Novembro 2020 - Edição em português

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PAPO DE CABINE

Bill Lavender bill@agairupdate.com

Incêndios Florestais no Brasil e o Papel dos SEATs Enquanto escrevo este editorial, planejo minha próxima viagem ao Brasil. Espero que, quando você ler isto, esta viagem tenha sido um sucesso e eu tenha retornado aos EUA em segurança. No mundo atual, “em segurança” tem um significado totalmente novo e mais amplo! AgAir Update também publica outra revista, intitulada “AerialFire”. Conforme seu título diz, é sobre combate aéreo a incêndios, com aeronaves SEAT (Single Engine Air Tankers – Bombeiros Aéreos Monomotores, como o AT-502, Thrush 710 e o AT-802), LATs (Large Air Tankers – Bombeiros Aéreos de Grande Porte, como o Q400 e o RJ85), VLATs (Very Large Air Tankers - Bombeiros Aéreos de Muito Grande Porte, como o DC-10 e o 747 da Global Air Tanker) e helicópteros de todas as categorias. O cenário do combate aéreo a incêndios florestais cresceu de forma exponencial na América do Norte e na Austrália, assim como em outros países do mundo, e isso inclui o Brasil. O Brasil tem uma abordagem do combate aéreo ao fogo muito diferente. Me lembro há mais de 20 anos atrás, quando meu amigo e conselheiro (ainda é) Ernesto Franzen disse que os países europeus deveriam ajudar a financiar o combate aéreo a fogos no Brasil. Porque a Europa? Por causa de suas preocupações com a “floresta tropical” (que eu chamo de Floresta Amazônica!). Mal sonhávamos, eu e Ernesto, que isto finalmente viraria realidade, e sem a ajuda da Europa! Em minha opinião, no que ela tiver valor, o Brasil está adotando o combate aéreo a incêndios exatamente da forma certa, pela utilização dos aviões agrícolas já existentes como SEATs. Seria ideal se fossem usados para atacar o fogo antes que saísse de controle. E, se o fogo crescer além da capacidade dos aviões agrícolas de controlá-lo, aí o governo deveria entrar com o auxílio dos Hércules C-130 VLATs. Alguém pode dizer que as políticas do governo Bolsonaro e as mudanças climáticas facilitaram o surgimento desta oportunidade para a aviação agrícola brasileira. É claro, políticas de governo afetam o combate aéreo a incêndios. Foi só recentemente que o governo aprovou o uso de um retardante de fogo neste combate, pela primeira vez oficialmente no Brasil. E é claro, os ambientalistas

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literalmente surtaram, achando que ele seria prejudicial ao meio-ambiente. Que espécie de meio-ambiente sobra depois que ele queima? A decisão de usar retardantes de fogo em lançamentos aéreos é uma boa decisão. O retardante torna o SEAT muito mais efetivo, porque o mesmo volume de retardante líquido é muito mais efetivo no combate às chamas do que a água pura. Quanto às mudanças climáticas, esta é outra discussão. O clima da Terra vem mudando desde o início dos tempos, mais devagar em alguns milênios e mais rápido em outros. Alguns destes assim chamados “incêndios devido a mudanças climáticas” na verdade foram causados por manejo florestal deficiente e por incendiários. Particularmente na Califórnia, um mau manejo florestal permitiu que vegetação rasteira mais inflamável se espalhasse, criando um autêntico “isqueiro”. Além disso, o crescimento urbano levou pessoas a construir casas em locais onde no passado se deixavam incêndios controlados ocorrer, para se reduzir esta vegetação rasteira; agora não se faz isso tanto quanto antes. Estas causas não tem a ver com mudança climática. Estas são ações de políticos e pessoas. De acordo com o governo americano, a temperatura global da superfície da Terra subiu apenas 1° F nos últimos 100 anos! Isso é menos do que um grau centígrado em 100 anos! (climate.gov). Agora você sabe porque esta edição de novembro de AgAir Update Brasil é sobre combate aéreo a incêndios. Ele está se tornando uma parte importante do mercado da aviação agrícola brasileira, com mais e mais pilotos agrícolas treinando para combater fogos com seus Air Tractors e Thrushes durante a entressafra. Para a maioria das empresas, é uma combinação perfeita. Porém, como você lerá no artigo escrito por Lucas Zanoni, é fundamental que o piloto esteja treinado para combater o fogo com sua aeronave, é fundamental que os governos, tanto locais como federal, saibam do impacto do uso de SEATs em incêndios, e é fundamental que a população saiba que o avião amarelo voando baixo é o arauto de boas notícias, trazendo segurança para aqueles próximos aos fogos. Até o mês que vem, Keep Turning…


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