Boas Praticas de Responsabilidade - Crianças e Adolescentes

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Boas práticas em responsabilidade social CORPORATIVA NO ENFRENTAMENTO DE VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS DE crianças e adolescentes

Este capítulo apresenta a Responsabilidade Social como um valor evocado no discurso e nas ações de certos segmentos empresariais brasileiros, desde meados de 1980. Passadas três décadas, a adesão de novas empresas às campanhas relacionadas a este valor, bem como a filiação a institutos e fundações constituídos a partir deste tema demonstram sinais de expansão. No início do milênio, o Instituto Ethos, uma das instituições de referência nesse campo, reunia cerca de 500 organizações. Em fevereiro de 2014 o número de associadas ultrapassava 1.500, um aumento de 200%. Outra organização desse campo, o Grupo de Institutos e Fundações Empresariais (GIFE) contava em 2000 com 54 associadas. Em 2014, esse número subiu para 128, representando um aumento aproximado de 130%. O envolvimento de empresas de porte e capital variados é cada vez mais estimulado pelos propagadores dessa campanha, como uma decisão inovadora em termos econômicos e políticos. Observa-se, nos discursos e documentos de divulgação da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), um forte apelo ao engajamento. Para os entusiastas do mundo empresarial, trata-se de uma estratégia de sobrevivência em um mercado competitivo. Segundo o discurso de alguns representantes do Estado, constitui-se uma forma de coparticipação no enfrentamento de questões de interesse social. Para outros, a RSE representa uma busca de reposiciona-

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mento da imagem da empresa em tempos de escassez de oferta de empregos e busca de fidelização dos consumidores. A “Responsabilidade Social” vem sendo difundida como um termo autoexplicativo, partindo da premissa de que não existiriam dúvidas a seu respeito. No entanto, mesmo sendo apresentado como um “guarda-chuva” de ideias e práticas, não há consenso sobre um modelo considerado elementar de Responsabilidade Social Empresarial. Cheibub e Locke (2002), ao analisar o fenômeno em sua emergência no Brasil, indicaram que as práticas de RSE estariam geralmente relacionadas a dois fatores principais: a obrigação moral e/ou interesse estratégico da empresa. Estas duas motivações seriam definidas pelas relações que as empresas mantêm dentro e fora dos seus domínios. A abrangência da RSE não se restringe, assim, ao público interno ou mais diretamente associado ao negócio da empresa, mas se estende também a outras relações difusas com a sociedade de um modo geral. Por essa razão, a pauta de valores, condutas e ações que o conteúdo da Responsabilidade Social abarca é bem ampla e diversificada. Sua assimilação pelos integrantes desse segmento é desigual, em função das características diferenciadas desse segmento1, ou principalmente pelo interesse que tais integrantes demonstram por certos temas em detrimento de outros. Certos temas produzem maior agregação, seja porque se traduzem numa


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