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Empreendedorismo e Género
As empresárias representam a categoria de empreendedorismo que mais cresce em todo o mundo As mulheres contribuem significativamente para a atividade empresarial e para o desenvolvimento económico, tanto em termos de criação de novos postos de trabalho como de aumento do produto interno bruto
Contudo a percentagem de mulheres que decidem seguir uma carreira profissional ligada ao empreendedorismo é inferior à dos homens Um caso de sub-representação das mulheres que pode ser explicado a partirdas lentes de género
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Mulheres e homens partilham características idênticas no momento de“empreender”. As motivações são idênticas: perceção de oportunidades de mercado, independência económica, realização pessoal e insatisfação com o emprego.
E, embora ao longo dos anos se tenha registado um aumento significativo do número de mulheres que desenvolveram ou empreenderam uma atividade empresarial, ao ritmo atual de progresso, serão necessários pelo menos mais 132 anos para eliminar as desigualdades de género e 151 anos para alcançar a igualdade na participação económica.

Estes dados são confirmados pelo Global Gender Gap Report 2022 publicado pelo Fórum Económico Mundial, que, a partir d e q u a t r o i n d i c a d o r e s (oportunidade económica, crescimento político, formação, saúde e sobrevivência), evidenciou em 2022 uma diferença de 68,1% - no qual uma percentagem de 100% significaria paridade total entre géneros e 0% a disparidade completa.
O estudo elabora, como todos os anos, uma classificação dos países mais e menos iguais englobando 146 estados, e onde Portugal ocupa a 29ª posição, os Estados Unidos a 27ª e a Espanha a 17ª
Considerando estes e outros números que medem a desigualdade, parece-me absolutamente essencial para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável e equitativo uma reflexão coletiva entre quem trabalha em diferentes campos para compreender a discriminação de género no empreendedorismo Esta é a visão preconizada na Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030, que reconhece a igualdade e a não discriminação como condição para a construção de um futuro sustentável para Portugal, enquanto país que realiza efetivamente os direitos humanos e que assegura plenamente a participação de todas e de todos
Alguns estudos apontam como fatores que dificultam a mobilização das mulheres para seguir uma carreira empresarial as dificuldades em obter apoio (institucional, familiar e financeiro), o medo do fracasso, a autoavaliação da disparidade de género e as perceções sociais desfavoráveis.
E mesmo que nem sempre os resultados sejam consensuais entre diferentes estudos, estes mostram geralmente que as mulheres empresárias sentem uma maior falta de apoio do que os homens quando tentam acederaos recursos empresariais
Por outro lado, o empreendedorismo feminino é muito marcado pelo autoemprego, impulsionado sobretudo pelo desejo de conciliar a vida profissional, familiar e pessoal, graças à maior flexibilidade que caracteriza este tipo de trabalho, com o desejo de combinaro trabalho pago com trabalho doméstico.
Em alguns casos, tem funcionado e as mulheres dão o passo positivo com que sonham Por outro lado, as realidades exigentes da empresa colocam-lhes sérios desafios Para a maioria delas, obter e manter um equilíbrio adequado entre as esferas laboral, familiar, doméstica é uma fonte de stress pois reforça ainda mais a dupla ou tripla jornada que muitas mulheres experienciam.
É importante que as/os líderes e decisoras/es conheçam e compreendam as diferenças de género nesta atividade do mercado e que reconheçam que o empreendedorismo feminino está ativo e faz parte da economia
A redução dos processos burocráticos associados à criação de novos negócios, o reforço do acesso à informação sobre acesso a fontes de financiamento, em especial o bancário e a oferta de programas que permitam aumentar as oportunidades de networking para mulheres empreendedoras, entre outros, são tudo pontos que merecem reflexão enquanto possíveis caminhos a trilhar
A política pública deve serdesenhada no sentido de estimularde uma forma eficaz a criação de novos negócios, tendo em conta que a transversalização da perspetiva de género só é eficaz se se traduzir, de facto, na definição de medidas concretas que respondam às necessidades diagnosticadas, em toda a sua especificidade. Só desta forma conseguiremos acelerar a realização de uma igualdade de facto entre as mulheres e os homens, incluindo no empreendedorismo