Edição 30

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Ação de Black Blocs em agências bancárias no centro do Rio de Janeiro | Foto: Erick Dau / Oilo

A música punk rock era ouvida e tocada principalmente pela juventude operária londrina. Logo a critica ao capitalismo começou a ser central no discurso punk. Apesar de não serem anarquistas, o Clash – eram socialistas – sintetizam o que havia de mais avançado nesse sentido. Criticavam a monarquia inglesa, o capitalismo global e refletiam a realidade dos trabalhadores.

Os Black Block possuem semelhanças com os punks que criticaram o governo Thatcher”

Estética punk e Black Bloc A partir do cotidiano do mundo do trabalho para promoveram uma crítica social importante. Em Washington Bullets, leram o conjunto do capitalismo global e em poucos versos sintetizaram uma crítica ao sistema por todos os hemisférios: O Clash, como diversas bandas inglesas e o movimento punk de maneira geral, estiveram em confronto permanente com governo de Margareth Thatcher. Seja nas músicas, seja nas ruas os punks enfrentaram as reformas neoliberais da Dama de Ferro. Mesmo com discurso político mais articulado, a forma de ser punk, a intervenção estética dos mesmos não se apartou dos mesmos, pelo contrário, há uma confluência entre estética e política, dando uma forma de intervenção, um discurso punk rock.

A crise do capitalismo na década de 1970 e as alternativas neoliberais impressas pelo capitalismo global se assemelham muito com os dias atuais. Assim como os Black Blocks, fenômeno novo em terras brasileiras causam estranhamento parecido aos que os punks promoveram. Os Black Block possuem semelhanças com os punks que criticaram o governo Thatcher. As roupas pretas e as máscaras causam uma identidade interna que se contrapõe aos padrões de vestimentas normais, e até mesmo da esquerda organizada. Percebemos que essa identidade é em grande parte compartilhada por jovens da periferia, filhos da classe trabalhadora. Como com os punks, o elemento estético e explosivo são centrais em sua intervenção política. O ataque a

símbolos do capitalismo, com violência, aproximam os BB da forma punk de ser. Não a toa, percebemos diversos anarcopunks entre os BB. Assim como os punks, os BB possuem uma aproximação com os anarquistas mediada pela cultura pop, com interferência de quadrinhos e uma formação que lembra as torcidas organizadas – “deixa passar a revolta popular” – e a apropriação de cantos de torcidas. Estes também passam por um processo claro de ampliação do debate político. De certa forma, se o neoliberalismo foi a resposta a crise estrutural do capitalismo financeiro desde os anos de 1970, os BB e os punks são o grito de revolta a partir da sociedade de massas contra essa crise.

Vírus Planetário - FEVEREIRO 2014

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