90 | Revista Viva S/A | Dezembro 2008

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CORPO & EQUILÍBRIO por Nuno Cobra Preparador físico-mental e conferencista

Ano Novo: mudanças à vista Mas sem excessos, principalmente com seu corpo

Mudar não é fácil Mais um ano se aproxima do fim, acho importante nesta hora tão propicia a reflexão, aprendermos com os nossos erros e com as lições vividas durante o ano. Acho que é um processo bastante enriquecedor avaliarmos agora as propostas e objetivos almejados há um ano e pensar o quanto conseguimos avançar e o quanto ficamos no mesmo lugar ou até retrocedemos. Uma coisa é saber o que precisa ser mudado em nossa vida, outra coisa é o intrincado processo necessário para que esta mudança se realize. Ao contrário do que dizem os livros de auto-ajuda que inundam as livrarias, mudar não é uma fórmula simples que depende só de querer e poder. Mudar é um processo trabalhoso que exige muita disciplina, dedicação, disposição, prontidão, entrega e acima de tudo, muita consciência. Como animal que é, o ser humano tem aversão às mudanças, buscando sempre o conforto e a estabilidade, já que mudar envolve desconforto e instabilidade. Na minha profissão é muito freqüente observar o quanto as pessoas se dedicam à saúde com falta de seriedade, realmente efetivando mudanças extremas em seu modo de vida apenas após passarem por um grande susto ou mesmo após viverem uma situação limite de risco. A vida é um bem muito precioso, não deixe a situação chegar ao seu extremo para mudar, este é um risco que nunca trará bons frutos.

Excessos de fim de ano Nesta época nunca é demais lembrar a atenção e os cuidados necessários para não cair no lugar-comum, ou seja, todo tipo de excesso e exagero típicos do Natal e do Réveillon. Eu sei que muita gente acha que fim de ano é sinônimo de festa e excesso, mas proponho um excesso moderado, pode até enfiar o pé na jaca, mas com critério, sempre lembrando que seu corpo não merece depois de um ano difícil, passar por tal intoxicação. Vamos com calma minha gente!

Revista Viva | Dezembro 2008

Não ultrapasse o seu limite! Falando em limites, ao contrário do que o marketing esportivo cansa de falar, ultrapassar o seu limite pode ser uma grande burrice. Será que o atleta ou executivo bem-sucedido é aquele que agride a sua saúde física, mental e espiritual além do limite? Será que esse é o preço a ser pago pelo sucesso? Acho que sucesso à custa de todo o resto não é sucesso. É derrota. Defendo que é importante expandir nossos limites, mas sempre com muito cuidado e critério. Muitas pessoas morrem, ano após ano, praticando esportes ou provas de corrida, sejam maratonas ou provas curtas como a São Silvestre. Acho necessário alterar esse quadro, mudando principalmente a mentalidade desses grupos de corrida, que se propõem a ser uma forma de diversão e cuidado com a saúde, mas são o oposto, pois acabam de certa forma estimulando o excesso e a competição. Baixar constantemente o tempo de corrida devia ser uma preocupação apenas do atleta profissional e, mesmo assim, ele também corre risco de vida, não importando quantos exames preventivos cardiológicos sejam feitos. Não posso deixar de dizer que qualquer esporte que leve o coração a um esforço extremo envolve risco, embora ninguém goste de falar muito sobre o assunto. No caso do atleta amador o risco é bem maior. Então seja inteligente e responsável, não ultrapasse o seu limite.

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