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Curso Tecnológico de Desporto - 11ºano

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JÁ SABIA!!! Edição de Abril

2010/2011

TUDO SOB RE DESPORTO

II Se minário “ A Vid a d e um Atle ta Pro fissio nal ”

GESTÃO DESPORTIVA Professor Carlos Quaresma Pag.1 e 2

ESTEROIDES E ANABOLIZANTES Professor Rafael Baptista Pag.3 e 4

FISIOTERAPIA

Projecto organizado pela turma do Curso Tecnológico de Desporto do 11º ano da Escola Secundária da Lousã, marcado para dia 9 de Abril, às 15 horas, no auditório da Biblioteca Municipal da Lousã. Esta iniciativa contará com a presença de atletas de alto relevo do desporto. Este projecto tem como objectivo saber o tipo de vida que os atletas de alta competição levam no seu dia-a-dia e os obstáculos que tiveram que ultrapassar para atingir os elevados níveis de prestação desportiva que esta exige, bem como, promover a actividade física e a alimentação saudável.

Professora Ana Bravo Pag.7 e 8

PORQUÊ PRATICA EXERCICÍO FÍSICO? Professor Eduardo Dias Pag.9

T ipo lo gia d e Instalaçõ e s De spo rtivas Instalações Desportivas são espaços de acesso público organizados para a prática de actividades desportivas, constituídos por espaços naturais adaptados ou por espaços artificiais ou edificados, incluindo as áreas de serviços anexos e complementares. Pag.5 e 6


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GESTÃO DESPORTIVA Professor Carlos Quaresma Gerir um hospital, uma escola ou uma qualquer empresa, não é a mesma coisa que gerir uma federação desportiva. Pode ser este o ponto de partida para clarificar muitos dos aspectos e conceitos associados ao mundo da gestão desportiva: Capítulo I - O conceito Gestão (ou Administração), de acordo com a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (1998), “é o processo de planeamento, organização, liderança e controlo do trabalho dos membros da organização e do emprego de todos os recursos organizacionais para se atingir os objectivos estabelecidos. Planeamento implica que os gestores pensem previamente nos seus objectivos e nos seus actos. Estes baseiam-se nalgum método, plano ou lógica e não num palpite. Organização quer dizer que os gestores coordenam os recursos humanos e materiais da organização. A eficácia de uma organização depende da sua eficácia de destinar os seus recursos à consecução dos seus objectivos. Liderança descreve como os gestores dirigem e influenciam os seus subordinados, fazendo com que outras pessoas executem tarefas essenciais. Controlo quer dizer que os administradores procuram assegurar que a organização caminhe em direcção aos seus objectivos *…+. A gestão geral ou global é simplesmente designada em inglês pela palavra management sem qualquer qualificativo. Além dela, há as gestões funcionais respeitantes a aspectos parcelares da gestão. A gestão geral refere-se à gestão da organização como um todo e pressupõe a existência de gestões funcionais correspondentes a determinadas áreas em que a gestão assume aspecto especial. São correntes no caso da empresa a área da produção, a área comercial, a área financeira e a área dos recursos humanos, mas outras mais se podem considerar. A gestão geral resulta da necessidade de coordenar as gestões funcionais. Estas gestões estão interligadas por forma a que a actuação numa delas afecta a actuação noutra ou noutras. São bem conhecidas as situações em que o gestor comercial, interpretando as preferências do mercado, pressiona o gestor de produção a fabricar

o gestor comercial, interpretando as preferências do mercado, pressiona o gestor de produção a fabricar um produto com determinadas características.” De acordo com Teixeira, (1998), Gestão é “o processo de se conseguir obter resultados (bens ou serviços) com o esforço dos outros. Muitas vezes, provavelmente na maior parte dos casos, além da orientação e coordenação de pessoas, a gestão implica também a afectação e controlo de recursos financeiros e materiais.” Parece daqui resultar alguma ambiguidade entre dois conceitos. A saber: administração e gestão. A este propósito, refere-nos Soucie (2002), que “o conceito de “administração” refere-se basicamente à conduta ou à orientação dos esforços cooperativos dos membros da organização com vista à consecução dos objectivos definidos por esta organização. A administração é a arte de governar ou dirigir, a arte de mandar. Esta acção de levar um grupo a coordenar os esforços dos indivíduos de que fazem parte tem-se denominado de diversas maneiras com o passar dos anos. Por exemplo, as pessoas que exercem esta função têm ostentado títulos diferentes (patrão, presidente, director, supervisor, chefe, dirigente, gerente, etc.). Fundamentalmente, tem-se utilizado dois verbos, com maior frequência: administrar e gerir. Os indivíduos que desempenham estas diversas funções identificam-se como administradores e deles se diz que se ocupam da administração ou da gestão.

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GESTÃO DESPORTIVA Professor Carlos Quaresma Para não sermos escravos de um ou de outro termo, é possível e aceitável empregar uma equação entre administração e gestão e afirmar que ambos os termos são, mais ou menos, sinónimos. Alguns poderiam não estar de acordo com esta identificação e prefeririam assinalar algumas diferenças subtis entre ambos os conceitos. Ainda que estas subtilezas se possam justificar, resulta mais útil na teoria do que na prática. *…+. Os que defendem a diferença afirmam que o termo administração está reservado para os administradores de níveis superiores da hierarquia. Por exemplo, um administrador, quer dizer, alguém que faça parte de um conselho de administração de uma federação desportiva, estará mais preocupado com as políticas e as grandes estratégias da organização. *…+. Ainda de acordo com Soucie (2002), “O termo management, admitido recentemente pela Academia Francesa, emprega-se, frequentemente na Europa como sinónimo de “administração”mas refere-se em especial aos novos métodos de gestão e direcção procedentes dos Estados Unidos.” P a r a Sancho et al (1999, p. 18), “O termo, ou melhor o conceito, tem diferentes considerações ou acepções. Entendemos como gestão o conjunto da organização desportiva, a planificação das actividades a desenvolver (tanto desportivas como de outra índole), pô-la em prática e o controlo subsequente; Todo ele marcando num contexto da existência das necessidades desportivas dos cidadãos, reais ou potenciais, e a sua satisfação de uma maneira o mais racional possível, […].” Sancho et al (1999, p. 18), dá-nos uma definição clássica da gestão do desporto, referindo-se ao Comité Olímpico Italiano. De acordo com estes autores, este organismo, centrando-se na gestão de um centro desportivo, entende-a “como “aquele conjunto de actividades e meios necessários para uma correcta utilização dos espaços do desporto, com o objectivo de permitir aos usuários o desenvolvimento das suas actividades nas melhores condições possíveis, adoptando as medidas recomendáveis com critérios de economia, entendendo esta

Paçavra no sentido mais complexo do termo: o mesmo é dizer, emprego racional dos recursos disponíveis para obter os máximos resultados”.” Para Hernández (1999, p. 196), “as tarefas de gestão estão orientadas fundamentalmente para a planificação, organização, coordenação e controlo. Estas tarefas vêm-se influenciadas pela atitude e o rendimento do trabalho pessoal dos gerentes, pelas suas habilidades para tomar decisões e, sobretudo, pela sua maneira de planear, organizar, coordenar e controlar”. Ainda de acordo com este autor, “Os conceitos tradicionais de gerência foram formulados segundo o seu enfoque, obtendo diferentes nomes, 1 tais como o clássico, de comportamento, ciência da gestão, sistemas, contingência, etc.”

Próximo edição Capítulo II - Nascimento de uma ciência. A Evolução da Gestão

Carlos Quaresma

1- Professor; Licenciado em Desporto e Educação Física; Mestre em Gestão e Direcção desportiva.

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ESTEROIDES E ANABOLIZANTES Professor Rafael Baptista

Os esteróides androgênicos anabólicos (são uma classe de hormônios esteróides naturais e sintéticos que promovem o crescimento celular e a sua divisão, resultando no desenvolvimento de diversos tipos de tecidos, especialmente o muscular e ósseo. Capítulo I - Qual Ética? Afligem-me os casos, já não escassos, de “homicídio desportivo”. Ao rabiscar estas linhas, e na senda da campanha pela ética que venho protagonizando, tenho esperança que a mensagem chegue aos destinatários certos e que rumos indecorosos sejam corrigidos. O desporto tem a sua origem nos jogos gregos, com expressão maior nos jogos olímpicos. Porém, os jogos Píticos, Nemeus e Ístmicos foram outros antecessores. Todos em honra de Zeus, o deus dos deuses. Como tal, os valores defendidos na época resumiam-se a dois conceitos: Agôn e Areté. Agôn consistia na competição e superação em busca da perfeição - Areté. O importante era representar e dignificar a sua cidade estado (competia-se representando cidades estado tal como hoje se compete representando países). Ao pelejar o jovem grego buscava melhorar o seu desempenho, pois cada combate proporcionava aprendizagem e aperfeiçoamento, substratos de rendimento em busca do Areté. Cultivava-se a amizade e não o ódio entre os atletas, pois para chegar a um estado de pulcritude seria preciso ser nobre de espírito. Com a emergência do cristianismo no Império Romano, os cultos pagãos e muito inerente expira, tendo o imperador Teodósio X extinguido os Jogos, terminando assim a cultura desportiva criada pelos gregos. Porém, em 1896, um aristocrata francês, Barão de Pierre de Coubertin, com o objectivo de fazer renascer os verdadeiros valores do Agôn, gera os jogos olímpicos modernos, com o lema: citius, altius, fortius (mais rápido, mais alto, mais forte) que simbolizava a superação dos atletas,

sugerindo o mote “mais importante é participar”. Volvido pouco mais que um século, o espírito vigente é bem diferente do fundado pelo Barão. O “progresso” da sociedade transmutou o objectivo primordial! Prevalece o sucesso a qualquer preço, independentemente de como este possa ser atingido. Os valores emergentes na sociedade (ou a carência deles) também se estendem ao desporto, fazendo com que os ideais do Agôn e Areté mirrem. A vitória é o objectivo, custe o que custar. Os meios pouco importam, derivando fenómenos perversos, entre muitos, como a dopagem e a especialização precoce.

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ESTEROIDES E ANABOLIZANTES Professor Rafael Baptista

Todos conhecemos histórias de atletas que desde muito tenra idade (4 anos) são treinados de forma intensa com o objectivo de as conseguir potenciar até ao seu limite (ou para além). O treino deduzido do modelo padrão (escalão sénior) aplica a atletas iniciantes volume e intensidade de treino excessivos para a faixa etária. A puberdade atrasa-se, porque o cansaço e stress dos treinos e competições retardam a maturação. Uma das lendas da ginástica Olga Korbut sofreu as consequências da especialização precoce, tendo ela começado a treinar de forma intensa aos 8 anos, o seu normal desenvolvimento foi, intencionalmente, afectado. Nos Jogos Olímpicos de Munique 1972, com 17 anos, 1,50 metros de altura e pesando 40 quilos, conquistou três medalhas de ouro. Volvidos 4 anos, nos Jogos de Montreal 1976, Olga teve um desempenho decepcionante apenas conseguindo a medalha de ouro por equipas. Ganhou mazelas para a vida. Nunca conseguiria ser mãe, os danos no sistema endócrino eram irreversíveis. A falta de ética no desporto é muito mais do que o não cumprimento de uma regra de jogo, ou não enviar a bola para fora quando um adversário está estendido no chão. Vai muito para além disso. Vulgarizou-se a viciação a todos os níveis, mesmo o que o desporto promove de são para o indivíduo e para a sociedade, afectando o principal actor; o praticante. Urge que nos inspiremos, de novo, em Agôn e Areté.

Rafael Baptista

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1- Professor de Educação Física; Mestre em Biocinética do Desenvolvimento e Doutorando em Ciências do Desporto pela UC; Coordenador técnico da Academia de Basquetebol D. Dinis - Coimbra.

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TIPOLOGIA INSTALAÇÕES DESPORTIVAS Instalações Desportivas são espaços de acesso público organizados para a prática de actividades desportivas, constituídos por espaços naturais adaptados ou por espaços artificiais ou edificados, incluindo as áreas de serviços anexos e complementares. As instalações desportivas podem ser classificadas segundo quatro variáveis: Piscinas -Tipo; Equipamento Desportivo, coberto ou desco-Sector; berto, que se destina à prática da Natação ou de -Cobertura; outras actividades aquáticas que se coadunem com -Modalidade. as características deste recinto. Equipamento com várias designações, consoante a sua dimensão: pisTIPO cina desportiva, piscina polivalente ou piscina de As instalações desportivas estão subdivididas aprendizagem. em sete tipos diferentes: Equipamentos Especiais Grandes Campos de Jogos Equipamento Desportivo que não pertence Equipamento desportivo descoberto que se aos tipos anteriormente mencionados mas que destina à prática do Futebol, Hóquei em Campo e implica a construção de um recinto específico. São Râguebi. Pode também ser designado por polides- exemplos: Aeródromos, Autódromos, Kartódromos, portivo de grandes jogos. Parques de Campismo, Pistas de Ciclismo, Campos de Golfe, Hipódromos, Carreiras de Tiro, Circuitos de Manutenção e Outros. Pequenos Campos de Jogos Equipamento desportivo descoberto que perEquipamento Desportivo tipo E.N.S.A. mite a prática de Andebol, Basquetebol, Futebol de Local onde se praticam actividades relaciona5, Voleibol, Ténis, Hóquei e outras actividades que das com a Exploração na Natureza, Sobrevivência e possam ser praticadas em recintos desportivos com estas características. Pode também ser designado Aventura (E.N.S.A.) onde se incluem os «desportos radicais». Para este tipo, consideraram-se quatro por polidesportivo descoberto ou unidade de base. grandes grupos, consoante a estrutura de suporte (meio) em que se desenvolvem: Terrestres, AquátiSala de Desporto Equipamento desportivo coberto que se desti- cas, Aéreas e Em Neve ou Gelo. na à prática do Andebol, Badminton, Basquetebol, SECTOR Ginástica, Halterofilismo, Hóquei, Artes Marciais, As instalações desportivas estão divididas por Ténis, Voleibol e outras actividades que possam ser sector consoante as dimensões, ou seja, tendo em praticadas em recintos com estas características. Equipamento com várias designações: Pavilhão Des- conta dois grandes sectores do desporto: -Federado; portivo, Pavilhão Polivalente, Ginásio e Sala de Des-Recreação/Formação. porto. Federado Espaço de Atletismo Fazem parte todas as instalações onde se Equipamento Desportivo destinado à prática do Atletismo. Também designado por Pistas de Atle- podem efectuar competições de carácter oficial, Formal. tismo.

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TIPOLOGIA INSTALAÇÕES DESPORTIVAS COBERTURA Este tipo de classificação tem em conta se as instalações desportivas são cobertas ou descobertas. Descoberta São todas as instalações desportivas que não têm cobertura, ou seja, as instalações que pertencem ao tipo dos grandes campos de jogos, pequenos campos de jogos, pistas de atletismo e piscinas descobertas. Cobertas São todas as instalações desportivas que têm destinam à educação desportiva da base e para cobertura, ou seja, as instalações que pertencem ao actividades que garantam o acesso a níveis de actividade especializada, considerando-se como exemtipo das salas de desporto e piscinas cobertas. plo os grandes campos de jogos para futebol, râguebi, hóquei em campo, pistas de atletismo regulaMODALIDADE Este tipo de classificação tem em conta o mentares, salas de desporto e pavilhões polivalenlevantamento feito das modalidades praticadas nos tes, instalações normalizadas de pequenos jogos, diferentes tipos de instalações desportivas. Assim, campos de ténis, ringues de patinagem ao ar livre, tem-se em conta todas as modalidades cuja prática é piscinas polivalentes, etc. efectuada nas instalações das várias tipologias. Especializadas ou monodisciplinares A Lei de Bases da Actividade Física e do DesAs instalações especializadas são concebidas e porto define e classifica as instalações desportivas de organizadas para a actividades desportivas monouso público como: disciplinares, tendo em conta a específica adapta-Recreativas e Formativas; ção para a prática da correspondente modalidade, -Especializadas ou monodisciplinares; como por exemplo, campos de golfe, campos de -Especiais para espectáculo desportivo. equitação, pistas de ciclismo, pistas de remo, pistas de canoagem, kartódromos, autódromos, etc. Recreativas e Formativas As instalações de base recreativa são as que se Especiais para espectáculo desportivo designam a actividades desportivas de carácter inforAs instalações desportivas especiais para o mal ou sem sujeição a regras imperativas e permanentes, no âmbito das práticas recreativas, de manu- espectáculo são concebidas e vocacionadas para a tenção ou lazer. Consideram-se como exemplo os realização de manifestações desportivas que inteespaços de animação desportiva informal, os pátios gram a componente espectáculo. Consideram-se desportivos, os espaços localizados em áreas urbanas instalações especiais para o espectáculo, os estáque permitam andar de patins, de bicicleta de dios que integram grandes campos de grandes recreio, os espaços urbanos e os espaços naturais jogos ou pistas de atletismo, hipódromos que conque permitam fazer caminhadas, corridas, circuitos tenham pistas de obstáculos ou de corrida, velódrode manutenção, passeios de bicicleta, espaços com mos, autódromos, motódromos, kartódromos, estádimensões não normalizadas que permitam fazer dios aquáticos e complexos que integram piscinas iniciação de pequenos jogos desportivos, piscinas para competição, estádios náuticos e instalações que integram pistas de competição de remos ou cobertas ou descobertas com fins recreativos, etc. As instalações de base formativa são as que se canoagem.

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FISIOTERAPIA Professora Ana Bravo

A Fisioterapia pode ser definida como a arte e ciência dos cuidados físicos e da reabilitação. Com o sentido restrito à área de saúde, está voltada para o entendimento da estrutura e mecânica do corpo humano. FISIOTERAPIA NO DESPORTO No desporto, o conhecimento das causas que provocam lesões, tem de ser necessariamente uma preocupação constante de todos os agentes desportivos. Apesar de tudo é praticamente impossível controlar a cem por cento todas as causas relacionadas com o aparecimento de lesões. A origem das lesões desportivas é deste modo multifactorial destacando-se quatro grandes agrupamentos.

relacionadas com a carga genética. É exemplo desta situação os indivíduos que apresentam níveis elevados de obesidade e que praticam desportos de grande impacto, sendo este factor predisponente ao aparecimento de lesões.

FACTORES RELACIONADOS COM O TREINO Uma planificação errada do treino é com toda a certeza um factor predisponente ao aparecimento de lesões. Um aumento brusco do volume e/ou intensidade de treino superior ao nível do atleta, bem como um aquecimento mal direccionado e a inexistência no final do treino de uma fase de retorno à calma, são exemplos claros de uma planificação errada. O aquecimento deverá ser reconhecido como uma parte integrante do treino. Uma orientação correcta desta fase é fundamental não só para se prevenir lesões, mas também como uma forma de permitir ao atleta níveis de concentração necessários para um bom desempenho durante a actividade desportiva.

Alterações posturais: As alterações posturais não são exclusivas dos indivíduos praticantes de desporto, pois surgem também em indivíduos sedentários. No entanto, é nos primeiros que mais facilmente se observam como elas podem trazer efeitos negativos para a integridade física de cada um. Em todo o nosso sistema músculo -esquelético, existem exemplos de patologias de risco que predispõem o atleta a lesões e que têm como origem alterações posturais resultantes do encurtamento de diversos grupos musculares, provocando alterações do eixo anatómico, que consequentemente geram alterações estruturais e que, por vezes, podem mesmo ser irreversíveis.

FACTORES PESSOAIS Aptidão física para a modalidade: Cada indivíduo tem no seu código genético características que, durante a fase de crescimento, vão favorecer uma maior ou menor aptidão física para esta ou aquela modalidade. Assim sendo, as características antropométricas (altura, peso, massa gorda, etc…), são exemplos de como podem favorecer a escolha de uma determinada modalidade ou actividade em função das características relacionadas com a carga genética. É exemplo desta situação os indivíduos que

Alimentação: A alimentação, embora não tenha uma relação directa com a ocorrência de lesões, não pode ser descurada, pois na verdade, é através de uma alimentação equilibrada e rica em determinados constituintes alimentares que se ajuda a prevenir determinadas lesões do foro músculo-esquelético e se favorece todo o processo de reparação e remodelação tecidular, incrementando a velocidade e qualidade do mesmo. É portanto importante que a alimentação de um atleta siga determinados parâmetros tais como, incluir na mesma, elevadas quantida-

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FISIOTERAPIA Professora Ana Bravo

devem adaptar-se ao tipo de actividade que se desenrola sobre ela. Falta de normas de segurança: A criação de normas de segurança é de responsabilidade dos dirigentes, técnicos e de todos os agentes desportivos pois só assim é possível evitar acidentes durante a actividade física. Um dos aspectos relacionados com este situação prende-se com o piso e o seu estado de conservação, assim sendo um piso degradado vai certamente criar todas as condições para que durante a prática desportiva ocorram acidentes alheios ao desenvolvimento da actividade. Também o material tem uma quota parte de participação em acidentes desportivos, quando estes não são devidamente conservados e estimados. Factores Ambientais As condições climatéricas são um factor de vital importância para o desenrolar da actividade física. Temperaturas demasiado baixas poderão impedir o atleta de realizar o aquecimento necessário para a actividade em questão, tal como temperaturas elevadas favorecem um processo de desidratação que poderá também criar dificuldades no funcionamento do aparelho locomotor. Outro aspecto a ter em conta é a concentração de humidade existente durante a prática desportiva, que poderá levar a que o piso onde esta se está a desenrolar fique demasiado escorregadio. Procedimentos a ter perante uma lesão na fase aguda Rest– Interrupção da actividade física de modo a não agravar a lesão. Ice– Aplicação de gelo na região da lesão, com períodos de 10 a 15 minutos, em intervalos de 1 em 1 hora. Compression– Compressão da região lesada de modo a controlar o derrame e o edema. Elevation– Elevação do segmento lesado de modo a controlar o derrame e o edema.

des de hidratos de carbono, fibras, vitaminas e sais minerais, visto as necessidades destes últimos estarem aumentadas nos desportistas. Por outro lado, o uso exagerado de carne, fritos, gorduras e doces, é prejudicial para o atleta, visto estes alimentos serem ricos em toxinas, que não são de imediato eliminados indo-se depositar em determinados órgãos, nomeadamente nos músculos. Esta situação é favorável ao aumento da fadiga muscular, o que por sua vez poderá provocar mais facilmente lesões musculares. Por último, convém referir que uma boa hidratação é fundamental no desportista, não só porque o rendimento de um atleta diminui com a perca de líquidos, mas também porque certas lesões desportivas (rupturas musculares e tendinites) são mais frequentes quando há desidratação. Meios de contenção: Os profissionais de saúde que trabalham no desporto bem como os atletas, têm à sua disposição toda uma panóplia de instrumentos e meios capazes de prevenir recidivas de lesões ocorridas anteriormente, tal como lesões específicas relacionadas com a actividade desportiva ou gesto técnico utilizado na mesma. Sendo assim, a sua utilização não se restringe apenas a atletas que apresentem recidivas de lesões adquiridas anteriormente, mas também podem ser utilizadas numa perspectiva FACTORES ORGANIZATIVOS Assistência clínica inadequada: É fundamental efectuar um exame médico de rotina, periódico, para despistar eventuais problemas de saúde que possam interferir com a actividade desportiva. Material desportivo incorrecto ou em mau estado: Esta é sem dúvida uma problemática bastante importante na prevenção de lesões. Por exemplo o uso de um sapato inadequado para a actividade desportiva em causa, um sapato inadaptado à anatomia do pé, ou ainda em mau estado, são exemplos comuns de como este segmento do nosso corpo amplamente solicitado, é muitas vezes esquecido criando uma grande prevalência de lesões. Outro exemplo a ter em conta são os pisos onde se realiza a prática desportiva. Deste modo, as superfícies

A mnemónica assim utilizada para sabermos como devemos proceder numa lesão aguda representa-se pelas siglas RICE. Ana Bravo

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1– Professora de Educação Física; Fisioterapeuta.

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PORQUÊ PRATICAR EXERCICÍO FÍSICO? Professor Eduardo Dias

Sim, sou praticante confesso…

O desporto é sem dúvida uma parte da minha vida… Não só como ponto de interesse, mas também como prática regular e, ainda, o entendo como um espaço pedagógico de aprendizagens diversificadas, que possam ser apresentadas a crianças e jovens como sínteses de matérias, que aprendem de forma espartilhada em cada disciplina, na escola. Por outras palavras, e em primeiro lugar, o desporto grudava-me durante algumas horas à televisão durante as emissões em directo dos Jogos Olímpicos, dos Mundiais, dos Europeus ou de outros eventos desportivos das várias modalidades. Através da rádio, acompanhava o relato de jogos que não podia visionar, pois na época nem sempre eram retransmitidos e, mais, tarde os jornais permitiram-me ler de fio a pavio jornais desportivos que retratavam o quotidiano do desporto, fazendo muitas vezes reportagens de fundo sobre as temáticas mais actuais, ou de quando em vez apresentarem comparações com o passado, entrevistas enriquecedoras tanto a nível pessoal, como a nível cultural, … Posso dizer em segundo lugar, que sou desde que me lembro um praticante confesso de desporto, isto é, já pratiquei atletismo, rugby, futebol, montanhismo (nas suas várias disciplinas), ciclismo, andebol, luta greco-romana, por entre outras. Com todos eles aprendi regras de conduta, regras de higiene, valores e ideais de vida. De igual modo, discerni noções de tempo, espaço, trabalho, treino, competição, compreensão, estratégia, criatividade, colectivo, … A lista torna-se interminável pois, a meu ver cada desporto vai muito para além de si e de tudo o que está em jogo. Finalmente, em terceiro lugar, e um pouco associado a tudo o que disse anteriormente, esta consciência do desporto permite-me em contexto de aula ou junto de crianças e jovens em idade escolar dar-lhes milhares de exemplos de ídolos e incógnitos que com o desporto tornaram-se homens não só com um passado interessante, mas também

com um presente atractivo e para os mais realistas, um futuro honrado e famoso. Poderia acrescentar a importância da geografia (percorrer o mundo sem sair do lugar), a força da História graças à memória (recordamos com facilidade tudo o que vivemos intensamente e o que nos marca), a facilidade das línguas estrangeiras (não é necessário nenhuma tradução para compreender em primeira mão qualquer atleta estrangeiro), a biologia e a química são referidas para explicar lesões, doping, … Os símbolos, as cores, o vestuário são entendíveis à luz da representação visual, vulgo Educação Visual, Design, Moda, … Enfim, o desporto é tão rico e enriquecedor que me satisfaz plenamente, fazendo-me afirmar reiteradamente que: “Desporto? Sim, sou praticante confesso!”:

Eduardo Dias

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JÁ SABIA!!!

Curso Tecnológico de Desporto 11º ano

Com o apoio

Redacção: Francisco Daniel Francisco André Sara Garcia 10


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