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Aumento dos riscos - Controle integrado de pragas contra interrupções futuras

AUMENTO DOS RISCOS

CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS CONTRA INTERRUPÇÕES FUTURAS

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AOrganização das Nações Unidas (ONU) lançou mundialmente 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que abrangem todos os setores da sociedade para se mobilizarem de forma a garantir que haja recursos adequados, soluções mais inteligentes, marcos regulatórios e compromissos de governos, instituições, do setor privado e de outras partes interessadas. Cada empresa tem um papel a desempenhar para garantir que os objetivos sejam alcançados até 2030.

Em 2020, no evento GFSI (Global Food Safety Initiative), realizado na cidade de Seattle (EUA), uma empresa controladora de pragas apresentou a novidade dos dispositivos de controle de pragas digitais. Ou seja, armadilhas luminosas e de roedores controladas através de sensores e comunicações sem fio. A ideia era prototipar esses dispositivos nas empresas de alimentos durante o decorrer do ano de 2020 e eles acreditavam que, em 2023, esse tipo de solução estaria disponível nos países da América do Sul.

Trazendo isso para as empresas controladoras de pragas, o ODS 14 é sobre a vida debaixo d’água. O objetivo é a conservação e o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Isso significa que proteger a vida na terra e na água inclui evitar o uso de produtos químicos tóxicos, sempre que possível, prevenir a poluição ambiental, prevenir o envenenamento de espécies não-alvo, boa gestão de resíduos e implementação de uma política de sustentabilidade em toda a empresa para proteger os ecossistemas globais a longo prazo.

No entanto, essa transformação digital virou realidade logo após o evento ocorrido em fevereiro de 2020. E, de acordo com Dave Hall (diretor de operações de uma empresa de controle de pragas de UK), a situação da covid-19 forçou inúmeras mudanças emergenciais nas empresas de alimentos. Afinal, como continuar visitando as empresas de alimentos num cenário crítico com restrições de acesso de pessoas nas organizações e lockdown?

Uma empresa multinacional de controle de pragas surgiu com um sistema de dispositivos conectados que detectam, capturam ou eliminam uma variedade de pragas. As armadilhas monitoram continuamente as instalações e oferecem monitoramento e resposta em tempo real de controle de pragas 24 horas por dia.

Foto do sistema dos dispositivos de monitoramento

As informações seguem o seguinte fluxo: assim que uma unidade ligada é acionada, o dispositivo envia um alerta para a empresa controladora de pragas com a hora e localização da atividade da praga. A notificação de atividade de pragas é enviada ao cliente ao mesmo tempo. Todas as atividades de pragas e o histórico de serviços são registrados, fazendo com que as informações estejam acessíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, em tempo real, incluindo avaliações de risco, recomendações e tendências, oferecendo total transparência.

Em 2021, no GFSI, houve um painel de discussão com o tema central da transformação digital no Controle Integrado de Pragas. Os participantes foram Jessica Burke (gerente de relacionamento – BRCGS), Dr. John Donaghy (head of food safety at corporate quality- Nestlé S.A.), Dave Hall (diretor de operações – empresa controladora de Pragas UK), Lizi Jenkins (diretor do grupo de inovação – empresa controladora de pragas) e Giovanna Ordonez (gerente técnica sênior GFSI – The Consumer Goods Forum).Listei abaixo as mudanças positivas compartilhadas pelo grupo durante as discussões: #1 Práticas de higiene e limpeza mais rigorosas

Devido à covid-19, a Nestlé e outras empresas do segmento de alimentos adotaram práticas de higiene e limpeza ainda mais rigorosas. Ou seja, com os estabelecimentos mais limpos e organizados, houve um impacto positivo na redução de pragas nas fábricas, o que favorece também o controle de pragas nas localizações das empresas e toda vizinhança. #2 Monitoramento sem interação humana

O uso de dispositivos digitais no controle integrado de pragas foi algo totalmente disruptivo e foi ao encontro das necessidades das empresas. Uma das preocupações da Nestlé era reduzir ao máximo atividades que tivessem interações humanas, de forma a minimizar o risco de contaminação das pessoas pela coronavírus. E o monitoramento por sensor fez com que as visitas dos técnicos (controladores de pragas) não fossem mais necessárias.

#3 Informação em tempo real

As informações em tempo real possibilitam um olhar no cenário dentro das 24h/dia, sete

dias por semana. Ou seja, quando o sensor aciona a entrada de um roedor ou identifica a presença de um inseto voador, é possível identificar o momento exato daquela ocorrência de praga. O dispositivo envia uma mensagem nos aparelhos remotos da empresa contratante e dos controladores. Se a empresa possui outros recursos digitais como câmeras, a identificação da causa daquele desvio será com base em evidências factíveis.

#4 Olhar para o futuro do ecossistema

Utilizar esses dispositivos digitais gerou uma redução de 40% no consumo de pesticidas, o que significa também uma redução no consumo de embalagens plásticas. Durante muitos anos, as empresas controladoras de pragas trabalhavam apenas para combater as pragas. Isso fazia com que uma das soluções utilizadas fosse o aumento contínuo no uso ou aplicação de pesticidas. Como sabemos, a praga vai se tornando resistente ao longo do tempo se exposta sob aquele residual aplicado.

Esse cenário caótico e totalmente FANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível) fez com que as organizações acelerassem a otimização de seus processos. Que possamos refletir diariamente sobre como nós (pessoas e organizações) podemos ser mais colaborativos com o ecossistema. Fazemos parte de um elo totalmente interligado. Aprendemos na prática que aquilo que acontece em um país impacta diretamente na vida de milhares e milhares de pessoas em outros países. Vamos utilizar mais a combinatividade, interatividade e empatia para trazermos soluções colaborativas nas organizações.

Carla Otsuki

Engenheira de alimentos e consultora em SGSA e metodologias criativas

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