A CONSTRUÇÃO DO CÂNONE MODERNO OSWALDIANO ATRAVÉS DE “MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR” Walter Cavalcanti COSTA1* Orientadora: Prof. Drª Cristina Botelho RESUMO O Modernismo Brasileiro foi decisivo para a literatura nacional. Seus efeitos estremeceram as bases artísticas de sua geração e das posteriores. O objetivo do artigo é desbravar, de forma ampla e coerente, o conceito de cânone literário em “Memórias Sentimentais de João Miramar” de Oswald de Andrade, com seus episódios rapidíssimos. Para tal tomou-se por base as acepções de “cânone” proposta por CALVINO (2007) e COMPAGNON (2010). Sobre modernismo, CANDIDO (2006), SCHWARZ (1987), BRITO (1969, 1972) e BOOP (1977) foram a base. Ainda há uma explanação sobre o riso BAKHTIN (2010), a forma literária CAMPOS (1967) e as imagens mentais VIEIRA in RAVETTI e FANTINI (2009). PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira; Modernismo Brasileiro; Oswald de Andrade; Cânone.
INTRODUÇÃO O presente artigo visa seguir uma linha de pensamento que vise encontrar aquilo que se pode chamar de clássico, ou como o termo usado aqui, cânone. A obra selecionada é Memórias Sentimentais de João Miramar, doravante MSJM, a obra de maior impacto estético de Oswald de Andrade. Para fugir do puro subjetivismo, da obviedade, é necessário também uma instrumentação, uma caracterização, tópicos a serem analisados referentes ao tema. Alguns pontos são cruciais no trabalho de Oswald de Andrade e será justamente nestes pontos o foco de análise do artigo. São assuntos como o riso, o contexto, traços biográficos, as influências, a estética, a estrutura, a contribuição para a literatura nacional. Aqui, os principais temas foram organizados da seguinte maneira: primeiro há uma definição da fundamentação teórica central do objeto de estudo, que é um panorama sobre o que seria um cânone com base nos trabalhos de COMPAGON (2010) e CALVINO (2007). Em seguida há um estreitamento sobre o cânone, com o foco no cânone moderno brasileiro, momento onde está inserido MSJM, os teóricos abordados foram CANDIDO (2006), SCHWARZ (1987), BRITO (1969, 1972) e BOOP (1977). Por fim, alguns elementos importantes que constituem o cânone oswaldiano, representados por BAKHTIN (2010) com o riso, a forma literária com CAMPOS (1967) e as imagens mentais VIEIRA in RAVETTI e FANTINI (2009).
DEFININDO UMA INSTRUMENTAÇÃO TEÓRICA Algumas obras são importantes por apresentarem uma narrativa inovadora, outras por terem sido determinantes para o contexto no qual se inserirem, outras por sempre trazerem algo inovador. Não há um caminho certo, um manual, uma série de etapas a qual uma obra pode seguir. Entretanto, interpretar um clássico, um cânone na literatura precisa algo mais do que considerações subjetivas. Fugir do óbvio na literatura é a função do crítico literário. Também é atribuída ao crítico a função de qualificar uma obra como boa ou como má, como se a literatura se apresentasse objetiva e com justificativas prontas, palpáveis. A função do 1
* Professor de Literatura e Redação do ensino médio no Colégio Contato Setúbal, Português do ensino fundamental no C2PA2 – Colégio e Curso Pré-Área II e Literatura no pré-vestibular do Colégio Anglo – Unidade Camaragibe. Graduado em Licenciatura em Letras e Especializando em Literatura Brasileira na Universidade de Pernambuco – Campus Nazaré da Mata. E-mail: waltercavalcanticosta@gmail.com.