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Editor // Vinicius Medeiros
B-10 • Jornal do Commercio • Quinta-feira, sexta-feira e fim de semana, 25, 26, 27 e 28 de julho de 2013
TRANSPORTE
Inovação aliada à mobilidade ganha o mercado brasileiro Em um ano, vários aplicativos especializados em agendamento de corridas de táxi foram lançados. Com a expansão desse nicho, cooperativas perderam espaço para a tecnologia DIVULGAÇÃO
» WANILSON OLIVERA companhando a disseminação do uso de smartphones e de tablets, os aplicativos para agendamento de serviço de táxis tomaram conta das grandes capitais brasileiras em pouco mais de um ano, colocando em risco o trabalho de cooperativas, que perdem clientes para a tecnologia. Com o celular na mão, o consumidor consegue monitorar a localização e a pontualidade do carro que reservou, ganhando, além de mais conforto, segurança. Na outra ponta, taxistas e desenvolvedores de apps celebram a ampliação da clientela. O avanço da tecnologia dos smartphones permite cada vez mais facilidades e a onda da vez está diretamente relacionado à mobilidade urbana. Em pouco mais de um ano, cerca de 10 empresas vem explorando o setor no País, gerando bons resultados para os proprietários de táxis e usuários. Os primeiros apps desse tipo apareceram, há cerca de dois anos, no exterior. A Safertaxi, por exemplo, surgiu de uma experiência ruim vivida pelo empresário germano-suíço Clemens Raemy, quando viajava por Buenos Aires, na Argentina. Após sofrer uma tentativa de sequestro feita por um taxista, ele conseguiu escapar saltando pela janela com o carro ainda em movimento. A experiência o fez partir para o desenvolvimento do aplicativo, que permite qualificar por meio de opiniões o comportamento e a pontualidade, entre outras informações, sobre cada motorista De acordo com o diretor geral da Safertaxi no Brasil, Jimmy Peixoto, a empresa já investiu R$ 6,4 milhões este ano no desenvolvimento da ferramenta, bem como em ações de publicidade. “Temos 3 mil táxis cadastrados. Desse total, 2,7 mil estão em São Paulo e restante no Rio de Janeiro. Além disso, atuamos em Bue-
A
Segundo Gomes, meta é chegar a 25 países até o final do ano
nos Aires e em Santiago, no Chile”, diz o empresário. Peixoto conta que pretende ampliar o número de municípios atendidos e que, nos próximos meses, a empresa passará a atuar em todas as cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo. Ele ressalta que os usuários não pagam nenhuma taxa extra para utilizar o serviço. Segundo ele, a fonte de receita da empresa é oriunda de anúncios publicitários colocados na frota dos táxis que utilizam o sistema. “Somos a única empresa que oferece wi-fi grátis para o usuário nos táxis cadastrados”, frisa Peixoto, garantindo que o motorista que presta serviço para a Safertaxi passa por uma avaliação rigorosa, com análise da documentação do veículo e pessoal, além de ficha criminal. Forma de pagamento Sócio-diretor da 99Taxis, Paulo Veras conta que criou o
aplicativo há ano e que, por enquanto, investe em seu desenvolvimento para ganhar espaço no mercado. Segundo Veras, o taxista não paga nenhuma taxa para utilizar o sistema, mas ele estuda uma solução para os consumidores pagarem a corrida por meio do celular. “Poderei ter uma boa fonte de receita com a cobrança de uma taxa sobre o uso. Para o consumidor é um conforto a mais, pois ele poderá não somente escolher o táxi, mas também a forma de pagamento”, comenta. Veras afirmou que, dos 34 mil táxistas de São Paulo, 7 mil já usam seu aplicativo e, no Rio de Janeiro, onde a 99Taxi atua há quase três meses, cerca de mil táxis possuem o sistema. “Em junho, 200 mil pessoas utilizaram nosso sistema no Rio. Acredito que a adesão será semelhante à de São Paulo”, disse o empresário, acrescentando que levará o serviço para outros 10 estados até o final do ano.
Diretor executivo da Easytaxi no Brasil, Tallis Gomes conta que a plataforma desenvolvida no País recebeu um aporte, em junho, de R$ 30 milhões por parte do fundo de venture capital Latin America Internet Holding (LIH), o que permitirá expandir a atuação da empresa para outros países. “Queremos estar em pelo menos 25 novos mercados até o final do ano. Outro objetivo é ampliar a base de passageiros e de taxistas para prover um serviço cada vez mais eficiente”, afirma o executivo, destacando que o aplicativo já está sendo utilizado em 10 países. Pre s e n t e e m 1 8 c i d a d e s brasileiras e com mais de 38 mil táxis cadastrados, sendo que 60% no Brasil, a Easytaxi pretende, de acordo com Gomes, expandir sua operação para outros 20 municípios no País. “Nossa fonte de receita é oriunda de uma taxa de R$ 2 quando o taxista efetua uma corrida por meio do nosso aplicativo”, explica o empresário, que evita falar em números de faturamento, mas ressalta que, até o momento, o investimento em marketing e publicidade pode ser mensurado com oito dígitos, enquanto o lucro está na casa dos sete. Comodidade Especialistas são unânimes em destacar a segurança como principal motivo do sucesso dos aplicativo de táxi no País. Consultor e diretor de criação da Sanders Marketing Digital, especializada em estratégia digital, Raphael Ferrari diz que a rápida aceitação da ferramenta no mercado e o interesse de investidores nesse nicho de atuação está ligada à comodidade e à segurança proporcionada ao usuário final. De acordo com Ferrari, muitas vezes os consumidores estão em lugares em que desconhecem onde podem encontrar pontos de táxi. “O aplicativo acaba com isso. Já não é preciso ficar na rua esperando um carro vazio passar. A ferramenta mostra com exatidão a localização do táxi, evitando exposição desnecessária na rua”, exemplifica. O diretor da Sanders Marketing Digital frisa que o crescimento do segmento de aplicativos de uma forma geral está diretamente relacionado às facilidades de compra de aparelhos smartphones. “As empresas estão produzindo celulares com preços mais populares, o que permite o avanço do segmento”, avalia Ferrari, destacando que o notório gargalo de infraestrutura no País ainda breca o desenvolvimento mais acelerado desse mercado. “O sinal da internet ainda é uma preocupação de quem atua no setor. A rede 3G do País é instável. Há locais onde simplesmente não funciona”, lamenta. O professor de marketing digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro (ESPM-RJ), Vitor Lima, reforça a segurança como principal motivador do sucesso dos aplicativos para táxis. Ele garante que o segmento deve crescer muito nos próximos anos, já que a população brasileira aumentou seu poder de compra. Lima também ressalta que muita gente adere ao serviço por estarem cansados de serem mal atendidos pelas empresas e cooperativas, que mentem sobre a previsão de chegada do veículo. “Ninguém aguenta mais ser mal atendido por telefonistas mal humoradas”.
Responsabilidade
SOCIAL E ÉTICA por Lucila Cano lcano@terra.com.br
Religião e meio ambiente Os resultados da pesquisa Datafolha publicados na Folha de S.Paulo do domingo, 21 de julho, confirmaram que entre agosto de 1994 e junho de 2013 o contingente de católicos perdeu significativos 18% no país. Passou de 75% para os atuais 57%. Enquanto isso, os evangélicos pentecostais saltaram de 10% para 19%, seguidos dos evangélicos não pentecostais, que passaram de 4% para 9% da população. A despeito dessa mudança de perfil religioso, católicos e evangélicos têm praticamente a mesma percepção no que se refere à sustentabilidade, segundo pesquisa do Nepas, Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental e Social. O núcleo é integrado por pesquisadores de diferentes áreas acadêmicas e está estabelecido em Vitória (ES). Como instituição sem fins lucrativos, trabalha com foco na Educação Ambiental. Quem são eles O estudo do Nepas é extenso. Contempla 82 questões ao longo de 81 páginas. Por isso, selecionei apenas alguns tópicos. A pesquisa foi realizada com 960 pessoas (480 católicos e 480 evangélicos) em quatro municípios do Espírito Santo: Vitória, Cariacica, Serra e Vila Velha, sendo 240 pessoas por município, em faixas etárias entre 14 anos e 76 anos. A análise por segmentos – idade, gênero (percentual maior de mulheres, da ordem de 57,5%) e estado civil – não apresentou grandes diferenças entre os grupos. Quanto a raças, 27,4% de brancos e 11,8% de pardos se declaram católicos. Entre os evangélicos, 18,1% se declaram brancos e 21%, pardos. Embora haja mais brancos entre os católicos e mais pardos entre os evangélicos, os percentuais totais se equivalem. Na faixa de renda entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00, há mais evangélicos do que católicos (15,5% contra 7,9%). Mas, não há diferenças significativas entre os níveis de instrução. O mesmo ocorre com o hábito de leitura de jornais e revistas e o de assistir à televisão. Percepção ambiental Perguntados sobre assuntos relativos ao meio ambiente – aquecimento global, mudanças climáticas, biocombustíveis, biodiversidade, desenvolvimento sustentável, dióxido de carbono, crédito de carbono, gás metano, agenda 21, pobreza, crescimento da população e outros –, embora com percentuais mais ou menos expressivos de conhecimento, os dois grupos de maior representatividade religiosa no país se mantêm bastante próximos. Apenas com relação à opção “sei o que é camada de ozônio”, os evangélicos apresentam percentual mais elevado: 40,5% contra 33,8% de católicos. Católicos (35,6%) e evangélicos (34,4%) apontam as atividades humanas como responsáveis pela mudança climática. Mas as divergências entre os dois grupos aparecem aqui e ali. À questão sobre a necessidade de os americanos (maiores poluidores do mundo junto com a China) mudarem o modo de vida e consumirem menos, 19,3% dos católicos concordam parcialmente, contra 11,1% dos evangélicos. Quanto à ação do poder público em relação ao meio ambiente, católicos são mais críticos (27,3%) que os evangélicos (20,9%), ao afirmarem que ela é “fraca”. Ambos concordam parcialmente que as instituições de ensino falham na preparação de profissionais para enfrentar os desafios do meio ambiente no mercado de trabalho. Os percentuais, entretanto, são mais elevados entre os católicos ( 2 6 % ) d o q u e e n t re o s e va n g é l i c o s ( 1 8 , 6 % ) . Evangélicos são mais incisivos quanto à qualidade da vida na região onde moram. Deles, 22,6% escolheram a opção “regular” contra 15,4% dos católicos. Outras diferenças referem-se ao aprendizado. Entre os católicos, 40,1% dizem não participar de eventos, atividades e cursos ambientais contra 33,4% dos evangélicos. O interesse em acessar temas ligados ao meio ambiente é maior entre evangélicos (24,6%) do que entre católicos (17,7%). Segundo o Nepas, essa pesquisa tem caráter pioneiro, uma vez que até o momento não se identif i c o u n e n h u m o u t ro l e va n t a m e n t o q u e re l a cionasse temáticas ambientais avaliadas por segmentos religiosos. * Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.
Lucila Cano é formada em Comunicação Social pela Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP (SP). Trabalhou como redatora publicitária em várias agências e também como assessora de imprensa.