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MAX AUB
LINIERS
M AX A UB
Buenos Aires, 1973
LINIERS
Suas primeiras leituras foram as tiras de Mafalda e Tintin. Influenciado precocemente pelo mundo dos quadrinhos — Quino, Oesterheld e Spiegelman, entre outros —, em 2002 começou a publicar a tira Macanudo, na qual aparecem estranhos personagens que conquistaram grande popularidade (o misterioso homem de preto, Enriqueta e seu gato Fellini, e até o próprio Liniers, que desenha a si mesmo como um coelho). Em 2008 fundou, com sua mulher, Angie Del Campo, La Editorial Común, dedicada à publicação de graphic novels. Em 2012, Ricardo Liniers Siri recebeu na Argentina o Prêmio Konex – Diploma ao Mérito, como um dos melhores humoristas gráficos da década. Seus trabalhos foram traduzidos para diversos idiomas, o que lhe valeu grande projeção artística no âmbito internacional. N estes Crimes exemplares, as ilustrações de Liniers dialogam com o grotesco e o humor negro: “Minha intenção aqui foi desenhar a violência com violência. Abandonei meu estilo mais contido e decidi pintar em preto e vermelho, com traços rápidos como punhaladas e manchas que caíram sobre o papel sem muito controle.” A afinidade de sua posição artística com a de Max Aub é comprovada, também, em sua cond uta irrepreensível: Liniers nunca matou ninguém.
Paris, 1903 – México D. F., 1972
«Declaro-me culpado e não quero ser perdoado. Estes textos – dou fé – não têm segundas intenções: puro sentimento.»
M AX AU B Tra d u ç ão:
I lu s t raç õ e s :
SÉRGIO MOLINA
LINIERS
“Max Aub, escritor espanhol nascido em Paris, de avós alemães. Seus netos são ingleses e mexicanos.” Essas poucas palavras do próprio Aub condensam o percurso que seus passos traçaram para contornar, de exílio em exílio, as desgraças da época que lhe coube viver. Depois da Primeira Guerra Mundial, mudou-se com a família para Valência, onde residiu até o início d a Guerra Civil Espanhola, fato que forçou seu regresso à França. Ali foi denunciado como comunista, preso e deportado para a Argélia, onde passou meses detido no campo de concentração da Djelfa — seu livro de poemas Diário de Djelfa dá conta dessa marca indelével —, até que em 1942 conseguiu embarcar para o México. Embora não seja sua língua materna, sempre se reconheceu no profundo rastro que o e spanhol imprimiu nele (“Você é de onde faz o secundário”, dizia de si mesmo), e foi essa língua, com fortes traços mexicanos — não por nada o México o abrigou por mais de trinta anos —, que trabalhou em sua escritura. Que o trabalhou. Estes Crimes exemplares são marcados por um poderoso humor negro — “ironia trágica”, nas palavras de Aub —, uma forte irreverência diante das formas e um despotismo li bertário que fazem do grotesco uma maneira de ler, rir e refletir.