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“Lisboa tem um potencial de reabilitação incrível”

A arquiteta María Molina chegou a Portugal em 2014, pela primeira vez e, mal se hospedou em Lisboa, percebeu que era uma cidade onde queria viver e trabalhar. Especializada em consultoria e design de interiores, esta profissional assume que o início do seu caminho em Portugal foi complicado, mas tal permitiu-lhe perceber que queria criar um negócio em nome próprio, assente em parcerias, como a que tem atualmente com o Hub55.

Chegou a Portugal em 2014 e percebeu que esta seria uma cidade onde queria voltar e, provavelmente, onde se queria estabelecer O que a fascinou em Lisboa?

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Lisboa tem uma coisa que, para mim, como latina, trouxe muitas lembranças do que é a América Latina, no que respeita às construções e à cultura, associadas ao charme que tem a Europa. Além disso, Lisboa tem uma iluminação fantástica, um rio e um charme únicos

Considerando a falta de habitação existente em Lisboa e a importância que a reabilitação assume, qual o potencial de Portugal para “renovar”o mercado imobiliário?

Entendo quando se fala na necessidade de coisas novas, mas uma das coisas que me trouxe para Lisboa foi justamente o potencial que existe no que já há! Gosto, particularmente, de trabalhar a reabilitação porque se trata de algo que já foi feito, que já traz uma história, e que é possível reaproveitar, mantendo o potencial de coisa nova, dependendo do tipo de obra que seja feita Além disso, um edifício reabilitado contribui para uma cidade mais rica, mais bonita e original.

Como foi o processo de desenvolver uma carreira num país estrangeiro, sendo mulhere empreendedora? Em queé que isso contribuiu para aquilo que a María é hoje, enquanto pessoae profissional?

No começo, foi muito difícil Ser estrangeira e ser mulher foram grandes desafios Mas isso trouxe-me mais força para tentar construir o meu próprio negócio, o que acabei por fazer ao fim de três anos de trabalhar para outrem Tive de me posicionar muito, porque no mundo da Arquitetura e das obras temos de ter os nossos limites muito claros Sou uma pessoa determinada e levei isso como um desafio pessoal. Hoje, creio que consigo desenvolver a minha profissão independente, ser mulher, ser estrangeira e encontrarparcerias no mercado.

Quão importantes são as parcerias para o desenvolvimentodo seutrabalho?

Atualmente, trabalho através da minha empresa – María Molina Arquitetura – num coletivo que é um espaço de coworking – o Hub55 – onde se reúnem diferentes entidades e profissionais cujo trabalho está relacionado com o setor imobiliário e da construção. Fazer parte deste coletivo é uma mais-valia, porque me permite gerir o meu tempo de uma forma mais eficiente e partilharconhecimento no dia a dia No Hub55 partilhamos informações, desafios, projetos, clientes e cada um enriquece o outro através do trabalho em equipa

Atualmente, dedica-se particularmente às áreas da consultoria e de design de interiores Qualé a importânciadestetipode processos?

Acredito que uma pessoa que não trabalha nesta área tem imensa dificuldade em visualizar os espaços. O facto de Lisboa ter tanta oferta de imóveis para reabilitar, torna a consultoria e o design de interiores duas áreas importantes para que as pessoas consigam vislumbrar o potencial do imóvel no qual estão interessadas Eu trabalho com ferramentas 3D e gráficos que permitem entregar ao cliente a visão que ele não consegue ter do seu imóvel O design de interiores tem como função principal deixar o espaço literalmente pensado para o cliente A funcionalidade de desenhar um espaço diretamente para aquele cliente, que tem um filho com X idade, ou gosta de cozinhar de uma forma específica, ou prefere um banco em vez de um armário para deixar os sapatos estes detalhes fazem a sua vida muito mais confortável O design de interiores tem tudo a ver com a funcionalidade É deixar a casa feita à medida para essa pessoa

Como lhe parece que este ano poderá ser, em termos de projetos, para a María Molina Arquitetaeo próprio setor?

Eu acredito que os preços vão diminuir, mas muito devagar Nota-se, já, alguma incerteza das pessoas e os preços irão regular-se por aí A mesma incerteza levará as pessoas a quererem vendero imóvel ou a valorizá-lo Acredito que os investidores / clientes nacionais continuem a aparecer no mercado imobiliário, embora ainda não tenha muito claro como se comportará o mesmo, mas estou curiosa para ver o que acontecerá e disponível para os ajudar a fazer as melhores escolhas

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