Reinventando o cotidiano 2

Page 13

É preciso pedir bis Sopra o vento – o Sertão incendiário! Andam monstros sombrios pela Estrada e, pela Estrada, entre esses Monstros, ando! Ariano Suassuna

Cortesia Fundação Joaquim Nabuco - PE

P

Beatriz Cardoso*

ercorrendo a estrada dessa quarentena inglória, que tende a tornar-se bianual – não como a planta que completa o ciclo evolutivo em dois anos, pois não queremos que ela, a peste do século XXI, viceje – parece quase impossível extrair da paisagem o belo, a luz, o riso. Mas é no detalhe que se encontra o que pensávamos inexistente. Com olhos de Suassuna, que a ele ensinou que ‘O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso’, Benício Biz reinventa o cotidiano. Não apenas dele e da mus(a)eterna Lia. Mas o de todos os que anseiam por um novo horizonte – seja uma visão do lado de lá da ponte, em Niterói, onde mora, seja aqui do alto de Santa Teresa, onde coabita minha quarentena (que perambula pelo Centro do Rio três vezes por semana). O horizonte está à nossa frente, ainda que não o vejamos. Benício Biz mostra que há muitos horizontes, na sua Coletânea de trabalhos realizados durante a quarentena – Reinventando o cotidiano – título (invertido) do livro que ele nos lega em plena quarentena. Inverti o título porque considero a quarentena produtiva de Benício tão importante quanto sua reinvenção. Ele confirma o que afiançava o Suassuna: “a tarefa de viver é dura, mas fascinante”. Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 13


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.