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“Há respeito mútuo, confiança e agenda comum”

Portugal e Alemanha são dois dos países mais antigos da Europa e as suas relações bilaterais importam, no contexto europeu O Embaixador de Portugal na Alemanha, Francisco Ribeiro de Menezes, deixa claras as oportunidades que ambos os países podem aproveitar e, sobretudo, quão estratégica é a união dos Estados-membros da União Europeia, atualmente.

Politicamente, ambos os países estão envolvidos em várias questões comuns e as posições são, normalmente, de concordância mútua. Tendo em consideração os desafios políticos que a Europa enfrenta, quão importante se torna a parceria política de dois dos países mais históricosda Europa?

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É um parceiro incontornável, em termos económicos e pelo seu papel na Europa e no mundo A invasão da Ucrânia espoletou uma (r)evolução na Alemanha, chamada a assumir uma nova liderança Assistimos com admiração a esta mudança de era, a tão exigente “Zeitenwende” As duas sociedades possuem visões do mundo e convicções pró-europeias semelhantes; coincidimos na prioridade dada à dupla transição ecológico-energética e digital e ao reforço da projeção da Europa Isso mesmo trouxe a Ministra de Exteriores Baerbock a Lisboa no início do ano Portugal e a Alemanha complementam-se, há respeito mútuo, confiança e uma agenda comum Exemplo, o Fórum Luso-Alemão que em abril, em Lisboa, se dedicará à transição digital

Tendo em consideração a questão económica, Portugal é um grande destino do investimento alemão, através de empresas que aqui se estabelecem, mas as exportações portuguesas também encontram a Alemanha como destino principal. Quão valiosa é esta relação económica entreosdois países?

A Alemanha é o terceiro maior cliente e o segundo maior fornecedor, trocas comerciais de 21 mil milhões de euros, só excedidas com Espanha A taxa de cobertura das exportações pelas importações, em bens e serviços, é de 94% Dado extraordinário, se ponderarmos as dimensões das duas economias, que atesta um equilíbrio notável, uma relação deveras sinalagmática Em segmentos como saúde, metalomecânica, moldes e calçado, a Alemanha é mesmo o maior mercado das nossas exportações. Ponto essencial, a Alemanha é o nosso principal investidor industrial, numa parceria estruturante para a economia portuguesa, que gera dezenas de milhares de empregos de qualidade Grandes empresas (VW, Siemens, Continental, Bosch, entre outras) estão connosco há décadas, e expandem operações Há novas e enriquecedoras vagas de investimento, propiciado pelo que oferecemos em estruturas e know-how A chegada da Mercedes-Benzio, da VW Digital Services e da BMW Digital fez de nós, hoje, o maior centro de desenvolvimento de software automóvel alemão fora da RFA Menção, ainda, para empresas como a Team Viewer e a NFON que aqui instalam os seus centros tecnológicos

Esta relação económica tem espaço para crescer? Quais as áreas que podem, de forma particular,contribuirpara quetal aconteça?

Com certeza É uma relação madura, mas voltada para a frente Na Feira de Hannover de 2022 mostrámos o muito que podemos fazer para ajudar a Alemanha e a Europa em áreas críticas como as energias renováveis, a produção e distribuição de hidrogénio verde, a inovação e a digitalização A evolução do seu investimento em Portugal prova a dimensão da aposta da RFA em nós

Enquanto Embaixadorde Portugal na Alemanha, como avalia a integração da comunidade portuguesa residente nesse país e o seu contributo parao mesmo?

De modo deveras positivo A pandemia demonstrou-o. Os nossos compatriotas residentes na RFA foram tratados pelas distintas autoridades como alemães A cidadania europeia importa É uma comunidade plenamente integrada, que faz o seu caminho e se renova Reconhecida, também, crescentemente ativa na RFA Veja-se o assinalável caso de Catarina dos Santos-Wintz,desde 2021 a primeira luso-alemã eleita para o Bundestag

Foi distinguido, recentemente, como diplomata económico do ano pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP), pelo seu papel no resultado do apoio à internacionalização de empresas portuguesas. Como caracteriza as funções principais de um diplomata, sobretudo no que concerne à forma como se exerce esta diplomacia nas relaçõesentre países?

É uma função fascinante, num país em acelerada mudança, que tanto aprecia Portugal e que conta connosco para conceber o futuro A minha agenda procura ir ao encontro de todas as frentes –políticas, económicas, sociais e culturais – em que podemos fazermais e melhorcom a RFA

A Arnold Investments nasceu na Áustria, em 2009, e está presente em 10 países europeus, todos eles com um mercado imobiliário dinâmico e atrativo. Em Portugal, a presença física começou em 2021, consolidando-se na primeira metade do ano passado, dado o aumento substancial do interesse dos investidores no mercado nacional. Nuno Rodrigues, country manager Portugal, identifica as vantagens de um grupo como o Arnold Investments e antecipa o ano de 2023, a nível de transações imobiliárias

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