18º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UnB 9º Congresso de Iniciação Científica do DF
O aporte geológico na urbanização: uma primeira abordagem Wellington Cruz Cardoso¹; Antônio Carlos Carpintero² 1- Graduando em Geologia, Instituto de Geociências, UnB; 2 - Orientador, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB
INTRODUÇÃO Quartzito
A construção e urbanização de cidades requer uma quantidade substancial de recursos minerais para suprimir as necessidades da engenharia civil, da arquitetura e do urbanismo. Os trabalhos sobre as cidades brasileiras que tiveram sua urbanização influenciada pelos aspectos geológicos do terreno que as contém serviram de inspiração para a realização desse projeto. O projeto objetivou descrever as rochas usadas em alguns objetos arquitetônicos e urbanísticos em termos de seus minerais e relacioná-los com as unidades geológicas descritas na bibliografia sobre a região. Esta abordagem multidisciplinar foi aplicada a três cidades brasileiras: Natividade (TO), Pirenópolis (GO) e Brasília (DF).
Laterita
Quartzito
METODOLOGIA As cidades foram selecionadas por suas características históricas, geológicas e geográficas. A pesquisa bibliográfica foi realizada previamente à etapa de coleta de dados. A etapa de campo consistiu na análise e descrição petrográfica dos tipos de rochas usadas nas construções e na urbanização dessas cidades e verificou se as mesmas eram provenientes da região. A interpretação dos dados partiu da relação entre os objetos arquitetônicos e urbanísticos, as rochas descritas na bibliografia e sua disponibilidade atual.
Figura 3. Igreja de N. Sra. de Natividade, 1759. Paredes expostas nas torres constituídas por blocos grandes de laterita intercalados com blocos irregulares de quartzitos cimentados por uma argamassa branca.
Tocantins
Pirenópolis, Goiás
RESULTADOS As cidades selecionadas por este projeto localizam-se em primeira estância sobre o arcabouço geológico da Província Tocantins, mais especificamente na Faixa Brasília, a qual pode ser dividida em zona externa e interna (Figura 1). A cidade de Pirenópolis situa-se na zona interna, caracterizada pelos micaxistos do Grupo Araxá e exposições de gnaisses interpretados como embasamento. Natividade e Brasília estão na zona externa, onde são encontradas as rochas metassedimentares dos grupos Natividade, Paranoá e Canastra, formações Vazante e Ibiá e porções do embasamento. A zona externa apresenta um grau metamórfico mais baixo, bem incipiente, não tão intenso como na zona interna, onde o grau metamórfico possibilita a ocorrência de xistos e gnaisses.
Figura 4. Ruína de barragem colonial no Rio das Almas composta por blocos métricos de muscovitaquartzitos cimentados aos quartzo-mica-xistos (à esquerda). Parede interna, atrás do altar da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, 1750-1754. Construída por blocos de quartzo-mica xisto do Grupo Araxá (à direita). Figura 1: Mapa de Geologia Regional da Província Tocantins. Adaptado de Pimentel & Botelho, 2001
Natividade, Tocantins As rochas observadas nos objetos que compõem o centro histórico são lateritas e quartzitos (Figura 2 e 3). Os quartzitos apresentam semelhanças com os descritos por Saboia (2009) na unidade 2 do Grupo Natividade.
Figura 5. Base da Igreja de N. Sra. do Rosário (1728-1732) composta por blocos irregulares de quartzomica xisto do Grupo Araxá.
Brasília, Distrito Federal A influência direta de rochas locais não foi encontrada em Brasília, porém os carbonatos explotados para a produção de cimento e brita na região da Fercal são provenientes da Secção Pelito-Carbonatada do Grupo Paranoá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A relação entre a arquitetura e o urbanismo e as áreas de ocorrência de rochas objetiva popularizar o conhecimento geológico e deixá-lo mais palpável ao público geral. A abordagem geológica em um contexto urbanístico favorece a interdisciplinaridade e agrega informações previamente desconsideradas aos objetos analisados, aumentando assim, seu valor cultural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Saboia, A.M., 2009. O vulcanismo em Monte do Carmo e litoestratigrafia do grupo Natividade, estado de Tocantins. Tese de mestrado, UnB, Brasília 2009, 71 p. IPHAN -. [Internet]. Ficha técnica sobre Natividade – TO [acesso em 2012 Jun 10]. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/ Almeida, M. L. 2006. Pirenópolis e o impacto do tombamento. Dissertação de Mestrado. Curso de PósGraduação em Arquitetura e Urbanismo. Universidade de Brasília. 137p.
Figura 2. Ruínas da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos constituída de blocos métricos de quartzitos que sustentam blocos centimétricos de quartzitos micáceos. Os blocos estão cimentados por uma argamassa branca com areia grossa. As entradas são formadas por tijolos de argila em formato de arcos, sem verga.
AGRADECIMENTOS Ao professor Antonio Carlos Carpintero pelo apoio e orientação dada, à equipe responsável pela curadoria das igrejas visitadas e a todos que contribuíram para a execução deste projeto.