Revista Vida, Minha Vida - Edição 01

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1ª Edição | 2017

CONDOMÍNIOS FECHADOS

Segurança, lazer e qualidade de vida são alguns dos atrativos destes empreendimentos que estão surgindo pelo vale

MUDANÇA DE HÁBITO

CLAUDIO

SANDER

Conheça o lajeadense que participou do BBQ Brasil

Meditação e um novo conceito sobre qualidade de vida

A ARTE DE BEM RECEBER

Ser um bom anfitrião pode ser simples e barato




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Editorial

A Revista Vida, Minha Vida é uma publicação exclusiva voltada ao público do Vale do Taquari. Opiniões, entrevistas, artigos e colunas assinadas são de inteira responsabilidade dos autores. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo sem prévia autorização e sem citação da fonte.

Caros leitores, A Revista VIDA, MINHA VIDA! não é uma publicação despretensiosa. Queremos inquietar você. Compartilhar histórias ainda não contadas,

Diretor Comercial: Omar Seadi Torriani

novas formas de ver o mundo, novas maneiras de viver. Tudo muda

Gerente de Planejamento: Andreia de Medeiros

tão rápido, a vida é tão dinâmica, nunca as verdades foram tão

Textos: Mediapress Comunicação Integrada

voláteis e as certezas tão efêmeras. Neste mundo um pouco mais

Fotos: Artur Dullius, Elise Bozzetto, arquivo pessoal

coletivo, plural e diversificado queremos trazer para você novos

Jornalista responsável: Elise Bozzetto - MTB: 13558

caminhos para transformar sua casa, seus momentos de lazer, suas

Projeto Gráfico: Fernando Ivan Pretto Wind Comunicação

experiências com amigos. Aqui vamos compartilhar temas como saúde, lazer, arquitetura e decoração, comportamento, moda. Tudo com a nossa cara: o jeito do

Contato Comercial:

Vale do Taquari de fazer e contar suas histórias, com essa mistura de

email: contatorevistavida@gmail.com

culturas, com tantos potenciais ainda não explorados.

Tel: (51) 98452.1919 Tel: (51) 99651.6514

A VIDA, MINHA VIDA! é aconchegante e tem cheiro de terra molhada. Venha projetar novos espaços (mesmo dentro dos lugares já existentes e conhecidos) para viver. Delicie-se com a gente nesta leitura leve, gostosa, que pode ser refúgio ou pode ser inquietação. Boa leitura!

Omar Seadi Torriani Diretor comercial


06 TENDÊNCIA Condomínios fechados

18 CAPA

34 SAÚDE

Claudio Sander: A arte do bom churrasco

Na contramão da velocidade

38 GASTRONOMIA A força do sushi na cultura alemã

10 ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO

30 ECONOMIA

Novo conceito em estar

Compra compartilhada

14 COMPORTAMENTO

33 TURISMO

A arte de bem receber

Viagem com pequenos

16 SERVIÇOS

41 CULTURA

Serviços delivery

De protagonista à coadjuvante

27 HOBBY

45 ARTE

Depois do trabalho, a cerveja

A arte no espaço público

Revista Vida, Minha Vida

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Tendência

CONDOMÍNIOS FECHADOS A nova febre do mercado imobiliário se consolida no Vale do Taquari


Quem busca segurança e liberdade para aproveitar espaços mais amplos de convívio encontra nos condomínios fechados uma série de benefícios. A maior vantagem que este tipo de residencial apresenta é a segurança. Segundo Paulo Valdir Pohl, diretor da Imojel, a proteção que os condomínios fechados oferecem é um grande atrativo deste mercado. “Contar com a proteção que os condomínios fechados podem oferecer é uma vantagem inquestionável, porque estamos falando de um ambiente controlado, no qual qualquer pessoa que o acessa é identificada. Seja o condômino, um visitante ou prestador de serviços, todos são identificados e seus dados registrados. Além disso, por se configurarem como um bairro planejado, os condomínios representam um grande projeto de liberdade. As pessoas têm a oportunidade de resgatar a liberdade que perderam nos bairros e praças da cidade, como andar tranquilamente pelas ruas à noite, deixar as crianças brincando na rua durante o dia e poder esquecer de chavear a porta da frente ao sair de casa sem precisar voltar para checar”, analisa o empreendedor.

“Contar com a proteção que os condomínios fechados podem oferecer é uma vantagem inquestionável...” PAULO VALDIR POHL DIRETOR DA IMOJEL

Este tipo de configuração teve sua origem com famílias que construíam em terrenos conjuntos para dividirem espaços de convívio. Com o tempo, estas organizações foram se aprimorando até chegar nos empreendimentos imobiliários que temos hoje. O mercado é tendência em todos os países organizados do mundo, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, que desenvolveram grandes condomínios, especialmente nas regiões de Orlando e Miami. Na América do Sul, destacam-se as regiões de Punta del Este e Carrasco, no Uruguai, e Mendoza e Buenos Aires, na Argentina. No Brasil, os condomínios estão bastante consolidados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, inclusive no interior desses estados. Aqui no Rio Grande do Sul são bastante comuns na região metropolitana, sendo que no interior, como é o caso de Lajeado, os condomínios começam a se consolidar a partir de novos projetos como o Land Haus e o Blumen Park Premium, da Imojel. Revista Vida, Minha Vida

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Tendência

COMO ESCOLHER Analise a segurança do residencial

1)

O primeiro item indispensável num condomínio é o sistema de segurança. O comprador deve se certificar sobre quais recursos o condomínio irá dispor para garantir a sua segurança e de sua família. “No Blumen Park Premium, por exemplo, além do sistema de monitoramento por câmeras em todo o empreendimento, o acesso ao condomínio será realizado através de recursos de reconhecimento facial. Esse sistema permite, inclusive, o registro de quem passar próximo ao pórtico de entrada, mesmo que não tenha a intenção de ingressar no condomínio”, comenta Pohl.

Verifique se o ambiente é o ideal para seu estilo de vida

2)

Outro ponto importante é avaliar o bem estar e a qualidade de vida dos moradores. Um ambiente que possibilite o contato com a natureza, combinando arborização, lagos e convívio humano. Além disso, o conforto também está em projetos visualmente agradáveis em sua concepção paisagística, que tenham uma área de lazer completa com piscina, entretenimento, sauna, quadras de esporte e salão social para realização de eventos. Pohl ainda destaca como

vantagem dos condomínios fechados a disponibilização de um heliponto para resgates emergenciais em casos de urgência de saúde.

3)

Avalie a localização

Além disso tudo, a localização do empreendimento também é de extrema importância. “O Blumen Park está localizado entre três grandes avenidas e muito próximo à BR 386, de forma a eliminar qualquer problema de fluxo nos horários de pico”, avalia Pohl.

4)

Pesquise os custos

Por ser rateado entre um grande número de pessoas, os benefícios e recursos de um condomínio acabam sendo diluídos. Ter um circuito fechado com portaria, opções distintas de esporte e lazer acaba inviabilizando projetos para uma única ou para poucas residências. O grande desafio, segundo Pohl, é encontrar um condomínio que possa propiciar tudo isso aos seus moradores a um custo baixo. “O custo estimado da taxa condominial do Blumen Park é de apenas R$ 290,00, o que somente é possível graças ao porte do empreendimento e ao seu minucioso planejamento”, avalia o investidor.


Na maioria dos condomínios há total liberdade de escolha de construção. Alguns, no entanto, restringem a metragem construída para padronizar e manter a harmonia do conjunto habitacional. Sandro Faleiro, professor universitário, participou da criação de um condomínio a partir de uma construção empreendedora e cooperativa entre diversos professores da Univates. Optou por morar no condomínio por questões de segurança e liberdade. “Só vejo vantagens neste tipo de residencial: segurança, tranquilidade, liberdade dentro do condomínio, tecnologias coletivas como sistema de internet, de telefonia, de transmissão de dados e tratamento de esgoto mais eficientes e baratas”, avalia Faleiro.


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Arquitetura e Construção

ARQUITETURA

COMPARTILHADA Construmóbil inova com o tema “economia colaborativa”

Que tal fazermos algo juntos? Um passeio, uma viagem,

e design.

uma janta, um trabalho ou até uma compra. A ideia de compartilhamento ganha espaço durante a 8ª edição da

Parceria que iniciou desde a formatação do layout e das

Feira da Construção Civil, Mobiliário e Decoração do Vale do

regras da feira, alinhada pelos próprios expositores. O

Taquari, Construmóbil 2017. Com o tema “economia colabo-

resultado é um espaço integrado e tipicamente colaborati-

rativa”, o evento se alia à ideia de cooperação e se adapta à

vo. Um ambiente designado não para a compra e venda

atual situação econômica e social do Brasil, despertando a

de produtos, mas sim para o conhecimento do trabalho

sociedade para novas formas de consumo e incentivando

destes profissionais.

ações que visam à promoção coletiva. São mais de 20 expositores que dividem dez ambientes São seis dias de feira entre 26 de setembro e 1º de outubro,

projetados com o tema “estares”. Em 490 metros quadra-

que apresentam não apenas no discurso essa tendência,

dos, localizados ao lado direito do Pavilhão 3, são

mas também com exemplos práticos. Um deles é a Mostra

apresentadas novidades e tendências para espaços

Arquitetura & Design, que traz projetos interessantes, ofere-

residenciais, comerciais e de lazer. Combinação de materi-

cendo um espaço dinâmico e diferenciado, totalmente

ais criativos, cores elegantes, conforto e beleza que são

executado de forma coletiva por profissionais de arquitetura

capazes de transformar ambientes.


O que te inspira? Um livro? Uma paisagem? Um bom vinho? A lembrança de uma viagem? Com este questionamento a arquiteta Giovana Munhoz convida a repensar de que forma cada um aproveita o seu tempo. Quem busca um estar motivador para dentro de casa não pode deixar de conhecer o Refúgio Inspirador. “A ideia é apresentar um ambiente que possa proporcionar experiências bacanas às pessoas. Elas estão acionadas em 220 volts o tempo todo e muitas vezes acabam não parando para pensar. Queremos, por um momento, desacelerar a rotina dessas pessoas e trazer sensações que vão além do aspecto visual”, explica Giovana. Para isso, um relógio central, de grandeza nada discreta, se apresenta como um dos pontos chaves deste espaço. Por outro lado, a arquiteta se utiliza de materiais simples, capazes de carregar consigo rusticidade e despojamento. É o caso do ferro, que pode gerar efeitos interessantes de aconchego e leveza. “Busco sempre explorar uma arquitetura mais contemporânea. A ideia é trazer a alma do cliente para que isso possa representar algum significado a ele”, garante a arquiteta.

Giovana Munhoz


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Arquitetura e Construção

Um clima de fazenda Por outro lado, não há como não falar de uma casa de interior sem lembrar daquela comida caseira. Aliás, antigamente, a cozinha costumava ser o maior cômodo da casa, principalmente no interior. Até porque, é lá que se apresenta não apenas a produção culinária, mas também um espaço de estar, de (re)união familiar. E isto se torna visível no ambiente projetado pelas arquitetas Ina Glufke, Caroline Lengler e pela designer Isabela Kuhn. “É na cozinha da fazenda que tudo acontece. Lá que a família costuma se reunir”, explicam. O espaço Gourmet da Fazenda se apresenta justamente como um ambiente rústico, mas projetado com a utilização de elementos modernos. “Antes mesmo de sabermos da obrigatoriedade da ligação com o estar, já tínhamos em mente a ideia de apresentarmos uma cozinha. Então, quando saiu essa determinação, apenas complementamos a ideia e o resultado será incrível”, garante a equipe. Caroline Lengler, ina Glufke e Isabela Kuhn.

Estar, Bem-Estar Já a arquiteta Sandra de Almeida e a designer Tais Reginatto aderiram à ideia de um espaço “ilimitado”. Designado a atrair os cinco sentidos do corpo humano (visão, olfato, paladar, audição e tato), o projeto apresenta

uma

arquitetura

leve

e

naturalista.

“Utilizamos bastante os materiais naturais, como a madeira e as plantas, para tornar o espaço sofisticado, mas ao mesmo tempo aconchegante”, justificam. Tais Reginatto e Sandra de Almeida Por conta disso, o ambiente “Estar, Bem-Estar” foi criado sem conceito definido e ganhou forma entre as ideias e os rabiscos traçados ao longo do processo criativo. “Não foi criado em conceito antes, fomos montando e o projeto foi se idealizando no decorrer do processo”, garante Tais. Isso, é claro, com um motivo especial: representar a adoção do ilimitado. Apenas alguns metros quadrados capazes de apresentar um ambiente agradável ao visual e ao olfativo. “Esse conjunto vai incentivar que as pessoas permaneçam ali”, concluem.


Home Office Já a ideia de trabalhar em casa é apresentada pelo arquiteto Leonardo Bianchini. Uma mistura de trabalho e lazer em um único ambiente. “Esta é uma tendência mundial. Com o surgimento de novas profissões e pequenas empresas, foi necessária uma adaptação no ambiente profissional e a casa foi uma das melhores alternativas” diz Bianchini. Uma prática recente, pouco vista se voltarmos aos ambiente da década de 90. “Hoje o trabalho não se limita mais ao escritório corporativo, tudo acontece de forma mais integrada”, garante o arquiteto. A inspiração para o projeto veio dos lofts de Nova York, que integram as diferentes relações do dia-a-dia. Trabalhando com as tendências do ferro, tons de cinza, boiserie (revestimento francês que consiste em emoldurar as paredes através de painéis de madeira em relevo) e concreto aparente, consolidou-se um ambiente contemporâneo. Um espaço versátil, que alia conforto e tecnologia, estando ambientado para receber ao mesmo tempo amigos, família, equipe profissional e até mesmo clientes. “Esté é o jeito Leonardo de trabalhar. Eu vivo assim, misturo a vida profissional com a pessoal. Vejo que a tecnologia aproximou os dois universos e o nosso ambiente é reflexo disso”, conclui.

Leonardo Bianchini


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comportamento

A ARTE DE BEM RECEBER Ser um bom anfitrião pode ser simples e barato

A primeira regra para ser um bom anfitrião é sentir prazer em receber as pessoas. Afinal, os melhores momentos da vida são aqueles que compartilhamos com amigos, familiares e colegas. Para dar dicas sobre o assunto, convidamos, nesta edição, a consultora de imagem, estilo e comportamento, Zoraia Lahude. Confira: Revista Vida: Como escolher o cardápio? Existe alguma dica para saber combinar? Ao recebermos em casa, mesmo que de maneira mais informal, devemos observar detalhes como: número de pessoas, espaço disponível e disponibilidade financeira. Um bom planejamento é a chave do sucesso. Se for um número pequeno de pessoas podemos acomodar todos à mesa. Caso contrário, a solução é montarmos um buffet. Já a escolha do cardápio depende da formalidade, mas em regra geral: • Entrada: sopa, saladas e variações; • Primeiro prato: aves, frutos do mar, peixes, carnes brancas ou massas; • Prato principal: carne vermelha, caças e variações; • Sobremesas; • Frutas. Quanto à harmonização de bebida e comida: entradas com vinhos brancos e espumantes secos; peixes com vinhos brancos chardonnay; pescados crus com espumante brut e prosecco; carnes e aves com vinhos tintos médios; coelho com vinhos brancos secos, leves e frutosos; cordeiro com vinhos tintos encorpados; queijos fortes com vinhos pesados, leves com vinho branco leve. Sobremesas com vinhos mais doces, tipo Porto e espumantes moscatel. Isto são algumas sugestões, mas o importante é a harmonização entre as pessoas. Crie o seu próprio estilo de receber, de forma simples, mas original: ofereça uma noite de sopas no inverno, uma tábua bem montada de frios e acompanhada de pães, etc. O importante é demonstrar aos convidados o quanto apreciamos a sua companhia.


Revista Vida: O que mais encanta as pessoas? Existem coisas simples que podem fazer aquela diferença? Independente do menu a ser servido, a atenção para a elaboração é a mesma. Eu particularmente gosto de deixar a mesa principal decorada com talheres, guardanapos, pratos e louças que deixam o ambiente muito charmoso. Não precisamos de pompas para deixar o ambiente agradável. Atitudes de carinho e educação valem mais do que coisas materiais. Sempre busco harmonizar a ocasião com objetos de decoração que contém um pouco da história. Pra mim, a harmonia de cores é fundamental. Revista Vida: Como usar o que se tem em casa para fazer uma boa mesa? Esta é a etapa que mais gosto. Planejo com alguns dias de antecedência e vou juntando tudo o que disponho em casa . Na falta de algo sempre improviso, é só dar asas à imaginação! Geralmente utilizo flores e folhas verdes do meu próprio jardim. Procuro criar mesas temáticas com objetos da minha casa, com meu próprio estilo, o que as tornam únicas.

Revista Vida: É possível ser chique sem gastar muito? Como acertar nos acessórios coringas e como montar mesas? Chique é a forma como uma pessoa se comporta perante a vida, como ela trata as pessoas. Então, quando recebemos alguém na nossa casa nada mais elegante do que sermos fiéis a nós mesmos, ao nosso gosto pessoal e às nossas preferências. Nada impede que tenhamos alguns ítens básicos para montarmos uma mesa especial como: louças brancas, que permitem infinitas combinações; talheres, inclusive para peixes; taças para vinho, água e espumante; guardanapos de pano, porta guardanapos, apoio para pratos caso não queira usar toalha, velas e flores.

à volta da mesa não se envelhece

Concluindo, diz um velho ditado português: "à volta da mesa não se envelhece". As lembranças mais marcantes, os sorrisos mais largos, as emoções mais esperadas - tudo acontece em torno de uma mesa. É o momento de se contar histórias e fazer o tempo parar. Mas também é o momento de prestar atenção ao que faz toda a diferença: a arte de servir da sua maneira. Revista Vida, Minha Vida

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Serviços

SERVIÇOS DELIVERY

Um mercado que cresce em diversas atividades Alguns gostam da segurança e do conforto de estar em casa. Outros optam por serviços a domicílio para otimizar o tempo ou ficar mais perto da família. Há ainda os que enfrentam dificuldades com mobilidade. Seja qual for o motivo, a prestação de serviços de forma delivery tem se expandido das áreas convencionais para novos mercados como manicure, cabeleireira, fisioterapia, personal trainer, tratadores de cães.

Dandara Lima Um exemplo é Dandara Lima, profissional da área da beleza. “Atendo em Lajeado, Estrela, Arroio do Meio e arredores. Minha principal demanda é como manicure, mas também faço cortes de cabelo tanto feminino quanto masculino, escovas, progressivas e tintura”, comenta. Para Dandara, os clientes querem comodidade. “Percebo que as pessoas buscam comodidade, estar em suas casas, sem ter o tempo de deslocamento nem filas de espera”, explica. Para ser bem sucedida na área é necessário ter qualidade e bom atendimento: “Na área da beleza as pessoas buscam indicações. E se você não tem qualidade e um bom atendimento ninguém te indica. Por isso busco adotar uma postura super profissional e me qualificar sempre”, destaca. O serviço de personal também saiu das academias para ocupar o espaço privado. Daniela Lopes Motta, educadora física, teve a ideia a partir do pedido de uma aluna. “Há alguns anos uma aluna pediu para eu atendê-la em casa devido a problemas de saúde e lesões que limitavam sua mobilidade. A partir daí, pude perceber o quão interessante

era um atendimento a domicílio. Muitos preferem um bom exercício em casa ao invés de ir até a academia. Evitar estresse no trânsito, não se preocupar com o modelito e fugir dos aparelhos de musculação são alguns motivos que fazem os alunos optarem por um profissional que atenda em sua residência”, enfatiza Daniela. Para ela, a demanda tende a aumentar. “Os serviços de personal trainer em domicílio vêm crescendo cada vez mais. O cliente sente-se mais seguro ao realizar seus exercícios no conforto e na comodidade de sua residência. Não ter a preocupação de deixar as crianças com outras pessoas ou conseguir conciliar prática esportiva com uma vida muito corrida são os motivos mais frequentes. Além disso, os resultados tornam-se mais rápidos e mais visíveis, tanto na diminuição do estresse, quanto na melhoria da saúde de um modo geral”. O desafio deste profissional, segundo Daniela, é ter criatividade para usar o espaço e materiais disponíveis para

Daniela Lopes Motta


uma boa prática. “O personal trainer que atua em domicílio deve entender que a sua melhor amiga é a sua imaginação. A criatividade é essencial para esse tipo de profissional, já que é necessário adaptar o treino em espaços diferentes, muitas vezes restritos. O educador físico tem que explorar a capacidade de inovação a todo tempo, se adaptar à chuva ou ao sol, sempre visando o bem estar do aluno”, explica.

Débora Girardi

Outra profissional da área da saúde que também aderiu ao serviço delivery é Débora Girardi, fisioterapeuta, que iniciou atendimento domiciliar logo após a formatura. “É um atendimento mais próximo, mais pessoal. A partir do momento que se entra na casa de um paciente passamos a participar da vida desta pessoa. É este contato que me fez gostar cada vez mais do atendimento domiciliar”, pondera. Para Débora, as vantagens são inúmeras: “O paciente não tem o transtorno do deslocamento para a clínica, que para muitos é complicado; o atendimento é sempre individual; o paciente se sente mais confortável; a desistência do tratamento é menor; para o profissional o retorno financeiro é muito bom e permite flexibilidade de horários”, conclui.


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Capa

CLAUDIO SANDER


A ARTE DO BOM CHURRASCO Mestre churrasqueiro que conquistou o Brasil dá dicas e fala sobre sua trajetória O lajeadense Claudio Sander ficou conhecido no Brasil ao participar, em 2016, do reality do SBT “BBQ Brasil: churrasco na brasa”. Hoje, com o sócio Bruno Panhoca, o Mestre Churrasqueiro Sander está à frente da BBQ Tour, empresa que oferece de forma itinerante o melhor do churrasco americano. Mas, quem vê a destreza e talento de Sander na frente de uma churrasqueira nem imagina que ele está há pouco mais de um ano na profissão. Apesar de ser um hobby adquirido ainda na infância, Sander, publicitário de formação, trabalhava como executivo em uma empresa da área da saúde. Foi a participação no reality que despertou a vontade de empreender. Confira a entrevista concedida com exclusividade à Revista Vida.


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Capa Revista Vida: Sander, você afirma que o churrasco é, antes de mais nada, um estado de espírito. Como você explica essa paixão que principalmente os gaúchos têm pelo churrasco? Acredito que desde guri todo o gaúcho conhece o churrasco, é algo cultural nosso e comigo não foi diferente. Desde criança eu acompanhava meu pai fazendo churrasco, religiosamente, todos os domingos. Desde cedo acompanhei ele cortando a carne, preparando o fogo e isso acabou fazendo parte do meu repertório. Porque o churrasco, antes de mais nada, é uma confraternização, uma maneira de comemorar, de juntar os familiares. A gente não tem churrasco em dias tristes, ele é sempre realizado em situações alegres, de confraternização entre amigos e familiares, seja apenas para um agradável almoço em família, seja para uma grande comemoração. Por isso, para mim, o churrasco é um estado de espírito.

“ Eu sempre fui muito elogiado pelos amigos em São Paulo, ainda mais por ser do Rio Grande do Sul. Quando nos reuníamos era sempre o “gaúcho” que tinha de fazer o churrasco.”

Revista Vida: Como você descobriu que, além de um prazer gastronômico, o churrasco poderia fazer parte da sua vida profissional? Eu sempre fui muito elogiado pelos amigos em São Paulo, ainda mais por ser do Rio Grande do Sul. Quando nos reuníamos era sempre o “gaúcho” que tinha de fazer o churrasco. As pessoas gostavam muito e eu tinha muito prazer em assar. Quando eu percebi que isso poderia se tornar rentável, que eu poderia viver disso, não tive dúvidas e virei a chave. Revista Vida: Conte um pouco da sua trajetória. Como foi sua caminhada até ser reconhecido como um grande Mestre Churrasqueiro? Desde criança eu sempre acompanhei meu pai e alimentei essa paixão. Quando nos mudamos para São Paulo eu ainda era criança e a gente sempre manteve a cultura do churrasco presente na rotina da família. Voltei no início dos anos 2000 para Porto Alegre. Depois, segui minha vida, retornei para São Paulo, fiz faculdade e o churrasco sempre esteve presente na roda de amigos, nos encontros com a família. Até que, em 2016, surgiu a oportunidade de participar do programa “BBQ Brasil: churrasco na brasa”. No começo foi uma brincadeira: um amigo me marcou num post do programa e eu, que tinha acabado de voltar de férias, fiz a inscrição bem despretensiosamente. Em seguida, recebi uma ligação do programa. Eles gostaram do meu perfil e fui selecionado. Ao longo dos episódios tive um


estalo: eu estava indo bem, estava tendo uma boa aceitação do público, a repercussão estava sendo muito positiva. Pensei: porque não começar a trabalhar com churrasco? E foi o que aconteceu. Durante o programa, nos bastidores entre um chimarrão e outro, porque sim, levava minha mateira para as gravações do programa, conheci meu sócio, Bruno Panhoca, e abrimos uma empresa especializada em churrasco americano. Passamos a atender de forma itinerante eventos de pequeno, médio e grande porte no Brasil inteiro. Revista Vida: E o programa do SBT, como foi essa experiência? A experiência foi incrível. Recomendo para todos que tenham a oportunidade ou queiram participar de um reality, seja gastronômico ou não. É uma experiência muito válida, que a gente leva para a vida. Foram 14 episódios e cheguei até o 12º, quando fui eliminado. A expectativa que eu tinha ao entrar no programa era mostrar o tradicional churrasco gaúcho, sem inventar muita coisa. Segui essa linha até o final e consegui passar isso para quem estava me acompanhando. Os feedbacks

Participação no reality BBQ Brasil apresentado pelo SBT


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Capa

que recebi foram muito positivos, inclusive de gaúchos, que mandavam mensagens pelo instagram e facebook, elogiando a minha participação. Segui nossa linha tradicional, não fugi dela. Infelizmente, não foi suficiente para chegar até a final, mas, para mim, foi incrível pois tive muito aprendizado. Graças ao programa fiz o que até então considerava uma “loucura”: sair da minha zona de conforto, me arriscar em um negócio novo e transformar minha grande paixão em uma profissão. Felizmente está dando certo e estamos muito felizes com essa nova etapa. Revista Vida: Como é ser gaúcho e viver de churrasco em São Paulo? O gaúcho carrega aquela carga de responsabilidade em relação ao churrasco. É como o italiano com massas (risos). O gaúcho tem isso: qualquer gaúcho, em qualquer lugar do mundo, leva consigo o estereótipo de ter que saber fazer churrasco e chimarrão. Temos uma cultura muito forte, reconhecida pelo mundo a fora e isso acaba se tornando uma grande responsabilidade de ser gaúcho e trabalhar com churrasco. Existe todo um cuidado em respeitar nossa cultura, que deve ser mantida e repassada aos mais jovens, nossa tradição é uma prece. Por outro lado, esse reconhecimento é muito bacana. Me sinto orgulhoso em representar o Rio Grande do Sul e levar essa tradição tão querida pelos gaúchos para todo o Brasil. Revista Vida: Agora a gente precisa saber alguns segredinhos. Sander, o que os nossos leitores devem levar em consideração na hora de escolher o corte para um bom churrasco? Primeiramente observar bem a carne. É muito importante prestar atenção na coloração da carne. Escolher uma peça com vermelho bem vivo e pouco sangue na embalagem. Quanto mais escura a cor da carne, mais tempo faz que ela foi abatida e, consequentemente, menor qualidade ela irá apresentar. Outra dica importante é observar a cor da gordura: quanto mais amarelada, mais velho é o boi. Além disso, deve-se buscar sempre por cortes tradicionais. Hoje o consumidor final já tem acesso à informação e procura conhecer, então


ele sabe que um boi Angus tem uma carne mais macia que um boi Nelore e que uma carne, quanto mais marmorizada, mais macia será, por exemplo.

“O gaúcho carrega aquela carga de responsabilidade em relação ao churrasco. É como o italiano com massas. ”

Revista Vida: E qual é a tua preferência para o churrasco, o melhor corte na tua opinião? Eu gosto muito da costela bovina, não nego nunca e é uma paixão que tenho. Costumo falar que a melhor carne é a costela bovina e a melhor maneira de fazê-la é através do fogo de chão, em um processo de 10h, 12h dependendo do tamanho da peça, até a carne ficar no ponto certo. Noto que no Rio Grande do Sul a preferência é por carne com osso. Já em São Paulo o consumidor gosta dos stakes, dos bifões: picanha, chorizo, ancho, etc. Em São Paulo, quando você vai em uma churrascaria é muito comum encontrar uma costela assada no bafo, usando alumínio, papel celofane, etc, e não no espeto como costumamos fazer no Rio Grande do Sul. Tu até encontra, mas em raras churrascarias e o motivo? A demanda. Já perguntei em algumas churrascarias de São Paulo o porquê de não servirem a costela de ripa, no espeto, e a resposta que tive foi de que não há saída. Aqui usamos sal grosso, espeto, churrasqueira tradicional. Lá já usa mais as parrillas, grelhas, o jeito argentino/uruguaio de fazer churrasco. Revista Vida: E o churrasco americano, especialidade da BBQ Tour, como surgiu o interesse por essa técnica? Eu sempre tive curiosidade e interesse no churrasco americano. Antes de ingressar no reality eu já assistia programas de gastronomia norteamericanos com mestres churrasqueiros que mostraram os pit’s de defumação na qual a carne passa 10h, 12h até chegar no ponto. Quando resolvi viver disso eu e meu sócio procuramos um um nicho que não era bem atendido ainda no Brasil e encontramos na defumação uma paixão em comum. Ambos éramos fãs das estrelas do churrasco norteamericano e tínhamos conhecimento da técnica. Por isso optamos pelo barbecue, por ser uma paixão e por ser um nicho pouco atendido no Brasil. Nos especializamos, estudamos, buscamos conhecimento e fundamos a empresa. Ná época não tínhamos conhecimento de outra empresa 100% itinerante de churrasco americano no Brasil. Se não somos a primeira somos uma das primeiras. Nos últimos seis meses teve uma ebulição da defumação, muita gente vem fazendo isso. Inclusive, recentemente, teve o primeiro campeonato nacional de american barbecue, em Americana, interior de São Paulo, Revista Vida, Minha Vida

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Capa

onde eu e meu sócio fomos convidados para sermos juízes da competição que foi feita no formato idêntico aos festivais americanos, foi incrível! Revista Vida: E como está a aceitação do brasileiro para este tipo de churrasco? É uma cultura que está expandindo bastante, está sendo incorporada ao churrasco brasileiro. Para teres uma ideia, a BBQ Tour fez um evento em três finais de semana junto a uma churrascaria de São Paulo. Fomos contratados para servir dois cortes americanos: a costela defumada e o peito bovino defumado. Isso dentro do rodízio tradicional. A ideia era sentir o que o público brasileiro da churrascaria convencional falaria sobre isso, como reagiria. E foi incrível. No primeiro final de semana a churrascaria teve aumento considerável no seu faturamento e no último final de semana teve um aumento de público impressionante. O pessoal gostou muito da carne, teve uma aceitação incrível. O churrasco brasileiro é democrático. Talvez o Rio Grande do Sul tenha maior resistência, o que é super justo, por estar incorporado na cultura do povo gaúcho o modo tradicional de assar carne. Eu, como gaúcho, defendo o tradicional, mas acredito que temos que nos abrir a novas possibilidades. Revista Vida: Tem alguma dica de preparo que faz aquela diferença? Sim. Costumo dizer que o mais importante do churrasco é o fogo. Muitas vezes a pessoa coloca fogo no carvão e já coloca a carne. Isso não pode. Tem que ter uma temperatura adequada, um braseiro adequado e ter paciência. O resto é gosto. Não existe o churrasco certo e errado, errado é não fazer churrasco! Tem gente que gosta de sal grosso, tem gente


“Amor, paixão, trabalhar com algo que te deixa feliz. Isso é mais importante e não tem receita pronta para isso. Temos que colocar os ingredientes aos poucos, conforme nossa caminhada vai acontecendo.”

que gosta do sal fino, tem gente que coloca cerveja na carne, cada um tem seu tempero. Então penso que o primordial é o fogo. A dica que eu dou é preparar um bom braseiro, deixar ele bem parelho e aí sim colocar a carne. Tem gente que coloca a carne com o braseiro ainda em chama isso prejudica a carne e a primeira queima do carvão também libera aromas que podem prejudicar a carne. Revista Vida: Lenha ou carvão? É opcional, depende do gosto e da finalidade. A lenha de eucalipto, por exemplo, é excelente para um fogo de chão, para uma churrasqueira. Já para uma defumação no sistema americano é uma lenha inviável pois amarga a carne. Para defumação a gente usa lenha de árvores frutíferas: goiaba, laranja, maçã. Mas a lenha de árvore frutífera também pode ser utilizada em uma churrasqueira ou fogo de chão. A minha preferência é lenha.

A matéria com Cláudio Sander foi viabilizada pelos seguintes patrocinadores: - Free Viagens e Turismo - Casa de Carnes Condado - Degasperi - Tudesca Padaria Artesanal - Prost Bier - Gourmellas

Revista Vida: A receita do churrasco você já compartilhou com a gente. Agora conta um pouco qual foi a receita que você usou para chegar tão longe na sua carreira? Amor, paixão, trabalhar com algo que te deixa feliz. Isso é mais importante e não tem receita pronta para isso. Temos que colocar os ingredientes aos poucos, conforme nossa caminhada vai acontecendo. Coloquei muita coragem e paixão na minha nova vida. Não foi fácil sair da zona de conforto, tive de ter o apoio da minha família, da minha esposa. Acho que é isso: a receita para alcançar um sucesso que eu ainda quero alcançar, pois não me considero uma pessoa de sucesso, longe disso, tenho muita coisa ainda para mostrar, é ter muita paixão pelo que você faz. E, além da paixão, muita coragem para sair do automático e trabalhar naquilo que te faz feliz. Não dá para esperar recompensa imediata, principalmente financeira, tem que ralar muito, trabalhar focado, mostrar o potencial para, lá na frente, o reconhecimento ser uma consequência do teu trabalho. Trabalhar feliz, acordar motivado, isso não tem preço. O resto é uma consequência. Revista Vida: Conte um pouco sobre as melhores receitas que você criou. Qual é a preferida do público? Hoje a nossa especialidade é o american barbecue. O brasileiro em geral não conhece, são poucos os restaurantes que oferecem. Servimos a costela de porco defumada que tem uma boa aceitação, pois, este público já teve acesso através de alguns restaurantes australianos que exploraram essa carne. Agora, o preferido, sem dúvida, é o Brisket, que é o peito bovino defumado, o clássico do churrasco norteamericano, texano. Ele fica 10h a 12h defumando em lenha de árvores frutíferas. Depois dessas 12h, a reação das pessoas que comem é incrível, é um sabor novo para o paladar brasileiro, que surpreende as pessoas. Revista Vida, Minha Vida

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DEPOIS DO TRABALHO, A CERVEJA Uma paixão prestes a virar negócio

O conhecimento adquirido após inúmeras pesquisas na internet, a

dos 100 litros e resolvemos mudar o local”, lembra Glufke.

vontade de fazer algo diferente do habitual e a forte ligação com a

O destino: uma casa em meio ao campo, na cidade de Forquetinha.

cultura germânica foram suficientes para cinco amigos darem o

O local foi escolhido para receber as novas instalações do grupo

pontapé inicial em um negócio que já era um hobby entre eles: a

e marcou também uma nova fase para eles. “O processo todo

produção de cerveja artesanal. Uma paixão que começou apenas

leva cerca de 8h, então tu ficas um dia em função. Depois,

por divertimento e pela possibilidade de saborear uma bebida

esperas mais 20 dias para, no final, ter 20 ou 30 litros, não

diferente durante as festas de final de ano, hoje está a poucos

compensa. Tu vai tomar em um churrasco, entre uns cinco ou

passos de se tornar um negócio para Guilherme Glufke, Paulo

seis, logo termina”, explica ele.

Cabral, Leandro Glufke, Luis Felipe Glufke e Tiago Lenz. Atualmente, o grupo conta com uma estrutura totalmente De início, a garagem da casa dos cervejeiros comportava tranqui-

dedicada à produção artesanal. A fabricação ocorre apenas

lamente os cerca de 20 ou 30 litros que eram fabricados. No

durante os finais de semana, até porque durante a semana o foco

entanto, com o tempo, a bebida começou a ganhar aceitação

dos cinco amigos são voltados à contabilidade, informática,

entre os apreciadores e a produção se tornou insuficiente.

indústria gráfica e industrialização mecânica. “É o nosso hobby.

“Começamos a levar em churrascos e eventos e os amigos que

Nem sempre todos conseguem estar presentes, mas quem pode,

experimentavam queriam mais. Então vimos a necessidade de

vem até aqui para produzir, se divertir e fazer cerveja”, conta

ampliar a fabricação. Fomos nos empolgando, chegamos na casa

Guilherme. Revista Vida, Minha Vida

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Hobby

”Uma paixão que começou apenas por divertimento e pela possibilidade de saborear uma bebida diferente durante as festas de final de ano e hoje está a poucos passos de se tornar um negócio.” GUILHERME GLUFKE E PAULO CABRAL SÓCIOS DA CERVEJARIA DREIGHE

Buscando investir cada vez mais na qualidade dos produtos, o grupo já se prepara para entrar no comércio regional. “É uma coisa muito legal, tu faz um bagunça toda, dá trabalho, mas no final tu tem cerveja. Quer coisa melhor que isso?”, indaga o outro sócio, Paulo Cabral. Dessa forma, a marca Dreighe irá se juntar às mais de 370 cervejarias artesanais do país. Dados divulgados em 2016 pelo Instituto da Cerveja do Brasil garantem que o mercado dessa área não para de crescer e se torna uma aposta promissora para os próximos anos. Atualmente, o Brasil ocupa a terceira colocação em produção, com um volume anual de aproximadamente 91 milhões de litros. Além disto, nos últimos anos a taxa de crescimento vem acima de 50 novas cervejarias artesanais por ano, o que representa em média uma nova cervejaria por semana. Além do sabor, há mais vantagens de se consumir cervejas artesanais. Os efeitos pós-bebedeira, como a ressaca e a dor de cabeça, não costumam aparecer quando degustamos este tipo de bebida. “Esses sintomas estão relacionados com a fermentação do álcool em alto nível. As indústrias precisam fabricar em grande escala, então acabam forçando esse processo e não esperando o tempo necessário que ele ocorre de forma natural”, explica Cabral.

Para fazer Apesar de estarmos acostumados a apreciar o sabor dessas cervejas, que possuem aquele aroma delicioso e incomparável, não paramos para pensar no processo que envolve a produção delas. Em contrapartida, esta atenção especial durante o processo se reflete um pouco nos preços. Uma cerveja artesanal custa, em média, 20 reais a mais que uma bebida industrializada. Com isso, cada vez mais vemos pessoas se arriscando para a produção na própria casa. Para quem quer iniciar nessa arte um kit inicial de fabricação pode ser adquirido por cerca de mil reais. Mas lembre sempre, o segredo para conseguir um produto de qualidade está ligado diretamente (99%) com a higienização do processo.


Na região, uma boa alternativa para se inicializar neste meio é se

Fervura: ela tem algumas funções importantes na produção cerve-

juntar a clubes como Ratz Bier de Lajeado ou Acerva Estrela.

jeira, entre elas: esterilização e evaporação de substâncias indeseja-

Ambientes onde você pode usufruir de uma estrutura com equipa-

das. Momento no qual também é adicionado o lúpulo, que define o

mentos adequados para a produção, além de contar com o auxílio

amargor e aroma da cerveja. “Quanto mais cedo mais amargor e

de cervejeiros experientes na fabricação caseira para a troca de

quanto mais tarde menos amargor e mais aroma”, explica Cabral.

informações. Confira as etapas que envolvem a fabricação da cerveja artesanal:

Resfriamento: após terminar a fervura, o líquido deve ser resfriado o mais breve possível. Este processo é importante para coagulação

Moagem: o objetivo da moagem é a quebra do grão. A casca,

de proteínas e polifenóis

porém, deve ser mantida o mais intacta possível, pois ela será utilizada para a filtração do mosto.

Fermentação e maturação: é durante a fase de fermentação que o mostro cervejeiro é transformado em cerveja. As leveduras adiciona-

Brassagem: este processo nada mais é do que o cozimento do

das nessa fase do processo transformam o açúcar em álcool e gás

malte na água e ele se dá em diversas faixas de temperatura, de

CO2 e podem ajudar a dar alguns aromas e sabores a nossa cerveja.

acordo com o resultado desejado e os grãos usados.

O tempo de fermentação e maturação varia de acordo com o estilo de cerveja que foi feita, mas dura, no geral, de 3 a 7 semanas.

Filtragem: o objetivo desta etapa é separar o grão e o pó do malte do líquido. A casca do grão, aqui, tem a importante função de

Envase: a última fase do processo de produção de cerveja é o

atuar como elemento filtrante, impedindo que se leve sedimentos

envase. A bebida que fermentou durante vários dias vai parar em

para a fervura (formando a chamada cama de grão).

garrafas ou em barris para começar a melhor parte de todo o processo: degustação da sua própria cerveja.


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Economia

COMPRA

COMPARTILHADA A ideia de dividir bens tem sido uma opção para quem busca diminuir as despesas, principalmente com algo que nem sempre é útil. Além disso, pode ser uma saída para bens ou produtos que não estão em uso constante e que podem ser alternados entre mais pessoas. Um exemplo são as irmãs. Elas tinham a necessidade de terem seu carro próprio. Sem muito dinheiro no bolso, decidiram juntar as finanças para alcançar o objetivo em conjunto. “Na época, há mais de 20 anos, a aquisição foi por um veículo já usado, justamente pelo preço ser menor”, conta Noélia. No entanto, mal sabiam elas que a dificuldade financeira seria o ponto inicial para um prática que segue até hoje. “Foi um experiência muito boa. Nos fez perceber que não tinha o porquê cada uma ter o seu carro, estava funcionando muito bem assim”, explica Leoni.


Dez anos mais tarde elas optaram por trocar o veículo. Com maior poder aquisitivo, já tinham condições de comprar um carro para cada uma, mas não foi o que aconteceu. Pela segunda vez elas saíam juntas em busca de um mesmo objetivo: a compra do primeiro carro zero. “Somos duas mulheres, então sempre acaba existindo aquele preconceito por não entendermos muito sobre a parte mecânica do carro. Se olharmos algum carro usado, precisamos pedir ajuda para algum vizinho ou familiar. Então, temos optado por comprar um carro novo, pois assim também já sabemos a procedência do veículo”, explicam. A mesma situação se repetiria 10 anos depois, em 2014, quando em conjunto, as irmãs adquiriram o terceiro carro. Hoje, são mais de 20 anos dividindo o mesmo bem e algumas regras já estabelecidas. Segundo elas, são poucos os casos nos quais ambas precisam do veículo no mesmo momento, mas quando isso acontece, o dever de ir e voltar fica com Noélia. “Por mais que o carro seja das duas, sou eu quem mais utilizo ele. Até porque a Leoni não gosta de dirigir. Então, se as duas tem compromisso, eu levo ela e depois busco”, explica. Os gastos com a manutenção do veículo também são rateados. A divisão das despesas são iguais, com exceção de uma ocasião. “Nós dividimos tudo. Se uma está dirigindo e o carro estraga, as duas pagam. Quando é necessário fazer revisão ou troca de pneu também dividimos. A regra só não se aplica para casos de multa. Daí quem foi imprudente que paga”, brinca Noélia.


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Economia

A história, que começou por acaso, ganhou proporções ainda maiores. Além do veículo, as irmãs Hammes dividem também os custos de um apartamento adquirido na cidade de Lajeado. “Em épocas que o imóvel está alugado, ou seja, gerando lucros, o dinheiro é dividido igualmente. Agora, que ele não está alugado, temos despesas com condomínio, luz, água, então repartimos isso também. É bom, pois assim não pesa tanto no bolso”, afirma Noélia. No Brasil, histórias como a de Noelia e Leoni tem sido cada vez mais comuns com o passar dos anos. No início, a ideia de compra compartilhada se aplicava, em grande parte, para a aquisição de bens de luxo, como barcos, aeronaves, e casas de férias. Ao contrário da relação entre as irmãs Hammes, neste caso a parceria depende de diferentes cláusulas e contratos. Cada comprador é dono de uma cota do bem total e tem direito a usufruir de sua propriedade durante determinado período do mês ou do ano, em forma de rodízio. Para que a relação funcione são necessários três fatores, segundo as irmãs. “Dialogar é fundamental nessas situações. É preciso entender os dois lados para que seja possível chegar a uma acordo. Além disso, não pode existir ciúmes, pois um vai acabar utilizar mais o bem do que o outro. E, por fim, a confiança de que vai ser bem cuidado, o que muitas vezes é o nosso medo quando vamos emprestar algo para alguém”, aconselham.

“Dialogar é fundamental nessas situações. É preciso entender os dois lados para que seja possível chegar a uma acordo...” NOÉLIA E LEONI HAMMES


VIAGEM COM PEQUENOS: destinos possíveis

Foto divulgação

Viajar com filhos pequenos é sempre um desafio: como aliar o lazer e descanso com a responsabilidade de ficar de olho neles? Uma dica da proprietária da Free Agência de Turismo e Intercâmbio, Vera Lucia Riediger, é optar por resorts. “É preciso escolher a estação que mais agrada a família, ver o que a cidade tem de atrativos e verificar se o hotel possui estrutura para atender crianças como parquinhos e monitoramento com instrutores”, comenta. Para Vera, um destino muito procurado principalmente para as férias de verão é o Beach Park 2, no Ceará. “Localizado a 20 km de Fortaleza, o Beach Park Resort está ao lado do Beach Park. As famílias que se hospedam lá, além de todos os atrativos de um excelente hotel, tem inúmeras atrações para os pequenos, possibilitando o descanso dos pais. Além disso, também tem acesso ao parque, que é uma diversão para toda a família”, comenta. Outro destino a ser cogitado para quem tem filhos é Bariloche, ideal para o recesso escolar de inverno. “Um lugar que considero interessante com crianças é locais com neve. É muito legal ver os pequenos aprendendo a esquiar e brincando com a neve”, indica. Nesses locais, crianças até 3 anos não pagam os passeios. E, entre as opções para quem não tem idade para desfrutar das aventuras mais radicais, está o divertido ski bunda, de Piedras Blancas, que tem uma pista para crianças de até 3 anos. Além dele, o Circuito Chico, que tem pouco mais de 3h de duração, conta com um city tour e paradas para encontrar cachorros da raça São Bernardo, treinados para situações de salvamento na neve entre outras atividades especiais para a criançada. “No entanto, é importante avaliar nessa idade o tempo que a criança aguenta ficar em passeio. Por isso passeios de meio turno podem ser bons aliados da família nesse tipo de viagem”, finaliza Vera. Revista Vida, Minha Vida

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Saúde

NA CONTRAMÃO DA VELOCIDADE Meditação: um novo conceito sobre qualidade de vida

A ciência já comprovou os benefícios que a meditação pode trazer aos seus praticantes. Diversos estudos mostram que meditar todos os dias reduz o estresse, melhora o sistema cardiovascular, a insônia e distúrbios mentais, alivia a dor, reforça o sistema imunológico e melhora a concentração.


Mas, afinal, o que é meditação? Os primeiros registros históricos desta prática datam de 1.500 a 1.000 a.C. A literatura mística do norte da Índia deste período já apresentava técnicas de meditação. Na antiga China, por volta de 300 a.C., a literatura taoísta, com mestres como Lao-Tzu e Chuang-Tzu, também trazia exercícios meditativos. Apesar disso, acredita-se que a meditação é uma prática bem mais antiga. No ocidente, a prática começou a se popularizar com o guru Maharishi Mahesh Yogi, que nos anos 1960 convenceu os Beatles a meditarem. Mas foi apenas na última década que a ciência passou a olhar para a meditação e realizar diversos estudos para comprovar sua eficácia. Segundo um estudo do psicólogo Michael Posner, da Universidade de Oregon, exames como a ressonância magnética e a tomografia mostraram que a meditação muda o funcionamento de algumas áreas do cérebro, e isso influencia o equilíbrio do organismo como um todo.

TÉCNICAS MUDAM MAS RESULTADOS SÃO OS MESMOS Não existe apenas uma técnica para meditar. A duração e o método (com mantras, visualizações, em silêncio, concentrado na respiração) possuem muitas variações. Estas diferenças, no entanto, não influenciam no resultado e o efeito produzido é muito semelhante. Qualquer técnica aumenta a atividade do córtex cingulado anterior (área que é ligada à atenção e à concentração), do córtex pré-frontal (coordenação motora) e do hipocampo (memória). Também estimula a amígdala, que regula as emoções e acelera o funcionamento do hipotálamo, responsável pela sensação de relaxamento. Para o instrutor de meditação, arquiteto, budista e ser em eterna transformação, Jeferson Queiroz, a meditação traz à consciência nossa verdadeira estrutura, faz com que as pessoas percebam que nenhuma perda muda o que somos de fato. “Nossa identidade é formada por marcas internas. No budismo, chamamos isso de samskara. A falsa sensação de liberdade que é imposta pelo nosso estilo de vida e pela sociedade precisam reforçar essa identidade com o tempo, gerando diversos conflitos emocionais. Passamos o dia entre escolhas de apego ou aversão e nossa vida toda é baseada por estes três venenos da mente: ignorância, desejo e aversão. A nossa ignorância está em não nos percebermos como seres perfeitos sem estas marcas impostas. Quando meditamos, vemos estas marcas e as desconstruimos aos poucos. As camadas vão se desfazendo, e o que surge? A consciência livre, sem rótulos. Isto gera tranquilidade, uma mente livre de marcas mentais. As pessoas estão aprisionadas as suas identidades, precisam sustentar essa identidade e isto gera desgaste, acham que seu emprego, sua profissão, seu carro, sua casa é o que lhes define, mas para manter isso é necessário um grande esforço, uma energia enorme, e quando isso se desfaz (e irá se desfazer mais dia ou menos dia) tudo acaba e aí então a pessoa percebe o vazio, como se desaparecesse”, explica. Praticante de meditação há dois meses, Cristiana Schumacher já consegue visualizar os efeitos Revista Vida, Minha Vida

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Saúde

“A meditação traz à consciência nossa verdadeira estrutura” JEFERSON QUEIROZ ARQUITETO E BUDISTA

da prática. “Apesar de ser simples, não é fácil. O primeiro desafio é respeitar a técnica e aplicá-la de forma correta. Não é só sentar e respirar. Exige concentração profunda, respeito ao corpo e muita observação. O corpo nem sempre se adapta à posição, e podem ocorrer algumas dores. Mas tudo vai sendo trabalhado e resolvido ao longo do tempo. Apesar de ser iniciante, já consigo perceber melhora na capacidade de concentração, maior energia e disposição, e equilíbrio para resolver as questões do dia-a-dia. Como é uma técnica que preza pela atenção plena, sigo aplicando os ensinamentos ao longo do dia, e não apenas quando sentada em meditação”, comenta.

DICAS PARA COMEÇAR A PRATICAR Existem inúmeros tutoriais que mostram como cada técnica de meditação pode ser aplicada. Aqui elencamos algumas dicas para você experimentar a prática budista. 1) Procure um lugar tranquilo, sem barulho. 2) Sente-se no chão, em uma almofada, de preferência com as pernas cruzadas e mantenha a coluna ereta. Você também pode sentar-se na ponta de uma cadeira, cuidando para não apoiar a coluna no encosto: a ideia não é relaxar e sim manter a postura e atenção o tempo todo. 3) Mantenha a respiração descontraída. 4) Preste atenção unicamente à sua respiração. Perceba como o ar entra, por qual narina você está inspirando, a temperatura do ar. Foque sua atenção total à respiração. Pensamentos virão. Neste momento, deixe eles irem embora, não os alimente. Com o tempo, a mente vai serenando e ficando calma. 5) Pratique todos os dias. Os benefícios da meditação só podem ser usufruídos se a prática for constante. Para Queiroz, a meditação não se dá somente quando nos sentamos para intensificar a prática escolhida, mas sim durante todo o dia e não se trata de policiamento e sim de atenção. “A atenção é não deixar a mente vagar, é mantê-la presente no que se está realizando. Há pessoas que dizem fazer muitas coisas ao mesmo tempo, na verdade estão iludidas pelo apego a esta movimentação da mente. É possível fazer muito mais se souber canalizar esta energia”, defende.



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Culinária

A FORÇA DO SUSHI NA CULTURA ALEMÃ

Gastronomia japonesa se expande cada vez mais na região Que a alimentação é fundamental para a vida do ser humano todos nós sabemos. A variedade de opções que temos na nossa culinária é enorme, no entanto um fator acaba influenciando muitas vez a decisão pelo o que comer, ou cozinhar: a cultura. É por meio da gastronomia que identificamos, muitas vezes, a identidade de alguns povos. Terras colonizadas por italianos esbanjam massas e pizzas. Por outro lado, quem possui ligações com a cultura germânica não abre mão de uma cuca, ou então do chucrute, não é mesmo?


No entanto, a culinária japonesa, que até pouco tempo era desconhecida nos restaurantes da região, tem agradado os paladares do Vale do Taquari nos últimos anos. Cada vez mais é comum ouvir falar dos tais sashimis, urumakis, combinados e niguiris. Os nomes talvez ainda possam ser um tanto complicado de se pronunciar, mas pode ter certeza, eles já fazem parte da alimentação de muita gente. O primeiro restaurante dedicado especialmente à cozinha japonesa foi inaugurado em 5 de outubro de 2012: o Minato Mirai Sushi. “Eu tinha a ideia de abrir um estabelecimento no município, só estava em dúvida entre um pub e um restaurante japonês. Então, durante seis meses, eu e minha esposa frequentamos diversos restaurantes japoneses no Estado, para ver se existia essa demanda. O curioso foi que em quase todos os locais encontrávamos algum cidadão lajeadense”, conta Julian Barch, um dos sócios do estabelecimento.

“Tem um regrinha no sushi. A pessoa só pega o hábito de comer depois da terceira vez, o chamado período de adaptação.”

Logo de cara os números impressionaram os sócios. Em apenas um dia foram mais de mil curtidas na

JANS DA SILVA

hábito de comer depois da terceira vez, o chamado período de adaptação. Então, sempre incentivamos

GERENTE DO TOMBADO SUSHI

aquele cliente que está provando pela primeira vez a retornar”, conta Jans da Silva, gerente do Tomba-

página do facebook. Popularização que se refletia também dentro do estabelecimento. “As pessoas se sentiram instigadas a experimentar essa novidade. Nos primeiros seis meses foi um absurdo. Não tinha como fechar o restaurante antes das 3h da manhã devido ao intenso movimento. Tínhamos dificuldade de encontrar profissionais suficientes”, lembra Barch. Mas, com certeza há quem nunca comeu sushi. O principal empecilho para este grupo de pessoas talvez esteja na primeira vez, no experimentar. Até porque, quem está acostumado a comer churrasco, como é o nosso caso, pode estranhar a carne crua. “Tem uma regrinha no sushi. A pessoa só pega o

do Sushi. A situação se encaixa perfeitamente na história do casal Fransico de Barros e Evelin Fauth. Para ela, o apreço pelos sushis e sashimis iniciou há mais de dez anos, por influência dos amigos, com quem vivia em Porto Alegre. Já para Barros, o início do relacionamento entre eles foi a porta de entrada para a culinária japonesa. E, assim como explicou Jans, foi necessário enfrentar a regrinha das “três vezes”. “No início é horrível, muito estranho mas agora acho ótimo”, lembra ele. O passar dos anos, no entanto, foi fundamental para que Barros se acostumasse com a ideia de comer Revista Vida, Minha Vida

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Culinária

Para o casal Fransico de Barros e Evelin Fauth, jantares dedicados à culinária oriental se tornaram um hobby. uma carne, até então, totalmente diferente da que costumava consumir em suas refeições. Hoje, acompanhar a companheira nos jantares dedicados à culinária oriental não é mais problema, muito pelo contrário, se tornou um hobby. Pelo menos uma vez por mês o casal se dedica ao consumo de sushi. “Minha preferência é o sashimi e da Evelin o shake”, conta Barros. Cinco anos depois da primeira inauguração, já são mais de dez restaurantes dedicados a essa tendência em Lajeado. Muitos deles inclinados à prática dos restaurantes móveis, popularmente conhecidos como delivery. “Fomos o primeiro restaurante do RS a disponibilizar um site de compra on-line. Ele foi disponibilizado exatamente um ano após a inauguração e agora já representa 52% da nossa receita. Acredito que este tenha sido um dos fatores fundamentais para sermos considerado, por três anos seguidos, como o melhor restaurante do interior do estado, segundo o site TripAdvisor”, explica Barch, do Minato. Se engana quem pensa que a cozinha japonesa só por ser apreciada por quem possui alto poder aquisitivo. Dentre os diversos tipos de pratos oferecidos nestes restaurantes os valores ficam na média de 20 reais. Claro, alguns podem superar este valor e outros nem chegam a isso. A vantagem de diferentes pratos e porções é poder atender a necessidade de diferentes públicos. O valor se torna baixo se comparado à complexidade necessária no modo de preparação dos pratos. Cuidados e técnicas específicas são essenciais para a qualidade final do alimento. A responsabilidade, nesse caso, fica sob cargo do sushiman. “O sushi exige um cuidado especial na preparação, no corte. Na hora que vai fazer não pode ficar muito tempo com ele na mão, em função do calor, se não ele estraga. Além disso, também demora mais tempo e exige mais técnica, não é igual um cachorro quente, por exemplo”, compara Jans. Mas as peculiaridades da culinária japonesa vão além e se fazem presente também na hora de degustação do alimento. A forma de comer talvez possa estar entre as principais expectativas de quem come sushi pela primeira vez. Até porque os tradicionais talheres (faca, garfo e colher) não são vistos sobre a mesa. Ficam de lado e dão espaço para dois simples pauzinhos, também conhecidos como hashi. “As pessoas logo se acostumam com a forma de comer. Depois de um certo tempo, isso até acaba virando motivo de brincadeiras”, garante Jans.


DE PROTAGONISTA À COADJUVANTE

Videolocadores sofrem com avanço de concorrente “invisível” “Em uma reunião realizada em 2004 para discutirmos a chegada da pirataria na região, éramos 30 representantes em Lajeado. Hoje, sou um dos únicos”. O relato de Jorge Machado de Souza é capaz de resumir em poucas palavras a transformação vivenciada pelo comércio de videolocadoras. Uma retração no mercado que, como ele mesmo conta, começou com a pirataria e hoje sofre influências dos serviços de streaming.

Em 2002, quando Jorge assumiu a direção da locadora

Hoje, 15 anos depois, a realidade é totalmente diferente e

Calypso, uma das principais do município, a tendência estava

são poucas as videolocadoras que ainda resistem com as

em alta. Naquela época este tipo de negócio atraia muitos

portas abertas. Mas nem por isso a concorrência baixou.

investidores. Eles estavam presentes em vários pontos da

Muito pelo contrário, com o avanço da tecnologia e a popu-

cidade e eram muito disputados. Nas prateleiras, milhares de

larização da internet o empresário ganhou concorrentes

filmes eram disponibilizados nas, já extintas, fitas VHF.

ainda mais fortes, mesmo que praticamente “invisíveis”. Revista Vida, Minha Vida

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Cultura “O filmes estão antes na locadora do que na tv por assinatura, sendo em média 3 meses após o lançamento nacional. Além disso o Netflix não tem filmes novos e a Tv por assinatura repete bastante as exibições, o que se tornam limitação para quem olha” JORGE MACHADO DE SOUZA

O primeiro obstáculo, a pirataria, deu suas primeiras aparições há mais de 10 anos. Ela trouxe comodidade para quem tinha preguiça de se deslocar até a locadora. O mercado ilegal atraia pela conveniência de se poder ter à mão qualquer filme ou seriado. No entanto, de alguns anos para cá, nem fazer o download desses vídeos é mais necessário. As mensalidades da TV a cabo baixaram e facilitaram o acesso a inúmeros filmes diariamente. Pelo menos 35 canais são dedicados à essa finalidade, fora os demais que contam com horários específicos na sua grade de programação. Com isso, as locadoras sofreram impacto em seus negócios. Em 2006, por exemplo, a média de filmes alugados por Jorge era de 13 mil mensais. Mas isso que ainda nem falamos do pior inimigo, que surgiu no Brasil em 2011. Por mais que as tentativas de sobrevivência tenham sido árduas, a maioria das locadoras foi sufocada pelo serviço de streaming. Na busca de oferecer maior comodidade, sites de vídeo, como o Netflix, adaptaram-se ao gosto do usuário. E essa mudança de rotina acarretou uma baixa muito grande no movimento das locações de vídeo. Segundo dados divulgados pelo site UOL, acredita-se que o Netflix tenha mais 25 mil itens disponíveis no Brasil entre filmes, episódios e documentários. Material que é acessado por cerca de 4 milhões de assinantes no país. Já em nível mundial o acervo da plataforma é ainda maior. Especialistas estimam que o Netflix tenha ao todo 1 milhão de itens em seu acervo. Com isso, a procura pelas locadoras caiu sensivelmente. Jorge calcula uma média de 15% ao ano, desde 2006. Agora, a quantidade de locações mensais chega na casa de 4 mil filmes. A queda também apontou reflexos na empresa, como a redução do quadro de funcionários de 9 para 3 pessoas e a alteração no horário de atendimento, que antes era


das 9h às 21h, agora ocorre das 13h às 20h. No entanto, os quase 8 mil títulos, disponíveis no acervo de 11.649 filmes, ainda chamam a atenção de pessoas como Lucas Medeiros, que há cerca de 2 anos voltou a frequentar as locadoras. Mesmo com acesso a TV por assinatura ele costuma visitar o local praticamente todos os domingos. O motivo: a preferência por alguns filmes. “Gosto de filmes de terror e suspense. No entanto, durante a semana não consigo assistir, devido a rotina entre trabalho e estudos. O único tempo que tenho para essa finalidade são as noites de domingo, turno em que filmes deste gênero não costumam ser exibidos, devido ao horário mais familiar”, comenta. Para Jorge, o estudante se encaixaria no perfil do cliente fiel. “É o cliente que aluga filme o ano inteiro, em uma média de 2 a 4 títulos por final de semana”, lembra. Mas, também existem os clientes eventuais que, segundo o empresário, só alugam filmes quando a programação não dá certo. “O cara costuma jogar bola e aí chove, o futebol não sai, então ele aluga um filme”. São Pedro acaba sendo um aliado hoje nos negócios. “Em dias de chuva ou frio as locações chegam a aumentar até 60%. No verão, período de férias, cai. O horário de verão prejudica um pouco, pois às 21h ainda está claro então tu acaba ficando na rua. No inverno, às 18h


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Cultura

já está escuro, então tu acaba tendo mais tempo para atividades como assistir filmes”, garante o empresário.

Os filmes antes na locadora Quando questionado sobre os motivos que ainda levam as pessoas até uma locadora ele define: “O filmes estão antes na locadora do que na TV por assinatura, sendo veiculados nos canais em média 3 meses após o lançamento nacional. Além disso, o Netflix não tem filmes novos e a TV por assinatura repete bastante as exibições”, analisa. A ajuda na indicação dos filmes também é apontada. A experiência de Jorge frente à locadora permite que ele conheça os gostos de cada cliente. “Assim que são lançados os filmes as produtoras nos repassam a lista mensal e então nós atualizamos. Mas a preferência sempre fica por contas dos filmes com atores conhecidos, indicados ao Oscar e com grandes produções, como Marwel e X-man”, conclui.

LUCAS MEDEIROS


A ARTE NO ESPAÇO PÚBLICO Programações levam exposições à praças e locais de lazer Se abrirmos o dicionário e procurarmos pela palavra arte, inúmeras definições vão surgir. Desde a comparação com brincadeiras e travessuras até o conceito de aptidão, talento, conhecimento ou habilidade para fazer algo criativo. E isto mostra a abrangência e o poder de uma simples palavra, de apenas quatro letras. A potencialidade da arte não se restringe apenas a produção de quadros ou pinturas. Ela pode ser vista de vários formas, às vezes é necessário apenas mudar o ângulo. Na região, por exemplo, ela é apresentada sem nenhum tipo de fronteira ou limitação e acontece ao ar livre. Basta um passeio pela praça do Papai Noel, em Lajeado, num domingo de sol. Lá, uma vez por mês a arte é colocada em contato com a natureza e a população. Revista Vida, Minha Vida

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Arte Tudo começou em 2014, a partir da união de cinco amigos que tinham a pretensão de movimentar o cenário cultural da cidade, resgatando o convívio coletivo e trazendo a arte dos espaços fechados para locais abertos. Segundo uma das idealizadoras, Laura Peixoto, a inspiração feito de uma fala do cantor John Lennon: "Pense globalmente e atue localmente". “O que instiga iniciativas como esta é a vontade de interagir culturalmente em um local público, como a gente vê nas grandes metrópoles”, lembra ela. As exposições revelam diversidade artística. Desde patchwork e artesanato, até bordados, bijuterias, fotografias e gastronomia. Nas melhores edições mais de 80 expositores já se fizeram presentes, chegando a um público de mais de 2 mil pessoas durante o dia. É o caso de Fernando Rocha, que viu nas garrafas de vidro não uma, mas milhares de possibilidades para a decoração da casa. A ideia do artista é reutilizar produtos que, até então, estariam sendo descartados pelas famílias. “Estamos em um ciclo de compra e descarte e a minha ideia é evitar que isso aconteça. Aqui ofereço um produto de qualidade, reaproveitado, exclusivo e com um custo menor”, afirma. A partir de agora as garrafas de vidro da sua casa, ao invés de serem destinadas ao lixo, podem ser entregues na mão de Fernando. Com ele, elas se transformam em itens de decoração, utensílios de cozinha, materiais para festas e iluminação. “É um resultado gostoso, pois a cada trabalho que eu faço, sei que é menos uma peça que vai para o lixo”, explica Rocha. “É um resultado gostoso, pois a cada trabalho que eu faço, sei que é menos uma peça que vai para o lixo” FERNANDO ROCHA, ARTISTA

Situação parecida também acontece em Estrela. A arte também ganha espaço nas tardes de domingo, só que desta vez não em uma praça, e sim, na escadaria que dá acesso ao Rio Taquari. A primeira edição aconteceu em 2015 como um movimento de ocupação do espaço da rua da Polar, antiga rua da Praia. Um local revitalizado e escolhido a dedo, até porque foi porta de entrada dos primeiros habitantes da cidade. “A antiga Rua da Praia tem tantas histórias e agora, aberta, merecia ganhar vida novamente. O Rio Taquari, que já foi nossa praia, necessitava de um olhar diferenciado, um olhar com arte”, conta a organizadora Dolores Doca.




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