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A Via Expressa para Novas Competências
O amplo poder de atração dos CSCDs contrasta com a visão que prevalece na região, onde os CSCDs arcam com o estigma de ser a opção menos desejável de ensino superior. Quando bem projetados, esses cursos têm o potencial de tornarse uma ferramenta crucial para a desenvolvimento profissional da força de trabalho no novo mundo do trabalho — onde a expectativa é que as pessoas mudem de ocupação, e até mesmo de carreira, várias vezes ao longo da vida,1 precisando ser treinadas de forma rápida, eficiente, e em contato próximo com o mercado de trabalho. CSCDs não interessam apenas aos indivíduos, mas também aos empregadores, que enfrentam dificuldades para encontrar mão de obra qualificada. De acordo com a Pesquisa do Banco Mundial sobre Empresas (World Bank Enterprise Survey) de 2019, 24 por cento das empresas no mundo relatam que consideram uma força de trabalho com escolaridade inadequada como uma grande limitação. Na ALC, contudo, esse número sobe para 32 por cento, o maior de todas as regiões. Oferecer a variedade de habilidades exigidas pelo mercado de trabalho — de engenheiros a técnicos; de médicos a técnicos de raio-x — é uma função vital de um sistema de ensino superior funcional e dinâmico.2 Embora a necessidade de capital humano qualificado na região da ALC já exista há alguns anos — particularmente desde o final da “Década de Ouro” — a necessidade tornou-se absolutamente urgente com a pandemia de COVID-19.3 No entanto, por mais séria que esteja sendo a crise econômica em consequência da pandemia, ela não fez mais que acelerar as mudanças estruturais do mercado de trabalho que já estavam em andamento (Beylis et al., 2020). Antes mesmo da pandemia, máquinas já vinham substituindo seres humanos em tarefas de rotina mediante a automação, e a internet vinha substituindo a interação pessoal mediante o crescimento das plataformas eletrônicas. A produtividade e o valor de mercado de trabalhadores que produzem valor agregado intangível, como pesquisadores, analistas, programadores e designers, já vinha aumentando graças a novas tecnologias e ao aumento da concorrência. A pandemia meramente aprofundou essas tendências. Diante da quarentena e dos requisitos de distanciamento social, algumas empresas substituíram os trabalhadores por máquinas para tarefas repetitivas, ou por plataformas eletrônicas para tarefas de muito contato. Em contrapartida, trabalhadores que produzem valor agregado intangível têm enfrentado um aumento na demanda (e tem conseguido fazer teletrabalho). Outros trabalhadores que não podem ser substituídos por uma máquina ou pela internet, como trabalhadores da área de saúde, também tem enfrentado uma demanda crescente. Em outras palavras, embora a pandemia tenha prejudicado o emprego e o produto agregado, os resultados não foram iguais para todas as empresas e trabalhadores. Muitas empresas e postos de trabalho foram destruídos, mas apareceram muitos outros. É pouco provável que os empregos que desapareceram voltem. Para encontrar uma nova ocupação, essas pessoas precisam adquirir habilidades relevantes para o novo mundo do trabalho. Isso inclui tanto habilidades cognitivas (como pensamento crítico, capacidades analíticas, e capacidade de resolver problemas), quanto habilidades interpessoais (como trabalho em equipe, comunicação