pragas. Isso fazia com que uma das soluções utilizadas fosse o aumento contínuo no uso ou aplicação de pes ticidas. Como sabemos, a praga vai se tornando resistente ao longo do tempo se exposta sob aquele residual aplicado.

Esse cenário caótico e totalmente FANI (frá gil, ansioso, não linear e incompreensível) fez com que as organizações acelerassem a otimi zação de seus processos. Que possamos re fletir diariamente sobre como nós (pessoas e organizações) podemos ser mais colaborativos com o ecossistema. Fazemos parte de um elo totalmente interligado. Aprendemos na prática que aquilo que acontece em um país impacta diretamente na vida de milhares e milhares de pessoas em outros países. Vamos utilizar mais a combinatividade, interatividade e empatia para trazermos soluções colaborativas nas organiza ções.

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Carla Otsuki Engenheira de alimentos e consultora em SGSA e metodologias criativas

VALE O QUE ESTÁ Escrito ” ! “

A importância da escrita formal nas empresas

SSou de uma geração cujo o aprendiza do e o exercício da língua pátria eram pré-requisitos para a obtenção de um bom emprego e, quiçá, uma boa car reira. Perto de me tornar sexagenário, tenho ci ência de que ainda preciso aprender muito para o pleno domínio do nosso idioma. Então, deixo claro de antemão, que não tenho a pretensão e nem a competência necessária para apontar erros alheios ou para ensinar, quem quer que seja, a escrever. Quero aqui, apenas, chamar a atenção para a extensão e a gravidade de um fenômeno que evolui sistematicamente, o qual se não recebido atenções e cuidados devidos, pode influenciar de modo negativo na apre sentação formal, e até mesmo, na imagem das empresas: a imensa escassez de profissionais, principalmente dos mais jovens, que manejem com certa destreza o português. O que outro ra era indispensável se tornou uma lamentá vel raridade. Hoje, ao invés de textos escritos com coerência, vemos uma pletora de contra ções, abreviações, neologismos e erros crassos de ortografia, em especial de concordância.

ou de uma geração cujo aprendizado e o exercício da língua pátria eram pré-requisitos para a obtenção de um bom emprego e, quiçá, uma boa car reira. Perto de me tornar sexagenário, tenho ci ência de que ainda preciso aprender muito para o pleno domínio do nosso idioma. Então, deixo claro de antemão, que não tenho a pretensão e nem a competência necessária para apontar erros alheios ou para ensinar, quem quer que seja, a escrever. Quero aqui apenas chamar a atenção para a extensão e a gravidade de um fenômeno que evolui sistematicamente, o qual se não recebido atenções e cuidados devidos, pode influenciar de modo negativo na apresen tação formal e até mesmo na imagem das em presas: a imensa escassez de profissionais, principalmente dos mais jovens, que mane jem com certa destreza o português.

O que outrora era indispensável se tornou uma lamentável raridade. Hoje, ao invés de textos escritos com coerência, vemos uma ple tora de contrações, abreviações, neologismos e erros crassos de ortografia, em especial de concordância. E para não deixar de registrar: as malfadadas transcrições dos vícios de lin guagem, como o excessivo e inadequado em prego do sufixo ndo em substituição às formas flexionadas dos verbos (“estar fazendo”, “estar transferindo”, “estarei ligando” ao invés de farei, transferirei e ligarei e etc.).

Para se escrever bem é preciso ler. E por ler entenda-se todos os estilos literários, e não so mente textos e artigos técnicos. Isto porque a comunicação empresarial difere, em muito, da comunicação entre os pares. Ao se comunicar com o público leigo, é importante que se con siga exprimir com absoluta clareza suas ideias e propósitos. Portanto, diretores, supervisores, gerentes, responsáveis técnicos e outros têm o dever de se comunicarem com esmero na forma escrita.

Por falta de aptidão também não posso apontar as razões para explicar o fato que ora apresento. Sobre estas, posso no máximo expor minha opinião, a qual tem o mesmo valor que

Um texto comercial, deve ao menos, guardar relativa distância de uma letra de funk e deve ser, ao mesmo tempo, coerente e conciso. Por exem plo, ao se formular uma proposta comercial, é fundamental que se consiga transmitir de modo objetivo e inteligível o que está sendo ofertado.

Lembrando que:

a de qualquer outro, – consoante ou contrária – pois é apenas uma opinião: acredito que (em parte, pois não é só isso), devido à evolução nas formas de comunicação que se tornaram tão rá pidas quão dinâmicas, onde uma simples pos tagem na rede mundial de computadores pode dar a volta ao mundo em questão de minutos; concomitante às necessidades de informações e respostas rápidas, cuja maioria, embora super ficiais, estão a um clique (para usar o português castiço), formaram uma geração de profissio nais inaptos para escrever, quando priorizaram a busca por informações resumidas nas páginas online, em detrimento da pesquisa em artigos e livros.

➢ quem irá ler, pode ou não, estar familiariza

➢ se estiver se comunicando com uma corpo ração, muitas pessoas, de diferentes áreas e com conhecimentos variados, irão analisar sua oferta e se esta não for clara, o critério de jul gamento poderá ser, exclusivamente, o preço;

Para se escrever bem é preciso ler. E por ler entenda-se todos os estilos literários e não como possam pensar alguns, somente de textos e artigos técnicos. Isto porque a comunicação empresarial difere, em muito, da comunicação entre os pares. Quando se escreve para pro fissionais de áreas afins, as palavras têm sig nificados únicos e precisos, ao contrário do que ocorre quando o público que tem pouca

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“sentimo-nos honrados” e “temos a honra”.

familiaridade com o assunto. Ao se comunicar com o público leigo, é importante que se con siga exprimir com absoluta clareza suas ideias e propósitos. Portanto diretores, supervisores, gerentes, responsáveis técnicos e outros têm o dever de se comunicarem com esmero na forma escrita.

Embora este preâmbulo possa parecer retó rico (no sentido pejorativo do termo), o título deste artigo me soa verossímil, pois as mudan ças nas formas de comunicação não invalidam ou mitigam as consequências de um texto obs curo ou mal escrito.

Longe de exigir que se redija com o lirismo de Olavo Bilac ou a erudição de Coelho Neto, um texto comercial, deve ao menos, guardar relativa distância de uma letra de funk e deve ser, ao mesmo tempo, coerente e conciso. Por exemplo, ao se formular uma proposta comer cial, é fundamental que se consiga transmitir de modo objetivo e inteligível o que está sendo ofertado; lembrando que:

2. Detalhamento da metodologia: neste tópico sim, sem exagerar nas terminologias técnicas, mostre todo seu conhecimento, de modo que o leitor perceba o quanto você domina seu trabalho e, portanto, o quanto está apto para resolver o problema, pois é o que importa a ele, e é isto que fará com que ele dê atenção à sua proposta. Neste tópico se fala sobre a praga-alvo, as condições locais que estão propiciando a infestação, as técnicas de manejo, produtos, periodicidade, segurança – lembrando que a RDC -622/2022 da ANVISA é proibitiva quanto ao uso de termos como “atóxico” e “ecologicamente correto”. Se for necessário enfatizar algu ma característica de segurança, dê preferência às expressões como “produto registrado para uso domissanitário”, “produto seguro” ou afins.

quem irá ler, pode ou não, estar fa miliarizado com a linguagem do segmento de mercado. Então, na medida do possível, tente empregar o mínimo de termos técnicos e no menclaturas científicas (exceto aquilo que for indispensável para determinar abrangência ou escopo do seu trabalho). O uso de tais palavras não irá facilitar a compreensão do texto para quem não está familiarizado com elas, e tam bém não irá referendar seus conhecimentos so bre o tema;

se estiver se comunicando com uma corporação, muitas pessoas, de diferentes áreas e com conhecimentos variados, irão analisar sua oferta e se esta não for clara, o critério de julga mento poderá ser, exclusivamente, o preço;

3. Condições gerais de fornecimento: nes te item devem ser relacionadas todas as suas obrigações, como fornecimento de produtos, equipamentos, mão-de-obra e demais insumos que serão empregados. Também devem estar previstas as ações que serão responsabilidade do contratante, tais como: permitir o acesso da equipe de trabalho, disponibilizar energia elétri-

ao propor um serviço, você deverá dei xar explícito o que está contido em seu trabalho e, principalmente, o que não está. Exemplo: se você estiver propondo um controle de insetos rasteiros, deixe claro que o controle de roedores ou outras pragas não está incluso; se for fazer

um controle de cupins subterrâneos, explique que brocas e cupins de madeira seca não estão contemplados, e assim por diante.

Sob o risco de parecer presunçoso, apresento aqui uma relação dos tópicos que considero im prescindíveis na composição de uma proposta comercial.

ção da proposta. Porém, considero (novamente sob o risco de parecer presunçoso) esta exibi ção inicial um tanto pedante e entediante, pois naquele momento quem lê está preocupado em saber como você irá resolver o problema e não quem você é. Portanto deixe a exibição para o final do texto. Até porque, se o leitor chegou até aqui, significa que você despertou algum inte resse nele. Do contrário, de nada adiantará ele saber logo no início, quem ou o que você diz ser.

1. Histórico ou introdução: este é o prefá cio de sua apresentação. Nele você deverá jus tificar de forma sucinta, a razão pela qual está propondo o trabalho e sua abrangência. Evite o convencionalismo empolado e expressões baju ladoras como “é uma honra e um prazer”, “sen timo-nos honrados”, “temos a honra”, etc.

2. Detalhamento da metodologia: neste tópico sim, sem exagerar nas terminologias téc nicas, mostre todo seu conhecimento, de modo que o leitor perceba o quanto você domina seu trabalho e, portanto, o quanto está apto para resolver o problema, pois é o que importa a ele, e é isto que fará com que ele dê atenção a sua proposta.

Neste tópico se fala sobre a praga alvo, as condições locais que estão propiciando a in festação, as técnicas de manejo, produtos, pe riodicidade, segurança – lembrando que a RDC -622/2022 da ANVISA é proibitiva quanto ao uso de termos como: atóxico, ecologicamen te correto. Se for necessário enfatizar alguma característica de segurança, prefira expressões como “produto registrado para uso domissani tário”, “produto seguro” ou outras.

7. Remate: se você chegou até aqui com ele gância e estilo, não estrague tudo com frases cafonas e abomináveis, tais como: “sem mais para o momento” ou “sendo só o que se nos apresenta para o momento”. Afinal, creia que quem está lendo tem inteligência bastante para perceber que você concluiu sua apresentação. Estamos numa era de transformações e rápidas mudanças. Então, deixo aqui uma frase de Charles Darwin que expressa minhas convic ções quanto ao texto acima: “SÓ OS MAIS APTOS SOBREVIVEM!”

3. Condições gerais de fornecimento: nes te item devem ser relacionadas todas as suas obrigações, como fornecimento de produtos, equipamentos, mão de obra e demais insumos que serão empregados. Também devem estar previstas as ações que serão responsabilidade do contratante, tais como: permitir o acesso da equipe de trabalho, disponibilizar energia elé trica, água, informar horários para execução dos trabalhos, designar quem acompanhará o serviço e demais necessidades que este deman dar.

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4. Condições comerciais: exponha de for ma clara quanto está cobrando pelo trabalho, como e em que data(s) ser(ão) feito(s) o(s) pa gamento(s), validade de sua proposta e abran gência do contrato.

5. Garantias: deixe clara a extensão e li mites de sua responsabilidade quanto aos tra balhos propostos. Lembre-se que se houver um questionamento formal, ou mesmo jurídico, não existem dados ou informações implícitas. Seja explícito. “VALE O QUE ESTÁ ESCRITO”.

6. Apresentação da empresa: de modo ge ral, nas propostas de trabalho que vejo em nosso segmento, este tópico vem logo na apresenta ção da proposta. Porém, considero esta exibi ção inicial um tanto pedante e entediante, pois naquele momento quem lê está preocupado em saber como você irá resolver o seu problema e não quem você é. Portanto deixe a exibição para o final do texto. Até porque, se o leitor chegou até aqui, significa que você despertou algum in teresse nele. Do contrário, de nada adiantará ele saber, logo no início, quem ou o que você diz ser.

7. Remate: se você chegou até aqui com elegância e estilo, não estrague tudo com frases cafonas e abomináveis, tais como: “sem mais para o momento”. Afinal, creia que quem está lendo tem inteligência bastante para perceber que você concluiu sua apresentação.

Estamos numa era de transformações e rápi das mudanças. Então, deixo aqui uma frase de Charles Darwin que expressa minhas convicções quanto ao texto acima: “SÓ OS MAIS APTOS SOBREVIVEM!”

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