

EDITORIAL

Liberdade Incondicional: Sem Pressões, Sem Lucro, Só Música
Na Versus, desde o primeiro dia, fizemos uma escolha: trabalhar pela música, pela cultura, pela liberdade — e nunca pelo lucro. Somos uma revista eletrónica gratuita, criada por carolice, por paixão, por amor a tudo o que a música representa. E é justamente por sermos livres que às vezes enfrentamos decisões difíceis. Mas preferimos sempre ficar do lado certo. Recentemente, confrontámo-nos com uma situação que nos obrigou a reafirmar essa escolha. Quando uma marca ligada ao mundo editorial percebeu que uma das nossas críticas não seria favorável ao material que promove, decidiu retirar o apoio publicitário que previamente tinha oferecido. A mensagem era clara: ou elogios fáceis, ou nada. Não hesitámos. Mantivemos a nossa crítica tal como a sentimos e, em coerência, ajustámos o destaque editorial que estava inicialmente planeado. Porque para nós, liberdade de opinião não é um slogan vazio — é o único caminho. Aqui, na Versus, não vendemos espaço nem moldamos opiniões para agradar a quem nos quer condicionar. E não fazemos dinheiro com o que publicamos, nem queremos. Cada edição existe porque acreditamos que a cultura, a música e a liberdade de expressão merecem ser defendidas sem filtros, sem favores, sem compromissos.
25 de Abril sempre!
Olhando em redor, vemos que este tipo de pressões não é caso isolado. Também na cena musical nacional a liberdade enfrenta novos obstáculos. A notícia do cancelamento do Amplifest foi mais um golpe duro para todos nós que acreditamos numa cultura independente, viva, genuína. Um festival como o Amplifest não desaparece por falta de vontade, nem por falta de público. Foi a escalada insustentável dos custos — nomeadamente o aumento inesperado do preço da sala onde o evento ia realizar-se — que o tornou impossível de concretizar. Um aumento que reflete uma triste tendência: espaços culturais que deveriam apoiar a música e a criação passam a tratar a cultura como mais um produto de mercado, um luxo acessível só a quem paga mais. Quando a ganância fala mais alto do que a vontade de construir uma cena cultural forte e diversa, todos perdemos. E o espaço para a música diferente, desafiante, para os projetos feitos de paixão — como o Amplifest, como a Versus — vai-se estreitando. Mas é precisamente por isso que não vamos desistir. Vamos continuar a ser uma revista que escreve com honestidade, que critica com liberdade, que celebra a música que acredita e denuncia o que é preciso denunciar. Sem medo de desagradar, sem medo de ficar a perder, sem medo de ser pequena face aos grandes interesses.
Porque a música não é mercadoria. A cultura não é negócio. E a liberdade não é negociável.
Enquanto houver quem nos leia, enquanto houver quem lute connosco pela cultura livre, a Versus continuará aqui — eletrónica, gratuita, independente e, acima de tudo, livre.
25 de Abril sempre!
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3mestre em revista
Verão Metálico: Roteiro dos Festivais de Metal em Portugal, 2025
O verão português está cada vez mais associado à música pesada. Com uma cena cada vez mais robusta, Portugal oferece aos fãs de metal uma agenda impressionante de festivais, que se espalham de norte a sul, abraçando praticamente todos os subgéneros: do thrash ao doom, do industrial ao black metal. Em 2025, a oferta é particularmente generosa, com eventos que combinam nomes lendários e bandas emergentes, ambiente acolhedor, e o habitual espírito de comunhão que caracteriza o universo metálico. Este artigo propõe-se a fazer uma viagem por esses festivais — palco a palco, cartaz a cartaz — e dar-te uma visão completa daquilo que podes esperar neste verão.
Evil Live Festival — Lisboa recebe os titãs Abrimos esta jornada com um dos eventos mais aguardados do ano: o Evil Live Festival. Com data marcada para os dias 27, 28 e 29 de junho, o festival regressa em 2025 com uma novidade de peso — literalmente. Em vez do habitual formato indoor, a edição deste ano acontecerá ao ar livre, no Estádio do Restelo, em Lisboa. A mudança de espaço permite uma maior capacidade e um impacto visual à altura das bandas convocadas. E que cartaz! Slipknot, Judas Priest e Korn são cabeças-de-cartaz de luxo, cada um com um legado que dispensa grandes apresentações. Juntam-se-lhes nomes como Opeth, a representar o lado mais progressivo e atmosférico da música pesada, Jinjer com a sua energia contagiante e técnica refinada, e Till Lindemann, numa carreira a solo que não perde a teatralidade habitual do vocalista dos Rammstein. A isto somam-se bandas nacionais como R.A.M.P, Gaerea e Bizarra Locomotiva, garantindo que o som lusitano também marca presença num dos maiores palcos do país.
Laurus Nobilis — o metal regressa ao norte rural De Lisboa seguimos para Vila Nova de Famalicão, onde o Laurus Nobilis Music Fest mantém viva a tradição de eventos mais intimistas e enraizados no território. De 18 a 20 de julho, o festival ocupa Louro com uma seleção que mistura peso, identidade e diversidade estilística. Em 2025, o cartaz conta com os holandeses Carach Angren — mestres do black metal sinfónico teatral — e os suecos Dark Funeral, pesos-pesados do black metal ortodoxo. Há espaço também para Soen, uma das bandas mais respeitadas do metal progressivo europeu, e Arkona, representantes do folk/pagan metal russo. O alinhamento é complementado por bandas nacionais como Sacred Sin e Equaleft, reforçando o compromisso do festival com a cena portuguesa. O ambiente do Laurus é descontraído e familiar, com uma forte presença de campistas, merchandising artesanal e gastronomia local.
Vagos Metal Fest — o bastião do extremo De Famalicão descemos até à Quinta do Ega, em Vagos, onde o Vagos Metal Fest continua a consolidar-se como o maior festival exclusivamente dedicado ao metal em Portugal. De 31 jul & 1 a 3 de ago, o pequeno concelho do distrito de Aveiro transforma-se num reduto metálico onde impera o mosh, o crowd surfing e a irmandade.
Este ano, o cartaz mistura clássicos e novidades. Mayhem, os titãs do black metal norueguês, regressam para mostrar porque continuam a ser um nome incontornável. Dying Fetus e Decapitated trazem o death metal
técnico e impiedoso, enquanto As I Lay Dying adicionam a veia metalcore ao alinhamento. A presença dos nacionais Moonspell é mais do que simbólica — é um regresso às origens, num festival onde já deixaram várias atuações memoráveis.
Mas há mais: Gutalax com o seu grindcore irreverente, Bizarra Locomotiva a representar o industrial lusitano, Mata-Ratos e The Exploited com o punk sujo e cru, e os lendários Black Flag, numa mistura explosiva de metal e hardcore.
O Vagos Metal Fest é conhecido pelo seu ambiente acolhedor, excelente organização e um campismo que se transforma numa verdadeira aldeia metálica durante três dias. Um festival que, mais do que uma experiência musical, é uma vivência.
SonicBlast — psicadelismo e fuzz à beira-mar
Se o teu gosto se inclina mais para o stoner, doom e psicadélico, então o SonicBlast é o teu destino obrigatório. De 7 a 9 de agosto, a praia da Duna do Caldeirão, em Vila Praia de Âncora, acolhe um dos festivais mais singulares do país. Aqui, o ambiente é descontraído, o público variado e a música ressoa em tons hipnóticos, distorcidos e repletos de groove.
O cartaz de 2025 é um verdadeiro regalo para os fãs do género: Fu Manchu, Amenra, Earthless, King Woman, Dopethrone, Emma Ruth Rundle e My Sleeping Karma formam o núcleo de um alinhamento coeso e desafiante. A fusão entre o peso das guitarras e o sol do Minho cria um contraste improvável, mas que resulta maravilhosamente. Há quem vá ao SonicBlast tanto pela música como pelo ambiente — e ninguém sai defraudado.
Milagre Metaleiro — resistência no interior
A 22, 23 e 24 de agosto, a aldeia de Pindelo dos Milagres, em São Pedro do Sul, volta a acolher o Milagre Metaleiro Open Air. O nome pode parecer modesto, mas este festival é uma das pérolas do verão português, oferecendo uma experiência autêntica e apaixonada, com um cartaz cada vez mais ambicioso.
Este ano, os cabeças de cartaz incluem Rotting Christ, Hypocrisy e Necrophobic — nomes históricos da escola death/black europeia. Juntam-se-lhes Vision Divine, Alestorm e os históricos portugueses Tarantula e XequeMate. É um festival que combina tradição e inovação, mantendo sempre uma forte ligação à comunidade local. O Milagre Metaleiro é uma verdadeira celebração da resistência do metal, sobretudo no interior do país, longe dos centros urbanos e dos grandes orçamentos. Aqui, a música é feita com coração — e ouvida com alma.
Festivais paralelos e eventos emergentes
Para além dos grandes nomes, o verão metálico português é enriquecido por uma série de eventos menores, mas igualmente relevantes.
O Comendatio Music Fest, em Tomar (21 e 22 de junho), mantém o seu foco no metal progressivo e moderno. Este ano conta com Ihsahn (vocalista dos Emperor), Vola, Oceans Ate Alaska e Humanity’s Last Breath, num alinhamento que privilegia a técnica e a experimentação sonora.
Em Lisboa, o LX Extreme Summer Invasion (19 de julho) aposta num cartaz extremo: Malevolent Creation, Misery Index, Konvent e Speedemon prometem um dia de brutalidade sónica para os fãs mais exigentes.
O Black Box Fest, em Guimarães (4 e 5 de julho), oferece uma abordagem alternativa ao underground, misturando post-metal, sludge e screamo com bandas como Tvmvlo, Drashe e Soul of Anubis.
Já o Bajonca Rock Fest, em Valadares, São Pedro do Sul (11 e 12 de julho), oferece entrada gratuita e um cartaz que cruza rock psicadélico com doom, sludge e experimentalismo, contando com bandas como Keres, Nel Buio, Wanderer e Yaatana.
Portugal, palco de culto para o metal europeu
O que estes festivais mostram é que Portugal já não é apenas um ponto de passagem para as grandes bandas em digressão: é um verdadeiro destino. O crescimento da cena metálica nacional, tanto em termos de público como de produção, reflete uma maturidade que vai para além da música — é cultural, é comunitária, é vivencial.
A diversidade geográfica dos eventos permite aos fãs explorar o país de forma alternativa: das praias de Âncora às serras de São Pedro do Sul, do interior minhoto à grande Lisboa, cada festival oferece uma paisagem sonora e física única. Uns apostam no cartaz internacional, outros na valorização das bandas nacionais; uns são colossos urbanos, outros são celebrações de resistência local.
Seja qual for a escolha, este verão há uma certeza: o metal está vivo, espalha-se por todo o território português, e está cada vez mais enraizado. E tu, onde vais montar a tua tenda?

Obra - Prima 5
Trial by Fire
Excelente 4
Esforçado 3
Adriano Godinho Carlos Filipe Eduardo Ramalhadeiro Emanuel Roriz Ernesto Martins






Esperado 2
Básico 1
Sousa Gabriela Teixeira Helder Mendes JP Madaleno Sérgio Teixeira MÉDIA
Rex)
Ampola
Remédio para todos os males
Os Ampola são o novo projeto de originais de Paulo Martins, famoso pelos seu trabalho nos RAMP, entre outros grupos. Assim que nos chegou aos ouvidos, o EP de estreia, “O Corvo”, suscitounos natural interesse, pelo que fizemos questão de falar com Martins sobre esta nova página do seu longo percurso musical.

O início da tua carreira remonta ao final dos anos 80 com os RAMP, mas também passaste pelos Noidz, Corvos ou A Naifa. Que balanço fazes destas décadas de atividade?
Paulo Martins: Foi extremamente positivo. Aprendi sempre bastante em todos os grupos por onde passei, nuns mais do que noutros, como é natural, mas tudo o que sou e o que faço hoje é o reflexo desse percurso e dessa aprendizagem
Quais consideras terem sido até hoje os pontos mais altos da tua carreira?
Os pontos mais altos da minha carreira são aqueles momentos em que fico realizado com as minhas composições ou quando estou a tocar e vejo o público em sintonia com os músicos, independentemente de ser em clubes ou em estádios.
Atualmente, tocas em três grupos de covers: Heart of Rock, Radio Legacy e Rockstreet Boyz. Como tem corrido esta experiência, nomeadamente em termos de preenchimento de agenda?
Dou sempre prioridade aos originais, mas a vida nem sempre é como queremos. Existem altos e baixos, daí recorrer às covers. Essas bandas mantêm a chama acesa, além de que gosto de tocar músicas que aprecio com amigos e músicos fantásticos, que tanto admiro.
Entretanto, criaste o projeto Ampola em 2018. O que está por trás desta designação?
Sempre associei as ampolas a uma cura ou a um tratamento específico. A música também o é para mim, daí o nome.
Os temas daquele que veio a ser o EP de estreia, “O Corvo”, foram gravados entre 2022 e 2023, anos após a formação do projeto, e
dados a conhecer ao público no ano passado, através do vosso canal no Youtube. Sentiste que estes temas precisavam de “amadurecer” e “arejar” antes de estarem finalizados?
Sim, foi um processo natural. Desde a composição até às gravações finais as músicas foram sendo melhoradas, até nos fazerem sentido.
Assumes em Ampola a voz, a composição e a produção, mas o David Trindade teve também um papel essencial nestas últimas duas funções. Como decorreu o processo criativo para estes temas?
Sim, o David Trindade foi a diferença toda no resultado deste EP. Eu compus as músicas e leveilhe a maquete. Basicamente, ele regravou quase tudo. Fez alguns arranjos, segundas vozes e produzimos os temas. Foi um processo gradual.
Entrevista: DICO

Em termos líricos, exploras o universo de Fernando Pessoa e Edgar Allan Poe. De que forma estes mestres da literatura influenciaram o teu trabalho? Influenciaram bastante. Há um livro de Adolfo Casais Monteiro que é basicamente uma recolha de parte da obra de Fernando Pessoa, onde consta também o poema do Corvo de Edgar Alan Poe e que acabou por ser o casamento, digamos assim, entre as partes lírica e sonora do projeto.
Também o videoclip de “O Corvo” se encontra disponível no canal do Youtube da banda. Quem realizou este trabalho?
Foi o Rafael Teles, um grande profissional e amigo meu de longa data. Tivemos um primeiro encontro em que lhe disse mais ou menos o que pretendia a nível de conteúdos e de conceito. Gostei bastante do trabalho final.
Dos quatro temas incluídos, conta-se uma versão de “Saudade”, dos Heróis do Mar. Sentiste que este tema encaixa bem no vosso universo lírico e sonoro?
Todas as músicas acabam por ter uma história, desde que se começa na composição até estarem finalizadas. Neste caso, eu
já tinha o instrumental feito, mas não conseguia colocar-lhe uma letra. Finalmente, um dia estava a cantarolar a “Saudade” e reparei que a métrica da letra era a mesma e a afinação quase igual. Logo, tudo se encaixou.
Encontram-se de momento à procura de editora para lançar o EP, que ainda só está disponível online. Já há novidades nesse aspeto, até porque a banda se encontra a compor novos temas?
Sim, estamos a preparar o segundo EP. Já tivemos convites para espetáculos, bem como contactos de agências e de editoras, mas o nosso objetivo neste momento é finalizar o novo EP. Consideramos muito importante para o projeto ganhar identidade, pois só assim daremos crédito as nós próprios e às pessoas que irão trabalhar connosco no futuro.
Entretanto, entraram na formação os guitarristas Melkor e Sérgio
Esteves (inclusive, o primeiro já participa no videoclip) e o teclista César Silva. O lugar de baterista já está ocupado ou irás acumular funções?
Não, não vou ocupar esse cargo. Para já não sabemos se o baterista com quem iremos trabalhar será fixo ou se teremos convidados,
“ (…) o nosso objetivo neste momento é finalizar o novo EP.

para que os concertos possam ter surpresas. O futuro o dirá.
Estes músicos já contribuem com ideias para os novos temas?
Sim, de uma forma natural e gradual já vamos todos trabalhando.
Encontrando-se a formação praticamente completa, é vosso objetivo estrearem-se ao a curto/ médio prazo?
Gostávamos de tocar o quanto antes. Estamos um pouco ansiosos para o fazer, mas tudo dependerá do processo de gravação do segundo disco. De qualquer forma, mais cedo ou mais tarde iremos fazer-nos à estrada.


A.K., o frontman de Decline of the I, fala-nos do segundo álbum da trilogia consagrada a Sören Kierkegaard e à sua filosofia, mas também à reflexão sobre alguns momentoschave da sua vida pessoal.
Entrevista: CSA | Fotos: William Lacalmontie
Saudações, A. K.! Cá estou novamente a entrevistar-te sobre «Wilhelm», o segundo álbum da série consagrada a Søren Kierkegaard (sendo o outro «Johannes», lançado em 2021). Temos aqui dois álbuns poderosos.
- Para começar, por que razão o álbum se chama «Wilhelm»? O que nos podes dizer sobre este álbum do ponto de vista musical? E sobre os temas tratados? Como o ligas ao álbum anterior?
A.K. – Tal como Johannes, Wilhelm é uma personagem arquétipo da trilogia de Kierkegaard sobre os estados do espírito. Enquanto
Johannes é um boémio que vive para a noite, o prazer, para si mesmo, sem se preocupar com o mundo e com os outros, Wilhelm encarna a figura do juiz. É aquele que segue a moral e a mantém, tendo em conta as leis e não o prazer e o gozo. Tem consistência, um percurso, já não é um indivíduo fragmentado, composto por instantes independentes. É aquele que escolhe dizer sim a uma só mulher, em vez de experimentar todas as mulheres. É por isso que o tema do compromisso é primordial na esfera ética e que o casamento é o seu símbolo mais completo. Aliás, esse símbolo
está representado no artwork. Penso que ser pai também faz parte dessa escolha angustiante. E aconteceu comigo durante a composição deste álbum. Como a minha vida e a minha música estão intimamente ligadas, dei ao meu filho o nome próprio de Kierkegaard: Sören. Portanto, este álbum é simultaneamente um disco e uma etapa importante da minha vida, feita de alegria, de angústia (e de noites mal dormidas).
Em termos musicais, queria reintroduzir elementos de música eletrónica, assumir o facto de que me deixo influenciar por Radiohead, por exemplo (apesar

“[…] a angústia é um dos temas centrais do álbum, mas nunca pensei que essa emoção seria tão sentida pelo ouvinte. Penso que também há nele muita melancolia e eu tenho um verdadeiro culto pela beleza.
de essa banda parecer muito afastada da nossa música). Isso acontece em «Wilhelm», mas está ausente de «Johannes». Na fase ética, estabelece-se a relação com a lei, algo que é rígido. E pareceume que era boa ideia fazermos a ligação entre a lei e o tempo. Algo de marcial, que temos de seguir. A música eletrónica inspira-me nesse sentido: sentir-se prisioneiro de um tempo, de uma repetição, de uma cadência. Já não me lembro de quem era, mas alguém dizia que “O inferno é o rimo dos outros.” (declinando a citação de Sartre, que dizia “O inferno são os outros.”). Pensei nessa citação, enquanto compunha este álbum. «Wilhelm» é muito surpreendente. Podes fazer-nos uma visita guiada das cinco faixas que o compõem?
“L’Alliance des Rats” Em Francês, “aliança” significa “união, agrupamento, entendimento”, mas também “anel de casamento”. Quis fazer um jogo com esses dois sentidos. O tema tratado é a angústia da relação, de ter feito uma escolha que queremos que dure para sempre. Musicalmente, faz alternar passagens muito violentas, muito densas e momentos contemplativos e melancólicos. Tenho um grande apego a esta
canção, porque a compus durante os primeiros meses de vida do meu filho. Talvez esses contrastes reflitam a vida que eu levava nessa altura. Thomas (de Regarde les Hommes Tomber) e Vestal (de Merrimack) participam como convidados nesta canção. Há sempre colaborações e convidados nos álbuns de Decline of the I. Apesar de se tratar de um projeto pessoal, gosto de manter ligações e de me deixar surpreender pelas intervenções de amigos e artistas que respeito.
“Entwined Conundrum”
Procurei manter a coerência nesta faixa, que combina passagens eletrónicas tipo Radiohead e momentos de puro Black Metal dissonante. Parece-me que funciona bem e adorei tomar todas as liberdades. É graças a este tipo de experimentação que nos chamam “post”, mas estoume a borrifar para isso. Prefiro o termo “perturbado”. A base musical continua a ser Black Metal, mas com muitos elementos pouco ortodoxos, que vêm perturbar essa pureza.
“Diapsalmata”
O início é muito Hip Hop e construído como uma canção do primeiro álbum de Decline if the I: “Mother and Whore”. Faz referência a um testemunho
de Marie-Jo, a filha do escritor Georges Simenon, que fala da sua angústia. Suicidou-se aos 25 anos. Estes destinos trágicos fascinam-me sempre. A sua voz parece-me muito evocadora e quis homenageá-la no início da canção.
“Eros N”
O título é uma espécie de dupla piscadela de olho. Faz referência a um outro projeto musical meu e ao meu filho. É uma canção muito intensa, que começa como puro Black Metal. A estrutura é brutal e, por vezes, roça o estilo neoclássico. Tem samples de sons produzidos pelo meu filho, quando tinha 15 minutos de vida, e da sua mãe, durante o parto. É claro que os trabalhei muito.
“The Renouncer”
Gosto muito de encerrar os meus álbuns com canções de quase 15 minutos. Esta faixa percorre todas as emoções e constitui uma transição temática para o próximo álbum: “Abraham”. Há meses que ando a trabalhar nele.
O que fizeste neste álbum?
Compus a música, escrevi as letras. Gravei as partes de guitarra, sintetizador, os samples, a voz limpa e quase todas as partes de voz gritada.

E o que confiaste a outros?
O AD gravou o baixo e o resto das partes de voz gritada. O SKM tocou bateria e o SI é o vocalista principal.
Apesar de eu escrever tudo desde «Johannes», gosto sempre de ter a opinião dos outros membros da banda. Não quer dizer que tenha em conta tudo o que dizem, mas eles ajudam-me a ter uma perspetiva crítica sobre o meu trabalho. Às vezes, é difícil sabermos se temos razão ou não e ter alguém que veja o que fazemos ajuda.
O SI refez algumas nuances, reviu o lugar onde se devia pôr a voz. O seu feedback ajudou-me muito.
Porque pediste ao Francis para gravar a bateria?
O Francis Caste não só gravou todas as partes de bateria, como também misturou e masterizou todo o álbum. Adoro o trabalho que faz com bandas como Regarde les Hommes Tomber, Seth, The Great Old Ones… No que toca ao som de bateria, é o dono do mundo. Também é um excelente coach no estúdio. Sabe tirar o melhor de ti e do teu som.
Muitos fãs de Black Metal consideram este género musical desopilante. É o meu caso: quando me sinto muito stressada, não há nada como um bom álbum de Black Metal para me pôr bem. Mas «Willhelm» é realmente muito angustiante. Que pensas da minha opinião? É curioso, porque já li isso noutras
“Tal como Johannes, Wilhelm é uma personagem arquétipo da trilogia de Kierkegaard sobre os estados do espírito. Enquanto Johannes é um boémio […] Wilhelm […] segue a moral […]
reflexões sobre o álbum. É claro que a angústia é um dos temas centrais do álbum, mas nunca pensei que essa emoção seria tão sentida pelo ouvinte. Penso que também há nele muita melancolia e eu tenho um verdadeiro culto pela beleza. Espero que isso também chegue ao ouvinte!
Os clips dois singles são magníficos.
- O primeiro é um verdadeiro filme. Podes contar-nos como foi feito?
Resultou sobretudo da imaginação abundante e torturada da “videasta” Laura-Lee Soleman. É uma boa amiga, que vive no seu próprio universo. Tinha uma grande vontade de ver como iria adaptar a sua visão estética a Decline of the I. O resultado é incrível até porque se trata de um clip com um orçamento muito limitado. Mas ela conseguiu fazer algo muito evocador, simbólico e poderoso, que reflete bem toda a angústia, os arrependimentos, a nostalgia transmitida pela música e o conceito de base de “L’Alliance des Rats”.
- O segundo é um belo filme de animação. Quem o fez?
O segundo – relativo a “Eros N” – é um lyric video feito pelo Audiopower Studio. É muito ritmado e anima uma parte do artwork do álbum. Gostei muito da representação dos blastbeats e das passagens histéricas por simples relâmpagos. O resultado é fascinante.
A capa do álbum apresenta uma imagem bastante violenta.
- Que relação existe entre essa violência e as ideias do álbum?
Este artwork é a sequência lógica do de «Johannes». Enquanto no anterior as mãos eram lascivas, carnais, dispondo-se à volta do herói, neste elas estrangulam-no.
Dá para ver que trazem alianças de casamento. Trata-se de uma evocação da angústia decorrente da necessidade de optar, de abandonar a esfera estética, de pôr de parte o prazer sem futuro para abraçar a ética e a renúncia do individualismo.
- Influenciaste de alguma forma o Dehn Sora enquanto ele criava esta obra de arte? [É um excelente artista.]
Há anos que sou fã do seu trabalho. A nossa primeira colaboração data de 2010 e está relacionada com a saída do terceiro álbum de Vorkreist. Está sempre atento ao que dizemos, pronto a apresentar ideias fortes, que marcam logo pontos. Discutimos bastante o conceito de base da trilogia, ele trouxe vários esboços e ideias e tudo fluiu lindamente.
Vai haver concertos para promover este álbum?
Sim! Temos pressa de testar as novas canções ao vivo!
Vão recorrer a outras formas de promoção?
Nada de especial.




The girl with the kaleidoscope eyes
Por: Gabriela Teixeira - mixcloud.com/Submundo
Porto (sem) Sentido?
Estava eu a ponderar sobre que tema preencher esta humilde página quando, num rápido scroll pelo facebook, deparei com o comunicado da organização do Amplifest, cujo conteúdo me deixou bastante pensativa.
Resumindo, a edição deste ano do festival não se irá realizar devido à quantia incomportável que os novos proprietários do Hard Club exigem, aliada ao “aumento dos custos de produção, a crise do custo de vida em geral, os preços disparados dos hoteis e da alimentação, a geografia extremamente desafiante do Porto e a fraca economia portuguesa”, como se pode ler na página da Amplificasom. A promotora encontra-se em processo de procura de um local adequado às exigências que um festival deste género acarreta e promete encontrar uma nova casa onde congregar os Amplifesters já em 2026.
Para contextualizar, estudei no Porto nos inícios dos anos 2000 quando, da turba que se passeava pela baixa, sobressaiam punks, góticos e metaleiros que iam comprar discos e livros à fnac de Sta. Catarina e bebiam copos na ribeira, antes de atravessarem a ponte D. Luís, para ir ao saudoso Hard Club ver concertos. O cinzento da cidade caía bem às tribos alternativas que faziam parte da essência, hoje perdida, daquele lugar. Regressei entre 2019 e 2020, após uma temporada fora, e senti-me ambivalente - a cidade vibrava em não sei quantas línguas e rostos exóticos, ao mesmo tempo que os espaços alternativos iam fechando para dar lugar a locais de divertimento sem identidade, sem substância. E esta realidade só se agravou com a pandemia.
Agora em 2025, a “expulsão” do Amplifest é só mais uma gota no oceano de “gentrificação da cidade e [...] homogeneização cultural que está a sufocar a arte independente” da cidade do Porto - vide comunicado. A massificação do turismo e o que ele acarreta - alojamentos, restaurantes e bares todos iguais, está a roubar a alma dark e underground da nossa Invicta, em prol do dinheiro fácil ganho à custa de turistas movidos pelas bandeiras do bom clima e dos preços baixos que todo o território português lhes oferece.
O estatuto de culto a que o Amplifest se elevou foi dos mais marcantes da cena musical independente do Porto,
por sublimar a melancolia outonal com sonoridades amplas, complexas, sombrias e manifestamente alternativas de um público fiel que esgotou as dez edições anteriores e que está ansioso por esgotar uma nova edição, seja onde for. A questão que se impõe é uma só: como é que o Hard Club impossibilita que um evento desta qualidade e sucesso se realize? Será este um forte indício de que as sonoridades mais pesadas e obscuras poderão ter os dias contados naquela que é a melhor sala de espectáculos do Porto? Não sei, sinto-me apreensiva, assim como muitos de vocês estarão, mas, acima de tudo, sinto-me musicalmente ostracizada por uma cidade que está, sem qualquer vergonha ou disfarce, a asfixiar tudo o que não seja para as massas.
Tenho, no entanto, uma certeza - a de que sempre foi preciso uma boa dose de coragem para estar à margem e, especialmente nos dias que correm, assim conseguir enfrentar o status quo, seguindo a máxima de Miguel Torga, “Antes quebrar que torcer”.
Que o Amplifest regresse em breve e que seja albergado por um espaço e uma cidade que o saiba valorizar.


Time Lurker

Um álbum catártico
Mick, o front man de Time Lurker, fala-nos do seu novo álbum, que funcionou como uma espécie de catarse em relação a um período menos bom da sua vida.
Entrevista: CSA
Saudações, Mick! Espero que estejas bem. Já te entrevistei para a Versus Magazine sobre o teu primeiro álbum («Time Lurker», 2017) de que gostou muito. Sete anos depois, cá estamos para uma segunda entrevista, desta vez sobre «Emprise».
- O que fizeste durante esta paragem?
Mick – Saudações! Obrigada pela apreciação sobre o primeiro álbum. Pessoalmente, continuo a gostar muito desse álbum, o que é bom sinal, penso eu.
Na altura em que compus esse álbum, estava muito longe de imaginar a amplitude que ele ia alcançar. Fazia música, porque isso me agradava, sozinho no meu apartamento. Para dizer a verdade, isso ainda me deixa surpreendido! Desde 2019, o ano em que lancei o split com Cépheide, aconteceu muita coisa na minha vida. Grandes mudanças. Mudei de carreira profissional, regressei ao sul da França para viver perto da minha família. Por conseguinte, tive de esperar algum tempo antes de me poder dedicar novamente à música de forma séria.
- Como pressentiste que tinha chegado a altura de lançar o segundo álbum?
Faço música, quando tenho tempo e, sobretudo, vontade. Tenho necessidade de me consagrar à minha arte de corpo e alma. No entanto, é cada vez mais difícil fazê-lo devido ao trabalho e ao resto. De qualquer modo, não stresso por causa disso.
- O processo de criação do álbum foi semelhante ao do anterior? Do ponto de vista artístico, sim. O estilo de composição é o mesmo. Tenho o meu estúdio em casa e, como vivo sozinho, posso fazer o que quero quando quero, o que é fantástico.
No que diz respeito ao lado técnico, nomeadamente à mistura, decidi fazer algo mais “bruto”. Gastei muito mais tempo nessa fase precisamente para lhe dar um lado mais “visceral”, ao meu gosto.
Certamente, amadureceste como pessoa e músico durante este período. Como se manifesta isso no segundo álbum de Time Lurker?
Diria que, muito simplesmente, me preocupei menos com a mistura. Já sabia de forma muito precisa onde queira levar este álbum. O primeiro álbum foi o meu primeiro projeto “sério”. Tenho uma perspetiva muito mais positiva sobre a minha música.
Dantes estavas sozinho (embora certamente tenhas precisado de contratar músicos de sessão para te acompanhar). Agora tens contigo a Sotte.
- Podes apresentar-nos a tua parceira?
Sotte é uma artista como eu gosto. Ela também tem o seu projeto a solo (que se chama Sotte). Trata-se de música noise ambient, no qual “trabalha” intensamente. Adoro a sua abordagem crua e sem rodeios no seu estilo. Ouvi um pouco de uma demo em que ela gritava como em «Emprise» e fiquei logo enfeitiçado pela sua voz. Depois temos bandas em comum como Luror, que não são nada banais!
- Onde é que se encontraram?
Muito simplesmente num concerto de Doom perto de onde vivemos.
- O que trouxe ela ao projeto? Trouxe imensas coisas. Não tenho jeito para escrever as letras, enquanto que ela tem. Graças à sua voz e às letras que ela faz, pude terminar a composição e dar coerência ao conjunto.
Podes explicar-nos por que razão o álbum se chama «Emprise»? No álbum, eu e a Sotte falamos do nosso passado, do que vivemos debaixo do domínio de uma pessoa tóxica e sob a influência da droga, do álcool, etc. «Emprise» sintetiza tudo isso.
Desta vez, a ilustração para a capa do álbum é da autoria de Derek Setzer e não de Jo Mot Rot (o teu irmão).
- Por que escolheste um outro artista e porquê este?
Em 2019, descobri o Derek num artigo do site Cult Nation. Fiquei logo apaixonado por esta ilustração. Entrei em contacto com ele e comprei-lha com o propósito de a utilizar no álbum vindouro. Mas continuo a gostar imenso do trabalho do meu irmão. As últimas ilustrações que ele fez são fantásticas. Tens de ir ver a sua página no Instragram: https://www. instagram.com/jomotrot/
- Que relação existe entre esta mulher nua cuja cabeça parece ter-se transformado em vapor e o teu álbum?
A meu ver, essa mulher, numa posição quase tranquila, apaziguada, deixa-se controlar pelos seus demónios, está sob a sua influência.
Mas não quero impor a ninguém a minha maneira de interpretar a capa do álbum. A ilustração é suficientemente abstrata para que cada um possa vê-la à sua maneira.
Que planos fizeram com a LADLO para dar a conhecer o álbum? [É bastante underground, mas isso não diminui o seu valor, antes pelo contrário.]
A LADLO é uma editora fantástica. Adoro trabalhar com eles. Eu não me ocupo minimamente da promoção, limito-me a falar com os fãs e a partilhar artigos dos sites e dos blogues que se dão ao trabalho de escrever sobre Time Lurker.
Pensam fazer concertos?
Sim! Mas não é fácil passar Time Lurker para o palco. Não vai acontecer para já.
Tens uma família muito musical. Os teus tios continuam no ativo?
O meu tio continua a fazer música sozinho com os seus sintetizadores. E continua a ser a muito bom. A banda Catacomb voltou ao ativo com o guitarrista e o baixista originais, mas sem o meu tio e a minha tia.



Saudações, Jeff! Espero que estejas bem.
Da última vez, falamos de Kesys. Desta vez, trata-se de Prisme. Para começar, gostaria que nos falasses um pouco deste projeto. Também gostaria que mencionasses os outros elementos da discografia da banda.
Jeff Grimal – No ano passado, tive vontade de criar algo lento e sombrio. Tudo começou com “Fracture Void”, a primeira faixa que compus. Faz parte deste EP, mas com uma mistura diferente. Este título combina Dark Ambient e Doom, com um final maciço e quase grandiloquente, acompanhado por coros. Junteilhe samples e texturas sonoras para lhe dar um lado Industrial acentuado. Como as reações foram muito positivas, disse de mim para mim: “Por que não aprofundar esta experiência?” E foi assim que nasceu este EP com cinco títulos, situados algures entre o Doom, o Sludge e o Industrial. De momento, Prisme só tem um lançamento: este EP.
Também já te entrevistei sobre Citadel. Os três projetos são diferentes, mas parece-me que
Música caleidoscópica
Para Jeff Grimal, o seu novo projeto – que dá pelo nome de Prisme – funciona como uma espécie de caleidoscópio musical, sempre a mostrar novas paisagens sonoras ao ouvinte
Entrevista: CSA
têm um ponto de contacto: na minha opinião, os três mantêm uma relação com o espaço sideral. Concordas comigo?
Em parte, sim. Mas é mais do que isso. Citadel trata de energia, de planos astrais e do que se passa no nosso corpo, com uma boa dose de drama e um pouco de luz que ressalta disso tudo. Os temas de Kesys evocam o espaço, mas, antes de mais, convida à pausa, à reflexão, a encontrar um pouco de calma neste caos. Prisme resume um pouco a nossa existência, ou antes, o nosso aprisionamento. Começamos no ventre da nossa mãe, a primeira cela, que nos protege, mas que também nos encerra. Depois, chegamos a este mundo e aí encontramos outras formas de cativeiro: a escola, a casa, o trabalho, essas gaiolas douradas em que nos ensinam a seguir regras, a aceitar limites. E depois, tal como a cereja no topo do bolo: acabamos todos o nosso percurso numa caixa, o nosso caixão. Na realidade, caímos todos na mesma armadilha. Não vale muito a pena ter em conta até que ponto são douradas ou escolhidas, são sempre formas de te limitar. Tens um corpo que te limita, um planeta que te força a correr atrás de ilusões. Prisme chama a atenção para essa realidade: estamos todos encerrados em prisões, algumas
mais cruéis do que outras, mas todas constrangedoras.
Parece-me que o som de Prisme gira em torno do Metal Industrial. Exatamente. Sou fã dos álbuns antigos de Godflesh e Ministry e essas bandas exercem uma grande influência neste projeto. Neurosis, com o álbum «Enemy of the Sun», também me inspira. Acrescentar samples, ruídos e camadas de teclados agressivos reforça o lado industrial.
E – a propósito de elementos – o que podemos encontrar no som de Prisme?
Há guitarra, muita guitarra, 5 ou 6 pistas por faixa, e uma quantidade astronómica de ruído e de samples fundidos para criar esse som. Alguns samples são quase inaudíveis, limitam-se a juntar algum ruído ao conjunto, mas, sem esse ruído, a música não tem a mesma qualidade para mim. É importante dar à música um lado sujo e acrescentar samples é a melhor maneira de o fazer. Também há que ter em conta os meus vocais gritados, a que eu já não recorria há algum tempo. Gravar este EP fez-me um bocado mal à garganta. Hahaha!
Tens algumas referências especiais, bandas que te inspirem? Sim, como já referi anteriormente, sinto-me muito influenciado por

“No ano passado, tive vontade de criar algo lento e sombrio. […] De momento, Prisme só tem um lançamento: este EP.
bandas de Metal Industrial e de Sludge dos anos 90: Grotus, Ministry, Godflesh, no que toca ao lado industrial; Neurosis, da época em que eles ainda estavam em pleno caos, com «Enemy of the Sun» e «Through Silver in Blood». Também Isis, mas muito menos que Neurosis. E depois também há Lustmord, no que toca ao lado Dark Ambient, para tornar o conjunto ainda mais tenebroso.
Se eu percebi bem, Prisme começa e acaba em ti. Como te organizaste para fazer este EP? Sim, eu faço tudo de A a Z. Como me organizo? Ligo o Reaper, ligo a minha guitarra e ou encontro um riff naquele momento, ou já tenho na cabeça o ritmo que pretendo. Coordeno tudo de forma instintiva, como num laboratório, sem plano preciso. A única coisa que sei à partida é que quero algo insalubre e caótico, com um ambiente de fim do mundo. Alguns cafés (ou cervejas, de acordo com a minha disposição do momento) e
eis-me lançado em noites inteiras de composição, de mistura e de experimentação sonora de gosto duvidoso.
Pediste ajuda a alguém? Não, mantenho-me sozinho neste projeto.
Podes elucidar-nos sobre as ideias principais das letras destas canções? [O comentário no Bandcamp fez-me pensar no Espaço 1999, uma série que passou em Portugal no fim dos anos 70 e que eu adorava. Também eles andam à deriva no espaço na sua base depois de uma explosão ter feito a lua sair da sua órbita.]
Prefiro deixar no limbo o sentido dos títulos e das letras. Algumas faixas são muito pessoais e não quero que as pessoas saibam o que está por trás delas. Quem ouve as canções pode imaginar o que quiser sem precisar de ter as letras à mão e está muito bem assim. As respostas que dei às tuas perguntas anteriores ajudam quem quiser a construir o seu próprio mundo e a sua história com a minha música.
O paralelo que estabeleceste com a série Espaço 1999 está muito bem visto! Descobri essa série nos anos 80, quando era um miúdo e sou um grande fã dela. Realmente, é possível estabelecer uma ligação entre Prisme e esse enredo, em que as personagens estão presas na lua depois de uma explosão que a tirou da sua órbita. Vagueiam no espaço, presos na sua base, sem a possibilidade de regressar à Terra… Isso está bem ligado ao ambiente do projeto, não é?
Na minha opinião, este EP daria uma boa banda sonora para um filme de ficção científica. Que pensas disto?
Sim. Imagino um mundo no estilo de Blade Runner ou de 1984, onde reina um regime totalitário, opressivo, em que as pessoas são permanentemente vigiadas. Mas, felizmente, nós vivemos numa época livre e democrática, hein?
Hein? É melhor nem pensarmos nisso.
A capa do álbum lembra-me as imagens de um caleidoscópio. Adorava esse brinquedo! Como a associas às faixas do EP?
O caleidoscópio? Aquele instrumento que te faz crer que, se lhe deres mais uma volta, tudo fica mais bonito e mágico… quando, na realidade, se trata de fragmentos de coisas partidas que se misturam. Realmente, é um pouco como o meu EP: fragmenta-se, reorganizase, lança-te sons e, no fim, ficas a interrogar-te sobre se aquilo tem algum sentido, ou se é apenas um caos organizado. Mas é o caos que torna as coisas interessantes, não é assim?
Este EP vem anunciar um futuro álbum?
Sim, vem aí um álbum, mas vai ser preciso esperar um pouco. Preciso de recuperar o fôlego. E tenho muitas coisas a pôr em ordem, para mostrar que continuo ativo, mesmo quando estou a fazer uma pausa.
Mais uma vez, lançaste um disco sem editora. Esse sistema funciona?
Não sei se é a melhor forma de fazer as coisas, mas, para já, é assim que quero fazer. Talvez procure uma editora para os próximos lançamentos, mas, como é cada vez mais complicado ter respostas positivas, estou cada vez mais fã deste sistema “faço tudo eu próprio”. Pelo menos, posso barafustar sozinho.
Tens planos para promover o teu EP para além de o passar no Bandcamp?
Estou a aguardar a chegada de algumas críticas e é claro que continuo a invadir as redes sociais com o meu EP. Se não me autopromover, quem o vai fazer por mim?


Os mistérios da morte
Dan Capp (Wolcensmen) encontra Grànt, o frontman de Gràb. Da conjugação dos dois talentos nasce uma nova era para uma banda que, apesar de ainda só ir no seu segundo álbum, já se impõe na cena Black Metal. Com «Kremess», os dois juntam música e poesia para debater um tema nunca demasiado tratado: a morte e tudo o que ela significa para o ser humano.
Entrevista: Cristina Sá

Saudações, Dan! Espero que estejas bem! Lembro-me da tua banda chamada Wolcensmen. (Se não estou em erro, o nome da banda significa “os que têm a cabeça nas nuvens”.) Entrevisteite sobre essa banda para a Versus Magazine. O que lhe aconteceu?
Dan Capp – Saudações. Wolcensmen ainda existe, mas já passaram mais de cinco anos desde que lancei o último álbum. Desde essa altura, só fiz covers de canções: “Xavier”, de Dead Can Dance, “With Strength I Burn”, de Emperor, que gravei nestes últimos anos. Tenho-me focado em Gràb e noutros projetos musicais, mas, num futuro próximo, haverá mais música de Wolcensmen. A palavra “Wolcensmen” tem vários significados: o que mencionaste é um deles, mas também pode significar “homens nos céus” (mas atenção: a palavra “céu” aqui remete para uma conceção précristã).
Agora fazes parte de Gràb. Como é que isso aconteceu? [Reparei que ainda não eras membro da banda, quando esta lançou o seu primeiro álbum.]
É uma história estranha e fortuita.
Às vezes, trabalho como artista gráfico. O Thor da Trollmusic pôs o Grànt de Gràb em contacto comigo para fazer o layout da edição em vinil do primeiro álbum da banda: «Zeitlang», lançado em 2020. Ele e eu trocámos muitos mails e entendemo-nos muito bem a nível pessoal, até porque ambos gostamos muito do estilo e atitude do Black Metal dos anos 90. Quando saí de Winterfylleth, no fim de 2020, o Grànt sugeriu que poderíamos trabalhar juntos um dia destes. Há muitos anos que andava a compor um álbum para um novo projeto de Black Metal e decidi que ele tinha de ser o vocalista dessa banda. Vejo-o como um dos melhores vocalistas de Black Metal da atualidade. Ele aceitou e, quando ouviu as minhas composições, gostou tanto que, quando o Gråin, o anterior guitarrista e compositor de Gràb se foi embora, o Grànt decidiu que eu tinha de o substituir. Isto aconteceu em 2022.
Quando aceitei fazer parte de Gràb, a banda era apenas um projeto de estúdio, não fazia concertos. Mas bem depressa nos convidaram para participarmos no Prophecy Fest. O Grànt tinha
encontrado músicos para tocarem ao vivo e, portanto, eu concordei em participar nessa aventura. Continuamos a tocar, mas só em eventos muito seletos.
A propósito, o tal “novo projeto de Black Metal”, para o qual eu andava a escrever canções e em que eu queria ver o Grànt como vocalista, ainda está por desenvolver. Comecei a escrever material novo para Gràb em 2022 (embora tivesse usado alguns riffs de há 15 anos atrás). Apesar de me terem dado muita liberdade, eu também queria respeitar o estilo estabelecido pelo primeiro álbum: «Zeitlang». O outro projeto de Black Metal é um pouco mais agressivo e talvez um pouco mais de vanguarda.
Adorei este álbum. O que significa o título («Kremess»)?
“Kremess” é uma palavra antiga do dialeto bávaro que se refere a uma refeição servida quando há um funeral. É claro que eu não falo esse dialeto, por isso tenho de confiar na explicação dada pelo Grànt. A edição de «Kremess» que inclui um artbook incluin traduções para Inglês das letras maravilhosas que ele escreveu.

“[…] o álbum foca-se na morte e também nas promessas falhadas da vida contra as quais temos de lutar. Nem todos os humanos têm a sorte de lhes servirem um prato cheio de uma existência positiva.
Os títulos das canções são muito sinistros (como deve ser quando se trata de uma banda de Black Metal). Pressuponho que giram à volta do conceito central do álbum. É assim?
Sim. O Grànt seria capaz de explicar melhor, mas vou tentar falar por ele. O tema central do álbum é a morte. O Grànt começou a lidar com a difícil experiência da morte muito cedo. O menino que figura na capa do álbum é ele a quem a morte está a servir vazio. Há também canções que tratam de contos bávaros muito tétricos. Por muito “genérico” que isso possa ser, o Black Metal tem de ser tenebroso. É algo que não é negociável. Sou um grande fã do primeiro álbum da banda, mas, na minha opinião, «Kremess» é mais tenebroso. Sempre me senti muito confortável a compor música tenebrosa e o Grànt sempre se sentiu confortável a escrever letras tenebrosas. Deve ser por isso que nós somos um par feito no céu.
A capa é absolutamente fantástica e totalmente sinistra.
- Como se organizaram com o Benjamin König para ele criar este quadro?
Isso foi obra do Grànt, decorre da sua visão. Ele é amigo do Benjamin. Com base no título do álbum e no seu conceito, veio-lhe esta ideia à cabeça e o Benjamin ilustrou-a de uma forma perfeita.
- Como se relaciona com os temas tratados no álbum?
Para além do que já referi anteriormente, o álbum foca-se na morte e também nas promessas falhadas da vida contra as quais temos de lutar. Nem todos os humanos têm a sorte de lhes servirem um prato cheio de uma existência positiva.
E como é que os dois membros de Gràb se organizaram para criar este álbum?
Quando fui convidado para fazer parte de Gràb, ficou logo decidido que iríamos começar a trabalhar num novo álbum.
Não era nenhuma urgência, nem tínhamos pressa, mas a minha maior paixão na vida é compor música, portanto fiquei encantado por ter uma nova oportunidade de me exprimir. Ao mesmo tempo, o Grànt começou a trabalhar nas letras e nos conceitos. Embora eu tenha composto toda a música (exceto “Waldeinsamkeit”, que foi composta pelo Markus ‘Schwadorf’ Stock), o Grànt trabalhou comigo em todas as canções. Houve algumas ideias minhas que ele não considerou adequadas a Gràb e também sugeriu alterações para a estrutura de algumas das faixas.
A vossa editora revela que tiveram vários convidados neste álbum (incluído o Markus Stock, que também gravou, misturou e masterizou o álbum). Como aconteceram estas colaborações?
O Markus e o Grànt são amigos há muitos anos. Também participou no álbum anterior – «Zeitlang» –tocando saltério numa das faixas. Enquanto estávamos a escrever «Kremess», também estávamos a preparar alguns concertos e o Markus aceitou participar como segundo guitarrista. Passámos muito tempo juntos e o Grànt e eu decidimos que queríamos que o Markus produzisse «Kremess». Ele também acrescentou belas passagens de sintetizador a algumas faixas e fez um excelente trabalho na mistura, como sempre. O Sebastian Schneider tocou a bateria no álbum e devo dizer que penso que o desempenho dele foi excelente, cheio de vida e energia. Detesto bateristas que soam como robôs e o Sebastian não é nada assim, apesar de ser muito organizado, à boa maneira alemã. O Thomas Helm, de Empyrium, fez coro em duas canções, com imensa qualidade, como seria de esperar. Ter o Markus e o Thomas a participar neste álbum é, para mim, uma honra. Apesar de não serem muito mais velhos do que eu, sou fã da sua música desde os anos 90. O Komalé Akakpo compôs e tocou saltério em «Zeitlang», logo também lhe pedimos para tocar
no segundo álbum e ele não nos desapontou.
O V. Santura e o Florian Magnus ‘Morean’ Maier são velhos amigos e companheiros de banda de Grànt.
Não tenho a certeza de como o Grànt veio a conhecer a Johanna Rehm e o Peter Honsalek, mas estamos gratos a ambos por juntarem um pouco mais de magia ao álbum.
Por fim, gostaria de mencionar o Peter Kubik (RIP) de Abigor. No início, estava previsto que o Peter ia compor uma secção de música para o álbum, o que era um enorme honra para nós, já que somos fãs de Abigor há muito tempo. Infelizmente, feriu-se numa mão de forma muito grave e não conseguiu fazê-lo. Alguns meses depois, suicidou-se. Mas antes ainda tive o prazer de o conhecer no festival House of the Holy, nos Alpes austríacos. Por isso, dedicamos-lhe o álbum.
Mudou alguma coisa entre este álbum e o primeiro (para além da formação)?
Ficamos mais velhos, é claro, e talvez mais cínicos em relação ao mundo e à cena Black Metal moderna. Pela minha parte, pretendia mostrar à “cena” como é que o Black Metal deve soar. Alguns chegaram lá, outros não. «Kremess» é mais agressivo, mais
tenebroso, mais dinâmico do que «Zeitlang», na minha modesta opinião que não é forçosamente humilde.
O que mudou mais… bem, Gràb passou a tocar ao vivo e «Zeitlang», merecidamente, teve muito êxito. Quando estávamos a compor «Kremess», já era uma banda respeitada e amada, portanto, com este álbum, esperamos provar que merecemos esse estatuto.
Em que medida a tua presença na banda afetou o som de Gràb? Como já referi, penso que o som se tornou mais agressivo, mais tenebroso e mais dinâmico. Detesto usar progressões de acordes e fórmulas semelhantes para as canções. Portanto, pareceme que a gama de sentimentos neste álbum é mais variada. Também adoro linhas de baixo interessante, o que não acontecia com o anterior guitarrista (pelo menos, de acordo com o que me disseram). Logo, o baixo tem um papel importante neste álbum. Além disso, também me aprouve juntar ao som guitarra clássica, flauta e viola de arco – o tipo de coisas que se podia ouvir nos primeiros álbuns de Abigor, Satyricon e Ulver.
Por que chamam ao vosso som Bavarian Black Metal?
Porque as letras estão escritas em
dialeto bávaro, porque algumas se inspiram em contos populares e tradições culturais da Baviera e ainda porque a banda foi formada por um nativo da Baviera. Em termos musicais, o saltério também contribui para dar à nossa música um sabor bávaro. Posso ser inglês, mas tenho um imenso respeito pela cultura bávara e estou encantado por poder promovê-la através do meu trabalho em Gràb.
Têm algumas referências especiais, outras bandas que te tenham influenciado?
É claro que sim! As maiores influências para mim serão sempre Burzum (dos primeiros tempos) Satyricon, Bathory, Abigor, Empyrium, Dissection. Não me dou ao trabalho de referir bandas obscuras. Nos anos 90, as bandas mais conhecidas eram geralmente as melhores. Atualmente, não é esse o caso. Não me atrevo a avançar com grande informação no que toca ao Grànt, mas sei que ele se sente profundamente influenciado por Burzum e Gehenna, entre outros.




A culpa é do cemitério…
Por: Emanuel Roriz


Sepultura - “Chaos A.D.” (1993)
Eu teria seguramente uns 6 ou 7 anos de idade, no máximo, quando ouvi pela primeira vez a brutalidade dos Sepultura soar de umas colunas numa qualquer aparelhagem Hi-Fi. O som quente das guitarras do Max Cavalera e do Andreas Kisser, o tresloucado ribombar provocado pelo par de baquetas do Igor Cavalera, o baixo do Paulo que também lá estava, embora eu não o soubesse, a garganta do Max a provocar o desassossego social através da acusação e denúncia.
Teria sido um feito de grande orgulho para mim, que esta escuta, com esta idade, tivesse sido feita por curiosidade própria, mas não. Só uma gloriosa mentira poderia transformar tal feito em verdade. Mas a memória ficou gravada. Numa certa tarde enquanto entrava em casa de um amigo da minha rua, para que juntos fossemos a pé até à escola, o seu irmão mais velho já tinha idade para descobrir os Sepultura por ele próprio e para ter o CD do Chaos A.D. a rodar, enquanto a altos berros saltava de sofá em sofá, com a própria mãe em competição com o Max, a correr atrás dele e a ordenar que desligasse aquela música. Pode a memória estar a tentar engrandecer o momento, mas parte de mim ainda acredita que estas ordens foram dadas de vassoura em riste. Ora, o heavy metal não foi feito para se ouvir com volume baixo, nem para ser desligado, assim como também não é um tipo de música para “toda a gente”…pelo menos à primeira vista. Tudo aquele novelo familiar foi possivelmente o que mais me impressionou naquele dia, mas a sonoridade das palavras - Chaos A.D. - também se colou ao meu cérebro. Até porque entre a frequência da escola primária, 2º e 3º ciclos, estas continuaram a ser mencionadas cada vez por mais amigos. Mas eu mantive a minha distância de segurança. Entendia bem melhor o que se passava

num disco do Bryan Adams, dos Resistência ou até dos Silence 4…
Foi só depois de já ter digerido bem o disco “Primitive”, o segundo dos Soulfly, que percebi que era importante comprovar a história dos Sepultura, com ouvidos, punho e pescoço. Sem hesitações, na mesma ida à Carbono dos Granjinhos, comprei o Chaos A.D. e também o Roots. Talvez derivado da cronologia desta história e da discografia da própria banda, comecei por dar atenção ao disco de 1993. Talvez por já o ter ouvido ao longe em várias ocasiões, foi como abraçar um velho conhecido. Um disco com uma abertura ímpar, icónica, com o grito sempre urgente de “Refuse/Resist”; a

tribalidade do toque de bateria do Igor Cavalera no início da “Territory”; as letras e as imagens tão explícitas quanto a violência que acontecia no Brasil, todo o trabalho gráfico que o acompanha… “Propaganda”, “Biotech Is Godzilla”… Estas são apenas algumas das estacas que fazem com que traga este disco amarrado à minha memória. Tudo isto se transformou num apego que faz com que o vá visitando, com muito prazer , de tempos a tempos. Pena que não possa esperar pela faixa escondida, que se encontra situada minutos depois de terminar a “Clenched Fist”. Essa pérola apenas figura na edição original…quem ainda a tem?



Metal transcendental
É nesta direção que apontam os três últimos álbuns de …And Oceans, uma banda finlandesa
que combina Black Metal com outros elementos do espetro da música extrema para refletir filosoficamente sobre a vida e os seus mistérios.
Entrevista: CSA | Fotos: Mikko Parkkonen - Aarni Visuals
Saudações! Espero que estejam bem!
Entrevistei-vos pelo vosso álbum anterior («As in Gardens, So in Tombs», 2023).
Como foi esse álbum recebido pelos fãs e pela imprensa? A receção do álbum foi ao encontro das expetativas da banda?
Timo – A reação a esse álbum foi extraordinária. Mesmo alguns fãs antigos disseram que era o melhor material que nós tínhamos feito até agora. É muito frequente as pessoas dizerem que os dois primeiros álbuns são os melhores,
mas agora há cada vez mais pessoas que preferem as nossas últimas oferendas. Parece que vamos na boa direção! É claro que ficamos sempre contentes com o novo material que lançamos. Doutro modo, nem estaria no álbum. Não é que tenhamos algumas expetativas em especial, mas é claro que é fixe as pessoas gostarem do nosso material novo.
Dois anos depois, cá temos um novo álbum. A vossa editora afirma que ele apresenta todas
as fases musicais da banda. Concordam com eles? Podem dar alguns exemplos disso relacionados com canções neste álbum? [De qualquer modo, reparei que as canções são realmente diferentes umas das outras, mas que, ao mesmo tempo, têm um ar de família.] Timo – De certo modo, sim. Para mim o som básico é sempre o mesmo. …And Oceans têm um som Black Metal melódico/sinfónico ou outra coisa qualquer que lhe queiras chamar. Depois vamos experimentando um pouco com
diferentes tipos de sons e até ritmos. Talvez haja uma coisa nova pelo menos para mim: o facto de se poder encontrar neste álbum diferentes tipos de riffs.
Foste tu que compuseste a maior parte das canções como de costume? E qual foi o contributo dos outros membros da banda?
Timo – Eu compus seis faixas neste álbum (tendo como referência a versão que inclui as bonus tracks). Depois gravei as guitarras todas para mais cinco, que são as canções do Antti, inicialmente criadas nos teclados. O Teemu fez uma canção para o álbum. Depois, o Pyry gravou as linhas de baixo, etc. É claro que o Kauko se ocupou da bateria e também deu ideias para as estruturas das canções. Aliás, todos fizemos isso. O Mathias escreveu as letras e os arranjos para as canções.
Mathias – Escrevi as letras para os três últimos álbuns.
Foi difícil para o Mathias adaptar a sua voz às várias canções? [Adoro o contraste entre a música etérea e a voz muito áspera. Resulta muito bem.]
Mathias – É claro que não. Fui eu que fiz os arranjos e conheço bem os limites da minha voz. Fico contente por ver que te agradaram.
O título que escolheram – «The Regeneration Itinerary» –despertou a minha curiosidade. O que significa?
Mathias – Refere-se a uma espécie de guia para o renascimento espiritual. O álbum trata da jornada através da luz, das trevas e de tudo o que se situa entre estes dois polos em direção à transcendência pessoal.
Mais uma vez têm uma capa maravilhosa feita pelo Adrien Bousson. De que forma se relaciona com o tema principal do álbum?
Mathias – As últimas capas estão realmente muito ligadas às letras e ao tema global dos álbuns. Mais uma vez, enviei as letras quase
completas e uma breve explicação do conceito ao Adrien, quando ele começou a dizer que ia dar início ao processo de gravação. Depois ele tirou ideias e elementos das minhas letras para fazer a capa do álbum. No livrinho que acompanha o álbum haverá elementos ainda mais diretamente relacionados com cada uma das canções! Posso dizer-te que será espantoso!
Do meu ponto de vista, esta capa realça o lado cósmico do álbum. Concordas comigo?
Mathias – Sem dúvida! Também me parece que esta capa dá uma imagem intrincada do que se passa na cabeça de alguém, quando começa a expandir a sua mente e a descortinar as conexões entre tudo o que nos rodeia, tudo o que já existiu e tudo o que irá existir.
Há alguma relação entre este álbum e o seu predecessor no que diz respeito ao tema central?
Mathias – Eu diria que estes três “álbuns de regresso” desempenham um papel importante num esquema maior! De uma forma não intencional, acabaram por se converter numa espécie de trilogia.
Fizeram muitos concertos para promover o outro álbum?
Timo – Fizemos alguns concertos de lançamento do álbum aqui na Finlândia. Depois tocámos em alguns festivais no verão e fizemos uma digressão na Europa durante o outono.
E para este álbum? Haverá concertos ou digressões para promover «The Regeneration Itinerary»?
Timo – Sim, já temos bastantes concertos confirmados e estamos a planear outros. Mas vamos ver quais deles se concretizarão. Também temos uma digressão europeia na forja.
Quais são as vossas expetativas relativas a este álbum?
Timo – É claro que queremos atingir o nível acima com este álbum. Fazer mais concertos e

tocar em festivais maiores. Visitar novos continentes e países. É claro que nos estamos a desafiar a nós mesmos em termos musicais a cada álbum que fazemos. É interessante ver que canções resultam nos concertos ao vivo e quais as que não funcionam. Penso que algumas delas funcionarão a 100%.
Já pensaram em vir tocar a Portugal um destes dias?
Timo – Isso seria fantástico! Sabemos que há grandes festivais aí, portanto seria fantástico poder tocar num deles. Portanto, promotores, memorizem o nome da nossa banda! Devíamos ter tocado aí em 2001 com Marduk, Behemoth e mais algumas bandas. Mas quando Behemoth desistiu da digressão, nós seguimos o seu exemplo. Acho que a ideia era ir para aí de autocarro. Mas, realmente, gostaríamos muito de visitar o vosso país e tocar aí.
Que mensagem podem deixar aos nossos leitores para fazer com que eles queiram ir a um dos vossos concertos?
Timo – É difícil fazer isso, porque eu ainda não vi a nossa banda a tocar ao vivo… Agora falando a sério: já nos disseram que soamos muito bem ao vivo e todos sabem que haverá uma setlist muito versátil saída de todos os nossos álbuns. Haverá algo especial para todos!



A luzir na cena Metal há um pouco mais de dez anos, Selvans chega ao momento de encerrar a sua peregrinação pela mão de Luca del Re (aka Selvans). Deixa-nos uma trilogia de que «Saturnalia»
é o momento final.
Entrevista: CSA
Saudações! Recebi com muita tristeza a notícia de que esta banda ia acabar. Por que tomaste essa decisão?
Selvans – Já era de esperar desde o início. Nunca vi este projeto como uma banda que ia “atravessar os mares” dos êxitos e dos insucessos, de ter membros novos e membros antigos e por aí adiante. Selvans surgiu dos confins da minha mente há 10 anos atrás e é para aí que vai voltar no fim deste ano.
O que vais andar a fazer em termos musicais?
De momento, não estou
interessado em me dedicar a fazer mais música. Estou focado na ideia de me despedir do meu pior amigo: Selv.
Deste-nos «Lupercalia», «Faunalia», «Dark Italian Art» (EP) e agora «Saturnalia». Excluindo o EP; podemos ver estes três álbuns como uma trilogia?
Têm de ser vistos assim. A trilogia foi o que o vil Selvans me trouxe assim que se manifestou na minha mente.
Há alguma relação entre os temas centrais destes álbuns?
Todos fazem alusão a festivais dos antigos Romanos.
Como foi fazer este álbum? [Deve ter sido um trabalho insano, porque tinhas de lidar com muitas coisas e pessoas.]
Foi muito difícil manter todas essas pessoas focadas. O álbum consumiu quatro anos de trabalho e envolveu diversos estúdios em Itália, mas estou satisfeito com o resultado final.
Como conseguiste a colaboração da orquestra e do coro?
Tenho um amigo meu que faz parte da orquestra. Para o coro,

“[…] Selvans surgiu dos confins da minha mente há 10 anos atrás e é para aí que vai voltar no fim deste ano.
escolhi Stefano Puri (ex-Spiritual Front) e a sua Officina Corale. Em poucas horas, fizeram um trabalho fantástico.
Calculo que isto tem algo a ver com a tua outra carreira no teatro musical, não é assim?
De um modo geral, as pessoas pensam que a minha experiência como ator de teatro musical tem algo a ver com o espírito deste álbum, mas não é esse o caso.
Se decidires fazer concertos centrados neste álbum, como vais adaptar as canções? [Imagino que não vais poder ter todos estes músicos contigo no palco.]
É Heavy Metal clássico. Logo, as guitarras desempenham um papel central na sua produção.
A música neste álbum é mesmo selvagem. Como a descreverias?
Trata-se de um álbum Rock/Heavy Metal que mantém uma ligação com as minhas raízes no Black Metal.
Este álbum lembra-me uma banda francesa que faz parte do catálogo da LADLO chamada Pensées Nocturnes que entrevistei há uns anos atrás sobre um álbum intitulado «Le Grand Guuignol». O
que pensas desta ideia?
Discordo. Respeito essa banda, mas a minha música não é de vanguarda, nem se baseia em nenhuma atitude circense. Se ouvires as canções, constatarás que têm uma natureza Black/ Heavy Metal, não figura nelas nenhum acordeão ou instrumento folclórico. Apresentam apenas influências progressivas do Dark Prog italiano (do estilo de Goblin ou Fabio Frizzi) e umas pinceladas de abordagem teatral em algumas passagens faladas com a orquestra no fundo.
A tua editora sublinha o facto deste álbum ser todo cantado em italiano. Por que fizeste essa opção especificamente para este álbum?
Foi um ponto de chegada. Em Itália, as bandas e a audiência têm medo da sua língua nativa e eu sou um provocador. Sou Gabriele D’Annunzio.
Que tópicos abordas nas letras das canções?
Histórias de horror e pesadelos italianas ao longo das épocas.
A capa é absolutamente fantástica. A Sheila Franco não podia ter feito melhor: temos uma
entidade que representa o espírito do álbum e uma miríade de outras entidades nas quais podemos ver uma referência a todos os músicos presentes neste álbum. Destelhe algumas dicas ou deixaste-a trabalhar sozinha?
Ela é o melhor ilustrador de Metal. Dei cabo da vida dela, porque sou um control freak, mas o resultado fala por si.
Podes resumir a história de Selvans (a banda) em algumas palavras?
O delírio de um megalómano encharcado numa mescla de liberdade artística e de uma atitude “estou-me nas tintas para tudo”.



ÁLBUM VERSUS

Dream Theater
«Parasomnia»
(InsideOut Music)

Nunca pensei escrever sobre os Dream Theater. É uma banda que adorei há muitos anos, mas também houve períodos em que não me disse nada e outros até que desprezei. A banda tem uma história já longa, pouco comum pois conseguiu ser um dos símbolos máximos do metal progressivo e arrecadou com a paixão dos fãs de metal que procuravam composições complexas, com muito foco na técnica e na componente instrumental da música. A banda faz este ano 40 anos e o primeiro lançamento deles foi em 1989. Desde então a banda tem somado uma progressão (não foi para fazer uma piada) incrível, com relativamente poucas alterações na sua formaçãosendo a mais saudosa a partida do Kevin Moore, a mais mediática a saída do Mike Portnoy e a mais determinante a chegada do Jordan Rudess. A banda foi sempre marcada pela forte presença do John, complementada pelo Mike e acentuada pelo Jordan. Aliás a chegada do Jordan mudou muito o jogo, desde o primeiro trabalho - Metropolis part 2 - que apanhou tudo e todos de surpresa. O lançamento seguinte (Six degrees of Inner Turbulence) ainda tentou ser algo que poderíamos chamar de experiência, mas os trabalhos que seguiram mostram ser a mesma linha de expressão - DT a ser DT. Até Portnoy sair, que levou a banda a fazer uma muito mediatizada série de audições para um novo baterista (que fez lembrar Metallica e a sua procura por um baixista) e acabou por escolher Mike Mangini. Uma máquina humana. Mangini manteve-se por 5 álbuns (10 anos) e os fãs ficaram doidos quando souberam que Portnoy ia voltar. O que nos leva a este álbum. Onde se volta a ouvir John e Mike juntos, a buscar momentos de brincadeira e complexidade rítmica. Neste álbum ouve-se dois melhores amigos do mundo a reunir-se e a brincar juntos como se nunca se separaram. Ouve-se isso na faixa de abertura “In The Arms Of Morpheus” (que osmose perfeita entre eles) mas especialmente na “Night Terror” - MIKE VOLTOU! E Jordan alcança-os sem problema e mete a sua garra em temas como “A Broken Man” (incríveis pontes e solos) e “Midnight Messiah”. Myong continua sem partes de destaque (cada vez tem menos espaço para isso) e nem a voz do Labrie consegue estragar este grande trabalho!
[9/10] - Adriano Godinho

Por: Emanuel Roriz

Dan Swäno é um nome que não deve ter escapado a quem tem prestado, ou prestou, alguma atenção ao geográfico swedish metal, que é em muita da sua essência, e materialização, o death metal oriundo deste país escandinavo. Seja na sua vertente mais ao estilo de Gotemburgo, ou mais do tipo de Estocolmo, o multi-facetado artista sueco terá lugar reservado no museu da música de peso escandinava. Opeth, Ghost, Marduk, Bloodbath, Dark Funeral, Katatonia, Therion…estes são apenas alguns dos nomes aos quais Dan Swäno aparece ligado de alguma forma. Ou como instrumentista, ou desempenhando algum papel técnico. Perante tamanha exposição, o seu nome há-de ser familiar ao ouvido, mas há um acto que talvez seja o que mais destaques lhe tenha oferecido. É com o projecto Edge Of Sanity que o artista, chamemos-lhe assim, produz uma das suas mais vastas e emblemáticas discografias. Apenas ultrapassado pelo legado criado com os Nightingale. Ao olhar para o legado dos Edge Of Sanity, cresce em mim a ideia de que este projecto só não está nas bocas de todo o mundo, assim que se fala do death metal sueco, tal e qual estão nomes como, por exemplo, Dark Tranquility, In Flames, Entombed, Unleashed ou Dismember, pois a quantidade de projectos e trabalhos em que o principal mentor se embrenhou acabou também por fragmentá-lo. Quer seja como multi-instrumentista, quer como produtor, assim como mencionei umas linhas atrás, a quantidade de trabalhos em que se envolveu anda na ordem das muitas dezenas. No entanto, é necessário reconhecer-lhes o estatuto de percursores do movimento que deu os primeiros passos na Suécia, no final década de 80. À sonoridade típica do death metal gerado algures entre Estocolmo e Gotemburgo, os Edge of Sanity foram acrescentando elementos, ampliando o espectro da sua música, experimentando combinações que eram novidade, quebrando com a norma, e com isto terão gerado muito possivelmente alguns ódios e amores.
Nada mais do que death metal?
Corria já o ano de 1991 quando lançam o disco de estreia «Nothing But Dead Remains», que é todo ele muito orientado para o death metal, onde se pode sentir até a pulsação da vertente norte-americana, mas também, claro, o ímpeto de muitos dos seus conterrâneos já aqui mencionados. É logo na abertura do primeiro tema,
“Tales…”, que a musicalidade de um sintetizador, muito pouco comum nas bandas do género, nos avisa que os Edge Of Sanity podem ir mais além do esperado, pelo menos em termos criativos. Não é um elemento que esteja constantemente presente, mas em canções como “Maze of Existence” ou “The Dead”, tem as suas aparições, que enfatizam melodias, ambientes frios e tenebrosos. Há já neste disco uma maturidade notória na composição, sendo ele bastante variado, com death metal a várias velocidades, roçando por vezes o doom, pese embora ainda, o facto de os pontos de viragem serem ainda um pouco quadrados, saindo a fluidez das composições a perder.
Mudança de espectro…
Saltando o «Unorthodox» de 1992, aterramos em 1993 e no disco «The Spectral Sorrows». Neste álbum a veia progressiva e experimental fica ainda mais saliente. Continuam a surgir elementos pouco típicos de um disco de death metal, sejam eles os trechos mais artificiais da intro, apadrinhada com o tema-título, e novamente as mãozadas de sintetizador cada vez melhor encaixadas. Naturalmente, sentem-se também as arestas muito bem limadas, com riffs e secções cada vez mais memoráveis. Já o disco vai bem lançado quando encontramos o tema “Lost”, que teria sido uma das experiências mais orelhudas até ao momento. Mas este álbum tem claramente mais para dar, e talvez “Jesus Cries” seja um tema ainda mais marcante. E em que patamar se podem colocar as aventuras do capítulo das vocalizações melódicas, na cover de Manowar e na viciosa ingressão pelo rock gótico em “Sacrificed”? É este último o tema que terá justificado a divergência de Dan Swäno para outros projectos e sonoridades, que já não cabiam em Edge Of Sanity. “Sacrificed” é mesmo uma estação isolada, no meio da essência da banda, pois logo de seguida, “Waiting To Die” e “Feedin’ The Charlatan”, embrulham-nos em mais death metal primitivo e muita atitude punk, respectivamente.
Quebrar barreiras é o caminho.
Se nesta época, fim dos 80 início dos 90, uma banda de death metal que arriscava usar vozes melódicas, assim como a introdução de harmonias, e com covers à mistura, poderia significar um passo largo na direcção do abismo, a verdade é que com os Edge Of Sanity isso não se verificou. «The Spectral Sorrows» não parou de vender, e enquanto estes senhores assumiam que se estavam a preparar para um regresso às suas raízes, eis que decidem continuar a evoluir dentro da seu espectro sonoro. O EP «Until Eternity Ends» funcionou como uma espécie de rampa de lançamento para um disco que traria alguns dos temas mais populares do grupo. Ainda no referido EP, destaca-se a qualidade da composição do tema-título, que se liga muito bem com uma surpreendente cover dos The Police, “Invisible Sun”. No mesmo ano do EP, em 1994, é então editado o proclamado «Purgatory Afterglow». Algo estava a acontecer. O death metal passava a ter espaço para


singles e vídeos que apareciam de forma pouco prevista. Este disco foi marcante para a data, e os temas “Black Tears” e “Twilight” saíram em destaque, permanecendo assim até aos dias de hoje, dentro da sua discografia. Agora que o grupo apresentava uma sonoridade mais apontada ao movimento que já fervilhava na cidade de Gotemburgo, lançavam este disco que voltava à fórmula de um trabalho com uma linha bastante unificada de início a fim.
Infernal…mas não tanto.
Damos mais um salto na discografia dos Edge Of Sanity, pois o mítico «Crimson» não faz parte deste rol de re-edições, e aterramos no disco «Infernal» do ano de 1997. É sabido que no seio da banda havia muita divergência criativa. Dan Swäno e “Dread” remavam dentro do mesmo barco, cada um a seu ritmo. Isto fez com que o disco «Infernal» tenha sido um trabalho com poucos temas memoráveis e em que tema após tema somos atirados em direcções demasiadamente opostas. Por vezes fica a sensação de se ir de frente contra várias amalgamas de riffs pouco aprofundados. As canções encontram-se fragmentadas em partes até bastante relevantes, e outras às quais parece ter faltado tempo e dedicação. Pode não ser um disco à altura do que o legado do colectivo merecia como continuidade, mas serve como último documento de trabalho conjunto das principais mentes criativas da formação clássica dos Edge Of Sanity. A juntar a isso, para o bem


e para o mal, tem-se a identidade inconfundível de Peter Tägtgren, que assumiu o papel de produtor.
No passado houve tempestade…
Este conjunto de re-edições tem como cereja no topo do bolo, especialmente para colecionadores e aficionados mais acérrimos, a compilação «ElegyChapter I», que engloba as primeiras cinco demos gravadas entre 1989 e 1990. «Euthanasia», «Immortal Rehearsal», «Kur-nu-gi-a», «The Dead» e «Dead but Dreaming» congregam um total de 23 temas, entre os quais se encontram alguns que foram mais tarde re-gravados para o primeiro disco, «Nothing But Death Remains». É interessante ver por onde estes músicos, ainda bastante jovens, caminharam enquanto consolidavam a sua abordagem à arte da composição e enquanto preparavam os terrenos que iriam pisar num futuro próximo. Esta foi a fase primitiva dos Edge Of Sanity, uma fase em que já mostravam muita da espantosa diversidade que lhes aflorava.
O conjunto de re-edições promovido pela editora Century Media, estende-se aos discos “Nothing Out Death Remains”, “The Spectral Sorrows”, “Purgatory Afterglow”, o EP “Until Eternity Ends” e a compilação “Elegy - Chapter I”. As re-edições estão na sua maioria a ser feitas de forma dupla, havendo uma edição remix e uma edição remaster. Para a elaboração deste artigo, o autor seguiu as edições remaster.



Por: Emanuel Roriz

“Tenho o prazer de dizer que todas estas velhas músicas nunca soaram tão bem.

Toda a amplitude criativa que habitava, e habita, em Dan Swäno, o mestre das canções, não cabia apenas nos Edge Of Sanity. Quando se percorre a discografia desse seu colectivo primordial, é fácil identificar algumas pistas da necessidade de uma expansão. Canções como “Sacrifice”, do «The Spectral Sorrows», um tema de orientação puramente direcionada ao rock gótico, ou as incursões cada vez mais frequentes, com o passar dos anos, na experimentação de linhas melódicas, de onde podemos tirar como exemplo algumas das passagens do disco «Infernal», e de onde se pode destacar “Loosing Myself”, que os Nightingale viriam a re-gravar mais tarde no disco “Nightfall Overture”, ainda que lhe tenham feito uma remodelação interessante, serão algumas das peçaschave, em que fervilhava a necessidade de uma maior liberdade criativa. Perante estes motes, aos quais se podem seguramente adicionar as divergências e choques criativos que punham Dan Swäno frente a frente com as restantes mentes férteis dos Edge Of Sanity, a criação de um novo projecto para colher toda esta inspiração foi uma solução que o mundo da música pode agradecer. Com um início 100% a solo no disco «The Breathing Shadow» e depois de o irmão “Dag” Swäno se ter juntado para o segundo disco, «The Closing Chronicles - The Breathing Shadow part II», entramos na fase à qual se dedicam as re-edições de catálogo que a InsideOut Music está a colocar no mercado, entre Agosto de 2024 e Março de 2025.
Uma identidade que desponta O disco «I» veio mostrar uns Nightingale bastante mais comprometidos e a extraírem com maior mestria o seu potencial de músicos criadores de canções memoráveis, num processo que parece ter evoluído de forma bastante coerente até à gravação de «Retribution» em 2014. Em termos concetpuais, «I» marcava o fecho da trilogia «The Breathing Shadow», publicada em ordem inversa. Corria neste momento o ano de 2000 e os Nightingale começavam a deixar marcas intemporais com canções como “Scarred For Life”, “Still In The Dark”, “The Game” ou o único e bem aclamado “Alonely”.


Foto: Erik Ohlson Eckhouse

Final épico
Seguiam para o disco «Alive Again - The Breathing Shadows part IV», a quarta parte da trilogia, e onde se sentiam mais um colectivo a puxar pelos ambientes do rock progressivo, com uma força a fugir da melancolia passada, com foco enorme nas melodias vocais de Dan Swäno e na diversificação dentro dos próprios temas. Neste disco o projecto contou com uma colaboração de um músico de excelência, Arjen Lucassen, dos Ayreon, que ajudou certamente a engrandecer este melódico estudo sobre o rock progressivo. “Eternal” é o tema central do disco, sendo uma das peças mais longas compostas pelo grupo. A este juntemos, por exemplo, “Shadowland Serenade” ou “Shadowman” como bons cartões de visita.
Seguindo criando caminho…
bem a diversidade que se pode encontrar por esta altura, e mais à frente, encontramos o tema “Misery”, numa abordagem ao tempo mais rápido e acelerado.
Novas roupagens
O último disco desta sequência de re-edições tem o título de «Nightfall Overture» e conta com a curiosa particularidade de ser um disco de re-gravação de temas já previamente editados, à excepção de “Better Safe Than Sorry” e da cover dos Edge Of Sanity, com o tema “Loosing Myself”. Com um trabalho de produção refinado foi dada uma nova vida a algumas das principais composições que foram originalmente registadas ao longo dos quatro primeiros discos dos Nightingale. Esta é uma espécie de “Best Of…” com valor acrescentado, que demonstrava a motivação e pro-actividade destes músicos, rumo ao futuro que continuaram a construir…

No ano de 2004 o disco «Invisible» continuava o caminho preparado pelo disco anterior, mas voltavam-se, dentro da manta do rock progressivo, em compositores de temas mais directos. Aqui, as melodias e o impacto das canções chega-nos muito mais rapidamente, de forma mais aberta e com uma aura mais resolvida. É inegável dizer que abraçam alguns dos chavões do rock AOR, e a voz de Dan Swäno lá encaixa sem esforço nenhum. Enorme a versatilidade. Os dois primeiros temas do disco, “Still Alive” e “Invisible”, demonstram
Encontrando-se já concluída esta fase de re-edições dos Edge Of Sanity e dos Nightingale, as editoras Century Media Records e InsideoutMusic lançaram já a notícia de que entre Junho e Agosto haverá um último capítulo de re-edições. Aí teremos acesso aos dois álbuns de uma música só, «Crimson» e «Crimson II» dos Edge Of Sanity, e também aos dois primeiros discos dos Nightingale «The Breathing Shadow» e «The Closing Chronicles». As próximas re-edições vão também corresponder a versões remisturadas e remasterizadas, neste que é o terceiro capítulo do esforço árduo de Dan Swäno, em que se comprometeu seriamente com a revitalização do seu legado como músico e produtor de excelência. Para além de toneladas de material extra, cada um destes lançamentos virá acompanhado de textos descritivos, onde o músico sueco explica com detalhe e minúcia quais foram as melhorias e alterações operadas nesta viagem ao passado.
Foto: Erik Ohlsson
CRITICAS VERSUS

AMALEKIM
«Shir Hashirim»
(Avantgarde Music)
Os Amalekim, coletivo Italiano e Polaco, apresentam «Shir Hashirim», uma obra de black metal sem grandes espaços para divagações ou dispersão para outros subgéneros ou influências sonoras obscuras. E o que se obtém pelos altifalantes do sistema hi-fi basta. Indo diretamente ao que interessa, temos um trabalho que é exemplar nas harmonias, transições de métricas, equilíbrio entre instrumentos, na composição dos temas. Um exercício onde é quase impossível tropeçar em algum pormenor ou detalhe que se possa criticar. Para que não passe em claro, fica desde já escrito que é possivelmente o melhor disco de black metal de 2025 até esta altura. Como já tenho vindo a escrever noutras críticas, o facto de um trabalho ficar hermeticamente selado no seu subgénero musical, arrisca cristalizar-se em ideias amorfas ou até mesmo ausência de ideias. Sem dúvida que integração de várias influências ou subgéneros musicais no mesmo trabalho abre caminho à imaginação e originalidade o que coloca normalmente os trabalhos em rotas propícias ao sucesso. Neste «Shir Hashirim» não foi preciso tal integração de influências. Porque o que estes Amalekim fazem dentro do universo que criaram é superiormente concebido. Tudo no sítio certo, no tempo certo, com a acutilância certa. É daquelas obras que se começa a ouvir no primeiro minuto e o mero esboço de uma pausa a meio é quase uma impossibilidade. Claro que podemos traçar algum paralelismo para outros coletivos, como por exemplo Batushka. Mas nos tempos atuais com a infinidade de bandas a produzir trabalho na música extrema, exigir uma espécie singularidade divina é uma impossibilidade. Excelente. [9.0/10] SERGIO TEIXEIRA
ANCIENT DEATH
«Ego Dissolution»
(Profound Lore Records)

Quem aprecia death metal pontuado por ambiências místicas ao estilo de Sulphur Aeon, Blood Incantation e Tom Mold, tem aqui um disco que não vai querer perder. «Ego Dissolution» é um daqueles álbuns que, mesmo não trazendo nada de revolucionário, congrega na dose certa todos os elementos essenciais de um trabalho que teima em não abandonar o leitor de CDs. A banda norte-americana em causa – um jovem quarteto que conta com o baixista dos Cruciamentum (aqui baterista), Derek Moniz, e com o guitarrista e vocalista Jerry Witunsky, que desde 2023 integra os Atheist – já tinha dado provas de competência através do auspicioso «Sacred Vessel», um primeiro EP publicado em 2022. De lá para cá mantiveram intacta a típica sonoridade cavernosa, a par da fórmula de death atmosférico, mas aprimoraram-se na composição, que surge, neste primeiro registo de longa duração, rica em texturas apelativas, pormenores técnicos e passagens variadas bem integradas entre si, e com um excelente equilíbrio entre os ataques agressivos e os andamentos mais lentos e emotivos. Há bons riffs por todo o lado, mas no que toca às guitarras o que melhorou dramaticamente foram os notáveis leads melódicos de Witunsky que reforçam sonicamente todo o conceito cósmico subjacente à banda. As passagens contemplativas da música soam agora ainda mais desoladas, não só por causa da introdução de uns teclados aqui e ali, mas mais por causa do contributo inédito da voz inocente da baixista Jasmine Alexander que funciona particularmente bem em “Echoing chambers within the dismal mind”. «Ego Dissolution» acaba por se traduzir num bom testemunho de como um modelo julgado batido pode ser recuperado com criatividade. O segredo, evidentemente, é o talento dos Ancient Death.
[8/10] ERNESTO MARTINS
AORLHAC
«À la Croisée des Vents»
(Les Acteurs de l’Ombre)
A LADLO decidiu reeditar em finais de 2024 os três primeiros trabalhos, que reunem a chamada “Trilogie des Vents”, da banda gaulesa Aorlhac, um nome hoje em dia mais do que consolidado na cena black metal de expressão francesa. Este «À la Croisée des Vents», originalmente lançado em 2008 é um EP que constitui o pontapé de saída de uma carreira que tem sido pautada pelo crescimento sustentado. Depois de uma intro folk, os Aorlhac lançam-se no seu black metal com “La Guillotine est Fort Expéditive”, faixa que exemplifica não só em que terrenos se movimentavam, como também o estágio ainda algo primário e por desenvolver da própria banda. Ainda assim, os elementos que caracterizam a sonoridade associada aos Aorlhac estão aqui: um black metal melódico acompanhado de momentos folk, além de uma reverência (salutar, acrescente-se) para com o heavy metal tradicional (maxime em “Le Charroi de Nîmes”). Esta nova edição assume um novo design e é ademais enriquecida com três faixas extra, sendo a última, “Les Charognards et la Catin”, anteriormente apenas disponível num split com Darkenhöld, Ossuaire e Ysengrin, a que merece lugar de destaque. «À la Croisée des Vents» é, pois, um disco que pode ser visto como uma porta de entrada interessante no universo dos Aorlhac, embora esteja longe daquilo que estes gauleses ofereceram numa fase posterior. [6,5/10] HELDER MENDES
AORLHAC
«L’Esprit des Vents»
(Les Acteurs de l’Ombre)
«L’Esprit des Vents» (originalmente de 2018) é o último capítulo da trilogia dos ventos composta pelos Aorlhac, reeditada recentemente pelo selo LADLO. Não diferindo muito, ou mesmo nada, em termos de conceito, do álbum anterior («La Cité des Vents»), «L’Esprit des Vents», além de mostrar um Spellbound mais versátil, revela uns Aorlhac mais capazes, traduzindo o tal “crescimento sustentado” que referimos aquando da reapreciação ao primeiro capítulo da trilogia, o EP «À la Croisée des Vents». Ou seja, a receita é basicamente a mesma, simplesmente a sua confecção denota capacidades superiores por parte dos executantes. “La Revolte de Tuchins”, com o seu solo entusiasmante, “Infame Saurimonde”, ou a dinâmica “Mandrin, l’Enfant Perdu”, por exemplo, estão entre as melhores músicas alguma vez compostas pelos Aorlhac, ajudando a tornar «L’Esprit des Vents» no encerramento adequado à trilogia iniciada no supracitado EP. A Occitânia e suas tradições continuam a ser motivo de celebração lírica, como em “Ode à la Croix Clechée” e a fabricar a identidade sonora dos Aorlhac que, não sendo exactamente única, é personalizada o suficiente para repelir a categorização da banda como “mais uma entre tantas outras”. Quem não conhece ainda os Aorlhac tem neste conjunto de reedições uma boa oportunidade para o fazer, sendo este «L’Esprit des Vents» o mais recomendável da tríade. [7,5/10] HELDER MENDES
AORLHAC
«La Cité des Vents»
(Les Acteurs de l’Ombre)



Segunda entrada da trilogia dos ventos, «La Cité des Vents», originalmente editada em 2010, mostra uns Aorlhac mais confiantes na sua proposta e lima algumas das arestas que o EP «À la Croisée des Vents» manifestava. A infusão de elementos folk no black metal dos Aorlhac encontra-se mais bem medida e as composições, na generalidade, são melhores quando colocadas em comparação com as do EP precedente. Já a herança do heavy metal tradicional está mais diluída, ao ponto de ser quase imperceptível, isto mais uma vez comparando com que se poderia escutar em «À la Croisée des Vents». Faixas como “Sant Flor, la Cité des Vents”, com o seu início e final apresentando uma agradável e tipicamente folk melodia de violino, que se replica no riff da canção, “Plérion”, e “Les Enfants des Limbes”, para citar apenas três momentos, são reveladoras da progressão dos Aorlhac dentro do género musical que escolheram para se expressar, embora ainda houvesse margem para progressão, margem essa que continua a ser um dos traços deste colectivo onde pontifica o atarefado Spellbound. «La Cité des Vents», sobretudo nesta cuidada reedição, é portanto um lançamento que merece a consideração dos apreciadores de black metal ao mostrar uns Aorlhac mais senhores de si. [7/10] HELDER MENDES

ALL AGAINST
«Straight Down to Hell» (Raging Planet)

Novo disco para os “nossos” All Against e, novamente, os lisboetas dão um passo em frente na sua carreira deixando intactos todos os pergaminhos dos registos anteriores. “Straight Down to Hell” é uma espécie de wake up call, começando, desde logo, com a faixa-título que, em 9minutos, desbrava por terrenos inexplorados pela banda e onde fica bem patente a evolução do quinteto, não só musical mas, também, enquanto compositores. Henrique Martins tem aqui uma das suas melhores perfomances enquanto que os restantes membros o acompanham num disco que mantém toda a intensidade a que a banda já nos habituou. Sendo este o “sempre temido” terceiro disco, a banda passa, com distinção, a todos os níveis. Temas poderosos, actuais, com uma visão clara do estado das coisas, oa All Against trazem até nós o seu melhor e mais ambicioso registo. Seria injusto destacar algum tema de um disco que é coerente, preciso, poderoso e feito de momentos “deliciosos” como “Nação Valente e Imor(t)al” ou “Nepotism”. Não existam dúvidas, os All Against são uma das melhores bandas nacionais e “Straight Down to Hell” é do melhor lançado em 2025.
[7.5/10] NUNO LOPES
AVULSED
«Phoenix Cryptobiosisl» (Xtreem Music)
Foi preciso esperar uma dúzia de anos por um novo registo destes nuestros hermanos que, mais que uma banda, são uma instituição no Death Metal ibérico e europeu. É certo que, ao longo das décadas, existiram inúmeras alterações na banda, sendo prova disso mesmo o facto Dave Rotten ser o único membro fundador ainda na banda.
“Phoenix Cryptobiosis” é um conjunto de temas onde o Scy-Fi se encontra com as tripas e coração do género mas onde os Avulsed conseguem manter intacta a sua identidade. “Lacerate to Dominate”, “Blood Monolith” ou “Guts of the Gore Gods” são exemplos de que os espanhóis apenas têm uma velocidade...a máxima! Um regresso em grande força de uma banda que nada tem a provar. [7.5/10] NUNO LOPES

BLEED FROM WITHIN
«Zenith»
(Nuclear Blast)

A celebrar as duas décadas de carreira os escoceses lançam este “Zenith” e, preparem-se os mais frágeis de coração. A banda, que passa por Portugal em Outubro, lanca esta autêntica “pedrada no charco” e atesta o quinteto como uma “bulldozer” que nos rebenta com a cara a cada tema, sem perdão! Sim, eles estão revoltados e querem que toda a gente saiba disso. “Zenith” é poderoso do inicio ao fim e com muito poucos momentos para respirar, mas isso pouco interessa, até porque a cada tema ficamos com a necessidade de “cuspir” as nossas dores em cara alheia. Os BFW estão em grande forma e não existe um único tema que se considere menos bom. São temas de imersão, de violência, de revolta mas que, acima de tudo, nos fazem enterrar todo o mal ou, no mínimo, atirá-lo às trombas do inimigo. Os escoceses estão em grande forma e “Zenith” é um dos grandes discos do ano e que promete muita agitação, quer ao vivo quer no conforto do lar. Obrigatório.
[7.5/10] NUNO LOPES

BORGNE
«Renaître de ses Fanges»
(Les Acteurs de l’Ombre Productions / Solstice PR) Borgne são uma banda de black metal industrial/avant-garde, forjada na cidade helvética de Lausanne, já andam na estrada desde 1998 o que demonstra a maturidade que é expectável vinda dos seus trabalhos de estúdio mais recentes. Neste «Renaître de ses Fanges» é preciso um grande esforço para se conseguir descortinar um pé em falso, uma distração, uma lacuna que possam manchar o desafio auditivo que nos proporcionam. Do ponto de vista lírico, a desesperança impera, sobreposta por um sentido de oblívio, onde por cada passo em frente, as forças visíveis juntam-se às ocultas para deitar por terra qualquer sentido ou esboço de vida. Não sendo o conteúdo lírico o principal atrativo dos discos mais extremos, nesta proposta, o cerco emocional é complementado pela mensagem lírica. Mas o principal deste cerco emocional é a acutilância sónica com que somos atordoados. É verdade que nem tudo o que escutamos é originalíssimo ou imprevisível. Mas é tão bem construído, dotado de texturas, ritmos, camadas, sejam elas mais ou menos pontuais, dos teclados, ou das guitarras que é impossível dizer que este disco é “mais um”. O tema central “Ils me rongent de l’intérieur” exemplifica estas características de dinâmicas tanto na estrutura das composições como nas variações dos caminhos por elas percorridos. Apesar de podermos dizer que a secção rítmica tem a sua quota-parte do mérito do disco, é no entanto demasiado apoiada em técnicas estabelecidas que não deixam descolar o resultado final para algo ainda mais arriscado e por essa via talvez melhor. Contas feitas, fica claro em que patamar este trabalho se situa.
[8.5/10] SERGIO TEIXEIRA
CADAVER
«Hymns of Misanthropy» (Listenable Records)
Os mais incautos poderão julgar estar perante um novo álbum de originais dos lendários Cadaver, mas não é esse o caso. O press-release que acompanha o disco induz exactamente nesse erro ao referir “unreleased material”, e na entrevista incluída nestas páginas o líder da formação noruguesa, Anders Odden, deixa mesmo a impressão que se trata de um registo de temas antigos, mas inéditos. No entanto, a verdade é que «Hymns of Misanthropy» não é mais do que uma nova versão de «… In Pains», disco de 1992, embora não tenha sido publicitado como tal. Em concreto, dos 10 temas aqui apresentados, 9 estão incluídos no referido segundo álbum da banda, embora com títulos diferentes. O único inédito é a faixa de abertura “Maltreated mind makes man manic”, que na altura ficou por gravar. Quem passou ao lado do disco de 92 tem portanto aqui uma excelente oportunidade para conhecer o álbum que acabou por definir o vocabulário death metal que a banda viria a explorar: uma fusão variada de influências que vão desde os riffs distintamente à Chuck Schuldiner (Death), impossíveis de não detectar em “Drowned in dreams” (que aqui não inclui o violoncelo da versão de 92) e “Death has to wait”, passando pelo thrash técnico dos suíços Coroner em “Sunset at dawn”, e incluindo mesmo algum vanguardismo progressivo patente nas malhas ritmicas extravagantes de “Nowhere to hide”. Tudo isto num disco que soa infinitamente mais aprimorado do que o original, fruto de nova masterização e mesmo algumas re-gravações, realizadas, segundo parece, com os músicos que acompanharam Odden no tempo de «… In Pains»: o baterista Ole Bjerkebakke e o baixista Eilert Solstad. O disco só não leva pontuação mais condizente com a qualidade que tem porque nos chegou como gato por lebre.
[6/10] ERNESTO MARTINS
CASTLE
«Evil Remains» (Hammerheart Records)

Os Castle apresentam-se com uma formação de três elementos, com Mat Davis na guitarra, Elizabeth Blackwell na voz e baixo e a bateria que tem ficado a cargo de Mike Cotton, depois de a partir de 2016 terem deixado de contar com Al McCartney. Perante isto, não estranho que sejam precisamente as guitarras e as vocalizações que mais me chamem a atenção neste trabalho. De facto, está aqui um trabalho muito interessante na matéria da composição de

CRYPTOSIS
«Celestial Death»
(Century Media)
riffs. Várias são as malhas que nos surpreendem com o poder do riff , que diverge por caminhos pouco esperados e que acabam por levar às costas a maioria das músicas de Evil Remains. Já Elizabeth, solta o seu timbre feminino e bastante característico. Será fácil de a reconhecermos depois de uma ou duas audições a este trabalho, ou então se já se for seguidor deste grupo com membros originários dos E.U.A e do Canadá. O disco «Evil Remains» é já o seu sexto disco, que é editado 6 anos depois do anterior registo de estúdio «Deal The Fate». Este é um disco altamente recomendado para os apreciadores de estilos como o doom/heavy , com temas bem obscuros e até algo fantasmagóricos. Para se ganhar uma boa ideia, basta que espreitem temas como “Nosferatu Nights”, “Evil Remains” ou a inesperada “She”. Quem se aventurar neste castelo assombrado, pode facilmente perceber que este não será um disco que irá para o topo das tabelas anuais, mas tudo aqui está tão bem feito…
[7.5/10] EMANUEL RORIZ
Os Cryptosis são uma banda com já uma carreira a ganhar forma e a solidificar com o passar do tempo e com os lançamentos que tem conseguido fazer. Uma coisa é lançar álbuns, outra é manter a qualidade e conseguir trazer algo de novo e de original. Nem todas as bandas o conseguem, mas penso que quem ouve este trabalho e seguiu os lançamentos anteriores, conseguirá perceber a qualidade deste projecto. Digo que a carreira está a solidificar porque penso que segue um caminho que parece ser calculado e progride em tamanho de forma controlada: começaram com uns singles em 2020 e 2021, seguido de um split com os Vektor em 2021. Nesse mesmo ano conseguem lançar o seu primeiro longa-duração “Bionic Swarm” que além de ser um álbum com os clichês expectáveis do Trash, mostrava aqui e ali ter momentos com sustento e vitamina.O segundo longa-duração saiu 2 anos depois e agora o terceiro com o mesmo ritmo, sai dois anos depois. Esta constante mostra que a banda tem muito para dar e mostrar; que consegue pôr em prática essa vontade. Não vemos falta de qualidade nessa pressa de mostrar serviço, pelo contrário, este trabalho surpreende pelos momentos de energia sim, mas também pelos momentos em que mostra ideias interessantes. Momentos em que geralmente muitos trabalhos caem em buracos de monotonia, repetição, mais-do-mesmo. [7,0/10] ADRIANO GODINHO

DESERT SMOKE
«Desert Smoke» (Raging Planet)

Os Desert Smoke estão de regresso com um álbum que, tal como os lançamentos anteriores, penetra no âmago da nossa mente para que, sem filtros, nos empurra para uma experiência sensorial feita de elementos psicadélicos, onde o stoner intercala com o sludge. Ainda que, musicalmente falando, o quarteto não se afaste de outras bandas de Psych/Stoner instrumentais, consegue, ainda assim, ter colocar o seu cunho pessoal em temas que nos levam até às distantes paisagens da imaginação e da “pedrada”. Assim, e concluído, os Desert Smoke não revelam nem dores de crescimento e, muito menos, abrandamento na sua evolução estilística, o que faz com que “Desert Smoke” seja um passo evolutivo e que abre novas portas à banda.
[7/10] NUNO
LOPES

FLUORYNE
«Transneptunian» (Independente)
Cheguei aos Fluoryne seguindo o rasto de Martin Wiese dos germânicos Enid e do seu apaixonante black metal neoclássico, e o que descobri foi algo diferente mas não menos genial. «Transneptunian» representa o despertar de um sono de 15 anos de um projecto – onde Wiese até já nem colabora – que começou em 2005 numa senda de black metal inspirado em vanguardistas como Thorns e Dödheimsgard, mas que reemerge agora com uma proposta que funde riffs extremos com as ambiências electrónicas do breakbeat e do techno e as sonoridades industriais do EBM. Reconheço que estes qualificativos podem não criar a melhor das expectativas, mas acreditem que a mescla resulta mesmo: digam-me só quantos discos conhecem com 78 minutos de duração que se ouvem de um só fôlego sem enfadar? Este é um trabalho que rompe quase por completo com «Dämmerung», o disco anterior dos Fluoryne, de 2009, sendo todo ele fortemente ambiental, dominado por sintetizadores torcidos, ora psicadélicos, ora esquizofrénicos, e pelas guitarras processadas de Falk Wemeier que surgem com a típica sonoridade áspera do black metal, mas sempre em ritmos minimalistas, repetitivos a espaços, e ditados por batidas trip hop ou drum’n’bass. Os sussurros spoken word electrificados de KG Cypher (dos Vyre, onde Wemeier também alinha) – que declama passagens de obras de ficção científica de Cixin Liu – intensificam o misticismo da atmosfera, e, tirando estas esparsas intervenções, este é na verdade um disco essencialmente instrumental. Com temas nomeados segundo objectos astronómicos a começar em Neptuno e prosseguindo até formações mais distantes como a nuvem de Oort, «Transneptunian» propõe uma viagem imaginária para saborear longamente e sem preconceitos.
[8/10] ERNESTO MARTINS


IN
WE FALL
«Inner Self»
(Eclipse Records)

Formados em 2022 os In We Fall são um quarteto oriundo de Vila Real, sendo este o álbum de estreia, lançado pela Eclipse Records. Alicerçados num Rock que deambula para ingredientes da mesma estirpe, do grunge ao Hard Rock e com temas que, numa outra era, seriam motivo de airplay... mas isso são outras histórias! “Inner Self” é uma surpresa não só para os sentidos mas em todos os sentidos! Uma agradável surpresa made in Portugal.
[7/10] NUNO LOPES
KILLSWITCH ENGAGE
«This Consequence»
(Metal Blade Records)
Os Killswitch Engage não sabem fazer maus discos e, o mais recente, “This Consequence”, é mais um exemplo disso mesmo. Seis anos depois de “Atonement” o quinteto apresenta um conjunto de canções que, não sendo memoráveis, são catchy o suficiente para entreter (e ao vivo prometem emoções fortes!), entre os que mais se destacam temos “Abandon Us”, “I Believe” e “Where It Dies”, exemplos de um disco onde poderemos estar a perder tempo a descortinar o género, mas onde tudo se completa com uma produção e mistura de classe. Com mais de duas décadas os Killswitch Engage não necessitam de provar nadava ninguém e, entre os que irão detestar, outros tantos vão amar. Mas isso não interessa, porque “This Consequence” é um excelente disco e recomenda-se.
[7.5/10] NUNO LOPES

LARS FREDRIK FRØISLIE
«Gamle Mester»
(Karisma Records)
Este é especialmente dirigido aos nostálgicos daquela vertente de rock progressivo vintage onde os teclados são reis e senhores, que ficou celebrizada à conta do trabalho pioneiro de nomes incontornáveis como Emerson, Lake & Palmer e Triumvirat. «Gamle Mester» é literalmente uma homenagem despudorada a lendas desse calibre e não pretende ser mais do que isso. Pode parecer um objectivo pouco ambicioso mas na realidade não é, uma vez que as composições de Lars Fredrik Frøislie ombreiam francamente com o melhor do legado dos percursores do género. E isto já é dizer muito. O teclista norueguês, que integra actualmente os Wobbler e que colaborou com formações nórdicas como os Tusmørke, White Willow e Shining, já tinha dado mostras do seu genial trabalho a solo em 2023 com o álbum «Fire Fortellinger», mas é efectivamente aqui que parece realizar todo o seu potencial criativo. Peças atraentes como “Demring”, com as suas vénias evidentes a Camel e Yes ou o épico de 12 minutos “De Tre Gratier”, rico em texturas maravilhosas de teclados (e clavicórdio em particular) e em traços festivos à lá Jethro Tull, falam por si. Além do prodigioso Frøislie nas teclas e bateria, há que salientar o baixista Nikolai Hængsle, cujo virtuosismo emerge a cada momento, bem como o contributo do flautista Ketil Einarsen (também dos White Willow) que surge particularmente determinante no épico “Jakten På Det Kalydoniske Villsvin”. Apesar de Frøislie cantar no seu idioma materno, os versos até não arranham muito no ouvido, não só porque desta vez são mais escassos mas também porque soam até bastante harmoniosos. «Gamle Mester» não é definitivamente um trabalho original, mas pode ser um disco essencial para entusiastas.
[9/10]
ERNESTO MARTINS
LUNAR
«Tempora Mutantor» (Saibot Reign Records)

Dois anos depois do álbum «The Illusionist» (que elogiei na VERSUS #63), os Lunar voltam a surpreender com um novo trabalho que tem, mais uma vez, tanto de melódico e emocional como de agressivo e desafiante. Embora tenha sido gravado com novos guitarristas e teclista, este quarto longa duração preserva a assinatura sónica da formação Californiana, ou não tivesse ele sido composto integralmente pelo baterista Alex Bosson, que assina também a produção. O disco é na verdade mais pesado, com algumas trashalhadas desvairadas e incursões mais frequentes do gutural de Brian Lewis, mas a veia progressiva da banda está sempre no comando. As influências vanguardistas parecem mais presentes, como é desde logo claro nas malhas e vocalizações esquizofrénicas do tema de abertura “A summer to forget” e depois em “Spring in my step”, a faixa com os riffs mais contagiantes. Como sempre a composição faz-se de motivos técnicos e inusitados, mas que ficam na memória de tão bem conseguidos. A guitarra de Wayne Ingram (dos Wilderun), o violoncelo de Raphael Weinroth-Browne, o sax de Gary Regina e o slap bass de Ryan Price num infecioso segmento funk-metal, adicionam riqueza a uma malha fluente já de si complexa mas que nunca perde o foco. E depois temos os incontornáveis momentos dominados pelo notável registo limpo de Chandler Mogel que em “Weakening winter touch” soa a um inesperado cruzamento entre Ray Alder (Fates Warning) e Tom Englund (Evergrey). Diria que este é o ponto alto do álbum, embora o resto dos temas se paute por niveis idênticos daquele tipo de genialidade que nos faz querer voltar ao disco uma e outra vez.
[8/10] ERNESTO MARTINS
MONOLITHE
«Black Hole District» (Hammerheart Records)
Estes franceses sempre foram um caso sério de criatividade. Embora tenham permanecido, nos vinte anos que já levam de carreira, sempre solidamente alicerçados numa base de doom/death comum a muitas outras bandas, nunca hesitaram em explorar para lá deste vocabulário sónico, criando trabalhos com um cunho único e muito pessoal. Os recentes «Okta Khora»(2019) e «Kosmodrom»(2022) incluem algum do reportório mais fora-da-caixa de todo o portfólio da banda. Contudo, neste décimo registo de originais, fica a ideia que o mentor Sylvain Bégot optou por regressar a território mais familiar, com música mais centrada no riff, abundante em melodias orelhudas e construções que ficam no
ouvido. Uma abordagem que é desde logo evidente na toada trágica de doom romântico presente em “Sentience amidst the lights”, tema que nos introduz o registo cristalino e galvanizante de Frédéric Gervais que vai surgir depois com frequência em contraponto com o vozeirão do recém-chegado Quentin Verdier. Mas, como sempre, a banda não se fica pelo previsível nem se repete. “On the run to nowhere” inclui inéditas divagações etéreas através de ambiências cósmicas e psicadélicas, evocadas por belíssimas linhas de teclados, daquelas que nos fazem parar para prestar atenção. Aliás, as teclas têm, em todo o álbum, um papel de relevo. É que tratando-se de um disco conceptual inspirado no estilo de saga tech-noir de filmes como Blade Runner ou Dark City, Bégot optou por produzir todos os sons de sintetizador num velho CS-80, igual ao de Vangelis, aproximando-se assim (com o auxílio da narrativa spoken word do protagonista) da atmosfera pós-apocaliptica dos filmes citados. O resultado é não só um trabalho com uma vibe cinemática notável, como uma das adaptações mais originais do doom.
[8.5/10] ERNESTO MARTINS

NACHASH
«Eschaton Magicks» (Signal Rex)

Vindos diretamente da Noruega estes Nachash são uma surpresa previsível. Porque se trata de uma banda criada em 2011 mas com apenas um álbum «Phantasmal Triunity» até à atualidade não têm grande eco nas paragens metaleiras, daí surpresa. Se nesta curta introdução incluirmos a lista de múltiplas colaborações de cada um dos músicos deste trio, percebe-se que, havendo novo trabalho conjunto, só poderia dar bom resultado. Daí o previsível a juntar à surpresa. E o resultado é este trabalho «Eschaton Magicks». A principal característica é a ausência de um único estilo. Podemos classificar de black metal. Podemos classificar de death metal. Diria essencialmente mais próximo de um death metal old school, pela parte da bateria mais solta e ao mesmo tempo opaca, a reverberar por entre os caminhos cáusticos e labaredas de assombro que é o essencial onde se quer chegar nestes 7 temas. Não há invenções de imaginação e gosto duvidoso e não encontramos aqui desafios aos vetores usuais de estruturas musicais extremas. As opções na música deste álbum são ir pelo certo e seguro com uma mistura equilibrada e quase imperceptível de estilos, enfiados na batedeira para dar o bolo final. “Eschaton Magicks” é o título do álbum mas também da faixa central e onde podemos encontrar as características que percorrem o restante conjunto de temas. Junto com o tema “Empyrean Graves” ambos dão talvez a alma a este trabalho. No mar de propostas que nos vão chegando julgo que o destaque deste trabalho faz todo o sentido. [8.5/10] SERGIO TEIXEIRA
OCEANS
«HAPPY» (Nuclear Blast)
Os Oceans são uma proposta germano-austríaca que, embora mais pesada, se move sensivelmente nos mesmos terrenos dos Electric Callboy, ou seja, misturam o nu-metal, o metalcore, a electrónica e, muito ocasionalmente, um ou outro apontamento djent. Se após esta frase inicial os leitores ainda não fugiram, tudo o que se segue passa a ser vossa inteira responsabilidade. Embora a banda já ande nisto há algum tempo, tendo já lançado dois álbuns e feito uma versão deathcore para Chop Suey dos SOAD, «HAPPY», em muitos momentos, parece que continua a ser escrito por pré-adolescentes armados ao pingarelho (“Click Like Share” e “Slaved to the Feed” tratam – adivinharam – das redes sociais e sua cultura de aparências) e não são poucas as vezes em que dá vontade de chegar junto desta pandilha e pregar-lhes um valente par de estalos. Não sendo possível, resta ao ouvinte uma escolha crucial: ou continuar a escutar, prolongando o seu sofrimento atroz, ou parar de vez e fazer algo mais interessante, como por exemplo encontrar uma forma de perder a

memória dos minutos passados a ouvir este «HAPPY». Entre os vários defeitos que possuem, com destaque para serem derivativos na sua já de si abjecta mistura de géneros, há outro que os empurra amais para baixo: é que, ao contrário dos Electric Callboy, que estão a brincar com isto tudo, os Oceans levam-se a sério, o que os torna ainda mais ridículos, como na letra da faixa-título, uma pastichada emo (“I used to be happy/Happy/Happy/All I want is to be happy/Please somebody help me”) que daria para rir, se não fosse triste. Ou será ao contrário?!... [3,5/10] HELDER MENDES
PAGANIZER
«Flesh Requiem»
(Transcending Obscurity Records)

É um sinal muito bom, quando uma banda que lança o seu 13º disco de originais, nos transmite sinais de melhoria e de crescimento. Após uma breve audição à sua discografia recente, consegue-se descortinar a maior clareza com que têm vindo a soar, disco após disco. A força motriz desta máquina são na verdade os riffs de guitarra montanhosos, que na fórmula actual dos Paganizer podem ser sequências mais quadradas, com um sentimento punk e sujo, típico dos Entombed, assim como podem ser linhas serpenteadas, que se começam pela ponta da agressividade, podem curvar de forma arredondada, na direcção de melodias mais profundas ou riffs dignos do sentimento de uma horda de Vikings, prontos para a próxima batalha. Este trabalho soa refrescante desde início, em canções como “Life Of Decay”, “Meat Factory” ou “Flash Requiem”. E se por cada tema como “Viking Supremacy”, a agressão sem limites possa esbater o factor dinâmica, logo temos canções como “Just Another Doomsday” a trazer um sentimento de montanha-russa. Neste novo disco, os Paganizer expressam-se de forma muito sólida nas suas várias facetas. Elevam-nos em momentos tipicamente épicos, permitem-nos destruir tudo com a distribuição de raiva e fúria sem precedentes, e ainda nos podem fazer fechar os olhos e erguer o queixo em momentos mais introspectivos. Todo este entendimento só é possível devido ao excelente entrosamento conseguido entre a secção rítmica, vociferações, as já referidas guitarras, num trabalho de engenharia de som à altura do que este conjunto de canções estava mesmo a pedir. Saciem-se.
[8/10] EMANUEL RORIZ

ROD RODRIGUES
«Tales of a Changing Life, Part 2» (Independente)
RAGING SPEEDHORN
«Night Wolf»
(Candlelight Records)
Cinco anos depois de “Hard to Kill” os britânicos Raging Speedhorn regressam com 10 temas feitos de lama que se entranha na pela. “Night Wolf” é sujo, lamacento e com “pedrada” suficiente para nos atordoar e nos afundar num groove a lembrar Pantera ou Led Zeppelin (“Buzz Killa” será a “Kashmir” da banda). Peso, groove e uma voz que nos cospe na cara sem medo da confrontação. Os Raging Speedhorn continuam o seu caminho de destruição e tudo o que deixam para trás é, somente, a poeira. Um bom disco não carece de muito e os Raging Speedhorn não conseguem fazer um mau disco.
[8/10] NUNO LOPES
Quem não se cansa dos discos de Joe Satriani e Steve Vai tem aqui mais uma oportunidade para satisfazer aquela ânsia inexplicável de música rasgada, focada quase só na guitarra eléctrica e no virtuosismo do respectivo executante. No caso em apreço o guitarrista não é nenhum dos famosos acima referidos mas é, sem dúvida, um fiel seguidor desses mestres, que demonstra aqui não só a agilidade técnica de um guitar hero mas também a disciplina para chegar a composições com pés e cabeça. Neste segundo tomo do conceptual «Tales of a Changing Life» Rod Rodrigues combina múltiplas influências que vão desde o rock progressivo aos ritmos da música tradicional brasileira, tendo para

[8.5/10] ERNESTO MARTINS
SACROSANCT
«Kidron»
(Rpm-Roar / ALL NOIR)
isso beneficiado da participação de vários convidados como o guitarrista Angel Vivaldi e o antigo baterista dos Riot, John Macaluso, no corridinho “Inukshuk”, Hugo Mariutti dos Shaman no épico “Tales of a changing life suite” e o teclista e saxofonista Orlan Charles que dá talvez o contributo mais decisivo com os muitos arranjos orquestrais que dirige. Os créditos principais são naturalmente de Rodrigues, que mostra aqui como a música pode ir muito para lá do trivial, mantendo ao mesmo tempo aqueles traços cativantes que agarram o ouvinte durante todos os 43 minutos de duração do disco. «Tales of a Changing Life, Part 2» é, para este guitarrista de origem canadiana e brasileira, um trabalho muito pessoal de reflexão sobre a sua carreira, a qual começou há cerca de trinta anos como pupilo de Kiko Loureiro (Megadeth, Angra) e Greg Howe, e que o levou a passar depois por vários colectivos. Apesar da qualidade irrepreensível já demonstrada na Parte 1 desta saga (publicada em 2022), este segundo capítulo fica ainda uns furos acima, sendo também um trabalho mais variado.

A primeira observação que se pode fazer em função desta obra dos Neerlandeses Sacrosanct é que parece ter nascido exatamente de uma banda que iniciou o seu percurso musical em 1990 mas que chegou aos dias de hoje sem complexos estéticos inibidores. Houve de facto um hiato de mais de duas décadas e é curiosíssimo testemunhar que tipo de sonoridade é adotada por uma banda (mediana?) do final do século passado aos dias de hoje. Não se trata de uma definição simples de articular. As raízes que fazem parte da estrutura inicial das composições dos primeiros discos – thrash metal – encontram-se presentes mas muito, muito longe de ser o que define «Kidron». A proximidade a sonoridades bafejadas por metal progressivo é mais marcante e definidora. Mas também não paremos no metal progressivo. O mais fácil, se quiser sumarizar este trabalho, é que atravessa precisamente as várias décadas de existência da banda e de vários subgéneros do heavy metal. Ao escutar alguns segmentos, o teletransporte para as décadas de 80/90 é inevitável e depois exatamente na mesma canção o loop quântico até ao ano de 2025 é encaixado como uma luva. Falo por exemplo do tema “Doorway of Dreams” que exemplifica esta sobreposição de analepses e prolepses estéticas. É aqui que reside o ouro desta obra. Um detalhe que vale 90% da riqueza, mas sujeito a passar despercebido. O que não encontramos, são opções no espectro mais extremo ou disruptivas. Seria de facto um grande esforço de imaginação, conceber hipotéticos segmentos de black metal que pudessem encaixar algures neste disco. Escutar estes 9 temas será tudo menos tempo perdido. [9.0/10] SERGIO TEIXEIRA

SADIST
«Something to Pierce» (Agonia Records)
Com mais três decadas de carreira os italianos Sadist continuam a ser uma máquina de destruição bem oleada com sangue fresco e pronta a servir numa bandeja gore com nuances de Carpenter. “Something to Pierce” é um manjar de Prog-Death com um travo a Nova Orleães, mais ou menos, à meia-noite. “Deprive”, por outro lado parte-nos o pescoço de forma irreparável e como se tal não bastasse, “No Feast For Flies” e “Kill Devour Dissect” continuam o “tratamento”. A cada álbum (e já lá vão 10), os italianos surpreendem na fórmula e conteúdo sem que isso altere a génese da banda. Hoje, como sempre, os Sadist estão bem e recomendam-se.
[8/10] NUNO LOPES

[7/10] NUNO LOPES
SORDIDE
«Ainsi Finit le Jour»
(Les Acteurs de l’Ombre)
SAVAGE LANDS
«Army of the Trees»
(Season of Mist)
Segundo álbum para os Savage Lands que são, na realidade, uma organização sem fins lucrativos e foram fundados por Sylvain Demercastel e que encontrou em Dirk Verbeuren (baterista de Megadeth) o seu parceiro. Criados para o efeito de alertar o Mundo sobre a desflorestação, nomeadamente na Costa Rica. Depois de um primeiro álbum que terminou com aplausos (não só no Mundo das artes), o projecto regressa com este disco que segue todas as directrizes do antecessor! O resultado ganha maior destaque quando há nomes como Julien Truchan (Benighted), John Tardy (Obituary), Alissa WhiteGluz (Arch Enemy) ou Andreas Kisser (Sepultura), entre outros ilustres, e que trazem diversidade e dinâmica sem que nunca se perca o “fio à meada”. Não poderemos olhar apenas para este disco como música, mas sim para o propósito, como o meio para chegar ao fim! A música enquanto arma!

Algo que pode ser dito dos Sordide, e que não é tão fácil de encontrar por aí, é a capacidade que esta banda tem de mesclar visões quase antagónicas no seu black metal: referimo-nos a, por um lado, riffs tradicionais e directos, e, por outro lado, a passagens dissonantes e prog, mais compatíveis com uma abordagem futurista e requintada. O interessante é, por mais estranho que possa parecer, essa abordagem funcionar e soar bem. “Banlieues Rouges”, “Nos Cendres et Nos Râles”, “Ainsi Finit le Jour” (com o seu sugestivo lamento “Ainsi finit le jour/ Ainsi finit la lumière/Ton corps tombe/Et emporte le monde”) e, sobretudo, “La Beauté du Desastre”, uma faixa que ao longo dos seus 8 minutos passa por diversas fases mas cujo eixo assenta num quase interlúdio quase planante e quase jazzístico (os rasurados nestas três instâncias da palavra “quase” são intencionais!), que de resto prepara a faixa final “Tout Est à la Mort”, cuja letra e estado de espírito poderiam perfeitamente caber num disco de funeral doom metal, algo que de resto não causa assim tanto espanto se tivermos em conta que Julien Payan pertence neste momento também aos Ataraxie. Ao fim e ao cabo, os Sordide têm neste «Ainsi Finit le Jour» mais uma adição bastante competente à sua interessante discografia, adição essa que não deverá passar ao lado dos ouvintes que buscam explorações menos comuns dentro da fórmulabase do black metal.
[8/10] HELDER MENDES

[8/10] NUNO LOPES
THUNDERMOTHER
«Dirty & Divine» (AFM Records)
Foi preciso esperar para que o sucessor de “Black & Gold” visse a luz do dia! No entanto, a espera valeu a pena e, com maior ou menor dificuldade, as suecas fazem um disco de Rock’n’Roll (podem acrescentar o Hard Rock, se quiserem) que faz corar muitos Rockers que andam aí! Gravado durante a gravidez de Fillippa Nässil e com duas novas membros (Linnea Vikström e Joan Massin, vocalista e baterista, respectivamente, “Dirty & Divine” é um passo em frente na carreira do quarteto sem que, para isso, a banda tenha de se reiventar, bastou por o pé no acelerador e colocar combustível numa fórmula já conhecida! Temas como “So Close”, “Speaking of the Devil” ou “I Left My License in the Future” são apenas exemplos de um disco que, com todos os cliches do género, coloca as Thundermother no seu ponto alto! It’s Only Rock’n’Roll!

VEUVE «Pole»
(Go Down Records)
Os Veuve são um trio italiano, formado em 2013 e oriundo da província de Pordenone. O lançamento de «Pole», que é o seu terceiro longa-duração de originais, congrega um pouco do que o grupo tinha já vindo a trabalhar ao longo dos outros dois discos. Trazem com eles uma fórmula baseada em temas que se alongam em viagens musicais, experimentadas ao longo de várias sessões de jam. Ao admirar a capa deste disto, enquanto me ocupo com a escuta dos dois primeiros temas, “Land of denial” e “The thaw”, sinto quase um arrepio na espinha, o qual me parece ter origem neste misto de frio-quente que é a paisagem gélida sobrevoada pelo objecto voador não identificado, e o estilo sulista da música em si. Guitarras quentes, um baixo que transborda, e ritmos mais arrastados. No miolo do disco, com temas mais longos e que superam os 10 ou 11 minutos de duração, vem também o ambiente doom, com o qual continuam a associar a música a paisagens mentais. Estendem-nos territórios amplos que podemos explorar livremente. Esta liberdade é tal, que em momento algum soam maçadores, ou nos deixam em alguma espécie de fim de estrada. Há sempre caminho para uma paragem seguinte, entre trechos com melodias memoráveis, que se vão cruzando com formações de maior peso. Tomemos como exemplo o final de “The thaw”, onde a guitarra e teclados se entrelaçam em perfeita harmonia, ou o solo que surge já no minuto 9 de “Quest for fire”, este que se inicia ao bom gosto de um tocador de blues, para desembocar numa planície de pós-rock. Este é um trabalho ambicioso em que os Veuve souberam como ser surpreendentes, transversalmente aos seus 58 minutos de duração.
[9/10] EMANUEL RORIZ

VENAMORIS
«To Cross or To Burn» (Ipecac Recordings)
Quando “Stay With Me” interrompe o silêncio, ficamos estáticos perante a simplicidade ternurenta da nostalgia que anda pela neblina. “To Cross or to Burn”, disco de estreia da dupla Paola e Dave Lombardo (Slayer, Fantômas, entre outros) é isso mesmo. A synthpop mistura-se com a electrónica numa densidade pesada e escura, como se de um encontro entre Julee Cruise e Beth Gibbons. “In the Shadows” tem o peso de uma vida, enquanto “Spiderweb” é o romance entre dois corpos que se envolvem quando está escuro e rumo ao desconhecido. “To Cross or To Burn” é tudo isso feito na simplicidade do “menos é mais” e onde até cabe uma versão para “Animal Magnestism”, orginal dos Scorpions.
[8/10] NUNO LOPES

VETUS SANGUIS

«Capítulo I - Dimensão Horrenda» (Hellprod Records / Murder Records) O poder e a determinação de um indivíduo pode levar a criações surpreendentes. Este é um desses casos. Depois de «Sangue Velho», Perversus, o responsável por toda a música, letras, e ideia do projecto Vetus Sanguis, edita «Capítulo I - Dimensão Horrenda», um trabalho que abre a porta para um sub-mundo obscuro onde existe black metal de orientação mais primitiva e dilacerante. As sequências de riffs e riffs de guitarra são a linha condutora, num trabalho onde a consistência rítmica tem um groove viciante que pode impedir o ouvinte de voltar à luz do dia.
[8.0/10] EMANUEL RORIZ
WIZRD
«Elements»
(Karisma Records)
Outrora sinónimo de black metal, a Noruega é hoje, também, solo fértil para muito e bom rock/Metal progressivo. Arabs in Aspic, Motorpsycho, Wobbler e White Willow são algumas das exportações nórdicas mais notáveis do género, às quais se juntam agora estes Wizrd. Formado por quatro jovens de alto pedigree que se conheceram no Conservatório de Jazz de Trondheim, este colectivo de Oslo deu-se a conhecer em 2022, via bandcamp, com o enérgico «Seasons», um álbum para lá do criativo, feito de padrões ritmicos inusitadas a raiar o esquizofrénico, que mais parece uma exploração das várias possibilidades de quebrar convenções, mas com classe. Este novo álbum partilha muita da mesma estética aventureira, mas, em contrapartida, é um disco mais apostado em manter uma clara coerência de ideias do início ao fim. Se o primeiro álbum reinvidicava inspiração nos lendários Mahavishnu Orchestra, «Elements» acusa influências notórias de Yes, Three e Pink Floyd. Aqui o grupo funde, com aparente confiança e facilidade, elementos de indie rock, prog e jazz de fusão. O feeling remete todo para o psicadelismo dos 70s – muito graças às teclas de Vegard Bjerkan – mas não se contenta em replicar fórmulas. Os floreados da guitarra de Karl Bjorå são simultaneamente prodigiosos e extremamente aditivos e a percussão irrequieta de Axel Skalstad (também dos Krokofant) é simplesmente galvanizante. A voz do baixista Hallvard Gaardløs e as harmonias bem conseguidas com os restantes músicos (e uma série de outros convidados) adicionam calor e emoção à música e até incluem, pela primeira vez, alguns versos expressos no idioma nativo do grupo. Apesar de toda a imprevisibiliade, a música soa sempre muito espontanea e orgânica. Enfim, um disco que é um verdadeiro achado. [9/10] ERNESTO MARTINS




Dos gatos à gatunagem, passando por tudo o que toca às artes gráficas, Diogo (aka El Gatuno) traça-nos o retrato da sua carreira na ilustração associada à música extrema, no país e lá fora.
Entrevista: CSA
“
Diria que
foi uma
mistura de muito
apoio, resiliência e acreditar que era possível viver do sonho
Saudações! Para começar, gostaria de saber um pouco da história da El Gatuno Ilustração.
Hey, malta! Desde já quero começar por agradecer pela oportunidade e pelo interesse em saber mais sobre o meu trabalho. O meu interesse pela ilustração começou muito cedo. Desde que me lembro que sempre gostei de desenho e de marcadores. Talvez as cores me tenham chamado a atenção naquela altura, mas tenho quase a certeza de que a minha maior influência deverá ter vindo de um tio meu, que era ilustrador e aguarelista. Sempre que estava com ele, cravava-lhe material para fazer desenhos e ele sempre teve paciência para mim e dava-me canetas e marcadores. Mais tarde, aí por volta dos meus 12 anos, comecei a andar de Skate. Mantenho essa paixão até hoje e o facto de ter crescido nesse meio, de andar sempre nas ruas a “skatar”, fez com que me interessasse pela cultura de rua, a arte de rua: o graffiti. Então, comecei a fazer gatafunhos nas paredes. Durante muitos anos, andei no meio do graffiti e nunca escondi isso. Tive sempre o apoio incondicional dos meus pais em tudo o que fiz até hoje e obviamente foram o meu maior suporte para seguir este caminho difícil de ser ilustrador em Portugal. Diria que foi uma mistura de muito apoio, resiliência e acreditar que era possível viver do sonho.
E também tenho curiosidade em saber por que escolheste um nome tão pitoresco.
O nome “Gatuno“ foi muito fácil de escolher.
Sempre curti muito gatos e, principalmente, gatos rufias, daqueles mesmo difíceis, que não seguem regra nenhuma… Então, juntando a rebeldia da arte de rua com o feitio dos gatos e também o facto de serem bastante cómicos nas atitudes, escolhi esse pseudónimo artístico.
Que tipo de material artístico produz o teu ateliê de ilustração? [Andei a ver o material que encontrei na tua página no Facebook, mas prefiro ter o autor a falar sobre a sua arte.]
Eu não tenho um atelier, nunca liguei muito a isso sinceramente. Trabalho várias vezes por casa, mas também gosto muito de trabalhar fora de casa em espaços que eu considero mais calmos. Simplesmente meto os fones e estou no meu mundo e focado no trabalho. Considero um privilégio poder fazer isto.
Em relação ao tipo de trabalho que produzo, essencialmente é ilustração digital. Mas, vai na volta, aparece-me trabalho mais plástico por assim dizer: pintar paredes de algum estabelecimento ou algum objeto que o cliente quer decorar. Felizmente, tenho tido sempre bastante trabalho.
O que tens feito no mundo da música extrema? [Vi que também fazes capas para álbuns, merchandising, etc.]
Eu trabalho com todo o tipo de clientes: bandas, editoras, organizadores de eventos, estúdios de tatuagem, claques de futebol, empresas, marcas, câmaras municipais, grupos motards, bares, entre outros. Tanto a nível nacional como a nível internacional. É verdade que trabalho muito com bandas. Também é um facto que sempre estive ligado a esse meio, para além de ter tido sempre bandas, tocar bateria e organizar eventos. De certa forma, se calhar o pessoal ligado a este meio começou a procurar-me. Em termos de música extrema, trabalho muito com bandas de Thrash Metal e de Punk/Hardcore. Tenho criado um bom mercado e uma boa carteira de clientes lá fora também, principalmente no Thrash Metal. Tenho colaborado com muitas bandas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Alemanha, da Itália, de Espanha e outros países. E, claro, em Portugal também, com bandas fantásticas de Thrash que têm aparecido nos últimos anos e com quais tenho tido a oportunidade de colaborar.
Tens alguma formação na área das artes? És um autodidata? Combinas as duas vertentes? Como disse no início, sempre estive ligado ao desenho. Assim, segui a área das artes, andei em

artes e, mais tarde, licenciei-me em Design Gráfico. Também tirei um curso especializado em Ilustração Gráfica e. pelo meio. tirei outros cursos – por exemplo, em Serigrafia – e frequentei vários workshops. Fiz serigrafia durante uns 10 anos, porque adoro essa área. Ainda fiz um curso de Photoshop avançado. Assim tem sido o meu percurso até aqui.
Como caracterizarias o teu estilo? [Parece-me do género graffiti e um tanto caricatural. Mas tens trabalhos de outros géneros.] Ao longo dos anos, é claro que fui desenvolvendo o meu próprio estilo. Contudo, sei que consigo
adaptar-me a vários estilos de arte. Muitas das vezes isso também se deve aos pedidos de cada cliente e levo isso como um bom desafio, porque gosto sempre de desenvolver e aplicar outras técnicas fugindo assim ao meu estilo habitual, mas mantendo o meu traço.
Gosto de vários estilos de arte, daí ter trabalhos bastante diferentes uns dos outros. Considero o meu estilo mais Hardcore, mais Thrashado. Em tom de brincadeira, digo muitas vezes que é uma “gatunice“.
Claro que tem as suas influências do Graffiti, nomeadamente letterings: adoro letras. Mas sei
que também tenho uma onda caricatural e muitas vezes agressiva e que me procuram igualmente por isso.
Lembro-me de alguns professores que tive me dizerem que tinha uma forte paleta de cores, que conjugava bem as cores e que a mistura tinha sempre muita força visual. Penso que isso também cativa os clientes.
Encontrei algumas peças tuas que me agradaram muito.
- Por exemplo, adorei o teu graffitti feito numa casa abandonada representando um gato, animal da minha predileção. Está mesmo muito bom! Podes falar-nos um pouco desse trabalho?
Eu já não usava o nome Gatuno nas paredes há algum tempo, tirando quando assino algum trabalho deste género. Vai na volta tinha pessoal amigo meu a dizerme que era fixe eu voltar a fazer por aí gatunices e a espalhar o nome. Então, juntando esse fator e a vontade que eu já tinha de o voltar a fazer, porque também é uma forma de me expressar e de promover o meu trabalho, voltei este ano a fazer pinturas. Era um objetivo que tinha definido para este ano e foi concretizado. Com a particularidade de o fazer em spots abandonados, degradados ou que estejam envolvidos na natureza! Assim, acabo por dar cor a essas paredes e trazer alguma força visual gratuita a quem tiver a oportunidade de ver. É um 3 em 1! Hahaha! Dar alguma vida a certos spots, passar um bom bocado e promover-me. É certo que vão continuar a ver a minha marca por aí.
- De forma contrastante, também me chamou a atenção a capa para o álbum de uma banda chamada Miss Cadaver com um motivo tradicional em ainda mais tradicionais azulejos com desenhos a azul sobre fundo branco. O que tens a dizer-nos sobre esse trabalho?
Em relação a esse trabalho específico que fiz para os Miss

Cadaver, realmente gostei muito de desenvolver esse artwork em conjunto com a banda. O processo de entendimento foi relativamente fácil, porque já há alguns anos que colaboro com a banda em questão. As ideias normalmente estão bem definidas e mostram-me sempre esquemas/esboços e referências. Este foi um dos trabalhos que gostei mais de fazer nos últimos anos pelo facto de ser diferente no tema e de ter a particularidade de ser inspirado no azulejo português. Isso fez com que não pudesse fugir às cores que normalmente são usadas no azulejo. Manter o meu traço unido às ideias e temas da capa foi um grande desafio. No final, ficámos todos satisfeitos com o resultado.
- Tens alguma peça favorita de que nos queiras falar (para além destas que já foram referidas)? Relativamente a essa questão, é
mais difícil dar-te uma resposta concreta. Gosto de tantos trabalhos que já fiz, acho que não tenho um que diga que é o meu preferido. Seria injusto fazê-lo! Sinceramente, acho que não tenho um favorito. Tenho vários, entre trabalhos realizados para clientes nacionais e internacionais. Por exemplo, já não faço exposições há muito tempo, porque tenho sentido alguma falta de tempo para trabalhar na sua organização e, principalmente, porque sei que tenho de escolher trabalhos e isso é muito difícil para mim neste momento. Hahahaha! Tenho de pensar nisso seriamente, ou talvez não...
Reparei que também fazes ilustrações para estabelecimentos comerciais (bem bonitas, por sinal). Como é que isso acontece?
Da mesma forma que o faço com uma banda ou outro tipo de cliente. Quando entram em contacto comigo, por norma já vêm com uma ideia na cabeça. É claro que dou a minha opinião e ideias e, a partir daí, uma vez aprovado o orçamento, avançamos para o processo.
Como trabalhas com os teus clientes? És tu que ditas as regras? Queres que te deem ideia do que pretendem? Ou preferes ser tu a decidir como fazer, mas aceitas sugestões?
O cliente procura-me nas redes sociais, entra em contacto comigo e falamos diretamente por aí ou por email. Explicam-me o conceito, a ideia que têm e desenvolvemos tudo a partir daí. Acerta-se valores e prazos para cumprir. Gosto sempre que tenham uma ideia, um tema. Torna-se mais concreto para mim, faz com que, de certa forma, vá direto à ideia. Depois tenho de apresentar esboços, novas ideias e o processo desenrola-se de forma natural.
Qual é o teu maior sonho como ilustrador?
Olha, os sonhos são o que nos move! Lá atrás, eu tinha este
sonho de ser ilustrador a tempo inteiro. Sempre fui fascinado pelas capas de álbuns e merchandising de bandas e marcas. Sempre quis saber como se fazia o processo de impressão. Sempre pensei que um dia iria também criar capas de álbuns. Mais tarde, quando comecei a trabalhar com bandas que eu ouvia quando era mesmo muito puto, foi quando comecei a aperceber-me de que realmente estava a fazer aquilo que sempre quis fazer. Por isso, o sonho de ser ilustrador está concretizado. É claro que tenho mais sonhos para concretizar! O facto de ser ambicioso e de ter tido sempre objetivos concretos faz com que me envolva muito em tudo o que faço. A nível de trabalho, espero vir a colaborar com mais algumas das bandas internacionais de que gosto. Já trabalhei com algumas. A última foi, recentemente, os Sick Of It All, através de uma grande fundação de ajuda humanitária internacional envolvida na cena Punk Hardcore que se chama Hardcore Help Foundation. Há muito mais para realizar, há algumas coisas que já podia ter feito, mas tudo a seu tempo. Há algumas surpresas que podem acontecer. Vamos ver como corre.
Queres deixar alguma mensagem especial aos nossos leitores? Sim! Mentalidade positiva! É o mais importante para andar por aqui, aproveitar isto ao máximo e não perder tempo com o que não interessa. Siga para a frente! Obrigado, Versus Magazine e Cristina, pela oportunidade! Obrigado a todos os que me têm apoiado e a todos com quem tenho colaborado. Obrigado por ajudarem a tornar isto possível.




CADAVER

Morte e Metal
Trata-se de uma banda de Death Metal. Mas a discussão não é retórica! O tema da morte e do seu contraponto foi várias vezes evocado ao longo desta entrevista com Anders Odden (aka Neddo), o frontman dos noruegueses Cadaver, a propósito da evocação do seu passado artístico e até de passagens da vida dos seus membros.
Entrevista: CSA
Saudações, Anders! Espero que estejas bem!
Já te entrevistei sobre o álbum anterior de Cadaver: «Age of the Offended», lançado em 2023. Como esse álbum acolhido pelos fãs e pela imprensa?
Anders Odden – «The Age of the Offended» foi escrito e gravado durante os últimos tempos da pandemia e eu ainda me sinto surpreendido por termos conseguido fazê-lo. O facto de Ronni Le Tekrø ter tido uma grande participação neste álbum fez dele algo de único no meu catálogo. Penso que este álbum é daqueles que vão conquistando mais fãs ao longo dos tempos. O facto de sermos promovidos como uma banda de Death Metal old school limita sempre um pouco o nosso alcance potencial. Os fãs de Metal progressivo teriam adorado este álbum, se se tivessem apercebido da sua existência. Os nossos fãs estão sempre connosco e sabem que estamos constantemente a explorar novos territórios.
Dois anos depois, temos aqui um novo álbum, muito especial, porque nos traz canções que a banda tinha guardadas numa gaveta há muito tempo.
- Quem teve a ideia de fazer isto? Como se organizaram para juntar estas canções e fazer o álbum?
Depois de «The Age of the Offended», tive tempo para olhar para os nossos “verdes anos”. Tínhamos montes de material guardado há muito tempo à
espera do melhor momento para o partilharmos. Esse momento chegou e esse material já estava há demasiado tempo à espera de ser divulgado.
- Por que escolheram a Listenable para lançar este álbum? Order, a minha outra banda, assinou contrato com essa editora há quase 10 anos, portanto mantemos com eles uma boa relação há muito tempo. O facto de a Listenable ser a editora de Gojira e de gostar de música acima de tudo foi a principal razão para fazermos essa escolha.
- No verão passado, vi alguns posts da banda numa aldeia. Tinham alguma coisa a ver com este álbum?
Tudo isso faz parte de uma celebração do nosso passado.
- Como te sentiste a gravar estas canções de um passado distante?
A maior parte do trabalho foi feito entre 1991-1993. Mas o álbum inclui uma faixa totalmente nova (“Maltreated Mind Makes Man Manic”), que estava destinada a um terceiro álbum dessa altura, que nunca acabámos. Tínhamos as principais faixas em cassetes e acrescentámos mais guitarra, vocais novos, etc. Foi fantástico trabalhar em algo que tinha a ver com a minha identidade de quando era mais novo e descobrir quão inovadores nós realmente éramos.
- E como foi reencontrar os membros do antigo lineup da banda?
Eilert Solstad (o contrabaixista) faz parte de Cadaver desde 2020,
portanto a atual formação é quase igual à original. Mas o Ole Bjerkebakke não está no Metal desde 1995. Foi muito bom juntar o antigo grupo e temos planos para fazer um novo álbum – mas é um processo complicado. Envelhecer a fazer música é natural para nós. Eu continuo a ser o mais novo na banda, porque “só tenho” 52 anos. - O que é novo neste álbum?
Fizeram arranjos nas canções para as adaptarem ao desempenho atual de Cadaver? Imagino que a produção não seria assim nos tempos idos, não te parece?
As gravações feitas têm a ver com o que almejávamos para «… In Pains», mas com uma vibe diferente e única. Apresentar este material desta maneira dá-me muito prazer, porque penso que quem conhece a história do Metal norueguês vai compreender que tínhamos um som único e muito diferente do de outras bandas dessa altura. O Metal atual é demasiado polido e planeado, o que nem sempre agrada ao público. Nunca nos preocupamos com nada para além da música e sempre tivemos a nossa maneira própria de ver o Metal.
De facto, Cadaver tem um estilo musical muito fora do habitual, o que é uma honra para todos os membros da banda. Como descreverias o som deste álbum? Cru, sem filtros e diferente.
Agrada-me particularmente o som da bateria. Soa-me sempre tão
“seco”! [Espero que compreendas o que eu quero dizer com isto.]
- Foi difícil para o Ole retomar o seu antigo lugar e gravar as partes de bateria deste álbum?
A bateria não foi regravada. Mas ele está mais do que capaz de tocar daquela forma no próximo álbum de Cadaver. Estamos a contar com ele. De momento, é apenas uma ideia, mas temos mais reedições e material antigo para lançar durante mais uns dois anos antes de seguirmos em nova direção.
- Por falar de bateria, será que o Dirk vai ser capaz de continuar a fazer parte de Cadaver agora que é o baterista de Megadeth?
O Dirk é a principal razão pela qual Cadaver está de volta à liça e continua a fazer parte da banda. Quero fazer um novo álbum com ele também. Cadaver é o meu principal projeto artístico e o nosso modo de fazer as coisas não é assim tão diferente do de outras bandas que já andam nisto há algum tempo. Quando somos novos, a banda é um grupo de amigos que tocam juntos. Quando ficamos mais velhos, colaborámos com outros músicos para fazer a melhor música possível. Não fazemos grandes digressões, portanto eu posso focar-me em fazer música e gravá-la no meu próprio estúdio. É maravilhoso poder trabalhar com grandes músicos como os que eu tenho comigo.
O título do álbum estava decidido desde o início e guardado com as canções? Ou criaram-no agora? «Hymns of Misanthropy» era o título do álbum que depois foi lançado com o título de «… In Pains». O que saiu agora corresponde ao que esse álbum devia ter sido nessa altura. De um modo geral, os títulos das canções são bastante perturbadores como seria de esperar (por exemplo, “Chained to His Fate” ou Nowhere to Hide”), um parece mais positivo (“Breaking Through”) e há um que é dúbio (“Death Has to Wait”), porque depende da maneira como
“ Os fãs de Metal progressivo teriam adorado este álbum, se se tivessem apercebido da sua existência. Os
nossos fãs estão sempre connosco e sabem que estamos constantemente a explorar novos territórios.
se vê a morte. Que te parecem estas ideias?
São títulos adequados para as canções. “Breaking Through” vem dos The Doors, que me influenciaram muito em 1991. “Death Has to Wait” tem a ver com o facto de eu ter tido cancro do cólon em 2019/2020 e me ter encontrado às portas da morte. Portanto, agora quero celebrar a vida com Death Metal. E as nossas letras ganham novo significado quando envelhecemos. É engraçado ver como as letras de Death Metal ganham novas cores para ti.
E a capa do álbum? Calculo que não tinham nada escolhido para desempenhar essa função. Onde a foram buscar?
Na altura, eu queria usar um quadro de Hieronymus Bosch, mas a nossa editora não gostou dessa ideia. É uma espécie de vingança poder mostrar a toda a gente como nós éramos e lançar o álbum tal e qual como queríamos.
Quais são as tuas expetativas em relação a este álbum? [Calculo que sejam boas, uma vez que já estão a organizar uma digressão intitulada “Misanthropy Tour».] O tempo é um círculo plano. Não sei que idade tens, mas deves ter constatado que hoje em dia toda a história da música está disponível para todos a todo o momento. A música inspirada e tocada com paixão soa melhor do que o material planeado. Vamos ver se o mundo dos festivais de Metal de 2026 nos quer lá e esta é a nossa maneira de revelar a nossa existência a um novo público. Nunca dou nada por garantido e

a minha ambição é apenas fazer o meu melhor e ver onde que isso me leva.
A editora que lançou este vosso álbum escreveu: “Instead, they [Cadaver] remain an ever-evolving force that consistently pushes the envelope of what extreme music can achieve.” Estou totalmente de acordo com eles \m/ Podes fazer alguns comentários sobre as influências da banda e a sua evolução?
As nossas influências correspondiam principalmente a tudo o que ouvíamos entre 1988 e 1991. Limitámo-nos a seguir o nosso caminho a partir daí e penso que teríamos ido muito mais longe, se tivéssemos tido uma presença musical mais consistente. No entanto, penso que o nosso legado e o nosso impacto noutras bandas da cena primtiva da Noruega é inegável e que compreendemos melhor o que somos agora do que nos tempos idos. Apreciem a nossa música e aguardem por mais!



Metal Brasil!
Por: Gabriela Teixeira
A Dead Poem - O espírito dos anos 90 está entre nós
Os A Dead Poem são uma banda natural de Nova Friburgo - Rio de Janeiro. Em 2023, Marlon Combat (letrista e guitarrista) criou este projecto de black/death/doom, com forte inspiração nas sonoridades dos anos 90, e uniu-se ao vocalista e multi-instrumentista Carlos Misanthropic para dar voz às suas composições.
Fruto desta sinergia criativa, o duo de músicos já lançou o EP «Absence of Life» em 2023 e, no ano seguinte, a longa duração «Abstract Existence», ambos muito bem aceites no seio do underground brasileiro e não só! Uma breve pesquisa no Google permitiu-me ler algumas críticas - todas muito favoráveis, em sites estrangeiros.

As influências deste grupo estão bem patentes no nome que escolheram - A Dead Poem é o título do álbum de 1997 dos Rotting Christ. A sonoridade do colosso helénico é evocada no EP de estreia, em que a banda faz uma homenagem, bastante fiel ao original, mas ao mesmo tempo muito sua, especialmente devido ao ambiente provocado pela voz mística e bastante sombria de Carlos, do tema-título “A Dead Poem”. O meu tema favorito deste EP é o assombroso “Until the Seventh Day”, cujos primeiros 4 minutos são sussurrados (qual espírito do além que nos visita) até haver um berro libertador e o desespero tomar conta do resto da música.
«Abstract Existence»
foi um passo maduro na carreira da banda e demonstrativo do que os move artisticamente. Uma ode de 41 minutos àquilo que há de mais triste, negro e desolador na vida humana.

Aliás, o artwork da capa não deixa dúvidas para o que nos espera assim que carregarmos no play. Ao longo dos temas, profundamente melódicos e melancólicos, que compõem este disco é-nos proposta uma viagem nostálgica pela altura em que bandas como Katatonia e Paradise Lost dominavam o underground, mas sentese especialmente o travo à banda de Jonas Renkse nas guitarras, na bateria e na produção.
Após ouvir com atenção, diria que «Abstract Existence» é uma declaração de amor a uma estética sonora que marcou a juventude de muitos de nós e que nos conforta a alma, apesar de tudo.
Oiçam e vão dar-me razão!
Esta é a página da Versus Magazine dedicada ao metal brasileiro. Apesar de falarmos a mesma língua e ouvirmos os mesmos sons, a verdade é que o oceano que nos separa parece ainda ser imenso. Convidamos as bandas mais underground, que queiram ver o seu trabalho divulgado nas próximas edições da nossa revista, a contactar-nos via redes sociais.

ANTRO DE FOLIA
Por: Carlos Filipe

Christine: Bad to the bones!
“On the day I was born
The nurses all gathered ‘round
And they gazed in wide wonder
At the joy they had found
The head nurse spoke up
Said “leave this one alone”
She could tell right away
That I was bad to the bone”
- George Thorogood &
The Destroyers
Esta é a música que dá o mote ao filme de John Carpenter de 1983, ‘Cristine - o carro assassino’ como ficou intitulado entre nós. Depois do logo do filme com o V do Plymouth Fury, que marca um grafismo sexista algo inventivo, ao combinar a habitual imagem do carro americano à do sexo feminino, num V cromado cintilante que substitui o efeito tradicional do logo da Plymounth, aparecendo em fade in, o título “Christine” em letras estilizadas, como um estandarte que celebra ao mesmo tempo, o automóvel e a potência da beleza feminina. “A John Carpenter Film” e o roncar típico do grosso motor V8 americano compõem o ensemble. Junta-se assim, ao simbolismo do título, a de um carro com alma própria, vincadamente feminino, e possuído por um espírito obsessivo-vingativo, desconhecido, desde o dia em que nasceu, na cadeia de montagem da



John Carpenter’s “Cristine”



fábrica da Plymouth em Detroit, Michigan. “Cristine” é um Plymouth Fury de 1958, de cor vermelho “Toreador Red – code ooo”, que é a encarnação de um mal abstracto com grande espírito de vingança, que ninguém se atreva a fazer frente ou desrespeitar, como está bem documentado nas primeiras cenas do filme, ao som de “Bad to the Bones” de George Thorogood & The Destroyers, música que ficou imortalizada no reino do Rock N’ Roll. “Cristine” é o 7.º filme de John Carpenter. Produzido e lançado no ano de 1983, é a adaptação literária do livro homónimo do mestre literário do terror, publicado no mesmo ano, Stephen King. A Colúmbia Picture, neste período, apostava num punhado de filmes de terror/horror, uma subcategoria de filmes que originava boas receitas, pelo que não foi surpresa a aposta no novíssimo romance de horror, do já na altura renomeado autor do género, Stephen King. Foi com bastante glorificação que o estúdio viu o mestre do terror, fantástico e ficção científica, agarrar neste projecto. Carpenter já se tinha estabelecido como um realizador de autor de primeira linha com filmes como Assalto à 13ª esquadra (Assault on Precinct 13), Halloween ou Nova York 1997 (Escape From New York), ou mesmo o Nevoeiro (The Fog), mas tinha-se estatelado pelo chão fora com o seu primeiro filme de estúdio A Coisa que veio do outro mundo (The Thing), um fracasso monumental, apenas porque teve o azar de no mesmo dia ter saído um tal de filme com um simpático E.T. que queria voltar para casa. Felizmente, The Thing encontrou a sua glória quando a geração do vídeo clube descobriu esta pérola do cinema e tornou-se num filme de culto com o advento do Home Vídeo, sendo um dos, senão o melhor, filme de John Carpenter. O mal reputacional já estava feito e Carpenter necessitava de um novo projecto como pão para a boca. Efectivamente, foi um golpe de sorte “Christine” ter caído nas mãos de Carpenter. Ele preparava a adaptação de “Charlie” de Stephen King, livro mais conhecido por “Firestarter”, que conta a história de uma menina com poderes pirocinéticos, e que eventualmente foi adaptado ao cinema em 1984 por Mark L. Lester – O mesmo realizador do “Comando” com Arnold Schwarzenegger -, intitulado “O Poder do Fogo”. Esta versão que saiu foi um fiasco comercial e a versão que tinha desenvolvido Carpenter era bem melhor do que o filme que

ANTRO DE FOLIA




conhecemos hoje, que só tem como único interesse o facto de ter no papel principal de Charlie McGee, Drew Barrymore, por coincidência, a menina de E.T. Tudo desmoronou quando o estúdio reduziu drasticamente o orçamento em praticamente metade, aniquilando a possibilidade de John Carpenter fazer o filme que tinha em mente e que desenvolvia. Como tinha um contrato «Pay or play», na alteração de contrato, Carpenter saiu com um cheque no bolso. O próprio referiu que “teria gostado de fazer o filme Charlie. Teria sido genial. Achava a história excelente, emotiva e interessante, à volta de um pai e a sua filha.” E assim, John Carpenter recebeu do nada para ler o outro romance de Stephen King e aproveitou a oportunidade para recuperar a sua carreira como autor cinematográfico.
Encostado à parede e a necessitar de um trabalho depois do “desastre” que foi “The Thing”, não teve outra oportunidade senão de realizar “Christine”, um filme sobre “a vingança do cromo” ou como descreveu após ler a novela de Stephen king: “Caramba, o que é que é isto? Um carro possuído com um morto no banco de trás.” Apesar do desinteresse emocional com a história, e de ir realizar um filme para o qual não nutria qualquer sentimento, Carpenter conseguiu extrair um verdadeiro drama de adolescentes numa vertente de uma escalada horrífica e dramática. De referir que o romance tem como personagem central o fantasma do dono do carro que interagia com a personagem principal, o qual foi completamente excluído do argumento e por consequência do filme.
Christine centra-se na personagem de Arnie Cunningham (Keith Gordon) – Ou como lhe chama o líder dos bullies, Buddy Repperton (William Ostrander) Arnie Cuntingham, um “nerd” que é alvo de bulling no liceu e tem como único amigo, Dennis Guilder (John Stockwell), o capitão da equipa de futebol americano do liceu. Apaixonado por carros e como qualquer jovem em adolescência fervilhante, para tentar a emancipação de casa, assim do nada, num terreno baldio, Arnie vê um Plymouth Fury a necessitar de um valente restauro, completamente em estado de “Barn Find” mas a funcionar a ¾ de volta. Após falar com o irmão George LeBay (Roberts Blossom) do falecido último dono do carro Roland LeBay, e saber mais sobre a natureza peculiar do carro – O irmão morreu lá dentro entre outros bizarros acontecimentos, Arnie compra o carro de impulso e passa o cheque na hora, apesar das reticências de Dennis. Leva o carro para casa, o que gera um grande conflito parental que o leva a deixar Christine na garagem

“Do It Yourself” de Will Darrell (Robert Prosky). Aqui, Arnie aplica todo o seu carinho e esforço para trazer Christine para a vida e dar-lhe a glória de outrora que merece. À medida que Christine vai tornando-se magistral, a personalidade de Arnie vai evoluir ao ponto de se transmutar completamente, apresentando não o aspecto de cromo mas sim um de gajo mais cool do liceu e resgatar o coração da beldade que por ali andava Leigh Cabot (Alexandra Paul).
Os bullies rufias que atazanavam Arnie, descobrem Christine e destroem o carro até mais não, deixando Arnie completamente destroçado com o acto de vandalismo. Vacila a promessa de que reconstruirá Christine, custe o que custar. É aqui que Christine se revela e mostra a Arnie daquilo que é capaz, toda a sua natureza e feitiço, “Okay... show me.” Diz Arnie, numa das cenas mais monumentais do filme. Christine reconstrói-se totalmente, sozinha, até ao mais ínfimo elemento partido, ficando totalmente como novo. Arnie e Christine, partem juntos numa espiral de vingança contra aqueles que se intrometerem entre eles, “No shitter ever came between me and Christine...”, numa escalada de violência que leva a personalidade de Arnie para outro patamar de crueldade e arrogância para com os mais próximos. Depois de ver a espiral de decomposição psicológica de Arnie, Dennis e Leigh decidem tentar salvar Arnie, desafiando Christine para um mano-a-mano com uma escavadora na garagem de Darrell, que culminará e selará o desfecho e destino de Christine e Arnie. Visto aos olhos de hoje, “Christine” é um filme que envelheceu bem. Parece um filme de época, mas na altura de 1983, era um filme contemporâneo da sua época, que espelhava bem os subúrbios e a juventude estudantil americana, coisa, aliás, amplamente explorada num sem número de filmes dos anos 80. Em termos narrativos, tudo parece estar no lugar certo, mas não acrescenta nada de mais ao panorama cinematográfico de Hollywood da época, se calhar é aqui que reside a fraqueza do filme, mas, no verso da medalha, há um conjunto de factores que fazem deste filme um clássico intemporal do cinema de horror e do cinema de Carpenter em particular. Um, é a realização magnífica de Carpenter, que lhe dá o seu cunho mestre, numa mestria de precisão e corte em formato Panavision, que só ele sabe fazer. Segundo, a música. A banda sonora é como habitual assinada por Carpenter – que também é um magnífico compositor – e mais uma vez faz a diferença na forma como seguimos esta história do carro possuído. O expoente máximo musical do filme,




ANTRO DE FOLIA

se retirarmos a sequência inicial de “bad To The Bones” é a música “Christine Attacks (Plymouth Fury)” que acompanha a sequência em que Moochie (Malcolm Danare) é perseguido e assassinado por Christine. Mas no geral, todos os outros trechos musicais são magníficos.
Mas, o melhor dos elementos de Christine, é sem dúvida, o arco narrativo que acompanha a personagem principal, Arnie Cunningham. Com a sua introdução de pobre rapazola alvo de bulling até se tornar num ser narcísico que só vê Christine à sua frente. Para além da indumentária que se vai tornando mais sofisticada e moderna, a própria cor do rosto de Arnie vai-se tornando cada vez mais pálido à medida que o carro vai-lhe a sugando a alma, por assim dizer, para se embelezar com um vermelho vibrante e cromados luxuriantes. A maneira com Carpenter consegue balancear esta transformação todo o longo do filme, sem grandes elipses temporais, é ímpar e sublime. Conseguiu repetir a mesma proeza com o crescendo de terror em “O Príncipe das Trevas” – que tem a participação curtíssima de Alice Cooper – que nos deixa praticamente com o coração nas mãos nas cenas finais do filme. Esta forma suave de filmar e montar estes arcos narrativos, sem saltos ou elipses, nada fácil de dominar, só o vi na sua plena forma nestes dois filmes de Carpenter, “Christine” e “Príncipe das Trevas”. John Carpenter não faz um filme desde “o Hospício” de 2010. Actualmente, é músico profissional, tendo lançado 3 álbuns, «Lost Themes», I, II e III, e faz tournées com o seu filho Coby Carpenter onde toca as suas músicas mais famosas – e são muitas – com as cenas dos filmes em pano de fundo num efeito visual portentoso. Do cinema, penso que já fechou a loja, com muita pena minha e de muitos fãs por esse mundo fora. Do cinema ficou-lhe os cheques que os produtores da saga Halloween vão-lhe a trazer de tempo a tempos e provavelmente dos royalties da sua fantástica carreira de 40 anos e 20 filmes. Ficam as obras ímpares para a posteridade como Assalto à 13.ª Esquadra, Halloween - O Regresso do Mal, O Nevoeiro, Nova Iorque 1997, Veio do Outro Mundo, Christine, o Carro Assassino,





Príncipe das Trevas, Eles Vivem!, A Bíblia de Satanás, Fuga de Los Angeles ou Vampiros de John Carpenter. Se tivesse que fazer o meu top 5 os filmes de John Carpenter, seria:
1.º - Veio do Outro Mundo,
2.º - Christine,
3.º - Eles Vivem!,
4.º - Nova Iorque 1997 e
5.º - Halloween - O Regresso do Mal.


PALETES
Por: Carlos Filipe

Maul - «In The Jaws Of Bereavement» (EUA-North Dakota, Death Metal) | Com o ímpeto incansável da banda para levar a sua música para as pessoas ao vivo em todo o país, a reputação de MAUL cresceu rapidamente. Enquanto o coração podre do Death Metal no núcleo da banda é inquestionável, a banda não tem vergonha no seu jogo quando se trata de abraçar uma propensão para o lado mais pesado do hardcore com riffs prontos para mosh e pausas de crowdkilling. (20 Buck Spin)
Victory - «Circle Of Life» (Alemanha, Heavy Metal/Hard Rock) | Os primeiros dias do grupo baseado em Hanover remontam à década de 1980 e incluem clássicos de álbuns imortais. O mais recente álbum de estúdio, «Circle Of Life», mostra o quinteto, rodeado pelo fundador/guitarrista Herman Frank, não só constrói sem esforço os feitos anteriores, mas também soa mais forte do que nunca. (AFM Records)
Slomosa - «Tundra Rock» (Noruega, Stoner Rock/Metal) | Montanhas extensas constituem quase dois terços da Noruega. Esta grandeza de tirar o fôlego dá ao país uma sensação de esplendor natural e mística, como se a sua topografia guardasse segredos por milénios. Vindos da cidade de Bergen, os Slomosa canalizam a expansão dos seus arredores por um híbrido de assinatura arrebatadora de riffs de stoner rock acelerados, ganchos grungy e um wallop punk concentrado. Uma avalanche de distorção repletos de força tectónica. (All Noir)
Timeless Fairytale - «A Story To Tell» (Internacional, neo-classical metal/power metal ) | Timeless Fairytale é fundada pelo cantor dinamarquês Henrik Brockmann e pelo guitarrista/compositor italiano Luca Sellitto. O estilo de Timeless Fairytale ’s é o resultado de uma saborosa combinação de neoclássico/power metal, metal sinfónico e rock clássico. Esta banda pode ser considerada um “sonho tornado realidade” para todos os fãs de melodias vocais cativantes e elegantes, partes instrumentais de influência clássica e arranjos majestosos/ bombásticos. (All Noir)

Häxenzijrkell - «Portal» (Alemanha, Black Metal) | E assim acontece com o apropriadamente intitulado «Portal», onde HÄXENZIJRKELL traz passado, presente e futuro em surpreendente (des)harmonia. O álbum começa de forma bastante impressionante, um pêndulo metrónomo pulsando além do controle, riffs cortando em espiral, num vórtice infinito. Este terceiro álbum revela ainda mais profundidade e torna-se a manifestação mais completa do seu léxico ainda em expansão. (Amor Fati)
Nubivagant - «The Blame Dagger» (Itália, Black Metal) | Black metal tradicional e transcendental que é a marca de Nubivagant. Omega, o multi-instrumentista por trás da banda, possui a experiência coletiva de mais de três décadas na cena do black metal. Com «The Blame Dagger», Nubivagant abre a sua alma mais uma vez, de uma forma mais escura e totalmente mais áspera. (Amor Fati)

Coffin Rot - «Dreams Of The Disturbed» (EUA-Oregon, Death Metal) | O quinteto de death metal Coffin Rot concluiu o segundo LP, «Dreams Of The Disturbed». O álbum baseia-se nos elementos de death estabelecidos nos trabalhos anteriores, mas divergindo para algo muito mais sombrio, mais sinistro e muito mais pesado. Com influências da destreza técnica da guitarra de Cannibal Corpse da era Vile. (Earsplit)
Distant Dominion - «Ripping Through Time» (EUA-Pennsylvania, Black/Thrash/ Death Metal) | Novo quinteto de metal Distant Dominion chega com o seu disco de estreia. Distant Dominion é uma tempestade perfeita de precisão técnica, composições poderosas e complementares, e mais de um século coletivo de experiência. É uma banda de metal por excelência de veteranos de género. A estreia «Ripping Through

Time» implanta uma salva incineradora de devastação revigorante do metal infundida com floreios de talento técnico e melodias fragmentadas. (Earsplit)
Leila Abdul Rauf - «Calls From A Seething Edge» (EUA-California, Dark Ambient) | A multi-instrumentista LEILA ABDUL-RAUF, aclamada pelas suas paisagens sonoras evocativas e que ultrapassam fronteiras, apresenta o seu quinto e mais ambicioso álbum a solo até à data, «Calls From A Seething Edge». Ao longo da última década, mostrou os seus talentos como compositora, multi-instrumentista e vocalista, e aventurando-se em novos territórios de som e alcançando novos patamares de criatividade. (Earsplit)
Paralydium - «Universe Calls» (Suécia, Progressive Metal) | Paralydium, a potência do metal progressivo vinda da Suécia. «Universe Calls» é O segundo lançamento dos Paralydium e promete uma paleta diversificada de riffs contundentes, texturas atmosféricas, transições perfeitas e a complexidade de músicas distintas entrelaçadas, oferecendo uma experiência de audição extraordinariamente imersiva para os ouvintes. (Frontiers Music)
Abramelin - «Sins Of The Father» (Austrália, Death Metal) | Indiscutivelmente os pioneiros do Death Metal na Austrália, os Abramelin acabam de completar o seu 4.º álbum de estúdio intitulado «Sins of the Father». Este é um brutal ataque de Death Metal aos sentidos; embora liricamente, continua a ultrapassar os limites do horror e da depravação. (Hammerheart Records)
Haliphron - «Army Of Darkness» (Países Baixos, Symphonic Death Metal) | Os temas líricos dos HALIPHRON estão consistentemente entrelaçados com o seu som cativante e poderoso. Para «Anatomy of Darkness», a banda ultrapassou os seus limites mais do que nunca. O álbum apresenta faixas mais curtas, mais baseadas em guitarra e riffs, partes intensas de guitarra principal e um tom geral mais agressivo. Um componente-chave é a diversidade vocal, incorporando grunhidos, gritos, rosnados, sussurros e até mesmo cantos limpos. (Listenable Records)
Mordkaul - «Feed The Machine» (Bélgica, Melodic Death Metal) | Onde «Dress Code: Blood» foi fortemente inspirado nas icónicas bandas suecas de death metal dos anos 90, «Feeding The Machine» vai um passo, além disso. Com influências mais amplas de artistas do death metal dos anos 90 como Morbid Angel e Death, “Feeding The Machine” atinge ainda mais e visa elevar a banda a novos patamares! (Massacre Records)
Isolert - «Wounds Of Desolation» (Grécia, Black Metal) | Isolert é uma banda de black metal da Grécia (Volos), formada em 2015 como um dueto por Panagiotis T. e Nick S. O estilo da banda combina melodias intensas com elementos agressivos e vocais impiedosos, criando uma atmosfera épica em meio a uma paisagem de agonia. Temas líricos de um mundo em queda, de desespero e desolação pregados por gritos intermináveis e enfurecidos, ao ritmo de tambores furiosos. «Wounds of Desolation» é o terceiro álbum. (Non Serviam Records)
Anubis - «The Unforgivable» (Austrália, Cinematic Progressive Rock) | A banda australiana de rock progressivo cinematográfico Anubis voltou - e comemora o seu vigésimo aniversário com o novo álbum conceitual «The Unforgivable». Este encontra a banda revisitando o formato de álbum conceitual baseado em narrativa que os caracterizou nos seminais «230503» e «A Tower of Silence». (Bird’s Robe Records)
Arottenbit - «You Don T Know What Chiptune Is» (Itália, Experimental Digital/Metal) | Numa era opulenta onde tudo é consumido rapidamente, arottenbit mistura géneros usando uma ferramenta obsoleta, um velho NINTENDO GAME BOY resgatado do lixo. Se o punk nos ensinou que não precisa saber tocar um instrumento para fazer música, hoje aprendemos que nem precisa de ter um instrumento musical para fazer música! De 70 a 240 bpm numa jornada pesada e furiosa, englobando todas as influências techno. Este é um projeto de música eletrónica. (Time To Kill Records)
Barathrum - «Überkill» (Finlândia, Black/Doom Metal) | BARATHRUM não deve precisar de introdução. Formados em 1991, a banda continua a ser uma das primeiras bandas de black metal da Finlândia - e, mais importante, uma das mais antigas. No entanto, por mais que os BARATHRUM sejam (ainda) uma banda de black metal puro e orgulhoso, «Überkill» prova que os finlandeses são heavy metal muito grande. (Saturnal Records)
Chrysalïd - «Breaking The Chains» (Inglaterra, Power Metal) | Chrysalïd, a potência do heavy metal do norte da Inglaterra, conta com os convidados especiais Tim “Ripper” Owens, Zak Stevens, Fabio Lione, Henning Basse e muito mais! Este álbum é mais do que apenas uma coleção de canções; É uma mensagem poderosa para o mundo sobre nunca desistir, sempre lutar pelos seus sonhos e ficar de pé. (Rockshots Records)
Siderean - «Spilling The Astral Chalice» (Eslovénia, Death Metal) | O segundo álbum «Spilling the Astral Chalice» da força de death metal progressivo da Eslovênia, SIDEREAN, é um cósmico e mortal, mas harmónico. SIDERAN oferece uma mistura única de dissonância e harmonia. A liberdade dos acordos genéricos é a chave. A complexidade soa forçada e natural. Não é o caso do SIDEREAN. (Edged Circle Productions)
Theigns & Thralls - «The Keep And The Spire» (Canadá, Folk Rock Metal) | Theigns & Thralls, conhecidos por sua mistura distinta de folk-metal e rock clássico, estão animados com o novo álbum «The Keep & The Spire», que mostra a evolução da banda com um tom mais pesado e escuro, desprovido de faixas acústicas. Theigns e Thralls continuam a ultrapassar os limites do seu som, cimentando a sua posição na cena musical. (Rockshot Records)

The Verge - «The Verge» (França, 70’s rock) | O quarteto norueguês de jazz-rock The Verge, é composto por quatro músicos ainda em ascensão que são todos membros da cena norueguesa e europeia de jazz, improvisação e rock. O álbum é composto por sete faixas compostas pelos membros da banda, que soam muito diferentes entre si. Paisagens sonoras que variam do jazz melódico ardente ao prog rock histérico, improvisação livre atmosférica e riffs pesados são o que definem o disco de estreia dos The Verge. (Is it Jazz? Records)
Vision Divine - «Blood And Angels Tears» (Itália, Power/Progressive Metal) | Vision Divine voltaram com o seu Power metal progressivo único, glorioso e suave. Uma saga épica que se desenrola por via de dois LPs monumentais, com a 1ª parte «Blood And Angels’ Tears». Cada álbum é um capítulo de um grande conto cinematográfico: temas de redenção, unidade e resiliência permeiam as orquestrações melódicas e os vocais assombrosos. Experimente a majestade cinematográfica de «Blood And Angels’ Tears». (Scarlet Records)
Glacial Tomb - «Lightless Expanse» (EUA-Colorado, Death/Black Metal) | Glacial Tomb estão prontos para deixar a sua marca enquanto lançam o seu segundo álbum, «Lightless Expanse». O trio de Denver, abraçou as bases da morte corrompida e do black metal do seu álbum de estreia, nivelando a tecnicidade instrumental e a composição matizada. Eles abraçaram a nova perspetiva musical dinâmica e fresca. (Prosthetic Records)
Defeated Sanity - «Chronicles Of Lunacy» (Internacional, Extreme Death Metal) | É inequivocamente uma das bandas mais únicas, exigentes e cruciais da história do death metal extremo. A sua música é tão tecnicamente coerente como alucinante e memorável. Infinitamente reproduzível e cheio de descobertas, o seu labirinto de riffs e passagens musicais é inspirado nas bandas clássicas infames do metal extremo. (Season of Mist)

Miasma Of Occvlt Limbs - «Occulta Caerimonia Putridum» (Chile, Death/Doom Metal) | O miserável nascimento do misterioso enigma chileno Miasma de Occvlt Limbs é uma experiência a contemplar, e uma abominação inteiramente própria. O álbum de estreia da banda, devorado pela morte, intitulado «Occvlta Caerimonia Putridvm», é uma fonte perpétua de maravilha, quando se trata dos ofícios mais únicos e obscuros da música extrema sombria e desviante. Sem exceção a esta tradição, este é uma joia inconfundível do metal extremo chileno. (Sentient Ruin)
Feral - «To Usurp The Thrones» (Suécia, Old School Death Metal) | Os saqueadores suecos de death metal, Feral, proclamaram os seus direitos ao trono, com a investida maciça e abrangente no reino do death metal sueco. Este é o death metal que parece, soa e sente como se fosse tocado por verdadeiros selvagens Vikings, é sabiamente escrito, apoiado por quase duas décadas de experiência esmagadora. (Transcending Obscurity Records)
Immortal Bird - «Sin Querencia» (EUA-Illinois, Black/Sludge Metal) | A unidade de caos mais angustiante e tecnicamente feroz de Chicago, IMMORTAL BIRD, voltou com o seu aguardado terceiro álbum. Abandonando as restrições de género, IMMORTAL BIRD funde coerentemente elementos de Death e Black Metal, tumulto Hardcore, numa dose da agitação Noise Rock e uma complexidade composicional. (20 Buck Spin)
Ashen Tomb - «Ecstatic Death Reign» (Finlândia, Death Metal) | O quinteto finlandês de Death Metal Ashen Tomb lança o seu álbum de estreia «Ecstatic Death Reign», num ataque brutal implacável intensificando os seus esforços anteriores! O reinado da morte está sobre nós! Formado em 2021, Ashen Tomb toca Death Metal direto apoiando-se nos pilares do Death Metal. (Everlasting Spew Records)
Äera - «Phantast» (Alemanha, Atmospheric Black Metal) | Ao longo de um período meticuloso de dois anos, o trio dedicado da ÄERA - Milan Sikorski, Simon Wiedenhöft e Sven Strefel - investiu a sua criatividade coletiva para moldar a paisagem sonora do seu mais recente opus. Inspirando-se na evocativa coleção de Christian Morgenstern “In Phantas Schloss”, «Phantast» leva o ouvinte numa viagem imaginativa através de universos internos e externos, distorcendo perspetivas sobre um mundo fora das restrições da sociedade. (All Noir)

Livløs - «The Crescent King» (Dinamarca, Melodic Death Metal) | Com o novo disco, a banda continua a entregar o seu estilo punitivo de grooves pesados, melodias melancólicas e musicalidade progressiva, enquanto desdobra uma narrativa inspirada na fantasia cosmológica de “The Crescent King”. Embora ostente as marcas registadas de LIVLØS de grooves pesados e death metal, melodias melancólicas e grandiosas e musicalidade progressiva, a música de «The Crescent King» complementa o conceito ambicioso de elementos prog. (All Noir)
Mother Of Millions - «Magna Mater» (Grécia, Progressive Metal) | O novo LP apresenta uma abordagem significativamente mais pesada do que os seus antecessores, sem perder um centímetro do nervo emocional, que se tornou sinónimo da banda. «Magna Mater» apresenta nove faixas que prometem levar os ouvintes numa jornada de exploração musical, lírica e emocional. Magna Mater é um álbum sobre a perda. (All Noir)
Ruff Majik - «Moth Eater» (África do Sul, Stoner Psycadelic Rock) | Os rapazes ‘Majik pegam num modelo bem conhecido e drenam-no com a sua atitude única e sensibilidades stoner-esque. Riffs lamacentos e distorcidos, vastas paisagens de abandono sónico, imagens escuras que complementam perfeitamente a deliciosa cacofonia e saborosas mordidas sonoras que adicionam infinitas faixas de cor. (All Noir)
Invernoir - «Aimin For Oblivion» (Itália, Gothic/Doom/Death Metal) | Os Invernoir mostraram um talento especial desde o início com o seu impressionante EP de estreia, «Mourn». Combinando atmosferas acarinhadas da Doom britânico dos anos 90 com a cena escandinava mais recente, Invernoir traz de volta à vida o melhor do gótico dos anos 90 com este novo álbum estelar que farão sangrar os corações do dark metal. (Code666)


Bye Bye Tsunami - «Eating» (Dinamarca, Experi-Metal/Post-Mental) | Bye Bye Tsunami, o trio de jazz do planeta pós-mental, pós-mental, lança o seu novo EP «Eating». Sediados em Copenhaga, Dinamarca, o trio emprega ritmos interrompidos, instrumentos de sopro futuristas únicos e gritos de ciborgue dilacerantes para expandir a linguagem musical para além dos seus horizontes mais loucos. A banda promete batidas massivas de meth-metal, vozes desumanizadas e desesperadas, influências ecléticas barulhentas, eletrónica glitchy e vários outros elementos inovadores, tudo devidamente complementado com arte exclusiva. (Earsplit)
Aiwaz - «Darrkh It Is» (Alemanha, Doom Metal) | Aiwaz, é uma banda nascida das profundezas da exploração musical, fundada em 2017 por Arkadius Kurek e Timo Maischatz. A sua visão compartilhada era criar um espaço onde melodias lentas e melancólicas pudessem prosperar e ressoar com os ouvintes num nível profundo. Cada canção é meticulosamente trabalhada para alcançar um equilíbrio delicado entre melancolia e beleza, atraindo os ouvintes para uma experiência transcendente. (Hammerheart Records)
Capilla Ardiente - «Where Gods Live And Men Die» (Chile, Epic Doom Metal) | A épica banda de doom metal CAPILLA ARDIENTE (uma expressão espanhola traduzida como “capela em chamas”) foi fundada na capital do Chile em 2006. «Where Gods Live And Men Die» mostra que são muito mais do que uma banda ortodoxa de doom metal épico. O novo álbum contém mais uma vez quatro canções muito longas. (High Roller Records)
Bütcher - «On Fowl Of Tyrant Wing» (Bélgica, Speed Metal) | Os speed metallers belgas BÜTCHER explodiram em cena. A sua música atende às almas enegrecidas que amam velocidade da velha escola, thrash, heavy e black metals. BÜTCHER sempre misturou velocidade antiga e thrash metal com NWOBHM, hard rock clássico e black metal. Progressivo e muito tradicional, este álbum atrairá fãs e críticos. (Osmose Productions)
Killing Spree - «Camouflage» (Alemanha, Death Metal) | O duo de vanguarda Killing Spree é uma criação de Matthieu Metzger e Grégoire Galichet. Este formidável emparelhamento funde o poder bruto do Metal com o espírito imprevisível da improvisação do free jazz, criando uma paisagem sonora que desafia as fronteiras do género. O saxofone fortemente saturado de Matthieu Metzger, manipulado com uma série de máquinas, trava um duelo implacável com a bateria explosiva de Grégoire Galichet, um virtuoso na cena musical extrema francesa. O resultado é uma catarse emocionante do Metal e da música progressiva. (Resistants Records)

Mindless Sinner - «Metal Merchants» (Suécia, Heavy Metal) | Hasteando a bandeira do heavy metal tradicional sueco, músicas como a abertura up-tempo “Speed Demon” ou a faixa-título “Metal Merchants” mostram quanta experiência os Mindless Sinner ganharam ao longo dos anos. A performance vocal de Christer Göransson é absolutamente impressionante, como a guitarra de Magnus Danneblad e Jerker Edman. (High Roller Records)
Dagoba - «Different Breed» (França, Groove/Industrial Metal) | Tendo marcado a cena do metal com uma mistura única de metal, industrial, Dagoba é hoje uma banda emblemática e bem conhecida na cena francesa e internacional. Os Dagoba orgulham-se de a cada álbum ter técnicas de produção inovadoras, regressam com uma veia muito mais sombria e agressiva. (Verycords)
Corecass - «Tar» (Alemanha, Dark Ambient/Post-Rock/Neo-classical) | Composto por oito faixas ardentes, este álbum mistura perfeitamente os géneros dark-ambient, post-rock, neoclássico e eletrónico. Com «TAR», Corecass captura a verdadeira essência da jornada de um indivíduo através do desespero existencial para uma poderosa restauração e crescimento. Outras vezes, os sons irrompem com uma urgência que mostra as capacidades contrastantes e a maturidade composicional presentes na composição artística. Enraizado numa abordagem neoclássica, Corecass transcende as fronteiras tradicionais misturando piano, órgão, harpa, bateria e guitarra elétrica numa paisagem sonora escura, atmosférica e cinematográfica que desafia os limites criativos. (All Noir)
Laudare - «Requiem» (Alemanha, Post-rock/Progressive Rock/Metal) | Oriundo de Leipzig, na Alemanha, Laudare tem tudo a ver com poesia - em palavras e composição. O quarteto composto por guitarra, baixo, bateria e violoncelo vai a trilhar o seu próprio caminho, passando pelo Rock Progressivo, Metal, Folk e Música Neoclássica, mas mantendo-se sempre inquieto. Com dez faixas inéditas, a banda autoclassificasse como ‘poesia violenta’. Passagens calmas, melódicas, faladas, poéticas e partes ásperas, agitadas, marcam a contraparte violenta. (All Noir)
Obnoxious Youth - «Burning Savage» (Internacional, Heavy/Speed/Black Metal) | O quinteto sueco-finlandês de speed/thrash metal Obnoxious Youth regressa com estrondo após quatro anos de interrupção. O objetivo da banda era quebrar fronteiras e voltar ao tempo em que a música extrema não tinha regras ou regulamentos. Quando não havia “death metal” ou “thrash metal”, quando havia apenas “metal” ou “punk”. (Svart Records)

April Art - «Rodeo» (Alemanha, Alternative Rock/Metal) | Mais uma vez com atitude: a April Art propôs-se a fazer nada menos do que mudar o mundo. Isso pode parecer ousado, mas eles têm as músicas para apoiar essa atitude. É uma sensação de metal moderno como nenhuma outra, emergindo do underground e liderada pela brilhante vocalista Lisa-Marie Watz. Há muito tempo que uma banda alemã não soa tão explosiva, tão faminta, tão insaciável. (Reaper Entertainment)
Never Obey Again - «Trust» (Itália, Symphonic Metal) | Never Obey Again é uma unidade alternativa feminina que mistura sons pesados e elementos eletrónicos modernos para criar cenários sonoros cativantes e emocionais. «Trust» foi concebida como “música para todos”, uma vez que as letras e vocais ressoam com qualquer pessoa; palavras e melodias que permitem ao ouvinte sentir-se em casa, protegido e seguro na partilha de sentimentos. (Scarlet Records)
Veonity - «The Final Element» (Suécia, Power Metal) | Defensores da fé do power metal. À medida que o power metal se torna lentamente mais suave e baseado em sintetizadores, «The Final Element» garante que esta tendência seja quebrada para sempre! Vocais altos, guitarras gémeas e coros poderosos, fortemente fundada em linhas de baixo estrondosas e tambores de contrabaixo estrondosos – dominam e definem o sexto álbum de estúdio dos Veonity. (Scarlet Records)
Five The Hierophant - «Apeiron» (Inglaterra, Psychedelic Black Metal/Jazz/Ambient/Post Metal ) | FIVE THE HIEROPHANT continua a trilhar o caminho sinuoso que escolheu para si no início. Recusando-se a atribuir um estilo singular, misturam elementos de black/doom, psicadélico, ambiente, experimental e jazz numa viagem sincrética. «Apeiron» é uma experiência hipnótica e alucinatória com forte ênfase na atmosfera escura, paisagens oníricas cinematográficas e sons repetitivos indutores de transe ritualístico. A banda continua a expandir o uso de instrumentos atípicos que ajudam a capturar o espírito assombroso da música. (Agonia Records)
Mother Of Graves - «The Periapt Of Absence» (EUA-Indiana, Melodic Death/Doom Metal) | Os fornecedores melódicos de Death de Indianápolis MOTHER OF GRAVES regressam à superfície com uma nova e prolífica dose de melancolia. «The Periapt of Absence», serve como um testemunho da jornada evolutiva e dedicação inabalável para criar a sua interpretação profundamente pessoal do death doom metal. Cada canção proporciona uma exploração pungente da experiência humana. (All Noir)
The Hypothesis - «Evolve» (Finlândia, Melodic Death Metal) | Vindo do reino sombrio de Kouvola, na Finlândia, THE HYPOTHESIS foi fundado em 2009 como uma entidade de metal melódico impulsionada pelo desejo de se libertar das restrições de género e evoluir a cada empreendimento musical. THE HYPOTHESIS é um quarteto poderoso com um ímpeto incansável pela excelência musical. (All Noir)
Undeath - «More Insane» (EUA-New York, Death Metal) | Os grandes nomes do death metal nova-iorquino UNDEATH emergem do slime fedorento com o seu novo álbum, «More Insane». Temas unificadores de assassinato, esquisitos, psicóticos e mais loucura prevalecem em «More Insane». Espere mais derramamento de sangue e uma tonelada de diversão. Na vida, só há morte. Contudo, desta vez, é mais insano! (Prosthetic Records)
Underdogs - «Nine Ties» (Itália, Hardcore Punk) | O próximo álbum dos UNDERDOGS representa o renascimento da banda após um longo hiato - o seu regresso apresenta o som pesado dos primeiros dias, combinado uma maior consciência técnica com uma nova atitude Hardcore Punk. As novas canções são claramente desenhadas a partir dos anos 90 e influenciadas pelo pós-punk e pós-metal. (All Noir)

Avtotheism - «Reflecions Of Execrable Stillness» (Itália, Technical Death Metal) | Avtotheism é uma banda italiana de death metal formada em 2016. «Reflections Of Execrable Stillness» é o segundo álbum, e consiste em duas partes. As quatro primeiras faixas são material inédito composto em 2022, enquanto a segunda parte é um single, desafiador canção de 17 minutos escrita entre 2016 e 2017. Estas duas partes tratam de temas diferentes, mas estão intrinsecamente ligadas. (Avantgarde Music)
Ershetu - «Yomi» (Noruega, Folk Instrumentation Atmospheric Metal) | O projeto de Black Metal cinematográfico ERSHETU foi formado em 2021 pelo conceptualista/letrista Void e pelo compositor Sacr para explorar formulações da Morte dentro em civilizações ou religiões particulares. O novo álbum «Yomi» encontra a banda crescendo em confiança e estatura, indo para climas mais profundos e sombrios enquanto mergulham no folclore da morte do xintoísmo japonês. O compositor Sacr teceu uma tapeçaria apropriadamente dualista onde percussão ritual, orquestração e atmosférica e o poder cerebral do Black Metal. (Debemur Morti Productions)
Conny Ochs - «Troubadour» (Alemanha, Dark Folk) | O novo álbum intimista da cantora e compositora alemã nómada CONNY OCHS. Ela tem conquistado os corações e mentes de fãs de música curiosos em todo o mundo através do seu cancioneiro expressivo e emotivo. OCHS expandiu os seus sons baseados quase inteiramente em guitarra e vocais em criações mais infundidas de rock. (Earsplit)
Lankester Merrin - «Dark Mother’s Child» (Alemanha, Melodic Heavy Metal) | Potência altamente dinâmica e feminina! Depois do seu bem-sucedido segundo álbum «Dark Mother Rises», os metaleiros melódicos LANKESTER MERRIN da Baixa Saxónia apresentam o seu terceiro álbum «Dark Mother’s Child». 9 canções de quebrar o pescoço e, ao mesmo tempo, altamente melódicas, com hinos de metal e rock midtempo variados, contrabaixo pesado e baladas poderosas de poder. (MDD Records)
Kings Of Mercia - «Battle Scars» (EUA-Califórnia, Hard N´Heavy) | Ocasionalmente, a arte oferece a tempestade perfeita. Quando mundos criativos colidem com uma cacofonia furiosa de poder, a magia acontece. É o caso de Kings of Mercia, cujo segundo álbum, «Battle Scars», é a continuação de uma história tão improvável quanto gloriosa. Quando o guitarrista Jim Matheos, fez saber a alguns amigos próximos que escrevia canções para um novo projeto, conseguiu montar uma banda sólida repleta de nomes conhecidos. (Metal Blade Records)
Aethyrick - «Death Is Absent» (Finlândia, Black Metal) | Musicalmente, «Death is Absent» baseia-se no estilo característico de Aethyrick, empurrando-o ainda mais enquanto ocasionalmente aumenta o ritmo. Enraizada no lado melódico e atmosférico do black metal de meados dos anos 90, a sua música evoca uma época em que o género capturou pela primeira vez a sua imaginação. É uma paisagem sonora familiar e fresca, incorporando os mistérios do lado noturno. (End All Life Productions)
Kozoria - «The Source» (França, Heavy Metal) | Álbum de estreia da banda francesa de metal progressivo Kozoria. Em «The Source», os Kozoria pintam um universo romântico e dramático, com cada faixa retratando uma história que explora as ansiedades dos seres humanos que enfrentam a violência das suas próprias emoções. Captando uma energia sombria e visceral, com composições que servem narrativas contemporâneas, o álbum desdobra-se com camadas polifónicas que criam contrastes na escuridão. (Black Lion Records)
Nigrum - «Blood Worship Extremism» (Suécia, Black Metal) | Em 2015, o Nigrum nasceu do fogo, de túneis infestados de cobras e do culto voraz à morte. Das brumas do planalto central mexicano e dos templos piramidais de Quetzalcoatl, veio um caminho turvo e sinuoso que tomou forma na forma de metal negro. Os processos espirituais e criativos que guiaram o Nigrum culminaram na gravação do seu álbum de estreia, intitulado «Elevenfold Tail». Este nascimento importante anunciou a chegada da banda. (Iron Bonehead Productions)
The Mist From The Mountains - «Portal: The Gathering Of Storms» (Finlândia, Melodic Black Metal) | Foi logo no início de 2022 que os The Mist from the Mountains lançaram o seu importante álbum de estreia. Intitulado «Portal - The Gathering of Storms», o 2.º álbum é, de facto, a parte seguinte de uma trilogia, mas enquanto a estreia não negligenciável não passou de apenas 38 minutos, este segundo longa-metragem é uma épica quase hora de majestade hipnotizante, com os seus raios dourados a estenderem-se infinitamente para além do horizonte. (Primitive Reaction)
Tyrannic - «Tyrannic Desolation» (Austrália, Black/Doom Metal) | Desde a sua formação em 2010, os TYRANNIC da Austrália têm sido um estudo constante em desafio sónico. TYRANNIC continua a trajetória caótica com o seu terceiro álbum, «Tyrannic Desolation». Apropriadamente intitulado, há de facto muitos momentos de desolação ao longo do disco de oito canções / 48 minutos; embora se pudesse compará-los a “Doom” no seu sentido mais esquelético, esses momentos pisam e soam com rancor aparentemente aleatório. (Seance Records)

Schammasch - «The Maldoror Chants Old Ocean» (Suiça, Avant-garde/Dark/Black Metal ) | The Maldoror Chants evoluiu para uma forma e estrutura mais elaboradas. Este lançamento é o 2.º de uma série contínua de obras de Schammasch que se baseia em Les Chants de Maldoror. O álbum traça a evolução contínua no som de Schammasch; tons escuros e góticos sobem frequentemente à superfície, com a palavra falada sensual ocupando o centro do palco. Um ritmo pulsante e monolítico flui através do álbum com a sua visão atmosférica do pós-black metal. (Prosthetic Records)
Pillar Of Light - «Caldera» (EUA-Michigan, Doom/Sludge/Post-Metal) | A música de Pillar of Light é pesada e encharcada de melancolia e, no meio de toda a dor e tristeza, encontraram uma forma de projetar luz e esperança. É o caso de quase todas as canções deste álbum profundo, onde as canções se esforçam e agitam-se, construindo uma espécie de epifania divina. As emoções cruas na música e melodias subjacentes são muito palpáveis, e o sentimento é aumentado na maioria devido à intensidade ardente e desespero nos vocais. (Transcending Obscurity Records)
Ritual Fog - «But Merely Flesh» (EUA-Tennessee, Death Metal) | Os Ritual Fog infundiram magistralmente influências thrash no seu som de death metal old school de uma forma que a música se torna muito mais áspera. Os vocais roucos que emanam do que só pode ser uma garganta serrilhada aumentam o efeito de ralar e o quociente de maldade. Os Ritual Fog criaram uma fera assustadora e devastadora. (Transcending Obscurity Records)
Aeon Gods - «King Of Gods» (Alemanha, Symphonic Power Metal) | Os deuses faziam power metal. Anja e Alex Hunzinger evocam um novo conceito, com uma casa musical diferentemente construída em torno de um som cinematográfico aromatizado por elementos de poder e metal sinfónico: «Aeon Gods» infunde sangue novo na cena épica do metal. Mistura imperial de coros fortes, batidas poderosas e sons majestosos! (Scarlet Records)

Death Like Mass - «The Lord Of Flies» (Polónia, Black Metal) | O álbum de estreia do DLM está aqui! Depois de anos à espreita nos cantos mais profundos e sombrios do underground do Black Metal, a entidade conhecida como Death Like Mass levanta finalmente a cabeça, desta vez presenteando-nos com 45 minutos de implacável Black Metal Magic. Um álbum que vai dividir o rebanho com a sua fúria inabalável. (Ván Records)
Bedsore - «Dreaming The Strife For Love» (Itália, Progressive Death Metal) | Com o novo segundo álbum «Dreaming The Strife For Love», os italianos Bedsore saltaram de cabeça para o calor progressivo e atmosferas obscuras dos anos 1970. Uma aura aspiracional e operática envolve este álbum, desde as composições mais longas até a instrumentação extravagante e diversificada que inclui guitarra de 12 cordas, uso abundante de sintetizadores, mellotron e órgãos, baixo fretless. O alcance dinâmico do álbum abraça o prog rock. (20 Buck Spin)
Drownship - «Tidal Passages» (Alemanha, Post-Metal) | Vindos do norte da Alemanha, os DROWNSHIP surgiram em 2018, rapidamente se destacando com o seu som poderoso e emotivo. «Tidal Passages», é uma mistura convincente de elementos pesados e progressivos, completados por vocais poderosos e instrumentais assombrosos. O álbum promete ser uma experiência de audição sombria e imersiva. (All Noir)

Gotho - «Gothron Versus Fartark» (Itália, Math/Progressive Rock) | Gotho é um duo instrumental formado em 2020, conhecido pela sua capacidade de explorar uma gama incrivelmente ampla de géneros musicais, desafiando qualquer tentativa de categorização. Estamos perante uma fusão de sintetizadores, piano elétrico e bateria, sem faixas pré-gravadas, loops ou overdubs. Versatilidade a todos os níveis. (All Noir)
Todestrieb - «Corona Tenebra» (Polónia, Black Metal) | Todestrieb é um duo de black metal polaco formado em 2023 em Cracóvia por blein (guitarras e baixo) e Res (vocais e letras). A dupla completou o seu primeiro disco, «Corona Tenebra». Este é composto por cinco faixas, escrito em polaco, circulando em torno de temas como espiritualidade, satanismo gnóstico, blasfémia, teologia e filosofia. (Avantgarde Music)
The Watcher - «Out Of The Dark» (EUA-Massachusetts, Heavy/Doom Metal) | Primeiro LP triunfante do emergente traje de heavy metal de Massachusetts para os fãs de Iron Maiden, Pentagram, Trouble e Satan! Os watcher regressam com o seu aguardado primeiro LP, «out of the Dark»! A marca distintiva da banda é juntar NWOTHM com elementos de Doom. (Cruz del Sur Music)
Pestilent Hex - «Sorceries Of Sanguine & Shadow» (Finlândia, Melodic/Symphonic Black Metal ) | Com base nos estilos sinfónicos do Black Metal na sua magistral estreia em 2022, «The Ashen Abhorrence», o enigmático duo finlandês PESTILENT HEX regressa com a segunda obra, «Sorceries of Sanguine & Shadow», para anunciar uma nova era de grandeza malévola e agressividade melódica. O trabalho do multi-instrumentista L. Oathe e do vocalista/letrista M. Malignant, é inspirado principalmente no lendário Black Metal de segunda onda dos anos 90, mas diverge dos tons neoclássicos e barrocos da estreia em reinos mais contemporâneos, complexos e labirínticos. (Debemur Morti Productions)
Moon Wizard - «Sirens» (EUA-Utah, Stoner/Doom Metal/Rock) | Louvado seja o Todo-Poderoso Riff! Triunfante, lindo, pesado e poderoso Stoner Metal. «Sirens» dos Moon Wizard tem vocais triunfantes, lindos e poderosos do Stoner Metal e ganchos instrumentais que são hinos e valem totalmente cada minuto. Moon Wizard, formado pelos amigos de longa data Aaron, Joe e Ashton, emergiu das suas raízes Black e Death Metal para criar uma mistura única de metal Doom e Stoner. (Hammerheart Records)
Schädlich & Söhne - «Zweckpessimismus» (Alemanha, Dark Rock) | Yantit e Guido Meyer de Voltaire são Schädlich & Söhne - e nestes tempos sombrios, eles querem adicionar alguns salpicos de cor cinza-escuro ao seu pequeno e triste mundo com o seu novo álbum. Abandone toda a esperança, esta música não é para todos. Isso é para ouvintes que pensam, têm sentido de humor negro e encontram prazer na tragédia. (Massacre Records)
CMPT - «Na Utrini» (Sérvia, Atmospheric Black Metal) | O segundo da ambiciosa trilogia de black metal dos Balcãs, iniciada com o álbum de estreia «Na utrini», oferece uma prequela conceptual antes dos acontecimentos do álbum anterior começarem a desenrolar-se. Utrina vem do vocabulário local, geralmente significando uma terra negligenciada e inculta que ninguém presta mais atenção. (Osmose Productions)

Genocide Kommando - «Third World War» (França, Black Metal) | Os profetas niilistas GENOCIDE KOMMANDO voltaram com a Terceira Guerra Mundial! Com ódio e poderosa coerência, este novo opus é um novo hino dedicado a temas antihumanos! Não espere nada além da música violenta e estética do acasalamento, da guerra e do satanismo! Guerra total de porra com um som enorme. (Osmose Productions)
Becerus - «Troglodyte» (Itália, Death Metal) | BECERUS voltaram soltando uma nova saraivada de grunhidos cavernosos, uma peculiar carta de amor à cena do Death Metal dos anos 90 adornada com riffs de lava e rosnados do neandertal! Depois do seu álbum de estreia, a banda está regressa com o explicitamente intitulado «Troglodytes». O único objetivo da banda é tocar a forma mais vil e descerrada de música já feita enquanto cultura a figura grosseira e desagradável do poderoso Becer, uma criatura nojenta e hostil cujos músculos, cabelos sujos e barriga assustam instantaneamente cada ser vivo que cruza o seu caminho. (Everlasting Spew Records)
Die For My Sins - «Scream» (Itália, Heavy Metal) | Formada em 2022 pelos irmãos Fabio e Nicolas Calluori, músicos talentosos anteriormente conhecidos por seu trabalho no grupo de power metal Heimdall , DIE FOR MY SINS funde a paixão compartilhada pelo Heavy Metal, num álbum explosivo, composto por 9 canções de Heavy Metal de riffs poderosos, melodias cativantes e passagens sinfónicas. (ViciSolum Productions)
Eldingar - «Lysistrata» (Italia, Black Metal) | Eldingar, a banda de black metal, conhecida por sua fusão de death melódica e thrash metal com elementos folk pagãos, lança o seu segundo LP, «Lysistrata». A música de Eldingar é mais do que apenas metal! (Pest Records)
Manuel Barbara - «Whisper In A Storm» (Canadá, Progresive Instrumental Metal) | O guitarrista e compositor de metal da Costa Leste Manuel Barbará está animado para anunciar o seu novo EP «Whisper in a Storm». O EP mistura a agressividade e o domínio técnico do heavy metal com os conceitos formais e harmónicos aprendidos com os grandes compositores dos séculos XIX e XX. (Independente)
Mindreaper - «Withering Shine Into Oblivion» (Alemanha, Melodic Death Metal) | Com este álbum, a excecional banda Mindreaper cria o seu opus magnum. Recheada de hinos para a eternidade, a banda expande-se com novos elementos sinfónicos e uma sonoridade única entre a tradição e a modernidade. As músicas são todas cativantes e representam os mais altos padrões musicais num género que ainda é um dos mais populares. (Death Age Records)

Ploughshare - «Second Wound» (Austrália, Black/Death Metal) | A banda australiana de metal extremo Ploughshare lança o seu novo álbum, «Second Wound», dando continuidade à devastação sonora que desencadeou com a sua estreia em 2018. O novo disco ultrapassa os limites do género, misturando black metal, death metal, doom e elementos electrónicos obscuros numa experiência singular e visceral. Second Wound foi escrito entre 2019 e 2022, com os membros colaborando, juntos e individualmente. (I, Voidhanger Records)
Nekus - «Death Apophenia» (Alemanha, Black/Death Metal) | O underground alemão espreita a morte subsónica humongous - Nekus, regressando finalmente com «Death Apophenia», num enterro sónico marcado pela morte em tormento absoluto. Com o tempo de execução de mais de quarenta minutos dividido em apenas cinco movimentos paquidermes, «Death Apophenia» lança o ouvinte num abismo afónico, para ser dilacerado por imensas forças de maré e uma pressão tectónica catastrófica. (Sentient Ruin)
Valdaudr - «Du Skal Frykte» (Noruega, Black Metal) | Quase 4 anos depois do seu aclamado álbum de estreia «Drapsdalen», os Valdaudr regressam com o poderoso follow-up! «Du Skal Frykte» traz ainda mais nostalgia e atmosfera do passado para a mesa, mas com um toque mais melódico, mas da maneira certa. (Soulseller Records)
Fleshbore - «Painted Paradise» (EUA-Indiana, Technical/Melodic Death Metal) | Os Fleshbore criaram um álbum de death tecnológico que é implacável desde o início. Está repleto de riffs e, para tornar as coisas avassaladoras, oferecendo inúmeras variações e entregam uma intensidade rara e impressionante. Os vocais são furiosos; O vocalista entrega rosnados roucos e grunhidos profundos num estilo de gagueira rápida, intercalando tudo com vocais roucos para se adequar aos humores constantes do álbum. É um death metal encorpado e intrincado. (Transcending Obscurity Records)
Hierarchies - «Hierarchies» (Internacional, Dissonant/Technical Death Metal ) | Membros de Acausal Intrusion e Dwelling Below conspiram entre si para criar death metal dissonante/técnico que ultrapassa os limites da realidade. Sendo a música tão intrincada, estranhamente intuitiva e visceral, esbate o ponto onde a ampliação da sua música termina e a imaginação toma conta. É uma espiral descendente da consciência, onde os inúmeros riffs são empilhados uns sobre os outros freneticamente. (Transcending Obscurity Records)
Apostasie - «Non Est Deus» (Alemanha, Melodic Black Metal) | Os APOSTASIE tocam black metal melódico com temas históricos e ateus. No seu primeiro álbum «Non Est Deus», eles narram a “Historia Ecclesiastica Perversa” - a loucura dos dogmas e rituais da Igreja Católica Romana. O álbum discute eventos na chamada “história da salvação” cristã, a história da igreja latino-romana, bem como a história europeia. (Trollzorn)
Jarl - «Tr Mmerfestung» (Alemanha, Black Metal) | Abra as portas para o mundo da JARL com o seu novo álbum «Trümmerfestung». O quinteto do norte da Alemanha confronta-nos com os lados mais sombrios da vida. Riffs clássicos de black metal e metal extremo bruto unem forças. JARL surgiu das cinzas de várias bandas underground. JARL representa o black metal alemão melódico no seu melhor. (Trollzorn)
Arsgoatia - «Agitators Of Hysteria» (Austria, Black Metal) | «Agitators Of Hysteria» é uma expressão de black metal emocionante onde pode encontrar algo contagiante em cada faixa. Um pesadelo sonoro com guitarras inimaginavelmente belas, imbuídas do apelo furioso do ponto mais quente do inferno... ArsGoatia é uma criatura específica. Uma nova formação com muitos elos em diferentes direções. (Ván Records)

Weite - «Oase» (Alemanha, Terrestrial Progressive Rock) | «Oase» é a segunda oferta dos Weite, um grupo internacional de esquisitos sediados em Berlim cuja música se esforça para capturar o surreal e familiar nas suas composições instrumentais psicadélicas. «Oase» é o segundo álbum do coletivo de rock progressivo de Berlim. O novo álbum mostra a capacidade de Weite de fundir o antigo com o novo, criando um som imersivo e exploratório, passando de contemplativo e pastoral para riffy e doomy, sem sacrificar a melodia. (All Noir)
Zéro Absolu - «La Saignée» (França, Black Metal) | As raízes de Zéro Absolu remontam à banda francesa Glaciation; a banda é uma continuação. O grupo então se expandiu para incluir Hugo Moerman os dois principais membros do Alcest e Lychar. Glatiation está morto: viva Zéro Absolu! (AOP Records)
Mur - «Mur» (França, Blackcore) | Com um som que desafia rótulos genéricos e uma visão que estica os limites da criatividade, os Múr são os mais recentes descendentes do subterrâneo vulcânico da Islândia. O quinteto emergente está forjando uma nova era de metal escuro, atmosférico e quebrador de fronteiras. Com sensibilidades progressistas, Múr é uma força de ajuste de contas. (Century Media)
Sarcator - «Swarming Angels Flies» (Suécia, Blackened Thrash Metal) | A faixa-título oferece apenas um vislumbre do que o próximo álbum «Swarming Angels & Flies» implicará, e uma coisa é certa: este álbum marca a criação mais intensa, brutal e rara até agora da banda. É um trabalho notavelmente maduro e sofisticado de músicos mercuriais que estão apenas na casa dos 20 anos, e ainda no início da sua jornada criativa. Ao longo de oito faixas grotescas e totalmente venenosas, Sarcator toca tudo com mais intensidade do que nunca. (Century Media)
Beneath Moonlight - «Beneath Moonlight» (, Black Metal) | BENEATH MOONLIGHT são possuidores da mesma irreverência louca familiar dos trabalhos anteriores, desta seita misteriosa, e a banda canaliza dramaticamente os espíritos malignos, castelos góticos e asilos imundos do Black Metal vampírico dos anos 90 com um poder moderno. O registo documenta Institor mergulhando na magia negra, apenas para chegar à conclusão de que é mais poderoso ser um acólito do ocultismo do que um servo do Deus cristão. (Debemur Morti Productions)
Lord Sin - «Confessions» (Portugal, Doom/Stoner Metal) | Formada em 2020, a enigmática dupla conhecida como Lord Sin voltou com o seu novo álbum «Confessions». Misturando a energia crua da improvisação com a catarse profunda da desgraça e do dark rock psicadélico, formam um som único. A dupla, envolta em mistério, opta por manter as suas identidades escondidas, deixando a música falar por si. (Larvae Records)
Angelic Foe - «Amulets And Charms» (Suécia, dark neo-classical ) | «Amulets and Charms» dá continuidade à presença de Angelic Foe nas cenas neoclássicas e darkwave, com uma qualidade cinematográfica de temas
sombrios, melancólicos e esotéricos. O som é caracterizado pelos vocais assombrosos e etéreos de Annmari Thim Hermansson, os arranjos orquestrais de Fredrik Hermansson e uma ampla gama de instrumentos clássicos com música neoclássica misturada com elementos do rock e do metal. (Independente)
Caressing Misery - «Lost And Serene» (EUA-Kentucky, Gothic Rock Metal) | O álbum de estreia de Caressing Misery, «Lost and Serene», é uma viagem sonora através de temas como tristeza, esperança, luz e sombra, relacionamentos, amor e uma profunda conexão com a natureza. O álbum apresenta arte hipnotizante que captura perfeitamente a essência da sua música, com guitarras altas, bateria estrondosa e um talento para criar melodias cativantes. A banda mostra o seu talento para criar paisagens sonoras atmosféricas. (The Circle Music)

Catharia - «Unimaginable Dreams Of Fate» (EUA-Indiana, Melodic Black Metal) | Catharia, black metal/extreme metal americano, está pronto para fazer ondas mais uma vez com o seu segundo álbum «Unimaginable Dreams of Fate». Com raízes no black metal, a música de Catharia explora novas dimensões, recusando-se a ficar confinada às expectativas do género. (Independente)
Grylle - «Egrotants, Souffreteux, Cacochymes, Covidards» (França, Epic Folk/Black Metal, Medieval Folk) | Grylle é uma banda formada em 2013 na França. A banda revindica um estilo radical: música medieval (flautas, alaúde, bateria medieval) com vocais de black metal. Não há uso de sintetizadores, nem samples, nem guitarra: instrumentos modernos são todos proibidos. O tema lírico de Grylle inspira-se na atual situação social e política. O black metal uivava em francês, tocava alaúde e batia com uma bateria de metal. (Antiq Records)
Moondark - «The Abysmal Womb» (Suécia, Death Metal) | Os suecos Doom-Deathers MOONDARK regressam com a sua estreia «The Abysmal Womb», uma atmosfera densa e retumbante que tece sulcos imponentes de tenebrosidade perpétua. Com uma melancolia intransponível espalhada por todo o álbum. A utilização inteligente de riffs megalíticos são claramente evidentes numa profunda escuridão abissínia. (Pulverised Records)
Septaria - «A*» (França, Progressive Doom/Death Metal) | Nascida da fusão do poder do metal com paisagens sonoras imersivas, Septaria, uma jovem banda do sul da França, toca uma mistura cativante de pós-metal e metal progressivo que captura emocionalmente a dualidade da experiência humana, sofrimento e felicidade, ou dor e alegria. O álbum mergulha fundo na alma humana e nos mistérios da mente. (Klonosphere Records)
Spineless - «Dysphonia» (Grécia, Post-Metal) | Spineless é o projeto da vocalista e musicista Chrysa Tsaltampasi, colaborando com músicos incríveis da cena musical grega. Vislumbres de luz brilham através dos ritmos espessos, electrónica e guitarras que acompanham os vocais assombrosos de Chrysa, em composições que misturam postmetal monolítico com composições melódicas. (Submersion Records)
Rod Rodrigues - «Tales Of A Changing Life Part 2» (Canadá, Guitar Hero) | Rod Rodrigues é um guitarrista, professor de música e compositor brasileiro-canadiano com uma carreira impressionante na indústria musical. Ao longo dos anos, foi membro de várias bandas. Este álbum é um álbum conceptual, a segunda parte de uma história inspirada na mudança para um novo país e começar uma nova vida. Diretamente da linha Satriani-Vai-Johnson, Rodrigues infunde o seu estilo de tocar guitarra com prog, metal, fusion e jazz. (Independente)

Gràb - «Kremess» (Alemanha, Black Metal) | GRÀB oferece ambos, continuidade e mudança, no seu segundo LP «Kremess». O projeto de black metal bávaro fundado pelo vocalista Grànt continua a girar liricamente em torno de contos e tradições narrados no dialeto local do estado alpino mais meridional da Alemanha: a Baviera. Musicalmente, o GRÀB ainda apresenta um instrumento tradicional proeminente da sua região, o decímetro martelado. (Prophecy Productions)
Dragonknight - «Legions» (Finlândia, Melodic Power Metal) | A legião do power metal finlandês, Dragonknight, é uma nova banda conceitual batizada por um grupo de veteranos do metal finlandês, forjando habilmente uma renderização suave e fresca do estilo clássico de power metal do norte da Europa, através de melodias crescentes, ritmos estrondosos e orquestração épica, fundidos com riffs esmagadores. Os onze capítulos do primeiro disco «Legiões» falam de batalhas dilacerantes, guerreiros de temperamento forte. (Scarlet Records)
Retromorphosis - «Psalmus Mortis» (Suécia, Death Metal) | Mesmo num campo sem lei como o death metal, há exceções que provam a regra. Retromorphosis surgiu de um líder único do género, mas a sua união profana em Psalmus Mortis é um testamento vivo de que não se pode enterrar o que já era morto-vivo. Spawn of Possession continua sendo um dos influenciadores mais amaldiçoados do metal moderno. Com Psalmus Mortis, os escolhidos do death metal técnico erguem-se da sepultura. (Season of Mist)
Savage Lands - «Army Of Trees» (França, Metalcore) | As raízes por trás de Savage Lands são profundas. Dirk e Sylvain conheceram-se em França no final dos anos 90, quando ambos tocaram na banda de thrash metal Artsonic. «Army of the Trees» possui ainda mais poder de fogo metálico. Levante os seus chifres e junte-se ao Exército das Árvores em apoio à organização sem fins lucrativos de metal. (Season of Mist)
Obscureviolence - «Refuting The Flesh» (Internacional, Balck/Death Metal) | Apresentando membros da banda de death metal Horror God, Obscureviolence é uma nova entidade que canaliza os sons mais sombrios e vis do black e do death metal. Eles uniram elementos dos dois estilos, a borda crua e áspera do black metal e o peso temível do death metal. Eles anunciam a chegada de um novo tipo de poder. (Transcending Obscurity Records)
Shrieking Demons - «The Festering Dwellers» (Itália, Death Metal) | Shrieking Demons joga death metal no estilo clássico com ênfase em riffs, entrega e sentimento, em vez de apenas velocidade enlouquecida e tecnicidade. É ironicamente refrescante ouvir música tocada com tanto fervor e devoção. (Transcending Obscurity Records)
Morast - «Fentanyl» (Alemanha, Blackened Doom/Death Metal) | Depois de alguns anos no silêncio, os MORAST voltaram com o seu terceiro álbum «FENTANYL». Carregados pelo luto, pela perda e pelo abismo da dor emocional, eles conseguiram transformar essa energia numa ressurreição celebradora. O seu desejo de criar uma atmosfera sombria e sinistra inerente, mas mais agressiva, estática e crua. (Ván Records)
King Zog - «Second Dawn» (Austrália, Doom Metal) | Louve o Todo-Poderoso Riff! Triunfante, lindo, pesado e poderoso Stoner Metal. Maior, mais pesado e mais condenável do que o seu antecessor, o segundo álbum de King Zog é tudo o que os fãs querem que fosse: um touro furioso de riffs iommic, bottom-end sísmico e ritmos estrondosos. Afinado e distorcido, o peso esmagador da música de «Second Dawn» é levantado por ganchos vocais não diluídos e não adulterados. (Hammerheart Records)

Omegaeternum - «1248» (França, Black Metal) | Queridos discípulos dos Great Old Ones, queridos descendentes da sua grandeza! Por mais de 20 anos perdidos nos meandros intermináveis do espaço sideral, longe da existência desonesta dos homens, adoradores do seu próprio declínio... Da viagem cósmica, um círculo de quatro odiosos portadores de blasfémia foi reunido para trazer 8 símbolos da arte distorcida ocular viscosa e rastejante chamada “black metal”. OMEGAETERNUM Que o Encantamento comece... (Ván Records)
Selvans - «Saturnalia» (Itália, Atmospheric Folk/Black Metal) | O cantor e teclista, SELVANS toca heavy metal com influências de black metal e prog-rock. As letras e o conceito são inspirados em contos e imagens de terror folclórico italiano. O novo álbum «Saturnalia», cantado em italiano, vê pela primeira vez uma orquestra e um coro composto por 60 elementos a tocar lado a lado com SELVANS e a sua banda. (Avantgarde Music)
Skaldr - «Saṃsṛ» (EUA-Virginia, Black Metal) | Skaldr é uma banda de black metal criada em 2017. Composto por músicos experientes que oferecem a sua primeira representação nos aspetos mais pesados da música, o grupo, uniu-se para explorar interesses compartilhados nos elementos mais sombrios da expressão. «Scythe of Our Errors», vê Skaldr acenar na escuridão mais uma vez. Skaldr inclina-se para as atmosferas melódicas e frias que lembram o som clássico do black metal escandinavo dos anos 90. (Avantgarde Music)
Monte Penumbra - «Austere Dawning» (Portugal, Doom/Avant-garde Black Metal) | Com «Austere Dawning», Monte Penumbra constrói uma obra tão densa e profunda como o próprio vazio – uma força caótica e metamorfose que arrasta o ouvinte para a beira do abismo. A paisagem sonora do álbum parece simultaneamente enorme e sufocante, capturando perfeitamente o seu espírito sinistro e implacável. (Norma Evangelium Diaboli)
Jon Harris - «Parallel Heart» (Canadá, Guitar Hero) | Jon Harris, sensação emergente do rock instrumental, cativa os ouvintes com o lançamento de «Togetherness». Conhecido por seu poderoso e apaixonado trabalho de guitarra, Harris entrega um álbum que funde precisão técnica com uma energia crua e expressiva, marcando-o como uma força a ser reconhecida na cena do rock instrumental. (Epictronic Records)
Void Of Hope - «Proof Of Existence» (Finlândia, Black Metal) | Void of Hope é um trio finlandês de black metal nascido durante uma sessão de gravação. Void of Hope pode ser um lugar ou um estado de espírito. O seu álbum de estreia, «Proof Of Existence», é uma viagem através da saúde mental e da depressão, cujo resultado pode ser o triunfo ou a desistência. «Proof Of Existence» começou como black metal depressivo, mas desenvolveu-se numa direcção mais além. (Avantgarde Music)
Benthic - «Sanguine» (Alemanha, Post Hardcore/Rock) | Composto por duas guitarras, baixo, bateria e um cantor poderoso, BENTHIC toca uma mistura de hardcore e grooving metal com melodias sustentáveis. Paredes escuras de guitarra e rugidos raivosos estão constantemente a ser quebrados para dar espaço às emoções. BENTHIC cria novos horizontes e anseia por um futuro em grande. (Lifeforce Records)
Glare Of The Sun - «Tal» (Austria, Doom Metal) | No seu terceiro álbum «TAL», GLARE OF THE SUN persegue a abordagem de levar os seus ouvintes numa viagem musical através de premonições e do intangível. Não é de estranhar que o conceito do registo se baseie tanto na resignação como na confiança. Fundada em 2013, a banda move-se por entre paisagens sonoras entre prog, post, shoegaze e doom metal. Intenso e implacável, «TAL» é uma experiência imersiva através de paisagens sonoras e atmosferas contrastantes. (Lifeforce Records)

Pyre - «Where Obscurity Sways» (Rússia, Death Metal) | Depois de quatro longos anos de silêncio e ausência no nevoeiro da pandemia e da guerra, como uma marreta pesada correndo em direção à sua cabeça, os PYRE da Rússia retornam com a sua terceira obra assassina. Com a produção única e fresca, mas tradicionalmente feita na veia da velha escola, com o novo nível de performance, o novo álbum oferece escuridão de meio tempo e atmosfera mais fria, complementado por frases clássicas do conhecido riff de chocalhar. (Osmose Productions)
Abzy - «Hollow Bloom» (Kuwait, Hard N’ Heavy) | Cantor, compositor e entusiasta do metal kuwaitiano, ABZY (vocalista do WAZIN e ex-vocalista e guitarrista do Srai) regressa com o seu álbum de estreia «Hollow Bloom». Abraçando a energia do METAL, raízes do Oriente Médio, com uma paleta de música global e as suas experiências pessoais, para compor um disco que mergulha na beleza dos contrastes – sons suaves e íntimos encontram momentos pesados e intensos, todos entrelaçados para contar uma história de crescimento e transformação. «Hollow Bloom» é para quem sentiu a atração entre luz e sombra. (Independente)
Across The Swarm - «Invisible Threads» (Itália, Death Metal) | A força italiana do death metal ACROSS THES WARM lançou o seu novo álbum «Invisible Threads». Um assalto sonoro que penetra nas profundezas mais sombrias da existência. O álbum explora temas de degradação humana, medos, guerras que devastam corpo & mente. Uma manifestação feroz do death metal, que domina o ouvinte com brutalidade. (Time to Kill Records)
Arkaist - «Aube Noire» (França, Black Metal) | Arkaist é um projeto de black metal fundado em 2023 em Rennes por Beobachten e Maeror. O seu encontro musical e humano marcou o ponto de partida de uma colaboração que deu origem ao seu primeiro álbum, «Aube Noire». O álbum de estreia da banda, mergulha os ouvintes num universo sombrio onde a humanidade está à beira da sua própria extinção. É um manifesto para o fim dos tempos, um trabalho profundamente enraizado no black metal tradicional. (Antiq)
Beriedir - «Liminal Spaces» (Itália, Progressive Power Metal) | Beriedir propõe um metal que, ao longo da história das suas publicações, vai desde um estilo de poder progressivo, com seus típicos e refrões quebra pescoço, até uma identidade progressiva em pleno estilo contemporâneo, oferecendo ritmos apertados, secções emocionais gigantescas e quebras cirúrgicas. (Rockshots Records)
Czort - «Monumenty» (Polónia, Black Metal) | A banda polaca de black metal Czort regressa com o seu terceiro álbum «Monumenty». O som é uma evolução do trabalho passado da banda. Na mitologia eslava, Czort (ou chort) é considerado um demónio do mal com chifres, cascos, uma cauda magra e uma cara de porco. (Pagan Records)
Necromaniac - «Sciomancy, Malediction & Rites Abominable» (Inglaterra, Black/Death/Thrash Metal) | Forjada em fogo herético enquanto espreita nas sombras mais escuras do underground nos últimos 13 anos, esta banda de Londres formada por músicos suecos, espanhóis, gregos e polacos criou um álbum de estreia que certamente causará arrepios frios na espinha. Uma jornada musical verdadeiramente sinistra contendo 9 ritos proibidos mergulhados em bruxaria, necromancia e uma atmosfera oculta e totalmente macabra. (Invictus Productions)
Detest - «A World Drowning In Detest» (Dinamarca, Death Metal) | DETEST voltou mais forte do que nunca com o seu novo LP «A World Drowning in Detest», um ataque implacável que ultrapassa os limites do death metal. Este álbum marca uma nova era para a banda, por canalizarem agressividade crua, artesanato experiente e um amor renovado por seu ofício em cada nota. A velha escola encontrou sangue novo. (Emanzipation Productions)
Kildonan - «Embers» (Inglaterra, Black Metal) | KILDONAN é o mais recente trabalho sobre o prolífico baterista Hamish MacKintosh. Uma mudança refrescante de ritmo para o black metal testado e verdadeiro. KILDONAN percorra paisagens literais, bem como as da mente. (Caligari Records)
Monte Penumbra - «Austere Dawning» (Portugal, Doom/Avant-garde Black Metal) | Com «Austere Dawning», Monte Penumbra constrói uma obra tão densa e profunda como o próprio vazio – uma força caótica e metamorfose que arrasta o ouvinte para a beira do abismo. A paisagem sonora do álbum parece simultaneamente enorme e sufocante, capturando perfeitamente o seu espírito sinistro e implacável. (Norma Evangelium Diaboli)
Nogothula - «Telluric Sepsis» (EUA-Ohio, Blackened Death Metal) | Vindo de Cincinnati, Ohio, NOGOTHULA formou-se em 2021 originalmente como um trio. A sepse telúrica agora vê uma liberação física cortesia de BLOOD HARVEST. E por um bom motivo: mais nítida, estranhamente concisa e, ao mesmo tempo, mais alucinante, a Sepsis Telúrica é o principal death metal de tendência progressiva que nunca perde de vista a essência original do DEATH METAL. (Blood Harvest)

Our Throne - «Amber And Gold» (Países Baixos, Atmospheric Black Metal) | «Amber and Gold», é o segundo álbum do grupo holandês Our Throne. Uma exploração pungente e poderosa da transição entre estações, marcando uma evolução distinta. Onde a estreia captou paisagens sonoras frias e desoladas, esta continuação abraça a riqueza e o calor do outono, tanto no tom como na emoção. O álbum combina elementos de Atmospheric Black Metal e Blackgaze, géneros conhecidos por sua fusão de agressividade crua com beleza melancólica. (Independente)

Tayne - «Love» (Inglaterra, Industrial Noise Pop) | O trio industrial britânico Tayne vai lançar o seu álbum de estreia, «Love». Uma exploração do amor, desejo, conflito e medo, este é o novo álbum do triunvirato londrino Industrial Noise Pop, Tayne. O mentor de Tayne, Matt Sutton, documenta as suas ideias de amor como conflito, sacrifício e compromisso, como o apego emocional. (MNRK Heavy)
Tumbleweed Dealer - «Dark Green» (Canadá, Instrumental Post-Stoner-Rock) | Começando em 2012 como uma aventura digital individual, o projeto rapidamente transforma-se num caldeirão de stoner psicadélico e math rock – uma mistura infrassónica que foi fabricada para complementar uma potente viagem de cogumelos pelo deserto. (Other)
Bronco - «Bronco» (Suiça, Heavy Stoner Metal) | Ao sul de Wilmington, Carolina do Norte, no estuário do rio Cape Fear, o proeminente promontório do Cabo Fear empurra teimosamente de volta para as ondas sempre ofensivas do oceano. Esta é uma casa adequada para a BRONCO. O som da sua estreia auto intitulada «Bronco» é profundamente mergulhado em doom metal e Sludge sulista. É também tão obstinado, áspero e pouco polido, mas também genuíno, honesto, avançado e não filtrado como o solo rochoso de onde cresceu. Agressividade pesada, riffs de melaço e vocais de arame farpado parecem vir da Carolina do Norte. (Prophecy Productions)
Tormentor Tyrant - «Excessive Escalation Of Cruelty» (Finlândia, Death Metal) | Depois do seu EP de estreia, o trio finlandês lança o seu primeiro álbum «Excessive Escalation Of Cruelty», um dos lançamentos de Death Metal mais selvagens, furiosos e primordiais! A banda nasceu no final de 2020, quando o trio teve a inocente ideia de “como seria fixe apenas tocar algumas músicas iniciais de Deicide juntas”. Sem desafinação extrema, sem musicalidade - Apenas pura violência maligna implacável à moda antiga! (Everlasting Spew Records)
Thurnin - «Harmr» (Países Baixos, Acoustic Dark folk ) | O terceiro álbum do THURNIN, «Harmr», nasceu do profundo sentimento de dor que só o amor pode trazer. O título refere-se a uma antiga palavra islandesa que é provavelmente mais

traduzida literalmente como “luto”, enquanto o seu significado contemporâneo implica antes “tristeza”. Portanto, não é surpreendente que a tecla mais baixa e um ritmo reduzido estejam permeando «Harmr» na maioria das músicas. (Prophecy Productions)
Horizon Ignited - «Tides» (Finlândia, Melodic Death Metal/Metalcore) | O juggernaut finlandês do death metal melódico Horizon Ignited leva as coisas para o próximo nível com «Tides», um álbum colossal que mudará para sempre o curso de um género que estagnou nos últimos anos. Fundada em Kouvola em 2017, a brigada do sul da Finlândia tem visado alto desde o início. Horizon Ignited regressa com os hinos ardentes, sombrios e apaixonadamente pesados de «Tides», um feito impressionante da magia moderna do death metal. (Reaper Entertainment)

Crown Of Madness - «Memories Fragmented» (Canadá, Death Metal) | Os Crown of Madness lançaram uma série de lançamentos curtos, melhorando o seu som com cada um e culminando nesta extensão que vê a versão mais evoluída da sua música até agora. A música quase tem uma qualidade melódica, embora melancólica, refrescante para um estilo de música que geralmente soa áspero e desprendido. Ao mesmo tempo, a música é conduzida; «Memories Fragmented» é um álbum lindamente temperado sustentado por melodias. (Transcending Obscurity Records)
On All Fours - «Hybris» (Bélgica, Darkwave, Blackened Gothic/Doom Metal) | Entre no abismo com On All Fours! A sua música é um réquiem assombroso para a alma, um lembrete de que, mesmo nos recessos mais sombrios da existência, não há como escapar ao peso esmagador da desesperança. On All Fours molda um mundo de paisagens desoladas, onde os céus estão perpetuamente envoltos numa névoa tóxica e o único som é o eco dos seus próprios gritos. Junte-se a esta viagem ao coração das trevas. (Ván Records)
Tav - «The Ashen Trail» (Alemanha, Atmospheric Rock) | TAV é uma banda de post-rock que o leva numa viagem sonora através de vastas paisagens de som, emoção e criatividade. Com a sua mistura exclusiva de instrumentais atmosféricos, poderosos crescendos e composições intrincadas, os TAV ultrapassam os limites do que o pós-rock pode ser. A música de TAV é uma exploração etérea do espaço e tempo. (Ván Records)
Disrupted - «Stinking Death» (Suécia, Death Metal) | Oriundos da região de dalecarlia, na Suécia, os DISRUPTED continuam a mostrar o seu estilo Death Metal com infusão HM-2, prestando homenagem ao som clássico do género com riffs que rasgam as tripas e um peso esmagador. A banda ataca de novo com o seu terceiro álbum, «Stinking Death». DISRUPTED entrega um álbum que cativa fãs do género DM. (All Noir)
Saber - «Lost In Flames » (EUA-Califórnia, Heavy Metal) | SABER é uma banda de heavy metal de Los Angeles, conhecida por sua visão única do som tradicional NWOBHM. A banda surgiu organicamente em 2018, com uma inspiração muito 80. A identidade artística está enraizada nos anos 80. (All Noir)
Voidfallen - «The Rituals Of Resilience» (Finlândia, Melodic Death Metal) | Os pesos-pesados finlandeses do death metal melódico Voidfallen lançam «The Rituals of Resilience». Originalmente concebido como um projeto de dois homens em 2019, Voidfallen evoluiu para uma força formidável, expandindo a sua formação com músicos talentosos para dar vida às suas poderosas composições esmagador, melódica do death metal. (All Noir)

Aitheer - «The Serpent» (Finlândia, Progressive Metal/Rock) | Com base nas vibrações introspetivas do seu EP «Sleeper» de 2020, «The Serpent» representa uma evolução ousada para esta banda finlandesa de metal progressivo. Formada em 2017, Aitheer transitou de um projeto cover e jam para uma força pioneira na cena musical. Este álbum explora novos territórios sonoros, misturando metal progressivo com rock, jazz, influências clássicas e ambientais, criando uma experiência teatral e cinematográfica. (Independente)
Tubal Cain - «Slime Abyss» (EUA-Wisconsin, Black Metal) | A dupla Alex e Kristine Drake forjou o núcleo de Tubal Cain a partir do sedimento de décadas em Metal. Histórias metamórficas originais e tradicionais, envoltas no oculto e na fantasia. Ecoando os heróis do início do Black Metal, Thrash e Metal clássico, Tubal Cain incorpora o seu próprio estilo... o verdadeiro espírito do cru street metal da escola! (Darkness Shall Rise Productions)
Christian Mistress - «Children Of The Earth» (EUA-Oregon, Heavy Metal) | «Children of the Earth» mistura a glória do metal tradicional com a convicção pura e antiquada. Dez anos depois do seu anterior álbum de estúdio, «To Your Death», os metaleiros do noroeste CHRISTIAN MISTRESS regressaram com um álbum que reafirma a sua posição como uma das melhores bandas de metal tradicional da América do Norte. (Cruz del Sur Music)

Scare - «In The End Was It Worth It» (Canadá, Hardcore/Sludge Metal) | O quarteto de hardcore/sludge metal SCARE lança «In The End, Was It Worth It?». SCARE proporciona um estilo abrasivo e intenso de hardcore metálico em tom de sludge repleto de ranhuras batidas. Captando o espírito dos tempos, rico em emoções movidas pela ansiedade, SCARE concentra-se nas lutas internas e nas tensões da vida moderna. (Earsplit)
Yelena Eckemoff - «Scenes From The Dark Ages» (Rússia, Progressive Rock & Jazz ) | A prolífica pianista e compositora russa/americana YELENA ECKEMOFF apresenta o seu épico e hipnotizante álbum duplo, «Scenes From The Dark Ages». Infundindo um rock progressivo e jazz com um conceito medieval e entregue por um conjunto de primeira linha, mergulha o ouvinte numa experiência surrealista e fascinante de quase duas horas. (Earsplit)
Morax - «The Amulet» (Noruega, Heavy Metal) | MORAX de Bergen, na Noruega, é uma criação de Remi A. Nygård, que manuseia todos os instrumentos e escreve todas as canções. Com Remi originalmente saindo da cena do metal extremo, as suas influências são bem diferentes. O mini-álbum «Rites And Curses» está agora a ser seguido pelo primeiro álbum chamado «The Amulet». (High Roller Records)
Vultures Vengeance - «Dust Age» (Itália, Heavy Metal) | VULTURES VENGEANCE é uma banda de metal épico na tradição de Cirith Ungol, Manilla Road e Brocas Helm. Eles formaram-se em Roma em 2009 e depois de uma demo, dois EPs e um LP. VULTURES VENGEANCE são amplamente considerados uma banda épica de metal. (High Roller Records)
Celestial Scourge - «Observers Of The Inevitable» (Noruega, Brutal/Technical Death Metal) | Celestial Scourge da Noruega foi fundado em 2021 pelo baixista Stian Gundersen. Em janeiro de 2023 lançaram o seu EP de estreia com cinco faixas. Celestial Scourge toca brutal tech-death metal cósmico com rosnados assombrosos, bateria que desafia a velocidade da luz, baixo chasmic e guitarras maliciosas. (Time to Kill Records)

Charles East - «Dislocated» (África do Sul, Post-Punk/ Goth Rock/ Doom Metal) | O artista, cantor e compositor sul-africano CHARLES EAST lança o seu primeiro álbum, «Dislocated». Fenomenalmente poderoso, visceral e fúnebre, fantasticamente matizado música de piano com uma mistura de Post-Punk, Goth Rock e Doom Metal. CHARLES EAST mostra novamente o seu enorme talento e personalidade. Simultaneamente sombrio e agressivo, escamónicamente de terno para desesperado para furioso. (Brucia Records)
Diatheke - «And The Word Was God» (EUA-Texas, Progressive Metal) | No Vazio veio a luz; do vazio saíram campos intermináveis de estrelas brilhantes, reluzindo como pedras preciosas sobre veludo preto sob as nebulosas impossíveis e imponentes - aterrorizantes na sua impressionante grandeza e beleza. Formado a partir das cinzas da Cidadela em 2017, o álbum de estreia da banda de death metal progressivo Diatheke é um álbum conceitual que tenta contar a história bíblica da existência. (Rottweiler Records)
Leper Colony - «Those Of The Morbid» (Alemanha, Death/Thrash Metal) | Com o seu segundo LP, «Those of the Morbid», Leper Colony entrega exatamente isso e tudo o mais que os adeptos do culto clássico do death metal desejam ouvir. Isso não é uma surpresa, dado que os ícones da cena por trás deste ato internacional: Leper Colony são o resultado de estilos de death metal alemão e suecos com influências americanas clássicas. Dão aos fanáticos do death metal da velha escola, um álbum brutal e intransigente que esperavam! (Testimony Records)
March Of Scylla - «Andromeda» (França, Post-Metal) | O coletivo francês de metal progressivo March of Scylla lança o seu aguardado álbum de estreia, «Andromeda». Fundada por Christofer Fraisier, March of Scylla surgiu de Amiens em 2020, esculpindo um nicho na cena sombria e progressiva do metal. O álbum mergulha na vastidão do espaço e na intrincada relação da humanidade com a ciência, o cosmos e a vida após a morte, numa jornada musical poderosa e instigante. (Klonosphere Records)
Metaphobic - «Deranged Excruciations» (EUA-Georgia, Death Metal) | O quinteto Metaphobic do Death Metal Americano está finalmente de volta com o seu enorme álbum de estreia «Deranged Excruciations», criando uma mistura perfeita entre sabores da velha escola com muitos riffs e seções cativantes e dissonâncias muito mais modernas. Metaphobic é um grupo de death metal de Atlanta, Geórgia. (Everlasting Spew Records)
Nite - «Cult Of The Serpent Sun» (EUA-Califórnia, Blackened Heavy Metal) | Quando a escuridão toma conta do mundo, os NITE incendeiam o céu com metal white-hot e blackened. Cada uma das oito batalhas épicas no «Cult Of The Serpent Sun» testa a sua coragem. NITE triplica sabiamente o seu arsenal confiável. Em vez de diminuir, o seu terceiro álbum adiciona mais peso à armadura da banda. (Season of Mist)
Istapp - «Sól Tér Sortna» (Suécia, Melodic Black Metal) | A força conhecida como ISTAPP e a guerra que iria engolir o mundo tinha acabado antes de começar. Agora é a hora de escolher o lado, ou sofrer eternamente! «Sól Tér Sortna» é o marco épico de 20 anos de batalha contra o sol e os seus adoradores sujos. Nunca 10 hinos de batalha tão fortes foram recolhidos numa perfeição audível. As melodias fascinantes, as paisagens sonoras atmosféricas e os cantos assombrosos estão mais fortes do que nunca neste! (Trollzorn)
Airforce - «Acts Of Madness» (Inglaterra, Heavy Metal) | O mais recente álbum dos Airforce mostra a capacidade da banda eM evoluir o seu som, mantendo-se fiel ao estilo característico que os definiu durante anos. o álbum representa um passo ousado para a banda, misturando as suas influências hard rock e heavy metal numa poderosa colecção de 11 músicas que entrega o som épico e digno. (All Noir)

Love Is Noise - «To Live In A Different Way» (, Shoegaze ) | LOVE IS NOISE é um exercício de empatia, tanto lírica como musicalmente. «To live in a different way», cruza os riffs ásperos e o volume das suas origens DIY enquanto abraça a melodia shoegaze. Desde a faixa de abertura, “Devotion”, onde a voz de Humphrey invoca paixão e positividade, até a segunda faixa, “Soft Glow”, fica claro desde o início que o batimento cardíaco de LOVE IS NOISE é estrondoso. (Century Media)
Noctambulist - «Noctambulist II: De Droom» (Países Baixos, Post-Black Metal) | A banda holandesa Noctambulist lança o seu segundo álbum «Noctambulist II: De Droom». Eles mergulham fundo nas influências pós-punk e shoegaze, mantendo a ferocidade do seu disco de estreia, «Elegiëen». Embora De Droom não seja um álbum conceitual, a maioria das canções reflete sobre a beleza de uma existência medíocre e co-habitual. (Northern Silence Productions)
Paths To Deliverance - «Ten» (França, Avant-Garde Black Metal) | Paths To Deliverance é acto assombroso e magnífico de Black Metal Avant-Garde Esquizofrênico com Kevin Paradis na bateria. Sem impor barreiras musicais, Paths to Deliverance mistura violência, melancolia, horror e uma visão profundamente pessoal do Black Metal. O álbum de estreia, «TEN», é uma exploração sonora e conceptual. (Malpermesita Records)
The 7Th Guild - «Triumviro» (Itália, Symphonic Power Metal) | Power metal vira ópera! The 7Th Guild viu a luz em 2021: a visão de Tomi Fooler, dos Skeletoon, é homenagear a rica herança cultural italiana. Melodias cativantes de power metal envoltas num estilo de música operática; arranjos orquestrais clássicos encontram padrões cinematográficos bombásticos, resultando num coral maravilhoso. (Scarlet Records)
Carcolh - «Twilight Of The Mortals» (França, Doom Metal) | Oriunda de Bordéus/Herbignac, CARCOLH surgiu em 2016, nascida das cinzas de Marble Chariot. CARCOLH solidificou o seu lugar na cena doom metal com o seu álbum de estreia em 2018, CARCOLH apresenta o seu terceiro álbum, «Twilight of the Mortals». Este é o seu trabalho mais ambicioso e cativante, com riffs esmagadores e melodias assombrosas. (All Noir)
Löanshark - «No Sins To Confess» (Espanha, Heavy Metal) | Quer que seja verdadeiro, pesado e barulhento? Os morreria por puro Heavy Metal? Então, os LÖANSHARK são a sua banda! Aqui, vai encontrar tudo o que o seu coração de metal bate por dentro do som tradicional. Tudo em LÖANSHARK é old-school, como um flashback da cena do metal do início dos anos 80. (All Noir)
Wÿntër Ärvń - «Sous L’Orage Noir - L’Astre Et La Chute» (França, neofolk/neoclassical) | Wÿntër Ärvn é um projeto individual de dark folk, na maioria instrumental, fundado em 2017 por Wÿntër Ärvn. Ele voltou com «Sous L’Orage Noir - L’Astre et la Chut». O espírito do projeto é respirar a essência do black metal dos anos 90/2000, rumo a uma música dark acústica e introspetiva. Nostalgia, raiva, amargura e lutas interiores. (Antiq)

Stainless - «Nocturnal Racer» (EUA-Oregon, Heavy/Speed Metal, Hard Rock) | Stainless começaram oficialmente em Portland, Oregon, em 2022. Há muitos elementos de heavy metal no mini-álbum «Noturnal Racer», que soam de uma forma que pode enganar, ao chamá-los de uma banda de heavy metal puro. Espere mais de Stainless num futuro não muito distante com o tão aguardado álbum de estreia. (All Noir)
The Mourning - «Hush» (EUA-Florida, Progressive Metal) | We are The Mourning, é uma banda de metal/rock progressivo formada em 2017, movida por uma necessidade partilhada de expressar as ideias complexas que desenvolvido ao longo dos anos. «Hush» é uma jornada poderosa, mostrando a capacidade de misturar composições intrincadas com narrativas profundamente ressonantes. «Hush» combina a complexidade do metal progressivo com uma forte ênfase na melodia e profundidade emocional. (Independente)
Autumn’s Dawn - «We Lost Our Hope Along The Way» (Austrália, Depressive/Post-Black Metal, Post-Rock) | Autumn’s Dawn é uma banda australiana de metal formada em 2014 por dois músicos experientes, Tim Yatras e Matthew Bell. Ambos os artistas uniram-se para criar uma banda que mistura elementos de black metal, rock depressivo e música atmosférica. Expandindo as suas raízes no rock depressivo e black metal, Autumn’s Dawn criou um álbum familiar e novo. (Avantgarde Music)
Sometime In February - «Where Mountains Hide» (EUA-North Carolina, Instrumental Progressive Metal) | Os metaleiros progressivos instrumentais em ascensão dos EUA, Sometime In February, têm o gosto de anunciar o seu álbum de estúdio «Where Mountains Hide». Oriundo de Charlotte, Carolina do Norte, este trio de guitarras instrumentais apresenta composições sofisticadas, mas acessíveis que revelam uma maturidade para além do seu breve tempo juntos como banda. Sometime in February tornou-se um trio de prog rock totalmente completo com baixista e baterista. (InsideOut Music)
Last Leaf Down - «Weight Of Silence» (Suiça, Shogaze Atmospheric Metal) | LAST LEAF DOWN, a banda suíça alternativa e shoegaze, baseada entre Basel e Solothurn, fundada em 2003 e começou a sua jornada musical com um estilo dark doom metal. Com a sua mistura única de rock alternativo, shoegaze e postrock, os Last Leaf Down continuam o seu caminho com o novo álbum «Weight Of Silence». (Lifeforce Records)
Scour - «Gold» (EUA-, Black Metal) | SCOUR é um supergrupo de metal extremo com uma formação impressionante de veteranos da música pesada, incluindo Philip H. Anselmo, Derek Engemann, John Jarvis, Mark Kloeppel e Adam Jarvis. Formados em 2015, SCOUR deixou rapidamente a sua marca, e elevou a sua intensidade com o seu primeiro LP, «Gold». SCOUR mistura a agressividade crua do black metal com influências de grindcore, punk e thrash, criando um som que honra as raízes do metal extremo. (Nuclear Blast)
André Drage - «Journeyman» (Noruega, Ambient Electronic/Instrumental) | Talvez mais conhecido no underground do metal europeu pelo seu trabalho com o trio norueguês Draken. «Journeyman» é o novo álbum de estúdio do aclamado baterista, compositor e fundador de editora, André Drage. Inspirado na música ambiente, no folk norueguês e na música do Malawi, «Journeyman» Drage, inspirou-se ao recrutar músicos de várias origens para facilitar as expressões de género. (Drage Records)
Grey Aura - «Zwart Vierkant Slotstuk» (Países Baixos, Avant-garde/Atmospheric/ Post-Black Metal) | Quatro anos depois do aclamado «Zwart vierkant», o quarteto Grey Aura, de Utrecht, está pronto para lançar «Zwart vierkant: Slotstuk», uma nova e imprevisível viagem pela arte e pela música. Este continua a jornada dos Grey Aura na intersecção entre arte abstrata e desintegração psicológica. (Avantgarde Music)
Frogg - «Eclipse» (EUA-New York, technical metal ) | FROGG é uma banda moderna de metal técnico experimental, localizada em Nova York. O conceito por trás do FROGG é simples: criar música pesada moderna enquanto se esforça para mostrar alguma originalidade em géneros muitas vezes processado em excesso. Progressivo, técnico, death suficiente para manter o pescoço dolorido durante semanas. (Independente)

Nytt Land - «Songs Of The Shaman» (Rússia, Nordick Folk Rock) | O xamanismo tornou-se um item da cultura pop ocidental ligado aleatoriamente a qualquer tipo de fenómeno esotérico da nova era. No seu álbum «Songs of the Shaman», NYTT LAND interpreta canções xamânicas tradicionais ou feitiços dos grupos etno-linguísticos
Manchu-Tungus da Sibéria. NYTT LAND surgiu como uma banda de folk nórdica ritualista imaginada pela dupla Natalya e Anatoly Pakhalenko na cidade siberiana ocidental de Kalachinsk. (Prophecy Productions)
Ainsoph - «Affection And Vengeance» (Países Baixos, Experimental Black Metal) | Este lançamento promete imergir os ouvintes em paisagens sonoras melancólicas pós-punk e surtos experimentais de black metal, mostrando a evolução sonora e a arte evocativa da banda. «Affection and Vengeance» é profundamente comovente na sua capacidade de evocar emoções cruas de regiões profundas através do seu som totalmente imersivo. Batidas pulsantes imitam corações palpitantes a par de riffs e reverberações que captam um novo ápice. (Wolves Of Hades)

Doomsday - «Never Known Peace» (EUA-Califórnia, Crossover/Hardcore/Thrash Metal) | Doomsday oferece uma mistura esmagadora de crossover/thrash com intensidade alimentada por divebomb. Doomsday lança o seu LP de estreia, «Never Known Peace», onde se vê a banda abraçar ainda mais as suas influências de thrash metal e crossover, e entregar uma salva de thrash totalmente triturada. Dez faixas rasgadas que surgem com a energia do alicerce do thrash metal que reveste a sua cidade natal na Bay Area como se fosse 1986. (Earsplit)
Grave Infestation - «Carnage Gathers» (Canadá, Death Metal) | Quase 3 anos após o lançamento do seu primeiro LP, GRAVE INFESTATION regressa com a continuação «Carnage Gathers». São oito faixas e 40 minutos de death metal violento e implacável: as partes rápidas são mais rápidas, as partes lentas são mais lentas e tudo é simplesmente mais desagradável. (Independente)
Voodus - «Emanating Sparks» (Suécia, Black Metal) | Desde a sua formação em 2015, a ascensão dos VOODUS da Suécia têm sido constante, mas seguras. O segundo álbum, «Emanating Sparks», emana uns concisoa 45 minutos. Os VOODUS continuam a falar a nobre linguagem do black metal, mas alargam o seu dialeto com reverência e inteligência. Abra os teus ouvidos e receba as suas Faíscas Emanantes! (Shadow Records)
Dawn Of Ouroboros - «Bioluminescence» (EUA-Califórnia, Progressive Post-Black/Death Metal) | DAWN OF OUROBOROS lança o seu segundo álbum. Criativamente liderado pelo guitarrista Tony Thomas e Chelsea Murphy. Eles evocam uma mistura atmosférica de black e death metal. Embora os vocais distintos de Chelsea sejam escamosos e suaves, numa base viciosa de extremidades progressivas que une o som em algo coeso e sedutor. (Prosthetic Records)
Himmelkraft - «Himmelkraft» (Finlândia, Heavy power Metal) | Liderado por ninguém menos que Tony Kakko, vocalista da Sonata Arctica, essa nova frente ganhou força na sombra maciça dos seus super-heróis de power metal de grande sucesso. Com a sua estreia autointitulada, Tony Kakko abre as cortinas para este seu estranho mundo novo, apenas o suficiente para dar uma primeira audição. (Reaper Entertainment)
Wythersake - «At War With Their Divinity» (EUA-Washington, D.C, Symphonic Black/Death Metal) | Juntando a elegante sofisticação do death-black metal escandinavo dos anos 90 com a intensidade implacável da extremidade americana, e misturando melodias intrincadas com energia feroz crua, Wythersake cria o som exato que a cena underground tem desejado. A banda de Washington, D.C. regressa com o seu segundo álbum, entregando 12 faixas punitivas de escuridão rebelde: este disco é feroz e encoraja os ouvintes a abraçar o seu próprio caminho. (Scarlet Records)

Délirant - «Thoughteater» (Espanha, Black Metal) | O ressurgimento do contorcionismo do black metal espanhol Délirant, que vem das profundezas do subconsciente. Envolto em dissonâncias e pesadelos, o novo álbum da banda, «Thoughteater», é uma dissecação sonora do abismo concebido pelo recluso do black metal. É uma descida surreal aos cantos mais escuros do subconsciente. (Sentient Ruin)
Ritual Ascension - «Profanation Of The Adamic Covenant» (EUA-Minnesota, Death/Doom Metal) | Membros de Void Rot, Sufering Hour e Aberration reuniram-se em Ritual Ascension, uma horrenda profanação sónica decompondo o death metal. Devoradas em dissonância e envoltas em atmosferas catacumbas, a horrenda monstruosidade de estreia da banda, «Profanation of the Adamic Covenant», pega no magistral horror deathdoom e transfgura-o para os abismos mais sombrios do surrealismo. (Sentient Ruin)
Felgrave - «Otherlike Darknesses» (Noruega, Death/Doom Metal) | Após lançar um álbum de Death/Doom bem recebido, Felgrave criou um álbum engenhoso e com influências de doom, black e death metal de uma forma raramente feita antes. A one-man band quebrou o molde e a música deste álbum flui de uma forma intuitiva, ondulante, quase caprichosa, tocando em vários estilos. As canções têm entre 12 a 18 minutos de duração e cada uma parece contar uma história própria. (Transcending Obscurity Records)
Shrine Of Denial - «I, Moloch» (Turquia, Blackened Death Metal) | Os Shrine of Denial misturaram estilos e forjam o seu próprio som, canalizando-o por estruturas narrativas soberbamente pensadas que, apesar das reviravoltas, permanecem memoráveis. Talvez seja um traço turco ter as canções meticulosamente escritas, e para conseguir isso, Shrine of Denial ter usado elementos de death e black metal em graus variados, muitas vezes pisando as fronteiras entre os dois no processo. O resultado é emocionante. (Transcending Obscurity Records)

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Black Metal
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Rock
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Progressive Metal
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Thrash Metal
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Progressive Rock/Metal
Death/Doom Metal
Sludge Metal
Stoner Rock
Hard Rock
Technical Death Metal
Industrial Metal
Stoner Metal
Black/Death/Thrash Metal
Hardcore Punk
Doom/Gothic Metal
Gothic Metal
Folk Metal
Speed Metal
Electronic Metal
Death/Thrash Metal
Deathcore
Black/Doom Metal
Shoegaze
Hard N’ Heavy
Post-Metal
Neofolk
Metalcore
Avant-Garde Metal
Symphonic Death Metal
Symphonic Power Metal
Progressive Power Metal
Goregrind/Grindcore
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Progressive Thrash Metal
Experimental Digital/Metal
Hardcore
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Nas remessas entre edições versus, chegaram-nos 403 álbuns, no topo temos um novo terceiro lugar, o Heavy Metal, algo surpreendente e parece ser a nova tendência. Há igualmente a intromissão do Rock e do Progressive Death Metal. Ouve menos disparidade de géneros e subgéneros, estando a tabela mais compacta. De referir que o Death Metal está ao assalto do primeiro lugar do Black Metal. Será uma tendência esporádica ou o Death Metal veio para resgatar o trono e destronar o Black Metal para segundo lugar. Logo veremos no próximo número da versus… O mais impressionante, é que ambos os géneros, se somarmos todos os subgéneros com a palavra Black e Death, perfazem quase 50% dos álbuns que nos chegaram!
Alemanha e Suécia estão empatadas no primeiro lugar. Disputam assim taco a taco o trono. Mas o mais surpreendente são os 32 álbuns vindos de Itália. É um crescimento de 100%. Curioso constatar termos recebido álbuns do Kuwait, Sérvia, Bósnia Herzegovina, Eslovénia, Turquia, Nova Zelândia e Costa Rica.
Adriano Godinho
Dream Theater - Parasomnia
Playlist
Dawn of Ouroboros - Bioluminescence
rýr - Dislodged
Deathless Legacy - Damnatio Aeterna
Ainsoph - Affection & Vengenance
Carlos Filipe
Havukruunu - Tavastland
Sacrosanct - Kidron
André Drage - Journeyman “Wÿntër Ärvń
- Sous L’Orage Noir - L’Astre Et La Chute”
“Sons Of Ra - Standard Deviation”
Cristina Sá
Avantasia – Here Be Dragons
Cadaver – Hymns of Misanthropy
Mayhem – De Mysteriis Dom Sathanas
Ronnie Atkins – One Shot
Tsjuder – Helvreg
Eduardo Ramalhadeiro
Death - Symbolic
Death - The sound of Perserverance
Giant - Stand And Deliver
Tak Matsumoto Group - TMGII
Ellis Mano Band - Morph
Emanuel Roriz
Mão Morta - Viva La Muerte
Blood Incantation - Absolute Elsewhere
Opeth - The Will and Last Testament
Edge Of Sanity - The Spectral Sorrows
The Halo Effect - March Of The Unheard
Ernesto Martins
Ancient Death - Ego Dissolution
Cyclone - Inferior to None
Nuclear Assault - The Plague
Opeth - The Last Will and Testament
Djabe & Steve Hackett - Freya Artic Jam
Gabriel Sousa
Blue Ambition - Seduction Of The Innocent Harem Scarem - Chasing Euphoria
The Night Flight Orchestra - Give Us The Moon
Marko Heitala - Roses From The Deep
Jimi Jamison - Crossroad Moment
Gabriela Teixeira
Mundo Cão - Mundo Cão
Alice in Chains - Unplugged
Blues Pills - Birthday
Liv Kristine - River of Diamonds
The Doors - An American Prayer
Beethoven - 9ª Sinfonia
Helder Mendes
Iron Maiden - Dance of Death
Kreator - Extreme Aggression
Testament - Low
Therion - Symphony Masses-Ho Drakon Ho Megas
Blood Incantation - Absolute Elsewhere
Ivo Broncas
Anthrax - The Sound of White Noise
Testament - The Gathering
Architects - The Sky, the Earth and All Between Metallica - …and Justice For All
João Paulo Madaleno
Havukruunu - Tavastland
The Hypothesis - Evolve
Mother of Graves - The Periapt of Absence
Anomalie - Riverchild
Vananidr - In Silence Descent
Sérgio Teixeira
Nefarious - The Universal Wrath


A degustar na solidão
É assim que James Fogarty vê o Black Metal. Esta reflexão surge no meio de uma entrevista sobre «Graveside», o último álbum de Old Forest até à data, que surge como uma ressurgência do Black Metal old school dos anos 90 por opção da banda.
Entrevista: CSA
Saudações, James! Cá estamos nós para mais uma entrevista a Old Forest.
Ainda não vai há muito tempo estava a entrevistar-te sobre o vosso álbum anterior («Sutwyke», 2023). Como foi esse álbum
recebido pelos fãs e pelos críticos?
Para bastante gente, «Sutwyke» foi talvez o primeiro álbum de Old Forest que ouviram desde há Vmuito tempo. Embora tenhamos gravado uns poucos de álbuns, as várias editoras têm um alcance
diferente e também formas diferentes de fazer a promoção. Algumas são mais bem-sucedidas do que outras. Ainda vejo comentários online do tipo “Não ouvia nada desta banda desde o álbum de estreia em 1999.” Logo,
parece-me que a Soulseller está a atingir uma audiência maior do que outras editoras que tivemos ao longo destes 25 anos. De um
a perfeição. É algo que sabe bem depois de tanto pensar no que fazer. É libertador e refrescante… Até que ponto é este álbum

modo geral, as pessoas reagiram bem a «Sutwyke», mas alguns não gostaram dos vocais limpos, ou da produção mais limpa, ou da falta de blast beats… Mas é impossível agradar a todos, nem é isso que pretendemos. No entanto, estamos a falar de «Sutwyke» e agora temos «Graveside».
A vossa editora afirma que este álbum simboliza o desejo de regressar às raízes do verdadeiro Black Metal. Concordas com esta afirmação?
Sim, foi o que lhes dissemos: o novo álbum («Graveside») vai ser cru. Talvez demasiado cru! Apesar de a composição e gravação dos últimos três álbuns se terem sobreposto um pouco, cada um deles é uma entidade diferente. «Graveside» foi um regresso deliberado a um estilo muito mais espontâneo de composição e de gravação. Adotámos todos os clichés e borrifámo-nos para
mais Black Metal do que o seu predecessor? [Na minha opinião, são dois álbuns de Black Metal old school extraordinários.]
O álbum anterior resultou de uma abordagem mais estudada da composição e da gravação. Andámos à procura de temas originais, de novas formas de compor, visando um resultado mais perfeito (para nós, pelo menos). Aliás, o último álbum foi misturado por outrem. «Graveside» decorreu de uma abordagem praticamente oposta e foi muito mais rápido. O resultado final pode ser difícil de diferenciar para o ouvinte, mas a
nós parece-nos que criámos algo mais livre e mais primitivo quando fizemos «Graveside». E também fomos nós que produzimos e misturámos este álbum. Por falar de old school, «Graveside» é realmente um título clássico na cena Metal e o mesmo pode dizerse acerca dos títulos das canções que dele fazem parte.
Escolheram os títulos por essa razão?t
Sim, decidimos que íamos mesmo adotar clichés – os elementos mais valiosos do Metal são os seus clichés! Durante algum tempo, tentámos rejeitá-los, mas acabámos por ser atraídos por bandas, riffs, letras e artwork que remetem para clichés. Portanto,
““Graveside” foi um regresso deliberado a um estilo muito mais espontâneo de composição e de gravação. Adotámos todos os clichés e borrifámo-nos para a perfeição”
se formos objetivos, acabamos a pensar: “mas porquê?”. Para mim, trata-se de regressar à simplicidade da juventude, de redescobrir as razões pelas quais fomos atraídos por esse estilo de música.
Ainda não temos nenhum álbum com a capa cheia de caveiras, nem nenhuma canção que faça referência ao 666, mas ainda vamos a tempo… hahaha!!! O vosso álbum tem algum conceito central?
Tenho a certeza de que essa pergunta te dá direito a muitas respostas longas, cheias de vaidade da parte de artistas pretensiosos. Provavelmente, também já fiz isso em entrevistas anteriores.
Mas a verdadeira resposta é bem simples: Não! «Graveside» é um álbum simples, honesto e direto apresentando Black Metal do início dos anos 90, mais nada! Isso não significa que não tenha alguma profundidade, mas isso depende inteiramente de quem o ouve, onde o ouve e como o ouve. Pela parte que me toca, ainda ando a ouvi-lo regularmente, quase um ano depois de termos acabado de o gravar, o que é pouco habitual.
O que costuma acontecer é que ouves o álbum tantas vezes durante o processo de gravação e mistura que, quando chega a altura de o lançar, já estás enjoado dele
e não o queres ouvir mais. Mas não foi o que aconteceu com este. Ironicamente, paradoxalmente, «Graveside» é muito vivo… é, de certeza, o meu álbum favorito de Old Forest, até ao momento! Como foi criar este álbum? [Ao ouvi-lo, imagino a banda a reunirse num lugar confortável para fazer a música de que gosta há tantos anos, mais ou menos como nos bons velhos tempos.] Sim, foi exatamente isso que aconteceu. O Beleth disse-me que a sua maneira favorita de compor as partes de guitarra para este álbum foi acordar com uma terrível ressaca num sábado, pegar na sua guitarra e quase instantaneamente virem-lhe à cabeça ideias para todos os riffs e gravá-los no telemóvel (sem amplificador!). Foi assim que começaram todas as canções. Deixamos a presunção e o refinamento para as bandas que fazem Technical Death Metal… Quem fez o quê neste álbum? Ambos ouvimos rapidamente os riffs gravados no telemóvel e fizemos os arranjos para as canções rapidamente antes de as gravarmos. Eu tratei da bateria (é raro repetirmos a gravação seja do que for – adoramos as imperfeições). Depois passámos à etapa seguinte. O Beleth gravou
as guitarras e o baixo. Depois ocupámo-nos das melodias, dos riffs principais, dos teclados. Depois, eu levei as canções e tentei adaptar aquela espontaneidade às letras que ia escrevendo (apenas o primeiro rascunho!) e gravei a voz de uma só vez. Foi assim que nasceu «Graveside». Gastámos menos tempo e obtivemos um produto melhor. É este o futuro para Old Forest…
Como é habitual, usaste uma ilustração antiga para a capa do álbum. Adoro esta. Onde a encontraste?
“Por falar de old school, «Graveside» é realmente um título clássico na cena Metal e o mesmo pode dizer-se acerca dos títulos das canções que dele fazem parte”
Encontrar uma obra de arte original para usar num álbum é algo que me agrada muito fazer. Atualmente, faço a pesquisa online, mas são necessários muitos dias para encontrares algo que sirva mesmo os teus propósitos. E depois ainda tens de verificar se ainda não foi usado e esperar que não te tenhas enganado. Todas as mais belas ilustrações de Gustave Doré e Theodor Kittelsen já foram usadas até ao fim dos anos 90. Algumas bandas até usaram o mesmo artwork (Carpathian Forest e Wongraven, por exemplo). Pessoalmente, acho que isso revela uma preguiça imperdoável. Fazte pensar que não se preocupam verdadeiramente com o que fazem.
“Para mim, trata-se de regressar à simplicidade da juventude, de redescobrir as razões pelas quais fomos atraídos por esse estilo de música.
É para mim um orgulho encontrar uma capa perfeita e original.
- Por que escolheste esta ilustração?
É sombria e tenebrosa, tanto nas cores como no tema, como convém. Penso que gravuras e quadros são o que funciona melhor para o Black Metal. Hoje em dia, podes criar algo facilmente usando IA, mas isso seria uma falta de respeito tendo em conta o importante papel desempenhado pela arte no álbum (embora haja exceções para o uso da IA, mas não no que diz respeito ao Black Metal, na minha opinião). Não gosto de fazer grandes alterações, quando encontro algo que me parece adequado, mas, neste caso, adicionei um morcego, que veio de outra ilustração. Pareceu-me que faltava algo…
- Em que medida te parece que esta ilustração traduz o espírito do álbum?
Quando encontro a ilustração adequada, sinto que ela cria o cenário para o álbum. Como o cenário de um filme. É nessa altura que começo a pensar num título para o álbum e que me surgem ideias de base para as letras. Tudo no álbum só começa a integrar-se quando eu encontro o artwork que permite estabelecer a ligação entre os vários elementos que o compõem, fazendo dele um
universo. Já tenho algumas capas prontas para álbuns/projetos que ainda não foram usadas. São como mundos para serem explorados e povoados por ideias…
Imagino que nem vos passa pela cabeça a possibilidade de fazerem concertos. Como pensam fazer a promoção deste álbum com o apoio da vossa editora?
Gostamos de criar vídeos com letras e imagens adequadas a elas. Para o último álbum – «Sutwyke» – fizemos um vídeo desses para a canção intitulada “Faust Recants” usando imagens de “Fausto”, o filme clássico de Murnau (um filme mudo a preto e branco do cinema alemão dos anos 20). Ficámos tão contentes com ele, que repetimos a proeza para «Graveside»: fizemos outro filme para a canção intitulada “Curse of Wampyr” usando outro filme clássico de Murnau: “Nosferatu”. Ficou espetacular. Na altura, não sabíamos que iam fazer um remake do filme, que, por acaso, saiu ao mesmo tempo que «Graveside». Estamos a pensar em fazer outro vídeo para a última canção: “Forgotten Graves”. Quanto a tocar ao vivo, sinto que isso iria destruir a magia da música de Old Forest. Além disso, estamos todos a ficar demasiado gordos e velhos para irmos para o palco. Pedem-nos frequentemente
para tocar em festivais de Black Metal, mas ou recusamos, ou nem respondemos… para mim, o Black Metal é uma experiência solitária de audição – não é arte para festivais onde as pessoas se vão divertir. Além disso, detesto ver bandas ao vivo, logo não ia impingir Old Forest a outros…
Tens alguma canção (canções) favorita(s) neste álbum?
De momento, é “Witch Spawn”. Faz-me lembrar “Cosmic Keys” dos Emperor. Talvez lancemos uma t-shirt relacionada com essa canção. “Forgotten Graves” é outra das minhas canções favoritas. É uma mistura de Black Metal dos anos 90 combinado com Bolt Thrower… épica.
E, para terminar, o que é feito de Venger, o teu novo projeto?
Venger é um projeto de Metal muito mainstream, no estilo dos Maiden, de Judas Priest, etc. dos anos 80. É uma colaboração entre mim e o Doug dos lendários Saxon. Temos um norueguês na bateria: o Sven (que também toca em Nattehimmel e Strange New Dawn). Na voz, temos um austríaco: o Franz (da banda Roadwolf). Estamos a acabar o álbum e esperamos anunciar o seu lançamento nos próximos meses! É material de qualidade…



Um grande princípio

Entrevista: CSA
É o que se pode dizer desta banda americana de Black Metal. Brent Delaney (aka B. D.) apresentou «Samsr» – o segundo álbum da banda – à Versus Magazine e traçou as grandes linhas da sua evolução permitindo-nos compreender como chegaram ao seu atual estado
Saudações, Brent! Espero que esteja tudo bem com a banda. O Black Metal americano tem sido uma grande referência para a Versus Magazine já há alguns anos. Skaldr tem algumas referências entre as bandas de Black Metal dos EUA?
B. D. – Há toneladas de bandas de Black Metal dos EUA de que somos grandes fãs. No entanto, o número de bandas dessa lista que podem ser vistas como influências musicais para Skaldr é bastante reduzido. Algumas das que me ocorrem como influências são
Hoth, Mare Cognitum, Pestifere e Yellow Eyes.
Ao ouvir o vosso álbum, tive a impressão de estar a lidar com uma banda escandinava old school. A diferença é que a produção na vossa música é mais
limpa, não é assim? Concordas comigo?
É inegável que somos muito influenciados por uma longa lista de bandas escandinavas –sobretudo pela segunda vaga de Black Metal da Suécia e da Noruega: Dissection, Dawn, Windir, só para referir algumas bandas. Nota-se no nosso uso clássico das guitarras e também no nosso estilo de composição, que se aproxima do Melodic Black Metal. Naturalmente, esta abordagem levou a uma produção “mais
“Fizemos um esforço muito deliberado para garantir que todos os detalhes da música poderiam ser percecionados por um ouvinte atento.”
limpa”, mais polida, que ajuda os componentes melódicos da nossa composição a atingir a atmosfera que almejamos e dá a todos os instrumentos oportunidade de serem ouvidos.
Todos os membros de Skaldr são bastante jovens, mas a banda já leva 10 anos de carreira. És capaz de apresentar aos nossos leitores os pontos mais importantes da história da banda?
Obrigado por esse comentário! Mas, na realidade, estamos algures entre os 35 e os 40 e poucos. De certo modo, ainda somos novos, mas nem sempre nos sentimos assim.
O Carey e eu crescemos juntos e fizemos ambos parte da banda filarmónica da escola secundária. Depois de terminarmos o secundário, pusemos de parte os nossos instrumentos, eu peguei
na guitarra, o Carey na sua voz e continuamos a tocar música juntos. Fazíamos covers de Opeth, Gojira, Nevermore e outras bandas do mesmo género na nossa cave. O Harry começou por tocar guitarra acústica e interessava-se sobretudo por música clássica e por folclore da Europa do Leste. O seu primeiro contacto com o Metal extremo teve lugar no fim dos anos 90, quando ele conheceu Behemoth e Dimmu Borgir, que estavam a lançar os seus primeiros álbuns, mas nunca perdeu o interesse por música acústica. O que nos une é o nosso
baixista. Recrutaram outro amigo deles – que também se chamava Tommy – para tocar a guitarra solo. Os quatro gravaram uma demo para a sua banda que ainda nem tinha nome e que, na altura, era mais uma banda de Thrash Metal.
Depois o Tommy (o guitarrista) começou a estar cada vez menos disponível e acabou por abandonar o projeto. O Carey – com quem eu vivia há muitos anos – perguntoume se eu estava interessado em me juntar à banda para um ensaio em dezembro de 2018. E o resto é história – como se costuma dizer. Nessa altura, a banda começou a

profundo amor pelo Metal, que nos acompanhou sempre enquanto fomos crescendo. Por isso, a ideia de tocar e compor música mais tenebrosa acabou por surgir na natural evolução de todos nós. A primeira versão de Skaldr era um projeto que envolvia o Tommy (o nosso baterista) e o Harry (guitarrista), que não partilhavam o nosso gosto pelo Black Metal. Logo nos primeiros meses, o Carey juntou-se à banda como vocalista, ao mesmo tempo que pegava no baixo pela primeira vez, porque a banda não tinha
pensar mais seriamente na ideia de fazer concertos e de gravar um álbum. Daí veio a necessidade de dar nome à banda (Skaldr), no início de 2019, e de refazer várias das canções que eles já tinham composto, para transformar esses elementos de Thrash no Black Metal melódico de sabor escandinavo que as pessoas agora associam a Skaldr.
Depois de fazermos alguns concertos e de angariarmos alguns fãs ao longo de 2019, lançámos «Scythe», em setembro de 2020, no meio do caos da pandemia.
O álbum ultrapassou largamente as nossas expetativas quase inexistentes e foi ouvido por gente em todo o mundo, o que nos soube mesmo muito bem. A composição de «Samsr» começou durante a gravação de «Scyhte», entre 2019 e 2020, e continuou até começarmos a gravação deste álbum em 2023. Durante o processo de gravação, o
“Cada membro da banda traz consigo uma imensa riqueza em termos de conhecimento musical e talento, logo o processo de composição acaba por ser sempre muito coeso, “sem descontinuidades
Tommy (baterista) deixou a banda de forma amigável e fomos buscar um amigo nosso – o Myrdynn –para gravar a bateria para o álbum. Ele fez um trabalho fantástico dando vida às partes que o Tommy tinha composto, ao mesmo tempo que entretecia nelas o seu próprio talento e o seu estilo único. E cá estamos nós – no limiar do momento em que vamos finalmente libertar a manifestação de todos estes muitos anos de sangue, suor e lágrimas.
O que significa o nome da banda? Skaldr deriva da palavra “skald”. Os “skalds” eram poetas que ajudavam a manter a memória da mitologia nórdica e dos seus heróis através das histórias que iam divulgando durante as suas viagens. Acrescentámos o “r” para dar ao nome um ar mais Black Metal. Contudo, quando fomos ao Inferno Festival em Oslo, em 2019, descobrimos que “skrald” é o nominativo masculino da palavra
“skald”… ou, pelo menos, foi isso que nos disseram. Confiágmos na pessoa que nos deu essa informação.
Adoro o som do álbum: voz muito áspera, guitarras brilhantes, bateria equilibrada. Parecete que eu tracei uma imagem adequada da vossa arte musical?
[Tu e o Harry fizeram um trabalho sensacional nas vossas guitarras e o Myrdynn segue-vos na bateria. É fantástico \m/].
Obrigado! Fizemos um esforço muito deliberado para garantir que todos os detalhes da música poderiam ser percecionados por um ouvinte atento. Recorremos a uma abordagem muito focada para chegarmos ao som que podes ouvir no álbum. Trepan Studios, onde gravámos ambos os álbuns, apoiou-nos com a sua valiosa experiência, para garantir que o som atingiria o alto nível de qualidade que nós queríamos E devemos muito ao grande Dan Swanö pelo trabalho espetacular que fez na mistura e na masterização do álbum.
A bateria foi gravada no Canadá pelo Myrdynn, um amigo que conhecemos durante um concerto nosso em Washington, DC. Ele estava em digressão com uma banda de Black Metal chamada Bane [oriunda da Sérvia], para a qual Skaldr abriu. Mantivemos o contacto ao longo dos anos e ele foi muito amável em nos apoiar na gravação da bateria para «Samsr» depois de o Tommy se ter ido embora.
Como criaram este som para o álbum?
Muita prática! Hah! O Harry é o principal compositor e criador de riffs e ideias. Muito frequentemente é ele que apresenta ideias parciais ao resto da banda, que nós analisamos e usamos como ponto de partida para gerarmos as nossas próprias
ideias e encontrarmos modo de as converter numa canção completa. Cada membro da banda traz consigo uma imensa riqueza em termos de conhecimento musical e talento, logo o processo de composição acaba por ser sempre muito coeso, sem descontinuidades.
Muitas vezes, as nossas canções nascem de riffs de guitarra, que o Harry e eu trabalhamos até termos uma secção da canção que nos satisfaça. Depois juntamos o baixo e a bateria e, por fim, vem a voz. É claro que, de vez em quando, surgem exceções à regra.
Como é costume no Black Metal, as vossas letras tratam tópicos depressivos.
- O que significa o título do álbum?
“
«Samsr» […] vem da palavra Samsara. Esta designa a dimensão cíclica da existência. Vida e morte, princípios e fins
«Samsr» – o título do álbum – vem da palavra Samsara. Esta designa a dimensão cíclica da existência. Vida e morte, princípios e fins, etc. Pareceu-nos que este nome se adaptava na perfeição aos conceitos tratados no álbum.
- Quem escreveu as letras para o álbum? Foi o autor habitual?
O Carey (o nosso vocalista e baixista) é o único membro da banda que escreve as letras desde o início.
- E que tópicos são tratados nas vossas letras?
Geralmente, as nossas letras têm a ver com experiências diretas de morte e perda e os processos de compreender esses
fenómenos e de os aceitar como fenómenos naturais. A narrativa vai da dimensão mais ínfima à dimensão mais ampla decorrente de uma observação mais profunda, ao longo dos nossos anos de experiência.
Cada vez que algo começa, tem inevitavelmente de acabar. Mas, por outro lado, a morte gera outra vida, seja ela celular ou as nossas vidas a acabar e os nossos corpos a converterem-se em matéria que vai ser usada novamente, ou estrelas que colapsam. Os temas dizem respeito a este ciclo. Ao mesmo tempo que se relacionam com as nossas experiências pessoais, o facto de termos também uma visão de conjunto da questão dá-nos alguma paz, porque nos apercebemos de que estamos a lidar com o decurso natural das coisas.
E, como sempre, acabámos por nos deixar influenciar pelo nosso incessante fascínio pela tradição mitológica. Há duas canções centradas em mitologias diferentes, que nos pareceram adequar-se a temas como ciclos de mudança, fins e começos.
A capa do álbum apresenta uma pintura maravilhosa da autoria de Adam Burke.
- És capaz de nos dizer como é que ele relaciona esta ilustração com o tema central do álbum?
Tivemos o prazer de trabalhar com o Adam nos dois álbuns, já que foi ele que fez as capas de ambos. Não é preciso dizer que ele domina a sua arte. Para esta pintura, apresentámos-lhe da nossa ideia geral sobre o que queríamos ver na capa do álbum e deixamo-lo trabalhar. Quando o esboço estava pronto, pedimos-lhe para adicionar algumas coisas que nos pareceram associadas aos traços gerais do conceito de Samsara, ao mesmo tempo que garantíamos que a capa do nosso álbum iria refletir a nossa

forma de o ver.
- Ele solicitou a vossa ajuda para criar esta obra de arte?
Penso que seria um tanto desonesto dizer que ele precisou da nossa ajuda. Mas ele é um grande profissional e usou o nosso feedback para dar vida a essas ideias de uma forma magistral.
Vão fazer concertos para apresentar este álbum? Esperamos que sim! De momento, não temos um baterista a tempo inteiro, o que limita um tanto as nossas opções. Mas temos bons motivos para crer que Skaldr vai regressar ao palco de modo triunfal, quando a oportunidade surgir. Até agora, só tocámos nos EUA. Fazer concertos no estrangeiro continua a ser um dos grandes objetivos da banda.
A vossa editora fez planos para promover «Samsr»?
Sim. Entrevistas como esta fazem parte desse processo. Entrevistas para webzines e podcasts são elementos da campanha de promoção do nosso álbum. Também pretendemos enviar o álbum a vários sites que fazem críticas com os quais estamos familiarizados. Esperamos que o álbum chegue ao maior número possível de ouvidos através de múltiplas formas de partilha.
Gostarias de deixar algumas palavras finais para motivar os headbangers portugueses a ouvirem a música de Skaldr?
Um grande OBRIGADO para todos os que dão uma oportunidade a Skaldr ouvindo a nossa música. Esperamos – num futuro não muito distante – visitar o vosso país e encontrarmo-nos convosco pessoalmente. Até lá, deixamos as nossas saudações!


Dodici Cilindri
(porque o barulhos dos motores também é música)
Por: Carlos Filipe
Aston Martin Vantage V550/V600



A Aston Martin é hoje, há uns 20 anos para cá, uma marca de carros mundialmente conhecida devido a dois factores: A reputação mundial de James Bond foi com um Aston Martin DB5 e mais recentemente, ter-se tornado no carro oficial de James Bond na era Daniel Craig e ter desenvolvido a sua participação nos desportos motorizados, principalmente na Fórmula 1 e nos campeonatos de GT. A Aston Martin foi para mim, uma marca inexistente e completamente desconhecida na minha adolescência – Só tinha até à data visto dois filmes de James Bond - até ter comprado uma revista do L’Action Auto “Hors-Serie” sobre “Les Stars Mondiales”, a qual tinha um artigo sobre o belíssimo Aston Martin Virage, feito à mão, com os seus interiores em pele Connolly e as suas 23 camadas de tinta, nem uma a menos, todas aplicadas à mão. Fiquei fascinado por este construtor britânico de Newport Pagnell que me ficou cravado na memória como uma das marcas mais elegantes e luxuosas do mundo, e que tinha algo de especial, distintivo. Se o factor 007 foi essencial para começar a ter uma gama consistente e desejável de carros desportivos de luxo, nomeadamente, o DB9, Vantage, Rapide, Vanquish, DB11 e recentemente o DB12, ou mesmo o DBX - o primeiro SUV da marca - a segunda, a desportiva, foi essencial para consolidar a força da marca como uma de desportivos de eleição, de luxo very british, e potenciá-la ao panteão dos construtores de “hypercars” com a inclusão dos mais recentes Valkyrie e Valhalla. Este arco construtivo que nos trouxe a Aston Martin até aos dias de hoje, não foi sem algum sacrifício pelo caminho, em nome da sustentabilidade económica, como o abandono dos motores próprios em detrimento dos da Mercedes, emissões e normas Euro um número qualquer obrigou-os nos últimos anos. Este centenário construtor britânico teve uma vida de altos e baixos e esteve quase para entregar a alma ao criador por um punhado de vezes. Nos anos 90, iniciou a modernização da marca com a gestão da Ford, mais propriamente em 1997, onde um pequeno coupé e roadster desenhado por Ian Callum, derivado do igualmente novo Jaguar XK, que por seu turno derivava do antigo chassis do XJS, feito com o “cesto das peças” do grupo Ford, mais um punhado de peças de outros
modelos e construtores, pois as ópticas traseiras são do Mazda 323F, os puxadores do Mazda Miata, os espelhos do Citroën CX e a caixa auto do Hummer H1, carro que salvou a marca de se afundar. Estou a falar do DB7. A marca nasce em 1913, curiosamente um ano antes da Maserati, pelas mãos de Lionel Martin e Richard Bamford com a criação da Bamford & Martin Ltd, e o nome da marca advém do nome do criador Lionel Martin e de uma prova em que costumava competir, a “Aston Clinton hill climb”. Desta forma, ficaram os carros da Bamford & Martin Ltd conhecidos pelos Aston Martin. Os carros só começam a sair da fábrica, ou melhor dizendo da oficina, em 1921, o tempo necessário para iniciar a sua primeira liquidação 3 anos depois. Após encontrar um novo investidor, foi novamente revendida em 1931 a outro entusiasta que passou o testemunho um ano depois. Assim se passaram os anos 30, e os 40 foram de um hiato devido à Segunda Guerra Mundial. Em 1947, um grande industrial inglês, Sir. David Brown, que acabava de lançar com grande sucesso a sua marca de tractores agrícolas – Onde é que já vimos isto de tractores e marcas de carros desportivos… ah, sim, só pode ser o Ferruccio Lamborghini – compra a Aston Martin pelo simples prazer de completar um sonho de se tornar piloto de automóveis na vertente “gentleman-drivers” e adicionar ao seu património industrial uma marca com uma notoriedade em solo britânico como já tinha a Aston Martin. A presença de David Brown aos comandos da Aston Martin Ltd estendeu-se até 1972, quando mais uma vez a marca quase faliu. O seu legado para a marca foram a mítica linha dos Aston Martin DB, primeiro o 2, e por aí fora o 4, o 5, mundialmente famoso por ser o primeiro verdadeiro carro de James Bond, 6, e o seu reinado acaba com o DBS visto em 007 – ao serviço de sua majestade. Todos estes carros têm as iniciais DB, de David Brown, ora que outra coisa poderia ser, sigla que se apropriou devidamente da nomenclatura dos Aston dos últimos 25 anos, estando nós no DB12. Por curiosidade, só não houve oficialmente o DB3 e o DB8. A Ford acreditava que os clientes pensariam que o DB8 seria um Aston com um motor V8, então fizeram skip para o DB9 e quanto ao DB3, não existiu verdadeiramente, havia era o DB2/4 Mk3, que na prática, era o DB3, só não foi apelidado como tal. Depois de mais umas passagens de donos sem interesse histórico, em 1987, a Ford Motor Company comprou a Aston Martin e deu-lhe um novo folgo, trazendo-lhe modernidade. É nesta gerência Ford que vão aparecer,










o modelo Virage coupé e o seu correspondente Volante, sinónimo de descapotável no universo Aston Martin. Com o seu motor V8 de 5,3 litros de capacidade que já vem dos anos 70, graças a uma cabeça de 4 válvulas por cilindro e a gestão Magnetti Marelli, o velhinho motor com 25 anos foi devidamente modernizado, elevando a potência aos 330 CV. O Virage foi apresentado à imprensa no salão de Birmingham em 1988, tem a sua génese e concepção nascida em meados dos anos 80, bem antes da entrada em cena da Ford e do seu fluxo de capital que salvou a marca. O Virage é uma pura realização Aston Martin, respeitando a tradição das belas linhagens DB4 e DB5. Isto, porque um Aston Martin é acima de tudo uma construção artesanal, realizado com todo o carinho e cuidado imaginável. O Virage teve o desenvolvimento possível devido às restrições económicas, mas mesmo assim, foi o primeiro Aston desenvolvido com recurso ao computador (CAD) e o motor V8 foi alvo de um grande desenvolvimento, mas mesmo para a época, os 330 CV que debitava eram curtos para um carro que se revelava ser tão caro. Ainda ofereceram um kit de fábrica que aumentava a cilindrada do motor para 6,3 litros e elevava a potência aos 465 CV. Mesmo assim, era necessário fazer algo para ter um carro desportivo mais acutilante e que conseguisse competir com os demais supercarros da época, tendo a Aston enveredado em 1993 pelo Vantage V8, que mais tarde ficou conhecido por Vantage V550, sendo os 550 um número redondo da sua potência total de 557 CV. O motor foi revisto, acrescentando-lhe dois turbocompressores Eaton TS91 de 0,7 bar, associada a uma caixa manual ZF de 6 velocidades derivada do Corvette ZR1, as vias foram alargadas e o aspecto geral do carro foi musculado, dando-lhe um ar viril e monstruoso. O carro de gargântua! Ainda hoje, estes números são impressionantes, mas 30 anos atrás, eram avassaladores. Faziam do Aston Martin Vantage V550 o carro de produção mais potente do mundo à excepção de um: O McLaren F1 com os seus 621 CV. Só para terem uma ideia, por esta altura tínhamos um Bugatti EB110 com 560 CV, o Ferrari F50 com 520 CV, o Jaguar XJ220 com 542 CV, o Lamborghini Diablo com 492 CV, ou mesmo o rival directo da altura, porque o Vantage era acima de tudo um GT, o Ferrari 456 GT com 442 CV. Era um verdadeiro tremor de terra por onde passasse, e com um preço a condizer, de, no nosso país do escudo, de 70.000.000 Escudos, ou como se dizia na altura 70 mil contos,



em euros que só haveriam de chegar em 2002, seriam 350 mil euros, em 1995! É o equivalente hoje a 650 mil euros. O Aston Martin Vantage V550, não era caro, era caríssimo. É normal que só se tenha vendido um por cá. Apesar de toda a modernidade trazida pela Ford, a estrutura em alumínio, o qual não deixava do Vantage V550 acusar 2 toneladas na balança, havia economias de escala e mais uma vez o recurso ao cesto das peças do grupo, onde foram utilizados imensos botões dos Ford, outros componentes ou mesmo o volante com airbag – que sempre detestei neste carro. O V550 é um fruto de construção artesanal, um fabrico à mão por artesãos ingleses com instrumentos artesanais, segundo as regras da arte. O motor era montado por um único indivíduo que depois colocava uma placa em alumínio com o seu nome. Era efectivamente a pessoa que construiu o motor e não o indivíduo que fez a última inspecção a assinar a placa, como acontece presentemente nos Aston e Mercedes AMG. Cada carro levava quatro meses a construir. Mais tarde, no final dos anos 90, surgiu uma opção de upgrade para os clientes que tinham ou iam comprar um V550. Simplesmente, enviavam o V550 de volta para a fábrica e ali aplicavam-lhe um pacote de upgrade de potência para 600 CV, passando o carro a ter a nomenclatura de V600. O Aston Martin Vantage V600 não era um novo modelo, mas sim um pacote de upgrade. Isto vinha com um custo adicional para um carro já de si tinha um preço estratosférico. Somava-se à conta mais 43 mil libras esterlinas. No total foram produzidos 240 Vantages V550/V600 em 6 anos de produção. No final de 1999, ficou reservado o melhor e mais raro de todos, a edição especial “Le Mans”, ou melhor dizendo Aston Martin V8 Vantage Le Mans, dos quais só foram produzidos 40 unidades, elevando o total da produção para 280 carros. Estes carros são todos numerados com uma placa de alumínio aparafusada na soleira da porta a dizer qual é o número de produção, tipo “1 de 40”. Esta versão distingue-se das demais por ter a grelha frontal tapada com duas narinas em cada lado da grelha e uma jantes diferentes mas que não fazem sobressair o carro. No final, é distintivo relativamente ao Vantage “normal”, mas acho que ficou esquisito. As outras mudanças foram no interior, onde no tablier em redor do condutor, as incursões de madeira foram
substituídas por aço inoxidável escovado, dando-lhe um ar mais desportivo. Os Le Mans foram produzidos com o motor de 550 CV, ou sejam, eram na origem todos V550 Le Mans, mas tal como para os V550, também, houve o mesmo pack opcional de upgrade para ter +50 CV, ou seja, os Le Mans V600. Dos 40 produzidos, só um se manteve como saiu de fábrica com os 550 CV – O verdadeiro “ovo de Fabergé” da ninhada dos 40. O Aston Martin Vantage V550/V600 é um dos meus carros preferidos de sempre. Daquilo que pude perceber das poucas boas críticas disponíveis no YouTube, é um carro fascinante a todos os sentidos, mas que é mais um GT do que um desportivo puro, apesar da potência, tem um pisar suave e um caracter marcante, quer para quem nunca o conduziu, quer ainda mais para quem teve a oportunidade de conduzir um. Sintam a emoção de um Aston Martin Vantage V8 V550 com estes dois vídeos do YouTube, um por JayEmm, outro por Derek Tam-Scott.
The 90s Supercar Killer You’ve (probably) Never Heard of: Aston Martin Vantage V550
1995 Aston Martin Vantage V550 Review - Britain’s Twin Supercharged Lamborghini Slaying Armchair Farm): “you can’t be a true petrolhead until you’ve owned an Alfa!”. Bem… eu tenho dois!

MELKOR


Comemoras em 2025 três décadas de música. Já gravaste muitos discos, físicos e digitais, mas também demos. Em retrospetiva, como analisas o teu percurso na música?
JCM - É incrível pensar que já passaram três décadas desde que comecei esta jornada na música. Tem sido um caminho repleto de desafios, mas também de conquistas que me moldaram não só como músico, mas também como pessoa. Quando olho para trás, vejo uma evolução constante. Desde as primeiras demos gravadas com recursos limitados até aos álbuns mais recentes, com uma produção mais cuidada, cada passo foi uma aprendizagem. No início, era tudo muito cru, impulsionado pela paixão e pela vontade de criar, mesmo sem grandes conhecimentos técnicos. Hoje, sinto que alcancei um nível que me permite traduzir melhor as minhas ideias e emoções em música, mas continuo a aprender e a querer melhorar. O facto de ter trabalhado em projetos tão diferentes, explorando estilos desde o black metal ao doom, ou do death metal ao stoner, é algo de que me orgulho. Cada projeto reflete uma parte de mim, e isso mantém-me criativo e motivado. A música é um reflexo do que sou, das histórias que quero contar e das emoções que quero partilhar.
Se a sua inspiração gerasse eletricidade, provavelmente Melkor, aliás, José Carlos Marreiros, conseguiria iluminar uma pequena cidade todos os dias. Explorando as mais variadas linguagens do metal extremo, este multiinstrumentista apresenta um nível de produtividade avassalador, com lançamentos regulares e uma visão artística muito própria. Dos conceitos líricos, musicais e gráficos, passando pela interpretação e trabalho de estúdio, chama a si todas as fases do processo, à parte honrosas exceções.
A Versus foi conhecer melhor o trabalho desta força da natureza.
Entrevista: DICO
A tua primeira banda foram os Carnificina, mas foi com os Firstborn Evil que gravaste o teu primeiro álbum, o lendário “The Rebirth of Evil”. Que memórias tens desses tempos, nomeadamente da gravação e dos concertos de apoio ao disco? Esses tempos foram inesquecíveis e marcaram-me profundamente. Apesar de já ter tido uma experiência de gravação com os Carnificina na garagem dos Alcoolémia, gravar no Rec n' Roll Studios, dos míticos Tarantula, foi um salto gigante. Tudo era novo para mim, um estúdio profissional, um ambiente mais sério, e isso tornou a experiência espetacular, mas também intimidante. Sentia a pressão de fazer o meu trabalho o melhor possível, mesmo tendo consciência das minhas limitações enquanto guitarrista na altura. Uma das melhores partes dessa fase foi o companheirismo dentro da banda. Éramos como uma pequena família, e isso tornava tudo mais fácil, mesmo nos momentos mais desafiantes. Os concertos de apoio ao disco foram verdadeiras aventuras. Lembrome de estarmos constantemente perdidos à procura dos locais para tocar e das muitas bebedeiras, tanto dentro como fora do palco. Se pudesse voltar atrás no tempo, não hesitaria em reviver esses momentos inúmeras vezes.
Os Neoplasmah, inicialmente designados Systematic Collision, também marcaram bastante o teu percurso. Com eles gravaste os dois álbuns do grupo, hoje considerados clássicos do nosso Underground. Apesar dos dez anos que entremearam ambos os registos, que recordações te traz o grupo?
Os Neoplasmah marcaram realmente um grande capítulo na minha trajetória. Foi uma mudança extremamente brusca na minha vida e carreira, em que literalmente, num dia estava com os The Firstborn [ex-Firstborn Evil] e, no dia seguinte, já fazia parte dos Neoplasmah. A transição foi enorme, principalmente em termos de estilo musical, pois passei de tocar black metal para o som mais direto e agressivo do death metal. Isso foi um desafio, mas também uma enorme oportunidade de crescimento.
Uma das coisas que me marcou muito durante o tempo nos The Firstborn foi o privilégio de tocar com músicos excecionais que me ajudaram a crescer imenso, especialmente o Paulão e o Gustavo. Já nos Neoplasmah, tive o prazer de contar com o Vítor Mendes como mentor na guitarra e com o mestre Rolando Barros, que me ensinaram imenso, não só sobre música, mas também sobre o rigor e a disciplina necessários para
dar um passo em frente enquanto músico.
Passados cerca de 10 anos, decidimos reunir-nos novamente para gravar um segundo álbum, e aí as coisas já eram bem diferentes. O processo estava muito mais profissional, e a abordagem ao som também tinha evoluído. A dinâmica da banda tinha mudado, mas a paixão pela música continuava a ser a mesma.
Embora a banda esteja atualmente parada, há algo que não posso deixar de mencionar: o Vítor Mendes escreveu novas músicas, que já foram gravadas em préprodução, e existe o projeto de um novo álbum, mas vou deixar isso em aberto por agora.
Nos últimos 12, 13 anos, formaste bandas e projetos como Culto Obscuro, Martelo Negro, Temple of the Fallen ou The Rise of Phiuchus, mas tens atuado pouco ao vivo. É uma opção? Ou é difícil encontrar músicos que partilhem da tua visão artística?
O facto de tocar pouco ao vivo não é propriamente uma escolha, mas uma consequência de como vejo a música e do que pretendo fazer com ela. No caso dos Martelo Negro, liderados pelo Simão Santos, sempre adotámos a postura de tocar pouco. Para nós, não se tratava de sair a tocar por tocar, mas de nos apresentarmos apenas em condições que favorecessem o tipo de som e a afinação que usávamos. Aquele som exige uma abordagem muito específica, e o simples facto de encontrar as condições ideais para a performance ao vivo não é algo simples; por isso, optámos por ser seletivos. Mas há também a questão ideológica. A banda não se apresenta muito ao vivo para evitar a banalização.
E quanto aos outros projetos? São todos ideias minhas, criadas a partir de coisas que nunca pude concretizar nas bandas em que estive. Então, para dar vida a essas ideias, decidi fazer as coisas à minha maneira. Obviamente,
encontrar músicos talentosos para cada um desses projetos não é problema, já que existem músicos excecionais neste país. O desafio é que, na maioria das vezes, esses músicos já estão envolvidos em outros projetos e não têm disponibilidade para me acompanhar.
Ainda assim, planeias o regresso aos palcos com Culto Obscuro e pretendes fazer atuações com Necro Algorithm. Fala-me disso. O regresso aos palcos com Culto Obscuro e Necro Algorithm é, sem dúvida, a minha prioridade neste momento. Culto Obscuro é um projeto que criámos do zero e estamos na fase final da gravação do primeiro álbum. Já fizemos algumas apresentações ao vivo, mas a nossa ideia é voltar com o álbum completo, na bagagem, para proporcionar uma experiência mais consistente ao público. Quanto a Necro Algorithm, surgiu de uma ideia minha, composta e criada em cerca de uma semana. Após o lançamento no Bandcamp, fui surpreendido com o convite de um amigo de longa data, que lidera o projeto Cult of Alcaeus. Ele escolheu o meu projeto para fazer um split, o que originou o lançamento de Doomed Algorithms, com a entrada da editora Nova Era Records, dando a Necro Algorithm uma dimensão que eu não esperava. Essa mudança forçou-me a recrutar músicos de elevada qualidade para me acompanharem nesta nova aventura, em que apenas irei assumir o papel de vocalista. Além disso, também tenho a intenção de tocar ao vivo com os BioNkill, do Rui Vieira; e com o projeto Ampola [cuja entrevista pode ser lida nesta edição], liderado pelo Paulo Martins, o que certamente será uma experiência única.
Entretanto, o teu enfoque principal tem sido o trabalho de estúdio, que levas a cabo nos teus Studios 13. Tens produzido outras bandas ou vens-te concentrando
essencialmente nos teus projetos? Nos últimos tempos, tenho-me concentrado muito mais nos meus próprios projetos do que na busca ativa por outras bandas para gravar, misturar ou masterizar. O trabalho de estúdio nos Studios 13 é uma extensão da minha visão artística e, antes de me envolver com o trabalho de outras bandas, o meu enfoque tem sido evoluir e aprimorar o meu próprio som, a minha produção, o meu processo criativo. O meu objetivo não é apenas criar música, mas também atingir a excelência técnica e emocional nas produções, para que, quando chegar o momento de colaborar com outras bandas, possa oferecer um serviço de altíssima qualidade.
A minha jornada é, e continuará a ser, uma busca incessante por evolução. Espero poder continuar a aprender, a crescer e a criar o máximo possível, sempre em busca do meu som mais autêntico e do melhor trabalho que posso oferecer.
Entre agosto do ano passado e janeiro deste ano lançaste 12 álbuns digitais de outros tantos projetos (incluindo Mala Mors, Rise of Ophiuchus ou Neural Plague) através da tua editora Supergoat Wreck-hordes. Estes álbuns já estavam gravados há algum tempo e apenas a aguardar lançamento ou compusesteos em tempo recorde? Sei que tens estado num período particularmente criativo.
Fora os álbuns que gravei para serem lançados digitalmente anteriormente e os trabalhos que sairão em formato físico, como o de BioNKill, «They Must Die» [NR: que já foi editado], fruto de uma colaboração com o Rui Vieira, entre agosto e janeiro lancei uma série de novos projetos. Além disso, eu e o Rui gravámos mais de nove trabalhos que serão lançados mais tarde, mantendo o espírito criativo em alta.
A maioria dos álbuns foi criada em tempo recorde, num verdadeiro rasgo de criatividade, com
improvisações e escolhas de riffs que deram vida a cada um.
Uma exceção foi Blood of Artemis, cujo trabalho já estava gravado, mas que, devido a circunstâncias fora do meu controlo, só em 2024 eu e o Rolando Barros conseguimos finalmente concluir, cuidando da mistura e masterização.
Além disso, consegui preparar material para 2025, com muitos álbuns a contarem com a colaboração do excelente músico Pedro D-Void, que se destacou na criação de solos e harmonias, elevando ainda mais as composições.
Existem também exceções: o álbum dos Carnificina, que apenas remisturei e remasterizei; e dos Temple of the Fallen, que foi o meu primeiro projeto a solo a sério. Para este trabalho, tive a colaboração do Simão Santos nas letras, o que foi fundamental para dar vida a essa parte do conceito.
Neste álbum, regravei todas as guitarras, pois as cordas originais não estavam como eu desejava. Aproveitei para substituir os sons de teclas por outros semelhantes, mas com maior qualidade, e finalizei com uma nova mistura e masterização.
Os referidos álbuns correspondem a outros tantos projetos a solo, que abrangem o black metal, o death metal e até o ambient. Quando compões num determinado registo sentes necessidade de criar um novo projeto, algo feito de raiz especificamente para essa abordagem musical? Depende. Quando estou a compor num determinado registo, se o material que surge representar uma evolução natural de algum dos álbuns ou projetos já existentes, faz todo o sentido dar continuidade a essa linha, criando o próximo álbum dentro desse universo. Por outro lado, se a composição não se enquadrar em nada do que tenha feito anteriormente, sinto a necessidade de criar algo
completamente novo, um novo projeto com um nome, conceito e identidade próprios. É um processo que envolve bastante trabalho, pois faço praticamente tudo: desde as composições, gravações, misturas e masterizações até à criação dos conceitos líricos e visuais.
Esta abordagem permite-me explorar diferentes abordagens musicais sem comprometer a integridade artística de cada projeto, garantindo que cada um deles se mantém coerente dentro do seu estilo e temática.
Tens tendência para criar álbuns temáticos e conceptuais, com letras e músicas intrincadas. Reporto-me, por exemplo, a “Mindscapes of Madness”, o fantástico disco do projeto Mala Mors, que fala de doenças mentais e da luta que muitos pacientes levam a cabo em silêncio por receio do estigma social. Este é um tema forte. Como desenvolveste o conceito lírico para o álbum?
O conceito para «Mindscapes of Madness» foi desenvolvido a partir de uma experiência pessoal que deixou a sua marca. Tudo começou com uma história verídica, um atrito que tive com uma personagem conflituosa. Essa vivência inspirou uma música que aborda diretamente a doença dessa figura.
A partir desse ponto, surgiu a ideia de explorar o tema de forma mais ampla, criando algo que abordasse várias doenças mentais, cada uma com o seu próprio foco e história. Pensei: "Por que não fazer um trabalho que fale sobre este assunto tão complexo e sensível, acrescentando outros diagnósticos como inspiração para outros temas?"
Com essa ideia em mente, desenvolvi um pequeno ebook que acompanha o álbum digital, oferecendo histórias ficcionais, cada uma dedicada a uma doença mental e a um tema específico do álbum. Apesar de apenas uma das histórias ser baseada em
factos reais, com alguns floreados criativos, as outras são pura ficção, criadas para aprofundar a experiência imersiva que o álbum proporciona.
O processo foi exigente, mas gratificante, permitindo-me explorar não só as dimensões musicais, mas também as narrativas literárias que dão profundidade ao álbum.
Este projeto não só reflete a luta silenciosa que muitos enfrentam devido ao estigma social, mas também pretende ser uma forma de dar voz a essas histórias e aumentar a compreensão sobre este tema tão delicado. Além disso, acredito firmemente que algo precisa de ser feito para evitar que pessoas com determinados diagnósticos cheguem a um ponto de "escalada", em que acabam por destruir a vida de alguém.
Estas pessoas precisam de ajuda, de tratamento adequado, para que possam encontrar equilíbrio e apoio em vez de chegarem a extremos trágicos.
Na sua versão digital, «Minscapes of Madness» tem a oferta do referido ebook, que inclui as letras em português e inglês, imagens geradas com recurso a inteligência artificial e histórias imersivas associadas às letras de cada tema. Além disso, tencionas editar o álbum e o livro fisicamente. Falame sobre estes aspetos. «Mindscapes of Madness» foi concebido como um projeto profundamente imersivo, em que música, literatura e artes visuais se entrelaçam para contar histórias impactantes sobre doenças mentais. O ebook fornece uma experiência bilingue acessível a um público mais amplo. Além disso, apresenta imagens geradas com recurso a inteligência artificial, mas que posteriormente foram trabalhadas à minha maneira para criar algo único e especial, capaz de complementar o ambiente de cada tema e amplificar a atmosfera sombria e introspetiva do álbum.

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[…] o Vítor Mendes escreveu novas músicas, que já foram gravadas em pré-produção, e existe o projeto de um novo álbum [dos Neoplasmah].
Fala-me das histórias imersivas disponíveis no ebook.
Cada uma é dedicada a uma doença mental específica associada a uma música do álbum. Estas narrativas têm como objetivo explorar a complexidade emocional e psicológica de cada condição, permitindo ao ouvinte mergulhar nas camadas temáticas e compreender melhor o conceito que inspirou o álbum. Quanto à edição física, é algo que pretendo concretizar tanto para o álbum quanto para o livro, porque acredito que a experiência de ter algo tangível em mãos, com a qualidade gráfica e textual que idealizei, pode elevar ainda mais o impacto deste trabalho.
Outros registos conceptuais que destaco são «Ruins of Time», de Wasteland Requiem; «Shadows of Sin: Chronicles of Portuguese Seriel Crimes», de Vehemence Abyss; e especialmente o duplo álbum «As Galaxies Merge», de Rise of Ophicus. Todos abordam temas distintos, mas apaixonantes. Sem te alongares muito, o que é que cada um representa para ti?
Cada um desses álbuns é um reflexo de um lado diferente
da minha criatividade e das histórias que queria contar. «Ruins of Time», de Wasteland Requiem, é um projeto inspirado por um futuro apocalíptico causado pela ganância humana. As letras abordam o impacto da destruição ambiental e a visão de um mundo árido e desolado, onde os desertos se expandem e as terras férteis se tornam “wastelands”. A mensagem é clara: a degradação do planeta é um reflexo da cobiça humana.
Este álbum é uma reflexão sobre os alertas dos cientistas de que, se não tomarmos medidas, a Terra poderá tornar-se um lugar irreconhecível.
«Shadows of Sin: Chronicles of Portuguese Serial Crimes», de Vehemence Abyss, é uma homenagem aos cantos mais sombrios da natureza humana. Neste trabalho, o black metal torna-se uma sinfonia crua e extremamente rápida, uma viagem arrepiante pelas histórias mais macabras dos assassinos em série que assombraram as ruas de Portugal. Cada música do álbum é dedicada a um famoso serial killer português. É uma jornada pelas histórias macabras que marcam o lado mais sombrio da nossa humanidade.
Por seu lado, «As Galaxies Merge», de Rise of Ophiuchus, é um projeto antigo e o último disco de uma trilogia desta banda. Cada tema do álbum representa um dos signos do horóscopo, culminando no 13.º signo, o enigmático Ophiucho, também conhecido como o Portador da Serpente. Este signo,
posicionado entre o ferrão de Escorpião e a flecha de Sagitário, simboliza transformação, mistério e renascimento.
Ophiuchus é visto como um alquimista cósmico, desafiando a ordem tradicional do zodíaco e trazendo uma energia indomada, curiosidade e uma busca incessante pela sabedoria. Este duplo álbum une os mistérios astrológicos com uma narrativa épica de ficção científica, sendo para mim um dos trabalhos mais ambiciosos e significativos, tanto em conceito como em execução. Cada projeto carrega consigo uma parte de mim, permitindome explorar diferentes mundos, emoções e ideias, enquanto moldo a música e os conceitos à sua essência.
Gravas quase sempre todos os instrumentos, tendo a colaboração pontual de outros músicos. É uma necessidade ou uma opção?
Gravar quase todos os instrumentos é uma escolha que faço por várias razões. Para muitos dos meus projetos, prefiro manter o controlo total sobre a execução das músicas, desde as guitarras até à produção. No entanto, quando há a necessidade de colocar a interpretação um músico excecional em alguma parte específica, como teclados, solos ou bateria, naturalmente prefiro convidar alguém que tenha uma habilidade tão grande que possa fazer a parte de olhos fechados, e assim trazer uma qualidade ímpar ao projeto. Um exemplo disso é o Pedro D-Void, que é um músico excecional e tem participado em alguns dos meus projetos, com a promessa de que no futuro estará envolvido em muitos mais. A ideia é não cair na armadilha de fazer mais do mesmo, ou seja, criar apenas mais um projeto a solo de Melkor onde faço tudo e mais alguma coisa.
A tecnologia está cada vez mais presente no trabalho dos músicos, em todas as fases do processo.
Por exemplo, és autossuficiente no que respeita ao grafismo dos teus trabalhos, recorrendo para o efeito a ferramentas de inteligência artificial. Genericamente, que relação tens com a AI?
Não tenho receio de dizer que uso a IA, pois faz parte do que faço a nível gráfico. A IA é uma excelente ferramenta para o grafismo, mas nunca será capaz de substituir o trabalho de um “artista humano”. A sua utilidade está em ampliar as possibilidades criativas, não em substituir a visão e a sensibilidade de quem cria. No grafismo, posso usar a IA como ponto de partida, mas todo o processo de personalização, ajustes e toques finais é feito com a minha própria visão artística, o que garante que o trabalho seja único e original. No entanto, uso a IA principalmente porque não tenho possibilidade de pagar a um artista gráfico para me ajudar. Quanto à música, nunca consideraria usar IA na sua criação. A razão é simples: a música é uma expressão profunda e emocional, algo que envolve a alma e a experiência humana. A criação musical requer sensibilidade, interpretação e uma conexão que vai muito além de algoritmos e máquinas. Mesmo que a IA possa gerar sons ou padrões, nunca será capaz de capturar a verdadeira essência emocional da música, nem de criar algo genuinamente inovador e expressivo no sentido humano.
Fala-me de um dia de trabalho típico de Melkor. Como é que te organizas, de que forma geres o tempo, como estabeleces prioridades?
Quando chego a casa, após vir do emprego, a minha rotina começa. Tomo um banho, janto e reservo pelo menos uma/duas horas para me dedicar aos meus projetos. Essas duas horas são cruciais para lidar com as tarefas mais urgentes, como a composição, a mistura ou a promoção de álbuns. Como o meu foco está sempre no lançamento e na evolução
constante dos projetos, cada momento é aproveitado ao máximo para garantir que tudo avance. A prioridade são sempre os lançamentos: há a tarefa de trabalhar no álbum em si, e depois a promoção, que exige um cuidado diário.
Quando estou em casa, a energia vai para a criação e gestão de cada projeto, o que me exige uma organização muito precisa. Além disso, com a promoção e comunicação com os fãs, há sempre algo a fazer, como partilhar novidades nas plataformas digitais, conversar com músicos e preparar material visual. A parte burocrática, que também faz parte do processo, é feita à noite, quando consigo dedicar uma ou duas horas a organizar todas essas questões. Por estar a trabalhar em vários projetos simultaneamente, organizo o meu tempo de forma a manter cada um deles em andamento. Cada projeto tem a sua própria vida, mas todos eles exigem a mesma atenção e dedicação. A minha abordagem é muito orientada pela eficiência: não posso perder tempo. A qualidade da produção é fundamental, mas o tempo também é valioso, então procuro sempre um equilíbrio entre as várias tarefas, de modo a garantir que nada fique para trás.
Em que premissa baseias a tua organização?
A chave da minha organização está na flexibilidade e na capacidade de me adaptar, sendo ao mesmo tempo disciplinado o suficiente para dar atenção a todos os detalhes de cada projeto, sem nunca perder o foco naquilo que mais importa: a música e o lançamento constante de novos trabalhos. Apesar de todo este tempo muito preenchido, também tenho de tirar tempo para a vida familiar, pois sei que é fundamental para o equilíbrio e para manter a mente saudável.
Explica-me o teu processo criativo. Surge primeiro a letra ou a música? Ou não é linear?
Que meios são as tuas principais fontes de inspiração (livros, notícias, música, etc.)?
O meu processo criativo não segue uma linha fixa, é algo bastante dinâmico. Primeiramente, começa com a escolha do estilo de som que quero explorar, o que me dá uma direção inicial. A partir daí, geralmente faço várias sessões de improvisação, onde experimento riffs e ideias. O processo é muito intuitivo e, muitas vezes, a música vai tomando forma à medida que os riffs vão surgindo. Após essa fase, quando a base musical está construída, foco-me na escrita das letras.
A inspiração para as letras vem de várias fontes. Não existe uma única forma ou tema fixo, pois ela pode vir de qualquer lugar. Às vezes, é algo muito atual, como notícias que vejo ou leio, ou até algo que ouço numa música a tocar na rádio ou no carro, algo que ressoe comigo. Outras vezes, a inspiração vem de algo que vi na televisão ou até algo que aconteceu ao meu redor. Por vezes, uma conversa ou uma cena que presenciei na rua pode ser o ponto de partida para uma nova letra. Até mesmo experiências pessoais ou ideias de ficção podem ser o gatilho para algo mais introspetivo ou imaginativo.
A internet é uma das minhas principais ferramentas para pesquisa, seja para aprofundar algum tema ou simplesmente para explorar novos conceitos que possa usar nas letras. De certa forma, cada experiência do dia a dia é uma possível fonte de inspiração. Como a vida está cheia de histórias, emoções e imagens que passam por nós a todo momento, qualquer coisa pode, em última análise, tornarse uma inspiração para uma nova composição.
