Artigo branding marcas da estrategia a satisfacao humana

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI BSP - BUSINESS SCHOOL SÃO PAULO

WESLEY PINTO DE SOUZA

MARCAS DA ESTRATÉGIA À SATISFAÇÃO HUMANA MARCAS ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES ESSENCIAIS DO SER HUMANO DE ANTHONY ROBBINS

SÃO PAULO 2013


UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI BSP - BUSINESS SCHOOL SÃO PAULO

WESLEY PINTO DE SOUZA

MARCAS DA ESTRATÉGIA À SATISFAÇÃO HUMANA MARCAS ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES ESSENCIAIS DO SER HUMANO DE ANTHONY ROBBINS

Artigo Científico apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de PósGraduação (Lato Sensu) em Gestão de Marcas – Branding pela BSP – Business School São Paulo, da Universidade Anhembi Morumbi - Laureate International Universities. Orientador (a): Profa. Maria Marliy de Oliveira

SÃO PAULO 2013


UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI BSP - BUSINESS SCHOOL SÃO PAULO

WESLEY PINTO DE SOUZA

MARCAS DA ESTRATÉGIA À SATISFAÇÃO HUMANA MARCAS ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES ESSENCIAIS DO SER HUMANO DE ANTHONY ROBBINS

Artigo Científico apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de PósGraduação (Lato Sensu) em Gestão de Marcas – Branding pela BSP – Business School São Paulo, da Universidade Anhembi Morumbi - Laureate International Universities. Orientador (a): Profa. Maria Marliy de Oliveira

Aprovado:


Ao meu irmão, meus país, amigos e futura esposa Hellen que sempre me apoiaram e me motivaram.


AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu Orientador pelo saber compartilhado e pelas orientações precisas, que tanto me ajudaram na pesquisa e finalização do trabalho. Aos mestres que acompanharam este trabalho e foram fundamentais ao meu conhecimento e a minha formação acadêmica. Aos amigos que fiz durante o curso e que sempre estiveram dispostos a ajudar e que também colaboraram para melhorar o resultado de minha formação com as discussões e trabalhos apresentados em sala de aula.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................01 1. AS TRÊS FASES DO CONSUMO ...................................................................................02 2. MARCAS PARA OS SENTIMENTOS ..........................................................................04 3. BRAND EQUITY E POSICIONAMENTO ....................................................................05 3.1 Brand Equity ........................................................................................................05 3.2 Posicionamento ....................................................................................................06 4. CONCEITOS DE ROBBINS.............................................................................................06 4.1 Certeza .................................................................................................................07 4.2 Incerteza ...............................................................................................................07 4.3 Significância ........................................................................................................08 4.4 Amor e Conexão ..................................................................................................08 4.5 Crescimento .........................................................................................................08 4.8 Contribuição .........................................................................................................09 5. ROBBINS APLICADO AO BRANDING.........................................................................09 5.1 O Poder da Certeza (Subway) ..............................................................................09 5.2 Magia da Incerteza (Cirque du Soleil) .................................................................10 5.3 Ser Significante (Harley Davidson) .....................................................................12 5.4 Amar e Conectar (Starbucks) ...............................................................................13 5.5 Para Crescer e Evoluir (Apple) ............................................................................14 5.6 Contribuir e Compartilhar (Google e Facebook) .................................................15 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................16 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................17


MARCAS - DA ESTRATÉGIA À SATISFAÇÃO HUMANA MARCAS ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES ESSENCIAIS DO SER HUMANO DE ANTHONY ROBBINS

WESLEY PINTO DE SOUZA 1 MARIA MARLIY DE OLIVEIRA 2

RESUMO Como Abraham H. Maslow, que tem o trabalho comumente direcionado a gestão de negócio, marketing e administração, este artigo busca conectar as seis necessidades essenciais do ser humano de Anthony Robbins às marcas e à gestão delas (branding). Se é verdade que marca é uma posição mental dos consumidores, baseada na percepção dos benefícios funcionais e emocionais de um produto, serviço ou instituição como explica Knapp (2002, p. 07). Considero então que quando esses benefícios são direcionados às necessidades psicológicas essenciais dos seres humanos, a marca poderá se conectar de maneira muito mais efetiva e duradoura com seu público alvo. Palavras-Chave: Marcas. Gestão. Emoção. Necessidades humanas.

ABSTRACT As Abraham Maslow that has his job generally directed for business management, marketing and administration, this article aims to connect the six human needs of Anthony Robbins with the brands and brand management (branding). If is truth that brands is a mental position of consumers, based in perception of function benefits and emotion benefits of a products, services or institutions as explains Knapp (2002, p. 07). So I consider that when benefits are targeted the essential psycological needs of the human beings, the brand can connect more effective and lasting with you target public. Keyword: Brands. Management. Emotion. Human needs.

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Aluno(a) do Curso de Pós-Graduação em Gestão de Marca branding pela BSP – Business School SP de São Paulo. Email: wy.contato@gmail.com

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Especialista em Gestão de Marcas, Branding, pela Universidade Anhembi Morumbi, Laureate International Universities, graduada em Letras, Tradutor, Intérprete pela Unibero. Email: mmoseo@uol.com.br


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INTRODUÇÃO Com o surgimento de novos negócios, produtos e com o rápido crescimento das concorrências é comum e fundamental que as empresas busquem novas alternativas para se tornarem únicas, pois na medida que o consumo se torna mais intenso as empresas devem descobrir maneiras de tornarem-se mais importantes na vida das pessoas. A humanidade foi marcada pelas grandes empresas e a vida alterada na medida que as corporações “forçam” as pessoas a adquirirem produtos e serviços. Sabe-se que elemento vital para o capitalismo é o ato de consumir que ao longo do tempo sofreu mudanças e adquiriu particularidade que exigiram algumas alterações nas estratégias e comunicações dos empreendimentos. No entanto, será que alguma vez foi cogitada a possibilidade de existir algum método ou teoria capaz de orientar, gerenciar e direcionar sensações, emoções e sentimento de forma a preencher necessidades psicológicas essenciais dos seres humanos? Anthony Robbins ou Tony Robbins, escritor, filantropo e palestrante motivacional apresentou seis necessidades que julga essenciais para a satisfação e felicidade humana no qual ao satisfaze-las as pessoas desfrutam do prazer e da felicidade. Sendo assim, o grande desafio deste artigo é proporcionar através do trabalho de Robbins uma análise de como os atributos das marcas satisfazem um determinado público-alvo. Muitas pessoas podem questionar os conceitos aqui tratados, no entanto um trabalho com leve semelhança, porém muito importante e profundo, já foi aprovado. No caso a pirâmide de Abraham Maslow que é fortemente aplicada a gestão de negócios e ao marketing e que trata de cinco necessidades (fisiológicas, segurança, amor e pertencimento, estima, auto realização), em que o último estágio só é possível realizar-se ao concluir a conquista de seu anterior e assim sucessivamente. Entretanto o método de Maslow hierarquiza as angústias e conquistas no qual contradiz um de seus influenciadores, o psicólogo Wertheimer, um dos percussores da teoria da Gestalt que de acordo com seu filho Michael Wertheimer (2007) acreditava que qualquer fenômeno é indivisível e que as partes influenciam-se simultaneamente, que os passos são projetados e conduzidos em harmonia com o todo da figura e com o objetivo de se ter claro toda a área. O objetivo em Maslow é escalar até a autorrealização, um processo linear que não considera o todo e que dá uma ordem ao que deve ser “conquistado”. Por outro lado, apesar de Robbins deixar claro que o crescimento e contribuição não satisfazem sem a plenitude das


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outras quatro, ele não lineariza a superação das necessidades e compreende a individualidade humana e as particularidades das experiências. Anthony torna-se então muito mais pertinente a criação e gestão de marca por justamente compreender o significado de que o todo é maior que a soma das partes.

1. AS TRÊS FASES DO CONSUMO Historicamente, segundo Lipovetsky (2007) o capitalismo é composto por três fases, a primeira definiu-se pelo nascimento dos mercados de massa e iniciou-se em 1880, um ano histórico, marcado pelo nascimento de gigantes como: Coca-Cola, P&G, Kodak, Quaker, etc. Uma das principais características desta fase é a produção em grande escala e o baixo custo unitário. Pois, a obrigação era vender através de grandes volumes para obtenção de lucros. A resposta foi que evidenciou-se a necessidade das publicidades em escalas nacionais e globais que gerou a perda da força dos vendedores e fez com que a ponte entre produtos e consumidores fossem as marcas. Fundado em 1869 o Bon Marché é um grande exemplo do surgimento das grandes lojas de departamento na primeira fase, pois em 1890 percebeu-se que milhares de pessoas frequentavam a loja diariamente e levaram a empresa a aumentar a quantidade e variedade de produtos oferecidos, a permitir entrada livre, devoluções e a utilizar preços etiquetados, assim as tornou-se área do consumo de massa. Entretanto, devido a influência das publicidades luxuosas das próprias lojas, pouco tempos depois tornaram-se “palácios” e agregaram o “prazer” do luxo às compras, dando inicio ao consumo do desejo. A segunda fase iniciou-se logo após a segunda grande guerra em meados de 1950 e foi considerada a sociedade da abundância e teve os processos de produção aperfeiçoados e o poder de compra atingiu camadas sociais mais vastas. É o momento que as massas conseguiram usufruir de conceitos e de um “estilo de vida”. A fase dois é aquela que a publicidade esbanjou sua força e euforia, seduziu com imagens de férias e ideias de autorrealização que de certa maneira “ditaram” regras efêmeras, apegadas a moda, que ao sufocar-se pelos excessos e obsolescência programada demandou novas campanhas, anúncios e significados que guiaram ao exagero do consumo. Um período que fez-se notar pela compra hedonista e ostentatória, que começa a ruir em meados de 1970. Sobre a ostentação Veblen (1899, p. 22) diz:


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Para obter e conservar a consideração alheia não é bastante que o homem tenha simplesmente riqueza ou poder. É preciso que ele patenteie tal riqueza ou poder aos olhos de todos, porque sem prova patente não lhe dão os outros tal consideração. Não só serve a prova de riqueza para acentuar a importância do indivíduo aos olhos dos outros, conservando sempre vivo e atento o sentido que têm dela, como também tal prova é igualmente útil na criação e preservação da satisfação própria.

Na terceira encontra-se o hiperconsumo, onde as necessidades são orquestradas pelo subjetivo e o emocional, os objetos deixam de ser mera ostentação e

tornam-se itens

necessários para “viver”. É o momento das aquisições de sensações, da qualidade de vida, da identidade. Lipovetsky (2007, p. 45) explica: (…) consumo emocional aparece como forma dominante quando o ato de compra, deixando de ser comandado pela preocupação conformista com o outro, passa para uma lógica desinstitucionalizada e intimidada, centrada na busca das sensações e de maior bem-estar subjetivo. A fase três significa a nova relação emocional dos indivíduos com as mercadorias, instituindo o primado do que se sente, a mudança da significação social e individual do universo consumidor que acompanha o impulso de individualização de nossas sociedades.

Se desde a primeira fase a marca tornou-se a ponte entre consumidores e produtos é na terceira, a atual, que o consumo acontece através das emoções e as pessoas passam a interagir com as os produtos e serviços através de suas percepções e relações com uma determinada marca cuja função é proporcionar experiências para que as pessoas sintam-se mais próxima e singulares. Assim surge a gestão de marca, ou branding, com objetivo de orquestrar ações estrategicamente ligadas as necessidades dos seres humanos, com a finalidade de conectar emocionalmente as marcas com as pessoas. Martin (2006, p. 08)) explica o branding como: Conjunto de ações ligadas à administração das marcas. São ações que, tomadas com conhecimento e competência, levam as marcas além da sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura, e influenciar a vida das pessoas. Ações com a capacidade de simplificar e enriquecer nossas vidas num mundo cada vez mais confuso e complexo.

2. MARCAS PARA OS SENTIMENTOS Marcas não são e nem podem ser somente o desenho de um logotipo, um produto ou o slogan fruto das publicidades de massas. Marcas possuem, entre tantas outras funções, gerir o relacionamento com os consumidores, podemos dizer que uma marca é um dos fatores mais importantes no que tange a gerar valor e que quando planejada e desenvolvida de forma


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eficiente transcende o “eu posso” (posso comprar), passando pelo “eu quero” (desejo) até chegar ao “eu vivo” (identificação com a marca). Conforme Guanaes (2013): A diferença entre um tablet fabricado na China e o mesmo tablete igualzinho, só que com a marca Apple, é a marca da Apple. A marca não é só um logo estampado num produto, mas um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis que essa marca carrega e aquele logo anuncia. A construção de uma marca é uma obra empresarial suada, que leva tempo, feita com disciplina e profissionalismo.

E de acordo com Neumeier (2008, p. 02): Marca é a percepção íntima, o sentimento visceral de uma pessoa em relação a um produto, serviço ou empresa. É um sentimento visceral porque todos nós somos seres emotivos, intuitivos, apesar dos nossos melhores esforços para sermos racionais.

As pessoas necessitam, de uma forma ou de outra, encontrar-se e diferenciar-se em determinados contextos. Elas consomem, falam e manifestam-se para poder construir suas identidades, portanto incluem as suas vidas as ferramentas, atributos e elementos necessários para posicioná-las de forma a se sentirem únicas e relevantes. O sentido é alcançar de alguma forma a satisfação que existe em conceitos preestabelecidos no meio em que vivem, como por exemplo, sentirem-se mais descoladas por consumir marcas de viés tecnológico e inovador como a Apple. Assim, os gestores têm conduzido suas empresas a elevarem as experiências dos consumidores, proporcionando sensações com foco nas necessidades das pessoas. Criar vínculos e ser relevante ao público são dois objetivos que devem ser almejados e principalmente planejados com a intenção de ampliar o valor percebido, que de acordo com Kotler (2000) é uma equação composta por qualidade, preço e serviço, onde o consumidor calcula inconscientemente ou conscientemente as vantagens de adquirir a marca. Entretanto o valor para ser realmente percebido não deve ser visto apenas de dentro para fora e deve articular com as necessidades do público-alvo. Inclusive tornou-se insustentável negligenciar o fato de que as pessoas precisam acreditar e sentir os benefícios para tornarem-se fiéis a uma marca. Tavares (2003, p. 67) afirma: Não adianta apenas agregar valor a um produto, é fundamental que o valor seja percebido pelo cliente como tal. Assim sendo, o ângulo mental competitivo é o diferencial visto sob a percepção do mercado, isto é, o valor agregado é igual - ou deve - ser ao valor percebido.


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Quanto maior a percepção de valores mais distante as empresas encontram-se de competir pelo preço, mais os consumidores responderão aos impulsos sensoriais da marca e mais se identificarão e considerarão um produto ou serviço como algo pertinente e cultuado de forma que o próprio consumo ou defesa da marca tornam-se hábitos. De acordo com Atkin (2007) as pessoas adotam cultos que as diferenciem, um paradoxo, em que pertencer a algo e junto de alguns indivíduos torna alguém “mais exclusivo” e faz com que sacrifícios como pagar por preços altos ou dirigir por horas sejam feitos em prol de um sentimento positivo. Entretanto, pode parecer contraditório pertencer a um grupo e ao mesmo tempo manifestar a individualidade, contudo o próprio autor afirma que muitas vezes em nossas vidas vivenciamos esse sentimento no qual somos capazes de mudar de país, emprego, faculdade e amigos para encontrar grupos de maior compatibilidade e que proporcionam a confiança para a manifestação do “eu”.

3. BRAND EQUITY E POSICIONAMENTO Para chegar aos conceitos de Robbins é necessário antes entender como se gera e gerencia o valor de uma marca, em que é cabível princípios de Brand Equity (elementos e recursos que agregam e evidenciam os valores de uma marca) e também os conceitos de posicionamento que de acordo com Kotler (2000) é o ato de desenvolver a oferta e o significado da empresa para ocupar um lugar de destaque na mente do cliente alvo.

3.1 BRAND EQUITY “Brand equity é um conjunto de ativos (e obrigações) inerentes a uma marca registrada a um símbolo, que é acrescentado ao (ou subtraído do) valor proporcionado por um produto ou um serviço em benefício da empresa ou de seus clientes. As principais categorias de ativos são: consciência da marca, qualidade percebida, associações relacionadas à marca, lealdade à marca.” (AAKER. 2007, p. 18) Ainda segundo Aaker (2007), a conscientização de marca já provou que afeta as percepções e os gostos. As pessoas gostam e valorizam aquilo que lhes é familiar. Um produto ou serviço pode ser tão predominante que se torna sinônimo de categoria, exemplo as marcas como Xerox e Aspirina.


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A qualidade percebida influencia as associações de marca e encontra-se no interior daquilo que os consumidores adquirem. Por mais que toda a associação seja baseada em atributos funcionais é a qualidade percebida que conscientiza os consumidores a respeito deste ativo. A qualidade percebida também provou ser eficiente no que tange a lucratividade, no qual, segundo Aaker (2007, p. 27): Os estudos que utilizaram a base de dados PIMS (dados anuais medidos mais de 100 variáveis relativas a 3 mil unidades empresariais) demonstraram que a qualidade percebida é, sozinha, fator mais importante para o retorno sobre o investimento (RSI), apresentando um impacto maior que a participação no mercado.

A fidelidade está no cerne do valor de qualquer marca. Mesmo com uma base de cliente pequena, mas extremamente fiel, pode representar um valor consideravelmente maior do que uma empresa com mais clientes, porém, infiéis. Outra questão importante está no custo com propaganda, uma vez que manter os clientes custa menos que conquistar novos. As associações são os vínculos entre clientes e marcas. Podem ser imagens, atributos do produto, design, situações de uso, questões organizacionais, personalidade e símbolo. Boa parte da gestão envolve determinar e desenvolver as associações e as conectar as pessoas.

3.2 POSICIONAMENTO Posicionamento é o significado que um produto ou serviço ocupa na mente do cliente-alvo. Se perguntarmos às pessoas quem foi o maior jogador de futebol da história é muito provável que elas respondam: Pelé. Porém, se perguntarmos quem foi o segundo as chances de se gastar mais energia pensando é muito maior. A questão é que muitas vezes ser o segundo lugar leva as pessoas a não se lembrarem repentinamente da marca, quiçá a posição de terceiro e abaixo serão ainda mais desvantajosas. Assim é estrategicamente mais viável desenvolver os próprios diferenciais, para o que é necessário conhecer o público-alvo e suas necessidades para encontrar a diferenciação.

4. CONCEITOS DE ROBBINS Anthony Robbins nasceu nos Estados Unidos e é considerados um dos maiores peritos na área de neolinguística. Consultor, palestrante motivacional e escritor, tem o foco de proporcionar conteúdo relacionado ao autoconhecimento. Também publicou famosos livros


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como: Desperte o Gigante Interior; Poder sem Limites; Passos de Gigante. De acordo com seu site a trajetória de sua carreira já ultrapassa os trinta anos atuando como conselheiros de grandes líderes ao redor do mundo, filantropo e titular de sete empresas dedicadas a qualidade de vida das pessoas. Recentemente Robbins afirmou que existem seis necessidades essenciais que quando sanadas levam o ser humano a sensação de satisfação, são elas: Certeza; Incerteza; Significância; Amor e Conexão; Crescimento; Contribuição. Em uma palestra para TEDTalks em junho de 2006 apresentou os conceitos das seis necessidades essenciais e afirmou que cada ser humano utiliza uma maneira particular para satisfazê-las e que ao serem analisadas podem explicar os hábitos e ações das pessoas.

4.1 CERTEZA As pessoas necessitam de algum controle em suas vidas, necessitam poder prever algumas ações, situações e condições. Um ótimo exemplo é a certeza da remuneração devido ao trabalho fixo, a certeza de um relacionamento duradouro ou de um conhecimento adquirido através de uma universidade de renome, que pode representar uma maior valorização no mercado de trabalho ou prestígio acadêmico. Em outras palavras este sentimento também pode ser considerado como a sensação de conforto. 4.2 INCERTEZA A incerteza não é para contradizer a certeza, mas sim para evidenciar o fato de que a variedade é essencial para que a vida não se torne tediosa. Existe a necessidade das surpresas e dos riscos, entretanto a única surpresa que esperamos é aquela que queremos, pois do contrário a chamaremos de problema, porém mesmo assim ainda precisamos dela. O próprio Robbins (1993, p. 209) explicar resumidamente a importância da incerteza: “Se você começa a derrapar, o carro fora de controle, a tendência é olhar para o muro que se aproxima. Mas se continuar a focalizá-lo, é exatamente lá que vai parar. Os pilotos sabem que você vai para onde olha; viaja na direção de seu foco. Se resistir ao medo, tiver fé, e focalizar para onde quer ir, suas ações o levarão nessa direção, e se for possível se desviar, você vai conseguir... mas não terá a menor chance se focalizar o que teme. Invariavelmente, as pessoas dizem: “Mas você não ia bater de qualquer maneira?” A resposta é que você aumenta suas chances ao focalizar o que quer. Focalizar a solução sempre redunda em seu benefício. Se você tem


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impulso demais na direção do muro, então focalizar o problema pouco antes da batida não vai ajudar de qualquer maneira.”

4.3 SIGNIFICÂNCIA Todos precisam sentir-se importantes para construir uma identidade. Conquista-se significado de diversas maneiras: ganhando mais dinheiro ou tornando-se famoso. Alguns adquirem significância ao pertencerem a uma nova religião ou fazendo mais tatuagens, podese dizer que é o "valer a pena" de um vida de desafios e batalhas, contudo para ser significante é preciso ser diferente, ser único, ser necessário e ser amado.

4.4 AMOR E CONEXÃO Pessoas são seres coletivos e sociais que buscam de uma forma ou de outra estarem conectados. Procuram preferencialmente por relações, devido ao fato de assustarem-se com o conceito de amor por não quererem machucar-se. Mas o fato é que existe essa necessidade, que é sanada através da amizade, orações, conexão com a natureza e se no fim nada funcionar elas aderem as redes sociais, ou seja, de uma forma ou de outra irão encontrar uma forma de se satisfazerem.

4.5 CRESCIMENTO Crescimento não existe sem as quatro necessidades citadas anteriormente, entretanto como dito no início deste artigo, os elementos interagem como um todo, por isso as quatro e a última não poderão existir sem o crescimento, elas são interdependentes. Contudo é o crescimento que evidencia o "sair do lugar" e a evolução, seja ela nos negócios, estudos ou relacionamento conjugal.

4.6 CONTRIBUIÇÃO Este é o "suprassumo" das ações e realizações, a vida não é sobre o "eu" e sim sobre o "nós”. Aqui tudo se trata de levar algo para o mundo e a resposta é sensação de ser


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importante para alguém que muitas vezes não é um conhecido. Porém, não é um ato para se gabar e ostentar, mas sim de se orgulhar. As pessoas sentem orgulho por contribuir e orgulham-se de quem contribui.

5. ROBBINS APLICADO AO BRANDING Primeiramente, qualquer tentativa de criar ou gerenciar marcas necessita antes compreender qual o público alvo que irá atender, também o mercado que irá atuar, para que assim dentro desse cenário seja possível encontrar uma forma de se diferenciar, no qual para desenvolver a explicação sobre a aplicação de Robbins ao branding é necessário perguntar: O que a empresa (marca) faz para proporcionar aos cliente os sentimento de Certeza, Incerteza, Significância, Amor e Conexão, Crescimento, Contribuição?

5.1 O PODER DA CERTEZA (SUBWAY) Existia uma lacuna nas redes de fast-food no caso a falta de saudabilidade dos alimentos e o público sem muitas opções sempre acabava optando por alimentos prejudiciais a saúde. Entretanto, algo aconteceu em 1965, no caso o nascimento do Subway quem surgiu com o posicionamento de ser fresco e saudável. Seu brand equity contém atributos que contribuem para que as pessoas tenham certeza sobre o foco da marca, no caso a empresa para consagrar valor sobre as associações de marca utiliza as cores, a ambientalização e principalmente o slogan, que no Brasil segue como gostoso e saudável e ao redor do mundo como “Eat Fresh”. Os slogans também são a manifestação da qualidade percebida, o cliente tem certeza que ao chegar na loja encontrará alimentos frescos, gostosos e saudáveis e que o simples fato da empresa proporcionar variadas formas de montar os lanches, significa, que até as calorias e os tipos alimentos podem ser adequados as necessidade das pessoas. Fast-food saudável parece uma contradição de termos, mas é uma tendência que vem ganhando força nos shopping centers. Pesquisas apontam que, ao mesmo tempo em que buscam uma alimentação rápida, os frequentadores das praças de alimentação estão preocupados com o conteúdo nutricional de sua refeição e o efeito que ela terá em sua saúde. De olho nesse mercado, novas redes estão surgindo, outras ampliaram suas lojas e algumas reformularam o cardápio, trocando, por exemplo, a batata frita pelo arroz integral. (TOLEDO, 2010)


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Basta uma visita a loja para ver que o Subway fornece aos seus clientes uma tabela de valores nutricionais dos produtos, um fator que assegura a confiança dos consumidores. Assim como, também possibilita o acompanhamento das montagens dos lanches que certifica ao consumidor de que nada será colocado contra sua vontade e que a possibilidade de escapar da dieta é mínima. O Subway também precisa estar certo de sua capacidade, ter controle e se munir de ações e atributos para proporcionar a condição de fast-food saudável. Os processos, atendimento, compromisso com a qualidade, todos tiveram de ser implementados e evoluídos ao longo dos anos de forma a concretizar o conceito almejado pela própria empresa. A empresa também teve de desenvolver um sistema prático para que o consumidor montasse o lanche ao seu gosto e também treinar os funcionários de forma a padronizar o atendimento e qualidade do que é entregue. Assim a empresa pode ter certeza de que seu posicionamento é propagado e se torna cada vez mais proeminente na mente das pessoas. Fred DeLuca (2008) em uma entrevista cita: Se o cliente desejar ter alguma coisa mais saudável, vai achar. Se quiser algo, talvez não tão saudável, ele poderá encontrar também. A obesidade já é uma preocupação em muitas partes do mundo e estamos orgulhosos por oferecer uma pequena parte da solução do problema, proporcionando opções mais saudáveis aos consumidores.

5.2 MAGIA DA INCERTEZA (CIRQUE DU SOLEIL) A incerteza, mais apropriadamente considerada como variedade e imprevisibilidade, pode funcionalmente representar as possibilidades que os consumidores tem de um produto ou serviço, na qual muitas vezes o surpreende devido a chance de poder escolher ou pela descoberta de algo melhor, em que, de acordo com a palestra de Robbins (2006) ao TEDTalks, existe dentro de cada pessoa a necessidade de aventuras e, apesar dos receios, os seres humanos necessitam do novo. A história do circo remota a roma, mas somente no século XVII que surgiu com o conceito atual contendo lona e picadeiro, no qual apresentava atrações de manobras a cavalo, entretanto foi ao somar as proezas dos Saltimbancos – artistas e malabaristas de rua – que o


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circo adotou a linguagem e as características mais conhecidas e que aos poucos se tornou predominante e levou ao declínio do cavalo no espetáculo. (BOLOGNESI, 2002). Oliveira (2007, p.34) completa: Ao sair do reduto exclusivo aristocrático, o cavalo ficou mais disponível no mercado, com preços acessíveis, possibilitando que os grupos ambulantes os adquirissem e dessem origem, também, a hábeis cavaleiros e disputassem os mesmos espaços com os ex-cavaleiros militares, tornando-se comum a ambos o repertório de exercícios eqüestres e a rotina dos saltimbancos. As agilidades corporais no chão, no ar e em cima do cavalo, denominadas acrobacias eqüestres, eram realizadas ao som de fanfarras militares e paradas espetaculosas.

Historicamente o circo é considerado um entretenimento dirigido ao gosto popular e que se não bastasse, devido a sua própria natureza nômade, incorporou a linguagem de suas apresentações as regiões que iriam atuar e utilizou fortemente a inserção dos palhaços que trouxeram consigo a bagagem teatral e a tradição cômica popular no qual souberam utilizar para caricaturizar a situações da vida real (TINHORÃO. 2001, p. 85) Entretanto, nada poderia ser mais incerto, improvável, novo e surpreendente do que uma trupe de artistas de rua desenvolver o o picadeiro mais caro, magico e inusitado do mundo, o Cirque du Soleil, que de acordo com o artigo “O capitalismo no picadeiro do Cirque du Soleil” da revista Exame (2006) a empresa tem faturamento de 600 milhões de dólares e crescimento de 15% ao ano. O empreendimento foi tão bem sucedido que ousou chamar a primeira turnê fora do Canadá (cidade de origem da empresa) de Le Cirque Reinvente (O Circo Reinventado). Apesar da palavra “circo” junto ao nome, a empresa entrega um espetáculo que mistura tecnologia, ópera, balé, performance de alto nível e um grandioso trabalho de artes visuais e auditivas, é uma verdadeira experiência lúdica em que durante o espetáculo torna-se impossível prever as reações e percepções de cada pessoa na plateia e no picadeiro. Contudo para manter a magia da novidade, fortalecer o conceito da empresa e a sanar a necessidade humana da incerteza o Cirque du Soleil tem de estar sempre se renovando. Anualmente a empresa muda o tema de suas apresentações, proporcionando novo visual, novas músicas e novas performances. Conforme as palavras no próprio site da empresa: Para o Cirque du Soleil a criatividade é o cerne de todos os seus esforços para explorar uma infinidade de possibilidades. Por este motivo, o desafio criativo é de enorme importância para cada novo projeto, seja ele um espetáculo ou qualquer outra atividade inovadora.


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O sonho do Cirque du Soleil também é parte integrante de sua filosofia: levar a aventura ainda mais longe, além dos sonhos e, acima de tudo, acreditar que nossa equipe é o motor de nossa empresa. O Cirque du Soleil oferece aos seus artistas e criadores a liberdade necessária para imaginar e realizar os sonhos mais incríveis.

5.3 SER SIGNIFICANTE (HARLEY DAVIDSON) Ser é ser percebido, como diz a famosa frase de George Barkeley. As pessoas precisam sentir-se vivas e por isso não é a toa que estão constantemente juntando-se a grupos e cultos que possuem afinidade com suas percepções sobre a própria identidade. É provável que um dos casos mais bem-sucedidos de uma marca que criou significado na mente dos consumidores seja a Harley Davidson, que ultrapassou os limites do simples consumo para tornar-se um culto. As pessoas fazem tatuagem, compram roupas, sonham e vivem o estilo de vida dos motociclistas e por mais que para muitos ela possa parecer simplesmente um símbolo de conspicuidade, a notoriedade da marca chega a ter seu nome associado a música de nada mais nada menos que a famosa banda de rock AC/DC, cujas vendas ultrapassa a casa dos 150 milhões de cópias em todo o mundo e é considerada pela MTV a 7ª maior Banda de Heavy Metal de Todos os Tempos. Apesar da qualidade dos motores e da durabilidade do veículo, é na essência e no manifesto da marca que mora o significado e a identidade. O pronome “nós” é utilizado constantemente para evidenciar o “culto” e o “acreditar” é a crença que da sentido aos “perigos” da estrada. Manifesto da marca Harley Davidson: Nós acreditamos em seguir nosso próprio caminho, não importa qual caminho o resto do mundo está seguindo. Nós acreditamos em lutar contra o sistema criado para esmagar indivíduos como insetos num para-brisa. Alguns de nós acreditamos na autoridade lá de cima, todos nós acreditamos em resistir contra as autoridades aqui em baixo. Nós acreditamos no céu e nós não acreditamos em tetos-solares. Nós acreditamos em liberdade. Nós acreditamos em poeira, mato, búfalo, montanhas e pilotar em direção ao pôr-do-sol. Nós acreditamos em alforjes e nós acreditamos que os caubóis sabiam das coisas. Nós acreditamos em recusar a derrota para qualquer um. Nós acreditamos em vestir preto porque a cor não mostra sujeira. Ou fraqueza. Nós acreditamos que o mundo está ficando mole e então não vamos ficar junto com ele. Nós acreditamos em encontros de motocicletas que duram uma semana. Nós acreditamos em atrações de beira de estrada, cachorros-quentes de postos de gasolina e descobrirmos o quê há depois da próxima colina. Nós acreditamos em motores barulhentos, pistões do tamanho de latas de lixo, tanques de gasolina projetados em 1936, faróis do tamanho de trens de carga, cromo e pintura personalizada. Nós acreditamos em chamas e caveiras. Nós acreditamos que a vida é o que você faz dela, e nós fazemos uma viagem e tanto. Nós acreditamos que a máquina sobre a qual você se senta pode dizer ao mundo exatamente sua posição. Nós não nos importamos no que os outros acreditam. Amém.


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5.4 AMAR E CONECTAR As pessoas precisam ser amadas, pois o amor por si só já preenche alguns pedaços das demais necessidades essenciais. Ser amado é ser especial para alguém e é estar conectado a outro ser ou a algo de forma extremamente sensorial. Sem sombras de dúvida a Starbucks é uma marca amada não só por seus consumidores como internamente. Literalmente muitas pessoas ao redor do mundo não saberiam o que fazer caso a empresa acabasse, um caso muito curioso é que em fevereiro de 2008 a Starbucks fechou todas as 7.100 lojas espalhadas pelo Estados Unidos e de acordo com Schultz (2011, p. 142) isso motivou as pessoas a escreverem cartas para a empresa que diziam: “Por favor não fechem nossa Starbucks de North Common. Minha esposa e eu vamos lá todos os dias. Conhecemos o pessoal e eles nos conhecem. Eles passaram a ser nossos amigos.” Importante salientar que amar e conectar está no cerne da marca Starbucks, um princípio que não parte apenas dos consumidores, de fora para dentro, na realidade ele se inicia de dentro pra fora, em toda a gestão da marca, foco e valores como descrito pelo próprio CEO da empresa Robert Schultz (2011, p. 03): Uma palavra me vem à mente quando penso na nossa empresa e no nosso pessoal. Essa palavra é “amor”. Amo a Starbucks porque tudo o que tentamos fazer está impregnado na humanidade. Respeito e dignidade. Paixão e riso. Compaixão, comunidade e responsabilidade. Autenticidade. Esses são os pilares da Starbucks, a fonte de nosso orgulho. Valorizar as conexões pessoais em uma época na qual tantas pessoas se sentam sozinhas diante de telas; aspirar desenvolver relacionamentos humanos em uma época na qual tantas questões polarizam tantos grupos.

A Starbucks sempre levou a sério sua missão e foco de forma que o conceito repercute em diversas atitudes da marca, como: escrever o nome do comprador nos copos para dar sensação de intimidade; cartão fidelidade que beneficia os melhores amigos da empresa (frequentadores mais antigos); arquitetura aconchegante; ser uma das primeiras a compartilhar gratuitamente a internet via wi-fi. Um aspecto importante, de acordo com o Shultz (2011) é a preocupação da marca com os colaboradores e fornecedores, no qual ambos tem que estar alinhados aos valores da marca e motivados a desenvolverem o trabalho da forma apaixonada e mais humana possível. Diversas vantagens são oferecidas aos colaboradores da Starbucks para que amem a empresa, no caso é concedido parte das ações e treino constante para aperfeiçoamento do café. Já os


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fornecedores são monitorados e certificados de que oferecem café de primeira qualidade, de que cuidam do meio ambiente e zelam pelos funcionários.

5.5 PARA CRESCER E EVOLUIR Em 1997 um slogan foi criado, seu texto Think Different pode ser considerado a soma de todos os valores enraizados na Apple e é visto em todos os pontos de contato da marca. O início do negócio, que ocorreu em 1976, já parte da evolução de uma ideia, onde tudo começou com dois jovens engenheiros que sonharam em transformar os computadores em utensílios pessoais. Em 1996 a beira da falência e sem brilho, após afastar-se devido a crise, Steve Jobs (um dos fundadores) retorna à Apple e lança diversos produtos que recompõem a empresa. Entre os produtos lançados por Jobs encontra-se o iPod para que as pessoas transportem as músicas no bolso sem ter de carregar dezenas de CDs. Ele lança também o iMac, um computador dentro de uma tela que economiza espaço e valoriza os atributos estéticos do aparelho, o iPhone que alterou a maneira das pessoas utilizarem aos smarthphones. Ambos iMac e iPhone dão um salto (crescimento) no que diz respeito a usabilidade e interface gráfica mudando toda a experiência de uso das tecnologias portáteis. Uma marca que desde seu início respira inovação e evolução utiliza o design como peça fundamental das estratégias da Apple, também como atributo essencial ao sentimento de crescimento que pode se percebido nos consumidores. Jobs queria produtos mais bonitos e funcionais e investiu recursos, tempo e esforço para desenvolvê-los. Hahney (2008, p.31) explica o perfil de Jobs e como os pensamentos dele contribuíram ao perfil de crescimento dos produtos e marca: Jobs não gostava desta estética amadora e hobbista. Queria vender computadores acabados a consumidores que pagassem por eles — quanto mais, melhor. Para atrair compradores comuns, os computadores da Apple tinham que parecer produtos de verdade, e não kits do tipo “faça você mesmo”. O que os computadores precisavam era de bons gabinetes que definissem sua função como produtos de consumo. A ideia era construir utensílios de computação já montados — um utensílio pronto para o uso, que não precisasse de montagem. Era só ligar na tomada e você já estaria pronto para começar a computação.

A Apple simboliza na mente de seus consumidores uma “nova forma de pensar”, usar o Mac é para os seguidores da marca uma evolução no uso das tecnologias ao ponto da


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empresa, para muitos, ser o motivo de seu crescimento profissional e criativo. Parafraseando Kahley (2008) Steve Job era um fanático por qualidade percebida, estética, usabilidade e experiência do usuário. Atkins (2007) explica a relação entre a marca Apple e seus consumidores: Era um bem-sucedido colaborador de jornais e revistas, articulado, engajado e brilhante. E não era o típico nerd. Embora ligeiramente desleixado com a aparência e um tanto aferrado aos livros, algumas mulheres do grupo claramente o achavam atraente. Ele me disse que "um mac me tornou criativo. Não, na verdade eu já era criativo, mas em vários sentidos ele me tornou mais criativo.

5.6 CONTRIBUIR E COMPARTILHAR Essa é a necessidade essencial mais perseguida pelas empresas nos últimos tempos, entretanto não é por compreenderem ou dominarem essa condição que a fazem, mas sim por ostentarem as empresas que fazem isso brilhantemente. As pessoas gostam de ter algo compartilhado com elas e também fazem questão de compartilhar por gozarem do sentimento gerado através da reciprocidade de outras pessoas. Quando uma marca consegue trabalhar esses atributos não é somente desejada como “artifício” para se alcançar esse sentimento como também é utilizada como mecanismo para que uma pessoa compartilhe algo com outra. Nas necessidades anteriores foi citada apenas uma empresa como exemplo porém, neste caso em especial é necessário apresentar duas marcas, devido a capacidade que ambas tiveram de mudar a forma que os seres humanos interagem com o próprio mundo. Apesar do Google ser classificado como buscador e o Facebook como rede social, reside no centro de ambas empresas o sentido de contribuir e compartilhar e também a atitude de estimular esses conceitos nas pessoas. Ambas compartilham seus próprios serviços e em troca as pessoas compartilham sites, informação, conhecimento e suas próprias empresas. No caso do Google, basta acessar seu site para perceber através de uma rápida navegação que ele vai ainda mais além ao dispor outros serviços, indexação gratuita, tutoriais e dicas, suporte para anunciantes. De acordo com o próprio site do facebook, a missão da empresa é dar às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e conectado. Nas palavras do site do Google: “Esforçamo-nos para manter a cultura livre, muito parecida com startups, onde todos são colaboradores participativos e sentem-se confortáveis para trocar ideias e opiniões. Em nossas reuniões gerais semanais ("TGIF"), sem falar nos e-mails ou nos cafés,


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os Googlers fazem perguntas diretamente para Larry, Sergey e outros executivos sobre qualquer tipo de problema da empresa. Nossos escritórios e cafés são projetados para incentivar as interações entre os Googlers dentro e entre as equipes, e para estimular conversas sobre o trabalho e brincadeiras”. Em relação ao ambiente de trabalho, ambas transpiram e estimulam a contribuição e compartilhamento com seus colaboradores, a recíproca também é verdadeira. De acordo com o documentário “Jeito Google de trabalhar” (2010) e o filme “A rede social” (2010) as pessoas compartilham suas experiências de vida uma com as outras, seja nos “brainstorms” ou nas mesas de trabalho estilizadas de acordo com o gosto pessoal de cada um. Google e Facebook também oferecem benefícios além do comum, por exemplo pagar o casamento dos funcionários ou ajuda de custo com babá, ambas contribuindo com o desenvolvimento familiar de seus funcionários. Para concluir o sentimento de compartilhar e contribuir é importante evidenciar, como já dito neste artigo, que toda as ações das empresas não são orientadas apenas para benefícios próprios ou para os benefícios exclusivos de seus gestores e fundadores. É fatídico que o “nós” é um conceito impregnado na essência de ambas instituições e que ao se “doarem” para as pessoas as pessoas se “doam” às empresas. No caso o “Doar” entra como sentido de fazer pelo próximo (stakeholders) o máximo para que ele sinta-se bem. Robbins (2006) na palestra ao TED-Talks explica: A razão para evoluir, eu acredito, é que precisamos ter algo a dar valor. Por que a sexta necessidade é contribuir além de nós mesmos. Porque todos sabemos, mesmo parecendo sentimental que o segredo da vida é doar. Sabemos que a vida não é sobre "eu" é sobre "nós". Esta cultura sabe, este auditório sabe.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Anteriormente foi apresentado como algumas marcas utilizam os conceitos de Robbins como forma de envolver ainda mais o público alvo, e assim foi citado os atributos em evidência que as pessoas buscam nas aquisições do produtos e serviço, entretanto, todas envolvem-se na entrega das demais necessidades. O Subway também é conhecido por sua capacidade de entregar mais variedade saudáveis quando comparado aos concorrentes potenciais de fast-food (Macdonald’s, Burguer


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King, etc.). Cirque du Solei pela certeza do espetáculo. A Harley-Davidson na evolução das experiência de conduzir uma motocicleta, ou seja o crescimento. A Apple pela significância e identidade ao ponto de levar seus consumidores a denominarem-se "Applemaníacos". A Starbucks ao contribuir com pensamentos mais humanos que vai desde a produção do café ao relacionamento empregatício de seus funcionários. Google e Facebook por conectar pessoas. Como previsto por Wertheimer as partes influenciam-se simultaneamente e grandes marcas preenchem as necessidades dos seres humanos através dos próprios conceitos entregues por elas. Assim faz-se necessário encontrar a melhor forma de analisar e projetar uma marca para melhor conecta-la sentimentalmente o público-alvo, no qual os conceitos de Robbins é perfeitamente cabível por organizar de forma simples e aplicável aquilo que os seres humanos almejam para sentirem-se bem.

REFERÊNCIAS

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Videográficas: A REDE SOCIAL. Direção: David Fincher. Produção: Scott Rudin. Estados Unidos: Relativity Media, 2010. O JEITO GOOGLE DE TRABALHAR. Direção: National geographi. Produção: National Geographic Channel. Estados Únidos: National Geographic, 2010.


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